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Direito Penal Criminologia Política Criminal

(Ciência Penal) (Ciência Política)


Analisa os fatos humanos indeseja- Ciência empírica que estuda o crime, Trabalha as estratégias e os meios de
dos, define quais devem ser rotulados o criminoso, a vítima e o comporta- controle social da criminalidade.
como crime ou contravenção, anunci- mento da sociedade.
ando as penas.
Ocupa-se do crime enquanto norma. Ocupa-se do crime enquanto fato so- Ocupa-se do crime enquanto valor.
cial.
ex.: define como crime lesão no ambi- ex.: quais fatores contribuem para a ex.: estuda como diminuir a violência
ente doméstico e familiar. violência doméstica e familiar doméstica e familiar.

Funcionalismo Teleológica Funcionalismo Sistêmico


ROXIN JAKOBS
Proteger bens jurídicos essenciais Assegurar o ordenamento jurídico

Direito de Punir - Momentos


Ameaça da pena (pretensão intimida- Aplicação da pena (pretensão puniti- Execução da pena (pretensão execu-
tória) va) tória)
Intimidar Punir Executar

Limitações ao Direito de Punir


Limitação Limitação Limitação
Temporal Espacial Modal
Regra: o Estado tem um período para Regra: territorialidade (aplica-se a lei Princípio da dignidade da pessoa hu-
punir (prescrição). brasileira nos crimes cometidos no mana.
território nacional)
Exceção: crimes imprescritíveis (racis-
mo; ação de grupos armados contra a Exceção: extraterritorialidade
ordem constitucional e o Estado de-
mocrático)

Direito penal de emergência Direito penal Direito penal simbólico


promocional/político/demagogo
Atendendo as demandas de criminali- O Estado, visando a consecução dos A lei nasce sem qualquer eficácia ju-
zação, o Estado cria normas de re- seus objetivos políticos, emprega leis rídica ou social
pressão ignorando garantias do cida- penais desconsiderando o princípio
dão. da intervenção mínima.
Finalidade: devolver o sentimento de Finalidade: usar o direito penal para
tranquilidade para a sociedade. transformação social
Ex: lei dos crimes hediondos – seques- Ex: Estado criando contravenção pe- Ex.: proibição da marcha da maconha
tro do Abílio Diniz (pressão da mídia). nal de mendicância (revogada) para (direito do cidadão da liberdade de
acabar com os mendigos ao invés de expressão); lei da palmada.
melhorar políticas públicas.

VELOCIDADES DO DIREITO PENAL


1a V 2a V 3a V 4a V
Pena privativa de liberdade Penas alternativas Pena privativa de liberdade Chefes de Estado violando
de forma grave tratados
Procedimento garantista Procedimento flexibilizado Procedimento flexibilizado
internacionais de direitos
Ex: CPP Ex: L. 9099 Ex: L. 12850/13 humanos
(organizações criminosas)

FONTES DO DIREITO PENAL


Doutrina clássica Doutrina moderna
Imediata: LEI Imediatas:
Lei, CF, TIDH, Jurisprudência, Princípios, Atos Administrati-
vos
Mediatas: Mediata: Doutrina
Costumes e PGD

Interpretação extensiva Interpretação analógica Analogia


Forma de interpretação. Forma de interpretação. Não é forma de interpretação, mas de
Existe norma para o caso concreto. Existe norma para o caso concreto. integração.
Ampliação do alcance da palavra. Exemplos seguidos de encerramento Não existe norma para o caso concre-
genérico. to.
Pressupõe lacuna.
Parte-se do pressuposto de que não
existe uma lei a ser aplicada ao caso
concreto, motivo pelo qual é preciso
socorrer-se de previsão legal empre-
gada à outra situação similar.

PRINCÍPIOS
1º Princípios relacionados 2º Princípios relacionados 3º Princípios relacionados 4º Princípios relacionados
com a MISSÃO FUNDA- com o FATO DO AGENTE com o AGENTE DO FATO com a PENA
MENTAL DO DIREITO PE-
NAL
1.1- Princípio da EXCLUSIVA 2.1- Princípio da EXTERIORI- 3.1- Princípio da RESPONSA- 4.1- Princípio da DIGNIDADE
PROTEÇÃO DOS BENS JU- ZAÇÃO ou MATERIALIZAÇÃO BILIDADE PESSOAL DA PESSOA HUMANA
RÍDICOS DO FATO

1.2- Princípio da INTERVEN- 2.2- Princípio da LEGALIDA- 3.2- Princípio da RESPONSA- 4.2- Princípio da INDIVIDUA-
ÇÃO MÍNIMA DE BILIDADE SUBJETIVA LIZAÇÃO DA PENA

Princípio da Insignificância Temos doutrina anunciando


dois casos de responsabili-
dade penal objetiva (auto-
rizadas por lei):
1- Embriaguez voluntária
2- Rixa Qualificada
2.3- Princípio da OFENSIVI- 3.3- Princípio da CULPABILI- 4.3- Princípio da PROPORCI-
DADE / LESIVIDADE DADE ONALIDADE
3.4- Princípio da ISONOMIA 4.4- Princípio da PESSOALI-
DADE
3.5- Princípio da PRESUN- 4.5- Princípio da VEDAÇÃO
ÇÃO DE INOCÊNCIA DO “BIS IN IDEM”

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (“Bagatela”)


É um princípio limitador do direito penal.
Causa de atipicidade material.
Instrumento de interpretação restritiva do Direito Penal.
STF: deve ser analisado com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA DE ACORDO COM OS TRIBUNAIS SUPERIORES (STF / STJ):


- Requisitos (PROL):
1- Ausência de periculosidade social da ação
2- Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento.
3- Mínima ofensividade da conduta do agente
4- Inexpressividade da lesão jurídica causada.

OBSERVAÇÕES SOBRE O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA


1- STF e STJ: para aplicação do princípio da insignificância, consideram a capacidade econômica da vítima (STF - RHC
96813; STJ - Resp. 1.224.795).
2- Prevalece no STF e STJ ser incabível o princípio da insignificância para o reincidente, portador de maus antecedentes,
ou o criminoso habitual (STF-HC 115707, Segunda Turma, DJe 12/08/2013; STJ - AgRg no AREsp 334272, Quinta Turma,
DJe 02/09/2013).
3- Prevalece no STF e no STJ não ser possível o princípio da insignificância no furto qualificado (falta o requisito do redu-
zido grau de reprovabilidade do comportamento).
4- STF e STJ não admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública, mais precisamente moeda falsa
(STF-HC 105.829).
5- STF admite o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública praticados por funcionário públi-
co. STJ não admite. No entanto, STF e STJ admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pú-
blica praticados por particulares.
6- Prevalece que STF e STJ não admitem o princípio da insignificância no porte de drogas para uso próprio.
7- STF e STJ não admitem o princípio da insignificância em nenhuma forma de tráfico.
8- STF e STJ têm decisões admitindo o princípio da insignificância nos crimes ambientais (há importante divergência so -
bre o assunto).
9- STF/STJ: aplicável a ato infracional.
10- STF: inaplicável no roubo.
11- STF/STJ: aplicável aos crimes tributários. STF (até R$ 20.000,00 mil reais). STJ (até R$ 10.000,00 mil reais)
OBS: Os Tribunais Superiores, na análise do princípio da insignificância nos crimes militares, acrescentam um requisito:
não periclitar a ordem e a hierarquia.
OBS: Há uma corrente que não admite o princípio da insignificância quando o bem jurídico tutelado é metaindividual.
Ex.: previdência social, FGTS.

Princípio da Bagatela Própria Princípio da Bagatela Imprópria


Os fatos já nascem irrelevantes para o Direito Penal. Embora relevante a infração penal praticada, a pena, di-
ante do caso concreto, é desnecessária.
Princípio da desnecessidade da pena co princípio da irre-
levância penal do fato.
Causa de atipicidade material. Falta de interesse de punir.
OBS: o fato é típico, ilícito e culpável, mas não punível
Ex.: subtração de caneta “bic”. Ex.: perdão judicial no homicídio culposo.

Princípio da Insignificância Princípio da Adequação Social


Limitam o Direito Penal
Irrelevância da lesão ao bem jurídico tutelado. Aceitação da conduta pela sociedade.

Norma penal em branco


Própria/em sentido estrito/Heterogênea Imprópria/em sentido amplo/Homogênea
O complemento normativo não emana do legislador, O complemento normativo emana do legislador.
mas sim de fonte normativa diversa (p.ex, portaria). Lei penal complementada por outra lei (penal ou extrape-
nal).

Norma penal em branco imprópria


Homovitelinea/homóloga Heterovitelinea/heteróloga
Lei penal complementada por lei penal Lei penal complementada por lei extrapenal
Ex.: peculato – a expressão “funcionário público” é escla- Ex.: ocultação de impedimento para casamento – a ex-
recida pelo art. 327, CP. pressão impedimento está no CC.

Norma penal em branco Norma penal em branco ao revés/invertida


Lei penal: Lei penal:
Preceito primário (conteúdo criminoso) – incompleto Preceito primário (conteúdo criminoso) – completo/deter-
Preceito secundário (sanção penal) – completo/determi- minado
nado Preceito secundário (sanção penal) – incompleto.
ex.: genocídio.

SUCESSÃO DE LEIS NO Tempo da conduta Lei anterior (IR) Retroatividade


TEMPO
1 Fato atípico Fato típico Irretroatividade
2 Fato típico Aumento de pena, p.ex. Irretroatividade
3 Fato típico Supressão de figura crimi- Retroatividade
nosa
4 Fato típico Diminuição de pena, p.ex. Retroatividade
5 Fato típico Migra o conteúdo criminoso Princípio da continuidade
para outro tipo penal normativo-típica

Abolitio criminis Continuidade normativo-típica


Supressão da figura criminosa (formal e material) Supressão formal do tipo
Conduta não será mais punida (o fato deixa de ser puní- O fato permanece punível. A conduta criminosa apenas
vel) migra para outro tipo penal
A intenção do legislador é não mais considerar o fato cri- A intenção do legislador é manter o caráter criminoso do
minoso fato, mas com outra roupagem

NPB - Complemento
Não possui natureza Possui caráter excepcional/temporária
excepcional
Ocorre abolitio na hipótese de sua revogação A norma terá ultra-atividade

Territorialidade Extraterritorialidade Intraterritorialidade


Local do crime: Local do crime: Local do crime:
Brasil estrangeiro Brasil
Lei aplicável: Lei aplicável: Lei aplicável:
brasileira brasileira estrangeiras
Ex: imunidade diplomática (punido de
acordo com sua lei)

Crime à distância/de espaço máxi- Crime em trânsito Crime plurilocal


mo
O crime percorre território de 2 paí- O crime percorre território de + de 2 O crime percorre 2 ou + territórios
ses soberanos. países soberanos. do mesmo país.
Ex: Brasil e Argentina. Ex: Brasil, Argentina e Uruguai. Ex: MA, PI, CE
Conflito internacional de jurisdição (a Conflito internacional de jurisdição (a Conflito internacional de jurisdição (a
lei de qual país será aplicada?) lei de qual país será aplicada?) lei de qual país será aplicada?)
Resolve-se pelo art. 6, CP – teoria da Resolve-se pelo art. 6, CP – teoria da Resolve-se pelo art. 70, CPP – teoria
ubiquidade ubiquidade do resultado (lugar em que se consu-
mar a infração)

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repúbli-


ca; P. Defesa ou Real
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distri-
Art. 7, I, CP to Federal, de Estado, de Território, de Município, de em-
Extraterritorialidade incondicionada presa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou
fundação instituída pelo Poder Público; P. Defesa ou Real
c) contra a administração pública, por quem está a seu
serviço; P. Defesa ou Real
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domici-
liado no Brasil. P. Justiça Universal
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a re-
primir; P. Justiça Universal
b) praticados por brasileiro; P. Nacionalidade Ativa
Art. 7, II, CP c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
Extraterritorialidade condicionada mercantes ou de propriedade privada, quando em territó-
rio estrangeiro e aí não sejam julgados. P. Representa-
ção

Art. 7, §3°, CP Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do


Extraterritorialidade hipercondicionada Brasil. P. Nacionalidade Passiva
P. Defesa ou Real se adota a corrente da nacionalida-
de passiva só em caso de concidadão.

Privilégio Prerrogativa
Exceção da lei comum deduzida da situação de superiori- Conjunto de precauções que rodeiam a função
dade das pessoas que a desfrutam
Subjetivo e anterior à lei Objetiva e deriva da lei
Tem essência pessoal Anexo à qualidade do órgão
Poder frente a lei Conduto para que a lei se cumpre
Aristocracias das ordens sociais Aristocracias das instituições governamentais

Conceito Analítico
Teoria Tripartite Teoria Bipartite
Crime = fato típico + ilicitude + culpabilidade Crime = fato típico + ilicitude
* Culpabilidade como pressuposto para aplicação da
pena

Crime Contravenção
Pena: reclusão/detenção Pena: prisão simples/multa
Ação penal pública incondicionada, ação penal pública Ação penal pública incondicionada.
condicionada (representação/requisição), ação penal pri-
vada.
Tentativa, em regra, punível. Tentativa não é punível.
Admite extraterritorialidade da lei penal Não admite extraterritorialidade.
Pode ser julgado pela Justiça Estadual ou Federal. Só é julgado pela Justiça Estadual.
Duração da pena não pode ser superior a 30 anos. Duração da pena não pode ser superior a 5 anos.

Crime comum Crime próprio Crime de mão própria


O tipo não exige qualidade ou condi- O tipo exige qualidade ou condição O tipo exige qualidade ou condição
ção especial do agente. especial do agente. especial do agente.
Admite coautoria e participação. Admite coautoria e participação. Só admite participação.
Chamado delito de conduta infungí-
vel.
Ex: homicídio Ex: peculato Ex: falso testemunho (STF tem admiti-
do coautoria – advogado que orienta
e testemunha que mente)

Crime de mera conduta Crime formal Crime material


Não tem objeto material. Ex: omissão Pode ou não ter objeto material. Todos têm objeto material, pois o re-
de socorro. OBS: falso testemunho não tem obje- sultado deve produzir-se sobre uma
to material. pessoa ou coisa.

Tipicidade penal Tipo penal


Operação de ajuste fato/norma. Modelo de conduta proibida.

Elementos Objetivos do Tipo Penal


Descritivos Normativos Científicos
(Objetivos propriamente dito)
Relacionados com tempo, lugar, Demandam juízo de valor O conceito transcende o mero ele-
modo, meio de execução do crime, Expressam-se em termos jurídicos, mento normativo, extraindo o seu sig-
descrevendo seu objeto material extrajurídicos ou em expressões cul- nificado da ciência natural
tuais.
ATENÇÃO elementos percebidos pe- ATENÇÃO Não são percebidos pelos ATENÇÃO Não demanda juízo de va-
los sentidos. Ex.: art. 121, CP – matar sentidos. lor. Ex: art. 24, L. 11105/05 – utilizar
alguém. Ex: art. 154, CP – revelar alguém, sem embrião humano em desacordo com
justa causa, segredo, de que tem o que dispõe o art. 5° desta lei.
ciência em razão de função, ministé-
rio, ofício ou profissão, e cuja revela-
ção possa produzir dano a outrem.

Elementos Subjetivos do Tipo Penal


Relacionados com a finalidade específica que deve ou não animar o agente.
Positivos Negativos
Elementos indicando a finalidade que deve animar o agen- Elementos indicando a finalidade que não deve animar
te. o agente.

Ex: art. 33, §3°, L. 11343/06 – oferecer droga, eventualmente Ex: art. 33, §3°, L. 11343/06 – oferecer droga, eventual-
e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, mente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacio-
para juntos a consumirem. namento, para juntos a consumirem.
Elemento positivo: para juntos consumirem (finalidade que Elemento negativo: sem objetivo de lucro (finalidade
deve existir) que não deve existir, sob pena de se transformar em
tráfico de drogas).

Elementos do Tipo penal


Objetivos Subjetivos
Descritivos Normativos Científicos Positivos Negativos

Teoria clássica Teoria neokantista


Marcada por ideais positivistas Marcada pela superação do positivismo
Segue o método empregado pelas ciências naturais Introdução da racionalização do método
Direito = ciência do ser Direito = ciência do dever ser (imprescindível a valoriza-
ção)
Experimentação Valoração

CONDUTA
TEORIA CAUSALISTA TEORIA NEOKANTISTA
O delito estrutura-se sobre movimento corporal que pro- Questiona se é possível apreciar toda a realidade com a
duz modificação no mundo exterior perceptível pelos sen- ajuda do método das ciências naturais.
tidos.
Trabalha com métodos similares aos das ciências exatas. As ciências naturais explicam parcialmente a realidade (só
os fenômenos que se repetem).
Não explicam os fenômenos individuais (explicados pela
ciência da cultura – Direito).
Conduta = movimento Conduta = comportamento
Não explica os crimes omissivos Abrange crimes omissivos.

CONDUTA
Teoria causalista Teoria neokantista Teoria finalista
Dolo e culpa analisados na culpabili- Dolo e culpa analisados na culpabili- Dolo e culpa migram para o fato típico
dade dade Conduta é ato de vontade com conte-
Conduta é ato de vontade sem conte- Conduta é ato de vontade sem conte- údo
údo údo

Teoria funcionalista Teoria funcionalista


TELEOLÓGICA SISTÊMICA
Roxin Jakobs
Proteção de bens jurídicos Proteção do sistema.
Conduta: deve considerar a proteção de bens jurídicos Conduta: deve considerar a proteção do sistema

FUNCIONALISMO MODERADO FUNCIONALISMO RADICAL


Roxin Jakobs
Orientações político-criminais. Orientações acerca das necessidades sistêmicas.
Acolhe valores e princípios garantistas. O direito é um instrumento de estabilização social.
A pena possui finalidade preventiva (geral e especial). O indivíduo é um centro de imputação e
A pena não possui finalidade retributiva. responsabilidade.
Culpabilidade e necessidade de pena como aspectos da A violação da norma é considerada socialmente
responsabilidade, sendo esta requisito do fato punível, ao disfuncional porque questiona a violação do sistema e
lado da tipicidade e da antijuridicidade. não porque viola o bem jurídico.
Culpabilidade como limite da pena. A pena possui função de prevenção integradora
(reafirmação da norma violada, reforçando a confiança e
fidelidade ao Direito).

Movimento reflexo Ação em curto-circuito


Impulso completamente fisiológico, desprovido de vonta- Movimento relâmpago, provocado pela excitação (acom-
de. panhado de vontade).
Não há conduta. Há conduta.
Ex: susto (não há conduta) Ex: excitação de torcida organizada (há conduta)

Teoria clássica Teoria finalista


Crime: Crime:
- fato típico - fato típico (dolo/culpa: elementos implícitos do tipo)
- ilicitude - ilicitude
- culpabilidade (dolo/culpa) - culpabilidade

Dolo Direto Dolo Eventual


Vontade na conduta e no resultado Vontade na conduta, mas não vontade no resultado, em-
bora assuma o risco de produzi-lo.

Considera-se o crime doloso Dolo Teoria


Quando o agente quis o resultado Direto Teoria da Vontade
Quando o agente assumiu o risco de Eventual Teoria do Consentimento
produzi-lo

Teoria neokantista
Fato típico Ilicitude Culpabilidade
Culpa
Dolo:
a) consciência
b) vontade
c) consciência atual da ilicitude (ele-
mento normativo).

Teoria Finalista
Fato típico Ilicitude Culpabilidade
Culpa
Dolo:
a) consciência
b) vontade

Despido de elemento normativo

Dolo normativo Dolo natural


Adotado pela Teoria Clássica/causal e pela neokantista Adotado pela teoria finalista.
Integra a culpabilidade Integra o fato típico
Tem três elementos: Tem dois elementos:
a) consciência (sabe o que faz) a) consciência (sabe o que faz)
b) vontade (querer ou aceitar) b) vontade (querer ou aceitar)
c) consciência atual da ilicitude (sabe da ilicitude do seu
comportamento – elemento normativo) OBS: a consciência da ilicitude é questão afeta à culpabili-
dade

Dolo de 1° grau Dolo de 2° grau


Corresponde ao(s) resultado(s) que o agente persegue Abrange as consequências necessárias, mesmo que não
imediatamente perseguidas pelo agente, porém sabidamente inevitáveis
Ex: quero matar meu desafeto, passageiro de um avião, pra tanto, coloco uma bomba no avião
- dolo de 1° grau: morte do desafeto
- dolo de 2° grau: morte dos demais passageiros/tripulantes (consequências necessárias)

Dolo de 2° grau Dolo Eventual


Espécie de dolo direto Espécie de dolo indireto
Resultado paralelo é certo e inevitável Resultado paralelo é incerto e eventual
Ex: abater avião para matar o piloto. A morte dos demais Ex: atirar contra carro em movimento para matar moto-
tripulantes configura dolo de 2° grau rista. Com relação aos demais passeiros pode haver dolo
eventual, porque a morte dos demais passageiro é incer-
ta.

Dolo antecedente Dolo concomitante Dolo subsequente


Dolo é anterior à conduta Dolo existe no momento da conduta Dolo posterior à conduta
OBS: O DP está preocupado com o dolo presente no momento da conduta, não interessando, portanto, o dolo ante -
cedente e o subsequente.

Dolo Culpa
Vontade dirigida à realização de um resultado ilícito Vontade dirigida à realização de um resultado lícito, di-
verso daquele que efetivamente se produz.

Culpa própria Culpa imprópria


Conduta voluntária + resultado involuntário Conduta voluntária + resultado voluntário (punido a títu-
lo de culpa por razões de política criminal)

Voluntariedade
Consciência Vontade
Dolo direto
Previsão Querer
Dolo eventual Previsão Aceitar
(FODA-SE) (assume o risco)
Culpa consciente Previsão Não tem vontade quanto ao resultado
(FODEU) (agente acredita poder evitar)
Culpa inconsciente Sem previsão (com previsibilidade) Resultado involuntário.

Erro de tipo Erro de proibição


(erro sobre a ilicitude)
Existe falsa percepção da realidade. O agente percebe a realidade, equivocando-se sobre a re-
gra de conduta.
O agente não sabe o que faz. O agente sabe o que faz, mas ignora ser proibido.
Ex: fulano sai de uma festa com guarda-chuva pensando Ex: fulano encontra guarda-chuva perdido na rua e se
que é seu, mas logo percebe que era de outra pessoa. apodera, pois “achado não é roubado”.

Erro Inevitável/Invencível/Escusável Erro Evitável/Vencível/Inescusável


Exclui o dolo. Exclui o dolo.
O erro essencial exclui consciência, elemento do dolo. O erro essencial exclui consciência, elemento do dolo.
Dolo é consciência + vontade.
Exclui também a culpa. Permite a punição da culpa, se previsto em lei.
Quando inevitável, não há previsibilidade (elemento da Sendo evitável, existe previsibilidade.
culpa).

ERRO SOBRE A PESSOA ERRO NA EXECUÇÃO


Erro na representação da vítima pretendida Representa-se corretamente a vítima pretendida.
A execução do crime é correta – não há falha operacional A execução do crime é errada- existe falha operacional
A pessoa visada não corre perigo (porque foi confundida A pessoa visada corre perigo.
com outra)
ATENÇÃO: nos dois erros, o agente responde pelo crime considerando as qualidades da vítima virtual (teoria da equi-
valência).

“ABERRAIO ICTUS” POR ACIDENTE “ABERRAIO ICTUS” POR ERRO NO USO DOS MEIOS DE
EXECUÇÃO
Não há erro no golpe, mas desvio na execução. Existe erro no golpe.
Desvio na execução em razão da inabilidade do agente no
uso do instrumento.
A vítima visada pode ou não estar no local. A vítima está no local.
Ex: A coloca uma bomba no carro de B, para explodir Ex: A atira para matar B, mas por inabilidade acaba atin-
quando acionado. Naquele dia quem ligou o carro foi a gindo a esposa de B.
esposa de B.

OMISSÃO PRÓPRIA OMISSÃO IMPRÓPRIA


Comissivo por Omissão
Dever de agir (dever genérico) Dever de agir para evitar o resultado (dever jurídico).
O dever de agir decorre do tipo O dever de agir decorre de cláusula geral (e não do pró-
prio tipo incriminador)
Cláusula Geral: art. 13, §2°, CP
O agente responde por crime omissivo Presente o dever jurídico de agir e evitar o resultado, o
omitente responde por crime comissivo por omissão.
Omitente = garante/garantidor

Crime material Crime formal Crime de mera conduta


Tipo descreve resultado naturalístico Tipo descreve resultado naturalístico O tipo penal não descreve resultado
(indispensável para consumação) (dispensável para consumação). Se naturalístico
ocorrer o resultado naturalístico é
mero exaurimento.

CRIME DE PERIGO ABSTRATO CRIME DE PERIGO CONCRETO CRIME DE PERIGO ABSTRATO DE PE-
RIGOSIDADE REAL
O perigo advindo da conduta é abso- O perigo advindo da conduta deve ser O perigo advindo da conduta deve ser
lutamente presumido por lei. comprovado. comprovado (se aproxima do crime
Basta o MP comprovar a conduta de perigo concreto)
ATENÇÃO:Deve ser demonstrado o
risco para a pessoa certa e determina- Dispensa risco para pessoa certa e
da determinada (se aproxima do crime
de perigo abstrato).
ERRO DE TIPO DELITO PUTATIVO
O agente não possui vontade de cometer o delito (realiza O agente possui vontade de cometer o delito, mas, em
a tipicidade objetiva sem ter a vontade de realizá-la – não face do erro, pratica conduta atípica. Pode ser:
há tipicidade subjetiva). Delito putativo por erro de tipo: ocorre erro sobre o
elemento do tipo. O agente possui consciência e vontade
de cometer o delito, mas, em face de erro acerca dos ele-
mentos da figura típica, pratica uma conduta atípica.
Delito putativo por erro de proibição (erro de proibi-
ção invertido): o agente pratica um fato que entende ser
criminoso, mas, como não existe norma de proibição (in-
criminadora), pratica uma conduta atípica.
Delito putativo por obra do agente provocador: delito
de ensaio/delito de experiência – Súmula 145, STF: prepa-
ração do flagrante pela polícia torna impossível a consu-
mação do delito.

“ABERRAIO ICTUS” “ABERRAIO CIMINIS”


Art. 73, CP Art. 74, CP
São espécies de erro na execução.
O agente, apesar do erro, atinge o mesmo bem jurídico O agente, em razão do erro, atinge bem jurídico diverso.
(vida), mas de pessoa diversa.
O resultado pretendido (ceifar a vida) coincide com o re- O resultado produzido (ceifar a vida) é diverso do preten-
sultado produzidor (ceifar a vida). dido (danificar patrimônio).
Relação pessoa x pessoa Relação Coisa x pessoa

Causalidade Teoria da imputação objetiva


Existe causalidade objetiva quando presente o nexo físi- A causalidade objetiva precisa analisar:
co (mera relação de causa e efeito) Nexo físico
Nexo normativo:
a) criação ou incremento de um risco proibido
b) realização do risco no resultado
c) resultado dentro do alcance do tipo
Presente a causalidade objetiva, deve-se analisar dolo e Presentes os nexos físicos e normativos, deve-se analisar
culpa (evitando a responsabilidade penal objetiva) dolo e culpa

Teoria da causalidade Teoria da imputação objetiva


Fulano é causa da fratura do braço de beltrano (nexo físi- Fulano se quer é causa do resultado (diminuiu risco já
co). existente).
Fulano agiu com dolo
Fulano praticou fato típico
Fulano não praticou crime, pois agiu em estado de neces-
sidade de terceiro

Teoria da causalidade Teoria da imputação objetiva


Fulano é causa adequada da morte (o erro médico é con- Analisa se o resultado é produto exclusivo do erro médico
causa relativamente independente superveniente que ou combinação do erro médico e disparo.
não por si só causou o resultado).
Fulano responde por homicídio doloso
O médico responde por homicídio culposo

Teoria da causalidade Teoria da imputação objetiva


Fulano é causa adequada da morte (o acidente é concau- Fulano não é causa normativa da morte.
sa relativamente independente superveniente que não A morte de Beltrano por acidente de trânsito não se en-
por si só causou o resultado). contra dentro do alcance do art. 121 (não é objetivo do
OBS: Rogério Greco discorda. art. 121 prevenir mortes causados por acidentes de veícu-
Fulano responde por homicídio doloso consumado. lo que não estejam sob domínio direto/indireto do autor
do disparo).
Fulano responde por homicídio tentado.

Causalidade nos crimes omissivos


Próprios Impróprios
Delito de mera conduta, não existindo relação de causali- Delito material com resultado naturalístico.
dade, basta a simples inação. Nexo de não impedimento (liga omissão ao resultado).
OBS: tem casos em que a legislação, mesmo na omissão
própria, descreve resultado naturalístico – omissão provo-
cando resultado (nexo de não impedimento).

TIPICIDADE PENAL - Evolução


Doutrina Tradicional
Fato típico:
Conduta
Resultado
Nexo causal
Tipicidade penal = tipicidade formal (ajuste fato-norma)
Doutrina Moderna
Fato típico:
Conduta
Resultado
Nexo causal
Tipicidade penal = tipicidade formal + tipicidade material (relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado)

Conclusão: o princípio da insignificância exclui a tipicidade material do fato, excluindo a tipicidade penal, por
conseguinte, o próprio fato típico.

FASES DA TIPICIDADE
Independência (Beling): não há ligação do fato típico com a ilicitude e com a culpabilidade.
Caráter indiciário (“ratio cognoscendi”) da ilicitude (Mayer): ocorrendo o fato típico há um indício de ilicitude, que
poderá ser afastada se ocorrer alguma de suas excludentes. Adotada pelo CP.
Essência (“ratio essendi”) da ilicitude (Mezger): todas as condutas típicas são ilícitas. Tipicidade e ilicitude não são
institutos distintos.
Teoria dos elementos negativos do tipo (ilicitude sem autonomia): todas as condutas típicas são ilícitas. No en-
tanto, para essa teoria, as causas de exclusão da ilicitude integram a tipicidade.

RELAÇÃO ENTRE TIPICIDADE E ILICITUDE


TEORIA DA AUTONOMIA TEORIA DA INDICIARIEDADE
Fato típico não se relaciona com ilicitude Fato típico desperta indícios de ilicitude (presunção de ili-
citude).
OBS: Gerando presunção de ilicitude, inverte-se o ônus
da prova nas descriminantes.

ESTADO DE NECESSIDADE
TEORIA DIFERENCIADORA TEORIA UNITÁRIA
CPM arts. 39 e 45 CP art. 24, §2°
Estado de necessidade justificante Estado de necessidade justificante
Exclui a ilicitude Exclui a ilicitude
Bem jurídico: vale + ou = (vida) Bem jurídico: vale + ou = (vida)
Bem sacrificado: vale – ou + (patrimônio) Bem sacrificado: vale – ou + (patrimônio)
Estado de necessidade exculpante #E no caso do bem protegido valer menos que o bem sa-
Exclui a culpabilidade crificado? Pode servir como diminuição de pena.
Bem jurídico: vale - (patrimônio)
Bem sacrificado: vale + (vida)

Estado de necessidade Legítima defesa


“perigo atual” - não tem destinatário certo “agressão injusta” - tem destinatário certo

COMMODUS DISCESSUS
Não é requisito da legítima defesa É requisito do estado de necessidade

Ataque de animal
Ataque não provocado Ataque provocado pelo dono
Configura perigo atual. Configura agressão injusta.
Estado de necessidade. Legítima defesa.
Sendo possível a fuga, a pessoa atacada não deve abater Mesmo que possível a fuga, a pessoa atacada pode reagir.
o animal.

Estado de necessidade Legítima defesa


Conflito entre vários bens jurídicos diante da mesma situ- Ameaça ou ataque a um bem jurídico
ação de perigo
Pressupõe: perigo + atual + sem destinatário certo Pressupõe: agressão humana + atual/iminente + injusta +
com destinatário certo
Os interesses em conflito são legítimos Os interesses em conflito são ilegítimos
Conclusão: cabe estado de necessidade x estado de ne- Conclusão: não cabe legítima defesa x legítima defesa
cessidade

Excesso extensivo
Sem erro Responde a título de dolo
Com erro de proibição indireto (ex- Inevitável: isenção de pena
Doloso (voluntário)
cesso sem ter o agente a consciência
Evitável: causa de diminuição
da ilicitude)
Com erro de tipo (erro sobre a atuali- Inevitável: exclui dolo e culpa
Involuntário dade da agressão)
Evitável: exclui dolo, mas não a culpa

Excesso intensivo
Sem erro Responde a título de dolo
Doloso (voluntário)
Com erro de proibição indireto (ex- Inevitável: isenção de pena
cesso sem ter o agente a consciência
Evitável: causa de diminuição
da ilicitude)
Com erro de tipo (erro sobre a gravi- Inevitável: exclui dolo e culpa
Involuntário dade da agressão ou sobre o grau de
Evitável: exclui dolo, mas não a culpa
reação)

OBSERVAÇÕES
LD Real x LD Real Não admitida.
LD Real não é uma agressão injusta.
LD Real x LD Putativa Admitida.
LD Putativa é uma agressão injusta.
Não admitida.
LD Real x Estado de Necessidade Real Estado de necessidade não é agressão injusta, mas ação
para proteger bem da vida.
LD Putativa x LD Real Possível.
No caso de duas pessoas, por erro plenamente justificado
LD Putativa x LD Putativa pelas circunstâncias, imaginam-se em situação de agres-
são injusta.
LD x Ação amparada por causa excludente de culpabi- Possível, pois mesmo não havendo culpabilidade, ocorre
lidade um fato típico e ilícito (injusto penal).

Estrito cumprimento de dever legal Exercício regular de direito


Agentes públicos. Cidadão comum.
OBS: A maioria entende que o particular também pode
invocar essa descriminante.

Ofendículo Defesa mecânica predisposta


Visível Oculta
Exercício regular de direito Legítima defesa

Erro de tipo Erro de proibição


Inevitável: exclui dolo e culpa Inevitável: isenta o agente de pena
Evitável: pune a culpa se prevista em lei Evitável: diminui a pena

CULPABILIDADE: Teoria Psicológica


Fato típico Ilicitude Culpabilidade
Conduta (ação/omissão) Excludentes: Dolo/culpa
Resultado Estado de necessidade Imputabilidade não é elemento cons-
Nexo causal Legítima defesa titutivo, mas pressuposto para análise
Tipicidade Exercício regular de direito da culpabilidade.
Estrito cumprimento de dever legal.
Causa supralegal: consentimento do
ofendido
Fruto do causalismo (teoria mecanicista) – culpabilidade era puramente psicológica.

CULPABILIDADE: Teoria Psicológico-normativo


Fato típico Ilicitude Culpabilidade
Conduta (ação/omissão) Excludentes: Elemento psicológico/volitivo:
Resultado Estado de necessidade Dolo / culpa.
Nexo causal Legítima defesa Elemento normativo:
Tipicidade Exercício regular de direito Imputabilidade (deixa de ser mero
Estrito cumprimento de dever legal. pressuposto da culpabilidade e passa
Causa supralegal: consentimento do a ser elemento constitutivo).
ofendido Exigibilidade de conduta diversa.

Não rompe com o causalismo, mas é influenciada pelo neokantismo.

TEORIA NORMATIVA PURA


Fato típico Ilicitude Culpabilidade
Conduta (ação/omissão): destinada a Excludentes: Imputabilidade
uma finalidade (dolo/culpa) Estado de necessidade Exigibilidade de conduta diversa
Resultado Legítima defesa Potencial consciência da ilicitude
Nexo causal Exercício regular de direito
Tipicidade Estrito cumprimento de dever legal.
Causa supralegal: consentimento do
ofendido
Rompe com o causalismo. É a teoria da culpabilidade para o finalismo. Retira dolo/culpa da culpabilidade, alo-
cando-os no fato típico.
Crítica: não é possível aferir na prática o poder de agir de outro modo

CULPABILIDADE
Teoria psicológica Teoria psicológico-normativa Teoria normativa ou normativa
pura
Franz Von Liszt/Beling Mezger Welzel
Dolo/culpa Dolo/culpa Imputabilidade
Imputabilidade Exigibilidade de conduta diversa
Exigibilidade de conduta diversa Potencial consciência da ilicitude

Embriaguez não acidental Embriaguez acidental


(involuntária)
Voluntária (dolosa) ou culposa. Completa – isenta.
Não isenta nem diminui a pena. Incompleta – diminui a pena.

Embriaguez fortuita
Completa Incompleta
Exclui a culpabilidade O agente responde, mas com pena diminuída

Coação Moral Irresistível Coação Física Irresistível


Existe possibilidade de escolha (vontade viciada) Não existe direito de escolha
(não há vontade)
Exclui culpabilidade – inexigibilidade de conduta diversa Torna o fato atípico – exclui a conduta humana
penalmente relevante

O fato é típico e ilícito, mas em relação ao coagido ex-


clui-se a culpabilidade em virtude da ausência de exigibili-
dade de conduta diversa.
Coação Moral Irresistível O coator responde pelo crime praticado pelo coagido,
com a pena agravada, bem como por constrangimento
ilegal ou tortura, dependendo do caso.
O fato é típico e ilícito e o agente (coagido) culpável. Na fi-
Coação Resistível xação da pena, deverá o juiz reconhecer uma circunstân-
cia atenuante. O coator, por sua vez, responde pelo crime
praticado pelo coagido, com a pena agravada.
Não há conduta por parte do coagido em virtude de au-
sência de voluntariedade. Assim, o coagido sequer prati-
Coação Física Irresistível cou um crime. O coator responde pelo seu próprio crime.
É a chamada de vis absoluta ou vis corporalis.

Ausência de
Consciência da ilicitude Potencial consciência da ilicitude
Circunstância atenuante Erro de proibição (exclui culpabilidade)

Erro de tipo Erro de proibição


Erro sobre uma circunstância fática, que constitui elemen- Erro sobre a proibição da conduta.
tar do tipo. Possui a consciência do fato, mas não da ilicitude deste
Não tem consciência que realiza os elementos objetivos fato.
do tipo. O erro de proibição inevitável exclui a potencial consciên-
Exclui o dolo da conduta, permitindo a condenação a títu- cia da ilicitude.
lo de culpa, se previsto na lei a proibição da conduta cul- EP Inevitável/Invencível/Escusável – isenta de pena
posa. (exclui culpa).
Ex: carregar droga não sabendo que era droga. EP Evitável/ Vencível/Inescusável - ↓ 1/3 a 2/3.

Consumação Tentativa
Subjetivamente e objetivamente é completa Subjetivamente é completa e objetivamente é incompleta
Regra: Teoria objetiva (pune-se a tentativa com a pena
da consumação reduzida de 1/3 a 2/3).
Exceção: Teoria subjetiva (pune-se a tentativa com a
mesma pena da consumação – sem redução). São os cri-
mes de atentado ou empreendimento.
NÃO ADMITEM TENTATIVA
Crime culposo
Crime preterdoloso
Crime unissubsistente
Contravenção penal
Crime de atentado
Crimes habituais
Crime condicionado ao implemento de um resultado
Crimes omissivos próprios

Tentativa simples Tentativa qualificada


Art. 14, II, CP Art. 15, CP
O agente inicia a execução O agente inicia a execução
O resultado não ocorre por circunstâncias alheias à von- O resultado não ocorre por circunstâncias inerentes à
tade do agente vontade do agente (o agente abandona o seu intento)
Norma de extensão Causa de extinção da punibilidade

Tentativa simples Desistência Voluntária


Art. 14, II, CP Art. 15, CP
Início a execução Início a execução
O resultado não ocorre por circunstâncias alheias à von- O resultado não ocorre por circunstâncias inerentes à
tade do agente vontade do agente
Pune o crime tentado com pena diminuída (regra) Extingue a punibilidade da tentativa, punindo o agente
pelos atos já praticados
O agente quer prosseguir, mas não pode O agente pode prosseguir, mas não quer

Desistência Voluntária Arrependimento Eficaz


Art. 15, 1 parte, CP
a
Art. 15, 2 parte, CP
a

Espécies de tentativa qualificada/abandonada


Exige voluntariedade Exige voluntariedade + eficácia
O agente abandona o dolo antes de esgotar os atos exe- O agente abandona o dolo após esgotar os atos executó-
cutórios rios, impedindo a consumação
O crime não se consuma por circunstâncias inerentes à vontade do agente.
Extingue-se a punibilidade da tentativa, punindo-se o agente pelos atos já praticados.
Incompatíveis com os crimes culposos.

Fase de execução Consequência


Tentativa imperfeita (inacabada) Interrompida por ato involuntário Causa de diminuição de pena
Desistência voluntária Interrompida por ato voluntário Responde pelos atos anteriormente
praticados
Tentativa perfeita (acabada) Fase de execução não é interrompida Causa de diminuição de pena
e se esgota. A consumação não ocor-
re por circunstâncias alheias à vonta-
de do agente
Arrependimento eficaz Fase de execução não é interrompida Responde pelos atos praticados ante-
e se esgota. A consumação não ocor- riormente
re por ato voluntário do agente

Concurso de agentes Autoria colateral ou incerta


Pluralidade de agentes e de conduta Pluralidade de agentes e de conduta
Relevância causal das condutas Relevância causal das condutas
Liame subjetivo entre os agentes Não há liame subjetivo entre os agentes.

Autoria
Teoria Objetivo Formal Teoria Objetivo Material
Autor: realiza o núcleo do tipo. Autor: contribui de forma mais efetiva para a concorrên-
Executa, total ou parcialmente, a conduta que realiza o cia do resultado (sem necessariamente praticar o núcleo
tipo. do tipo)
Partícipe: concorre sem realizar o núcleo do tipo. Partícipe: concorre de forma menos relevante
Coautoria: conjuntamente realizam o núcleo do tipo –
princípio da imputação recíproca.
Concepção majoritariamente adotada.
OBS: não explica as questões que envolvem a autoria me-
diata.

Teoria Objetiva Teoria do Domínio do Fato


Autor = executor do crime Autor não necessariamente é o executor do crime

Autor mediato Partícipe


Sua conduta é principal Sua conduta é acessória
Detêm o domínio do fato Não detêm o domínio do fato
Ambos não realizam o núcleo do tipo

Autor mediato Autor intelectual


Vale-se de pessoa sem consciência, vontade ou culpabili- Planeja o crime para ser executado por outros (com cons-
dade para executar o crime planejado. ciência, vontade e culpabilidade).

ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO
Prescrição da Pretensão Punitiva Prescrição da Pretensão Executória
Perda do direito de punir Perda do direito de executar a punição já imposta
Ocorre antes do trânsito em julgado Ocorre após o trânsito em julgado
Impede qualquer efeito de eventual condenação (efeitos Impede somente a execução da pena – efeito principal (os
penais e extrapenais). demais efeitos permanecem – penais e extrapenais)
Divide-se em 4 espécies:
a) Em abstrato (PPPA)
b) Retroativa (PPPR)
c) Superveniente (PPPS)
d) Virtual (PPPV)

Prescrição Pena
20 anos >12a
16 anos >8a < 12a
12 anos >4a < 8a
8 anos >2a < 4a
4 anos ≥1a < 2a
3 anos <1a

NA BUSCA DA PENA MÁXIMA EM ABSTRATO (c.c. art. 109 CP)


Leva-se em consideração Não se leva em consideração
Qualificadora Circunstância judiciais (art. 59, CP)
Ex: no homicídio qualificado – pena máxima 30 anos. o valor de uma circunstância judicial não tem previsão le-
gal.
OBS: reincidência não influi no prazo de PPP (Súmula. 220
STF).
Causas de aumenta e diminuição Agravante e atenuante

ATENÇÃO: tratando-se de aumento ou diminuição variá- ATENÇÃO: a atenuante da menoridade e da senilidade


vel (p.ex: 1/3 a 2/3), considerar o maior aumento e a me- reduz o prazo prescricional pela metade (art. 115, CP)
nor diminuição
Concurso de crimes (art. 119,CP)
Súmula 497, STF.
OBS: tentativa é uma causa de diminuição de pena (1/3 a
2/3).

Quando o crime se considera praticado Quando se inicia o prazo prescricional


Da data da conduta. Da data da consumação.
Art. 4°, CP: teoria da atividade. Art. 111, CP: teoria do resultado.
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do re- sentença final, começa a correr: I - do dia em que o crime
sultado. se consumou;

PPPA PPPR/PPPS PPE


Pena máxima em abstrato Pena em concreto Pena em concreto
Trânsito em julgado para a Trânsito em julgado para as duas
condenação partes.

PPP PPE
Ocorre antes do trânsito em julgado para ambas as par- Pressupõe condenação para ambas as partes
tes
Rescinde eventual condenação Não rescinde eventual condenação
Impede qualquer efeito (penais e extrapenais) Extingue a pena, mas permanece os demais efeitos (pe-
nais e extrapenais)

FUNÇÕES DA PENA
Prevenção
Geral Especial
Visa a Sociedade Visa o Delinquente
Positiva/Integradora/Esta- Negativa Positiva Negativa
bilizadora
A pena tem como objetivo A pena atua como coação Busca a ressocialização. Inibir a reincidência
demonstrar a vigência da lei psicológica da sociedade Reintegrar o condenado no
(intimidação) meio social.

Sistema das penas relativamente indeterminadas Sistema das penas fixas


As penas são estabelecidas com mínimo e máximo. As penas são estabelecidas em patamar único.
Esse sistema, adotado no Brasil, autoriza a individualiza- Não permite o magistrado individualizar pena.
ção da pena.

Dupla face do princípio da proporcionalidade (Lenio Streck)


1a Face 2a Face
Evitar o excesso Evitar a insuficiência da intervenção do Estado (evitar
proteção deficiente)
Impedir a hipertrofia da punição Imperativo de tutela
Garantismo negativo (Ferrajoli) Garantismo positivo (Ferrajoli)
Garantia do indivíduo contra o Estado Garantia do indivíduo em ver o Estado protegendo bens
jurídicos com eficiência

PRINCÍPIO DA BAGATELA/INSIGNIFICÂNCIA
P. Bagatela Própria P. Bagatela Própria
O fato já nasce irrelevante para o direito penal. Embora relevante o fato praticado (ex: homicídio
Causa de atipicidade material (exclui o desvalor da condu- culposo), a pena, diante do caso concreto, é desnecessá-
ta). ria.
Ex: subtração de uma caneta “Bic”. Falta de interesse de punir.
Ex: perdão judicial.

CF/88 Estatuto de Roma


Proíbe pena de caráter perpétuo. Prevê pena de caráter perpétuo
Art.70, b: Pena de prisão perpétua, se o elevado grau de
ilicitude do fato e as condições pessoais do condenado o
justificarem.
Deve ser lembrado que o Estatuto de Roma não admite ressalvas feitas pelos países signatários. Entende a maioria,
que o conflito entre a CF e o Estatuto de Roma é apenas aparente. A CF/88 quando prevê a vedação da pena de cará-
ter perpétuo, está direcionando o seu comendo apenas para o legislador interno, não alcançando os legisladores es -
trangeiros ou internacionais.

Reclusão Detenção Prisão


simples
Nota Crimes mais graves Crimes menos graves Contravenções penais (art.
5° e 6° LCP)
Regime inicial de cumpri- Fechado Semiaberto Semiaberto
mento de pena Semiaberto Aberto Aberto
Aberto
Efeitos extrapenais da Pode gerar incapacidade Não gera incapacidade para Não sofre qualquer efeito
condenação para o exercício do poder o exercício do poder famili- extrapenal previsto no CP
familiar (art. 92, II, CP) ar (só para crimes)
Interceptação telefônica Admite Não admite Não admite
como meio de prova STF: admite quando conexo
com crime punido com re-
clusão

Reincidência - Espécies
Ficta/Presumida Real
Para ser considerado reincidente basta a prática de novo Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo
crime, depois de sentença penal condenatória com trânsi- crime depois de ter cumprido pena pelo delito anterior.
to em julgado, mesmo não tendo o réu cumprido a pena
do crime anterior. Adotado pelo CP.

Reincidência
Crime Contravenção
“Art. 63 C.P. - Verifica-se a reincidência quando o agente “Art. 7º LCP. - Verifica-se a reincidência quando o agente
comete novo crime, depois de transitar em julgado a sen- pratica uma contravenção depois de passar em julgado a
tença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estran-
por crime anterior.” geiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de
contravenção.”
Crime-crime Crime-contravenção
Contravenção-contravenção

SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA NOVA INFRAÇÃO PENAL CONSEQUÊNCIA


DEFINITIVA
Crime (Brasil ou estrangeiro) Crime Reincidente (art. 63, CP)
Crime (Brasil ou estrangeiro) Contravenção Reincidente (art. 7, LCP)
Contravenção Penal (Brasil) Contravenção Reincidente (art. 7, LCP)
Contravenção Penal (Brasil) Crime Maus antecedentes
Contravenção Penal (estrangeiro) Contravenção Penal (Brasil) Maus antecedentes

Condenação definitiva Novo crime


PPL Caracteriza reincidência
PRD Caracteriza reincidência
Multa ???
De acordo com a maioria, multa é apta a gerar reincidên-
cia

Condenação definitiva
Causa extintiva antes Causa extintiva antes
Não gera reincidência (impede o trânsito em julgado). Gera reincidência.
Ex: prescrição da pretensão punitiva. Ex: prescrição da pretensão executória.

Exceções: Anistia e Abolitio Criminis (apagam os efeitos


penais da condenação).

Reincidência Sistema da temporariedade


Antecedentes Sistema da perpetuidade

Crime anterior Crime posterior Reincidência Fundamento


Militar próprio Comum Não Art. 64, II, CP
Militar impróprio Comum Sim Art. 64, II, CP
Militar próprio Militar próprio Sim Art. 71, CPMilitar

Tabela da preponderância
Tradicionalmente Posição atual do STJ
1ª Atenuantes da MENORIDADE/SENILIDADE (maior de 70 1ª Atenuantes da MENORIDADE/SENILIDADE (maior de 70
anos na data da sentença) anos na data da sentença)
2ª Agravante da REINCIDÊNCIA 2ª Agravante da REINCIDÊNCIA/ATENUANTE DA CONFIS-
3ª ATENUANTES/AGRAVANTES SUBJETIVAS SÃO ESPONTÂNEA (STJ)
4ª ATENUANTES/AGRAVANTES OBJETIVAS 3ª ATENUANTES/AGRAVANTES SUBJETIVAS
4ª ATENUANTES/AGRAVANTES OBJETIVAS

Agravantes e atenuantes Causas de aumento e de Diminuição


São consideradas na 2 fase do cálculo da pena.
a
São consideradas na 3a fase do cálculo da pena.
Localizadas, em regra, na Parte Geral do CP. legislação ex- Localizadas na Parte Geral e na Parte Especial do CP, bem
travagante também pode prevê. como na legislação extravagante.
Não há previsão legal do quantum de aumento ou dimi- Existe previsão legal do quantum.
nuição (fica a critério do juiz).
Agravante e atenuante devem respeitar os limites mínimo As causas de aumento e de diminuição de pena podem
e máximo previsto em lei. extrapolar os limites previstos no preceito secundário.

Causas de aumento Qualificadora


Majora a pena intermediária Qualifica o delito, substituindo os limites mínimo e máxi-
mo previstos no preceito secundário.
Considerada na 3a fase da aplicação da pena. Serve como ponto de partida para a fixação da pena-
base.
Concurso entre causa de aumento e de diminuição
Duas causa de aumento genéricas Aplicadas isoladamente
Duas causa de diminuição genéricas Aplicadas cumulativamente
Causas de aumento e causa de diminuição (ambas ge- Aplicadas cumulativamente:
néricas) 1° aumenta
2° diminui
Duas causas de aumento específicas Juiz limita-se a um só aumento, prevalecendo a que mais
aumenta
Duas causas de diminuição específicas Juiz limita-se a uma só diminuição, prevalecendo a que
mais diminua
Causas de aumento e causa de diminuição (ambas es- Aplicadas cumulativamente:
pecíficas) 1° aumenta
2° diminui
Causa de aumento genérica e específica Aplica, isoladamente, os dois aumentos
Causa de diminuição genérica e específica Aplica, cumulativamente, as duas diminuições

O condenado a pena de reclusão, reincidente ou não, e


independentemente das circunstâncias judiciais, deverá
Pena > 8 anos começar a cumpri-la em regime fechado.
O condenado a pena de detenção, reincidente ou não,
iniciará no regime semiaberto.
O condenado a pena de reclusão não reincidente pode-
rá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto.
Mas o juiz, analisando as circunstâncias judiciais, poderá
fixar o regime fechado, desde haja motivação idônea.
OBS: não constitui motivação idônea a mera opinião do
juiz sobre a gravidade em abstrato do crime.
Pena > 4 anos < 8 anos O condenado a pena de reclusão e reincidente deverá
cumpri-la em regime fechado
O condenado a pena de detenção, reincidente ou não,
deverá cumpri-la em regime semiaberto.
O condenado a pena de reclusão ou detenção e não
reincidente poderá, desde o início, cumpri-la em regime
aberto.
Súmula 719, STF: poderá ser fixado regime mais severo,
desde que haja motivação idônea.
Pena ≤ 4 anos O condenado a pena de reclusão e reincidente cumpri-
rá em regime fechado. Segundo a jurisprudência, poderá
iniciar no semiaberto, dependendo das circunstâncias ju-
diciais.
Súmula 269, STF: é admissível a adoção do regime prisio-
nal semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual
ou inferior a 4 anos se favoráveis as circunstâncias judici-
ais.
O condenado a pena de detenção e reincidente cumpri-
rá em regime semiaberto.

Recolhimento em residência particular, em substituição à


Regime aberto domiciliar casa de albergado, ao beneficiário de regime aberto.
“regime domiciliar” Também quando não houver vaga na casa de albergado.
Consiste no recolhimento da pessoa “presa provisoria-
Prisão domiciliar mente” em sua residência, só podendo dela se ausentar
(medida cautelar) com autorização judicial.
É uma medida cautelar diversa da prisão, consistente no
Recolhimento domiciliar recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de
(medida cautelar) folga quando o investigado ou acusado tenha residência e
trabalho fixos.

PRISÃO DOMICILIAR - CPP REGIME DOMICILAR - LEP


Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do
domiciliar quando o agente for: beneficiário de regime aberto em residência particular
I - maior de 80 (oitenta) anos; quando se tratar de:
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa II - condenado acometido de doença grave;
menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou
IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de mental;
2016) IV - condenada gestante.
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados
do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos.
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova
idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.

Restritivas de direitos e multa “Sursis” e livramento condicional


Espécies de pena alternativa. Espécies de medida alternativa.
Substituem a pena PPL de curta duração. Mantém a pena, mas modificam a sua execução, evitando
a prisão.

Local de cumprimento: penitenciária


Trabalho interno: o condenado fica sujeito a trabalho no
período diurno e a isolamento durante o repouso notur-
no. O trabalho será em comum dentro do estabelecimen-
to, na conformidade das aptidões ou ocupações anterio-
res do condenado, desde que compatíveis com a execu-
REGIME FECHADO ção da pena.
Trabalho externo: admissível em serviços ou obras reali-
zadas por órgãos da AD/AI, ou entidades privadas.
Local de cumprimento: colônia agrícola, industrial ou si-
milar.
Trabalho: trabalho em comum durante o período diurno.
O trabalho externo é admissível, bem como a frequência
a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de 2°
grau ou superior.
STJ - é desnecessário o cumprimento mínimo da pena, de
1/6, para a concessão do benefício do trabalho externo ao
REGIME SEMIABERTO condenado a cumprir a reprimenda no regime semiaber-
to, desde que satisfeitos os demais requisitos necessá-
rios, de natureza subjetiva.
Monitoração eletrônica e saída temporária:
I - visita à família;
II - frequência a curso supletivo profissionalizante, bem
como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do
Juízo da Execução;
III - participação em atividades que concorram para o re-
torno ao convívio social.
A ausência de vigilância direta não impede a utilização de
equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado,
quando assim determinar o juiz da execução.
OBS: não há previsão legal para monitoração eletrônica
no regime aberto, nas PRD, no livramento condicional e
na suspensão condicional da pena.
Local de cumprimento: casa de albergado.
Fundamento: baseia-se na autodisciplina e senso de res-
ponsabilidade.
Trabalho externo: O condenado deverá, fora do estabe-
lecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou
exercer outra atividade autorizada, permanecendo reco-
REGIME ABERTO lhido durante o período noturno e nos dias de folga.
Súmula 493, STJ: É inadmissível a fixação de pena substi-
tutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao regime
aberto.
Regressão: O condenado será transferido do regime
aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se
frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a
multa cumulativamente aplicada.

Pena de multa
Mínimo 10 máximo - 360 dias multas
Valor do dia-multa: não inferior a 1/30 do salário-mínimo nem superior a 5x.
A multa pode ser aumentada até o TRIPLO
Multa máxima que pode ser aplicada: 360 x 5 x 3 x salário-mínimo
Multa mínima 10 x 1/30

Prestação pecuniária Multa


Espécies de pena alternativa
Destinação: Destinação: Fundo penitenciário
a) Vítima
b) Seus dependentes (não sucessores)
c) Entidade com destinação social
Consiste no pagamento de 1 a 360 salários-mínimos Pagamento de 10 a 360 dias multa
1 dia multa = 1/30 a 5 sm
O valor pago pode ser abatido de eventual condenação cí- O valor não pode ser abatido de eventual condenação cí-
vel (se coincidentes os beneficiários) vel
Seu descumprimento fera conversão em PPL O descumprimento não gera conversão – será executada
como dívida de valor

SISTEMAS DO SURSIS
FRANCO BELGA ANGLO-AMERICANO PROBATION OF FIRST OFFENDERS
Probation System ACTF
O réu é processado O réu é processado O réu é processado
É reconhecido culpado É reconhecido culpado
Existe condenação
Suspende-se a execução da pena Suspende-se o processo evitando a Suspende-se o processo sem o reco-
imposição da pena nhecimento da culpa
OBS: Foi adotado pelo Brasil para dis- OBS: Não tem previsão legal no nosso OBS: Adotado pelo Brasil para discipli-
ciplinar o “sursis” (art. 77, CP). país. nar a suspensão condicional do pro-
cesso (art. 89, lei 9099/95).

SURSIS SIMPLES SURSIS ESPECIAL


Art. 77 c/c 78, §1° CP Art. 77 c/c 78, §2° CP
Pena imposta: Não superior a 2 anos
Período de prova: 2 a 4 anos
Reparação do dano ou comprovada impossibilidade
1° ano: 1° ano (restrições menos drásticas):
Prestação de serviços à comunidade Proibição de frequentar determinados lugares
Limitação de fim de semana Proibição de ausentar-se da comarca
Comparecimento mensal em juízo
OBS: a sentença poderá especificar outras condições a
que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas
ao fato e à situação pessoal do agente (art. 79).
Requisitos:
Condenado não reincidente em crime doloso
Circunstâncias judiciais favoráveis (suficiência da medida)
Não indicada ou cabível PRD (“sursis é subsidiário”)
SURSIS ETÁRIO SURSIS HUMANITÁRIO
Art. 77 §2° (1a parte) CP Art. 77 §2° (2a parte) CP
Pena imposta: Não superior a 4 anos
Período de prova: 4 a 6 anos
Condenado maior de 70 anos (não importa sua saúde) Razões de saúde (não importa a idade) – doença cujo tra-
tamento fica comprometido no sistema prisional.
1° ano: 1° ano:
- Art. 78, §1°,CP: se não repara o dano (Prestação de servi- - Art. 78, §1°,CP: se não repara o dano (Prestação de servi-
ços à comunidade; Limitação de fim de semana) ços à comunidade; Limitação de fim de semana)
- Art. 78, §2°,CP: se repara o dano (Proibição de frequen- - Art. 78, §2°,CP: se repara o dano (Proibição de frequen-
tar determinados lugares; Proibição de ausentar-se da co- tar determinados lugares; Proibição de ausentar-se da co-
marca; Comparecimento mensal em juízo) marca; Comparecimento mensal em juízo)
Requisitos:
Condenado não reincidente em crime doloso
Circunstâncias judiciais favoráveis
Não indicada ou cabível PRD (“sursis é subsidiário”)

Período de Prova
Condenação Consequência
Crime doloso + PPL/PRD Revogação obrigatória (art. 81, I, CP)
Crime doloso + multa Lei: Revogação obrigatória
Rogério Greco: não revoga
Crime culposo + PPL/PRD Revogação facultativa (art. 81, §1°, CP)
Crime culposo + multa Não revoga
Contravenção penal + PPL/PRD Revogação facultativa (art. 81, §1°, CP)
Contravenção penal + multa Não revoga

NÃO CONFUNDIR REVOGAÇÃO COM CASSAÇÃO DO SURSIS.


Revogação obrigatória Revogação facultativa Cassação
Art. 81, I, II, III, CP Art. 81, §1°, CP 1. Não comparecimento do beneficiá-
rio na audiência que marca o início do
Art. 81 - A suspensão será revogada Art. 81, § 1º - A suspensão poderá ser benefício (audiência admonitória).
se, no curso do prazo, o beneficiário: revogada se o condenado descumpre 2. Provimento de recurso contra a
I - é condenado, em sentença qualquer outra condição imposta ou é concessão do benefício
irrecorrível, por crime doloso; irrecorrivelmente condenado, por cri- 3. Condenado recursa as condições
II - frustra, embora solvente, a me culposo ou por contravenção, a
execução de pena de multa ou não pena privativa de liberdade ou restriti-
efetua, sem motivo justificado, a va de direitos.
reparação do dano;
III - descumpre a condição do § 1º do
art. 78 deste Código.
Art. 78 - Durante o prazo da
suspensão, o condenado ficará sujeito
à observação e ao cumprimento das
condições estabelecidas pelo juiz.
§ 1º - No primeiro ano do prazo,
deverá o condenado prestar serviços
à comunidade (art. 46) ou submeter-
se à limitação de fim de semana (art.
48)

Pressupõe início do período de prova Impede o início do período de prova


SURSIS (SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA)
PPP não superior a 2 anos (pena concretamente aplicada).
Não reincidente em crime doloso.
Culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstân -
cias autorizem a concessão do benefício.
Quando não cabível substituição por PRD.
Condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
A suspensão não se estende às PRD e à multa.
Revogação obrigatória:
Condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso (se for processado por outro crime, prorroga-se o benefício
até o julgamento definitivo);
Frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano;
Descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código (no primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar servi-
ços à comunidade ou se submeter à limitação de fim de semana).

Revogação facultativa:
Condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou
por contravenção, a PPL ou PRD.
Sursis etário:
Condenado maior de 70 anos.
PPL não superior a 4 anos.
Suspensão por 4 a 6 anos.

LIVRAMENTO CONDICIONAL
É uma forma de antecipação da liberdade do condenado antes do término do cumprimento da pena. Denomina-se
período de prova o tempo em que o condenado fica liberado (restante da pena). Durante esse período, o condenado
deverá observar certas condições.
No sursis o condenado não inicia o cumprimento da pena, ao passo que no livramento condicional o condenado co-
meça a cumprir a pena e poderá obter a sua liberdade no curso da execução.
REQUISITOS OBJETIVOS
- A PPL fixada na sentença deve ser igual ou superior a 2 anos. As penas que correspondem a infrações diversas de-
vem se somar para efeito do livramento.
- Cumprimento de mais de 1/3 da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons anteceden-
tes.
- Cumprimento de mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso.
- Cumprimento de mais de 2/3 da pena nos casso de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilíci -
to de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa
natureza.
- Reparação do dano causado pela infração, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo.
OBS: A lei não trata do não reincidente portador de maus antecedentes. 1C) Deve cumprir 1/3 da pena, pois o cum-
primento de 1/2 é aplicável somente aos reincidentes em crime doloso; 2C) deve cumprir ½ da pena.
STJ - O paciente primário com maus antecedentes não pode ser equiparado a reincidente, em seu prejuízo – deve
cumprir 1/3.
STF – decide em sentido contrário.

REQUISITOS SUBJETIVOS
- Bom comportamento carcerário (comportamento satisfatório durante a execução da pena; bom desempenho no
trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto).
OBS: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção do LC (Súmula 441, STJ).
- Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do LC ficará
subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. Trata-
se de perícia médico-psiquiátrica.
OBS: O exame criminológico não é mais obrigatório, portanto, não mais se justifica a obrigatoriedade da perícia para
concessão do LC (STJ).
CONDIÇÕES OBRIGATÓRIAS
Obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho.
Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação.
Não mudar do território da comarca do Juízo da Execução, sem prévia autorização deste.

CONDIÇÕES FACULTATIVAS
Não mudar de residência sem comunicação ao juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção.
Recolher-se à habitação em hora fixa.
Não frequentar determinados lugares.
OBS: O juiz poderá fixar outras condições que não aquelas elencadas no art. 132, §2°, LEP.
REVOGAÇÃOOBRIGATÓRIA
- Se o liberado bem a ser condenado a PPL, em sentença irrecorrível, por crime cometido durante a vigência
do período de prova
Efeitos: não poderá ser novamente concedido em relação à mesma pena. Nada impede o LC em relação à nova pena
imposta; não se computará como tempo de cumprimento da pena o período de prova (tempo em que esteve solto o
condenado); não será permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 penas.
- Se o liberado bem a ser condenado a PPL, em sentença irrecorrível, por crime anterior ao período de prova,
observado o disposto no art. 84, CP.
Efeitos: poderá ser novamente concedido em relação à mesma pena; computar-se-á como tempo de cumprimento
da pena o período de prova; será permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 penas.

REVOGAÇÃO FACULTATIVA
- Se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença.
Efeitos: não poderá ser novamente concedido em relação à mesma pena; não se computará como tempo de cumpri-
mento da pena o período de prova.
- Se o liberado for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de
liberdade.
PRORROGAÇÃO
Se o liberado for condenado em sentença irrecorrível por crime praticado durante o período de prova, o LC será re-
vogado. No entanto, a simples prática do crime não é causa de revogação, mas o juiz poderá decretar a prisão do li -
berado e suspender o curso do livramento.
Ocorrerá a prorrogação do LC enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o libe-
rado, por crime cometido na vigência do LC. Após o período de prova não perduram as condições fixadas.
EXTINÇÃO DA PENA
Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.
O Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Público ou mediante representação do Conselho Peni-
tenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramento sem revogação.
A sentença é declaratória.
O marco da extinção é o termino do período de prova.

STF - O cometimento de novo delito durante o período de prova do livramento condicional autoriza a suspensão cau-
telar do citado benefício, consoante se extrai do art. 145 da LEP, porquanto, a teor do 86 do Código Penal, apenas a
sua revogação definitiva exige condenação com trânsito em julgado.
STF – Se o LC foi suspenso em razão da prática de novo crime durante o período de prova, a decisão de extinção da
pena só poderá ser proferida após o trânsito em julgado da sentença referente ao crime superveniente.

CONCURSO DE CRIMES – SISTEMA DA APLICAÇÃO DA PENA


Sistema do cúmulo Sistema do cúmulo Absorção: Exasperação: Responsabilidade
material: jurídico: única e da pena pro-
gressiva única:
cada delito correspon- não há cumulação de a pena a ser aplicada a pena a ser aplicada não há cumulação de
de a uma pena, que panas. Aplica-se uma deve ser a do delito deve ser a do delito penas, mas deve-se
será somada com as única pena, mas com mais grave. mais grave, mas au- aumentar a responsa-
demais. É adotado severidade suficiente mentada em certa bilidade do agente à
pelo CP nos arts. 69 para atender a gravi- quantidade. Adotado medida que aumenta
(concurso material), dade dos crimes prati- pelo CP nos arts. 70, o número de infra-
70, caput, 2a parte cados. caput, 1a parte (con- ções.
(concurso formal im- curso formal
próprio/imperfeito) e próprio/perfeito) e 71
na aplicação das pe- (crime continuado).
nas de multa.

CONCURSO DE CRIMES
CONCURSO MATERIAL (REAL) DE CRIMES CONCURSO FORMAL (IDEAL) DE CRIMES
REQUISITOS: REQUISITOS:
1. Pluralidade de condutas 1. Unidade de conduta (uma só conduta que, no entanto,
2. Pluralidade de crimes. pode ser dividida em vários atos).
2. Pluralidade de crimes.
ESPÉCIES: ESPÉCIES:
1. Homogêneo (pluralidade de crimes da mesma espécie) a) Concurso formal homogêneo: os crimes decorrentes
2. Heterogêneo (pluralidade de crimes de espécies dife- da conduta única são da mesma espécie.
rentes) b) Concurso formal heterogêneo: os crimes são de es-
pécies distintas.
c) Concurso formal próprio / perfeito / normal: o agen-
te, apesar de provocar dois ou mais resultados, não tem
intenção independente em relação a cada crime (não há
desígnios autônomos).
Pode ocorre nas seguintes situações:
- Crimes culposos – agente não quis nem assumiu o risco
de cometer nenhum crime, mas os praticou por culpa.
- Crimes dolosos e crime(s) culposo(s): o agente quis ou
assumiu o risco de praticar apenas um único crime, mas,
além deste, praticou outro(s) crime(s) por culpa.
- Crimes dolosos sem desígnios autônomos: o agente quis
praticar apenas um único crime, mas na realidade, prati-
cou mais de um delito no mesmo contexto fático, tendo
em vista a diversidade das vítimas.
d) Concurso formal impróprio / imperfeito / anormal:
o agente age com desígnios autônomos em relação a
cada crime.
STJ – a expressão desígnios autônomos refere-se a qual-
quer forma de dolo, seja ele direto ou eventual.
REGRAS DE FIXAÇÃO DA PENA: Sistema do cúmulo ma- REGRAS DE FIXAÇÃO DA PENA NO CONCURSO FORMAL
terial PRÓPRIO/PERFEITO (não há desígnios autônomos)
O juiz primeiro individualiza as penas de cada um dos O juiz aplica a pena mais grave dentre as cominadas para
crimes (critério trifásico – art. 68 CP), somando todas ao os vários crimes cometidos pelo agente. Em seguida, ma-
final. jora essa pena de um “quantum” anunciado em lei (SISTE-
MA DA EXASPERAÇÃO)
O juiz aplica uma só pena, se idênticas, ou a maior, quan-
do não idênticas, aumentada de 1/6 até 1/2 (sistema da
exasperação). Quanto mais resultados ilícitos, maior é o
aumento, quanto menos resultados ilícitos, menor é o au-
mento.
STJ – o critério de aumento varia de acordo com a quanti-
dade de crimes.
OBS: As penas de multa no caso de concurso formal apli-
cam-se cumulativamente – CP não adotou o sistema da
exasperação.

REGRAS DE FIXAÇÃO DA PENA NO CONCURSO FORMAL


IMPRÓPRIO
O agente atua com desígnios autônomos.
Aplica-se o SISTEMA DO CÚMULO MATERIAL: O juiz indi-
vidualiza e soma as penas dos vários crimes praticados
pelo agente.

CUIDADO: No concurso formal próprio, o sistema da


exasperação não pode resultar em pena maior do que
aquela resultante do sistema do cúmulo material. Se ficar
maior, o juiz deve abandonar o sistema da exasperação e
preferir o cúmulo material (cúmulo material benéfico).

CRIME CONTINUADO
CRIME CONTINUADO GENÉRICO/COMUM CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO
(art. 71 “caput” CP) (art. 71, p. único CP)
REQUISITOS: REQUISITOS:
1- Pluralidade de condutas 1- Pluralidade de condutas
2- Pluralidade de crimes da mesma espécie: crimes 2- Pluralidade de crimes da mesma espécie
previstos no mesmo tipo penal, protegendo igual bem ju- 3- Elo de continuidade
rídico (STF). 4- Crimes dolosos
3- Elo de continuidade (similitude das circunstâncias ob- 5- Contra vítimas diferentes
jetivas) 6- Cometidos com violência ou grave ameaça
a) Mesmas condições de TEMPO: entre as várias infra-
ções deve-se obedecer espaço temporal de 30 dias (juris-
prudência). OBS: Crimes contra a ordem tributária não se
observa esse espaço temporal.
b) Mesmas condições de LUGAR: os vários crimes tem
que ser praticados na mesma comarca ou comarca vizi-
nha (jurisprudência).
c) Mesma maneira de EXECUÇÃO (mesmo modus ope-
randi)
d) Outras CIRCUNSTÂNCIAS SEMELHANTES
TEORIAS
Teoria Puramente Objetiva: o crime continuado é verifi-
cado apenas da análise de elementos objetivos, como
tempo, lugar, maneira de execução e outros semelhantes.
Teoria Objetivo-subjetiva: para configurar o crime conti-
nuado deverão estar reunidos os elementos objetivos,
como tempo, lugar, maneira de execução, bem como o
elemento subjetivo (unidade de desígnios).
OBS: Apesar da adoção pelo CP da teoria objetiva, a
jurisprudência entende inadmissível reconhecimento
de crime continuado sem que se verifique no agente o
}animo de praticar as condutas sucessivas em conti-
nuação.
REGRAS DE FIXAÇÃO DA PENA PARA O CRIME CONTI- REGRAS DE FIXAÇÃO DA PENA PARA O CRIME CONTI-
NUADO GENÉRICO: NUADO ESPECÍFICO
Aplica-se o sistema da exasperação (aumento de 1/6 a ½ - Aplica-se o sistema da exasperação (aumento de 1/6 a
– na 3a fase) 3x)
CUIDADO: O art. 71, §único, manda observar o cúmulo
material benéfico.
PENA MEDIDA DE SEGURANÇA
Espécies de sanção penal
É polifuncional (preventiva, retributiva, reeducativa) Tem finalidade essencialmente preventiva (não se pode
negar seu caráter aflitivo, ainda que em menor grau)
Volta-se ao passado (fato concreto cometido pelo agente) Volta-se ao futuro (fato abstrato que o agente poderá
cometer)
Trabalha com a culpabilidade do agente Trabalha com a periculosidade do agente

MEDIDA DE SEGURANÇA
MEDIDA DE SEGURANÇA DETENTIVA MEDIDA DE SEGURANÇA RESTRITIVA
- Internação. - Tratamento ambulatorial.
- Para crimes punidos com reclusão. - Para crimes punidos com detenção, quando a interna-
ção não é necessária.

INIMPUTÁVEL SEMI-IMPUTÁVEL
Art. 26, caput, CP Art. 26, §único, CP
Doença mental Pertubação mental
Periculosidade presumida Periculosidade comprovada (real)
Absolvição imprópria: absolvição + medida de segurança Condenação: o juiz, na imposição da sanção penal esco-
lhe (sistema vicariante/unitário):
a) Pena diminuída
ou
b) Substituição da pena por medida de segurança

SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL


DATA DO FATO EXECUÇÃO
Imputável Pena
Inimputável Medida de segurança
Semi-imputável Pena ou medida de segurança
Imputável Inimputável?

108 LEP 183 LEP


Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa
será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psi- de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da
quiátrico. saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministé-
rio Público, da Defensoria Pública ou da autoridade admi-
nistrativa, poderá determinar a substituição da pena por
medida de segurança.
Anomalia passageira Anomalia duradoura
Medida de segurança imposta é reversível Medida de segurança imposta é irreversível
O tempo da internação é computado como cumprimento O tempo da internação não é computado como pena (a
de pena pena é substituída por medida de segurança)
Deve observar a pena imposta (o tempo de internação Qual o tempo máximo de internação?
não ultrapassa a pena imposta na sentença)

EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO - GENÉRICO


I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do le-
pelo crime; sado ou de terceiro de boa-fé (confisco):
a) dos instrumentos do crime (instrumenta sceleris), des-
de que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso,
porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime (producta sceleris) ou de qualquer
bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente
com a prática do fato criminoso.

EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO - ESPECÍFICO


I – PERDA DO CARGO/FUNÇÃO PÚ- II – INCAPACIDADE EXERCÍCIO PO- III – INABILITAÇÃO PARA DIRIGIR
BLICA DER FAMILIAR/TUTELA/CURATELA VEÍCULO
a) Crimes com abuso de poder Crime doloso Veículo utilizado como meio para a
PPL ≥ 1 ano Punido com reclusão prática de crime doloso.
Contra filho, tutelado ou curatelado Ex: homicídio doloso em racha
OBS: se a PPL for substituída por pe-
nas alternativas, não existe este efei-
to.
b) Crimes comuns Requisitos cumulativos
PPL > 4 anos

OBS: pena igual a 4 anos não permite


este efeito.

REABILITAÇÃO
ART. 93 CP: “A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado o
sigilo dos registros sobre seu processo e condenação.
Parágrafo único. A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no artigo 92 desse Códi-
go, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo”
CONCEITO E CABIMENTO
Medida jurídica (de política criminal) que garante ao condenado o sigilo sobre o seu processo e condenação, poden-
do também suspender determinados efeitos extrapenais específicos ordenados na sentença (art. 93 do CP).
Notam-se, em suma, duas finalidades da medida:
a) Assegurar o sigilo da condenação
b) Suspender condicionalmente efeitos específicos da condenação previstos no art. 92 CP.
SIGILO DAS CONDENAÇÕES:
De acordo com o art. 202 da Lei de Execução Penal, cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, ates -
tados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à
condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei.
O instituto da reabilitação presta-se para suspender os efeitos extrapenais específicos (perda do cargo/função públi-
ca; incapacidade para o poder familiar, tutela ou curatela; inabilitação para dirigir).
A reabilitação impede a reincidência de crime futuro? A medida da reabilitação não rescinde a condenação, logo,
permanecem todos os seus efeitos (penais e extrapenais).
Só suspende determinados efeitos (art. 92 CP).
REQUISITOS
Nos termos do artigo 94 do Código Penal, são requisitos (cumulativos) da reabilitação:
a) o transcurso do período de 2 anos desde o cumprimento ou a extinção da pena, computando-se o período de pro-
va do sursis e do livramento condicional, se não sobrevier revogação.
ATENÇÃO: Esse prazo é o mesmo, não importando se o condenado é primário ou reincidente.
b) domicílio do condenado no país pelo período anteriormente citado (2 anos).
c) bom comportamento público e privado do condenado.
d) ressarcimento do dano causado pelo crime ou comprovação da impossibilidade de fazê-lo, assim como a renúncia
do ressarcimento pela vítima ou a novação da dívida.
Na hipótese de indeferimento do pleito de reabilitação, o mesmo poderá ser renovado? Sim, art. 94, §único, CP. A re-
novação deve ser instruída com novos elementos comprovadores dos requisitos.
REVOGAÇÃO
Uma vez concedida, a reabilitação pode ser revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabili -
tado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa (art. 95 do CP).

OBS: A revogação somente poderá ocorrer no prazo do art. 64, I, CP.


OBS: pena de multa não revoga reabilitação.
COMPETÊNCIA E RECURSO
De quem é a competência para processar e julgar pedido de reabilitação? Juiz da condenação.
Quando indeferido do pedido, o pretenso reabilitado pode interpor qual recurso? Cabe apelação (art. 593, II, CPP)
Da decisão que concede, caberá qual recurso? Cabe apelação e recurso de ofício (art. 746, CPP).
Reabilitação e pluralidade de condenações
Havendo pluralidade de condenações, a reabilitação só pode ser requerida após o transcurso do período de dois
anos a partir do cumprimento da última sanção penal.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
MORTE DO AGENTE
#Certidão de óbito falta?
1C) É possível a revogação da decisão, pois teve como fundamento fato juridicamente inexistente, não produzindo
quaisquer efeitos - STJ
2C) Não é possível, por inexistir revisão pro societate.
ANISTIA
Consiste no esquecimento jurídico da infração. Atinge fatos e não pessoas. A competência é do CN
Espécies:
- Própria: concedida antes do trânsito em julgado.
- Imprópria: concedida depois do trânsito em julgado.
- Especial: concedida a crimes políticos.
- Comum: aplicada a crimes comuns.
- Geral/Plena: aplica-se a todos os agentes.
- Condicionada: é imposta a prática de algum ato como condição para a concessão.

Efeitos: ex tunc, cessando os efeitos penais da sentença condenatória. Não cessam os efeitos civis da sentença (ex:
obrigação de reparar o dano).

Inaplicabilidade: crimes hediondos e equiparados.


GRAÇA E INDULTO
INDULTO/INDULTO COLETIVO: forma de clemência. Diz respeito a pessoas.
GRAÇA/INDULTO INDIVIDUAL: benefício concedido a uma pessoa determinada.

Competência do PR, mas é permitida delegação.


Pode ser total (abrange todas as sanções impostas) ou parcial (quando houver redução ou substituição da sanção pe-
nal).

Efeitos: extingue a pena (efeito principal da condenação). Persistem os efeitos secundários (penais e extrapenais) da
sentença.
OBS: em regra, concedido após o trânsito em julgado da sentença, pois se refere à pena imposta.

Inaplicabilidade: crimes hediondos e equiparados.

OBS: A comutação nada mais é do que uma espécie de indulto parcial (em que há apenas a redução da pena). Daí
porque a vedação à concessão de indulto em favor daqueles que praticaram crime hediondo - prevista no art. 2º, I, da
Lei nº8.072/90 - abrange também a comutação (STF).

OBS: Não se aplica ao crime de tráfico “privilegiado”. A causa de diminuição de pena não descaracteriza a he -
diondez do crime.
ABOLITIO CRIMINIS
Art. 2, CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a
execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Não cessam os efeitos extrapenais.
OBS: Pode haver revogação formal da lei sem que ocorra a abolitio criminis, em razão de inexistir a descontinuidade
normativo-típica.
A abolitio somente ocorrerá quando não houver, na nova lei, previsão da conduta proibida, ocorrendo uma
revogação material e formal da lei.
DECADÊNCIA
Consiste na perda do direito de propor, mediante, queixa, ação penal privada ou privada subsidiária, ou de oferecer
representação nos crimes de ação penal pública condicionada, em virtude do decurso do prazo legal.
Não ocorre decadência nos crimes de ação penal pública incondicionada e os de ação penal pública condicio -
nada à requisição do MJ.
PEREMPÇÃO
Sanção processual imposta ao querelante omisso na ação penal exclusivamente privada, impedindo o seu prossegui-
mento.
Art. 60, CPP. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no
processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto
no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar
presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
RENÚNCIA
Ato voluntário do ofendido desistindo do direito de propor ação penal privada. Pode ser expressa ou tácita.
Havendo concurso de pessoas, a renúncia em relação a um dos autores a todos se estenderá.
Lei 9099/95 – acordo homologado acarreta renúncia.
PERDÃO ACEITO
Ato voluntário do ofendido que visa obstar o prosseguimento da ação penal privada. Pode ser expresso ou tácito, e
concedido dentro ou fora do processo.
OBS: o que extingue a punibilidade não é o perdão, mas o perdão aceito.
O perdão deve ser exercido após a propositura da ação penal privada, mas antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória.
No caso de concurso de pessoas, se o ofendido concedê-lo a qualquer um dos autores, a todos os outros se estende -
rá.
O perdão concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros.
RETRATAÇÃO
A retratação realizada por um dos querelados não se aplica aos demais (ato pessoal).
A retratação deve ser irrestrita e incondicional, e não deve ser confundida com a retratação da representação nas
ações penais públicas condicionadas.
O CP prevê a retratação nos crimes de calúnia e difamação e no crime de falso testemunho ou falsa perícia.
PERDÃO JUDICIAL
Consiste na possibilidade de o juiz deixar de aplicar a sanção penal ao autor do crime se evidenciadas certas circuns -
tâncias.

Natureza jurídica da sentença


1C) Sentença declaratória de extinção da punibilidade (Súmula 18, STJ).
2C) Sentença condenatória sem efeito de reincidência (art. 120, CP).
3C) Sentença absolutória.

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