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Capítulo 5

Transferência de Massa
entre Fases

1
5.1 - Introdução
• O equilíbrio é uma condição estática a qual não
ocorrem variações das propriedades
macroscópicas de um sistema com o tempo.
Isso implica uma igualdade de todos os
potenciais que podem causar mudanças.

• Na prática da engenharia, a hipótese de


equilíbrio é justificada quando ela leva a
resultados com precisão satisfatória.

2
• Por exemplo, no refervedor de uma
coluna de destilação, o equilíbrio
entre as fases líquido e vapor é
normalmente admitido.
• Para taxas de vaporização diferentes
de zero isso é uma aproximação,
porém não introduz erros
significativos nos cálculos de
engenharia.
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• A transferência de massa através de uma fase ou entre duas
fases passando a fronteira entre elas (líquida-líquida),
líquida-sólida, gás-líquida ou gás-sólida) requer um
afastamento das condições de equilíbrio.

• Por exemplo, poder-se-á dissolver sal numa panela com


água até a concentração de sal na água atingir o valor
máximo, designado por solubilidade, a qual depende da
temperatura da água.

• Outro exemplo, é a secagem da roupa, que ocorrerá mais


rapidamente se o ar estiver mais seco (isto é, quando a
pressão parcial de vapor de água no ar estiver mais afastada
do seu valor máximo, sendo este dado pela pressão de vapor
correspondente à temperatura considerada).

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• Solubilização de A (sólido) num líquido B ou sublimação
de A num gás B. A concentração de A à superfície é
dada pela solubilidade (SL) e pressão de vapor (p*A,0),
respectivamente.

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• Solubilização de A (gás) num sólido B.
• A concentração de A no sólido, junto da
superfície é dada pela solubilidade [S]=mol/(m3
sólido.Pa); [CAS]=mol/(m3 sólido).

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• Na prática industrial, as fases coexistentes mais
comuns são o líquido e o vapor, embora
sistemas líquido/líquido, vapor/sólido e
líquido/sólido também sejam encontrados.

• Um sistema isolado, constituído de fases líquida


e vapor em contato direto, após um certo tempo
atinge um estado final no qual não há tendência
para ocorrerem mudanças em seu interior.

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• A temperatura, pressão e composição das fases
atingem valores finais que a partir daí permanecem
fixos. O sistema está em equilíbrio.

• As operações de equilíbrio realizam-se em estágios nos


quais duas correntes (um líquido e um vapor, o um
líquido e outro líquido) entra em contato para produzir
duas outras correntes cuja composição são diferentes
das originais.

• Nas operações ideais os diversos estágios são


“teóricos” ou “de equilíbrio”, isto é, as duas correntes
que deixam o estágio estão em equilíbrio. A composição
das duas correntes estão relacionadas entre si através
da relação de equilíbrio físico correspondente. 8
• As situações de equilíbrio em processos
de vaporização/condensação podem ser
representados mediante a uma série de
diagramas que facilitam os cálculos de
algumas operações unitárias.

• Para o estudo dos mecanismos de


transferência de massa é necessário o
conhecimento do comportamento de
equilíbrio entre as diferentes fases.
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5.2 - Aplicações
• A grande maioria das operações de separação
na indústria química acontece entre fases
distintas. Neste caso a transferência de massa é
função dos gradientes de concentração em
cada fase.

• Extração líquido - líquido


• Destilação
• Absorção
• Secagem
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a) ABSORÇÃO

• Consiste no transporte de um soluto no


seio da fase gasosa até a interface
gás/líquido e desta ao seio da fase líquida.
EX: Corrente de ar contaminada com
amônia

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b) ADSORÇÃO
• O soluto é removido de um líquido ou de
um gás por contato direto com um sólido
adsorvente, cuja superfície apresenta
afinidade com o soluto.
EX: Isoterma de adsorção do ácido acético
pelo carvão ativo.

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c) LIXIVIAÇÃO
• O material solúvel é dissolvido de uma
mistura contendo sólidos inertes por um
solvente líquido.
• EX: Remoção de fenol de resíduo sólido.

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d) Extração Líquido – Líquido
• A solução é tratada por um solvente que
solubiliza um ou mais componentes da
solução.
• A extração é um
método de separação
que requer a introdução
desta substância
(o solvente) na separação dos
componentes da mistura.
14
5.3 - EQUAÇÕES ENVOLVENDO EQUILÍBRIO DE
FASES

• A solubilidade de um gás em um líquido é


diretamente proporcional à pressão do
gás.
• À medida que a pressão do gás aumenta,
o mesmo ocorre com sua solubilidade.

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• A Termodinâmica do equilíbrio fornece as
seguintes Leis para a modelagem do fenômeno
descrito:
• Essa afirmação corresponde a Lei de Henry:
pAi = H.cAi (01)

• Onde H é a Lei de Henry; cA é a composição em


equilíbrio de A na fase líquida e pA é a pressão de
vapor no equilíbrio de A.
• Quando a fase líquida é a ideal estabelece-se a
Lei de Raoult:
pA = xA.PA ou (02)

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• Absorção de um gás soluto A num líquido B. Se
A for pouco solúvel em B (solução diluída) é,
em geral, aplicável a Lei de Henry:
CAS(líquido) =CaiL=PAiG/H,
Onde: [H]=Pa.m3/mol ou J/mol.
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• onde pA é a pressão parcial de equilíbrio de A
na fase vapor sobre a fase líquida;
• xA é a fração molar de A na fase líquida e PA é
a pressão de vapor de A na temperatura de
equilíbrio.
• Quando a fase gasosa é a ideal estabelece-se a
Lei de Dalton:

pA = yA.P (03)

• yA é a fração molar de A na fase gasosa e P é a


pressão total do sistema.
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• Quando ambas as fases são ideais estabelece-
se um equilíbrio conforme a equação (04):
xA.PA= yA.P (04)

• EXEMPLO:

é de 4,01.104 atm/mol a 20C. Determine a


A constante de solubilidade do oxigênio na água

concentração de saturação do oxigênio na água

seco a 1atm e 20C. Dado: Composição de


em mg/L que é exposto a uma corrente de ar

oxigênio no ar atmosférico é de 21%.

19
• Resolução

20
EXEMPLO:
Supondo que 651 gramas de etilenoglicol,
HOCH2CH2OH, sejam dissolvidos em 1,50 kg de água
(solução a 30,3%, uma solução anticongelante comum
para automóveis). Qual será a pressão de vapor da
água sobre a solução a 90ºC? Considere um
comportamento ideal de solução. A pressão de vapor da
água a 90ºC é de 525,8 mmHg.
Resposta: 467 mm Hg

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5.4 - COEFICIENTES INDIVIDUAIS DE
TRANSFERÊNCIA
DE MASSA

• Conforme citado o transporte de massa está


diretamente associado ao gradiente de
concentração, portanto o fluxo de massa é
provido pela diferença de fração molar na fase
líquida e/ou pressão parcial na fase gasosa
considerando que no sistema L-V a interface i
não oferece nenhuma resistência, o fenômeno
pode ser descrito pela Teoria das Duas
Resistências:
22
Teoria das Duas Resistências

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• Considere-se novamente o caso de dois fluidos
separados por uma membrana, como mostra a
Figura anterior, conhecendo-se a concentração
do componente A, ou soluto, em ambos os
fluidos (C1 e C2);
24
• Junto à superfície da membrana as concentrações são
respectivamente CFS1 e CFS2, enquanto no interior da
membrana, também junto à superfície, são CMS1 e CMS2.

• À transferência de massa do soluto A estão


associadas três resistências mássicas em série,
correspondentes à convecção através do fluido
mais concentrado, à difusão através da
membrana e à convecção através do fluido
menos concentrado.
• Esta situação é análoga a uma já apresentada
anteriormente no transporte de calor.

25
26
• A transferência de massa entre duas
fases pode ser analisada, observando-se
o que ocorre em cada uma delas:

27
• As taxas de difusão do componente A na
direção z em cada lado da interface pode ser
descrita pelas equações:

Fluxo de massa na fase gasosa

N A, z  k G  ( PAG  PAi ) (05)

PA= pressão parcial de A na fase gasosa e interface;


kG= coeficiente individual de transporte de massa
(mol/área.pressão.tempo)

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Fluxo de massa na fase líquida:

N A, z  k L  (C Ai  C AL ) (06)

kL=coeficiente individual de transporte de


massa líquido (mol/área.concent..tempo)
CA= concentração de A na fase líquida e na
interface

29
• Considerando a situação de equilíbrio na interface,
podemos escrever:

kG  ( PAG  PAi )  k L  (C Ai  C AL ) (07)

Rearranjando a equação (07) e inserindo na curva de


equilíbrio:

( PAG  PAi ) k L

(C Ai  C AL ) kG
(08)

30
Figura - Regime
permanente na
transferência de
massa interfase.

• Este resultado permite determinar os coeficientes


individuais e o fluxo de massa desde que se conheça os
valores de concentração na interface.

• Considerando as dificuldades na obtenção destes


valores (CAi,PAi) , são definidos os coeficientes globais
de transporte de massa.
31
COEFICIENTES GLOBAIS DE
TRANSPORTE DE MASSA
• Foram criados para eliminar a dificuldade
encontrada nos coeficiente individuais, no que
se refere as condições de interface.
• Substituem-se as forças motrizes reais por
outras fictícias (filme).
• Neste caso a força motriz representa a diferença
de concentração entre a que a fase apresenta e
a que ela apresentaria caso estivesse em
equilíbrio com outra fase.

32
Figura - Coeficientes Globais de Transferência de Massa.

33
• O coeficiente de Transporte de Massa
Global pode ser definido em termos de
pressão parcial. O coeficiente KG deve ser
calculado conjuntamente com a
resistência difusional em ambas as fases
definido como:

N A, z  K G  ( PAG  PA )
*
(09)

N A, z  K L  (C A  C AL )
*
(10)
34
Onde:

PAG= é a pressão no interior da fase gasosa;

CAL= CA= concentração de A na fase líquida;

PA*= pressão parcial de A em equilíbrio com a


concentração de A no seio da fase líquida;

CA*= Concentração de A em equilíbrio com a pressão


de A no seio da fase gasosa;

KG= coeficiente global de transporte de massa na fase


gasosa;(mol/área.concentr.tempo)

KL= coeficiente global de transporte de massa na fase


líquida;(mol/área.pressão.tempo)
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Constante de Henri - Equilíbrio

PA*  H *  C AL
(11)

PAG  H *  C A
*

(12)

PAi  H *  C Ai
(13)

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FORÇAS MOTRIZES NAS CONDIÇÕES DE INTERFACE

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• A equação (14) representa a força motriz na
condição de interface no segmento da curva BC:

C.O PAG  PAI


BC   *
C. A C A  C AI
(14)

• A equação (15) representa a força motriz na


condição de equilíbrio L/G no segmento AB:

C.O PAI  PA
AC  
*

C. A C AI  C AL (15)

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• Igualando as condições de transporte de
massa individual ( 05 ) e transporte de massa
global ( 09 ) na fase gasosa:

kG  ( PAG  PAi )  K G  ( PAG  PA )


*
(16)

ou reescrevendo:

kG ( PAG  PA )
 K G ( PAG  PA ) PA global
* 1
 
K G ( PAG  PAi )
*

1 ( PAG  PAi ) PAindividual (17)


kG

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• Igualando as condições de transporte de
massa individual ( 06 ) e transporte de massa
global ( 10 ) na fase líquida:

K L  (C A  C AL )  k L  (C Ai  C AL )
*
(18)

ou reescrevendo:

k L (C A  C AL ) K L (C A  C AL ) C A global

1
 
*

(C Ai  C AL )
*

KL 1 (C Ai  C AL ) C Ai individual (19)
kL

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• Da equação (09) podemos aplicar as condições
de interface:

N A, z  K G  ( PAG  PA )
*
(09)

( PAG  PAi ) ( PAi  PA )


 
1
* (20)
KG N A, z N A, z

Aplicando a Lei de Henry – eq. (11) – (12) – (13):

P  H  C AL
*
A
*
PAG  H  C A
* *
PAi  H  C Ai
*

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• A equação (21) resultante é:

( PAG  PAi ) H * (C Ai  C AL )
 
1
KG N A, z N A, z (21)

Relacionando as equações (05) e (06) do


transporte de massa individual e global
respectivamente com a equação (21):

 H 
1 1 * 1
(22)
K G kG kL
42
• A equação (22) representa a relativa
magnitude da resistência da fase
individual dependente da solubilidade do
gás individual.

• Desenvolver KL ----- A partir da equação (10):

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(23)

(24)

44
CASOS LIMITES

• Para sistemas


envolvendo gás solúvel 1 1
na fase líquida:
EX: amônia em água = H
K G kG
pequeno


• Para sistemas envolvendo
gás pouco solúvel na fase 1 1
líquida:
EX: CO/CO2 em água= H alto K L kL
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Exemplo de Aplicação – Exercício 10 Lista
Uma coluna de pratos foi designada para a remoção de um
componente A em fluxo contracorrente com uma corrente de ar. De
acordo com uma determinada altura da coluna, a composição das
duas correntes adjacentes são pAG= 30 mmHg e CAL= 0,25 lbmol
de A/ft3 de solução .
O coeficiente global de transferência de massa na fase líquida
KL=0,40 lbmol/h.ft2.(lbmol A/ft3 solução) e 40 % da resistência da
transferência de massa se encontra na fase líquida. A coluna
opera a 60ºF e 1 atm, e o sistema satisfaz a constante de Henry
cuja taxa é de 167 mmHg/(lbmol A/ft3 solução). Determinar:
a) kG, em lbmol de A/h.ft2.atm b) kL em lbmol de A/h.ft2.(lbmol/ft3
solução); c) pAi em mmHg;

DADO: pA,i = 0,219 CA,i

Resposta:
a) kG= 3,0441 lbmol/h.ft2.atm
b) kL = 1 lbmol/h.ft2.ΔCA
c) PAI= 37,04 mm Hg 46

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