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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE
MATERIAIS

FLANK MELO DE LIMA

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE


PASTAS DE CIMENTO PARA POÇOS DE PETRÓLEO COM
ADIÇÃO DE PLASTIFICANTES

Dissertação Nº 10/PPgCEM

Natal
2006
FLANK MELO DE LIMA

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE


PASTAS DE CIMENTO PARA POÇOS DE PETRÓLEO COM
ADIÇÃO DE PLASTIFICANTES

Dissertação de mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Ciência e
Engenharia de Materiais, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como parte
dos requisitos para a obtenção do título de
Mestre em Ciência e Engenharia de
Materiais.
Área de concentração: Polímeros e
compósitos.

ORIENTADOR: Antonio Eduardo Martinelli


CO-ORIENTADOR: Dulce M. A. Melo

Natal
2006
Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca


Central Zila Mamede

Lima, Flank Melo de.


Avaliação do comportamento reológico de pastas de
cimento para poços de petróleo com adição de plastificantes /
Flank Melo de Lima. – Natal, RN, 2006.
141 f.

Orientador : Antonio Eduardo Martinelli.


Co-orientador : Dulce M. A. Melo.

Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande


do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de
Pós-graduação em Engenharia de Materiais.

1.Cimento Portland especial - Dissertação. 2. Cimentação


de poços – Dissertação. 3. Reoogia – Dissertação. 4.
Plastificantes - Dissertação. I. Martinelli, Antonio Eduardo. II.
Melo, Dulce M. A. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU
666.942.3
Aos meus pais, Sebastião e Maria José,
que lutaram com tantas dificuldades para
que seus filhos pudessem ter uma das
maiores heranças que se pode deixar: o
estudo.

Aos meus irmãos Cleiton, Flávia e Flávio,


pelo apoio e confiança em mim
depositada. E a Roseane que durante
todo o tempo vem me apoiando e
participando da minha vida,
compartilhando alegria e amor, apesar das
dificuldades.
“O que prevemos raramente
ocorre; o que menos esperamos
geralmente acontece”

Benjamin Disraeli
AGRADECIMENTOS

O caminho percorrido desde o início de minha chegada ao Laboratório de


Cimentos – UFRN, até a fase conclusiva desta dissertação foi gratificante e nele
muitas pessoas foram envolvidas. Cada uma delas foi de grande importância em
determinada etapa ou até mesmo estiveram presentes durante toda a execução do
trabalho de pesquisa. Trabalho este que é sempre uma atividade coletiva, a qual a
participação de todos os envolvidos é de suma importância à sua realização.

O que hoje posso garantir é que toda a colaboração recebida foi


imprescindível para a conclusão deste trabalho. Talvez não consiga me expressar
tão bem e não agradecer o suficiente perante toda a ajuda recebida ou até mesmo
incorrer no erro de, por algum descuido, deixar de citar alguém. Entretanto, é
necessário correr este risco.

Desta forma, gostaria de agradecer:

x Primeiramente a Deus pela fonte de todo conhecimento e por guiar bem os


meus passos;

x A minha família pelo acompanhamento e pela paciência que sempre me


demonstraram ao longo de minha vida acadêmica, e que sempre me
apoiaram na conquista de meus ideais;

x A Roseane Maria, o meu imenso agradecimento pelo apoio incondicional,


incentivo constante e, sobretudo, por muita compreensão e carinho (Não irei
esquecer!);

x Agradeço a Érika, que sempre se mostrou prestativa e competente, auxiliando


na realização dos ensaios, fazendo sempre o possível para nos receber e dar
atenção;

x A Túlio pelos ensinamentos dos ensaios e pelas inúmeras oportunidades de


discussão de aspectos relevantes do trabalho, pelas conversas do dia-a-dia e
troca de experiências de vida;
x A Erica Gurgel pela grande amizade que cultivamos, pelo apoio e incentivo e
sobre tudo pela sinceridade mútua entre nós (Vai fazer falta!);

x À Andrea Aladim, pela amizade, convivência, admiração e sobre tudo pelas


boas horas de companhia (Vai me dar saudades!).

x Heriberto pela amizade e pela caminhada conjunta no laboratório;

x A Julio que não mediu esforços para ajudar na realização dos ensaios não
deixo apenas meus agradecimentos, muito menos os ensinamentos nos
testes, deixei pra ele a amizade que foi construída;

x A Fernando pelas críticas, sugestões e boas horas de conversa;

x A Ulisses, sobre tudo por sua solicitude e competência;

x Aos amigos que aqui fiz que serão lembrados sempre com muito carinho: em
especial, a Wskley, Rogério e Kleber, pela convivência, ajuda, atenção e troca
de experiências durante todo o trabalho; de modo também singular Maria
Roseane, Andreza, Ana Cecília, Bruna Melina, Daniele, Nina, que também
fizeram parte da legião de colaboradores.

x Quero agradecer, também, a Profa Dulce pela co-orientação, por suas


palavras e por sua competência e ao meu orientador Prof. Martinelli, a quem
devo agradecer a orientação em todas as etapas do presente trabalho e,
acima de tudo, à compreensão e a confiança em mim depositada;

x Por fim, gostaria de agradecer ao Laboratório de Cimento (LABCIM/UFRN) e


a Petrobras pela colaboração e apoio e a todos aqueles que direta ou
indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho;
RESUMO

Pastas de cimento do tipo Portland são usadas para isolamento de poços de


petróleo. Esse procedimento é realizado por meio do bombeio da pasta no espaço
anular entre o poço e a coluna de revestimento, de modo a se obter fixação e
vedação eficiente e permanente. Para isso o comportamento reológico da pasta de
cimento é um componente de extrema importância para o processo de cimentação.
Atualmente, diversos materiais alternativos são utilizados em pastas para
cimentação, objetivando a modificação e a melhoria de suas propriedades,
principalmente no que diz respeito ao aumento de fluidez. Isso pode ser alcançado
por meio da utilização de novos aditivos do tipo plastificantes, capazes de suportar
as diversas condições de poços, promovendo às pastas propriedades compatíveis
às condições encontradas, permitindo, ainda, um tempo suficiente de
trabalhabilidade para a completa execução do serviço de cimentação. Assim, se as
propriedades reológicas da pasta são bem caracterizadas, a perda de carga e o
regime de fluxo podem ser prognosticados corretamente. Contudo, essa
caracterização é difícil do ponto de vista experimental. Modelos reológicas capazes
de descrever o que ocorre, deverão ser capazes de predizer a deformação da pasta
de cimento com razoável exatidão. Portanto, a finalidade deste trabalho foi o estudo
e a caracterização reológica de pastas constituídas de cimento Portland classe
especial, água e aditivos do tipo plastificante, a base de lignossulfonato, melamina e
policarboxilato, em temperaturas na faixa de 27°C a 72°C. Os testes foram
realizados de acordo com as recomendações práticas da norma API RP 10B. Os
resultados dos ensaios demonstraram a grande eficiência e o poder dispersivo do
policarboxilato, para todas as temperaturas estudadas. O aditivo promoveu uma alta
fluidez, sem efeitos de sedimentação. O aumento das concentrações de
lignossulfonato e melamina não reduziu os parâmetros reológicos (viscosidade
plástica e limite de escoamento). Também foi verificado que esses aditivos não
foram compatíveis com o tipo de cimento utilizado. Por fim, os modelos reológicos
avaliados foram capazes de descrever o comportamento das pastas apenas para
faixas de temperatura e concentração de cada tipo de aditivo.

Palavras-Chaves: Cimentação de poços, Cimento Portland especial, Reologia,


Plastificantes.
ABSTRACT

The isolation of adjacent zones encountered during oilwell drilling is carried out by
Portland-based cement slurries. The slurries are pumped into the annular positions
between the well and the casing. Their rheological behavior is a very important
component for the cementing process. Nowadays, several alternative materials are
used in oilwell cementing, with goal the modification and the improvement of their
properties, mainly the increase of the fluidity. And this can be reached by using
plasticizers additives able to account for different oilwell conditions, yielding
compatible cement slurries and allowing enough time for the complete cementing
operation. If the rheological properties of the slurry are properly characterized, the
load loss and flow regime can be correctly predicted. However, this experimental
characterization is difficult. Rheological models capable of describing the cement
slurry behavior must be capable of predicting the slurry cement deformation within
reasonable accuracy. The aim of this study was to characterize rheologically the
slurries prepared with a especial class of Portland cement, water and plasticizers
based on lignosulfonate, melamine and polycarboxylate at temperatures varying from
27°C to 72°C. The tests were carried out according to the practical recommendations
of the API RP 10B guidelines. The results revealed a great efficiency and the
dispersive power of the polycarboxylate, for all temperatures tested. This additive
promoted high fluidity of the slurries, with no sedimentation. High lignosulfonate and
melamine concentrations did not reduce the rheological parameters (plastic viscosity
and yield stress) of the slurries. It was verified that these additives were not
compatible with the type of cement used. The evaluated rheological models were
capable of describing the behavior of the slurries only within concentration and
temperature ranges specific for each type of additive.

Keywords: Oil well cementing, Special Portland cement, Rheology, Plasticizers.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1– Esquema de um poço de petróleo.............................................................31


Figura 2 – Monômero de um lignossulfonato ............................................................39
Figura 3 – Monômero de uma polimelamina sulfonato de sódio ...............................40
Figura 4 - Monômero de um policarboxilato ..............................................................41
Figura 5 – Esquematização de uma molécula de policarboxilato..............................42
Figura 6 – Efeito da defloculação dos grãos de cimento...........................................44
Figura 7 - (a) Floculação do sistema cimento-água (b) dispersão do sistema com a
adição de um plastificante .........................................................................................45
Figura 8 – Casos de repulsão: (a) partículas repelidas devido à mesma carga; (b)
partículas repelidas devido à sobreposição do polímero plastificante.......................47
Figura 9 - (a) Ilustração do mecanismo de repulsão eletrostática para a cadeia de
naftaleno e melamina (b) Ilustração do mecanismo de repulsão estérica para a
cadeia de policarboxilato ...........................................................................................48
Figura 10 – Tipos de fluido: (A) Newtoniano, (B) Binghaminiano, (C) Pseudoplástico,
(D) Dilatante e (E) Pseudoplástico com limite de escoamento..................................52
Figura 11– Curvas de viscosidade de fluido: (A) Newtoniano; (B) Binghamiano ou
plástico ideal; (C) pseudoplástico; (D) dilatante. .......................................................53
Figura 12 – Curva de fluxo (A) e de viscosidade (B), do fluido Binghamiano ou
plástico. .....................................................................................................................55
Figura 13 – Curvas de fluxo (A) e de viscosidade (B) para fluidos que seguem a lei
de potência, em escala logarítmica. ..........................................................................56
Figura 14 – Curvas de fluxo (A) e de viscosidade (B) do fluido de potência, com limite
de escoamento ou modelo de Herschell-Buckley......................................................57
Figura 15 – (a) Misturador de Palheta Chandler Modelo 80-60, com Controlador de
Velocidade; (b) Esquema Ilustrativo do Misturador. ..................................................66
Figura 16 – (a) Consistômetro Atmosférico Chandler Modelo 1200; (b) Esquema
Ilustrativo do Consistômetro Atmosférico. .................................................................67
Figura 17 – Viscosímetro Rotativo de Cilindros Coaxiais Chandler Modelo 3500.....68
Figura 18 – Programa de teste do viscosímetro........................................................69
Figura 19 – Fluxograma da metodologia utilizada.....................................................70
Figura 20 – Viscosidade plástica das pastas aditivadas com lignossulfonato. ..........72
Figura 21 – Viscosidade plástica das pastas aditivadas com melamina. ..................73
Figura 22 – Viscosidade plástica das pastas aditivadas com policarboxilato............74
Figura 23 – Comparativo entre os valores de viscosidade plástica dos aditivos:
lignossulfonato, melamina e policarboxilato. .............................................................75
Figura 24 – Limite de escoamento das pastas aditivadas com lignossulfonato. .......76
Figura 25 – Redução percentual do limite de escoamento das pastas aditivadas com
lignossulfonato. .........................................................................................................77
Figura 26 – Limite de escoamento das pastas aditivadas com melamina.................78
Figura 27– Redução percentual do limite de escoamento das pastas aditivadas com
melamina...................................................................................................................79
Figura 28 – Limite de escoamento das pastas aditivadas com policarboxilato. ........80
Figura 29 – Redução percentual do limite de escoamento das pastas aditivadas com
policarboxilato. ..........................................................................................................81
Figura 30 – Comparativo entre os valores de limites de escoamento das pastas
aditivadas com lignossulfonato, melamina e policarboxilato. ....................................82
Figura 31 – Gel inicial das pastas aditivadas com lignossulfonato............................83
Figura 32 – Gel inicial das pastas aditivadas com melamina. ...................................85
Figura 33 - Redução percentual do gel inicial das pastas aditivadas com melamina.
..................................................................................................................................86
Figura 34 – Gel inicial das pastas aditivadas com policarboxilato.............................87
Figura 35 - Redução percentual do gel inicial das pastas aditivadas com
policarboxilato. ..........................................................................................................88
Figura 36 – Gel final das pastas aditivadas com lignossulfonato. .............................89
Figura 37 – Gel final das pastas aditivadas com melamina. .....................................90
Figura 38 – Gel final das pastas aditivadas com policarboxilato. ..............................91
Figura 39 – Índice de comportamento das pastas aditivadas com lignossulfonato
segundo o modelo de Ostwald de Waale. .................................................................92
Figura 40 – Índice de comportamento das pastas aditivadas com melamina segundo
o modelo de Ostwald de Waale.................................................................................93
Figura 41– Índice de comportamento das pastas aditivadas com policarboxilato
segundo o modelo de Ostwald de Waale. .................................................................94
Figura 42 – Índice de consistência das pastas aditivadas com lignossulfonato
segundo o modelo de Ostwald de Waale. .................................................................95
Figura 43 – Índice de consistência das pastas aditivadas com melamina segundo o
modelo de Ostwald de Waale....................................................................................96
Figura 44 – Índice de consistência das pastas aditivadas com policarboxilato
segundo o modelo de Ostwald de Waale. .................................................................97
Figura 45 – Limite de escoamento real das pastas aditivadas com lignossulfonato. 98
Figura 46 – Limite de escoamento real das pastas aditivadas com melamina..........99
Figura 47 – Limite de escoamento real das pastas aditivadas com policarboxilato. .99
Figura 48 – Índice de comportamento das pastas aditivadas com lignossulfonato
segundo o modelo de Herschell-Buckley. ...............................................................100
Figura 49 – Índice de comportamento das pastas aditivadas com melamina segundo
o modelo de Herschell-Buckley. ..............................................................................101
Figura 50 – Índice de comportamento das pastas aditivadas com policarboxilato
segundo o modelo de Herschell-Buckley. ...............................................................102
Figura 51– Índice de consistência das pastas aditivadas com lignossulfonato
segundo o modelo de Herschell-Buckley. ...............................................................103
Figura 52 – Índice de consistência das pastas aditivadas com melamina segundo o
modelo de Herschell-Buckley. .................................................................................104
Figura 53 – Índice de consistência das pastas aditivadas com carboxilato segundo o
modelo de Herschell-Buckley. .................................................................................105
Figura 54 – Índices de correlação das pastas aditivadas com lignossulfonato. ......106
Figura 55 – Índices de correlação das pastas aditivadas com melamina................107
Figura 56 - Índices de correlação das pastas aditivadas com policarboxilato. ........108
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Classificação e características do cimento API/ASTM. .............................29


Tabela 2- Composição química dos cimentos API. ...................................................30
Tabela 3 – Ensaios físicos e especificação para cimento Portland especial. ............59
Tabela 4 – Ensaios químicos de cimento Portland especial e especificações para
cimentos CPP classe G e Portland especial. ............................................................60
Tabela 5 – Características e propriedades dos plastificantes. ..................................61
Tabela 6 – Características e propriedades do anti-espumante. ................................61
Tabela 7 – Composição das pastas preparadas com lignossulfonato.......................64
Tabela 8 - Composição das pastas preparadas com melamina................................64
Tabela 9 - Composição das pastas preparadas com carboxilato. .............................65
Tabela 10 – Parâmetros do processo de homogeneização/aquecimento das pastas
de cimento.................................................................................................................68
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

# Abertura Mesh de peneira


% Percentual
P Constante de proporcionalidade
J Taxa de cisalhamento
W Tensão de cisalhamento
W0 Limite de escamento real
WL Limite de escamento
Pp Viscosidade plástica
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
API American Petroleum Institute
ASTM American Society of Testing anda Materials
C2F Fluorato dicálcico
C2S Silicato dicálcico
C3A Aluminato tricálcico
C3S Silicato tricálcico
C4AF Ferro aluminato tetracálcico
C8A3F Ferro aluminato octacálcico
CIMESA Cimento Sergipe S.A
cm Centímetro
cP Centi Poise
CP Cimento Portland
CPP Cimento Portland para poços de petróleo
CSH Silicato de cálcio hidratado
eq Equivalente
et al Entre outros
F Força
FAC Fator água/cimento ou relação água/cimento
ft Unidade inglesa de comprimento (pé)
g Grama
G Tipo de classe de cimento Portland
gal Galão
Gf Gel final
Gi Gel inicial
K Índice de consistência
L Comprimento
L Litro
lbf Libra-força
LE Limite de escoamento
log Logaritmo
LS Lignossulfonatos
Máx Máximo
Mesh Tipo de classificação de abertura de peneira
min Minuto
mm Milímetro
n Índice de comportamento ou de fluxo
NBR Norma Brasileira
NS Naftaleno sulfonado ou naftaleno
ºC Grau Celsius
ºF Grau Fahrenheit
Pa Pascal
PC Policarboxilatos ou polimetacrilatos
Pé Unidade inglesa de comprimento
pH Potencial hidrogeniônico
PMS Polimelaminas sulfonadas
PNS Polinaftalenos sulfonados
R² Índice de correlação
rpm Rotações por minuto
RS Resistência a sulfatos
s Segundo
SE Sergipe
SI Sistema Internacional
t Tempo
T Tempo
VP Viscosidade plástica
Z Pozolana
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................19
1.1. OBJETIVOS .......................................................................................................22
2. CIMENTO PORTLAND .........................................................................................23
2.1. GENERALIDADES .............................................................................................23
2.2. CONCEITO ........................................................................................................23
2.3. COMPOSIÇÃO DO CIMENTO PORTLAND ......................................................24
2.4. CONSTITUIÇÃO DOS COMPOSTOS DO CLÍNQUER......................................24
2.5. CLASSIFICAÇÃO DOS CIMENTOS ..................................................................26
2.5.1. Variação da Composição Química...............................................................26
2.5.2. Classificação .................................................................................................27
3. CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO........................................................31
3.1. TIPOS DE CIMENTAÇÕES ...............................................................................31
3.1.1. Cimentação Primária.....................................................................................32
3.1.2. Cimentação Secundária................................................................................32
3.2. ADITIVOS PARA CIMENTAÇÃO .......................................................................33
3.2.1. Controladores de Filtrado.............................................................................33
3.2.2. Estendedores e Adensantes. .......................................................................34
3.2.3. Aceleradores de Pega ...................................................................................35
3.2.4. Retardadores de Pega...................................................................................35
3.2.5. Dispersantes ou Redutores de Fricção .......................................................36
4. ADITIVOS PLASTIFICANTES..............................................................................37
4.1. PRINCIPAIS ADITIVOS PLASTIFICANTES COMERCIALIZADOS ...................37
4.2. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS ..........................................................38
4.2.1. Lignossulfonatos...........................................................................................38
4.2.2. Melamina ........................................................................................................40
4.2.3. Policarboxilatos.............................................................................................41
4.3. INTERAÇÕES CIMENTO-PLASTIFICANTES ...................................................42
4.3.1. O cimento Portland e a água ........................................................................43
4.3.2. Mecanismo de ação dos aditivos plastificantes .........................................45
4.3.2.1. Interações físicas .........................................................................................46
4.3.2.2. Interações químicas .....................................................................................48
5. REOLOGIA ...........................................................................................................50
5.1. GENERALIDADES .............................................................................................50
5.2. DEFINIÇÕES .....................................................................................................51
5.3. MODELOS REOLÓGICOS ................................................................................52
5.3.1. Modelo de Bingham ......................................................................................54
5.3.2. Modelo de Ostwald de Waale .......................................................................55
5.3.3. Modelo de Herschell-Buckley.......................................................................57
6. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................59
6.1. MATERIAIS UTILIZADOS ..................................................................................59
6.2. VARIÁVEIS INDEPENDENTES .........................................................................62
6.3. VARIÁVEIS DEPENDENTES.............................................................................63
6.4. VARIÁVEIS INTERVENIENTES ........................................................................63
6.5. CÁLCULO DE PASTA........................................................................................64
6.6. PREPARAÇÃO DAS PASTAS ...........................................................................65
6.7. MISTURA DAS PASTAS....................................................................................66
6.8. HOMOGENEIZAÇÃO DAS PASTAS .................................................................67
6.9. ENSAIOS REOLÓGICOS ..................................................................................68
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................71
7.1. COMPORTAMENTO REOLÓGICO DAS PASTAS DE ACORDO O MODELO
DE BINGHAM............................................................................................................71
7.1.1. Viscosidade plástica .....................................................................................71
7.1.2. Limite de escoamento...................................................................................75
7.1.3. Gel inicial .......................................................................................................82
7.1.4. Gel final ..........................................................................................................88
7.2. COMPORTAMENTO REOLÓGICO DAS PASTAS DE ACORDO O MODELO
DE OSTWALD DE WAALE (MODELO DE POTÊNCIA) ...........................................91
7.2.1. Índice de comportamento.............................................................................91
7.2.2. Índice de consistência ..................................................................................94
7.3. COMPORTAMENTO REOLÓGICO DAS PASTAS DE ACORDO O MODELO
DE HERSCHELL-BUCKLEY .....................................................................................97
7.3.1. Limite de escoamento real ...........................................................................97
7.3.2. Índice de comportamento...........................................................................100
7.3.3. Índice de consistência ................................................................................102
7.4. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS MODELOS REOLÓGICOS DE
BINGHAM, OSTWALD DE WAALE E HERSCHELL-BUCKLEY.............................105
7.4.1. Índice de correlação dos modelos reológicos..........................................105
8. CONCLUSÕES ...................................................................................................109
REFERÊNCIAS.......................................................................................................111
GLOSSÁRIO...........................................................................................................121
ANEXOS .................................................................................................................128
Introdução 19

Capítulo 1

1. INTRODUÇÃO

Pastas de cimento designam uma mistura fluida de cimento, água e,


possivelmente, cargas adicionais (ROSQUOËTA, 2004). E na cimentação primária
de poços de óleo ou gás, estas são misturadas no equipamento antes de serem
bombeadas para dentro do poço e deslocada para o intervalo entre o revestimento e
a formação rochosa. A cimentação é uma das operações mais importantes
executadas no poço. Denomina-se cimentação primária a cimentação de cada
coluna de revestimento, logo após a sua descida no poço. Seu objetivo básico é
colocar uma pasta de cimento não contaminada em determinada posição no espaço
anular entre o poço e a coluna de revestimento, de modo a se obter fixação e
vedação eficiente e permanente deste espaço anular. Estas operações são
executadas em todas as fases do poço, sendo previstas no programa do mesmo.
Sem o completo isolamento de zonas, o poço nunca alcançará seu completo
potencial como poço produtor de óleo ou gás (HODNEA, 2000).
A pasta de cimento é um sistema reativo: reações químicas entre as
fases sólidas e a água de mistura para formação de novas espécies, possuindo
propriedades relacionadas (VLACHOU, 1997). Esse é o procedimento de hidratação,
que promove alterações nas propriedades mecânicas da pasta. A evolução química
e microestrutural das pastas de cimento durante as primeiras horas de hidratação
têm sido tema para diversos estudos (TAYLOR, 1991; METHA, 1994).
Em cimentação de poços de petróleo, sistemas de cimento Portland
são rotineiramente projetados para faixas de temperaturas desde abaixo de 0°C a
350°C (700°F) (VLACHOU, 1996 (b)). Cimentos para poços de petróleo encontram
faixas de pressão desde a pressão atmosférica em poços rasos até
200 MPa (30.000 psi) em poços profundos. Além das severas condições de
temperatura e pressão, os cimentos para poços precisam ser projetados para

Flank Melo de Lima


Introdução 20

suportar formações rochosas frágeis e porosas, fluidos corrosivos e fluidos


pressurizados na formação. Para atender a vasta faixa de condições físico-químicas,
se faz necessário o uso de sistemas compostos com cimento e aditivos. Esses
aditivos modificarão o comportamento do sistema de cimentício de maneira ideal,
permitindo o sucesso da colocação da pasta entre o revestimento e a formação
rochosa, desenvolvendo rápida resistência compressiva e isolamento adequado de
zonas durante o tempo de vida do poço (NELSON, 1990).
A Reologia de pastas de cimento é também um tema bastante
estudado (TATTERSAL, 1983; GUILLOT, 1990; VLACHOU, 1996 (a)), buscando
correlações entre o comportamento reológico e os comportamentos químicos,
microestrutural e mecânico das pastas antes da pega (JIANG, 1992; UCHIKAWA,
1987; NONAT, 1994; JIANG, 1995). O comportamento reológico da pasta de
cimento é um componente de extrema importância para o projeto do processo de
cimentação. Somente se a as propriedades reológicas da pasta são bem
caracterizadas a perda de carga e o regime de fluxo podem ser prognosticadas
corretamente. Contudo, essa caracterização é difícil do ponto de vista experimental.
Pastas de cimento são suspensões concentradas de partículas grosseiras e de
medidas reológicas sujeitas à diversos efeitos de perturbação (VLACHOU, 2000).
Esses incluem a combinação das paredes do dispositivo de medida (ORBAN, 1986;
TATTERSALL, 1983; MANNHEIMER, 1991; BANFILL, 1991), migração das
partículas devido às forças centrífugas (DENIS, 19--?), migração induzida por
cisalhamento ou migração induzida por gravidade (LEIGHTON, 1987; PHILLIPS,
1991; HUSBANT, 1994; ACRIVOS, 1995; COUSSOT, 1995).
Alem disso, dependendo do processo de mistura, tempo de bombeio,
pressão de topo no poço e geometria do mesmo, diferentes quantidades de energia
são absorvidas pelas pastas, antes destas curarem. Esses parâmetros controlam as
diferentes propriedades reológicas da pasta de cimento. O sucesso do serviço de
cimentação demanda o máximo de controle dessas propriedades da pasta de
cimento (HODNEA, 2000).
Modelos reológicas capazes de descrever o que ocorre em um amplo
intervalo de estados entre um sólido elástico e um fluído viscoso, deverão ser
capazes de predizer ou prognosticar a deformação da pasta cimento com razoável

Flank Melo de Lima


Introdução 21

exatidão. Geralmente, características de deformação da pasta de cimento são


examinadas usando-se testes de fluxo consistindo-se de tensão de cisalhamento
versus taxa de cisalhamento. Das curvas de fluxo também é possível gerar uma
relação entre viscosidade e taxa de cisalhamento. Existindo modelos reológicos
independentes do tempo é possível ajustar os dados de tensão de cisalhamento,
taxa de cisalhamento e viscosidade para especificar tendências. Contudo nenhum
modelo está livre de erros estatísticos (NEHDI, 2004).
Pastas de cimento são suspensões coloidais nas quais as interações
entre as partículas podem conduzir a formação de várias microestruturas (JARNY,
2005). Dependendo de como tais estruturas respondem à tensão de cisalhamento
ou à taxa de deformação, observam-se diferentes tipos de comportamento
macroscópico do fluxo (MEWIS, 1976; BIRD, 1982; COUSSOT, 1999). A maneira
usual para descrever o fluxo do estado constante de pastas de cimento frescas
envolve os modelos reológicos de Bingham, Herschel-Bulkley, Ellis, Casson ou
Eyring (ATZENI, 1985). As propriedades de fluxo de pastas de cimento frescas e
homogêneas evoluíram continuamente com o tempo (OTSUBO, 1980). Sob
circunstâncias limite (torque e velocidade de rotação) a viscosidade aparente diminui
e depois aumenta, passando por um valor mínimo. O primeiro regime é dominado
por um fenômeno de defloculação sob taxa de cisalhamento constante
(comportamento tixotrópico) (BANFILL, 1981; LAPASIN, 1983). Uma vez que este
fenômeno alcançou algum equilíbrio, o comportamento estagna por causa do
processo de hidratação. Esse segundo efeito é irreversível.
Atualmente, a busca por materiais alternativos a serem utilizados em
cimentação de poços de petróleo é uma atividade em pleno desenvolvimento. Os
desafios dizem respeito à modificação e a melhoria de suas propriedades. Materiais
alternativos devem ser adicionados na forma de aditivos de forma a não alterar a
metodologia de preparação de pastas e cimentação atualmente adotadas pelas
companhias de serviço. A alta trabalhabilidade, usando plastificantes tradicionais é
perdida em 30 min, dependendo principalmente da dosagem na mistura. A perda de
trabalhabilidade ocorre devido à formação de alguns hidratos na mistura e a
coagulação de partículas de cimento liofóbicas, redução da fase líquida e aumento
de viscosidade (AIAD, 2003). Esse tipo de problema deverá ser contornado por meio

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Introdução 22

da utilização de novos aditivos químicos capazes de suportar as diversas condições


de poços, promovendo às pastas de cimento propriedades compatíveis às condições
encontradas, permitindo, ainda, um tempo suficiente de trabalhabilidade para a
completa execução do serviço de cimentação.

1.1. OBJETIVOS

Considerando a importância do estudo de aditivos plastificantes, a


necessidade do seu emprego como componente dispersivo em pastas para
cimentação de poços de petróleo, o crescimento do consumo desses aditivos, a
existência no mercado de grande quantidade desses materiais. Assim, os objetivos
gerais deste trabalho:

x Avaliar o efeito do uso dos aditivos plastificantes no comportamento reológico


de pastas para cimentação de poços.
x Avaliar quantitativamente o efeito dos aditivos plastificantes a base de
policarboxilatos comparativamente aos aditivos correntes de melamina e
lignossulfonatos.

Delimitados os objetivos gerais, os mesmos podem ser desdobrados


em objetivos específicos, a saber:

x Caracterização reológica de três aditivos plastificantes a base de


lignossulfonato, melamina e policarboxilato;
x Avaliação comparativa do efeito dispersivo dos aditivos em estudo;
x Avaliação do comportamento reológico dos aditivos em diferentes
temperaturas;
x Avaliação comparativa do comportamento reológico da pastas em três
diferentes modelos reológicos.

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Revisão bibliográfica 23

Capítulo 2

2. Cimento Portland

2.1. GENERALIDADES

O material mais utilizado para cimentação de poços em geral é o


cimento Portland. De fato, as excepcionais qualidades desse material possibilitaram
ao homem moderno promover mudanças expressivas em obras de engenharia, por
exemplo, em cimentação de poços de petróleo. Apesar de suas qualidades e de seu
uso generalizado, novos desafios têm sido propostos aos pesquisadores da área
cimenteira, particularmente no que diz respeito ao consumo, utilização e melhorias
dos cimentos e à adequação do produto às diversas solicitações de um poço de
petróleo (GOUVÊA, 1994).

2.2. CONCEITO

Os cimentos pertencem à classe de materiais denominados


aglomerantes hidráulicos. Esta denominação compreende aquelas substâncias que
endurecem uma vez misturadas com a água e resistem a esta com o passar do
tempo (KIHARA, 1983). Os cimentos são essencialmente produzidos a partir de uma
mistura de calcário e argila. O cimento Portland resulta de uma moagem de um
produto chamado clínquer, obtido pelo cozimento até a fusão incipiente da mistura
de calcário e argila convenientemente dosada e homogeneizada, a qual é
adicionada pequena quantidade de gesso (sulfato de cálcio) (TAYLOR, 1998). Os
componentes químicos principais do cimento Portland são a cal (CaO) – de 60 % a
67 %, sílica (SiO2) – de 17 % a 25 %, alumina (Al2O3) – de 3 % a 8 % e óxido de

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ferro (Fe2O3) – de 0,5 % a 6 %. Estes componentes também são indicados pelas


letras C, S, A e F para a cal, sílica, alumina e óxido de ferro, respectivamente.

2.3. COMPOSIÇÃO DO CIMENTO PORTLAND

Dos quatro componentes principais designados na química do cimento


pelas letras C, S, A e F, respectivamente, derivam os compostos fundamentais mais
complexos que determinam as propriedades do cimento:
x Aluminato tricálcico (C3A) – reage rapidamente com a água e cristaliza-
se em poucos minutos. É o constituinte do cimento que apresenta o maior
calor de hidratação. Controla a pega inicial e o tempo de endurecimento da
pasta, mas é o responsável pela baixa resistência aos sulfatos;
x Ferro-aluminato tetracálcico (C4AF) – é o componente que dará
coloração cinzenta ao cimento, devido à presença de ferro. Este libera baixo
calor de hidratação e reage menos rapidamente que o C3A. Controla a
resistência a corrosão química do cimento;
x Silicato tricálcico (C3S) – é o principal componente do cimento e o que
responde pela sua resistência mecânica inicial (1 a 28 dias). Sua hidratação
começa em poucas horas e desprende quantidade de calor inferior ao C3A;
x Silicato dicálcico (C2S) – reage lentamente com a água e libera baixo
calor de hidratação. Apresenta baixa resistência mecânica inicial, mas
contribui significativamente com o aumento da resistência ao longo do tempo.

2.4. CONSTITUIÇÃO DOS COMPOSTOS DO CLÍNQUER

Apesar de ser dado que o clínquer é constituído principalmente de


quatro fases identificadas classicamente por C3S, C2S, C3A e C4AF, a cristalização
dessas fases é função da composição e finura da mistura de calcário com argila, do

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Revisão bibliográfica 25

tratamento térmico (condições de clinquerização e resfriamento) e das reações de


fusão em fase sólida e líquida (______ & VALARELLI, 1975). Outrossim, clínqueres
industriais contém impurezas de elementos secundários tais como o Al, Fe, Mg, Na,
K, Cr, Ti, Mn, P, sob a forma de soluções sólidas. Além disso, freqüentemente,
aparecem dois outros dois compostos individualizados, o periclásio (MgO) em
clínqueres magnesianos e a cal livre (CaO) em clínqueres com alto teor de cal ou
com problemas no processo de fabricação (TAYLOR, 1998; ZAMPIERE, 1989])
A seguir são analisados, sucintamente, os principais componentes do
clínquer:
x Aluminato tricálcico (C3A) – apresenta-se em geral, como um
cimento vítreo junto com o C4AF no clínquer. Este cimento é denominado de
fase intersticial no clínquer. Quando se apresenta cristalizado devido a um
resfriamento lento do clínquer ao sair do forno, tem formato
cúbico (JAWED et al, 1983). O C3A forma soluções sólidas com o Fe2O3, MgO
e álcalis, aliás, a presença de álcalis (Na2O) faz com que o C3A cristalize em
forma acicular; sendo também denominado de Celita e reage rapidamente
com a água, cristalizando-se em poucos minutos (TAYLOR, 1998). É o
constituinte do cimento que apresenta o maior calor de hidratação;
x Ferro aluminato tetracálcico (C4AF) – Também conhecido como
Brownmillerire ou ferrita, constitui-se em o C3A, a fase intersticial do clínquer,
não sendo na verdade um composto definido, mais sim uma solução sólida
variando de C2F a C8A3F (______ & VALARELLI, 1975). É o componente que
dará coloração cinzenta ao cimento, devido à presença de ferro. Libera baixo
calor de hidratação e reage menos rapidamente que o C3A e controla a
resistência a corrosão química do cimento (ZAMPIERE, 1989);
x Silicato tricálcico (C3S) – componente que pode formar
compostos sólidos com os elementos Al, Fe, Mg, Na, K, Cr, Ti e F, tendo
esses ou alguns desses elementos em forma de óxido, até cerca de 3 % de
sua composição. Apresenta-se ao microscópio, em geral, em forma
hexagonal e também recebe o nome genérico de Alita (______ & VALARELLI,
1975); é o principal componente da maioria dos clínqueres de cimento
portland, todavia, durante o resfriamento do clínquer, pode se decompor em

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Revisão bibliográfica 26

C2S e cal livre, o que torna o clínquer defeituoso e em conseqüência, o


cimento com desempenho inferior (______, 1998). Depois do C3A, é o
componente do clínquer que apresenta maior velocidade de hidratação, que
se inicia em poucas horas, o que origina a resistência inicial do cimento;
x Silicato dicálcico (C2S) – Também conhecido genericamente
como belita, ao microscópio óptico, aparece mais freqüentemente sob a forma
arredondada, podendo ainda aparecer sob a forma de reentrâncias e
saliências que se assemelham a dedos, sendo chamado assim, C2S digitado
(PETRUCCI, 1994);
x Magnésia – pode ocorrer nos clínqueres tanto em soluções
sólidas como, se em quantidades importantes, aparecer em forma cristalina,
denominada periclásio.
x Álcalis (Na2O e K2O) – combinam-se preferencialmente com o
SO3 do combustível para formar sulfatos;
x Cal livre (CaO) – sinal de deficiência de fabricação, forma no
clínquer cristais arredondados associados a alita ou à fase intersticial e
resulta em geral, da combinação incompleta dos constituintes da matéria-
prima (calcário e argila) via queima ou dosagem excessiva de cal. Pode ainda
ser devido à decomposição de belita por resfriamento lento do clínquer
(______, 1998).

2.5. CLASSIFICAÇÃO DOS CIMENTOS

2.5.1. Variação da Composição Química

Controlar a composição do cimento seco na fábrica pode ter um grande


impacto no tempo de cura. Um método é ajustar a composição do cimento, de
maneira que, a quantidade de C3A seja baixa. A hidratação do C3S será então o
fator governante no processo de cura (______, 1998). O retardo para cimentos de

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Revisão bibliográfica 27

longo tempo de cura é normalmente obtido com adição de retardadores químicos


tais como o bórax e o amido, que são adicionados durante a manufatura. Outro
método é ajustar-se o tamanho do grão do cimento por meio da moagem. O cimento
terá sua cura mais demorada se for moído grosso. Também a taxa de resfriamento
do clínquer determina, em parte, o C3A disponível para a hidratação. Quanto mais
rápido o clínquer é resfriado, menor é a quantidade de C3A disponível e,
conseqüentemente, mais longa é a cura. A combinação de todas essas alternativas
é a razão que diversos fabricantes se utilizam para produzir cimentos com longo ou
curto tempo de cura (TAYLOR, 1998; LEA, 1998).

2.5.2. Classificação

Para a indústria do petróleo, o Instituto de petróleo Americano - API


classificou os cimentos Portland em classes, designadas pelas letras de A a J
(Tabelas 1.1 e 1.2), em função da composição química do clínquer, que deve estar
adequada às condições de uso, pela distribuição relativa das fases e também
adequada à profundidade e a temperatura dos poços (NELSON, 1990; THOMAS,
2001).

x Classe A – corresponde ao cimento Portland comum, usado em poços de até 1


a 830 m de profundidade. Atualmente o uso deste está restrito a cimentação de
revestimento de superfície (em profundidades inferiores a 830 m);
x Classe B – para poços de até 1 830 m, quando é requerida moderada
resistência aos sulfatos;
x Classe C – também para poços de 1 830m, quando é requerida alta resistência
inicial;
x Classe D - Para uso em poços de até 3 050 m, sob condições de temperatura
moderadamente elevadas e altas pressões;
x Classe E – para profundidades entre 1 830 m e 4 270 m, sob condições de
pressão e temperatura elevadas;

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x Classe F – para profundidades entre 3 050 m e 4 880 m, sob condições


extremamente altas de pressão e temperatura;
x Classe G e H – para utilização sem aditivos até profundidades de 2 440 m.
Como têm composição compatível com aceleradores ou retardadores de pega,
estes podem ser usados em todas as condições dos cimentos classes A até E.
As classes G e H são as mais utilizadas atualmente na indústria do petróleo,
inclusive no Brasil;
x Classe J – para uso como produzido, em profundidades de 3 660 m até
4 880 m, sob condições de pressão e temperatura extremamente elevadas.

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Revisão bibliográfica 29

Tabela 1- Classificação e características do cimento API/ASTM.


FONTE: LEA`s, 1998.

Classe API Profundidade de uso Características


A Superfície a 1.830 m Similar ao ASTM classe I
B Superfície a 1.830 m Alta resistência ao sulfato
Baixo teor de C3A
Similar ao ASTM tipo II
C Superfície a 1.830 m Alto teor de C3S e alta área superficial
Alta resistência mecânica no início da pega
Similar ao ASTM tipo III
D Superfície a 3.050 m Pega retardada para maiores profundidades
Média e alta resistência ao sulfato
Moderada resistência a altas temperaturas e altas
pressões
E Superfície a 4.270 m Pega retardada para maiores profundidades
Média e alta resistência ao sulfato
Alta resistência a altas temperaturas e altas pressões
F Superfície a 4.880 m Pega retardada para maiores profundidades
Média e alta resistência ao sulfato
Alta resistência a temperaturas e pressões de altas
profundidades.
G Superfície a 2.440 m Cimento básico para cimentação de poços
Admite uso de aditivos para ajuste de propriedades
Média e alta resistência ao sulfato
H Superfície a 2.440 m Cimento básico para cimentação de poços
Admite uso de aditivos para ajuste de propriedades
Média e alta resistência ao sulfato
Menor área superficial do clínquer em relação ao G

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Revisão bibliográfica 30

Tabela 2- Composição química dos cimentos API.

CLASSES A B C D, E e F G H

Comum
Óxido de magnésio (MgO), máximo % 6,0 6,0
Sulfato (SO3), máximo % 3,5 4,5
Perda de ignição, máximo % 3,0 3,0
Resíduos insolúveis, máximo % 0,75 0,75
Aluminato tricálcico (3Ca.Al2O3), máximo % 15

Moderada Resistência ao Sulfato


Óxido de magnésio (MgO), máximo %
6,0 6,0 6,0 6,0 6,0
Sulfato (SO3), máximo %
3,0 3,0 3,0 3,0 3,0
Perda de ignição, máximo %
3,0 3,0 3,0 3,0 3,0
Resíduos insolúveis, máximo %
0,75 0,75 0,75 0,75 0,75
Silicato tricálcico (3CaO.SiO2), máximo %
58 58
Silicato tricálcico (3CaO.SiO2), mínimo %
48 48
Aluminato tricálcico (3Ca.Al2O3), máximo %
8 8 8 8 8
Alcalinidade total expresso como óxido de sódio
0,75 0,75
Equivalente (Na2O), máximo %

Alta Resistência ao Sulfato


Óxido de magnésio (MgO), máximo % 6,0 6,0 6,0 6,0 6,0
Sulfato (SO3), máximo % 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0
Perda de ignição, máximo % 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0
Resíduos insolúveis, máximo % 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75
Silicato tricálcico (3CaO.SiO2), máximo % 65 65
Silicato tricálcico (3CaO.SiO2), mínimo % 48 48
Aluminato tricálcico (3Ca.Al2O3), máximo % 3 3 3 3 3
Aluminoferrita tetracálcico (4CaO.Al2O3), máximo %
Alcalinidade total expresso como óxido de sódio 24 24 24 24 24
Equivalente (Na2O), máximo % 0,75 0,75

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Revisão bibliográfica 31

Capítulo 3

3. CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO

3.1. TIPOS DE CIMENTAÇÕES

A cimentação de um poço de petróleo pode ser definida como a


operação realizada para efetuar o bombeio de uma pasta de cimento, que irá
preencher o espaço anular constituído entre a formação rochosa perfurada e o
revestimento metálico descido no poço (Figura 1). Estas operações são executadas
em todas as fases do poço, sendo previstas no programa do mesmo (THOMAS,
2001).

Figura 1– Esquema de um poço de petróleo.

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Revisão bibliográfica 32

Sem o completo isolamento de zonas, o poço nunca alcançará seu


completo potencial como poço produtor de óleo ou gás. Dependendo do
procedimento de mistura no equipamento, o tempo de bombeabilidade, geometria do
poço, quantidades diferentes de energia são absorvidas pelas pastas antes das
pastas curarem. Esses parâmetros controlam as diferentes propriedades reológicas
da pasta de cimento. O sucesso do serviço de cimentação demanda o máximo de
controle das propriedades das pastas de cimento (HODNEA et al, 2000).
A quantidade de energia absorvida é conhecida para se ter uma boa
influência na reologia da pasta e no tempo de pega e, desta forma, no sucesso da
operação de cimentação. Procedimentos padrões sugerem um método para simular
a quantidade de energia aplicada durante a operação de cimentação primária em
teste de laboratório para determinação das medidas reológicas.

3.1.1. Cimentação Primária

Denomina-se cimentação primária à cimentação de cada coluna de


revestimento, levada a efeito logo após a sua descida no poço. Seu objetivo básico é
colocar uma pasta de cimento não contaminada em determinada posição no espaço
anular entre o poço e a coluna de revestimento, de modo a se obter fixação e
vedação eficiente e permanente deste anular. Estas operações são executadas em
todas as fases do poço, sendo previstas no programa do mesmo (THOMAS, 2001).

3.1.2. Cimentação Secundária

As operações de cimentação secundária são todas as operações de


cimentação realizadas no poço após a execução da cimentação primária.
Geralmente essas operações são realizadas para corrigir deficiências resultantes de
uma operação de cimentação primária mal sucedida. A decisão quanto à

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Revisão bibliográfica 33

necessidade ou não da correção de cimentação primária é uma tarefa de grande


importância, pois o prosseguimento das operações, sem o devido isolamento
hidráulico entre as formações permeáveis, pode resultar em danos ao poço
(THOMAS, 2001).

3.2. ADITIVOS PARA CIMENTAÇÃO

Uma boa pasta de cimento para a maioria das operações de


cimentação, deve apresentar baixa viscosidade, não gelificar quando estática,
manter sua consistência o quanto mais constante possível até a ocorrência da pega,
ter baixa perda de filtrado, sem o efeito de separação de água livre ou decantação
de sólidos (NELSON, 1990). Para isso, são realizados testes laboratoriais para o
desenvolvimento de pastas que se adequem a variadas situações, utilizando-se uma
grande variedade de aditivos. Esses aditivos são classificados em: Controladores de
filtrado, aceleradores, retardadores, dispersantes, estendedores, adensantes e
aditivos especiais.

3.2.1. Controladores de Filtrado

Os controladores de filtrados reduzem a desidratação prematura da


pasta, diminuindo a permeabilidade do reboco de cimento criado e/ou aumentam a
viscosidade do filtrado. Esses controladores dividem-se em duas classes: materiais
finamente divididos e polímeros solúveis em água (MOTA, 2003).
Os polímeros derivados de celulose foram os primeiros a serem
usados como controladores de filtrado, e continuam sendo os mais usados. Têm
como desvantagens de estarem limitados à aplicação em ambientes até 200ºF
(93,3ºC). São eficientes retardadores abaixo de 150ºF (65,5ºC) (NELSON, 1990).

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Dos materiais granulares, são utilizados a bentonita e o látex como


controladores de filtrado. O látex é uma emulsão polimérica constituído de
suspensões leitosas de partículas esféricas de polímeros muito pequenas,
estabilizadas por surfactantes, com conteúdo sólido de até 50 % (MANO, 1990).
O uso dos controladores de filtrado permite adequar às características
da pasta às necessidades do trabalho a ser realizado. O controle de filtrado foi o fato
que permitiu a evolução técnica da compressão de cimento convencional (alta perda
de filtrado, altas pressões e grande volume de pasta) para a técnica da compressão
à baixa pressão (baixa perda de filtrado, baixa pressão, pequeno volume de pasta,
além da circulação do excesso de pasta) (NELSON, 1990).
A perda de filtrado API para uma pasta de cimento sem aditivos
geralmente supera 1500 mL / 30 min. Para operações de tamponamento de
canhoneados, o filtrado deve ser de 70 a 120 mL / 30 min e para preenchimento de
canais finos, não deve ultrapassar 50 mL / 30 min.

3.2.2. Estendedores e Adensantes.

Os estendedores são usados para reduzir a densidade ou aumentar o


rendimento da pasta. São divididos basicamente em três categorias: estendedores
de água (permitem adição de excesso de água), materiais de baixa densidade e
gases (LIMA, 2004).
As argilas e vários agentes viscosificantes permitem a adição de água,
mantendo a homogeneidade da pasta evitando a separação de água, tendo como
mecanismo de ação a absorção de água. A bentonita é a argila mais utilizada como
estendedor para água doce, e a atapulgita para água salgada (NELSON, 1990).
Os adensantes possuem o efeito contrário aos “estendedores”,
aumentando a densidade da pasta.

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Revisão bibliográfica 35

3.2.3. Aceleradores de Pega

Os aceleradores de pega aumentam a taxa de hidratação do cimento,


por meio do aumento do caráter iônico da fase aquosa, fazendo com que os
principais componentes do cimento seco (C3S, C2S e C3A) se hidratem e liberem o
Ca(OH)2 mais rapidamente, resultando, assim, numa rápida formação do CSH gel,
que é responsável pela pega do cimento (NELSON, 1990). Os mais utilizados são o
cloreto de sódio e o cloreto de cálcio. Este último apresenta efeitos colaterais como o
aumento do calor de hidratação, aumento da viscosidade, desenvolvimento mais
rápido de resistência à compressão, aumento do encolhimento da pasta e aumento
da permeabilidade final do cimento com redução da resistência do cimento
endurecido a sulfatos. O NaCl a 2 % funciona como acelerador, contudo, em
concentrações maiores do que 6 % apresenta o comportamento contrário,
retardando a pasta (LIMA, 2004; NELSON, 1990).

3.2.4. Retardadores de Pega

São usados como retardadores de pega, celuloses, lignossulfatos e


derivados de açúcar. Estes aditivos inibem a precipitação do hidróxido de cálcio
formando um complexo químico com componentes do cimento não hidratado ou
formando uma camada protetora para os grãos não hidratados, prevenindo o contato
com a água (NELSON, 1990).
Além destes aditivos, são adicionados à pasta de cimento um anti-
espumante, que como o próprio nome sugere, é usado para reduzir a espuma
formada quando a pasta é misturada sem alterar as suas propriedades.
O tempo de espessamento (tempo de bombeio da pasta) é bastante
afetado pelas condições de temperatura e pressão do poço, assim como pelos
aditivos aceleradores e retardadores. As concentrações dos aditivos são definidas

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Revisão bibliográfica 36

pela correta estimativa da temperatura e pelo estabelecimento do tempo de


bombeabilidade da pasta necessário em cada operação.

3.2.5. Dispersantes ou Redutores de Fricção

Esses aditivos reduzem a viscosidade aparente, o limite de


escoamento e a força gel das pastas, melhorando suas propriedades de fluxo.
Facilitam a mistura da pasta, reduzem a fricção e permitem a confecção de pastas
de elevada densidade. Os mais comuns são os sulfonados. Alguns controladores de
filtrado possuem propriedades dispersantes incorporados. A adição de dispersantes
pode produzir um efeito secundário indesejável: aumento da água livre e da
decantação dos sólidos, tornando a pasta menos estável (______, 1998).

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Revisão bibliográfica 37

Capítulo 4

4. ADITIVOS PLASTIFICANTES

O primeiro uso de aditivos plastificantes sintéticos em cimento foi


realizado pela aditivação de concreto em 1930, quando um corante foi disperso,
usando um ácido naftaleno sulfônico em um pavimento de concreto de cimento
portland nos Estados Unidos (DODSON, 1990). Devido o alto custo desse produto, o
lignossulfonato foi usado como aditivo plastificante desde a década de 40,
entretanto, esse resíduo produzido na fabricação do papel, resultava em retardo de
pega pela falta de controle da quantidade de açúcar nele contida.
Em 1960 no Japão, obteve-se um aditivo do tipo b-naftaleno reduzindo
a relação a/c para a obtenção de altas resistências mecânicas, enquanto que na
Alemanha, foi desenvolvido um plastificantes a base de melamina para melhorar a
trabalhabilidade do concreto mantendo a relação a/c.
Nos últimos anos, a eficiência desses produtos foi superada pelo
desenvolvimento de vários tensoativos poliméricos conhecidos como aditivos a base
de policarboxilatos.

4.1. PRINCIPAIS ADITIVOS PLASTIFICANTES COMERCIALIZADOS

Os aditivos plastificantes atualmente comercializados no Brasil são


geralmente a base de: lignossulfonato, melamina sulfonato, naftaleno sulfonato e
policarboxilatos.
Os aditivos plastificantes convencionais (geralmente a base de
lignossulfonato) promovem uma redução da quantidade de água de amassamento
de até 15 % (RIXON & MAILVAGANAM, 1999). Essa é a principal diferença entre os

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Revisão bibliográfica 38

plastificantes e superplastificantes, pois os superplastificantes podem reduzir a água


de amassamento em até 30 % (VERHASSELT e PAIRON, 1989). A exceção é o
aditivo a base de policarboxilato, atualmente denominados de hiperplastificantes,
que podem reduzir a água de amassamento em até 40 %, além de proporcionar uma
melhor retenção de trabalhabilidade nos concretos (HARTMANN, 2002).

4.2. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS

Atualmente, existem três tipos de aditivos comumente utilizados como


superplastificantes: polimelaminas sulfonadas (PMS), polinaftalenos sulfonados
(PNS) e os policarboxilatos ou polimetacrilatos (PC), conhecidos como
superplastificantes de nova geração (RAMACHANDRAN, 1998).
Os aditivos plastificantes podem ser divididos em quatro
grupos (AÏTCIN, 1998):
x Lignossulfonatos ou lignossulfonatos modificados (LS);
x Sais sulfonados de policondensado de naftaleno e formaldeído,
usualmente denominados de naftaleno sulfonado ou apenas de
naftaleno (NS);
x Sais sulfonatos de policondensado de melamina e formaldeído,
usualmente denominados de melamina sulfonato ou apenas de
melamina (MS);
x Policarboxilatos (PC).

4.2.1. Lignossulfonatos

Os lignossulfonatos são conhecidos como aditivos plastificantes de


primeira geração e utilizados como redutores de água normais e em alguns casos

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Revisão bibliográfica 39

também como superplastificantes (Figura 2). O lignossulfonato é obtido a partir do


rejeito líquido do processo de extração da celulose da madeira (RIXON, 1999). Esse
subproduto contém uma mistura complexa de produtos provenientes da lignina
(20 % a 30 %), produtos da decomposição da celulose, carboidratos e ácidos
sulfurosos livres ou sulfatos (COLLEPARDI, 1998).
Esses aditivos são beneficiados em dois estágios, com o objetivo de
eliminar os açúcares, carboidratos, sendo algumas vezes passados por
fracionamento para aumentar a massa molecular média. Sua composição pode
variar muito em função do processo de fabricação (neutralização, precipitação e
fermentação) (COLLEPARDI, 1998).

Figura 2 – Monômero de um lignossulfonato.


FONTE: RIXOM & MAILVAGANAM, 1999

Os primeiros lignossulfonatos apresentavam problemas, pois


continham altos teores de açucares na sua composição, o que causava grande
retardo da pega e incorporação de ar à mistura. Hoje, esses aditivos são submetidos
processos de purificação para remoção desses açúcares por meio de ultrafiltragem,
tratamento térmico com pH controlado e ainda a fermentação (RIXON, 1999),
reduzindo bastante tais efeitos secundários.
A maior parte dos lignossulfonatos existentes no mercado internacional
situa-se na faixa de massa molecular de 20 a 30.000. Alguns lignossulfonatos mais
polimerizados, entretanto, podem conter frações de massa molecular bem
maiores (RIXON, 1999).

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Revisão bibliográfica 40

Os aditivos base lignossulfonato permitem redução de água da mistura


de 8 % a 12 %. Quando usados em altas dosagens podem causar excessivo retardo
da pega e incorporação de grande quantidade de ar (RIXON, 1999).

4.2.2. Melamina

A melamina é um produto obtido a partir de técnicas de polimerização.


Moléculas de melamina são adicionadas as de formaldeído produzindo, trimetilol-
melamina, adicionando-se bissulfito de sódio (NaHSO3) tem-se a sua sulfonatação
(Figura 3).
A polimerização prossegue por reações de condensação dos grupos
hidroxilas presentes nas moléculas de trimetilol-melamina. A massa molecular média
do produto é influenciada pelo tempo de polimerização. O valor ideal e eficiente de
massa molecular média deve estar em torno de 30.000 (GRABIEC &
KRZYWOBLOCKA-LAURÓW, 1997).

Figura 3 – Monômero de uma polimelamina sulfonato de sódio.


FONTE: RAMACHANDRAN, 1998.

Esses aditivos, juntamente com os aditivos a base de naftaleno


sulfonato, são conhecidos comercialmente como aditivos plastificantes de 2ª

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Revisão bibliográfica 41

geração e permitem a redução em até 25 % a quantidade de água da mistura,


quando usados como redutores de água (HSU,1999).

4.2.3. Policarboxilatos

Esses são os aditivos recentemente introduzidos no mercado nacional


e são conhecidos como aditivos plastificantes de alta eficiência ou ainda
hiperplastificantes, pois permitem a redução de água das misturas em até 40 %,
mantendo-se a mesma trabalhabilidade (HSU, 1999). Esses aditivos também
conferem considerável aumento na fluidez dos concretos, fato que permite a
utilização em concretos fluídos e auto-adensáveis e viabilizam a redução de grande
quantidade de água das misturas possibilitando o emprego de concretos de elevada
resistência, trabalhabilidade e durabilidade.
São aditivos poliméricos que apresentam larga distribuição de massa
molecular e sua caracterização química é muito complexa (YAMADA, 2000). As
propriedades desses aditivos são influenciadas pelo comprimento de sua cadeia e
pelo número de reações em uma cadeia de aditivo (DRANSFIELD, 2000) (Figura 4).

Figura 4 - Monômero de um policarboxilato


FONTE: RAMACHANDRAN, 1998.

Esses polímeros geralmente possuem grupos carboxílicos (COOH) e


apresentam cadeias laterais de diferentes comprimentos. Onde a dispersão e a
defloculação das partículas de cimento podem ser controladas por meio da mudança

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do comprimento dessas cadeias e ainda do comprimento da cadeia central desses


polímeros (Figura 5).

– Grupo sulfônico

– Grupo carboxílico

Figura 5 – Esquematização de uma molécula de policarboxilato


FONTE: adaptado de LEIDHODT et al., 2000.

O comprimento da cadeia principal desses polímeros produz efeitos na


dispersão e defloculação das partículas de cimento (OHTA, 1997). Os efeitos da
estrutura química dos aditivos plastificantes a base de policarboxilato na fluidez das
pastas de cimento são os seguintes (YAHAMA, 2000):
x Para mesma dosagem de aditivo, quanto maior o tamanho da cadeia desse
aditivo, mais fluída é a mistura e menor é o seu tempo de pega;
x Quanto maior a quantidade de grupos sulfônicos e carboxílicos presentes nos
polímeros, maior a fluidez do sistema para uma mesma dosagem de
plastificante.

4.3. INTERAÇÕES CIMENTO-PLASTIFICANTES

Os plastificantes são introduzidos em suspensões cimentícias para


melhorar as propriedades reológicas. Eles podem ter uma forte influência na cinética
de hidratação do cimento (FLATT & HOUST, 2001). As propriedades reológicas da
pasta de cimento são controladas por muitos fatores, por exemplo, pela dispersão
entre as partículas devido à técnica de mistura, tipo e quantidade de plastificante

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adicionado, tipo e quantidade dos produtos de hidratação, distribuição do tamanho


das partículas e etc. Isso, desta maneira, dificulta a determinação e descoberta dos
principais fatores e interações existentes entre os diferentes componentes numa
suspensão de cimento com plastificante.
Diferentes plastificantes não produzem a mesma fluidez com o mesmo
cimento, nem o mesmo plastificante produz a mesma fluidez com diferentes
cimentos (RAMACHANDRAN, 1984). Experimentos em laboratório apresentaram
que as propriedades reológicas de certos cimentos são mais sensíveis com respeito
ao tipo e a quantidade de plastificante adicionado comparado com outras
combinações (NKINAMUBANZI, 2000). Isso pode ser expresso por um menor efeito
de fluidez, alto retardamento, segregação e etc. Em diversos casos, esses
fenômenos são chamados de incompatibilidade de plastificantes (HUYNH, 1996;
GRIESSER, 2002).

4.3.1. O cimento Portland e a água

As partículas de cimento Portland quando entram em contato com a


água, que tem molécula polar, apresentam forte tendência à floculação, resultado de
diversos tipos de interações, tais como forças de Van der Waals entre as partículas
(forças eletrostáticas entre regiões com cargas opostas e forte ligação envolvendo
moléculas de água ou compostos hidratados) (LEGRAND & WIRQVIN, 1992). Certa
quantidade de água fica aprisionada entre os grãos de cimento, reduzindo a
disponibilidade de água e a lubrificação da mistura. Tais fenômenos aumentam a
viscosidade da mistura e também reduzem a área específica dos grãos de cimento
disponível para as reações de hidratação.
Em princípio, a hidratação inicia-se logo que os grãos de cimento
entram em contato com a água. Devido à elevada finura das partículas, uma grande
superfície das fases reativas está em contato com a água. Para a distribuição
homogênea da água na mistura e para a adsorção dela pela superfície de todos os

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grãos, as partículas de cimento devem estar defloculadas e manter-se em um alto


grau de dispersão.
Na Figura 6 encontra-se ilustrado o efeito de defloculação dos grãos de
cimento. Todos os tipos de cimento sofrem floculação, de modo que o emprego de
aditivos químicos capazes de reduzir essa tendência é de grande valia à tecnologia
de concreto e pastas de cimento (AÏTCIN, 1998).

Sistema floculado (Aglutinado) Sistema defloculado (Disperso)


Figura 6 – Efeito da defloculação dos grãos de cimento
FONTE: AÏTCIN et al., 1998.

Na Figura 7A encontra-se representada a micrografia de partículas de


cimento floculadas em uma suspensão de água-cimento sem aditivo e na Figura 7B
encontra-se representada a micrografia de um sistema disperso com a adição de um
aditivo plastificante. Observa-se que a dispersão promovida pelos aditivos
superplastificantes confere maior homogeneidade à mistura e distribui mais
uniformemente os espaços entre grãos.

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(a)

(b)
Figura 7 - (a) Floculação do sistema cimento-água (b) dispersão do sistema com a adição de um
plastificante
FONTE: MEHTA & MONTEIRO, 1994.

4.3.2. Mecanismo de ação dos aditivos plastificantes

Os aditivos plastificantes agem quando adsorvidos nas partículas de


cimento, provocando repulsão eletrostática que resulta na dissociação do cimento
aglomerado em partículas com significativa redução da viscosidade do sistema
cimento-água-aditivo plastificante. Esses aditivos, principalmente os aditivos a base
de lignossulfonatos, também podem reduzir a tensão superficial da água,
aumentando o efeito de “lubrificação” das partículas de cimento (MALHOTRA, 1989).
As interações cimento-plastificantes podem ser divididas em efeitos
físicos e químicos (RONCERO, 2000). Os efeitos físicos ocorrem instantaneamente,

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isto é, em t = 0, e inclui a adsorção de plastificante por meio de forças eletrostáticas


e de Van der Waals, mudanças superficiais, indução de forças eletrostáticas
repulsivas e forças de repulsão estérica. Os efeitos químicos são conseqüência da
hidratação do cimento, ou seja, num tempo t > 0. Eles incluem ligações de superfície
em sítios reativos, alteração das reações de hidratação e dos produtos de hidratação
(JOLICOEUR, 1994; JOLICOEUR, 1998).

4.3.2.1. Interações físicas

As moléculas dos aditivos plastificantes são adsorvidas pelas


partículas de cimento por meio de forças eletrostáticas ou de Van der Waals. A
adsorção varia de acordo com o grupo funcional do aditivo e é maior pela fase
aluminato do que pela fase silicato (UCHIKAWA, 1992).
A presença de SO3 inibe a adsorção do plastificante no C3A e C4AF,
permitindo assim um aumento na adsorção pelos silicatos (C3S e C2S). Isso decorre
da presença dos sulfatos do cimento. A quantidade de aditivo adsorvido depende da
quantidade de sulfatos presentes, que são responsáveis pela redução da adsorção
nas fases aluminatos melhorando a adsorção pelos silicatos e indicando que há um
teor ótimo de sulfatos no cimento que contribui para uma melhor fluidez da mistura
(NAWA et al, 1989).
Esta quantidade adsorvida é menor quando o aditivo é adicionado
algum tempo depois da mistura do cimento com a água, melhorando assim a
trabalhabilidade do sistema. O efeito de retardamento do plastificante é proporcional
à sua concentração e é geralmente maior em cimentos com baixo teor de C3A.
Desse modo, uma menor quantidade de plastificante reage com o C3A, deixando
mais aditivo para ser adsorvido nas outras fases (C3S) e reduzir a reação superficial.
Em cimentos que contém quantidades usuais de C3A, significante retardo pode ser
observado se ocorrer super dosagem de aditivo (TANDIRH et al, 2000).

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Os aditivos plastificantes a base de naftaleno são preferencialmente


adsorvidos pela fase intersticial (aluminato) e pela cal livre, cabendo à fase silicato
de cálcio menor participação no processo (UCHIKAWA, 1992).
Os produtos a base de melamina, naftaleno ou lignossulfonato atuam
principalmente por repulsão eletrostática, isto é, eles são atraídos e adsorvidos pela
superfície carregada das partículas de cimento, conferindo-lhe a mesma carga e,
portanto, provocando repulsão e conseqüente dispersão da mistura. O efeito desse
fenômeno é o aumento da fluidez e a conseqüentemente redução da demanda de
água de amassamento (AÏTCIN, 1998). Com o decorrer da hidratação do cimento
ainda no estado fresco, os polímeros são “aprisionados” pelos produtos hidratados
que precipitam e assim vão perdendo seu efeito. Assim, o sistema é gradualmente
floculado, provocando a diminuição na trabalhabilidade, fenômeno conhecido com
perda de abatimento (AÏTCIN, 1998).
Os produtos a base de policarboxilato também atuam por repulsão
eletrostática, mas não é esse o seu mecanismo principal de ação. Além de agirem
por repulsão eletrostática, a dispersão das partículas de cimento responsável pelo
aumento da fluidez pode ser relacionada a um efeito conhecido como repulsão
estérica que é produzida pela presença de uma longa cadeia lateral ligada em vários
pontos na cadeia central do polímero (Figura 8).

Figura 8 – Casos de repulsão: (a) partículas repelidas devido à mesma carga; (b) partículas repelidas
devido à sobreposição do polímero plastificante.
FONTE: UCHIKAWA, 1995

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Esta arquitetura produz forte efeito dispersivo, pois o impedimento do


entrelaçamento das cadeias laterais de diferentes moléculas de aditivos cria uma
capa de adsorção de grande volume que impede a aproximação das partículas de
cimento, oferecendo significativas vantagens como manutenção do abatimento por
mais tempo que os demais aditivos (LEIDHODT et al, 200) (Figura 9).

(a) Ação da Melamina e Naftaleno (b) Ação dom Policarboxilato


Figura 9 - (a) Ilustração do mecanismo de repulsão eletrostática para a cadeia de naftaleno e
melamina (b) Ilustração do mecanismo de repulsão estérica para a cadeia de policarboxilato
FONTE: Adaptada de COLLEPARDI et al, 1999.

Outras interações físicas podem ser citadas, como a formação de uma


barreira ao redor do cimento que inibe a sua floculação, e ainda a alteração de
tensão superficial da água.

4.3.2.2. Interações químicas

As interações físicas são sem dúvida as principais interações


relevantes na ação dos plastificantes e envolvem os mecanismos de floculação e
defloculação (RONCERO, 2000). Contudo há também interações químicas entre os
plastificantes que são manifestadas por meio de mudanças na composição da
suspensão aquosa e na morfologia dos hidratos formados. Uma interação entre as
partículas de cimento e as de aditivo plastificante é a adsorção química das
moléculas do aditivo (UCHIKAWA, 1995). Outro mecanismo é a formação de íons

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complexos entre o plastificante e o Ca+2 levando à redução na sua concentração.


Isto contribui para o retardo da pega e, conseqüentemente, redução do tempo de
fluidez até que a suspensão atinja a supersaturação do Ca+2, que é essencial para
iniciar o estágio de aceleração da hidratação (JOLICOUER, 1997).

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Capítulo 5

5. REOLOGIA

5.1. GENERALIDADES

Reologia é a ciência da deformação e do fluxo da matéria, sendo,


portanto, um ramo da física relacionada à mecânica dos corpos deformáveis. Ela
tem como objetivo o estudo das influências que as microestruturas e
macroestruturas exercem sobre as propriedades de escoamento, no interior de um
corpo. A etimologia da palavra “reologia” tem raiz nos significados nos vocábulos
gregos “rheo” (formação) e “logia” (ciência ou estudo). Portanto, reologia é a ciência
que estuda como a matéria se deforma ou escoa, quando está submetido a esforços
originados por forças externas.
Na indústria do petróleo, os conhecimentos básicos da reologia
auxiliam na análise do comportamento reológico dos diversos tipos de fluídos. Entre
outras aplicações, a definição de parâmetros reológicos, por sua vez, permite que se
estime as perdas de pressão por fricção (também denominada perda de carga),
capacidade de transporte e sustentação de sólidos, além de especificar e qualificar
fluidos, materiais viscosificantes, petróleo e derivados (MACHADO, 2002).
Finalmente, é de fundamental importância que sejam utilizados
equipamentos confiáveis e calibrados, além de métodos e procedimentos
certificados, na caracterização reológica e determinação de parâmetros reológicos
dos fluidos utilizados, com o fim de se obter resultados com alto grau de
repetibilidade e reprodutividade, ou seja, próximos da realidade e confiáveis
(MACHADO, 2002).

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5.2. DEFINIÇÕES

Reologia é definida como a ciência da deformação e do fluxo da


matéria. Os fluidos são caracterizados por suas curvas de fluxo, resultado da relação
entre a tensão de cisalhamento e taxa de cisalhamento. O comportamento mais
simples é o comportamento do fluido Newtoniano, o qual possui uma relação linear
entre a tensão e a taxa de cisalhamento (HACKLEY, 2001). A tensão de
cisalhamento desse fluido pode ser descrita pela Equação (1):

W = PJ (1)

onde W é a tensão de cisalhamento, P é a constante de proporcionalidade, a qual é


chamada de coeficiente de viscosidade e J é a taxa de cisalhamento. Só um único
ponto é necessário para determinar este comportamento de fluxo (Figura 10).
O estudo das propriedades reológicas das pastas de cimento deve ser
utilizado na determinação do modelo reológico que melhor descreve o escoamento
da pasta, do regime de escoamento e na previsão de pressões geradas nas
operações de cimentação e sua correção (principalmente nas operações de
recimentação). O entendimento e o controle das propriedades reológicas da pasta
nas operações com cimento, visam otimizar a eficiência com que a pasta de cimento
desloca o fluido do espaço anular sob determinado regime de fluxo e a real pressão
exercida sobre as paredes do poço (NELSON, 1990). De uma maneira simples, a
viscosidade da pasta deve ser baixa para facilitar sua penetração nos anulares ou
nos canais, oferecer boas condições de bombeabilidade e aderir fortemente à
formação, cimento primário e revestimento. A viscosidade é função, principalmente,
da razão água-cimento, da granulometria e área superficial do cimento e dos
aditivos.
Pastas de cimento são suspensões coloidais nas quais as interações
entre as partículas podem conduzir à formação de várias microestruturas
(JARNY et al, 2005). Dependendo de como tais estruturas respondem a tensão de
cisalhamento ou taxa de deformação, observa-se diferentes tipos de comportamento

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Revisão bibliográfica 52

macroscópico do fluxo (BIRD et al, 1982; COUSSOT, et al, 1999). As maneiras


usuais para descrever o fluxo do estado constante de pastas de cimento frescas
envolve os modelos reológicos de Bingham, Herschel-Bulkley, Ellis, Casson ou
Eyring (ATZENI, 1985). Como apresentado por (OTSUBO et al, 1980), as
propriedades de fluxo de pastas de cimento frescas e homogêneas evoluem
continuamente com o tempo.

5.3. MODELOS REOLÓGICOS

Os modelos reológicos capazes de descrever o que ocorre em um


amplo intervalo entre um sólido elástico e um fluído viscoso deverão ser capazes de
predizer ou prognosticar a deformação da pasta de cimento com razoável exatidão.
Geralmente, características de deformação da pasta de cimento são examinadas
usando-se testes de fluxo baseados na tensão de cisalhamento versus taxa de
cisalhamento (Figura 10). Das curvas de fluxo também é possível gerar uma relação
entre viscosidade e taxa de cisalhamento. Contudo, nenhum modelo está livre de
erros estatísticos (NEHDI, 2007).

Figura 10 – Tipos de fluido: (A) Newtoniano, (B) Binghaminiano, (C) Pseudoplástico, (D) Dilatante e
(E) Pseudoplástico com limite de escoamento.

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Fundamentalmente, os fluidos se classificam em Newtonianos e não-


Newtonianos. Todas as curvas da Figura 11, conhecidas como curvas de
viscosidade, referem-se a tipos de ou modelos de fluidos não-Newtonianos, exceto a
curva “A” que representa a relação de tensão cisalhante com taxa de cisalhamento
constante.

Figura 11– Curvas de viscosidade de fluido: (A) Newtoniano; (B) Binghamiano ou plástico ideal; (C)
pseudoplástico; (D) dilatante.

Na atualidade, o conhecimento da reologia de pastas de cimento tem


sido de fundamental importância para o processo bem-sucedido de materiais
baseados em cimento. A reologia da pasta fresca de cimento tem sido controlada
pela estrutura tridimensional das partículas de cimento na água. Uma estrutura em
”gel” se forma imediatamente após a introdução de água no pó de cimento. A
estrutura se origina de uma combinação de forças coloidais (por exemplo, atração de
Van der Waals e repulsão eletrostática), forças hidrodinâmicas e reações químicas
produzidas pelos hidratos de silicato de cálcio (SAAK et al, 2001).

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Revisão bibliográfica 54

5.3.1. Modelo de Bingham

Vários modelos empíricos e teóricos têm sido usados para determinar


o comportamento reológico de pastas de cimento, a partir das curvas de fluxo, entre
eles, o mais usado é o Modelo de Bingham. A tensões baixas, a pasta de cimento é
muito viscosa e se assemelha a um sólido elástico. Sob uma faixa de tensões muito
estreita, a viscosidade cai muitas ordens de grandeza e ocorre o fluxo macroscópico.
A faixa de tensões críticas é muito estreita e assim tem sido considerada como um
ponto simples, chamada de tensão de escoamento aparente (BARNES, 1995).
Considerando a teoria molecular-coloidal, os parâmetros reológicos do
fluido Binghamiano possuem uma interpretação. O atrito entre as partículas
dispersas e as moléculas do líquido dispersante é o responsável por um dos
componentes de resistência ao escoamento – a viscosidade plástica, constate
análoga a viscosidade do fluido Newtoniano (Figura 10). Enquanto isso, as forças de
interação entre as partículas dispersas são consideradas a causa da existência do
outro parâmetro viscoso – o limite de escoamento, também denominada de
componente viscosa (MACHADO, 2002). A equação matemática que define o fluido
de Bingham é expressa pela equação (2):

W = PpJ + WL (2)

onde Pp e WL são a viscosidade plástica e o limite de escoamento, respectivamente.


Na Figura 12 encontra-se representas as curvas de fluxo e de
viscosidade do modelo de Bingham, respectivamente.

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Revisão bibliográfica 55

Figura 12 – Curva de fluxo (A) e de viscosidade (B), do fluido Binghamiano ou plástico.

É conhecido ainda que se a concentração de partículas dispersas


aumenta, então, a viscosidade plástica também aumenta. Enquanto isso, o limite de
escoamento aumenta quando as forças interpartículas aumentam, isto é, quando
aumenta o potencial iônico do meio, causando um conseqüente aumento das forças
eletrostáticas de interação entre as partículas dispersas (MACHADO, 2002).

5.3.2. Modelo de Ostwald de Waale

O modelo de Ostwald ou fluido de potencia é definido pela Equação 3.


Esta não se aplica para todo e qualquer fluido, nem a todo intervalo de taxa de
cisalhamento. Entretanto, existe um número razoável de fluidos não-Newtonianos
que apresentam comportamento de potencia, num largo intervalo de velocidades
cisalhantes.

W = K (J)n (3)

Os parâmetros reológicos do fluido de potencia são o índice de


consistência, K, e o índice de comportamento ou de fluxo, n. Enquanto n é uma

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Revisão bibliográfica 56

grandeza adimensional, K tem dimensão física igual a F.Tn.L-2, sendo suas unidades
mais usuais o dina.sn/cm² (Sistema CGS), Pa.sn (SI) e o lbf.sn/ft² (Sistema Inglês).
Da equação 4.2, em coordenadas logarítmicas, pode-se produzir uma
reta log W = log K + n. O log (J), cuja inclinação determinará o valor de n. O valor de
K será definido no ponto de interseção do eixo vertical com a reta, quando J = 1,
como se pode observar na Figura 13 A.

Figura 13 – Curvas de fluxo (A) e de viscosidade (B) para fluidos que seguem a lei de potência, em
escala logarítmica.

Por meio do índice de comportamento, n, pode-se indicar fisicamente o


afastamento do fluido do modelo Newtoniano. Se seu valor se aproxima de um,
então o fluido está próximo do comportamento Newtoniano. Enquanto isso, por meio
do valor do índice de consistência, K, pode-se indicar o grau de consistência do
fluido diante do escoamento. Quanto maior o valor de K, mais “consistente” o fluido
será. Observa-se, por comparação da equações 1 e 3, que os parâmetros P e K, a
menos do índice n, são similares.

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Revisão bibliográfica 57

5.3.3. Modelo de Herschell-Buckley

O modelo de Herschell-Buckley é também conhecido como fluido de


potencia com limite de escoamento ou fluido de potencia modificado. Este possui
três parâmetros reológicos. Por isso mesmo, é denominado de modelo a três
parâmetros. Pode-se definir este modelo por meio da Equação 4.

W = K (J)n + W0 para W > W0 (4)


J=0 para W d W0

Este tipo de fluido é uma extensão do fluido de Ostwald, ao qual se


adiciona um novo parâmetro, W0, denominado de limite de escoamento real. A
curva de fluxo que o representa está ilustrada na Figura 14. Uma maneira de se
determinar todos os parâmetros deste modelo consiste em primeiro estimar o valor
de W0 por extrapolação, por meio do gráfico de W x J em coordenadas cartesianas,
depois então, determinar os valores de K e n por meio de um gráfico de (W – W0) x J,
em coordenadas logarítmicas.

Figura 14 – Curvas de fluxo (A) e de viscosidade (B) do fluido de potência, com limite de escoamento
ou modelo de Herschell-Buckley.

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Revisão bibliográfica 58

Como pode ser observado, o modelo de Herschell-Buckley é mais


completo do que os anteriores, uma vez que a equação que o descreve engloba três
parâmetros, além do que, os modelos de Newton, Bingham e de Ostwald de Waale
podem ser analisados como casos particulares deste.

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Materiais e métodos 59

Capítulo 6

6. MATERIAIS E MÉTODOS

6.1. MATERIAIS UTILIZADOS

Para a realização do preparo das pastas cimentantes neste trabalho,


foram utilizados os seguintes materiais:
a) Cimento Portland Especial fornecido pela CIMESA – Cimento Sergipe S.A.,
localizada em Laranjeiras – SE. Este é um aglomerante hidráulico obtido pela
moagem de clínquer Portland, constituído, em sua maior parte, por silicatos de cálcio
hidráulicos, e que apresenta características especiais para uso em poços de petróleo
até a profundidade de 2 440 m, assim como produzido. Na fabricação, a única
adição permitida é a de gesso durante a moagem. As propriedades físico-químicas
do mesmo encontram-se representadas na Tabelas 5 e 6, são rotineiramente
avaliadas pela empresa, comparando-se com os padrões do cimento Portland classe
G;

Tabela 3 – Ensaios físicos e especificação para cimento Portland especial1.

Especificação
Ensaios físicos
Valor Médio CP Especial
Finura #200 4,6 –
(% retido) #325 19,3 16 – 20
Blaine (cm2/g) – – 2800 – 3200
Tempo de Pega* Início 02:30 –
(h:min) Fim 03:20 –
* A relação água/cimento é definida pela NBR 11581.

1
Cimento Sergipe S.A. – CIMESA. Certificado de análises de cimento. 07/07/2006.

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Materiais e métodos 60

Tabela 4 – Ensaios químicos de cimento Portland especial e especificações para cimentos CPP
classe G e Portland especial2.

Especificação
Valor médio
Ensaios químicos CPP
(%) CP Classe G
Especial

Perda ao fogo 0,78 Máx. 3,0 Máx. 3,0

CaO (Livre) 1,18 – –


Análise
SO3 2,79 Máx. 3,0 Máx. 3,0
Química
MgO 3,57 Máx. 6,0 Máx. 6,0

Na2O eq. 0,61 Máx. 1,0 Máx. 0,75

Composição C3S 54,2 55 a 65 48 a 58 / 65

Potencial C3A 6,8 Máx. 7,0 Máx. 8 / 3

Bogue 2C3A + C4AF 23,6 Max. 24 Máx. 24

b) Água destilada;
c) Plastificantes – Foram utilizados três tipos de aditivos plastificantes
(dispersantes) conhecidos comercialmente como de 1a geração (plastificante) –
lignossulfonato, um aditivo de 2a geração (superplastificante) – melamina e um
aditivo de 3a geração (hiperplastificante) – policarboxilato. Na Tabela 5 encontram-se
as características e as propriedades dos plastificantes utilizados.

2
Cimento Sergipe S.A. – CIMESA. Certificado de análises de cimento. 07/07/2006.

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Materiais e métodos 61

Tabela 5 – Características e propriedades dos plastificantes.

Propriedades Aditivos plastificantes


Base química Lignossulfonato Melamina Policarboxilato
pH 9 – 11 9-11 5–7
Densidade (g/cm³) 1,05 – 1,09 1,235 – 1,275 1,067 – 1,107
(1)
Viscosidade (cps) – 20 a 60 95 – 160
Sólidos (%) 13 – 17 38 – 42 28,5 – 31,5
Aspecto Líquido Líquido Líquido
Cor Castanho Castanho claro Bege

(1)
Valor não especificado

d) Anti-espumante – Foi utilizado um aditivo anti-espumante para evitar a


formação de espumas e minimizar os erros durante a execução dos ensaios de
reologia. Na Tabela 6 encontram-se as características e as propriedades dos
plastificantes utilizados.

Tabela 6 – Características e propriedades do anti-espumante.

Propriedades Aditivo anti-espumante


Base química Silicone
pH 6,0 – 8,0
Densidade (g/cm³) 0,97 – 1,03
Viscosidade (cps) 1600 –3600
Conteúdo não-volátil (%) 49,0 – 52,0
Aspecto Viscoso
Cor Branco

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Materiais e métodos 62

6.2. VARIÁVEIS INDEPENDENTES

As variáveis independentes são aquelas fixadas com o intuito de


observação do reflexo de suas variações sobre as variáveis dependentes. As pastas
em estudo apresentaram as seguintes variáveis independentes:

x Peso específico: foi fixado um peso específico de 15,8 lb/gal (1,89 g/cm³)
para todas as pastas testadas, de acordo com as normas N-2528 e
API RP 10B;
x Concentração de aditivo: para as pastas foram empregadas 10
concentrações de aditivos, variando-se de 0,000 gal/pé³ (0,0 L/m³) a 0,045
gal/pé³ (5,85 L/m³), com incremento de 0,005 gal/pé³ (0,65 L/m³); Esta é a
faixa de concentração comumente utilizada em projetos de pastas de cimento
para poços de.petróleo.
x Natureza do aditivo: foram empregados três tipos de aditivos (plastificantes
e/ou dispersantes), de modo a ter produtos conhecidos comercialmente como
1a geração (plastificante) – lignossulfonato, um aditivo de 2a geração
(superplastificante) – melamina e um aditivo de 3a geração (hiperplastificante)
– policarboxilato;
x Tempo e velocidade de mistura: as misturas das pastas foram realizadas
em duas etapas. A primeira, durante 15 s a 4000 rpm. E a segunda, durante
35 s a 12000 rpm, de acordo com as recomendações da norma API RP 10B.
x Temperatura: foram escolhidas quatro temperaturas para a realização dos
ensaios reológicos – 80ºF (26,7ºC), 107ºF (41,7ºC), 133ºF (56,1ºC) e 160ºF
(71,1ºC). Esta faixa de temperatura equivale às temperaturas encontradas
nos campos de petróleo da região nordeste.

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Materiais e métodos 63

6.3. VARIÁVEIS DEPENDENTES

As variáveis dependentes são aquelas influenciadas pela alteração das


variáveis independentes e, em determinadas situações, por outras dependentes. A
seleção destas variáveis foi realizada de acordo com os modelos reológicos
escolhidos para o estudo: modelo de Bingham, modelo de Ostwald de Waale
(modelo de potencia) e modelo de Herschell-Buckley:

x Viscosidade plástica;
x Limite de escoamento;
x Géis inicial e final;
x Índice de comportamento;
x Índice de consistência;
x Limite de escoamento real

6.4. VARIÁVEIS INTERVENIENTES

As variáveis intervenientes são aquelas que também exercem efeito


sobre as dependentes, porém não se tem o interesse de controlar suas variações,
sendo somente medidas para controle. Neste trabalho foram consideradas como
intervenientes as seguintes variáveis:

x Temperatura ambiente;
x Taxa de aquecimento durante a homogeneização;
x Temperatura do copo térmico;
x Fator água/cimento (FAC);
x Teor de anti-espumante;

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Materiais e métodos 64

6.5. CÁLCULO DE PASTA

O cálculo das massas dos componentes das pastas de cimento foram


calculadas de acordo com as recomendações práticas da norma API RP 10B
(Tabelas 07, 08 e 09).

Tabela 7 – Composição das pastas preparadas com lignossulfonato.

Concentração de
Composição das pastas
plastificante
Lignossulfonato
(L/m³) (gal/pé³) Água (g) Cimento (g) Anti-espumante (g)
(g)
0,00 0,000 0,00 348,48 786,78 0,70
0,65 0,005 0,37 348,14 786,75 0,70
1,30 0,010 0,74 347,80 786,72 0,70
195 0,015 1,10 347,46 786,69 0,70
2,60 0,020 1,47 347,12 786,67 0,70
3,25 0,025 1,84 346,78 786,64 0,70
3,90 0,030 2,21 346,44 786,61 0,70
4,55 0,035 2,57 346,10 786,59 0,70
5,20 0,040 2,94 345,76 786,56 0,70
5,85 0,045 3,31 345,42 786,53 0,70

Tabela 8 - Composição das pastas preparadas com melamina.

Concentração de
Composição das pastas
plastificante
(L/m³) (gal/pé³) Melamina (g) Água (g) Cimento (g) Anti-espumante (g)
0,00 0,000 0,00 348,48 786,78 0,70
0,65 0,005 0,44 348,17 786,65 0,70
1,30 0,010 0,87 347,87 786,52 0,70
195 0,015 1,31 347,56 786,39 0,70
2,60 0,020 1,75 347,25 786,26 0,70

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Materiais e métodos 65

3,25 0,025 2,18 346,94 786,13 0,70


3,90 0,030 2,62 346,63 786,00 0,70
4,55 0,035 3,06 346,33 785,88 0,70
5,20 0,040 3,49 346,02 785,75 0,70
5,85 0,045 3,93 345,71 785,62 0,70

Tabela 9 - Composição das pastas preparadas com carboxilato.

Concentração de
Composição das pastas
plastificante
(L/m³) (gal/pé³) Policarboxilato (g) Água (g) Cimento (g) Anti-espumante (g)
0,00 0,000 0,00 348,48 786,78 0,70
0,65 0,005 0,38 348,15 786,72 0,70
1,30 0,010 0,77 347,82 786,67 0,70
195 0,015 1,15 347,48 786,62 0,70
2,60 0,020 1,54 347,15 786,57 0,70
3,25 0,025 1,92 346,82 786,52 0,70
3,90 0,030 2,31 346,49 786,47 0,70
4,55 0,035 2,69 346,15 786,42 0,70
5,20 0,040 3,07 345,82 786,36 0,70
5,85 0,045 3,46 345,49 786,31 0,70

6.6. PREPARAÇÃO DAS PASTAS

Na preparação das pastas, a amostra de cimento utilizada foi


submetida a um processo de peneiramento prévio, por meio de uma peneira de #20
(Mesh) – 0,84 mm – com o objetivo de remoção de partículas mais grossas que
pudessem causar problemas nos testes, assim como a determinação da presença
de contaminantes. Todos os materiais utilizados na preparação das pastas foram
pesados em uma balança analítica Tecnal Mark 4100, com precisão de 0,01 g.

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Materiais e métodos 66

6.7. MISTURA DAS PASTAS

Para efetuar a mistura utilizou-se um misturador Chandler modelo 80-


60, o qual encontra-se representado na Figura 15. Após a pesagem de todos os
componentes da pastas. Foi adicionado ao misturador a água o anti-espumante e o
aditivo plastificante, para a realização de uma breve mistura. Em seguida, foi
realizada a mistura a uma velocidade inicial de 4000 rpm ± 200 rpm, lançando-se o
cimento em 15 s, durante os quais a velocidade foi mantida constante. Após todo
cimento ter sido ininterruptamente adicionado ao sistema água/aditivos, deu-se
continuidade a agitação a uma velocidade alta 12000 rpm ± 500 rpm durante 35 s,
de acordo com as recomendações práticas da norma API RP 10B.

Figura 15 – (a) Misturador de Palheta Chandler Modelo 80-60, com Controlador de Velocidade; (b)
Esquema Ilustrativo do Misturador3.

3
FOTO: (a) Cortesia do Laboratório de Cimentos (LABCIM – UFRN); (b) Manual Chandler do
misturador de palhetas modelo 80-60.

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Materiais e métodos 67

6.8. HOMOGENEIZAÇÃO DAS PASTAS

Imediatamente após a mistura, foi realizada a homogeneização das


pastas, em um consistômetro atmosférico Chandler modelo 1200 (Figura 16),
durante 20 min a 150 rpm ± 15 rpm, conforme a norma API RP 10B. Neste processo
foi realizado o aquecimento das pastas para as temperaturas de testes.

Figura 16 – (a) Consistômetro Atmosférico Chandler Modelo 1200; (b) Esquema Ilustrativo do
Consistômetro Atmosférico4.

4
FOTO: Manual Chandler do consistômetro atmosférico modelo 1200.

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Materiais e métodos 68

Tabela 10 – Parâmetros do processo de homogeneização/aquecimento das pastas de cimento.

Faixas de temperatura

Temperatura inicial de 26,7ºC 26,7ºC 26,7ºC 26,7ºC


teste (80ºF) (80ºF) (80ºF) (80ºF)

26,7ºC 41,6ºC 56,1ºC 71,1ºC


Temperatura final de teste
(80ºF) (107ºF) (133ºF) (160ºF)

Tempo de aquecimento
20 min 20 min 20 min 20 min
e/ou homogeneização

Taxa de aquecimento 0,00 ºC/min 0,75 ºC/min 1,47 ºC/min 2,22 ºC/min

6.9. ENSAIOS REOLÓGICOS

O equipamento utilizado na realização dos ensaios reológicos foi um


viscosímetro rotativo de cilindros coaxiais Chandler modelo 3500 (Figura 17).

Figura 17 – Viscosímetro Rotativo de Cilindros Coaxiais Chandler Modelo 35005.

5
FOTO: Cortesia do Laboratório de Cimentos (LABCIM – UFRN)

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Materiais e métodos 69

Após a homogeneização das pastas no consistômetro atmosférico,


estas foram vertidas no copo do viscosímetro, onde se efetuou as leituras nas
rotações de 3 rpm, 6 rpm, 10 rpm, 20 rpm, 30 rpm, 60 rpm, 100 rpm, 200 rpm e
300 rpm, de maneira ascendente e descendente, com intervalos de 10s entre as
leituras, calculando-se posteriormente os valores médios das duas medidas. Após a
ultima leitura de 3 rpm, aumentou-se a velocidade do rotor para 300 rpm, mantendo-
a por 1 min. Em seguida, o motor foi desligado e após 10 s, o mesmo foi novamente
acionado a 3 rpm, registrando-se a deflexão máxima observada, que é denominada
de gel inicial (Gi). Desligou-se mais uma vez o motor por 10 min, no fim dos quais o
motor foi novamente ligado, registrando-se a deflexão máxima observada,
denominada de gel final (Gf). As medidas de gel foram realizadas para se ter
conhecimento do grau de tixotropia das pastas de cimento. O programa de teste do
viscosímetro, descrito anteriormente, encontra-se ilustrado na Figura 18.

Loop de histerese
600
Pré-cisalhamento
550
500
450
Taxa de cisalhamento (s )
-1

400
350
300
250
200
Período 1 de repouso
150
100 Período 2 de repouso

50
0

0 50 100 150 200 250 860 870 880 890 900

Tempo (s)
Figura 18 – Programa de teste do viscosímetro.

Na Figura 19 encontra-se representado o fluxograma da metodologia


utilizada no presente trabalho.

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Materiais e métodos 70

Figura 19 – Fluxograma da metodologia utilizada.

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Resultados e discussão 71

Capítulo 7

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir, encontram-se os resultados obtidos durante a realização dos


ensaios, seguido de suas respectivas discussões.

7.1. COMPORTAMENTO REOLÓGICO DAS PASTAS DE ACORDO O MODELO


DE BINGHAM

7.1.1. Viscosidade plástica

Foi observado que a adição do lignossulfonato não teve ação efetiva


como plastificante nas pastas (Figura 20). A presença do mesmo não reduziu de
forma significativa os valores de VP nas temperaturas de 80ºF (26,7º), 107ºF
(41,7ºC) e 133ºF (56,1ºC). Nos ensaios realizados a 160ºF (71,1ºC) houve uma
pequena redução de viscosidade, de 40,86 cP para 35,85 cP, até a concentração de
0,020 gal/pé³ (2,6 L/m³). Embora pudesse ser esperado que uma temperatura mais
alta conduzisse a uma menor fluidez e uma maior perda de fluidez (FLATT et al,
1997), esse comportamento não foi observado nas pastas.

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Resultados e discussão 72

Concentração de lignosulfonato (L/m³)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
70 70

65 80°F (26,7°C) 65
107°F (41,7°C)
60 133°F (56,1°C) 60

Viscosidade plástica (mPa.s)


160°F (71,1°C)

Viscosidade plástica (cP)


55 55

50 50

45 45

40 40

35 35

30 30

25 25
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de lignosulfonato (gal/pé³)

Figura 20 – Viscosidade plástica das pastas aditivadas com lignossulfonato.

Os valores de viscosidade plástica das pastas aditivadas com


melamina, não foi observado um comportamento linear para as concentrações
estudadas (Figura 21). Para temperaturas de até 107ºF (56,1ºC), não houve
variações e/ou reduções dos valores de viscosidade como era esperado para
sistemas de pastas de cimento com adição de um superplastificante. Com o
aumento da temperatura, foi observado aumento nos valores de viscosidade plástica
nas temperaturas de 133ºF e 160ºF, 56,1ºC e 71,1ºC respectivamente. Foi esperado
uma redução superior de viscosidade com o aumento da temperatura, porém não
isso ocorreu. Esse tipo de comportamento não é uma regra geral para todos os
cimentos aditivados com superplastificantes (RAMAKRISHNAN, 1983;
KAKIZAKI, 1994). Para faixa de concentração de melamina adicionada as pastas e
para faixa de temperatura dos testes, percebeu-se que a temperatura se sobressai
como o principal fator modificador de viscosidade plástica.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 73

Concentração de melamina (L/m³)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
58 58
56 80°F (26,7°C) 56
54 107°F (41,7°C) 54
133°F (56,1°C)
52 52

Viscosidade plástica (mPa.s)


160°F (71,1°C)

Viscosidade plástica (cP)


50 50
48 48
46 46
44 44
42 42
40 40
38 38
36 36
34 34
32 32
30 30
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de melamina (gal/pé³)

Figura 21 – Viscosidade plástica das pastas aditivadas com melamina.

Foi observado que com o aumento da concentração do policarboxilato


houve reduções nos valores de viscosidade plástica para todas as temperaturas de
teste (Figura 22). A presença deste aditivo promoveu um efeito de lubrificação entre
as partículas de cimento dispersas no meio aquoso. Para os testes realizados até a
temperatura de 133°F (56,1°C), observou-se que esta promoveu redução na
viscosidade para todas as composições. Quando foram realizados testes a 160°F
(71,1°C), os valores de viscosidade plástica das pastas medidos, quando se
comparou cada composição individualmente, tenderam a valores semelhantes aos
encontrados para os testes a 107°F (41,7°C) e 133°F (56,1°C). Esse aumento de
viscosidade deu-se devido ao aumento na quantidade de hidratos formados em
função do aumento de temperatura. Esse aumento não foi maior devido a melhor
adsorção do policarboxilato em torno dos grãos de cimento, caracterizando-o como
um hiperplastificante. (JOLICOEUR et al, 1997; NAWA et al, 2000)

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Resultados e discussão 74

Concentração de policarboxilato (L/m³)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
50 50

45 80°F (26,7°C) 45
107°F (41,7°C)
40 40

Viscosidade plástica (mPa.s)


133°F (56,1°C)
160°F (71,1°C)
Viscosidade plástica (cP)
35 35

30 30

25 25

20 20

15 15

10 10

5 5

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de policarboxilato (gal/pé³)

Figura 22 – Viscosidade plástica das pastas aditivadas com policarboxilato.

Uma análise comparativa foi realizada com os valores de viscosidade


plástica das pastas aditivadas com lignossulfonato, melamina e policarboxilato
(Figura 23). Ficou claro que a aditivação do cimento Portland especial (CPP) com
lignossulfonato e melamina não é eficiente para promover reduções de viscosidade
das pastas. Enquanto que as composições formuladas com policarboxilato tiveram
reduções significativas nos valores de viscosidade plástica para todas as
temperaturas de teste.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 75

Concentração de aditivo (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
90 90

80 Lignosulfonato 80
Melamina

Viscosidade plástica (mPa.s)


Policarboxilato
70 70
Viscosidade plástica (cP)

60 60

50 50

40 40

30 30

20 20

10 10

0 0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de aditivo (gal/pé³)

Figura 23 – Comparativo entre os valores de viscosidade plástica dos aditivos: lignossulfonato,


melamina e policarboxilato.

7.1.2. Limite de escoamento

Foi observado que não houve reduções nos valores do limite de


escoamento (LE) para a maior parte das composições testadas, exceto para
concentrações superiores a 0,030 gal/pé³ (3,9 L/m³) na temperatura de 160ºF
(71,1ºC) (Figura 24). É conhecido que o poder de plastificação dos lignossulfonatos
é baixo quando comparado com outros aditivos. Por isso, ele é classificado como
plastificante de 1a geração (RIXOX et al, 1999), devido à pequena redução dos
parâmetros reológicos. Seus efeitos de fluidificação são facilmente notados quando
estes são adicionados em grandes quantidades. Porém, o excessivo retardo de
pega que esse tipo de aditivo proporciona, limita sua aplicação para maiores
dosagens.

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Resultados e discussão 76

Concentração de lignosulfonato (L/m³)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
40 19
38 18
36
17
Limite de escoamento (lbf/100pé²) 34

Limite de escoamento (Pa)


16
32
15
30
14
28
13
26
12
24 80°F (26,7°C)
107°F (41,7°C) 11
22 133°F (56,1°C)
160°F (71,1°C) 10
20
9
18
8
16

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de lignosulfonato (gal/pé³)

Figura 24 – Limite de escoamento das pastas aditivadas com lignossulfonato.

Os aditivos plastificantes, conhecidos na indústria do petróleo como


dispersantes, quando aplicados em situações onde a temperatura do poço alcança
160ºF (71,1ºC), devem reduzir o valor do limite de escoamento das pastas de
cimento em relação às pastas sem dispersantes. Foi notado que para menores
temperaturas, não houve reduções de LE. Quando as temperaturas de testes foram
superiores, houve pequenas reduções (Figura 25).

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 77

Concentração de lignossulfonato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
70

60

Redução de limite de escoamento (%)


50 80°F (26,7°C)
107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
40
160°F (71,1°C)

30

20

10

-10

-20

-30
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de lignossulfonato (ga/pé³)

Figura 25 – Redução percentual do limite de escoamento das pastas aditivadas com lignossulfonato.

Nas pastas aditivadas com melamina, não foi observado reduções nos
valores de limite de escoamento das pastas (Figura 26). Foi notado que sempre
houve aumento dos limites de escoamento das pastas para todas as temperaturas
de ensaio. A melamina utilizada possui um grupo aniônico SO3 em sua estrutura
molecular, que adsorve em torno das partículas positivas do cimento, quando estes
se encontram em meio aquoso (NAWA et al, 1989; PELLENQ et al, 1997). Isso
resulta em uma repulsão eletrostática entre as partículas de cimento. Foi esperado
que esse mesmo comportamento se repetisse nas pastas em estudo, induzindo uma
força dispersiva entre as partículas que provocaria um aumento na trabalhabilidade e
na fluidez das pastas (HANEHARA & YAMADA, 1999; REGOURD, 1987;
JOICOUER et al, 1994; SAKAI et al, 1995).

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 78

Concentração de melamina (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
46 22

44 21

Limite de escoamento (lbf/100pé²)


42 20

Limite de escoamento (Pa)


40 19

38
18

36
17

34
16
80°F (26,7°C)
32
107°F (41,7°C) 15
133°F (56,1°C)
30 160°F (71,1°C)
14
28
13
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de melamina (gal/pé³)

Figura 26 – Limite de escoamento das pastas aditivadas com melamina.

Foi notado que sempre houve reduções percentuais positivas, o que


indica um aumento nos valores do parâmetro reológico em questão (Figura 27).
Exceto para as composições com concentrações superiores a 0,030 gal/pé³ (3,9
L/m³) na temperatura de 160ºF (71,1ºC), onde foi observado uma tendência à
redução do limite de escoamento das pastas. Por meio da observação realizada, foi
percebido que para as concentrações de melamina estabelecidas no estudo não é
possível um aumento de fluidez satisfatório para as condições de aplicação das
pastas em poços de petróleo. Foi esperado que a ação dispersante da melamina
fosse superior a ação do lignossulfonato, já que a mesma juntamente com o
naftaleno sulfonato são conhecidos comercialmente como aditivos plastificantes de
2a geração (superplastificante), o que permite uma maior fluidez para o sistema cient.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 79

Concentração de melamina (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
50

40

Redução do limite de escoamento (%)


30 80°F (26,7°C)
107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
20
160°F (71,1°C)

10

-10

-20

-30

-40

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de melamina (gal/pé³)

Figura 27– Redução percentual do limite de escoamento das pastas aditivadas com melamina.

Foi observado que sempre houve redução do limite de escoamento das


pastas aditivadas com policarboxilato, para todas as temperaturas de testes (Figura
28). Este aditivo possui grande efeito dispersivo em sistemas cimentícios. Ele é
classificado como aditivo plastificante de 3a geração ou hiperplastificante. A grande
redução nos valores de limite de escoamento deu-se por meio da influencia do
policarboxilato na hidratação das partículas de cimento (MAILVAGANAM, 1999;
JOLICOEUR, 1998). A adsorção das partículas do policarboxilato dificultou a difusão
da água e dos íons cálcio da interface cimento/solução, promovendo uma maior
manutenção da fluidez por um maior tempo. Desta maneira, o aditivo promoveu uma
significativa influencia na redução do limite de escoamento das pastas.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 80

Concentração de policarboxilato (L/m³)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
40
18
35 80°F (26,7°C)
107°F (41,7°C) 16

Limite de escoamento (lbf/100pé²) 133°F (56,1°C)

Limite de escoamento (Pa)


30 14
160°F (71,1°C)

25 12

10
20

8
15
6
10
4

5
2

0 0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de policarboxilato (gal/pé³)

Figura 28 – Limite de escoamento das pastas aditivadas com policarboxilato.

Foi notado que o policarboxilato foi o único aditivo a reduzir os valores


de LE para percentuais superiores a 90 % (Figura 29). Esse tipo de comportamento
não foi observado para as pastas aditivadas com lignossulfonato (Figura 24) e
melamina (Figura 26). Ficou evidenciado que para maiores temperaturas foram
necessárias maiores concentrações de policarboxilato para promover o mesmo
percentual de redução, pois, em paralelo, também houve uma aceleração do
processo de hidratação e da formação de seus respectivos produtos, que promovem
o aumento de consistência e a redução de fluidez.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 81

Concentração de policarboxilato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5

100

Redução do limite de escoamento (%)


90

80

70

60

50
80°F (26,7°C)
40 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
30 160°F (71,1°C)

20

10

0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de policarboxilato (gal/pé³)

Figura 29 – Redução percentual do limite de escoamento das pastas aditivadas com policarboxilato.

Foi visto que, em quase sua maioria, todos os valores de limite de


escoamento das pastas aditivadas com lignossulfonato e melamina aumentaram em
função do aumento da concentração dos aditivos para todas as temperaturas de
ensaio (Figura 30). No caso das pastas aditivadas com policarboxilato, foi visto que
todas as composições apresentaram limite de escoamento inferior as demais pastas,
com significativa redução de LE, independente da temperatura de ensaio.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 82

Concentração de aditivo (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
80

35
70
Lignossulfonato
Limite de escoamento (lbf/100pé²)

Limite de escoamento (Pa)


Melamina 30
60 Policarboxilato

25
50

20
40

30 15

20 10

10 5

0 0

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de aditivo (gal/pé³)

Figura 30 – Comparativo entre os valores de limites de escoamento das pastas aditivadas com
lignossulfonato, melamina e policarboxilato.

7.1.3. Gel inicial

Foi observado que não houve variações significativas nos valores de


gel inicial com ao aumento da concentração de lignossulfonato nas pastas de
cimento (Figura 31). Ocorreu um pequeno aumento nos valores, em função da
temperatura, quando foi observada cada composição individualmente. Os valore de
gel inicial tenderam a aumentar até 133ºF (56,1ºC) e a reduzir para a temperatura de
160ºF (71,1ºC).

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 83

Concentração de lignossulfonato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5

35
16
80°F (26,7°C)
30 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
14
160°F (71,1°C)
25 12
Gel inicial (lbf/100pé²)

Gel inicial (Pa)


10
20

8
15
6
10
4

5
2

0 0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de lignossulfonato (gal/pé³)

Figura 31 – Gel inicial das pastas aditivadas com lignossulfonato.

Na Figura 31 encontra-se representado a variação percentual do gel


inicial das pastas aditivadas com lignossulfonato. Como o tempo de repouso entre o
estado de cisalhamento e o início novamente do estado de cisalhamento foi muito
curto (Período 1 de repouso – 10 s), não foi possível a formação de interações entre
os componentes da pasta de cimento para promover valores maiores de géis iniciais
(Figura 18). Por outro lado, foi observado que nenhuma concentração de
lignossulfonato promoveu redução de géis superior ao limite mínimo.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 84

Concentração de lignossulfonato (L/m³)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
70
60
50
80°F (26,7°C)
40 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
Redução de gel inicial (%) 30 160°F (71,1°C)

20
10
0
-10
-20
-30
-40
-50
-60
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de lignossulfonato (gal/pé³)

Figura 31 – Redução percentual do gel inicial das pastas aditivadas com lignossulfonato.

Para todas as temperaturas de ensaio, o aumento na concentração do


aditivo promoveu um pequeno aumento nos valores de gel (Figura 32). Porém,
esses aumentos não foram tão significativos. Apesar do aditivo possuir grupos SO3,
que interagem com as fases do cimento, principalmente com aluminato tricálcico
(3CaO.Al2O3 – C3A) e o ferro aluminato tetracálcico (4CaO.Al2O3. Fe2O3 – C4AF),
essa interação ocasionou uma pequena formação de estruturas entre as fases e/ou
partículas no intervalo sem cisalhamento durante o ensaio.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 85

Concentração de melamina (L/m³)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
18
35
80°F (26,7°C) 16
107°F (41,7°C)
30 133°F (56,1°C)
Gel inicial (lbf/100pé²) 160°F (71,1°C) 14

25 12

Gel inicial (Pa)


10
20

8
15
6
10
4

5
2

0 0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de melamina (gal/pé³)

Figura 32 – Gel inicial das pastas aditivadas com melamina.

Foi observado que a aditivação das pastas de cimento com melamina


não reduziram os valores de gel inicial (Figura 33). Foi notado que para todas as
composições testadas nas diferentes temperaturas houve uma redução negativa dos
valores de gel inicial, o que significa que os valores medidos foram aumentando em
função da concentração de melamina devido à interação entre o aditivo e as
partículas de cimento, como foi explicado anteriormente.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 86

Concentração de melamina (L/m³)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5

60

40 80°F (26,7°C)
107°F (41,7°C)
Redução de gel inicial (%) 133°F (56,1°C)
20 160°F (71,1°C)

-20

-40

-60

-80

-100

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050
Concentração de melamina (gal/pé³)

Figura 33 - Redução percentual do gel inicial das pastas aditivadas com melamina.

As pastas aditivadas com policarboxilato apresentaram comportamento


distinto daqueles observados com as pastas contendo lignossulfonato e melamina.
Foi observado que para todas as temperaturas de teste houve redução nos valores
de gel inicial para as diferentes composições de pastas (Figura 34). Quando a
concentração de policarboxilato foi aumento, a diferença entre os valores de gel, em
diferentes temperaturas e para uma mesma composição, foi reduzida. Ficou claro
que o policarboxilato, por apresentar cadeias laterais longas, ocasionou um maior
efeito repulsivo entre as partículas de cimento, evitando a formação de interações
entre as partículas de cimento.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 87

Concentraçãop de policarboxilato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
20
9
18
80°F (26,7°C) 8
16 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C) 7
14 160°F (71,1°C)
Gel inicial (lbf/100pé²)

Gel inicial (Pa)


6
12

5
10

8 4

6 3

4 2

2 1

0 0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de policarboxilato (gal/pé³)

Figura 34 – Gel inicial das pastas aditivadas com policarboxilato.

Foi notado que o policarboxilato promoveu uma redução no valor de


gel inicial medido, para todas as temperaturas de ensaio (Figura 35). Porém, para
temperaturas mais baixas, menores concentrações de policarboxilato foram
necessárias para atingir o mesmo percentual de redução. A 80°F (26,7°C) foi
necessário apenas 0,010 gal/pé³ (1,3 L/m³) para redução do gel ao limite mínimo,
enquanto que a 160°F (71,1°C), foi necessária uma concentração de
0,040 gal/pé³ (5,2 L/m³). Esse tipo de comportamento demonstra que a temperatura
é um fator atuante na formação de interações entre as partículas de cimento. Mesmo
com a temperatura atuando como fator competitivo à dispersão do policarboxilato, foi
possível para determinadas concentrações, em estado de cisalhamento zero, evitar
a formação de interações entre as partículas, o que ocasionaria na formação de uma
força resistiva e, conseqüentemente, formação do estado gel durante o repouso.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 88

Concentração de policarboxilato (L/m³)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5

100

80

Redução de gel inicial (%) 60

40
80°F (26,7°C)
107°F (41,7°C)
20 133°F (56,1°C)
160°F (71,1°C)

-20

-40

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de policarboxilato (gal/pé³)

Figura 35 - Redução percentual do gel inicial das pastas aditivadas com policarboxilato.

7.1.4. Gel final

Foi possível observar que nas temperaturas entre 80ºF (26,1ºC) e


133ºF (56,1ºC), os valores de gel final praticamente não foram alterados em função
do aumento da concentração de lignossulfonato presente nas pastas (Figura 36). Já
para temperatura de 160ºF (71,1ºC), houve a geração de uma estrutura
tridimensional, denominada gel, suportada por ligações iônicas e ligações de
hidrogênio, que foram responsáveis pela elevação da viscosidade do fluido
tixotrópico, durante o período de repouso 2 – 10 min (ver Figura 18). Essa estrutura
foi facilmente rompida com o aumento da concentração do aditivo, uma vez que
estas ligações atrativas são fracas (MACHADO, 2002).

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 89

Concentração de lignossulfonato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
50

45 22

80°F (26,7°C) 20
40 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C) 18
35 160°F (71,1°C)
16
Gel final (lbf/100pé²)

Gel final (Pa)


30 14

25 12

20 10

8
15
6
10
4
5 2

0 0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de lignossulfonato (gal/pé³)

Figura 36 – Gel final das pastas aditivadas com lignossulfonato.

Foi observado que nas temperaturas entre 80ºF (26,1ºC) e


133ºF (56,1ºC), os valores de gel final não sofreram alterações (Figura 37). Para a
temperatura de 160ºF (71,1ºC), houve um aumento significativo nos valores do gel
para concentrações superiores a 0,020 gal/pé³ (2,3 L/m³). A melamina ao ser
misturada na pasta de cimento pode permanecer livre ou se adsorver nas partículas
de cimento (RAMACHANDRAN & FELDMAN, 1984). A adsorção da melamina no
C3A ocorre em grande quantidade em poucos segundos, retardando a hidratação do
mesmo (RAMACHANDRAN et al, 1998). Na temperatura estudada, a concentração
do aditivo provavelmente promoveu uma alteração do potencial iônico no meio,
ocasionando um enrijecimento da estrutura tridimensional formada entre ele e as
partículas de cimento, principalmente o C3A e o C4AF. A quantidade dessas fases
em cimento Portland especial (CPP) chega a ser superior a 50 % em relação a
cimentos tipo CP II Z 32 RS, utilizados na construção civil. Dessa forma, existe uma
grande adsorção de melamina nas fases citadas, restando menores quantidades do
aditivo para criarem o efeito repulsivo nas partículas de C3S e C2S. Por isso, foi
notada a tendência a gelificação das pastas de cimento.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 90

Concentração de melamina (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
75
70 34
80°F (26,7°C)
107°F (41,7°C) 32
65 133°F (56,1°C)
30
160°F (71,1°C)
60
28
55 26
Gel final (lbf/100pé²)

50 24

Gel final (Pa)


45 22
20
40
18
35
16
30 14
25 12

20 10
8
15
6
10
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de melamina (gal/pé³)

Figura 37 – Gel final das pastas aditivadas com melamina.

Foi notado um comportamento distinto dos valores de gel final das


pastas aditivadas com policarboxilato em relação àquelas formuladas com
lignossulfonato e melamina (Figura 38). Para todas as composições testadas nas
diferentes temperaturas, houve redução nos valores do gel final. O alto poder
dispersante do policarboxilato, promovido pelo efeito de impedimento estérico,
interferiu nas interações interpartículas no tempo em que as pastas permaneceram
em repouso. Foi notado, também, que não houve formação do estado gel, com
manutenção do estado sol em condição estática, caracterizando a tixotropia como
um fenômeno ausente para esse tipo de sistema. Isso significou que as pastas
puderam permanecer maiores tempos em repouso sem alteração nos seus
respectivos valores de viscosidade.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 91

Concentração de policarboxilato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
40
18
35
16
80°F (26,7°C)
30 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C) 14
160°F (71,1°C)
Gel final (lbf/100pé²)

25 12

Gel final (Pa)


10
20

8
15
6
10
4

5
2

0 0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de policarboxilato (gal/pé³)

Figura 38 – Gel final das pastas aditivadas com policarboxilato.

7.2. COMPORTAMENTO REOLÓGICO DAS PASTAS DE ACORDO O MODELO


DE OSTWALD DE WAALE (MODELO DE POTÊNCIA)

7.2.1. Índice de comportamento

O índice de comportamento (n), também conhecido como índice de


fluxo é uma grandeza adimensional. Ele indica fisicamente o afastamento do fluido
do modelo Newtoniano (Figura 39). Foi observado que, para todas as pastas, o
índice de comportamento situou-se numa faixa de valores maiores do que zero e
menores do que um, caracterizando que todas as composições comportaram-se
como fluidos pseudoplásticos. Com o aumento da concentração de lignossulfonato
houve um maior afastamento das pastas do comportamento de um fluído
Newtoniano.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 92

Concentração de lignossulfonato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5

1,0

80°F (26,7°C)
Índice de comportamento 0,34 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
0,33 160°F (71,1°C)

0,32
0,31
0,30
0,29
0,28
0,27
0,26
0,25
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de lignossulfonato (gal/pé³)

Figura 39 – Índice de comportamento das pastas aditivadas com lignossulfonato segundo o modelo
de Ostwald de Waale.

Um comportamento semelhante às pastas aditivadas com


lignossulfonato foi observado para as pastas aditivadas com melamina, que sempre
houve afastamento do comportamento Newtoniano com o aumento da concentração
de melamina (Figura 40). Para maiores temperaturas, houve uma pequena
tendência de aumento nos valores do índice de comportamento para as
composições com concentrações superiores a 0,020 gal/pé³ (2,6 L/m³), nas
temperaturas de 133ºF (56,1º) e 160ºF (71,1ºC).

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 93

Concentração de melamina (L/m³)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5

1,0

80°F (26,7°C)
107°F (41,7°C)
Índice de comportamento - n 133°F (56,1°C)
160°F (71,1°C)
0,32

0,30

0,28

0,26

0,24

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de melamina (gal/pé³)

Figura 40 – Índice de comportamento das pastas aditivadas com melamina segundo o modelo de
Ostwald de Waale.

Pastas de cimento são sistemas que possuem descrições peculiares


de seus comportamentos reológicos, devido às mudanças físico-químicas
provocadas por diversos fatores, tais como: aditivos modificadores de viscosidade,
temperatura, tipo de cimento e etc. Já foi visto anteriormente que o policarboxilato
possui alto poder dispersivo nas formulações do estudo, aumentando de forma
significativa a fluidez das pastas. Foi notado que com o aumento da concentração do
referido aditivo, os valores de n tenderam a se aproximarem de 1 (um) (Figura 41).
Esse tipo de comportamento é um indicativo da ocorrência de mudanças nas
propriedades reológicas das pastas, de forma que estas apresentaram
comportamentos de fluxo semelhantes à de um fluido de Newton. Essa aproximação
foi influenciada pela temperatura de teste: quanto maior foi a temperatura, maior foi o
afastamento das pastas do fluido do modelo Newtoniano.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 94

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5

1,0

0,9 80°F (26,7°C)


107°F (41,7°C)
Índice de comportamento - n 133°F (56,1°C)
0,8 160°F (71,1°C)

0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de policarboxilato (gal/pé³)

Figura 41– Índice de comportamento das pastas aditivadas com policarboxilato segundo o modelo de
Ostwald de Waale.

7.2.2. Índice de consistência

Os valores de índice de consistência (K), obtidos pelo modelo de


potência, das pastas aditivadas com lignossulfonato (Figura 42). Para todas as
concentrações estudas entre as temperaturas de 80ºF (26,1º) e 133ºF (56,1ºC),
houve um aumento nos valores dos índices de consistências. Esse parâmetro
reológico, como o próprio nome diz, é um indicativo do grau de resistência do fluido
diante do escoamento. Desta maneira, como houve aumento nos valores de K, mais
“consistentes” as pastas tornaram-se, comprovando que a presença do aditivo não
promoveu redução de viscosidade, como era esperado. Exceto para a temperatura
de 160ºF (71,1°C), onde foi observado que concentrações superiores a 0,035 gal/pé³
(3,9 L/m³), ocorreu redução de consistência devido ao efeito sinérgico promovido
entre a temperatura e a concentração de aditivo utilizada. É possível que maiores

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 95

concentrações de lignossulfonato (>0,045 gal/pé³ ou 5,85 L/m³) possam atuar de


forma a aumentar a fluidez das pastas de cimento.

Concentração de lignossulfonato (L/m³)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
0,1600
7,5
0,1500
7,0
0,1400
Índice de consistência (lbf.s /pé2)

6,5

Índice de comportamento (Pa.s )


n
0,1300
6,0
n

0,1200
5,5
0,1100
5,0
0,1000
4,5
0,0900
4,0
0,0800
80°F (26,7°C)
3,5
0,0700 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
160°F (71,1°C)
3,0
0,0600

0,0500 2,5

0,0400 2,0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de lignossulfonato (gal/pé³)

Figura 42 – Índice de consistência das pastas aditivadas com lignossulfonato segundo o modelo de
Ostwald de Waale.

Foi observado que houve aumento no índice de consistência das


pastas em função do aumento da concentração de melamina, de forma semelhante
às pastas formuladas com lignossulfonato, mesmo com aumento da temperatura de
ensaio (Figura 43).
A melamina e o lignossulfonato atuam principalmente por repulsão
eletrostática, isto é, eles são atraídos e adsorvidos pela superfície carregada das
partículas de cimento, conferindo-lhe a mesma carga e, portanto, provocando
repulsão e conseqüente dispersão da mistura (AÏTCIN, 1998). O efeito desse
fenômeno é o aumento da fluidez e a conseqüente redução de viscosidade. Com o
decorrer do processo de hidratação do cimento, tanto a melamina quanto o
lignossulfonato foram “aprisionados” pelos produtos hidratados que precipitaram e
assim, foram perdendo seus respectivos efeitos. O aumento da temperatura

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 96

favoreceu a elevação da taxa de hidratação do cimento, acelerando esse processo,


e atuando de forma competitiva com a ação dispersante dos aditivos. Assim, as
pastas foram gradualmente floculando, provocando a diminuição da fluidez das
mesmas.

Concentração de melamina (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
0,1800
8
0,1600

Índice de consistência (Pa.s )


Índice de consistência (lbf.s /pé²)

n
0,1400
n

6
0,1200

5
0,1000

0,0800 4

80°F (26,7°C) 3
0,0600
107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
0,0400 160°F (71,1°C) 2

0,0200 1

0,0000 0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de melamina (gal/pé³)

Figura 43 – Índice de consistência das pastas aditivadas com melamina segundo o modelo de
Ostwald de Waale.

Foi observado que o aditivo promoveu redução do índice K para todas


as concentrações e temperaturas estudadas (Figura 44). Foi visto, também, que o
aumento da temperatura favoreceu um pequeno aumento de consistência, quando
se observou a variação desta para uma mesma concentração de policarboxilato.
Porém, a diferença nos valores de K de uma mesma composição à diferentes
temperaturas foi reduzida à medida que a concentração do aditivo cresceu. Essa
redução se deu, pois o policarboxilato atuou, também, por repulsão eletrostática.
Porém, este não foi o seu principal mecanismo de ação. Além de ter agido por
repulsão eletrostática, a dispersão das partículas de cimento, responsável pelo
aumento da fluidez, foi influenciada pelo efeito conhecido como repulsão estérica,

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 97

que foi produzido pela presença das longas cadeias laterais ligadas em vários
pontos na cadeia central do policarboxilato (GETTU & RONCERO, 1998). Essa
"arquitetura" produziu um forte efeito dispersante, pois o impedimento do
entrelaçamento das cadeias de diferentes moléculas de aditivos criou uma capa de
adsorção de grande volume que impediu a aproximação das partículas de cimento.

Concentração de policarboxilato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
0,1600

7
0,1400
80°F (26,7°C)

Índice de consistência (Pa.s )


107°F (41,7°C)
Índice de consistência (lbf.s /ft²)

n
0,1200 133°F (56,1°C)
n

160°F (71,1°C)
5
0,1000

4
0,0800

0,0600 3

0,0400 2

0,0200 1

0,0000 0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de policarboxilato (gal/pé³)

Figura 44 – Índice de consistência das pastas aditivadas com policarboxilato segundo o modelo de
Ostwald de Waale.

7.3. COMPORTAMENTO REOLÓGICO DAS PASTAS DE ACORDO O MODELO


DE HERSCHELL-BUCKLEY

7.3.1. Limite de escoamento real

Em geral, as pastas de cimento em repouso podem formar uma rede


estruturada interpartículas ou intermoléculas, devido às forças de atração polares

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 98

e/ou forças de Van der Waals. Quando uma força externa aplicada sobre o sistema é
menor que a força equivalente que forma a rede, então ocorre apenas uma
deformação elástica no sistema. Somente quando uma força externa for maior que a
força da rede é que esta se desfaz. A tensão que ultrapassa esse ponto é
denominada de “limite de escoamento real”.
Durante a realização do ensaio de reologia foram utilizadas baixas
taxas de cisalhamento no final do loop de histerese (ver item 5.9). Como o limite de
escoamento real (W0) é obtido por extrapolação, por meio do gráfico de W x J em
coordenadas cartesianas, este parâmetro reológico torna-se numericamente igual ao
limite de escoamento segundo o modelo de Bingham. Portanto, todas as discussões
das Figuras 45, 46 e 47 são exatamente as mesmas das Figuras 24 a 30, pois
ambas tratam do mesmo significado físico.

Concentração de lignossulfonato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
39
38
Limite de escoamento real (lbf/100pé²)

18
37

Limite de escoamento real (Pa)


36
17
35
34
16
33
32
31 15
30
29 14
28
27 13
80°F (26,7°C)
26 107°F (41,7°C)
25 133°F (56,1°C) 12
160°F (71,1°C)
24
23 11

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de lignossulfonato (gal/pé³)


.
Figura 45 – Limite de escoamento real das pastas aditivadas com lignossulfonato.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 99

Concentração de melamina (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
46 22

44 21

Limite de escoamento real (lbf/100pé²) 42

Limite de escoamento real (Pa)


20

40 19

38
18

36
17

34
16
32 80°F (26,7°C)
107°F (41,7°C) 15
133°F (56,1°C)
30 160°F (71,1°C)
14
28
13
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de melamina (gal/pé³)

Figura 46 – Limite de escoamento real das pastas aditivadas com melamina.

Concentração de policarboxilato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
40 9

35 8
Limite de escoamento real (lbf/100pé²)

80°F (26,7°C)
107°F (41,7°C)
Limite de escoamento real (Pa)

30 133°F (56,1°C) 7
160°F (71,1°C)
6
25

5
20
4
15
3
10
2

5 1

0 0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de policarboxilato (gal/pé³)

Figura 47 – Limite de escoamento real das pastas aditivadas com policarboxilato.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 100

7.3.2. Índice de comportamento

A utilização do modelo reológico de Herschell-Buckley forneceu valores


de índice de comportamento inferiores a um e superiores a zero para as
composições entre 0,015 e 0,030 gal/pé³ (L/m³). Em sua maioria, as pastas
apresentaram comportamento tal como fluidos pseudoplásticos (Figura 48).

Concentração de lignossulfonato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
1,15

1,10

1,05
Índice de comportamento

1,00

0,95

0,90

0,85

0,80

0,75 80°F (26,7°C)


107°F (41,7°C)
0,70 133°F (56,1°C)
160°F (71,1°C)
0,65

0,60

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de lignossulfonato (gal/pé³)

Figura 48 – Índice de comportamento das pastas aditivadas com lignossulfonato segundo o modelo
de Herschell-Buckley.

Foi observado nas pastas aditivadas com melamina, que os valores de


índice de comportamento encontrados, situaram-se próximos a um, quando os
testes foram realizados entre 80ºF (26,1ºC) e 133ºF (56,1ºC) (Figura 49). Mas, a
maior parte dos valores dos índices de comportamento situou-se inferior a um.
Assim, as pastas possuem um caráter predominantemente pseudoplástico, ou seja,
as mesmas apresentaram um decréscimo acentuado de viscosidade quando a taxa
de cisalhamento foi aumentando.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 101

Concentração de melamina (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
1,7000

1,6000 80°F (26,7°C)


107°F (41,7°C)
1,5000 133°F (56,1°C)
160°F (71,1°C)
Índice de comportamento 1,4000

1,3000

1,2000

1,1000

1,0000

0,9000

0,8000

0,7000

0,6000

0,5000
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de melamina (gal/pé³)

Figura 49 – Índice de comportamento das pastas aditivadas com melamina segundo o modelo de
Herschell-Buckley.

Por meio da análise da referida figura, foi observado um


comportamento oscilatório, em torno de um, para todas as temperaturas de teste
(Figura 50). Desta maneira, não foi possível definir que tipo de comportamento as
pastas aditivadas com policarboxilato possuíram. Parte delas apresentou
comportamento pseudoplástico, enquanto outra parte apresentou um
comportamento característico de fluidos dilatantes, cujo n>1.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 102

Concentração de policarboxilato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
1,3000

1,2500 80°F (26,7°C)


107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
1,2000
160°F (71,1°C)
Índice de comprtamento - n

1,1500

1,1000

1,0500

1,0000

0,9500

0,9000

0,8500

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de policarboxilato (gal/pé³)

Figura 50 – Índice de comportamento das pastas aditivadas com policarboxilato segundo o modelo de
Herschell-Buckley.

7.3.3. Índice de consistência

Foi possível observar a que a aditivação das pastas de cimento com


lignossulfonato não promoveu alterações significativas nos valores de índice de
consistência medidos (Figura 51). Exceto para as pastas com concentrações
superiores a 0,030 gal/pé³ (3,9 L/m³), na temperatura de 160ºF (71,1ºC), onde foi
visto que houve aumento nos valores de K, devido à influência da temperatura na
redução da viscosidade dos sistemas cimentícios.
Durante a realização dos ensaios, na preparação das pastas de
cimento, o aditivo foi adicionado à água de mistura. Desta maneira, o cimento teve
contato direto com o lignossulfonato, durante o procedimento de mistura. É
conhecido que o modo de adição do plastificante pode alterar algumas propriedades
de sistemas cimento+água nos momentos seguintes à mistura (DODSON, 1990). A
adição do plastificante após alguns minutos da mistura do cimento com a água tende

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 103

a aumentar a fluidez inicial e a capacidade de manutenção desta fluidez em relação


à adição imediata juntamente com a água (COLLEPARDI et al, 1999). Foi notado
que as concentrações de lignossulfonato utilizadas foram insuficientes para
promover aumento de fluidez nas pastas de cimento. Portanto, maiores
concentrações de lignossulfonato podem potencializar a capacidade das moléculas
do aditivo de serem adsorvidas pelo cimento anidro ou pelos compostos hidratados
no estágio inicial de hidratação (COLEPARDI et al, 1981), reduzindo a consistência
das pastas.

Concentração de lignossulfonato (L/m³)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
0,0100
0,4500
0,0090
80°F (26,7°C) 0,4000
0,0080
Índice de consistência (lbf.s /pé²)

107°F (41,7°C)

Índice de consistência (Pa.s )


133°F (56,1°C)

n
0,3500
0,0070 160°F (71,1°C)
n

0,3000
0,0060

0,2500
0,0050

0,0040 0,2000

0,0030 0,1500

0,0020 0,1000

0,0010 0,0500

0,0000 0,0000
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de lignossulfonato (gal/pé³)

Figura 51– Índice de consistência das pastas aditivadas com lignossulfonato segundo o modelo de
Herschell-Buckley.

A aditivação das pastas de cimento com melamina não alterou de


forma significativa seus respectivos índices de consistência (Figura 52). O aumento
da temperatura de ensaio não reduziu consideravelmente a fluidez de pastas
aditivadas, devido à aceleração das reações de hidratação do cimento. De forma
semelhante ao observado com as pastas aditivadas com lignossulfonato, as pastas
com melamina mantiveram os valores de K praticamente constantes. Mais uma vez,
foi notado facilmente que a adição da melamina juntamente com a água causou

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 104

aprisionamento das moléculas do polímero no sistema C3A –gipso, deixando apenas


uma pequena quantidade para dispersar o C3S e o C2S. Conseqüentemente a
adsorção da melamina na superfície pré-hidratada do cimento foi
reduzida (COLLEPARDI et al, 1999). Maiores concentrações desse aditivo podem
promover um melhor efeito dispersivo para o tipo de cimento utilizado, nas condições
em que foram realizados os testes reológicos.

Concentração de melamina (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
0,006

0,2500
0,005 80°F (26,7°C)

Índice de consistência (Pa.s )


n
Índice de consistência (lbf.s /pé²)

107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
160°F (71,1°C) 0,2000
n

0,004

0,1500
0,003

0,002 0,1000

0,001 0,0500

0,000 0,0000

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de melamina (gal/pé³)

Figura 52 – Índice de consistência das pastas aditivadas com melamina segundo o modelo de
Herschell-Buckley.

Foi observado redução dos índices de consistência das pastas em


função do aumento de policarboxilato. Essa redução é um indicativo da diminuição
do grau de resistência das pastas diante do escoamento e esta foi mais acentuada
para maiores temperaturas (Figura 53).
O processo de preparação e mistura das pastas com policarboxilato foi
realizado da mesma maneira como foi procedido com as pastas aditivadas com
lignossulfonato e melamina. Já é conhecido que o modo de adição do policarboxilato
tem menos impacto sobre a fluidez da pasta, devido ao efeito de repulsão estérica e

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 105

ao maior tamanho das moléculas desses aditivos (COLLEPARDI et al, 1999).


Portanto, mesmo quando ocorreu a precipitação dos primeiros produtos de
hidratação nas pastas, estas conseguiram garantir a dispersão do sistema.

Concentração de policarboxilato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
0,1100
0,0022
0,1000
0,0020 80°F (26,7°C)
107°F (41,7°C) 0,0900
Índice de consistência (lbf.s /pé²)

0,0018 133°F (56,1°C)

Índice de consistência (Pa.s )


n
160°F (71,1°C) 0,0800
n

0,0016
0,0700
0,0014
0,0600
0,0012

0,0010 0,0500

0,0008 0,0400

0,0006 0,0300

0,0004 0,0200

0,0002 0,0100

0,0000 0,0000
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Concentração de policarboxilato (gal/pé³)

Figura 53 – Índice de consistência das pastas aditivadas com carboxilato segundo o modelo de
Herschell-Buckley.

7.4. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS MODELOS REOLÓGICOS DE


BINGHAM, OSTWALD DE WAALE E HERSCHELL-BUCKLEY.

7.4.1. Índice de correlação dos modelos reológicos

Os parâmetros reológicos das pastas analisadas dependeram


significativamente do tipo de aditivo, da concentração do aditivo e da temperatura de
ensaio. Em função destas variáveis, foi necessário avaliar que tipo de modelo

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 106

reológico foi capaz de descrever de maneira satisfatória, o comportamento reológico


das diferentes pastas de cimento.
Nas Figuras 54, 55 e 56 encontram-se representados os valores dos
índices de correlação (R²) das pastas aditivadas com lignossulfonato, melamina e
policarboxilato, respectivamente. Em cada figura encontra-se ilustrado as variações
de R² obtidas dos modelos reológicos de Bingham, Ostwald de Waale e Herschell-
Buckley.
Considerando que valores de R² quanto mais próximos de um, melhor
é a descrição do comportamento reológico da pasta por aquele determinado modelo,
foi escolhido o modelo de Ostwald de Waale (modelo de potência) como o modelo
que melhor descreveu o comportamento reológico das pastas de cimento com
adição de lignossulfonato. Os outros modelos estudados apresentaram valores de R²
mais afastados de um, como se pode observar na Figura 54.

Concentração de lignossulfonato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
1,00
R² - Bingham

0,98
80°F (26,7°C)
0,96 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
0,94 160°F (71,1°C)

0,92

0,90
R² - Ostwald de Waale

1,00

0,98
80°F (26,7°C)
0,96 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
0,94 160°F (71,1°C)

0,92

0,90
R² - Herschell-Buckley

1,00

0,98
80°F (26,7°C)
0,96 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
0,94 160°F (71,1°C)

0,92

0,90
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05

Concentração de lignossulfonato (gal/pé³)

Figura 54 – Índices de correlação das pastas aditivadas com lignossulfonato.

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 107

Com base na observação dos valores de R², representados na Figura


55, também foi escolhido o modelo de potência como o modelo reológico que melhor
descreveu o comportamento das pastas de cimento aditivadas com melamina, para
todas as concentrações utilizadas. Os valores dos coeficientes de correlação
calculados para os modelos de Bingham e Herschell-Buckley apresentaram
afastamentos de seus respectivos valores superiores ao modelo de potência. Estes
últimos modelos apresentaram boa descrição do comportamento das pastas, apenas
para as temperaturas mais baixas.

Concentração de melamina (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
1,00
R² - Bingham

0,95
80°F (26,7°C)
107°F (41,7°C)
0,90 133°F (56,1°C)
160°F (71,1°C)
0,85

0,80
R² - Ostwald de Waale

1,00

0,95
80°F (26,7°C)
0,90 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
160°F (71,1°C)
0,85

0,80

1,00
R² - Herschell-Buckley

0,95
80°F (26,7°C)
107°F (41,7°C)
0,90
133°F (56,1°C)
160°F (71,1°C)
0,85

0,80

0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05

Concentração de melamina (gal/pé³)

Figura 55 – Índices de correlação das pastas aditivadas com melamina.

Foi observado altos valores de correlação para o modelo de Bingham


para a faixa de composição entre 0,000 e 0,015 gal/pé³ (de 0,0 a 1,95 L/m³) de
policarboxilato, à medida que a temperatura foi elevada (Figura 56). A partir desta

Flank Melo de Lima


Resultados e discussão 108

concentração, foi notado que o modelo de Bingham, juntamente com o modelo e


Herschell-Buckley, foram os modelos que melhor descreveram o comportamento
reológico das pastas de cimento. Para concentrações inferiores a 0,015 gal/pé³
(1,95 L/m³), o modelo de potência foi o que melhor forneceu coeficientes de
correlação mais próximos de um.

Concentração de policarboxilato (L/m³)


0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
1,00
R² - Bingham

0,98 80°F (26,7°C)


107°F (41,7°C)
0,96 133°F (56,1°C)
160°F (71,1°C)
0,94

0,92
R² - Ostwald de Waale

1,00

0,98
80°F (26,7°C)
0,96 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
0,94 160°F (71,1°C)

0,92

1,00
R² - Herschell-Buckley

0,98
80°F (26,7°C)
0,96 107°F (41,7°C)
133°F (56,1°C)
160°F (71,1°C)
0,94

0,92

0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05

Concentração de policarboxilato (gal/pé³)

Figura 56 - Índices de correlação das pastas aditivadas com policarboxilato.

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Conclusões 109

8. CONCLUSÕES

Foi observado que a aditivação de pastas de cimento com


plastificantes, em função do tipo de cimento, altera o comportamento reológico das
mesmas. Contudo, para as composições, tipo de cimento e condições utilizadas nos
ensaios foi observado que o lignossulfonato e a melamina não se apresentaram
eficientes na redução da viscosidade das pastas. Pelos resultados obtidos, foi
notado que:
x A presença dos mesmos não reduziram a fluidez do sistema, para as
concentrações estudadas;
x Foi notado que a temperatura foi um fator de grande influência no
comportamento reológico das pastas, promovendo uma aceleração do
processo de hidratação do cimento com um conseqüente aumento de
viscosidade;
x A utilização do policarboxilato mostrou-se eficaz para as condições de teste.
Este aditivo promoveu o aumento da fluidez, redução da viscosidade plástica
e limite de escoamento e diminuição da consistência das pastas, para todas
as temperaturas de ensaio;
x Os modelos reológicos de Bingham, Ostwald de Waale e Herschell-Buckley
puderam descrever uma certa composição de pastas, em determinada
condição, para um determinado aditivo. Porém, um único modelo não foi
suficiente para descrever qualquer sistema de pasta.

Assumindo que os maiores valores do coeficiente de correlação são


fundamentais na escolha do melhor modelo reológico, foi observado que:

x O modelo de Bingham descreveu bem o comportamento reológico das


pastas com policarboxilato para concentrações superiores a
0,010 gal/pé³ (1,3 L/m³);

Flank Melo de Lima


Conclusões 110

x O modelo de Ostwald de Waale descreveu bem o comportamento reológico


das pastas com lignossulfonato para todas as concentrações, em todas as
temperaturas de teste; descreveu bem o comportamento reológico das
pastas com melamina para todas as concentrações, em todas as
temperaturas de teste; descreveu bem o comportamento reológico das
pastas aditivadas com policarboxilato em concentrações inferiores a 0,015
gal/pé³ (1,95 L/m³).
x O modelo de Herschell-Buckley descreveu bem o comportamento reológico
das pastas com policarboxilato nas concentrações superiores a
0,010 gal/pé³ (1,3 L/m³);

Desta maneira, foi concluído que é importante a escolha do melhor


modelo para descrição do comportamento reológico de um sistema de pasta de
cimento com aditivos plastificantes, para melhor descrição do escoamento das
pastas, para prever de forma mais realística as condições de mistura e bombeio
destas em operações de campo, já que o comportamento reológico é influenciado
por diversos fatores.

Flank Melo de Lima


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Glossário 121

GLOSSÁRIO

Os termos e definições listados abaixo são relevantes para a compreensão,


discussão e determinação dos diversos parâmetros utilizados ao longo desse
documento e na industria do petróleo.

Aditivo - É um material que não seja cimento ou água e que é adicionado durante a
preparação de uma pasta de cimento ou durante a manufatura do cimento com o
objetivo de melhorar suas propriedades;

Água – É a água doce e/ou do mar isenta de quaisquer aditivos;

Água de Hidratação – A água quimicamente combinada com um sólido para formar


um composto cristalino. Nas pastas de cimento, é a água necessária parta hidratar a
pasta de cimento, formando materiais cimentantes;

Água de Mistura – É o fluido composto pela água base e aditivos sólidos e/ou
líquidos nela dissolvidos;

Alita – Denominação dada ao Silicato tricálcico formado na fabricação do cimento;

Anular, Espaço Anular – Espaço que cerca a tubulação no poço. A parede exterior
do espaço anular pode ser a formação ou revestimento;

API – American Petroleum Institute (Instituto Americano de Petróleo);

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Glossário 122

Bainha de cimento – Região cimentada entre o revestimento do poço e a parede da


formação;

Belita - Denominação dada ao Silicato bicálcico formado na fabricação do cimento;

Bombeabilidade – São os pares de pontos relacionando unidades Bearden e


percentuais do tempo de espessamento;

Cimentação de Revestimento – Prática de preencher o espaço anular entre o


revestimento e as paredes do poço com cimento;

Cimentação, Operação de - Operação na qual uma pasta de cimento é forçada a


descer através de um revestimento até sair na outra extremidade deste,
preenchendo o espaço entre o revestimento e as paredes do poço a altura pré-
determinada acima do fundo do poço. Esta operação tem dentre outras finalidades
fixar o revestimento a excluir água e outros fluidos indesejáveis do espaço anular;

Clinquerização – Denominação dada ao processo de formação do clínquer na


fabricação de cimento;

Composição potencial Bogue – Composição do clínquer arrefecido, igual à


composição de um estado de equilíbrio total entre os componentes cristalizados
como se estivessem à temperatura de clinquerização;

Concentração de Aditivo – É a concentração expressa em percentagem de peso em


relação ao cimento (aditivo sólido) ou em galões de aditivo por pé cúbico de cimento
(aditivo líquido). A concentração do sal NaCl é exceção, sendo expressa em peso do
sal por peso de água doce;

Controlador de filtrado – Aditivo utilizado para prevenir e/ou reduzir a fração de


líquido em uma pasta de cimento, quando esta é submetida a uma filtração.

Correção, Operação de – Operações constituídas de canhoneio do revestimento e


compressão do cimento em intervalos com cimentação deficiente;

Flank Melo de Lima


Glossário 123

Cura – Envelhecimento ou maturação de cimentos sob condições especificas.


Envelhecimento a pressão atmosférica: o envelhecimento de espécimes de cimento
para propósitos de testes à pressão atmosférica normal, apara um período
designado de tempo sob certas condições pré-definidas de temperatura e umidade,
conforme descrito pela API Spec 10B;

Curva de Fluxo – Representação gráfica da variação da tensão de cisalhamento em


função da taxa de cisalhamento;

Curva de Viscosidade – representação gráfica da variação da viscosidade em função


da taxa de cisalhamento.

Fator Água de Mistura (FAM) – ou simplesmente água de mistura. É o volume total


de água doce e/ou do mar e os demais aditivos nelas dissolvidos e/ou disperso por
cada pé cúbico de cimento, expresso em galões por pé cúbico de cimento;

Fator Água-Cimento (FAC) – É a relação peso, entre água doce e/ou do mar e
cimento, sendo expressa em termos percentuais;

Filtrado – Fração líquida que pode ser filtrada.em uma pasta de cimento.

Formação – Denominação dada a determinada camada geológica.

Gel Final (Gf) – É um indicativo da dificuldade que um fluido apresenta para reiniciar
o movimento após parada de dez minutos, em teste de laboratório;

Gel Inicial (Gi) – É um indicativo da dificuldade que um fluido apresenta para reiniciar
o movimento após parada de dez segundos, em teste de laboratório;

Flank Melo de Lima


Glossário 124

Índice de Comportamento (n) – Expressa o afastamento do reograma (W versus J) do


fluido em relação a um fluido newtoniano (n = 1). Os fluidos com índice de
comportamento menor que 1 são ditos pseudoplásticos, enquanto os que
apresentam valores maiores do que 1 são chamados dilatantes;

Índice de Consistência (k) – É a resistência que o fluido oferece ao escoamento


como conseqüência primeira do atrito entre as lâminas que constituem a massa
fluida;

Limite de Escoamento (LE) – É a tensão mínima a ser aplicada a fim de que o fluido
entre em movimento. Matematicamente, é o coeficiente linear da reta do modelo de
Bingham;

Liofobia – Aversão à óleo;

Mistura Seca – É a mistura homogênea de cimento com quaisquer componentes


sólidos;

Modelo de Bingham – O modelo assume uma relação linear entre a tensão de


cisalhamento e a taxa de deformação. É caracterizado por dois parâmetros: limite de
escoamento e viscosidade plástica;

Flank Melo de Lima


Glossário 125

Modelo de Potência – O modelo assume uma relação linear entre o logaritmo da


tensão de cisalhamento e o logaritmo da taxa de deformação. É caracterizado por
dois parâmetros: índice de consistência (k) e índice de comportamento (n).

Pasta de Cimento – ou simplesmente pasta. É a mistura de cimento, água doce e/ou


do mar e aditivos, com a finalidade de obtenção de propriedades físicas e/ou
químicas, destinada à operação de cimentação em poços petrolíferos;

Pega – É período compreendido entre o aumento brusco da consistência da pasta e


a cessão do caráter deformável da pasta para pequenas cargas (bloco rígido);

Plastificante – aditivos utilizados em concretos para reduzir a quantidade de água,


promovendo manutenção de fluidez.

Portlandita – Denominação dada ao hidróxido de cálcio formado na hidratação do


cimento.

Reboco – película ou recobrimento formado pelo fluído de perfuração nas paredes


do poço, cujo objetivo é evitar filtração de fluídos para a rocha e contribuir com a
sustentação das paredes do poço. O reboco também denomina a película formada
pelo cimento contra as paredes do poço, durante a operação de cimentação;

Revestimento – Tubo constituído de aço especial, materiais compósitos ou outros


materiais, utilizado para revestir e proteger as paredes do poço;

Flank Melo de Lima


Glossário 126

Taxa de Deformação (J) – Expressa a variação de velocidades da pasta no espaço


compreendido entre o rotor e o bob do viscosímetro;

Tempo de Bombeabilidade (TB) – É o tempo requerido para que a pasta de cimento


atinja 50 Uc nas condições de ensaio;

Tempo de Bombeamento – Sinônimo de tempo de cimentação, exceto nos casos


onde um volume de pasta de cimento é misturado previamente para deslocamento
de um poço. Nesta circunstância, o tempo de bombeabilidade será o tempo de
cimentação total menos o tempo necessário para misturar a pasta;

Tempo de Espessamento (TE) – É o período de tempo requerido para que a pasta


de cimento, com uma dada composição, atinja 100Uc nas condições de ensaio ou
sob uma dada condição de poço;

Tensão de Cisalhamento (W) – É a tensão gerada pela resistência ao escoamento de


um fluido relativo a um dado gradiente de velocidade.

Tixotropia – é um comportamento que tem como principal característica à redução


da viscosidade após um determinado tempo em cisalhamento constante.

Unidade Bearden (Uc) – Número adimensional que representa a resistência


oferecida pela pasta de cimento ao movimento das palhetas do consistômetro
pressurizado, medido pelo grau de deflexão da mola do potenciômetro desse
aparelho, através de torques equivalentes.

Viscosidade Plástica (VP) – É a constante de proporcionalidade entre a tensão de


cisalhamento e a taxa de deformação para tensões superiores ao limite de

Flank Melo de Lima


Glossário 127

escoamento.Matematicamente, é o coeficiente angular da reta do modelo de


Bingham;

Zona de Interesse ou Formação de Interesse – A formação que contém óleo ou gás


em quantidade comercial.

Flank Melo de Lima


Anexos 128

ANEXOS

A seguir encontram-se as tabelas-resumo com os resultados dos parâmetros


reológicos medidos durante a realização dos ensaios de reologia com as pastas
aditivadas com lignossulfonato, melamina e policarboxilato.

Flank Melo de Lima


Anexos 129

Modelo reológico

Bingham Ostwald de Waale Herschell-Buckley

Concentração
Plastificante

Temperatura
Gi Gf VP LE R² n K R² n K W0 R²

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)
(lbf.sn/pé²)

(lbf.sn/pé²)
(gal/pé³)
(L/m³)

(cP)
(ºC)

(ºF)


0,00 0,000 26,7 80 15 14 46,49 28,88 0,9903 0,3072 0,1051 0,9926 1,0215 0,0009 28,88 0,9873
Lignossulfonato

0,65 0,005 26,7 80 16 15 46,84 33,17 0,9895 0,2930 0,1239 0,9967 1,0317 0,0009 33,17 0,9848

1,30 0,010 26,7 80 17 17 47,92 37,05 0,9736 0,2810 0,1427 0,9964 0,9984 0,0011 37,05 0,9874

1.95 0,015 26,7 80 17 17 46,72 34,36 0,9787 0,2872 0,1304 0,9961 0,8753 0,0021 34,36 0,9960

2,60 0,020 26,7 80 18 18 45,30 31,75 0,9852 0,2899 0,1207 0,9942 0,9733 0,0012 31,75 0,9900

3,25 0,025 26,7 80 18 18 45,17 32,91 0,9856 0,2815 0,1288 0,9927 0,9414 0,0014 32,91 0,9954

3,90 0,030 26,7 80 18 18 45,04 34,14 0,9849 0,2741 0,1368 0,9917 0,9218 0,0016 34,14 0,9980

4,55 0,035 26,7 80 18 17 44,84 34,74 0,9809 0,2743 0,1381 0,9947 0,9647 0,0012 34,74 0,9927

5,20 0,040 26,7 80 18 17 44,71 35,28 0,9761 0,2750 0,1390 0,9968 1,0171 0,0009 35,28 0,9850

5,85 0,045 26,7 80 18 17 43,50 35,92 0,9709 0,2693 0,1436 0,9971 1,0463 0,0008 35,92 0,9835

Flank Melo de Lima


Anexos 130

Modelo reológico

Bingham Ostwald de Waale Herschell-Buckley

Concentração
Plastificante

Temperatura
Gi Gf VP LE R² n K R² n K W0 R²

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)
(lbf.sn/pé²)

(lbf.sn/pé²)
(gal/pé³)
(L/m³)

(cP)
(ºC)

(ºF)


0,00 0,000 41,7 107 13 17 39,96 28,75 0,9655 0,3056 0,1004 0,9966 1,0219 0,0008 28,75 0,9748
Lignossulfonato

0,65 0,005 41,7 107 13 16 38,07 30,55 0,9636 0,2838 0,1148 0,9940 0,9344 0,0013 30,55 0,9866

1,30 0,010 41,7 107 14 15 36,54 32,07 0,9606 0,2669 0,1274 0,9926 0,9170 0,0014 32,07 0,9833

1.95 0,015 41,7 107 14 16 35,34 30,48 0,9672 0,2655 0,1226 0,9953 0,9493 0,0011 30,48 0,9830

2,60 0,020 41,7 107 15 16 34,15 28,90 0,9735 0,2642 0,1176 0,9968 0,9867 0,0008 28,90 0,9824

3,25 0,025 41,7 107 15 17 37,33 30,93 0,9713 0,2703 0,1229 0,9949 0,9347 0,0012 30,93 0,9884

3,90 0,030 41,7 107 15 17 39,34 33,33 0,9639 0,2716 0,1307 0,9925 0,9077 0,0015 33,33 0,9866

4,55 0,035 41,7 107 15 17 40,46 34,75 0,9666 0,2668 0,1390 0,9936 0,9219 0,0014 34,75 0,9846

5,20 0,040 41,7 107 15 16 41,59 36,17 0,9690 0,2623 0,1473 0,9944 0,9361 0,0014 36,17 0,9824

5,85 0,045 41,7 107 15 16 41,65 36,90 0,9715 0,2564 0,1539 0,9941 0,9473 0,0013 36,90 0,9771

Flank Melo de Lima


Anexos 131

Modelo reológico

Bingham Ostwald de Waale Herschell-Buckley

Concentração
Plastificante

Temperatura
Gi Gf VP LE R² n K R² n K W0 R²

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)
(lbf.sn/pé²)

(lbf.sn/pé²)
(gal/pé³)
(L/m³)

(cP)
(ºC)

(ºF)


0,00 0,000 56,1 133 11 19 35,33 32,51 0,9386 0,2716 0,1245 0,9807 0,8690 0,0017 32,51 0,9744
Lignossulfonato

0,65 0,005 56,1 133 11 18 33,75 31,25 0,9138 0,2801 0,1146 0,9794 0,7108 0,0041 31,25 0,9433

1,30 0,010 56,1 133 10 17 33,64 28,09 0,9486 0,2849 0,1037 0,9948 0,7207 0,0038 28,09 0,9953

1.95 0,015 56,1 133 11 17 36,06 29,95 0,9463 0,2892 0,1084 0,9903 1,0635 0,0006 29,95 0,9274

2,60 0,020 56,1 133 11 16 38,47 31,82 0,9418 0,2937 0,1128 0,9810 0,8784 0,0018 31,82 0,9750

3,25 0,025 56,1 133 12 16 37,68 31,99 0,9437 0,2863 0,1167 0,9829 0,8738 0,0018 31,99 0,9805

3,90 0,030 56,1 133 14 16 36,88 32,16 0,9454 0,2790 0,1207 0,9846 0,8700 0,0018 32,16 0,9852

4,55 0,035 56,1 133 14 17 36,22 33,44 0,9333 0,2745 0,1262 0,9824 0,8986 0,0015 33,44 0,9725

5,20 0,040 56,1 133 15 19 35,57 34,71 0,9195 0,2701 0,1318 0,9790 0,9351 0,0012 34,71 0,9553

5,85 0,045 56,1 133 15 18 35,16 35,32 0,9162 0,2653 0,1363 0,9788 0,9413 0,0012 35,32 0,9530

Flank Melo de Lima


Anexos 132

Modelo reológico

Bingham Ostwald de Waale Herschell-Buckley

Concentração
Plastificante

Temperatura
Gi Gf VP LE R² n K R² n K W0 R²

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)
(lbf.sn/pé²)

(lbf.sn/pé²)
(gal/pé³)
(L/m³)

(cP)
(ºC)

(ºF)


0,00 0,000 71,1 160 9 27 40,86 32,54 0,9142 0,3235 0,1007 0,9715 1,1101 0,0005 32,54 0,9892
Lignossulfonato

0,65 0,005 71,1 160 11 29 39,99 33,02 0,9294 0,3095 0,1083 0,9747 1,0429 0,0008 33,02 0,9119

1,30 0,010 71,1 160 13 33 39,09 33,49 0,9266 0,2961 0,1161 0,9774 0,9890 0,0030 33,49 0,9292

1.95 0,015 71,1 160 13 27 37,48 33,74 0,9175 0,2902 0,1187 0,9716 0,9353 0,0013 33,74 0,9382

2,60 0,020 71,1 160 14 23 35,85 33,99 0,9068 0,2843 0,1243 0,9645 0,8858 0,0017 33,99 0,9462

3,25 0,025 71,1 160 13 23 40,35 35,93 0,9144 0,2950 0,1237 0,9687 0,9255 0,0015 35,93 0,9385

3,90 0,030 71,1 160 13 26 44,90 38,07 0,9174 0,2901 0,1187 0,9790 0,9825 0,0012 38,07 0,9217

4,55 0,035 71,1 160 14 21 48,22 32,29 0,9351 0,2847 0,1195 0,9784 0,6317 0,0091 32,29 0,9997

5,20 0,040 71,1 160 13 19 50,73 27,49 0,9440 0,2711 0,0699 0,9792 0,6317 0,0095 27,49 0,9991

5,85 0,045 71,1 160 13 20 51,16 23,82 0,9465 0,2755 0,0549 0,9766 0,6398 0,0091 23,82 0,9993

Flank Melo de Lima


Anexos 133

Modelo reológico

Bingham Ostwald de Waale Herschell-Buckley

Concentração
Plastificante

Temperatura
Gi Gf VP LE R² n K R² n K W0 R²

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)
(lbf.sn/pé²)

(lbf.sn/pé²)
(gal/pé³)
(L/m³)

(cP)
(ºC)

(ºF)


0,00 0,000 26,7 80 15 14 46,49 28,88 0,9903 0,3072 0,1051 0,9926 1,0215 0,0009 28,88 0,9873

0,65 0,005 26,7 80 16 15 47,68 33,17 0,9794 0,2978 0,1217 0,9968 1,0313 0,0009 33,17 0,9830
Melamina

1,30 0,010 26,7 80 17 17 48,05 37,46 0,9639 0,2848 0,1405 0,9954 1,0295 0,0009 37,46 0,9761

1.95 0,015 26,7 80 18 18 46,75 37,78 0,9720 0,2720 0,1500 0,9639 1,0216 0,0009 37,78 0,9774

2,60 0,020 26,7 80 21 20 46,68 38,11 0,9803 0,2645 0,1564 0,9956 1,0306 0,0009 38,11 0,9803

3,25 0,025 26,7 80 19 18 45,67 38,59 0,9806 0,2580 0,1619 0,9951 0,9892 0,0011 38,59 0,9858

3,90 0,030 26,7 80 18 18 44,58 39,14 0,9801 0,2511 0,1679 0,9938 0,9500 0,0013 39,14 0,9885

4,55 0,035 26,7 80 19 18 45,26 39,55 0,9787 0,2532 0,1682 0,9937 0,9290 0,0015 39,55 0,9927

5,20 0,040 26,7 80 22 19 45,82 40,02 0,9768 0,2548 0,1689 0,9932 0,9096 0,0017 40,02 0,9946

5,85 0,045 26,7 80 23 21 45,37 40,42 0,9822 0,2445 0,1783 0,9875 0,8598 0,0022 40,42 0,9986

Flank Melo de Lima


Anexos 134

Modelo reológico

Bingham Ostwald de Waale Herschell-Buckley

Concentração
Plastificante

Temperatura
Gi Gf VP LE R² n K R² n K W0 R²

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)
(lbf.sn/pé²)

(lbf.sn/pé²)
(gal/pé³)
(L/m³)

(cP)
(ºC)

(ºF)


0,00 0,000 41,7 107 13 17 39,96 28,75 0,9655 0,3044 0,1009 0,9966 1,0219 0,0008 28,75 0,9748

0,65 0,005 41,7 107 13 17 39,14 29,28 0,9642 0,2895 0,1046 0,9939 0,9438 0,0012 29,28 0,9842
Melamina

1,30 0,010 41,7 107 13 16 38,34 29,81 0,9616 0,2917 0,1087 0,9891 0,8768 0,0018 29,81 0,9912

1.95 0,015 41,7 107 14 16 39,4 32,35 0,9562 0,2844 0,1203 0,9893 0,8936 0,0017 32,35 0,9865

2,60 0,020 41,7 107 15 16 40,65 34,68 0,9539 0,2779 0,1317 0,9894 0,8937 0,0017 34,68 0,9862

3,25 0,025 41,7 107 15 17 41,94 35,38 0,954 0,2800 0,1333 0,9868 0,8658 0,0021 35,38 0,9889

3,90 0,030 41,7 107 14 17 43,26 36,09 0,9539 0,2821 0,1350 0,9840 0,8414 0,0024 36,09 0,9907

4,55 0,035 41,7 107 16 18 41,48 36,97 0,9665 0,259 0,1520 0,9916 0,8874 0,0018 36,97 0,9896

5,20 0,040 41,7 107 19 23 40,48 37,26 0,9697 0,2503 0,1583 0,9918 0,886 0,0018 37,26 0,9913

5,85 0,045 41,7 107 21 25 39,80 37,43 0,9751 0,2410 0,1654 0,9894 0,8612 0,0019 37,43 0,9973

Flank Melo de Lima


Anexos 135

Modelo reológico

Bingham Ostwald de Waale Herschell-Buckley

Concentração
Plastificante

Temperatura
Gi Gf VP LE R² n K R² n K W0 R²

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)
(lbf.sn/pé²)

(lbf.sn/pé²)
(gal/pé³)
(L/m³)

(cP)
(ºC)

(ºF)


0,00 0,000 56,1 133 11 19 35,32 32,51 0,9386 0,2716 0,1245 0,9807 0,8690 0,0017 32,51 0,9744

0,65 0,005 56,1 133 13 21 35,87 33,34 0,9377 0,2703 0,1282 0,9833 0,9046 0,0015 33,34 0,9672
Melamina

1,30 0,010 56,1 133 16 25 36,42 34,16 0,9365 0,2690 0,1319 0,9856 0,9436 0,0012 34,16 0,9589

1.95 0,015 56,1 133 17 27 37,74 35,71 0,9332 0,2688 0,1376 0,9819 0,9068 0,0015 37,71 0,9626

2,60 0,020 56,1 133 18 30 39,04 37,25 0,9291 0,2686 0,1433 0,9774 0,8761 0,0019 37,25 0,9641

3,25 0,025 56,1 133 17 27 40,80 38,2 0,9248 0,2763 0,1423 0,9750 0,8764 0,0020 38,20 0,9635

3,90 0,030 56,1 133 16 27 42,57 39,15 0,9202 0,2837 0,1413 0,9718 0,8771 0,0020 39,15 0,9618

4,55 0,035 56,1 133 17 26 43,15 39,29 0,9255 0,2825 0,1431 0,9750 0,8921 0,0019 39,29 0,9588

5,20 0,040 56,1 133 19 26 43,70 39,43 0,9303 0,2813 0,1448 0,9778 0,9076 0,0018 39,43 0,9554

5,85 0,045 56,1 133 20 27 44,06 40,13 0,9296 0,2796 0,1482 0,9773 0,9184 0,0017 40,13 0,9476

Flank Melo de Lima


Anexos 136

Modelo reológico

Bingham Ostwald de Waale Herschell-Buckley

Concentração
Plastificante

Temperatura
Gi Gf VP LE R² n K R² n K W0 R²

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)
(lbf.sn/pé²)

(lbf.sn/pé²)
(gal/pé³)
(L/m³)

(cP)
(ºC)

(ºF)


0,00 0,000 71,1 160 9 27 40,88 32,54 0,9142 0,3235 0,1007 09715 1,1101 0,0005 32,34 0,8924

0,65 0,005 71,1 160 11 22 37,29 31,87 0,9121 0,3066 0,1049 0,9720 1,0178 0,0008 31,87 0,9208
Melamina

1,30 0,010 71,1 160 13 34 33,69 31,2 0,9091 0,2887 0,1097 0,9718 0,9438 0,0011 31,20 0,9465

1.95 0,015 71,1 160 13 34 37,3 33,66 0,9141 0,2711 0,1383 0,9807 1,2031 0,0003 36,66 0,8757

2,60 0,020 71,1 160 14 62 41,24 42,01 0,9173 0,2601 0,1656 0,9844 0,6379 0,0003 42,01 0,9931

3,25 0,025 71,1 160 16 59 44,71 42,80 0,9124 0,2770 0,1579 0,9751 1,5882 0,0000 42,80 0,7946

3,90 0,030 71,1 160 18 54 48,10 44,22 0,9862 0,2976 0,149 0,9652 1,2683 0,0003 44,22 0,8393

4,55 0,035 71,1 160 15 53 45,47 43,24 0,8917 0,2916 0,1486 0,9642 1,2928 0,0002 43,24 0,8338

5,20 0,040 71,1 160 13 53 42,64 42,26 0,8861 0,2843 0,1489 0,9624 1,3205 0,0002 42,26 0,8267

5,85 0,045 71,1 160 13 55 44,99 38,27 0,9284 0,2948 0,1337 0,9723 0,8608 0,0023 38,27 0,9648

Flank Melo de Lima


Anexos 137

Modelo reológico

Bingham Ostwald de Waale Herschell-Buckley

Concentração
Plastificante

Temperatura
Gi Gf VP LE R² n K R² n K W0 R²

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)
(lbf.sn/pé²)

(lbf.sn/pé²)
(gal/pé³)
(L/m³)

(cP)
(ºC)

(ºF)


0,00 0,000 26,7 80 15 14 46,49 28,88 0,9903 0,3072 0,1051 0,9926 1,0215 0,0009 28,88 0,9873
Policarboxilato

0,65 0,005 26,7 80 11 14 41,02 16,09 0,9920 0,3675 0,0522 0,9739 0,9076 0,0014 16,09 0,9909

1,30 0,010 26,7 80 6 13 35,81 7,25 0,9995 0,5021 0,017 0,9812 1,0346 0,0006 7,25 0,9977

1.95 0,015 26,7 80 4 10 33,35 5,11 0,9997 0,5734 0,0099 0,9883 1,0884 0,0004 5,11 0,9949

2,60 0,020 26,7 80 3 10 30,33 2,89 0,9997 0,6654 0,0049 0,9921 1,0449 0,0005 2,89 0,9978

3,25 0,025 26,7 80 3 9 28,59 2,01 0,9998 0,7102 0,0034 0,9926 1,0037 0,0006 2,01 0,9988

3,90 0,030 26,7 80 2 9 26,94 1,12 0,9996 0,7798 0,0021 0,9944 0,9716 0,0007 1,12 0,9993

4,55 0,035 26,7 80 2 7 25,10 0,92 0,9996 0,7809 0,0019 0,9903 0,9389 0,0007 0,92 0,9965

5,20 0,040 26,7 80 1 6 23,19 0,70 0,9990 0,7700 0,0018 0,9822 0,8874 0,0009 0,70 0,9884

5,85 0,045 26,7 80 1 4 19,19 0,57 0,9991 0,8485 0,0030 0,9977 1,0283 0,0003 0,57 0,9931

Flank Melo de Lima


Anexos 138

Modelo reológico

Bingham Ostwald de Waale Herschell-Buckley

Concentração
Plastificante

Temperatura
Gi Gf VP LE R² n K R² n K W0 R²

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)
(lbf.sn/pé²)

(lbf.sn/pé²)
(gal/pé³)
(L/m³)

(cP)
(ºC)

(ºF)


0,00 0,000 41,7 107 13 17 39,96 28,75 0,9655 0,3056 0,1004 0,9966 1,0219 0,0008 28,75 0,9748
Policarboxilato

0,65 0,005 41,7 107 13 15 33,82 23,6 0,9805 0,2947 0,0878 0,9950 1,0013 0,0008 23,60 0,9825

1,30 0,010 41,7 107 13 12 28,45 18,87 0,9885 0,2965 0,0707 0,9935 1,0522 0,0005 18,87 0,9818

1.95 0,015 41,7 107 8 10 24,52 10,55 0,9935 0,3789 0,0311 0,9926 1,0404 0,0004 10,55 0,9799

2,60 0,020 41,7 107 3 9 18,74 3,17 0,9992 0,5371 0,0069 0,9834 1,0206 0,0004 3,17 0,9979

3,25 0,025 41,7 107 3 8 15,90 2,38 0,9996 0,5722 0,0047 0,9993 1,0326 0,0003 2,38 0,9950

3,90 0,030 41,7 107 2 7 13,62 1,50 0,9993 0,6243 0,0028 0,9788 0,9863 0,0003 1,50 0,9848

4,55 0,035 41,7 107 2 7 12,60 1,38 0,9996 0,6247 0,0026 0,9852 0,9898 0,0003 1,38 0,9968

5,20 0,040 41,7 107 1 6 11,58 1,25 0,9988 0,6267 0,0024 0,9894 1,0112 0,0002 1,25 0,9972

5,85 0,045 41,7 107 1 5 10,25 0,83 0,9992 0,7087 0,0013 0,9940 1,0784 0,0001 0,83 0,9948

Flank Melo de Lima


Anexos 139

Modelo reológico

Bingham Ostwald de Waale Herschell-Buckley

Concentração
Plastificante

Temperatura
Gi Gf VP LE R² n K R² n K W0 R²

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)
(lbf.sn/pé²)

(lbf.sn/pé²)
(gal/pé³)
(L/m³)

(cP)
(ºC)

(ºF)


0,00 0,000 56,1 133 11 19 35,33 32,51 0,9386 0,2716 0,1245 0,9807 0,8690 0,0017 32,51 0,9744
Policarboxilato

0,65 0,005 56,1 133 12 17 32,44 26,09 0,9599 0,2837 0,0979 0,985 0,9438 0,0010 26,09 0,9419

1,30 0,010 56,1 133 14 17 29,78 16,60 0,9923 0,2917 0,0754 0,9888 1,0075 0,0006 19,60 0,9903

1.95 0,015 56,1 133 10 14 21,89 12,12 0,9978 0,3106 0,0451 0,9777 0,9367 0,0007 12,12 0,9994

2,60 0,020 56,1 133 5 13 13,15 5,52 0,9979 0,3505 0,0188 0,9609 1,0354 0,0002 5,52 0,9933

3,25 0,025 56,1 133 4 12 11,99 3,96 0,9993 0,4026 0,0117 0,9716 1,0623 0,0002 3,96 0,9966

3,90 0,030 56,1 133 3 12 10,74 2,47 0,9997 0,4852 0,0059 0,9835 1,1284 0,0001 2,47 0,9888

4,55 0,035 56,1 133 3 11 10,34 2,28 0,9999 0,4808 0,0056 0,9754 0,9955 0,0002 2,28 0,9987

5,20 0,040 56,1 133 2 10 10,03 2,01 0,9994 0,4966 0,0049 0,9757 0,9805 0,0002 2,01 0,9983

5,85 0,045 56,1 133 1 7 8,58 1,63 0,9973 0,5200 0,0036 0,9796 1,0523 0,0001 1,63 0,9945

Flank Melo de Lima


Anexos 140

Modelo reológico

Bingham Ostwald de Waale Herschell-Buckley

Concentração
Plastificante

Temperatura
Gi Gf VP LE R² n K R² n K W0 R²

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)

(lbf /100pé²)
(lbf.sn/pé²)

(lbf.sn/pé²)
(gal/pé³)
(L/m³)

(cP)
(ºC)

(ºF)


0,00 0,000 71,1 160 9 27 40,86 32,54 0,9142 0,3235 0,1007 0,9715 1,1101 0,0005 32,54 0,9892
Policarboxilato

0,65 0,005 71,1 160 10 24 35,67 29,79 0,9238 0,3039 0,1001 0,9805 1,0108 0,0008 29,79 0,9454

1,30 0,010 71,1 160 12 21 31,99 26,37 0,9498 0,2878 0,0964 0,9925 0,9661 0,0009 26,37 0,9786

1.95 0,015 71,1 160 11 21 25,17 19,87 0,9778 0,2699 0,0812 0,9926 0,9031 0,0001 20,22 0,9952

2,60 0,020 71,1 160 11 21 20,96 12,76 0,999 0,2760 0,0542 0,9496 1,0059 0,0004 12,76 0,9885

3,25 0,025 71,1 160 6 14 16,19 8,64 0,9978 0,3039 0,0336 0,9557 1,0327 0,0003 8,64 0,9913

3,90 0,030 71,1 160 5 10 10,92 4,69 0,9934 0,3332 0,0172 0,9370 0,8846 0,0004 4,69 0,9868

4,55 0,035 71,1 160 4 13 9,57 3,05 0,9942 0,3274 0,009 0,9584 0,9740 0,0002 3,05 0,9957

5,20 0,040 71,1 160 3 12 7,79 1,54 0,9975 0,5071 0,0035 0,9693 0,9830 0,0002 1,54 0,9917
5,85 0,045 71,1 160 1 11 6,68 1,60 0,9892 0,5562 0,0026 0,9868 0,8964 0,0003 1,60 0,9939

Flank Melo de Lima

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