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RE 608872 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 02/12/2010, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-146 DIVULG 29-07-2011 PUBLIC 01-08-2011.
Evandro Lins, de 24/09/64, os quais também decidiram em manter os tributos.
Também se deve apontar a súmula 591 que expressamente define: “A imunidade
ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor, contribuinte do
imposto sobre produtos industrializados”, portanto importadores ou industriais de
maquinas hospitalares ou medicamentos não recebem isenção, mesmo
comerciando para entes beneficentes. Este entendimento não foi construído no
momento atual, mas desde a década de 60, assim quando se busca altera-lo
deverá analisar o quesito de Segurança Jurídica, pois claramente já existe um
posicionamento consolidado sobre o tema a mais de 50 anos. Posicionamento
que também foi aderido pela Constituição de 88, como se perceberá adiante.
O primeiro ponto que deve ser levantado é o próprio texto
constitucional, o qual não estabelece esse tipo de proteção para o comerciante.
O texto deixa claro que a imunidade somente se aplica para fundações
beneficentes, sem fins lucrativos. Trata-se, portanto, de uma imunidade subjetiva,
exclusiva do ente. O doutrinador Luís Silveira Difine define estas imunidades da
seguinte forma:
Imunidades subjetivas são aquelas para cuja identificação releva o
objeto, que por qualquer especificidade refogue à regra de tributação.
Objetiva é a imunidade de livros, jornais e periódicos, por exemplo.
Define-se pelo seu objeto, não por qualidades pessoais do potencial
sujeito passivo. Subjetivas são as que dizem respeito a condições
pessoais do sujeito, concedidas em razão de determinadas pessoas. A
imunidade dos partidos políticos ou entidades sindicais de trabalha-
dores é subjetiva, pois concedida em função dessas pessoas.2
Ademais, não se pode buscar inverter a Carta Magna para
beneficiar aqueles que não foram apontados previamente no texto. Correndo-se
o perigo de diminuir a importância atribuída ao texto, algo que o judiciário não
pode permitir. As isenções dessas instituições visam atender os serviços e
produtos fornecidos por elas. Caso elas produzam algum produto e
comercializem, esta venda terá isenção de ICMS. Contudo, todo lucro deve
retornar para ser reinvestimento na própria entidade, não se pode gerar um lucro.
Poderá alegar que uma interpretação teleológica da Constituição
possibilita essa extensão da imunidade sem desrespeitar as normas
2
DIFINI, Luis Silveira. Manual de Direito Tributário. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2008, p.105.
constitucionais. Como se trata de instituição de caridade que não objetiva
nenhum lucro nas suas atividades e visa atender a toda população necessitada,
segue-se valores impostos pela própria carta, assim é legitimo essa extensão.
Entretanto, essa linha interpretativa extensiva também pode ser perigosa não
somente por não considerar o texto expresso, mas por estender o benefício a
todos os entes que possuem imunidade. Diante disso, todos os comerciantes
relacionados as instituições apontadas pelo art. 150, VI, c, CF podem ter isenção
de ICMS na venda de seus produtos a estes entes. Assim, partidos políticos e
como uniões sindicais teriam estes benefícios? Afinal, há a benefício para
hospitais, por quais motivos outros beneficiados no mesmo artigo em questão
não poderiam se valer dessa possibilidade. Se defender a imunidade das
instituições filantrópicas pela importância de seus serviços, se compreenderia
que outros entes não prestam serviços ou atividades relevantes? Assim se
expande para uns e outros não, por mero entendimento jurisprudencial, sem
qualquer limitação expressa.
Também se deve considerar que judiciário não pode realizar uma
mudança dessa magnitude. O responsável por criação de normas, diretrizes e
tributos é o Poder Legislativo. O judiciário não deve intervir em uma questão que
não é de sua competência, pois não cabe a ele definir quem pode ou não ser
tributado por meio de uma interpretação extensiva da constituição. Não se
estaria seguindo princípios basilares como a Segurança Jurídica nesse quesito.
Outro ponto a ser tratado é o quesito de tributação indireta, pois se
compreende que o hospital embora seja imune ira arcar com as custas dessas
taxas que serão passadas pelo comerciante para seu comprador. Contudo no
próprio julgamento do RE 608.872/MG, o ministro relator Dias Toffoli apontou
que se trata de uma questão de preço, a retirada dos tributos iria
necessariamente tornar os valores dos produtos mais baratos para o ente
beneficente. Citando diversos doutrinadores como Hugo de Brito Machado
Segundo, Geraldo Ataliba, Luís Eduardo Schoueri, o ministro aponta a diversa
gama de fatores que definem os valores que serão cobrados: