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LUCIANO MACEDO MARINS

O SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO E A EVASÃO ESCOLAR COMO QUESTÃO


SOCIAL

SALVADOR
2017
LUCIANO MACEDO MARINS

O SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO E A EVASÃO ESCOLAR COMO QUESTÃO


SOCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Serviço Social do Centro
Universitário de Maringá (UNICESUMAR),
como requisito parcial para obtenção do título
de bacharel em Serviço Social.

SALVADOR
2017
LUCIANO MACEDO MARINS

O SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO E A EVASÃO ESCOLAR COMO QUESTÃO


SOCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social do Centro


Universitário de Maringá (UNICESUMAR), como requisito parcial da disciplina de
TCC.

Aprovado em: dia mês ano.

BANCA EXAMINADORA

_____________________
Prof. Esp.
Silviane Del Conte Curi - UNICESUMAR

_____________________
Prof. Me (para mestres), Esp. (para especialistas).
Nome do Professor membro (a) - UNICESUMAR

SALVADOR
2017
Dedico este trabalho:

Á minha mãe que sempre me incentivou aos


estudos e me ensinou que a educação é a
base de tudo.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus por ter me dado o dom da vida.


À minha esposa que sempre me incentivou dando forças e mostrando que
todo esforço valeria a pena sempre prestativa em toda minha vivência acadêmica.
Ao meu filho que mesmo bebê compreende os dias em que deixei de brincar
com ele para me dedicar à elaboração do TCC.
Á minha mãe (in memorian), que desde minha infância se empenhava para
me oferecer uma educação de qualidade.
Á minha supervisora acadêmica que sempre esteve disposta a me ajudar
durante o meu período na faculdade.
Á minha encarregada do trabalho que sempre foi flexível, me ajudando na
medida do possível nas minhas liberações para avaliações acadêmicas e estágios.
Á minha irmã que mesmo longe, me ofereceu todo apoio para a conclusão
deste trabalho.
Ao meu pai por ter me educado e me incentivado à estudar.
À minha orientadora que sempre disposta e paciente em tirar minha dúvidas
quanto a elaboração deste trabalho.
É no problema da educação que assente o
grande segredo do aperfeiçoamento da
humanidade. (Imanuel Kant)
RESUMO

Esse estudo tem por finalidade realizar uma pesquisa aplicada, uma vez que
utilizará conhecimento da pesquisa básica para resolver problemas.O problema foi
direcionando a pesquisa para as áreas da evasão escolar e ainda a pesquisa como
pesquisa bibliográfica, sendo este com a compreensão de tratá-la como questão
social na educação.Em que será feito ao identificar os elementos que influenciam à
essa problemática. O presente trabalho tem como finalidade abordar a evasão
escolar como questão social sendo objeto de trabalho do assistente social.
Primeiramente abordarei todo o processo histórico da educação no Brasil, alinhando
a cada marco político, desde o período da colonização até a efetivação de política
pública de direito. De acordo com o contexto atual da educação, mediante à todos
os meios que o Estado utiliza para o exercer desse direito de todo cidadão, é de
suma importância salientar que nem sempre a falta de educação para jovens e
crianças é fruto de uma má gestão financeira do governo nesta política pública.
Talvez os conflitos sociais e familiares são os principais causadores da evasão
escolar. O presente trabalho é importante para sociedade porque ele busca a
reflexão dos problemas encontrados na educação e as maneiras de como ser
solucionados. Através da pesquisa bibliográfica em que se fez uso de materiais já
elaborados: livros, artigos científicos, revistas, documentos eletrônicos e
enciclopédias na busca e alocação de conhecimento sobre a evasão escolar como
questão social, correlacionando tal conhecimento com abordagens já trabalhadas
por outros autores. Sendo assim, o trabalho tem a finalidade de abordar o papel do
Assistente Social na educação tendo como problemática a Evasão escolar.

Palavras-chave: evasão escolar, questão social, assistente social


ABSTRACT

This study aimed to conduct an applied research, since it will use knowledge of basic
research to solve problems.The problem was directing the research to the areas of
school dropout and also the research as a bibliographic research, being this with the
understanding of treating it, as a social issue in education. In what will be done by
identifying the elements that influence this problem. The present work aims to
address school dropout as a social issue being the object of social worker work. First,
I will address the entire historical process of education in Brazil, aligning with each
political framework, from the period of colonization to the implementation of public
policy of law. According to the current context of education, through all the means
that the State uses to exercise this right of every citizen, it is very important to
emphasize that the lack of education for young people and children is not always the
result of poor financial management of government in this public policy. Perhaps
social and family conflicts are the main cause of school dropout. The present work is
important for society because it seeks reflection on the problems encountered in
education and the ways of how to be solved. Through the bibliographical research in
which already made materials were used: books, scientific articles, magazines,
electronic documents and encyclopedias in the search and allocation of knowledge
about school dropout as a social issue, correlating this knowledge with approaches
already worked by other authors. Therefore, the work has the purpose of
approaching the role of the Social Worker in education having as a problem the
School Evasion

Keywords: school dropout, social issue, social worker


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CF Constituição Federal
CFESS Conselho Federal de Serviço Social
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio


FUNDEF Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação

MEC Ministério da Educação e Cultura


PDDE Programa de Dinheiro Direto na Escola
PDE Plano de Desenvolvimento da Escola
PenNSE Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar
PNATE Programa Nacional de Transporte Escolar
PNLD Programa Nacional do Livro Didático
PROUNI Programa Universidade para Todos

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


SISU Sistema de Seleção Unificada
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: TABELA DE PROJETO DE LEI ......................................................... 39


- 10 -

Sumário

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................11

2 A EDUCAÇÃO NO BRASIL....................................................................................13

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO.....................................................13

2.2 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO: POLÍTICAS EDUCACIONAIS.......................22

2.3 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE...............................................26

3 O SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL........................................................................27

3.1 A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL............................................27

3.2 DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL..............................................35

3.3 SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO...................................................................36

4 PERFIL PROFISSIONAL NA EDUCAÇÃO.........................................................41

4.1 DESAFIOS PARA O ASSISTENTE SOCIAL NA EDUCAÇÃO.......................41

4.2 EVASÃO ESCOLAR COMO QUESTÃO SOCIAL............................................44

4.3 A INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA EDUCAÇÃO...................51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................59

REFERÊNCIAS............................................................................................................60
- 11 -

1 INTRODUÇÃO

A evasão escolar é um problema grave na educação no Brasil que


necessita de estudos e avaliações resultando no entendimento das principais
causas. Dentre as principais causas, cabe destacar a necessidade de
complementar a renda familiar, a gravidez precoce, o tráfico de drogas, a
dificuldade do trajeto escolar e até mesmo o bullying, ou seja, um problema
social que ultrapassam a competência pedagógica.
Desta forma, o tema a ser abordado irá ser contextualizado desde os
primórdios da educação até a inserção do Serviço Social nesta política pública.
A evasão escolar como "Questão Social" nos remete a refletir o quadro geral da
educação, pois a ausência e abandono dos estudos contribuirão para o
fracasso do país, bem como o péssimo desenvolvimento social. A principal
questão é que por trás dessa problemática há diversos fatores que o
influenciam perpassando o olhar crítico dos educadores. Sem sombra de
dúvida, a demanda dos alunos inseridos nesta prática ultrapassa a
competência dos profissionais da educação resultando no trabalho
complementar do Assistente Social. Diante dessas expressões da questão
social na educação, cabe ressaltar o papel do profissional nesta política
pública, bem como destacar a importância da intervenção do mesmo. Sendo
assim, de que forma o profissional poderá contribuir na diminuição da evasão
escolar no Brasil?
O presente trabalho visa conhecer o papel do Assistente Social na
educação, investigando a relação da evasão escolar com as expressões da
Questão Social contextualizando a política de educação no Brasil. Embora
ainda não exista uma lei que se torna obrigatório a atuação do Assistente
Social na Educação, a intervenção desse profissional no espaço educacional
se dará na luta da defesa intransigente dos direitos humanos , através de um
olhar crítico, contribuir para a diminuição das expressões da Questão Social.
Visa promover a equidade de condições de ingresso nas escolas, bem como
colaborar para a permanência dos alunos estabelecendo e fortalecendo
vínculos entre educadores e familiares de modo a garantir um trabalho eficaz
de contribuição para o desenvolvimento social do cidadão.
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Como procedimentos, posso citar a necessidade de pesquisa


Bibliográfica, isso porque se fará uso de material já publicado, constituído
principalmente de livros, também entende-se como um procedimento
importante a pesquisa bibliográfica como procedimento técnico. A abordagem
do tratamento da coleta de dados da pesquisa será bibliográfica, uma vez que,
a pesquisa bibliográfica implica em que os dados e informações necessárias
para realização da pesquisa sejam obtidos a partir do apuramento de autores
especializados através de livros, artigos científicos e revistas especializadas,
entre outras fontes.
Este trabalho está compreendido em três capítulos, aonde no primeiro
irei abordar a educação no Brasil, desde a história, sua evolução, ela como
política pública de direito de todo cidadão, salientando sua importância para o
desenvolvimento do Brasil. No segundo, citarei o Serviço Social no Brasil,
desde sua história, evolução até sua inserção na educação. E no terceiro
capítulo, abordarei a atuação do profissional de Serviço Social na educação, os
desafios encontrados e sua intervenção no processo da evasão escolar como
questão social na educação.
- 13 -

2 A EDUCAÇÃO NO BRASIL

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO

A educação no Brasil se iniciou no período da colonização, através dos


Jesuítas que tinham o interesse de ensinar o catolicismo para os índios, bem
como inserir a cultura europeia nos homens nus. (expressão utilizada para se
referir aos índios).

Toda a cultura europeia foi imposta: através da moral, vestindo os


índios dos pés a cabeça, pois o nu não era permitido, através da
cultura, pois ensinaram a se portar como europeus, no andar, no falar,
nas atitudes, na música, através da religião, pois ensinaram-lhe sobre
os ensinamentos da igreja e que existia um Deus único. A cultura do
índio foi posta de lado, anulando seus costumes, sua moral e sua
religiosidade. (ARCANJO e HANASHIRO, 2010, p. 28)

Por trás desse interesse de ensinar os índios tinha um interesse político,


ou seja, naquela época o rei tinha total autoridade sobre a igreja, portanto era
viável ao rei colonizar os índios com a finalidade de fortalecer o seu poder.
Sendo assim, a educação na colonização tinha como finalidade o
fortalecimento político para a autoridade.

No entanto José Veríssimo diz: Durante dois séculos os Jesuítas


criaram e mantiveram quase exclusivamente o ensino público no
Brasil [...] vê-se que a mesma instrução não foi tão escassa quanto
em geral se supõe. De fato, naquele período aquilo que em geral e
principalmente a todos preocupava mais era a ambição de enriquecer.
E por isso não havia oportunidade para cuidar-se da instrução
(NISKIER, 2011, p. 47)

No entanto, Cecílio e Bernardo (2015) deixa claro que a discussão em


torno da educação pública na sociedade de classes teve sua origem no período
escravocrata, em que os senhores proprietários da terra não precisavam
trabalhar, pois o trabalho manual/brutal era realizado pelos escravos. Por isso,
surge à necessidade de uma atividade que ocupasse o tempo dos senhores e
seus filhos, nasce então à educação, a qual tem seu nome interligado ao ócio.

Sendo assim fica claro que a educação imposta nesse período, tinha o
interesse de expandir a colonização, utilizando a igreja no processo de
- 14 -

catequização dos índios e instalando-as por todas as tribos. Como a educação


era utilizada somente para fins de obter lucro e explorar os índios nas
atividades agrícolas, a parte teórica básica da educação que ensina o ler e
escrever acaba ficando de lado, com isso inicia o analfabetismo e as
desigualdades no Brasil.

Portanto, Fernanda (ARCANJO e HANASHIRO, 2010, p. 32) acrescenta


que:

A sociedade da época era agrária e escravista, não havendo


interesse pela educação elementar por parte dos colonos a partir daí,
dá-se início ao analfabetismo. Haveria projetos para estender a
educação a todas as crianças, porém com escolas para o pobre e
certa para a burguesia. Essa situação era aceita sem discussões nem
questionamentos. Como não havia projetos, leis específicas para a
educação no Brasil, o descaso pela sabedoria, por parte dos mais
humildes prevalecia.

Diante do período histórico em que o Brasil era colonizado e a


escravidão era o principal comércio fica mais fácil compreender que a
educação não era essencial naquela época. Eram viáveis aos que detinham o
poder que mantivesse a colônia sem nenhum tipo de instrução, pois só assim a
probabilidade de tentativa de revolução era quase nula.

A expansão dos Jesuítas foi de certa forma importante para o Brasil,


resultando em diversos colégios espalhados no país. No entanto com todo
esse crescimento eles passaram a ter grande poder sobre o Estado,
ameaçando até mesmo o poder da igreja.

Com a morte do rei D. João em 1750, e a assunção do seu filho, o futuro


(Marquês de Pombal) houve diversas mudanças que resultaram na expulsão
de 670 Jesuítas no Brasil, culminando no fechamento dos colégios aqui
instalados.

A expulsão dos Jesuítas se deu porque não era tolerada nenhuma


interferência à autoridade real. Anteriormente já haviam sido retirado
deles o controle dos aldeamentos para serem entregues aos civis. A
partir desse momento, Pombal fez uma reforma na educação,
substituindo o sistema jesuítico. “Essa reforma tinha como objetivo
modernizar o reino, suas colônias e principalmente fortalecer o
Estado, combatendo todos aqueles que desafiavam a nobreza e os
jesuítas” (ARCANJO e HANASHIRO, 2010, p. 35).
- 15 -

A expulsão dos jesuítas teve grandes consequências para a educação,


pode-se perceber que por interesses políticos a educação foi prejudicada
naquele período, sofrendo grande recuo.

O prejuízo ao ensino causado pela expulsão dos padres da


companhia de Jesus, segundo escreveu Santos Vilhena, não se
reduziu unicamente aos fechamento dos colégios :[...] o trabalho
missionário dos Jesuítas foi de tal alcance que nem mesmo o mais
tolerante dos historiadores da Companhia de Jesus poderia deixar de
reconhecer os seus benefícios: a obra dos Jesuítas, seja ela de
simples catequese e de instrução da população analfabeta ou de
educação, se apresenta com tal significado e com tão profundo
alcance que seria absurdo subestimar os efeitos advindos da reforma
pombalina do ensino maior. (NISKIER, 2011, p. 60)

O período que tinha o Marquês de Pombal com rei, ficou conhecido


como período Pombalino. A educação implementada por Marquês tinha
finalidade de transformar os índios em mão de obra.

Foi criada a Vila Pombalina a qual visava transformar o índio em


grande massa nativa, econômica e socialmente controlada, capaz de
substituir o serviço braçal na Amazônia dominado pela colônia
Portuguesa. (ARCANJO e HANASHIRO, 2010, p. 35)

A educação no período Pombalino passou a ser exclusivamente da


coroa Portuguesa, favorecendo o avanço da educação nesse período, pois
ensinavam os índios a ler e a escrever.

Havia nas povoações, duas escolas: uma para meninos onde se


ensinava a doutrina cristã, a ler, escrever e contar; e outra para
meninas, onde além de serem instruídas na doutrina cristã,
aprendiam a ler, escrever, fiar, fazer renda, cultura e todos os mais
ministérios próprios daquele sexo. Era proibida a língua indígena,
sendo obrigado o uso da língua do país. (ARCANJO e HANASHIRO,
2010, p. 36)

Cabe salientar que Pombal pensava em contribuir para o crescimento


de Portugal tendo em vista da decadência que se encontrava comparando com
outras potências europeias. Sendo assim, o principal interesse do Marquês era
organizar escolas para servir o Estado, diferentemente dos objetivos dos
Jesuítas que tinham os objetivos de servir aos interesses da fé. Para contribuir
com o crescimento da educação no Brasil, foi instituído em 1772 o "subsídio
literário" , que era um imposto que incidia sobre a carne verde, o vinho, o
vinagre e a aguardente, destinados para o pagamento dos professores e
- 16 -

manutenção dos ensinos primários e médios. Foram necessárias diversas


transformações na educação brasileira de modo a tê-la como contribuição para
o Estado, mas foi com a vinda da Família Real para o Brasil que foi possível
alguns impactos na educação do Brasil.

Com a chegada da Família Real foram criados alguns cursos que podem
ser considerados como pioneiros das faculdades. Dom João VI abriu
Academias Militares, Escolas de Medicina, Museu Real, Biblioteca Real, o
Jardim Botânico e a Imprensa Régia (destinados a imprimir documentos, livros
e outros). E com o passar do tempo devido ao convite de alguns franceses, e
as influências que aqui causaram foi possível a criação da Escola Nacional de
Belas Artes. Mesmo com todo esse avanço, cabe salientar que a educação
continuava sendo privilégio de alguns membros das elites.

Com a volta de Dom João a Portugal, seu filho Dom Pedro assume o
Brasil e em 7 de setembro de 1822 declara a Independência do Brasil, e
inspirada na constituição francesa em 1824 é outorgada a primeira Constituição
brasileira. Pode-se dizer que surgiu o primeiro direito à educação no país
através do seu Art. 179, “instrução primária e gratuita para todos os cidadãos".

O Período da Primeira República pode ser considerado o período das


reformas, tanto políticas quanto de ideais. A ideia do ensino público se
fortaleceu com o positivismo. Através da reforma de 1890 organizada por
Benjamin Constant foi possível a inserção do positivismo na educação.
Benjamin foi nomeado chefe do Ministério da Instrução Pública, Correios e
Telégrafos. Foi responsável pelas mudanças no ensino primário e secundário
priorizando disciplinas científicas como Matemática e Física.

A Reforma de Benjamin Constant tinha em mente substituir a


predominância literária pela científica, o que foi muito criticado na
época. A partir daí o ensino seria leigo, ou seja, a religião católica não
era mais uma imposição, também livre em todos os graus,
independente da idade, e gratuito no primário. (ARCANJO e
HANASHIRO, 2010, p. 64)
- 17 -

Com a Proclamação da República o país passou a controlar o ensino.


De acordo com a Constituição, pode-se perceber um simples progresso. Agora
o país com a 1ª Constituição Republicana no seu art. 35 diz:

Incube, igualmente, ao Congresso, mas não privativamente:


3º) criar instituições de ensino superior secundário, nos Estados;
4º) prover a instituição secundária no Distrito Federal. (Art. 35 da CF
de 1981)
Com o passar do tempo pode-se afirmar que o fato que alavancou a
educação no Brasil, foi a revolução de 1930, que levou o país ao sistema
capitalista de produção. A partir disso, o Brasil passa a exigir uma mão de obra
especializada, e para isso seria preciso investir na educação. Sendo assim, em
1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública. Cabe salientar que a
educação não era tratamento exclusivo nesse Ministério.

E em 1931 o governo sanciona decretos conhecidos como " Reforma


Francisco Campos". A partir desses decretos foi possível as organizações do
ensino superior no Brasil, da Universidade do Rio de Janeiro, do ensino
secundário, e do ensino comercial, regulamentando a profissão de contador e
dando outras providências.

A ideia de uma educação para todos só ganhou força com o Manifesto


Dos Pioneiros da Escola Nova - Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo,
Lourenço Filho e outros, que tinham como interesse defender a escola pública
e laica, igualitária e sem privilégios. Visavam uma educação que tinham como
propósito uma contribuição da preparação dos alunos para realidade naquela
época, como forma de alavancar o período industrial a qual se implantava no
Brasil.

[...] Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, no qual apareciam


ideias como: escola comum e única para todos, mantidas pelo
Estado; obrigatoriedade e gratuidade escolar, laicidade e coeducação.
O que pretendiam era difundir a ideia da escola democrática, baseada
na filosofia progressista de J. Dewey, visando ajustar a educação ao
modelo de desenvolvimento urbano-industrial que se implantava no
país. Denunciavam a velha estrutura educacional, conservadora e
etilista, propondo uma escola que viesse contribuir para a preparação
dos alunos à realidade social em mudança, de fato, a consolidação da
economia capitalista. (LIBÂNEO, 2006, p. 56)
- 18 -

Neste contexto fica claro e evidente que, a cada período histórico é


possível identificar a relação da educação no Brasil. Ou seja, para Cecília e
Bernado (2015) a educação no período colonial era utilizada com a finalidade
de evitar a ociosidade por parte dos escravos e logo após longos anos no
período da Segunda República, a autora Fernanda Arcanjo (2010) afirma que
com a revolução de 30 e o sistema capitalista surge a necessidade da
educação como especialização de mão de obra especializada.

A educação brasileira teve um grande passo no período da Revolução


Industrial. A demanda pela educação surgiu para o desenvolvimento e
acompanhar as transformações tecnológicas que a Revolução Industrial trouxe.
Através desse avanço foram possíveis algumas conquistas que refletem até os
dias de hoje.

Na educação ocorreram mudanças importantes: a criação do


Ministério da Educação e das Secretarias da Educação dos Estados
com os objetivos de ampliar a faixa de participação do Governo
Federal no desenvolvimento da educação nacional; desenvolver
instrumentos de unificação, disciplina, articulação e integração aos
sistemas isolados estaduais e estabelecer mecanismos de promoção
de relacionamento federal com diversos sistemas, definindo-se as
formas de intervenção do Ministério e de suas relações com as
Secretarias de Educação Estaduais e os estabelecimentos de
ensino (DE AZEVEDO e FARIA SOUZA, 2010, p.10).

Com a Constituição de 1934, o sistema educacional foi regulamentado e


trouxe conquistas importantes tais como: a educação como direito de todos; a
obrigatoriedade da escola primária integral, a gratuidade do ensino primário; a
assistência aos estudantes necessitados. Portanto de acordo com a
Constituição de 1934 no seu Art. 150 compete à União:

a) fixar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino de


todos os graus e ramos, comuns e especializados; e coordenar e
fiscalizar a sua execução, em todo o território do País;

b) determinar as condições de reconhecimento oficial dos


estabelecimentos de ensino secundário e complementar deste e dos
institutos de ensino superior, exercendo sobre eles a necessária
fiscalização;

c) organizar e manter, nos Territórios, sistemas educativos


apropriados aos mesmos;
- 19 -

d) manter no Distrito Federal ensino secundário e complementar


deste, superior e universitário;

e) exercer ação supletiva, onde se faça necessária, por deficiência de


iniciativa ou de recursos e estimular a obra educativa em todo o País,
por meio de estudos, inquéritos, demonstrações e subvenções.

Cabe ressaltar que se tornou importante estabelecendo normas que


favorecessem os recursos destinados à educação bem como seu controle,
supervisão e fiscalização do cumprimento das normas.

Portanto vale a pena frisar que :

A partir da Constituição de 1934, o Governo Federal assumiu novas


atribuições educacionais expressas nas funções de integração e
planejamento global: normativa para todo território nacional e para
todos os níveis; supletivo de estímulo e assistência técnica; de
controle, supervisão e fiscalização do cumprimento de normas
federais (DE AZEVEDO e FARIA SOUZA, 2010, p.10).

Em 10 de novembro de 1937 é outorgada uma nova constituição


enfatizando o ensino pré-vocacional e profissional, porém retirando do Estado o
dever da educação na medida em que todo seu contexto constitucional era
voltado para valores cívicos e econômicos. Mantendo a gratuidade e
obrigatoriedade do ensino primário e ensino secundário das escolas normais. A
partir dessa constituição é possível notar que há uma distinção do trabalho
intelectual para as classes mais favorecidas e um ensino manual e profissional
para as classes menos favorecida.

Em 1942, o Ministro Gustavo Capanema foi o grande motivador para as


reformas nos ensinos que foram compostas por Decretos durante o Estado
Novo. A partir desses decretos foi possível a criação do SENAI, a
regulamentação do ensino industrial, a regulamentação do ensino secundário,
a obrigatoriedade dos estabelecimentos industriais matricularem um
quantitativo dos seus operários no SENAI, o regulamento do ensino do
SENAC, dentre outros que favoreceram a educação e profissionalização da
classe.
- 20 -

Nesse período também a educação passa a ter um caráter essencial na


busca da construção de uma sociedade liberta e que fossem todos iguais
perante a lei. A partir desse contexto, os profissionais da educação adotaram
um pensamento aonde foram inspirados por dois grandes sociólogos: Durkhein
e Dewey. Eles defendiam a tese de que a educação exerce um importante
papel no contexto social. Dá-se início a educação como valor essencial para a
construção de uma sociedade evoluída, aonde a vida social dos indivíduos são
influenciados pela educação nele inserido. Sendo assim, Rossato (1985)
contribui dizendo que o pensamento educacional funcionalista de Durkhein e
Dewey inspira na concepção de que cabia à educação a função de preparar
para a integração social e reforçar a solidariedade; e que à educação cabia a
função de garantir a continuidade da sociedade, também, a concepção de que
o conflito social é elemento exógeno aos mecanismos sociais normais.

Inspirado na filosofia Jonh Dewey, merece destaque o idealizador Anísio


Teixeira que aplicou a sociologia à educação e reformou o ensino em São
Paulo sendo ele mentor de duas universidades.

Já na Constituição de 1946, os estados passam a ter autonomia para


organizar os seus sistemas de ensino. Mas para que isso se efetivasse, era
necessário à União traçar um parâmetro que definisse sobre as diretrizes e
bases da educação nacional. Sendo assim, o projeto de Lei de Diretrizes e
Bases da Educação foi encaminhado à Câmara Federal em 1948, porém só
teve sua aprovação em 1961 (lei nº 4.024/61), sendo considerada a primeira
LBD, seguida por uma versão de 1971 que vigorou até a promulgação recente
em 1996 (lei nº 9.394/96). Vale ressaltar que a LBD estabeleceu dentre outras
que era obrigatório somente quatro anos de escolarização e que cada estado
deveria organizar seu sistema de ensino. Assinada pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso, a LBD lei nº9.394/96 também conhecida como a lei Darcy
Ribeiro, tem o objetivo de definir normas e padrões com a finalidade de
melhorar o ensino dentro do país.

Todo contexto constitucional da LDB se resume no compromisso de


avaliar bem o aluno, na flexibilidade na educação superior quanto aos cursos
- 21 -

sequenciais e a educação à distância e num todo ser como base para a


elaboração do Projeto Político Pedagógico das escolas.

Passando alguns anos em 1964 dá-se início ao regime militar. Pode-se


dizer que a educação tinha um caráter anti-democrático aonde muitos
educadores tais como: Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho,
Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Paulo Freire dentre outros, foram
perseguidos. Contudo o regime militar contribuiu para uma educação na
Reforma do Ensino Superior em 1968 e, posteriormente, em 1971 a Reforma
do Ensino Primário.

Com o fim da ditadura e a eleição indireta de Tancredo Neves e após


seu falecimento a posse do José Sarney, a educação pode ser considerada
nesse período com uma participação mais ativa de pensadores de outras áreas
de educação. Alguns profissionais que foram perseguidos no Regime Militar,
profissionais esses nas áreas de Sociologia, Filosofia, Antropologia, História e
Psicologia passaram a atuar e colaborar para a educação no país.

E logo após longos anos em 1988 de fato através da Constituição


Federal foi possível elevar a Educação quando esta reafirma como sendo
direito de todos e dever do Estado.

Todo o processo histórico da educação merece ser estudado, pois sem o


entendimento dos problemas que enraizaram à essa política pública atual, fica
impossível almejar e planejar algo melhor. O crescimento econômico social do
Brasil está atrelado à educação, portanto torna-se indispensável uma educação
de qualidade e contínua para todos, sem distinção de classes e de forma
igualitária.

Portanto, em cada processo histórico foi possível analisar a educação e


seu propósito, tendo em vista da condição política em que estava inserida.
Entender todo o processo histórico é necessário a fim de se obter a
compreensão do quadro educacional atualmente. Pode-se perceber que em
diversos períodos a educação não era tratada como prioridade e sim como
meio de fortalecimento da mão de obra especializada, era voltada para a
profissionalização e mercado de trabalho e não somente para o
desenvolvimento crítico e social do cidadão.
- 22 -

2.2 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO: POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Como citado anteriormente a educação vem se transformando ao longo


do tempo de acordo com o período histórico e as necessidades do mundo
atual. A Constituição Federal de 1988 trouxe com ela direitos e deveres que o
Estado deve assegurar esta política pública à todo cidadão.

A promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil em


cinco de outubro de 1988 trouxe para a população brasileira
esperança, confiança e motivos concretos para as expectativas de
mudança de um país que iniciava o processo de redemocratização,
após ter vivenciado um período de ditadura militar severo, o qual foi
regido por uma extrema censura e limitação dos direitos, bem como a
falta de liberdade de expressão, a uma nova conjuntura nas
legislações, normas e, principalmente, na igualdade de direitos e
deveres de todos os cidadãos e do Estado, na gestão das políticas
públicas e sociais, e seus respectivos serviços (CECÍLIO e
BERNARDO, 2015, p. 98).

Com base nisso o artigo 205 nos diz que:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, p 57).

Diante todo esse processo da legislação que garante ao cidadão o


direito da educação, surge a necessidade de uma nova Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB) com o objetivo de se atualizar às normas vigentes
na CF.

Retomando a redemocratização do processo político, a


democratização da educação, a partir da CF/1988, como gratuita e de
qualidade para todos os cidadãos residentes no Brasil ou
naturalizados, fez surgir neste período a mobilização de intelectuais,
profissionais da educação e políticos coma a finalidade de conceber
uma nova Lei de Diretrizes da Educação (LDB), qua atendesse às
necessidades e às demandas desse novo momento de mudanças
que o país enfrentava em todas as esferas (CECÍLIO e BERNARDO,
2015, p. 98).

Todo esse processo de mudança levou cerca de oito anos e só assim foi
promulgada a Lei nº 9.394/1996 em 20 de dezembro de 1996.

De acordo com RIBEIRO (Apresentação da Lei ao Senado):


- 23 -

A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB,


aprovada após oito anos de debates profundos no Congresso
Nacional e de ampla participação de todos os segmentos que atuam
na área educacional, é um documento enxuto que reflete bem a
realidade educacional brasileira. É, também, um instrumento
fundamental de mudança na nossa sociedade, pois, pela sua abertura
para o novo, permitirá, na prática, com uma correta interpretação de
seu texto e uma rápida adaptação de nossos sistemas educacionais,
que a nação enfrente o ritmo acelerado das mudanças que virão em
todos os setores e que influenciarão a vida de todas as pessoas, quer
elas queiram, quer não.

Portanto se antes no período de 1930 a educação era vista como uma


forma de aperfeiçoamento da mão de obra especializada e era voltada
exclusivamente para esse fim, nos dias atuais esse contexto é diferente, uma
vez em que a educação auxilia o indivíduo para o exercício da cidadania bem
como prepara para o convívio em sociedade.

De acordo com CECÍLIO e BERNARDO (2015, p. 106):

Com acesso de todos na política pública de educação, a escola


passou a ser construída e vista de outras formas das que se tinham
anteriormente. Porém, há ainda hoje diferenças entre a educação
como instrumento de formação da consciência crítica voltada para o
exercício da cidadania, da educação como formação da mão de obra
para o trabalho, aquela ofertada à grande parte da população para
manter o mercado ativo.

A educação ainda hoje carrega consigo um arcabouço a qual é


influenciada pelo modo de produção capitalista, ou seja, com ênfase à
formação dos trabalhadores e à preparação dos homens qualificados a um
determinado sistema produtivo. Cabe ressaltar que a educação varia de acordo
com as necessidades presenciadas em cada época da história. Contudo, no
sistema capitalista é voltada para atender as demandas do capital em seu
processo de expansão. No entanto, o Estado passa formalmente a ter a
obrigação de garantir educação de qualidade a todos brasileiros

Portanto De Souza (2013, p. 14) afirma que:

Trata-se de um dever do Estado ofertar e/ou disponibilizar educação


de qualidade para todos, sendo que deve ser implementado
sobretudo pelos políticos públicos produzidos pelo Poder Executivo,
ditados pelo Poder Legislativo e, na última esfera, na ausência e/ ou
insuficiência das ações educativas cobradas junto ao poder Judiciário,
mediante a utilização das ações educativas cobrados junto ao poder
Judiciário, mediante a utilização das ações individuais ou coletivas.
- 24 -

Sendo assim, o sistema educacional é um direito fundamental por tratar


do desenvolvimento individual do ser humano. Portanto, o Estado deverá
sobretudo de forma coletiva garantir esse direito oferecendo à sociedade
instrumentos para alcançar seus fins.

A educação atual demanda uma série de fatores que perpassam a


competência pedagógica. Ou seja, diante da complexidade social que o Estado
enfrenta hoje, é necessário uma visão crítica profunda por parte dos
professores de modo a contribuir para a efetivação dessa política pública.

A educação atual requer do professor uma formação científica e uma


formação pedagógica ao mesmo tempo. Por parte do aluno, deve
existir a necessidade de reflexão científica sobre os problemas da
nossa realidade. Os objetivos educacionais adquirem assim uma
outra abordagem que atende a interesses individuais, mas também a
necessidades sociais (NISKIER, 2001, p. 27).

O educador atual deve ser criativo utilizando os conhecimentos teóricos


e críticos sobre a realidade, sempre se adaptando às problemáticas que
envolvem os desafios na educação. Instigando a capacidade do aluno de
questionamentos, formando cidadãos para o exercício pleno da sua cidadania.

Tendo como fator principal formar o indivíduo com visão crítica da


sociedade, a educação não tem a finalidade apenas de preparar o indivíduo
para o mercado de trabalho.

De acordo com Junior ( 2016, p. 57):

Assim, a educação, especialmente a educação escolar, não pode


mais pensar em promover uma mera adaptação dos alunos à lógica
do trabalho assalariado. É preciso estabelecer uma relação crítica
com ele.Enquanto a sociedade não encontra os caminhos para uma
efetiva transformação social, a escola, pode contribuir com esse
processo, fazendo a crítica da alienação e da ideologia da ética
burguesa do trabalho.

Dentre todas as mudanças ocorridas na educação, vale ressaltar a Lei


12.796/13, que a partir dela torna-se obrigatória que as crianças com quatro
anos sejam matriculadas.

Atualmente, uma importante política pública adotada na educação foi


a modificação da idade a partir da qual as crianças são obrigadas a
estarem matriculadas na escola. Até o início do ano de 2013, essa
obrigatoriedade se dava a partir dos seis anos de idade, no entanto
mediante a lei 12.796/13, essa idade foi reduzida para os 4 anos de
- 25 -

idade. A lei determina que estados e municípios tenham até 2016


para se readequar a essa nova regra, já que para as crianças de
quatro anos serem matriculadas, é necessário que sejam
providenciadas vagas para esse fim (BOECHAT, TONIN, et al., 2014,
p. 58).

Sendo assim, várias políticas públicas foram elaboradas por todo


governo federal a fim de efetivar esse direito garantido por lei. Dentre essas
políticas cabe destacar o (FUNDEF) - Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, que
é responsável pelo repasse dos recursos aos municípios de acordo com os
coeficientes de distribuição; o (PDE) - Plano de Desenvolvimento da Escola,
que tem o objetivo de auxiliar a escola para a busca da melhoria na prestação
dos serviços em prol do alcance das metas almejadas; o (PDDE) - Programa
de Dinheiro Direto na Escola, que é destinado a repassar reforços financeiros
às escolas públicas de ensino básico para usos de despesa de manutenção e
infra estrutura; o Programa Bolsa Família que engloba algumas
condicionalidades às famílias aderidas em prol do acesso à educação e como
outras políticas públicas; (PNAE) - Programa Nacional de Alimentação Escolar
responsável por oferecer alimentação escolar de qualidade tendo em vista dos
valores nutricionais; (PNLD) - Programa Nacional do Livro Didático garante a
distribuição de livros para alunos da educação básica; (PNATE) - Programa
Nacional de Transporte Escolar responsável por transferir recursos
automaticamente para as escolas para custear despesas com transportes
escolares; (ENEM) - Exame Nacional do Ensino Médio é uma prova elaborada
pelo MEC que visa avaliar o desempenho dos estudantes do ensino médio;
(SISU) - Sistema de Seleção Unificada trata-se de um sistema informatizado a
qual oferta vagas em faculdades públicas para alunos que realizaram o ensino
médio; (PROUNI) - Programa Universidade para Todos trata-se de uma
programa que oferece bolsas em faculdades privadas para alunos de baixa
renda e o (PROINFÂNCIA) - Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição
de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil, trata de
um programa de assistência financeira ao Distrito Federal e aos Municípios
para a construção de creches e pré-escolas públicas da educação infantil.
- 26 -

Porém com todas essas políticas educacionais mencionadas é


necessário a intervenção do profissional para a efetivação. De modo a
contribuir para o quadro educacional brasileiro.

2.3 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE


A escola pública atual passa por diversos problemas que afetam o
aprendizado do aluno e interfere no desenvolvimento social. Os profissionais
da educação tende a desempenhar atividades que não são de sua
competência para suprir as necessidades que ocorrem no dia a dia. Sem
contar com as condições precárias que se encontram algumas escolas e o
baixo salário dos professores.

Segundo Cecílio e Bernardo, (2015),a política de educação precisa ser


interligada às demais políticas, em especial a social para que haja uma
verdadeira emancipação do indivíduo. O investimento na educação básica é a
melhor forma para se investir no crescimento do país indiretamente.

São muitos os países que progrediram porque investiram nas suas


crianças. Quando essas crianças cresceram, viraram trabalhadores
qualificados, cientistas. Para começar, esses países investiram no
ensino fundamental. Isso explica, em grande parte, o rápido
desenvolvimento do Japão e de outras nações do leste asiático
(DIMENSTEIN, 1994, p. 163).

A importância de investir na educação é que tem como consequência um


desenvolvimento tanto no coletivo quanto no individual. A partir disso é possível
que a sociedade possua diversos conhecimentos que agregam no progresso
do país.

De acordo com Dimenstein (1994, p. 163):

O trabalhador sem instrução é apenas uma consequência previsível


de uma sociedade em que as desigualdades são muitos grandes.[...]
a indicação mais fiel da desigualdade social está nos índices de
repetência e evasão. Quando a criança deixa a escola, fonte primária
de cidadania, ela vai para as ruas e só pode se transformar em mão
de obra. De cada cem crianças que entram na primeira série do
ensino fundamental, apenas vinte chegam à oitava série. Há uma
relação entre evasão escolar e condição de vida dos pais. Os mais
pobres exigem que o filho gere renda.

Para CECÍLIO e BERNARDO (2015, p. 109):


- 27 -

No entanto, a escola teve e tem como função social a transmissão, a


discussão e a elaboração do conhecimento científico acumulado pela
humanidade ao longo de sua trajetória. Por isso, tem passado por
inúmeras transformações e dificuldades, como : a evasão escolar,
baixo rendimento,a nova estrutura familiar, a precariedade de
materiais e recursos humanos, falta de informação sobre importância
da participação dos pais nos processos de decisão.

Nesse contexto diante dos desafios encontrados na atualidade é


necessário uma educação transformadora, de modo a impactar no
desenvolvimento social do país. Dando suporte aos cidadãos de garantir sua
autonomia, participando efetivamente das políticas e lutar pelos direitos iguais.
Portanto os dois autores afirmam que somente a educação de qualidade
e efetivamente presente é que irão de certa forma contribuir para o crescimento
do país e o desenvolvimento social do indivíduo. Sendo assim cabe ressaltar
que é de suma importância o investimento nesta política pública.

3 O SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

3.1 A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

Para entendermos o Serviço Social no Brasil, é necessário compreender


toda sua trajetória histórica. Inicia-se com a influência da Igreja na profissão no
início da década de 1930 a qual tinha o objetivo de desenvolver ações no
campo social buscando uma reforma na sociedade tendo como princípios as
diretrizes dos Papas.

Após os grandes movimentos sociais do primeiro pós-guerra, tendo


por protagonista o proletariado, a "questão social" fica definitivamente
colocada para a sociedade. Datam dessa época o que se poderia
considerar como sendo protoformas do Serviço Social no Brasil. No
entanto, para o aparecimento do Serviço Social, enquanto conjunto
de atividades legitimamente reconhecidas dentro da divisão social do
trabalho, se deverá percorrer um itinerário de mais de duas
décadas.Esse processo que durante a década de 1920 se desenvolve
apenas moderadamente, se acelerará no início da década seguinte,
com a mobilização, pela igreja, do movimento leigo. Surgirá o Serviço
Social como um departamento especializado da Ação Social,
embasado em sua doutrina social. (IAMAMOTO e DE CARVALHO,
2008, p. 140)

O Serviço Social no Brasil é fruto do trabalho realizado pela Igreja na


sociedade. Nessa relação que a profissão iniciará os primeiros objetivos de
cunho político e social interferindo na vida da classe trabalhadora atuando
- 28 -

através de entidades filantrópicas privadas e através do Estado. Utilizando um


caráter preventivo dos problemas sociais. Acreditando que a família
cristianização da sociedade era a melhor forma para a diminuição dos
problemas coletivos.

A partir da queda da República Velha, inicia-se o que os historiadores


do período consideram como o segundo ciclo de mobilização do
movimento católico laico. A conjuntura política e social presente
naquele momento - a crise de hegemonia entre as frações burguesas
e a movimentação das classes subalternas - abrirá à Igreja um
enorme campo de intervenção na vida social. Ela será chamada a
desempenhar um importante papel nos momentos mais críticos para
a estabilidade do novo regime e com ele disputará arduamente a
delimitação das áreas e competências de controle social e ideológico.
Passada a primeira fase de reconhecimento da nova situação, a
Igreja abandonará a posição contemplativa e se lançará a uma
mobilização sem precedentes em sua história social. Seu objetivo
será a conquista de sólidas posições na sociedade civil, através das
quais procurará implementar projeto de restauração de sua ação
normativa sobre a sociedade. (IAMAMOTO e DE CARVALHO, 2008,
p. 155)

Com a promulgação da Encíclica Rerum Novaurm do Papa Leão XVIII


de 1981 ocorre a intercessão da Igreja no lado social. E a Quadragésimo Anno
de Pio XI de 1931 trata-se sobre a restauração e aperfeiçoamento da Ordem
Social em conformidade com a lei evangélica.

No que se refere à Doutrina Social da Igreja, merecem destaque,


nesse contexto, as Encíclicas " Rerum Novaurm " do Papa Leão XIII
de 1891, que vai iniciar o magistério social da Igreja no contexto de
busca de restauração de seu papel social na sociedade moderna e o
"Quadragésimo Anno" de Pio XI de 1931 que, comemorando os
quarenta anos da " Rerum Novaurm " vai tratar da questão social,
apelando para a renovação moral da sociedade e a adesão à Ação
Social da Igreja. (YAZBEK, 2009, p. 146)

É nesse processo dentro da visão da Igreja que surge a primeira escola


do Serviço Social no Brasil situada em São Paulo em 1936. A luta contra a
desigualdade social era enfrentada pela sociedade católica que tinha como
doutrina os princípios do catolicismo. Era necessário ação mais organizada
para enfrentamento da questão social. Sendo assim, são formados os grupos e
associações com o intuito de organizar cursos de formação social e semanas
sociais no Brasil, nascendo assim as primeiras escolas do Serviço Social no
Brasil.
- 29 -

Em 1932, é criado o centro de estudos e Ação Social (CEAS),


entidade que seria fundada e mantenedora da primeira Escola de
Serviço Social do país. O centro surge após em curso intensivo de
"formação social para moças", organizado pelas Cônegas de Santo
Agostinho de 1º de abril a 15 de maio de 1932. A direção desse curso
coube à Melle. Adèle de Loneux, professora da Escola Católica de
Serviço Social da Bélgica. Com uma programação teórico-prática
(que incluía visitas a instituições beneficentes), o curso encontrou
grande aceitação entre jovens católicas, que buscaram criar uma
associação de ação social. Foi esse o início do Centro, ainda sob a
orientação de Melle. De Loneux. As reuniões iniciais do grupo foram
acompanhadas pela Arquidiocese de São Paulo, por intermédio do
Monsenhor Gastão Liberal Pinto. Em 16 de setembro, é eleita a
primeira diretoria do Centro tendo Dona Odila Cintra Ferreira como
presidente. (YAZBEK, 2009, p. 130)

O objetivo do CEAS era formar os membros seguindo os princípios da


igreja fundamentando as ações realizadas no campo social dando
complementaridade no estudo teórico. E tinha como visão o aperfeiçoamento
da atuação das trabalhadoras.

Simultaneamente, o CEAS envia a Bruxelas na Bélgica Maria Kiehl e


Albertina Ramos para realizar o Curso de Serviço Social. D. Odila já
tinha formação social na Escola Normal Social de Paris. Mesclando,
portanto, a visão francesa e a visão Belga, em 15 de fevereiro de
1936, inaugura-se a primeira escola de Serviço Social no país.
(YAZBEK, 2009, p. 131)

No Rio de Janeiro em 1937 é fundada a Segunda escola de Serviço


Social no país, esse estado é privilegiado por ter grande quantidade de
proletariados e concentrar muitas indústrias, elevando assim um
desenvolvimento de infra estrutura de serviços básicos e assistenciais com
participação do Estado.

[...] A diferença de São Paulo, verifica-se uma participação mais


intensa das instituições públicas - seja através do Juízo de Menores,
seja de personalidades ligadas aos órgãos públicos de assistência
médica, sanitária, e social, e o apoio ainda mais explícito da alta
administração federal e da cúpula hierárquica da Igreja e movimento
católico laico. Surgem, cronologicamente, em 1937 o Instituto de
Educação Familiar e Social - composto das Escolas de Serviço Social
(Instituto Social) e Educação Familiar- por iniciativa do Grupo de Ação
Social (GAS), em 1938 a Escola Técnica de Serviço Social, por
iniciativa do Juízo de Menores e, em 1940, é introduzido o curso de
Preparação em Trabalho Social na Escola de Enfermagem Ana Nery (
escola federal). Em 1944, a Escola de Serviço Social, como
desdobramento masculino do Instituto Social. (IAMAMOTO e DE
CARVALHO, 2008, p. 181)
- 30 -

Portanto, como o Serviço Social nasce ligado à Igreja Católica, entende-


se que toda a sua base teórica está pautada no catolicismo. Sendo assim, em
sua primeira fase no Brasil, sua formação era doutrinária e moral porque se
pautavam nas ordens dos Papas.

Surge a obrigação de uma formação técnica especializada não só


restrita às doutrinas da igreja, mas enquanto necessidade social envolvendo o
Estado e o empresariado. Iamamoto acrescenta que:

A necessidade de formação técnica especializada para a prática da


assistência é vista não apenas como uma necessidade particular ao
movimento católico. Tem-se presente essa necessidade, enquanto
necessidade social que não apenas envolve o aparato religioso, mas
também o Estado e o empresariado. A visão da possibilidade de
profissionalização do apostolado social é dado de forma sutil, na
medida em que se encarece a necessidade de colaboradores para as
obras particulares e se prevê a demanda de pessoal permanente para
as instituições oficiais e patronais, reconhecendo nessas duas
instâncias as únicas socialmente habilitadas a possibilitar esse
empreendimento. (IAMAMOTO e DE CARVALHO, 2008, p. 184)

Agora o Estado brasileiro juntamente com o empresariado e o apoio da


igreja católica assume uma política de realização de trabalho com famílias
através do CEAS tendo como objetivo de promover maior efetividade nas obras
realizadas, bem como uma formação técnica especializada para a prestação da
assistência.

Os Centros Familiares organizados pelo CEAS a partir de convênio


com Departamento de Serviço Social do Estado, que funciona a partir
de 1940 em bairros operários e que se deveriam constituir em modelo
de prática de Serviço Social, não fugiram a essa caracterização. Sua
finalidade seria a de "separar as famílias das classes proletárias,
prevenindo a sua desorganização e decadência e procurando elevar
seu nível econômico e cultural por meio de serviços de assistência e
educação". Nesses Centros manterão serviços diversos como plantão
para atendimento de interessados, visitas domiciliares, bibliotecas
infantis, reuniões educativas para adultos, curso primário "para
proteger as crianças cujas mães são obrigadas a trabalhar fora",
cursos de formação familiar (moral e formação doméstica para o lar),
restaurante para operários etc. O tratamento dos casos será
basicamente feito através de encaminhamentos, colocação em
empregos, abrigo provisório para necessitados, regularização da
situação legal da família (casamento) etc., e fichário dos assistidos.
(IAMAMOTO e DE CARVALHO, 2008, p. 190)

A formação dos profissionais em Serviço Social começa a sofrer


influência norte-americana, dando ênfase à formação científica, técnica, prática
e pessoal. Sabe-se que a atuação profissional se dá no campo social, no
- 31 -

cotidiano e é necessário dizer que as primeiras ações dos assistentes recém


formados foram dentro da própria escola.

A ampliação da profissão que ocorre no período até a implantação e


desenvolvimento das grandes instituições se dá de forma lenta. A demanda por
assistentes sociais era maior do que a quantidade existida. No período inicial a
demanda entendida enquanto demanda profissional remunerada apresenta um
campo bem delimitado, aparecendo como importantes as iniciativas que partem
nas próprias escolas e organizações mantenedoras para a abertura do campo
profissional.

A demanda do setor público se centralizará em São Paulo no


departamento de Serviço Social do Estado ( que em 1940, por
exemplo, absorve 17 das 27 assistentes sociais em exercício) e em
algumas funções especializadas como Inspetores de Trabalho de
mulheres e menores (Departamento Estadual do Trabalho) e Juízo de
Menores. No campo particular, em algumas obras assistenciais de
maior amplitude e solidez e em iniciativas do próprio CEAS, como os
Centros Familiares organizados a partir de convênio com o
Departamento de Serviço Social do Estado. (IAMAMOTO e DE
CARVALHO, 2008, p. 188)

Nesse momento a visão do Serviço Social passa a ter um olhar mais


técnico e científico rompendo com a prática da caridade e dando mais ênfase a
elaboração do serviço da pessoa humana. Através de pesquisas científicas foi
possível identificar a complexidade dos problemas sociais.

A caridade passa a utilizar os recursos que a ciência e a técnica lhe


oferecem; mobiliza, além dos sentimentos, a inteligência e a vontade
para o serviço da pessoa humana. O Serviço Social representa uma
evolução dos antigos métodos, favorecida pelas descobertas
científicas, pelo desenvolvimento dos estudos sociológicos e,
principalmente, pela intensidade e complexidade dos problemas
sociais presentes. Isso o distingue das antigas formas de assistência.
(IAMAMOTO e DE CARVALHO, 2008, p. 201)

Porém com a legitimação dos direitos sociais no Estado Novo, que foi
possível a institucionalização do Serviço Social na execução das políticas
públicas sócio-assistenciais para as camadas menos favorecida.

O processo de institucionalização do Serviço Social dá,pois, início ao


processo de profissionalização do Assistente Social, que se torna
uma categoria assalariada inclusive alargando a base social de seu
recrutamento. (IAMAMOTO, 2001, p. 95)
- 32 -

Outro fato importante a ser salientado é a implementação e


desenvolvimento de instituições sociais e assistenciais tais como a LBA, o
SENAI, e SESI e Fundação Leão XVIII que refletiram diretamente no aumento
do campo do mercado de trabalho do assistente social, bem como auxiliou no
desenvolvimento rápido do ensino do Serviço Social.

A LBA tinha como objetivo prestar assistência às famílias dos


participantes da Segunda Guerra Mundial e logo depois passou a atuar em
todas as áreas de Assistência Social contribuindo para o desenvolvimento do
Serviço Social.

O SENAI tinha a responsabilidade de administrar as escolas de serviço


de aprendizagem aos industriários estando entre as primeiras e grandes
instituições a incorporar e teorizar o Serviço Social não apenas enquanto
serviços assistenciais corporificados, mas enquanto "processos postos em
prática” Iamamoto e De Carvalho (2008). A educação e a saúde aparecem
como fator contribuinte para a produção da força de trabalho, ou seja, se
tornam essenciais para o mercado da indústria.

O SESI colaborava na garantia do bem-estar ao trabalhador, estudando,


executando e planejando medidas para atender as demandas sociais. Sendo a
primeira instituição dirigida e financiada pelo empresariado que tinha a função
de prestar assistência ao proletariado e uma parcela da pessoa urbana.

A Fundação Leão XIII é considerada como a principal instituição que


tinha como objetivo a intervenção para a melhoria das favelas na cidade do Rio
de Janeiro e no Brasil. Garantindo as necessidades sociais àquela população
tais como: educação, saúde, lazer e outros. Nessa atuação a educação era o
foco principal, pois garantiria o levantamento moral das populações faveladas.

Dessa forma mobilizará apoio junto às forças armadas (transportes e


serviçpo de alimentação), paróquias e obras paroquiais (Vicentinos,
irmãs de caridade etc.), clubes esportivos (infraestrutura de esporte e
lazer), Serviço de Alimentação da Previdência (merenda escolar) etc.
Sua estrutura própria terá por base a implantação de Centros de Ação
Social (CAS) nas principais favelas, comondo-se os mesmos de
serviço de Saúde (higiene, pré-natal, higiene infantil, clínica médica,
lactário, gabinete de odontologia, pequenas cirurgias e farmácia) e
Serviço Social, tendo este por responsabilidade todas as atividades
fora do campo médico: Serviços dos Casos Individuais, auxílios [...].
(IAMAMOTO e DE CARVALHO, 2008, p. 284)
- 33 -

Houve um desenvolvimento economico e social da população com a


atuação do Serviço Social através das execuções das políticas sociais criadas
pelo Estado brasileiro e setores empresariais. Parte da população em extrema
pobreza, que foram o público-alvo das políticas sociais emanadas pelas
insituições recém-criadas passaram a ser inseridas na classe proletariada.

Na década de 1960 o Serviço Social busca o rompimento com as


práticas do conservadorismo e das técnicas influenciadas pelo Serviço Social
Norte-Americano. Era necessário uma maneira prática de intervenção na
classe social, adequando o agir profissional com a realidade do país. Esse
fenômeno ficou conhecido como o Movimento de Reconceituação que visava
uma renovação teórico-prático social, com propostas de intervenção e
compreensão da realidade social.

A partir de 1965 começa a ocorrer uma profunda erosão do Serviço


Social tradicional em muitos países, que historicamente se explicava
por uma crise do capitalismo nesse período. Esse período
compreendido entre as décadas de 1960 e 1970 foi marcado por uma
forte crítica às práticas empíricas, burocratizadas, funcionalistas da
profissão, as quais visavam ajustar o indivíduo ao capitalismo,
orientadas pela ética liberal-burguesa. Crescia, também, a onda de
movimentos reivindicatórios das classes subalternas que se opunham
à ordem burguesa, inclusive a categoria do Serviço Social.
(DOMINGUES CHIAPPETTA, BERNARDO e SIKORSKI, 2015, p.
118)

O Movimento de Reconceituação é considerado um grande marco na


profissão pois repercutiu no avanço em âmbito acadêmico culiminando no
surgimento de cursos de pós-graduação. Com esse curso o Serviço Social
passa a ser mais investigativo em suas ações se baseando na teoria Marxista,
ampliando seu campo de pesquisas possibilitando o entrosamento com
diferentes campos profissionais.

Logo após na década 1980 a profissão assume um caráter mais pautado


na Consituição Federal. Com as políticas sociais, o Serviço Social atua nos
direitos sociais tais como tripé da Seguridade Social (saúde, assitência social e
previdência social). Mesmo com todos ao impasses, desafios e barreiras que o
Estado remete para a prática do profissional, cabe a ele a função de orientar a
população sobre seus direitos bem como promover o acesso aos mesmos,
fazendo a mediação entre o usuário e o Estado.
- 34 -

A partir dos anos 80, as mudanças ocorridas na profissão foram


pautadas na necessidade de conhecer e acompanhar as
transformações econômicas, políticas e sociais do mundo
contemporâneo e da própria conjuntura do Estado e do Brasil. As
duas últimas décadas do século XX foram determinantes nos novos
rumos acadêmicos, políticos e profissionais para o Serviço Social. No
país, as intensas e crescentes manifestações de expressões da
questão social, decorrentes das inúmeras crises econômicas,
exigiram da profissão sua adequação a essas demandas sociais.
Esse período marca profundamente no País o desenvolvimento da
profissão por meio de um dos seus momentos importantes que é a
recusa e a crítica do conservadorismo profissional. (PIANA, 2009, p.
102)

Na década de 1990 ocorre a implementação do Projeto Ético-Político do


Serviço Social que eleva o comprometimento com valores e princípios, bem
como reconhece a liberdade, a pluraridade, e o pleno desenvolvimento dos
usuários. E logo após culminando na materialização do Código de Ética
Profissional do Assistente Social, na Lei de Regulamentação da Profissão de
Serviço Social e na proposta das Diretrizes Curriculares para a Formação
Profissional em Serviço Social.

Segundo Guerra (2007 apud PIANA, 2009, p.103) afirma que:

A década de 1990 confere maturidade teórica ao Projeto Ético Político


Profissional do Serviço Social brasileiro que, no legado marxiano e na
tradição marxista, apresenta sua referência teórica hegemônica.
Enfeixa um conjunto de leis e de regulamentações que dão
sustentabilidade institucional, legal, ao projeto de profissão nos
marcos do processo de ruptura com o conservadorismo: a) o Novo
Código de Ética Profissional de 1993; b) a nova Lei de
Regulamentação da Profissão em 1993; c) as Diretrizes Curriculares
dos cursos de Serviço Social em 1996; d) as legislações sociais que
referenciam o exercício profissional e vinculam-se à garantia de
direitos com: o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA de 1990,
a Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS de 1993, a Lei Orgânica
de Saúde em 1990

Atualmente, o assistente social trabalha diretamente nas expressões da


questão social. Entende-se por Questão Social o conjunto das expressões que
que são geradas pela desigualdade social, ou seja, o desemprego, as precárias
condições de vida, a miséria, o não acesso aos direitos sociais constituídos por
lei, à falta de educação aos indivíduos dentre outros.

Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais


variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as
experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde,
na assistência social pública etc. Questão Social que, sendo
desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam
- 35 -

as desigualdades e a ela resistem e se opõem. É nesta tensão entre


produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência
que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movidos
por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou
deles fugir porque tecem a vida em sociedade. (IAMAMOTO, 2001, p.
28)

3.2 DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

Os desafios do Assistente Social são constantes, a dificuldade de


realizar na prática o que se aprende na teoria é uma tarefa árdua. E em meio a
esse processo está inserido o indivíduo, que é vitima das mazelas e das
desigualdades sociais do Estado. E nem sempre o próprio Estado consegue
suprir as necessidade sociais dos usuários.

Temos, por um lado, o crescimento da pressão da demanda por


serviços, cada vez maior, por parte da população usuária mediante o
aumento da sua pauperização. Esta se choca com a já crônica - e
agora agravada - falta de verbas e recursos das instituições
prestadoras de serviços sociais públicos, expressão da redução de
gastos sociais recomendada pela política econômica governamental,
que erige o mercado como a "mão invisível" que guia a economia.
Verifica-se a inviabilização de programas de trabalho, a falência dos
serviços públicos nos campos da saúde, educação, habitação etc.
(IAMAMOTO, 2001, p. 160)

Sabemos que o primeiro setor é o campo de maior atuação dos


assistentes sociais. Nesse campo o profissional atuará na intervenção de
violação de direitos, sendo um mediador entre o Estado e o indivíduo,
executando programas e projetos sociais juntamente com as políticas públicas,
assumindo um caráter de gestor. Sendo assim, o trabalho do profissional
depende diretamente das ações do Estado, e quando este está em decadência
dos recursos financeiros, acarreta no fazer do profissional. Um dos maiores
desafios do assistente social é a falta de recursos para desenvolver na práxis
tudo que foi aprendido na vida acadêmica.

Porém essa realidade de precariedade dos serviços públicos que


enfrentamos e da qual temos de partir no cotidiano profissional, não
podemos deixar que ela nos asfixie. Não temos de ser
necessariamente levados ao imobilismo, à descrença, à desilusão
profissional. (IAMAMOTO, 2001, p. 161)
- 36 -

Cabe salientar que os desafios que contemplam a atuação do


profissional é a consolidação das dimensões teórico-metodológicas, ético-
político e técnico-operativo. Onde a dimensão teórico-metodológica refere-se à
capacidade de efetivar na práxis o que foi estudado, a segunda relaciona-se
aos objetivos das ações correlacionando com o princípio ético da profissão e a
terceira trata-se da capacidade do profissional utilizar meios e instrumentos
para alcançar os objetivos propostos.

Vale ressaltar que o profissional atualmente assume uma figura não só


de executor, mas também de implementador e formulador da política social.
Para isso é necessário uma excelente gestão pública, o que não acontece no
cotidiano, onde só dificulta a intervenção desse profissional.

3.3 SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO

A inserção do profissional de Serviço Social na educação atualmente é


muito importante para atender as demandas sociais no ambiente escolar, bem
como os fatores que influenciam no processo de escolarização do indivíduo.
Visando exercer um trabalho multidisciplinar de modo a inserção do indivíduo
no seu processo de desenvolvimento social nas escolas. Por isso "[..] a
atuação voltada para a garantia do acesso à educação escolarizada tem sido a
marca principal da inserção de assistentes sociais na Política de Educação [...]"
(CFESS,2012, p.38)

A educação tem finalidade de formar sujeitos críticos e cidadãos para


exercer seu papel no Estado, contribuindo para seu desenvolvimento social e
econômico. A realidade escolar brasileira é alarmante tendo em vista as
condições e os problemas enfrentados pelo profissional de educação e pelo
indivíduo inserido na escola.

Não existe escola para todos os níveis; 41% dos jovens não terminam
o ensino médio; 2/3 dos jovens entre 15 e 17 anos não estão na
escola; são elevados os índices de evasão e repetência escolar e de
analfabetismo. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica
mostra que, entre 1995 e 2001, o desempenho discente piorou. Em
2002, 74% dos que se submeteram à avaliação do ensino médio
(Enem) tiveram desempenho insuficiente. Vale lembrar que, para o
ensino médio, de cada cem estudantes, sessenta não o concluem, e
- 37 -

que 53% dos alunos estão atrasados na escola. (REZENDE e


CAVALCANTI, 2008, p. 122)

De acordo com a afirmação acima, é necessário entender todos os


fatores que interferem nesse processo de aprendizado, fatores esses que
dificultam a inserção do indivíduo ou até mesmo na permanência no ambiente
escolar. O assistente social conquistou o espaço educacional mediante à
afirmação do CFESS, 2001 aonde cita que são demandas para o profissional
em seu exercício na área da educação, atender às manifestações das
expressões da questão social, tais como: baixo rendimento escolar, evasão
escolar, desinteresse pelo aprendizado, problemas com a disciplina,
insubordinação a qualquer limite ou regra escolar, vulnerabilidade às drogas,
atitudes e comportamentos agressivos, violentos entre outros.

Cabe ao profissional de Serviço Social um trabalho complementar ao


que é realizado pelo docente. Todas as expressões da questão social citadas
acima possuem uma causa que deve ser investigada de modo a questionar tal
problema identificando e propondo alternativas de enfrentamento aos fatores
sociais e políticos, econômicos e culturais que interferem no sistema
educacional.

É no cotidiano escolar que se apresentam situações que revelam


diferentes dimensões da questão social que interferem no processo
de ensino-apendizagem. Cabe ao assistente social a tarefa de
imprimir finalidade à sua ação de forma crítica e consequente, a partir
das determinações mais gerais e particulares do seu campo
profissional. Nesse sentido, revela-se a importância do projeto ético
político com norteador da ação profissional em suas diferentes
dimensões. (REZENDE e CAVALCANTI, 2008, p. 130)

Diante dos fatores mencionados, cabe ressaltar que o comportamento


do aluno no ambiente escolar é fruto da convivência familiar. Problemas
vivenciados em seus lares até mesmo a violência doméstica e vulnerabilidade
relativa às condições de recursos da família repercutem em posturas
displicentes, tais como: comportamento agressivo, falta de atenção nas aulas,
tornando o aprendizado difícil ocasionando na evasão escolar muita das vezes.
O professor não tem formação específica para lidar com esses problemas,
portando a necessidade de um Assistente Social.
- 38 -

O assistente social, portanto, precisa viabilizar uma articulação com


outros setores da política social de forma a atender da forma mas
integral possível o aluno e sua família, buscando, por um lado, seu
acesso aos serviços e programas sociais existentes e, por um lado
seu acesso aos serviços e programas sociais existentes e, por outro,
a reconstrução da autonomia da família para que consiga articular
respostas e recursos compatíveis com uma melhor qualidade de vida.
Coloca-se aí a importância da estreita articulação com os Conselhos
de Direitos e Tutelares, como também o contato com as instituições
da localidade na qual se situa a escola. (REZENDE e CAVALCANTI,
2008, p. 132)

O assistente social tem um papel fundamental na formação da cidadania


de crianças e jovens. A cidadania também pode ser trabalhada nas escolas em
atividades extra curriculares através das oficinas, palestras e projetos. Também
deve ter um papel mediador entre a família, educadores e alunos organizando
encontros entre os três de modo a debater assuntos no cotidiano escolar.

Nas escolas públicas as questões de permanência escolar são um dos


principais desafios do assistente social. Os dois casos mais trabalhados a que
remetem à evasão escolar são a gravidez precoce e a necessidade de
trabalhar para acrescentar na renda familiar. O profissional deve dar atenção
especial a essas alunas que se encontram nessa situação, primeiramente o
papel deve ser preventivo através de palestras e projetos que tratam e
orientam sobre métodos preventivos. E no caso de ocorrência, deverá buscar
um método de conciliar as atividades na escola com a vida familiar, de modo a
contribuir para a educação buscando meios junto à direção da escola quanto o
cumprimento da grade curricular e formação da aluna garantindo a sua
autonomia. Já no caso do abandono escolar para o exercício profissional, o
assistente deverá verificar o enquadramento e o tipo de trabalho que poderá
ser exercido pelo jovem tendo como base as diretrizes do ECA, sempre
buscando um equilíbrio social.

Mesmo sabendo da importância do profissional do Serviço Social no espaço


educacional, não existe nenhuma lei aprovada que se torna obrigatória a presença do
assistente nas escolas. Encontra-se em vigor um projeto de lei de 2003, mas antes disso
foram realizadas várias buscas no projeto de lei, mas todas foram vetadas. Como mostra
a tabela abaixo:

Projetos de Ano Proposta para Justificativa Situação


- 39 -

Lei o Serviço atual


Social na
educação
Projeto de 1974 Art. 10 Será Os problemas Vetado
Lei Nº 2.006 instituída a presentes no
obrigatoriedade universo escolar
a Orientação em torno das
Educacional, expressões da
incluindo questão social
aconselhamento justificam a
vocacional e atuação do
Serviço Social assistente
Escolar, em social
cooperação
com os
professores, a
família e a
comunidade.
Projeto de 1976 Reapresentação Reapresentaçã Vetado
Lei Nº 1.995 do projeto o da justificativa
anterior anterior
Projeto de 1996 Art. 1º - Todas A justificação do Vetado
Lei Nº 2.349 as instituições projeto se dá
ou empresas pela
urbanas e rurais importância da
que atuam na política de
produção, assistência
prestação de social no Brasil,
serviços, que deve deixar
assistência de ser
social, compensatória,
planejamento, e passar a ser
previdência, política pública
habitação, de valorização e
educação, incentivo ao
- 40 -

saúde e ação trabalhador e


comunitária, atendimento
devem contratar adequado aos
e manter em usuários, em
seus quadros o um país de
Assistente imensas
Social demandas
sociais.
Projeto de 2000 O texto se limita A justificativa do Pronta para
Lei Nº 3.688 a atuação do projeto fica pauta no
profissional de circunscrita ao Plenário
Serviço Social enfrentamento
aos problemas dos processos
de evasão de evasão e
escolar e repetência
repetência, é escolar
bastante
conciso e não
faz referência
às
competências
dos assistentes
sociais nas
escolas públicas
Projeto de 2003 Art. 1º O Poder A presença e Vetado
Lei Nº 837 público deverá atuação da
assegurar equipe
atendimento por profissional
psicólogos e justifica-se
assistentes pelos
sociais a alunos problemas
das escolas vivenciados por
públicas de tantas famílias,
educação objetivando
- 41 -

básica que dele contribuir para


necessitarem um melhor
desempenho
dos alunos no
processo de
aprendizagem
Fonte: (PIANA, 2009)

O Projeto de Lei nº 2.009 de 1974 foi considerado extraviado por não ter
sido devolvido pelos relatores na tramitação. Já o de nº 1.995 de 1976, não foi
aprovado devido à comissão de finanças da câmara alegar que tal projeto viria
criar um pesado ônus para os estabelecimentos de ensino, já que para
funcionar o Serviço Social Escolar seriam necessário outros técnicos, como,
por exemplo, psicólogos e médicos. O projeto de nº 2.349 de 1996 partiu do
mesmo princípio do anterior, segundo o relator tal proposta iria de contra as
proposta do “Custo Brasil”, uma vez em que o país busca o corte de custos. O
Projeto nº 3.688 de 2000 encontra-se pronto para a pauta no Plenário. O
Projeto de nº 837 de 2003 encontra-se arquivado. Segundo a relatora a
presença obrigatória do profissional de Serviço Social nas escolas demandará
grandes despesas em conjunto com os salários dos professores que já são
baixos, a mesma propõe um trabalho integrado entre diferentes órgãos
governamentais sem a necessidade da lotação desses profissionais nas
escolas. Acrescenta ainda que os professores precisam ser capacitados para
identificar nos alunos evidências de maus tratos e saber a quem encaminhá-
los.

Portanto é possível observar que a maioria dos projetos apresentados


explica a atuação do assistente social na questão social refletida pelo aluno
decorrente de problemas familiares resultando no desempenho escolar. Porém
somente uma que está em tramitação por se tratar do trabalho multidisciplinar
envolvendo psicólogos. Sendo assim, o trabalho multidisciplinar vem
desembocando um papel fundamental na compreensão, orientação e
encaminhamento do indivíduo observando cada peculiaridade.

O assistente social que compreende e analisa a situação do aluno.


Associando as três dimensões da profissão é possível atuar de modo eficaz
- 42 -

enxergando o indivíduo e o contexto a qual está inserido e o reflexo na vida


escolar.

Sendo assim, no cotidiano escolar é repleto de desafios que exige do


profissional uma atuação nas expressões da questão social elaborando uma
ação articulada com outros profissionais fazendo da escola um lugar dinâmico
e essencial para a formação cidadã. Cabe salientar que não existe fórmula
para atuação profissional, cada caso tem sua peculiaridade e seu contexto
social que mediante a visão crítica do profissional deverá buscar a minimização
dos problemas que refletem no quadro educacional brasileiro.

4 PERFIL PROFISSIONAL NA EDUCAÇÃO.

4.1 DESAFIOS PARA O ASSISTENTE SOCIAL NA EDUCAÇÃO

Esse estudo tem por finalidade realizar uma pesquisa aplicada, uma vez
que utilizará conhecimento da pesquisa básica para resolver problemas.
Para um melhor tratamento dos objetivos e melhor apreciação desta
pesquisa, observou-se que ela é classificada como pesquisa exploratória.
Detectou-se também a necessidade da pesquisa bibliográfica no momento em
que se fez uso de materiais já elaborados: livros, artigos científicos, revistas,
documentos eletrônicos e enciclopédias na busca e alocação de conhecimento
sobre a evasão escolar como questão social na educação, correlacionando tal
conhecimento com abordagens já trabalhadas por outros autores.
A pesquisa assume como pesquisa bibliográfica, sendo exploratória, por
sua vez, proporcionar maior familiaridade com o problema, tornando-o explícito
ou construindo hipóteses sobre ele através de principalmente do levantamento
bibliográfico. Por ser um tipo de pesquisa muito específica, quase sempre ela
assume a forma de um estudo de caso (GIL, 2008)
O problema foi direcionando a pesquisa para as áreas da evasão escolar
e ainda a pesquisa como pesquisa bibliográfica, sendo este com a
compreensão de tratá-la como questão social na educação.Em que será feito
ao identificar os elementos que influenciam à essa problemática.
A atuação do Assistente Social na educação está pautada no campo dos
direitos, ou seja, na igualdade de acesso à todos, na garantia da
responsabilidade do Estado em oferecer um ensino público de qualidade,
- 43 -

sempre visando atender as demandas sociais da população e intervindo nas


problemáticas que resultam no quadro educacional brasileiro.

O profissional tem com um dos seus desafios trabalhar nos problemas


sociais que atingem os alunos, e que de certa forma resultam no processo de
evasão escolar.

Considerando a complexidade dos processos e das relações sociais


que se impõem na realidade, a escola enfrenta demandas para além
daquelas pertinentes à formação dos educadores. Dessa forma, a
escola necessita de outros "olhares", do conhecimento de outras
profissões, de outras formas de intervenção e, dentre eles,
destacamos a significativa contribuição do Serviço Social. (MARIA,
GONÇALVES DA SILVA, et al., 2015, p. 226)

O Estado tem a obrigação de oferecer educação para todo cidadão,


conforme a CF estabelece. A responsabilidade do sistema educacional é
distribuída entre a União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Os Municípios
são responsáveis por fornecer a educação de base obedecendo as seguintes
faixas etárias: creche (até 3 anos) , pré-escolas (4 e 5 anos) e o ensino
fundamental (7 a 14 anos). É obrigação do Município por lei, matricular todas
as crianças a partir de 4 anos na pré-escola.

No entanto, mesmo com a obrigatoriedade do Município, nem todas as


crianças estão matriculadas, se tornando um desafio para o Município. Esse
desafio na educação atualmente, é devido à crise econômica que afetou
também os municípios, resultando na indisponibilidade de recursos a ser
investido para ampliar a estrutura escolar atual. No caso do ensino
fundamental, é menos preocupante, há um número elevado de adolescentes e
crianças inseridos na escola, porém o nível de aprendizado é ruim. A maior
parte dos alunos possuem problemas na interpretação de textos.

Os problemas da educação básica apontados por especialista


são vários: os professores, além de muitas vezes pouco qualificados,
ganham salários baixos; os pais participam pouco da educação dos
filhos; e falta estrutura básica para dar uma boa aula (salas
adequadas, número de carteiras suficientes, merenda escolar e
acesso aos computadores são coisas que muitas escolas brasileiras
ainda não possuem). (ANDRÉ, 2016)

A formação de professores tem um caráter fundamental no sistema


educacional brasileiro. Diante das dificuldades encontradas na educação no
- 44 -

Brasil, a escola precisa de professores criativos, com processo de


aprendizagem experimentador, pronto a enfrentar os desafios inerentes à
política pública. O professor tem papel fundamental na vida do aluno. No
entanto, sem o número suficiente de professores para atender a demanda,
profissionais sem grau superior estão dando aulas no ensino fundamental.
Melhorar a formação dos professores é um grande desafio a ser enfrentado na
educação brasileira.

Sem a formação adequada o professor tem dificuldade de lecionar seus


alunos corretamente. Portanto é no curso de licenciatura que o professor
deverá aprender técnicas de ensino que visam a melhorar seus métodos de
ensino-aprendizagem.

Os cursos de licenciatura no Brasil, têm sido considerado os cursos


para a formação dos professores de disciplinas específicas, para as
séries finais de ensino fundamental e ensino médio, como também o
curso de pedagogia, que forma o professor para a educação infantil e
anos iniciais do ensino fundamental e para a docência nas disciplinas
pedagógicas dos cursos normais de nível médio. (ROMANAWSKI,
2013, p. 76)

Mesmo até com o curso de licenciatura,é necessário um preparo para os


novos e crescentes desafios encontrados na educação. Alguns estudiosos
apontam que a formação continuada é essencial para os professores.

[...]a necessidade de contínuo aprimoramento profissional e de


reflexões críticas sobre a própria prática pedagógica, pois efetiva
melhoria do processo ensino-aprendizagem só acontece pela ação do
professor, a necessidade de se superar o distanciamento entre
contribuições da pesquisa educacional e a sua utilização para a
melhoria da sala de aula, implicando também que o professor seja
pesquisador de sua própria prática; em geral, os professores têm uma
visão simplista da atividade docente, ao conceberem que para
ensinar basta conhecer o conteúdo e utilizar algumas técnicas
pedagógicas. (SCHNETZLER e ROSA, 2003, p.27)

É necessário que o professor esteja sempre se capacitando, melhorando


sua atividade na prática e oferecendo um ensino de qualidade para os alunos.
Sempre exercendo seu papel social e instruindo os educandos para construir
um futuro melhor.

Outro fato que desafia o trabalho do assistente social é a baixa


remuneração dos professores. Com a desmotivação dos professores, que é
- 45 -

fruto da baixa remuneração, o trabalho com os alunos fica comprometido, uma


vez em que o profissional não desenvolverá sua atividade com êxito. O
profissional tende a trabalhar em mais de uma instituição para aumentar sua
renda, e com isso seu dia torna mais complexo, dificultando no seu
desempenho e dedicação para os seus alunos. De acordo com o site
Qedu.org.br, uma pesquisa realizada com 234.000 professores aponta que
grande parte dos professores brasileiros trabalham em mais de uma
instituição.Portanto, a disponibilidade do profissional na escola acaba ficando
reduzida, pois ele terá de se adequar seu horário em cada instituição, isso
acarreta no desenvolvimento educacional e no acompanhamento com seus
alunos.

Entende-se que uma atuação de qualidade na formação dos alunos é


necessária que os educadores sejam valorizados mediante ao salário digno
oferecendo motivação para realizar um bom trabalho educacional. O salário
dos professores é baixo quando comparados com outra profissão de nível
superior, isso consequentemente acarreta na baixa procura de jovens para
exercer essa profissão o que pode ocorrer um grande problema para a
educação que é a falta de profissionais no mercado.

[...] professores são desvalorizados pela sociedade e pelo governo.


Esses profissionais recebem uma baixa remuneração e possuem uma
carga de trabalho. Trabalho este que, como sabemos e vivenciamos,
é extremamente difícil, pois o mestre precisa conviver com seus
problemas pessoais e familiares, além da própria tarefa de ensinar e
aprender. (FEITOSA e DIAS, 2015, p. 7)

Portanto fica evidente que os desafios do exercício profissional do


Assistente Social, perpassam todo o aprendizado teórico e metodológico no
decorrer da vivência acadêmica. Todos esses entraves são frutos de uma
administração política que acaba resultando no quadro educacional brasileiro.
O profissional no entanto deverá atuar sobre várias necessidades sendo
crítico e participativo, relacionando as dimensões e o contexto social da
realidade desenvolvendo uma ação transformadora.

4.2 EVASÃO ESCOLAR COMO QUESTÃO SOCIAL


- 46 -

Pode se dizer que De acordo com o ECA (1990): " A criança e o


adolescente têm direito à educação, visando o pleno desenvolvimento de sua
pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho".
Porém na prática a realidade é outra. A evasão escolar vem impedindo a
efetivação desse direito à educação. Entende-se por evasão escolar quando o
aluno deixa de frequentar a aula ou quando repete de ano e não efetua a
matrícula no ano seguinte. Essa prática causa prejuízos no desenvolvimento
social e econômico do país. Isso pode ocorrer por determinados motivos.

De acordo com o censo escolar cerca de 12,7% e 12,1% dos alunos


matriculados na 1ª e 2ª série do ensino médio, respectivamente,
abandonaram os estudos entre os anos de 2014 e 2015, o 9º ano do
ensino fundamental tem a maior taxa de evasão, 7,7%, seguido pela
3ª série do ensino médio, com 6,7%. Considerando todas as séries do
ensino médio, a evasão chega a 11% do total de alunos nessa etapa
de ensino. (IBGE)

A situação social e familiar contribui para o aumento dessa prática pelo


aluno, bem como outros problemas que perpassam a responsabilidade da
escola. Cabe ressaltar que diversos fatores contribuem para o afastamento do
aluno da escola e que são maiores os números no ensino médio do que no
ensino fundamental. Dentre os fatores que mais evidenciam a evasão escolar
destacam-se: a necessidade de trabalhar para complementar a renda familiar,
a falta de interesse pelo aluno devido a baixa qualidade e falta de tecnologia
nas escolas públicas, falta de transporte escolar e alimentação, o uso das
drogas, e até mesmo o bullyng.

A necessidade de trabalhar para complementar a renda familiar


contempla as faixas etárias compreendidas entre crianças e adolescentes
inseridas na escola. O trabalho infantil é considerado como um dos motivos
para a evasão escolar que devido à vulnerabilidade da família em conseguir
suprir suas necessidades básicas, acaba encontrando como saída a criança
como mão de obra para auxílio financeiro dividindo o tempo entre a escola e o
trabalho. Trabalhando em locais que exigem esforços físicos, as crianças ficam
cansadas e não conseguem ir às escolas, dando mais valor ao dinheiro e
deixando os estudos em segundo plano. O trabalho infantil é mais acentuado
no meio rural, porém isso não inibe a prática no meio urbano também. Segundo
a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad), cerca de 30,8% do
- 47 -

trabalho infantil é realizado no meio rural. Já no centro urbano um grande


número de crianças exercem atividades informal tais como: engraxate,
vendedor ambulante, vigia de carros e outros, fruto da falta de oportunidade da
família, bem como outros problemas como vícios e violência doméstica que
tem como consequência se submeter à essa prática.

Outro fato que deve ser mencionado é o trabalho exercido pelos jovens
que na maioria das vezes são causados por maternidade e paternidade
precoce. Segundo site (IBGE) existe 1,3 milhões de jovens entre 15 e 17 anos
que deixaram a escola sem concluir os estudos, dos quais 52% não
concluíram o ensino fundamental. Dentre esse número 610 mil são mulheres,
dentre elas, 35% o equivalente a 212 mil já eram mães nessa faixa etária, e 2%
das adolescentes grávidas permaneceram na escola. Nos homens 63%
estavam trabalhando ou procurando emprego. Esses jovens que evade a
escola não terão muitas opções de emprego e serão inseridos em mercado de
trabalho precário.

Segundo Ruth (2008) em seu livro acrescenta que :

As mulheres quando narram o abandono escolar, demonstram


arrependimento por não terem se dedicado mais aos estudos e
relacionam a situação atual de suas vidas com a falta de qualificação
o que lhes impede de ter melhores possibilidades de trabalho e
consequentemente mobilidade social. Entretanto, apesar do fracasso
escolar que elas vivenciaram em suas trajetórias de vida, a gravidez
foi a principal razão da evasão escolar e a maternidade o ponto de
dificuldade na continuidade dos estudos, observa-se que ser mãe
entre elas pode ser considerado como sucesso de um projeto de vida
em algum momento, estabelecido por ela. (DA TRINDADE e DE
ALMEIDA, 2008, p. 53)

Já os homens quando se tornam pais, carregam consigo o arcabouço de


manter e suprir as necessidades do filho, portanto para que isso aconteça é
necessário a ocupação em um lugar no mercado de trabalho. Sabendo que as
condições empregatícias que o menor aprendiz oferece, não é o suficiente para
arcar com as despesas do filho, o jovem se vê na condição de ingressar no
trabalho informal em busca de mais recursos ou até mesmo em trabalhos
ilegais, sem acesso aos direitos sociais que a constituição assegura. E muitos
deles, devido ao cansaço e até mesmo desinteresse pelos estudos acabam
abandonando as escolas. Cabe ressaltar que o menor de idade só pode
- 48 -

trabalhar na condição de aprendiz, seguindo os parâmetros do ECA e da


constituição: maior de 14 anos, matriculado e frequentando a escola.

A falta de interesse pelo aluno e a falta de tecnologia na escola também


podem ser considerado como um dos fatores que resultam na evasão escolar.
O desinteresse do aluno fato está relacionado com o currículo do ensino médio.
Trata-se de muito conteúdo, o excesso de disciplinas e de componentes
curriculares torna o ensino médio extenso e não muito agradável aos jovens, o
que resulta no desinteresse pelos estudos. Os adolescentes perdem o
interesse e não veem as aulas como algo de útil para a vida deles, alguns
ainda acreditam que não irão para a faculdade e não tem expectativa de futuro.
Acredita-se que com a reforma do ensino médio aprovada em fevereiro que dá
ao aluno a flexibilidade de escolher entre diferentes itinerários formativos, o
quadro de desinteresse possa ser revertido, e tornará o ensino médio mais
atraente para os jovens.

Outro fator importante que influencia na evasão escolar é a falta de


tecnologia nas escolas públicas. É necessário investimento em recursos
tecnológicos nas escolas públicas de modo a atualizar o ensino-aprendizagem
tornando mais dinâmico e participativo para os alunos. Os professores
precisam se comunicar com os adolescentes utilizando os recursos
tecnológicos que estão no contexto jovem atualmente, pois se isso não
acontecer, o jovem ficará desmotivado tendo que estudar em um método
arcaico e obsoleto. Os aparelhos utilizados pelos alunos não são aproveitado,
algumas escolas até a proíbem a utilização. Mas de fato faltam investimentos
em infra estrutura nas escolas. O site acrescenta que :

Na tentativa de levar as tecnologias digitais para as escolas públicas,


o Ministério da Educação e Cultura (MEC) até criou projetos, como o
Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), que leva
computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais às
escolas, o projeto Um Computador por Aluno (UCA), que distribui
netbooks para os estudantes e, mais recentemente, a distribuição de
tablets para professores do ensino médio. Para promover o acesso à
internet há ainda o Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE) e
outras ações, como o Programa Nacional de Formação Continuada
em Tecnologia Educacional (ProInfo Integrado), que orientam os
educadores sobre o uso dessas tecnologias.Os projetos podem até
estar na direção certa, mas é fato que a qualidade e a quantidade de
recursos para que eles alcancem bons resultados ainda são
insuficientes. O governo federal reforça a necessidade das escolas
estarem conectadas e das tecnologias pedagógicas serem
- 49 -

disseminadas na rede pública de ensino. A ideia é boa, mas de nada


vão adiantar bons projetos, se ainda faltam investimentos em infra
estrutura e suporte técnico. (ABELLÓN, 2015)

O caso da educação no meio rural é mais complicado, além do trabalho infantil


ser mais evidente, ainda conta com mais dois problemas que são: a falta de
escolas e transportes escolares. Com o fechamento de escolas, os alunos são
remanejados para outras mais longe das suas casas tornando o trajeto mais
cansativo e demorado, contribuindo para o abandono às aulas, resultando
ainda mais no quadro da evasão escolar no Brasil. Pesquisas em sites revelam
que mais de 30 mil escolas rurais foram fechadas até o ano de 2017.

Pelos dados do Gepec, de 2002 pra cá foram fechadas mais de 30


mil escolas rurais no país, levando muito mais crianças em todo país
a viver essa dura realidade, marcada por viagens arriscadas em
estradas e veículos mal conservados, sem a presença de um monitor
para cuidar da segurança, especialmente das menores, durante o
trajeto, sem alimentação adequada, com poucas horas de sono e
consequente cansaço. "Sem escola perto de casa, que foi fechada, a
tendência é o aluno abandonar os estudos e ficar em desvantagem
de oportunidades no campo ou na cidade", diz Luiz Bezerra. (DE
OLIVEIRA, 2017)

A falta de transporte escolar é um ponto negativo para a permanência do


aluno na escola. Devido à distância fica impossível percorrer o trajeto
caminhando o que geraria um esforço tremendo prejudicando a aprendizagem.
Cabe salientar que as condições das estradas no meio rural não favorece o
serviço do transporte, ou seja, o prejuízo relacionado à manutenção dos
veículos, que são causados pelo elevados buracos existentes, e a burocracia
quanto aos repasses dos recursos financeiros para efetivarem o reparo
acabam resultando na não circulação da frota. Sem ônibus para a locomoção,
os alunos ficam prejudicados por faltarem as aulas e muitos decidem por não
irem mais às escolas.

A alimentação nas escolas públicas pode ser considerada essencial para


estímulo no rendimento escolar dos alunos, bem como na sua frequência no
ambiente escolar. A escola tem o papel de fornecer refeição básica para as
crianças e os adolescentes oferecendo os alimentos necessários para garantir
o desenvolvimento desse público em constante transformação. A merenda
escolar representa para a maioria dos alunos como a única alimentação diária
- 50 -

garantida, fato esse que motiva a principal frequência do aluno nas escolas. As
refeições são responsáveis por interferir na capacidade de estudar, no bom
humor e no aperfeiçoamento no processo educacional do aluno.

Segundo, os professores, quando há merenda, os alunos ficam


felizes, alegres, não faltam e apresentam rendimento satisfatório em
aprendizagem; na falta, o rendimento cai devido à falta de
predisposição e vontade dos alunos, que não se concentram, ficam
tristes, irritados, mais agitados e difíceis de controlar.[...] o aluno só
frequenta a escola pública por causa da merenda[...]. (BEZERRA,
2009)

Segundo o (MEC), é responsabilidade do Fundo Nacional de


Desenvolvimento da Educação, garantir a transferência de recursos financeiros
para subsidiar a alimentação escolar de todos os alunos da educação básica
de escolas públicas e filantrópicas. O repasse é feito diretamente aos estados e
municípios, com base no censo escolar realizado no ano anterior ao do
atendimento.

Sabe-se que a Emenda Constitucional nº 64 incluiu a alimentação entre


os direitos sociais, fixados no artigo 6º da Constituição Federal de 1988.
Portanto esse direito é violado quando há falha na administração de recursos
impedindo o acesso à merenda escolar pelos estudantes. Pesquisas revelam
que algumas escolas públicas interrompem as atividades escolares devido à
falta de alimentos para a refeição. Muitos alunos terminam abandonando a
escola na busca de meios para suprir suas necessidades básicas.

O uso de drogas pelos estudantes também pode ser uma das causas
que levam à evasão escolar. A utilização de drogas por crianças e adolescentes
é um problema social que envolve todo o contexto em que o indivíduo está
inserido. Seus malefícios causam comportamento agressivo, desinteresse nas
aulas, mudanças na forma de agir e abandono escolar. Deve-se atentar as
razões que levam os jovens à usar drogas que na maioria das vezes são por
curiosidade, frustrações, busca de prazer, falta de atenção dos pais, enfim,
uma série de problemas que perpassam os olhares dos educadores.

Por fim, se tratando de uma prática tão recente nas escolas, pode-se
citar o bullyng, que são atos de violência física ou psicológica, intencionais e
repetitivas praticados por um individuo ou grupo, causando constrangimento,
- 51 -

sequelas emocionais na outra parte em uma relação desigual de poder. Tal


violência praticada tem como consequência uma série de transtornos
psicológicos no indivíduo que podem levar ao isolamento social, principal causa
que contribui para a evasão escolar.

Alguns sinais podem indicar que a criança ou o adolescente sofre de


bullyng, entre eles: falta de motivação para frequentar a escola, medo
de ir à aula (manifestado por faltas ou pedido para que os pais a
levem até a escola) diminuição do rendimento escolar, lesões
corporais, danificações de roupas ou de material escolar, depressão,
ansiedade, isolamento social, desatenção, pedidos repetidos de
dinheiro à família e até tentativas de suicídio. O bullyng pode levar,
até por seu caráter repetitivo, a graves consequências: evasão
escolar [...]. (FURTADO, 2009, p. 72)

Todos esses fatores acima citados que resultam na evasão escolar,


contribuem para o retrato da educação no país. A educação por sua vez, é
responsável pela formação cidadã do indivíduo e seu desenvolvimento social,
tornando um ser crítico e que agrega valor para a construção de um país
melhor. Por isso, Paulo Freire acrescenta que o maior objetivo da educação é
conscientizar o mundo, através de aulas que pudessem desenvolver a
capacidade crítica dos alunos defendendo uma educação que tinha a intenção
de inquietá-los, um lugar aonde tanto o professor quanto o aluno pudessem
aprender de modo democrático, dando a oportunidade a cada um de se
expressar. Já dizia que:

Não posso ensinar o que não sei. Mas, este, repito, não é saber de
que apenas devo falar e falar com palavras que o vento leva. É saber,
pelo contrário, que devo viver corretamente com os educandos. O
melhor discurso sobre ele é o exercício da sua prática. É
concretamente respeitando o direito do aluno de indagar, de duvidar,
de criticar que falo desses direitos. A minha pura fala sobre esses
direitos a que não corresponda a sua concretização não tem sentido.
(FREIRE, 2011, p. 59)

Fica evidente que a evasão escolar é uma expressão da Questão Social


na educação, sendo objeto de trabalho do Serviço Social. Sendo assim o
Assistente Social tem com matéria prima do trabalho o enfrentamento das
expressões da Questão Social que são latentes no cotidiano do exercício
profissional. Portanto para entender todo esse processo, é necessário uma
análise conjuntural intervindo no contexto social da realidade de cada indivíduo.
- 52 -

4.3 A INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA EDUCAÇÃO.

O assistente social tem um papel fundamental nas escolas, pois é ele


que trabalha na avaliação do indivíduo, compreendendo todo o contexto social
em que está inserido. Trabalhando com debates, palestras, participação em
Projetos Políticos Pedagógicos em escolas, e na orientação aos próprios
educadores, o profissional por sua vez incita a revolução de ideias dos alunos,
na visão crítica, na formação da cidadania, no cotidiano escolar e na solução
dos problemas sociais vivenciados pelos alunos que interferem no aprendizado
e na permanência na instituição de ensino, sempre respeitando a realidade do
aluno, bem como a comunidade a qual está inserido. Atuando nas demandas
dos desafios vividos na escola, servindo de motivação para o exercício
profissional é uma das características desse profissional.

A necessidade de trabalhar para complementar a renda familiar é


considerado umas das principais causas da evasão escolar, atingindo as faixas
etárias que vão desde à infância até a adolescência. No caso do trabalho
infantil, o profissional poderá atuar, tanto no cumprimento das obrigações legais
contidas no ECA no seu Art.86 "A política de atendimento dos direitos das
crianças e do adolescente fer-se-à através de um conjunto articulado de ações
governamentais e não governamentais, da união, dos estados, do distrito
federal e dos municípios", quanto na causa, ou seja, no fator gerador que leva
a criança a iniciar o trabalho para complementar a renda. O assistente social
trabalhará nas políticas de proteção e desenvolvimento da criança, através da
elaboração de programas em diversas áreas juntamente com a sociedade
visando guardar de qualquer risco, tais como: o trabalho infantil.

O trabalho infantil está relacionado diretamente com a vulnerabilidade,


numa realidade de desemprego e extrema pobreza das famílias inseridas
nesse contexto. Os pais utilizam a renda gerada pela criança para garantir a
sobrevivência, pois os mesmos não conseguem arcar com as despesas
sozinhos.

O governo federal implantou em 1996 o PETI (programa de erradicação


do trabalho infantil) com o objetivo de prestar auxílio financeiro à família em
situações de vulnerabilidade retirando crianças e adolescentes de 7 a 15 anos
- 53 -

do trabalho e inserindo-os em atividades sócio educativas com a finalidade de


promover a emancipação e realizar um trabalho de socialização.

Ele parte de três eixos de atuação: a concessão de uma bolsa para


as famílias beneficiadas para substituir a renda trazida pela criança
para o sustento da casa, a Jornada Ampliada, que engloba atividades
de educação, lazer, esportes, culturas, artísticas, etc. e por fim, o
trabalho de conscientização com as famílias, sobre os problemas que
o trabalho infantil pode acarretar e as vantagens de manter o filho
longe do trabalho. Porém, é de conhecimento de todos que a política
de erradicação do trabalho infantil dá maior ênfase ao aspecto da
renda. (ZALAMENA e COLDEBELLA, 2012)

O assistente social atua na mobilização das equipes de coordenação do


programa, na elaboração de atividades sócio educativas, na investigação e
identificação das demandas sociais, bem como realiza o encaminhamento
necessário para as especialidades que julgar necessário, na firmação de
parcerias juntamente com sociedade civil e na busca de recursos
orçamentários com o poder público. O profissional acompanhará essa família
beneficiada pelo programa realizando um trabalho de conscientização de modo
a orientar dos graves problemas que a prática do trabalho infantil pode
contribuir para a sociedade, para que não haja um retrocesso em sua condição
social, assumindo um papel sócio educativo com a sociedade e reinserindo
esse indivíduo no ambiente escolar, buscando a melhoria na qualidade de vida
dessa criança e consequentemente na família, impactando positivamente na
sociedade.

Na adolescência a necessidade de trabalhar na maioria das vezes têm


relação à paternidade ou maternidade precoce. Adolescentes ingressam em
atividades de trabalho informal, na busca de obter recursos para garantir o
sustento da criança e consequentemente abandonam os estudos por não
conseguirem conciliar as atividades.

É necessário ter em mente que a gravidez precoce é resultado de um


problema social na área de saúde, campo também de atuação do profissional.
Conforme nos orienta o Conselho Nacional da Saúde através da resolução Nº
218 de 06 de março de 1997 onde reafirma o Assistente Social entre outras
categorias de nível superior, como profissional de saúde. Portanto, o assistente
social possui diversos campos a serem trabalhados e através do exercer
- 54 -

profissional poderá constatar que uma falha na efetivação da política pública de


saúde, pode afetar uma outra política pública, que é a educação.

Sendo assim, o assistente social poderá trabalhar em dois casos: o de


prevenção e o de acompanhamento da gravidez. No caso da prevenção a
atuação poderá ser na elaboração de uma equipe multidisciplinar na área da
saúde pública, contendo enfermeiros e psicólogos, de modo a debater os
assuntos relacionados à vida sexual com os adolescentes nas escolas através
de palestras bem informais, com uma linguagem jovem, facilitando e
incentivando um bate papo e esclarecedor de dúvidas à respeito dos métodos
contraceptivos e doenças sexualmente transmissíveis. Deve-se também
elaborar programas com o intuito de estreitar os laços entre pais, educadores e
filhos, tendo como fator primordial a conversa sobre a vida sexual com os
alunos, destacando a importância do sexo e suas implicações em uma gravidez
indesejada.

Na situação de acompanhamento da gravidez, deve se ter em conta as


peculiaridades quanto à forma da gravidez. Se for de risco, ocorre quando o
corpo da gestante não está preparado para receber aquele bebê, sendo assim
o profissional deverá atuar de forma a prestar toda a assistência médico
hospitalar, realizando o Pré-Natal que é garantido no ECA, evitando problemas
futuros para ambas as partes, garantindo a vida estabelecida no art. 227. É
evidente também que a gravidez precoce nem sempre gera aceitação imediata
dos atores envolvidos. Portanto, o trabalho com a família deve ser essencial de
modo a evitar abortos e complicações gerados por fortes emoções e pressões
psicológicas durante a gravidez.

Cabe ressaltar que a atuação do profissional poderá se estender no


ambiente escolar, elaborando reuniões com gestores de escolas públicas de
modo a viabilizar métodos facilitadores e flexíveis que contribuem para a
gestante cumprir a currículo escolar sem prejuízo ao seu desempenho e à sua
vida familiar, tendo em vista que essa jovem dependerá da conclusão do
ensino para ser inserida em um mercado de trabalho promissor. E
concomitantemente a essa ação do profissional, seguindo os parâmetros do
ECA que estabelece a condição menor aprendiz, poderá ser realizado oficinas
- 55 -

incentivando o trabalho artesanal de modo a estimular a geração de renda por


parte dessas gestantes, com um trabalho que respeite as condições físicas,
evitando assim o abandono dos estudos para trabalhar.

Para diminuir o índice de evasão escolar nas escolas públicas, o


profissional deverá atuar também nas causas que levam o desinteresse do
aluno pelas aulas. Como dito anteriormente, fatos como a falta de tecnologia
nas escolas públicas contribui para a desmotivação dos estudantes e resultam
no abandono nos estudos por achar o conteúdo escolar pouco interessante.
Mas como o profissional atuará nesse caso?

O assistente social poderá trabalhar na execução de projetos já criados


pelo (MEC), tais como: o ProInfo, UCA, PBLE, ProInfo Integrado. Esses
projetos têm como objetivo inserir a tecnologia digital nas escolas públicas,
levando computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais às escolas,
distribuição de netbooks para alunos e tablets para professores do ensino
médio, bem como orientar os educadores na utilização dessa tecnologia.

Um dos principais desafios na concretização desses projetos está na


falta de infraestrutura nas escolas, recursos pra tornar o ensino mais atraente
pelos jovens e também na conciliação do currículo escolar e no método
tecnológico a ser utilizado, ou seja, como o docente irá ajustar o plano de
ensino com as tecnologias oferecidas. Sabe-se que o uso da tecnologia sem a
capacitação do professor, fica impossível garantir um ensino de qualidade.
Nesse caso é necessária uma capacitação aos professores através do
envolvimento amplo de todos os atores inseridos de modo a garantir uma aula
interativa e atraente para os jovens. O assistente social, a partir de um
levantamento de dados analisando professores e alunos, deverá identificar as
demandas de ambos, incentivando os professores e salientando a importância
da tecnologia na educação buscando uma forma conveniente de agregar esses
recursos tecnológicos na escola de forma eficaz.

A falta de transporte escolar no meio rural e a alimentação nas escolas


públicas também contribuem para o abandono escolar.

A Constituição Federal de 1988 assegura ao aluno da escola pública


o direito ao transporte escolar, como forma de facilitar seu acesso à
educação. A Lei nº 9.394/96, mais conhecida com LDB, também
- 56 -

prevê o direito do aluno no uso do transporte escolar, mediante a


obrigação de estados e municípios, no item VII, Art 208 - atendimento
ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde. (redação dada pela Emenda
Constitucional nº 59, de 2009) (e , 2016)

Na maioria dos casos, a frota fica indisponível quando falta recursos


para a manutenção ou para pagamento dos motoristas resultando assim no
trajeto que o estudante deverá fazer. O FNDE (Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação) é responsável por transferir recursos aos
estados, municípios e ao Distrito Federal para garantir uma educação de
qualidade contribuindo para um melhor transporte escolar. Com o intuito de
garantir o acesso e a permanência dos alunos nas escolas, foi elaborado os
seguintes programas: PNATE (Programa Nacional de Apoio ao Transporte
Escolar) e o programa Caminho da Escola.

Instituído pela Lei nº 10.880, de 2004, o PNATE consiste na


transferência automática de recursos financeiros aos estados, Distrito
Federal e municípios[...] . Os recursos são destinados ao pagamento
de serviços contratados junto a terceiros e despesas com reforma,
seguros, licenciamento [...] do veículo ou da embarcação utilizada
para o transporte dos estudantes. O programa Caminho da Escola foi
criado em 2007, está disciplinado pelo Decreto nº 6.768, de 2009, e
compreende a aquisição, por meio de pregão eletrônico para registro
de preços, de veículos padronizados para o transporte escolar. (e ,
2016)

Portanto, a realidade é diferente, dentre os principais motivos que


acarretam para a não efetivação desse direito é a falta de repasse de recursos
e questões burocráticas que impedem a contratação dos motoristas. Grande
parte da população rural não tem acesso aos seus direitos por não
conhecerem.

A alimentação nas escolas é também garantido pela CF em seu art. 208,


no inciso VII, aonde descreve que o estado deverá garantir atendimento ao
educando no ensino fundamental, através de programas suplementares de
material didático, transporte, alimentação e assistência à saúde.

O Assistente Social poderá atuar na disseminação desse assuntos com


os pais dos aluno de modo a mobilizar e procurar de fato exercer o papel de
cidadão. O trabalho do profissional deverá ser na orientação de denunciar
- 57 -

irregularidades identificadas na aplicação de recursos acarretando do não


cumprimento das obrigações legais ao TCU, aos órgãos do Sistema de
Controle Interno do Poder Executivo Federal, ao Ministério Público e ao
CACS/FUNDEB.

O uso das drogas na adolescência é um grave problema de saúde


pública que acaba resultando na condição social dos jovens e no seu futuro
quando o mesmo tende a abandonar a vida escolar e tomar outros rumos. A
PenNSE 2015 (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar), investigou o uso de
drogas ilícitas tais como: maconha, cocaína, crack, cola, loló, lança-perfume,
ecstasy, oxy etc. Os dados mostra que 9,0% dos escolares do 9º ano do ensino
fundamental já usaram drogas ilícitas, sendo esse percentual de 9,5% entre os
meninos e de 8,5% entre as meninas.

Os motivos mais presentes que levam o jovem a usar drogas são na


maioria das vezes a falta de diálogo com os pais, a falta de atenção, e a busca
do prazer.

O que leva o jovem a fazer uso de droga é a busca do prazer, da


alegria e da emoção. No entanto, esse prazer é solitário, restrito ao
próprio corpo, cujo preço é a autodescrição. [...] outra motivação forte
para o jovem buscar a droga é a transgressão. Transgredir é
contestar, é ser contra a família, contra a sociedade e seus valores.
(S. SANTOS, 2004, p. 56)

Cabe ressaltar que a prevenção é a forma mais eficaz de combater o


uso de drogas do que a repressão, pois possibilitará um desenvolvimento
humano e eficaz. O profissional de serviço social é essencial nesse processo
que vai atuar na busca da compreensão da problemática do uso de drogas,
intervindo na condição social a qual o indivíduo está inserido. Portanto, o
assistente social atuará na prevenção mediante a execução de programas,
incitando a participação dos pais na escola favorecendo o diálogo com os
filhos, orientar o quanto é necessário o acompanhamento dos filhos na escola e
quando aos seus comportamentos. No caso de certeza de consumo, o
profissional deverá buscar a motivação nesses dependentes de modo a
encorajar na sua recuperação mediante o tratamento, e fazendo os
encaminhamentos necessários às clinicas de dependentes químicos.
- 58 -

Através do trabalho preventivo bem elaborado é possível fortalecer todo


o trabalho realizado na escola transformando indivíduos e impactando na
redução da evasão escolar.

O Bullying é um problema de caráter mundial que cada dia que passa


aumenta a prática exercida nas escolas. Nesse caso o profissional deverá
atuar na investigação através de pesquisa e só depois criar projetos de
intervenção mediante a palestra, debates abertos entre pais, filhos,
coordenadores, gestores e educadores. O trabalho com a família é essencial
nesses casos que na maioria das vezes a vítima sofre calado e tem a única
opção de abandonar a escola como resolução dos problemas.

A atuação do Serviço Social na educação torna-se fundamental, uma


vez em que trata da política pública basilar do país. Aonde retrata as diversas
dificuldades no seu exercer bem como os desafios na sua execução e
melhoras no que tange à formação da cidadania e contribuição para o
desenvolvimento econômico e social do país.
Dessa maneira, segundo Rezende & Cavalcanti (2008), o profissional
deverá está inserido no contexto da educação de modo a estudar, avaliar,
investigar e intervir nos problemas que geram o fracasso escolar no indivíduo.
É necessário afirmar o quanto se busca uma educação de qualidade bem como
a permanência do indivíduo nela e através disso enfrentar os desafios que nela
persistem. Por isso afirma que:
No entanto, embora a política de educação tenha avançado, muito
ainda há para ser feito, visto que a educação é uma política pública
de direito constitucional, e que por isso, não deve ser apenas de
caráter quantitativo, sobretudo, almeja-se uma educação de
qualidade, a fim de promover o conhecimento crítico das classes
menos favorecidas e sua permanência na escola, tendo como base,
profissionais que possam contribuir para esse povo, com os
assistentes sociais. (Vilas Boas & Batista, 2012, p.17)

Conforme percebido, o profissional contribuirá bastante para o


complemento da educação do indivíduo, inserindo-o no contexto educacional e
exercendo a cidadania. Pode-se perceber através do:
A presença dos assistentes sociais na escola expressa, portanto, uma
tendência a compreender a educação de forma mais integrada,
envolvendo todas as dimensões da vida social humana, na qual o
acesso aos direitos se apresente de forma mais efetiva. (Vilas Boas &
Batista, 2012, p. 18)
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A escola por si só não consegue atender toda a demanda dos alunos


inseridos, ou seja, todos os enfrentamentos e conflitos sociais vivenciados por
eles. Trata-se de uma tarefa árdua, aonde a classe menos favorecida é
prejudicada. Sendo assim, o assistente social trabalha nesse meio a conflito de
modo a intervir na solução dos problemas bem como midiatizar os conflitos já
existentes. Garantindo o direito à educação e o serviço prestado com qualidade
que é dever do Estado. Segundo Rezende & Cavalcanti (2008), " Contudo a
indisciplina e a desatenção podem também estar relacionadas com situações
familiares episódicas ou de caráter mais permanente".
Deste modo:
O assistente social, portanto, precisa viabilizar uma articulação com
outros setores da políticas social de forma a atender de forma mais
integral possível o aluno e sua família, buscando, por um lado, seu
acesso aos serviços e programas sociais existentes e, por outro, a
reconstrução da autonomia da família para que consiga articular
respostas e recursos compatíveis com uma melhor qualidade de vida
(Rezende & Cavalcanti, 2008,p.132).

Portanto não restam dúvidas de que o Serviço Social contribui bastante


para a educação no país. Através dessa prática é possível o alinhamento bem
como a garantia da educação permanente. Na relação com a família e seus
conflitos vivenciados se dá a intervenção do profissional na busca da igualdade
de classes e direitos garantidos pelo cidadão.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da pesquisa bibliográfica realizada juntamente com os dados


coletados extraídos de livros e artigos, foi possível perceber o quanto o
problema da educação envolve outras políticas públicas. No entanto, é fatídico
que somente o educador não conseguirá suprir as necessidades básicas dos
- 60 -

alunos e trabalhar de maneira eficaz no que tange aos conflitos vivenciados no


cotidiano.

O objetivo da pesquisa foi explicitar como as expressões da questão


social na educação podem ser objetos de trabalho do Assistente Social.
Somente o profissional com as características de cunho humanista e crítico
possibilitará um trabalho eficaz de modo a minimizar o quadro de evasão
escolar.

Portanto fica evidente que a participação do Serviço Social na educação


é de suma importância, pois através da atuação desse profissional que tem a
função de propor discussões que visam o aprimoramento do desempenho
educacional, é possível reduzir o quadro de evasão escolar no Brasil. Atuando
de forma eficaz nas mais variadas expressões da questão social, e intervindo
nos casos peculiares de cada cidadão e em seus contextos familiares, esse
profissional tem a responsabilidade em refletir sobre a problemática e atender
as demandas dos desafios vividos nas escolas atualmente. Sendo assim, cabe
ao assistente social um olhar crítico observando e analisando todo contexto
social a qual o indivíduo está inserido, propondo soluções para os problemas
vividos nas crianças e adolescentes no ambiente escolar. Problemas esses que
perpassam das competências dos educadores e tendo como desafios a
atuação do profissional. Com uma ação pautada na ética, o profissional
contribui para o desenvolvimento sócio educativo dos alunos, assegurando a
universalidade de direitos, equidade e justiça social garantindo um
desenvolvimento econômico social para o Brasil.

Diante disso, é perceptível a necessidade do profissional nas escolas,


pois o mesmo contribuirá para a formação educacional dos indivíduos,
estudando e investigando todas as formas de luta contra a violação de direitos
das crianças e adolescentes enfrentando a violência, a exclusão social e a
evasão escolar.
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