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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0141801-61.2015.8.05.0001
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : JULIVALDO DOS SANTOS

Recorrido(s) : BANCO BRADESCO

Origem : 17ª VSJE DO CONSUMIDOR (MATUTINO)

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

CORRIGIDO

A ANALISE AQUI É OUTRA DIVERSA DA FEITA PELO JUIZ. COMPREENDO QUE A


QUESTÃO DEVE SER VISTA SOB A ÓTICA DO SUPERENDIVIDAMENTO E NESTE CASO
AFRONTA A LEI EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS QUE SUPEREM O LIMITE DE 30% DA
MARGEM CONSIGNÁVEL DO EMPREGADO E INCLUSIVE DO SERVIDOR PÚBLICO QUE
TEM LEGISLAÇÃO PRÓPRIA.

OBSERVANDO QUE NÃO É CASO DE ANULAR OS CONTRATOS, NEM DEVOLUÇÃO EM


DOBRO, MUITO MENOS DANOS MORAIS, POIS OS EMPRÉSTIMOS FORAM
CONTRAÍDOS, ENTRETANTO NÃO OBEDECEU AO LIMITE LEGAL. VEJA O PODERIO
ECONÔMICO DO BANCO EM DETRIMENTO DO HIPOSSUFICIENTE E VULNERÁVEL
CONSUMIDOR, E SIM READEQUAÇÃO DO VALOR E DO Nº DE PARCELAS DOS
EMPRÉSTIMO, OBSERVANDO QUE ESSA READEQUAÇÃO NÃO PODE INCIDIR JUROS E
ENCARGOS, JUSTAMENTE PARA QUE NÃO HAJA ONFENSA A LEI QUANDO
ULTRAPASSE A MARGEM CONSIGNÁVEL. IMPOR TAMBÉM A OBRIGAÇÃO DE FAZER
PARA APRESENTAR UMA PLANILHA E ESTABELECER OS DESCONTOS NO
CONTRACHEQUE SE DÊ NO PRAZO DE 60 DIAS, CABENDO A PARTE AUTORA
MANIFESTAR-SE EVENTUAL DESCUMPRIMENTO NESSE PRAZO.

VEJA OS MODELOS DE ENTENDIMENTOS CONSTANTE DO EV. 48 PARA


FUNDAMENTAR A NECESSIDADE DE PROCEDÊNCIA PARCIAL PARA REVISÃO DOS
CONTRATOS E READEQUAÇÃO DO PAGAMENTO E OS MODELO DE UM
JULGAMENTO DE DR. ALBÊNIO QUE LHE MANDEI PELO EMAIL E AINDA DÊ UMA
OLHADA no sistema EM UM VOTO DE DRA. CÉLIA DE Nº 0106097-89.2012.805.001

VOTO- E M E N T A
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. BANCO. EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO.
MARGEM CONSIGNÁVEL ACIMA DE 30%. ILEGALIDADE. PRÁTICA QUE
GERA PREJUÍZO À PRÓPRIA SUBSISTÊNCIA DO CONSUMIDOR.
OBSERVÂNCIA DO LIMITE DE 30% DOS RENDMENTOS BRUTOS DA PARTE
AUTORA. DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado manejado contra sentença proferida pelo


Juízo de 1º grau que julgou improcedentes os pedidos contidos na exordial, por
entender o magistrado sentenciante pela inexistência de cobrança indevida.

2. O recorrente pugna pela reforma da sentença ,aduzindo, em síntese, que


houve prática abusiva na cobrança de parcela de empréstimo consignado que
supera o percentual de 30% sobre os seus rendimentos, requerendo a declaração
da abusividade da conduta, bem como declaração de nulidade do contrato,
restituição em dobro e pedido indenizatório por danos morais.

1. A demonstração do fato básico para o acolhimento da pretensão é


ônus do autor, segundo o entendimento do art. 373, inciso I, do NCPC, partindo daí
a análise dos pressupostos da ocorrência de indenização por danos morais,
recaindo sobre o réu o ônus da prova negativa do fato, segundo o inciso II do
mesmo artigo supracitado.

2. Em que pese o quanto alegado pelo réu, após análise da prova colacionada
aos autos, nota-se o comprometimento por si só da verba alimentícia em mais de
30% dos rendimentos consignáveis do autor, caracterizando flagrante abusividade.

3. Em sendo assim, merece acolhimento o pedido de limitação dos descontos


das parcelas vincendas dos contratos ao percentual de 30% dos rendimentos
brutos do autor.

4. Nesse sentido :

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DE MÚTUO. DESCONTO


PELA INSTITUIÇÃO FINANCEITA EM CONTA CORRENTE.
CLÁUSULA PERMISSIVA NO CONTRATO. AUTONOMIA DA
VONTADE. LIVRE DISPONIBILIDADES DOS CRÉDITOS DA CONTA
CORRENTE. RETENÇÃO DE GRANDE PARTE DO SALÁRIO.
IMPOSSIBILIDADE. DIREITO CONSTITUCIONAL DE PROTEÇÃO
AO SALÁRIO. NATUREZA ALIMENTAR. DIGINIDADE DA PESSOA
HUMANA. LIMITAÇÃO DO DESCONTO EFETUADO EM CONTA
CORRENTE EM 30% (TRINTA POR CENTO) DA REMUNERAÇÃO.
CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1.O
salário, diante de sua natureza alimentar, é instituto protegido
constitucionalmente (art. 7º, inciso X, da Constituição Federal) contra
eventuais abusos contra ele impingidos, dentre os quais se encontra
sua retenção dolosa. 2. O Superior Tribunal de Justiça pacificou
entendimento no sentido de que é vedada a apropriação integral dos
depósitos feitos a título de salários ou rendimentos em conta bancária
de seus clientes, ou de quase sua totalidade, visando à cobrança de
débito decorrente de contrato de mútuo entabulado, ainda que
existente cláusula permissiva no contrato de adesão. 3.Em que pese
não haver óbice legal para que o servidor contrate empréstimo com
prestações em valor superior a 30% (trinta por cento), a ser pago
mediante débito em conta corrente, a jurisprudência tem entendido
que são abusivos os descontos compulsórios que constringem
parcela considerável da remuneração do devedor, por ofensa ao
princípio da dignidade da pessoa humana. 4. Aplicando-se, por
analogia, o limite indicado no Decreto nº 6.386/08 para as
consignações em pagamento, devem-se limitar os descontos de
prestações derivadas de empréstimo bancário efetuados em conta
corrente do devedor em 30% (trinta por cento) de seus rendimentos
brutos quando verificado que o valor descontado consome toda a sua
renda, ou grande parte dela, e compromete seu sustento e de sua
família. 5. É negligente a instituição financeira que, mesmo podendo
aferir a capacidade econômica do contratante, que já possui
comprometida sua remuneração mensal, permanece concedendo
empréstimos ao consumidor, deixando de observar seus deveres
decorrentes da boa-fé objetiva, cabendo salientar que os
fornecedores de crédito devem adotar as cautelas necessárias ao
efetivo recebimento do pagamento, mas também devem tomar
medidas visando a evitar o superendividamento dos consumidores,
preservando, assim, o princípio da dignidade da pessoa humana. 6.
Recurso conhecido e improvido.(TJ-DF - APC: 20130110436343,
Relator: ALFEU MACHADO, Data de Julgamento: 20/05/2015, 3ª
Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 22/05/2015 .
Pág.: 182).

4. A utilização de percentual de margem consignável acima de 30%, portanto,


consubstancia fato que desequilibra as finanças pessoas do consumidor,
induzindo-o ao comprometimento da sua renda e ao superendividamento, o que é
vedado pelo CDC, seus princípios, bem como deve ser rechaçado pelo poder
judiciário.
5 Por outro lado, os descontos realizados pelo réu na forma descrita na
inicial não conduz à invalidade dos contratos, como requerido pelo autor, de modo que
não há que se falar em restituição de valores, bem como em nulidade dos contratos
impugnados, haja vista que houve a prévia e consciente manifestação de vontade pela
parte autora.
Ademais, não se verifica a ocorrência de situação apta a ensejar a
reparação a título de indenização por dano moral ante os contornos fáticos da lide, vez
que não restou caracterizada significativa ofensa à honra ou esfera íntima da parte autora,
bem como por se tratar de contrato , no qual manifestara a parte acionante o seu livre
consentimento, usufruindo benefícios oriundos da relação jurídica, ainda que constatada a
abusividade na contratação da margem consignável superior a 30%.

Assim, voto no sentido de CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO


AO RECURSO interposto, reformando em parte a sentença vergastada, apenas para
determinar que os descontos das parcelas vincendas oriundas dos contratos entabulados
junto ao réu não ultrapassem o percentual de 30% dos rendimentos brutos do autor, sob
pena de multa a ser arbitrada oportunamente em caso de comprovado descumprimento
da decisão, bem como condeno a ré na obrigação de fazer, consistente na elaboração de
memória de cálculo e estabeleça o valor dos descontos no contracheque da parte autora,
observado o limite da margem consignável, no prazo de 60 ( sessenta) dias, cabendo à
parte autora manifestar-se acerca do descumprimento do referido prazo. Sem custas
processuais e honorários advocatícios.

5. Salvador, Sala das Sessões, 23 de Fevereiro de 2017.


6. BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
7. Juíza Presidente e Relatora

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0141801-61.2015.8.05.0001
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : JULIVALDO DOS SANTOS
Recorrido(s) : BANCO BRADESCO

Origem : 17ª VSJE DO CONSUMIDOR (MATUTINO)

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA
AUXILIADORA SOBRAL LEITE –Presidente e Relatora , ISABELA SANTOS LAGO e
ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte decisão: RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata do
julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios pelo êxito da parte no
recurso. .
Salvador, Sala das Sessões, 23 de Fevereiro de 2017.
BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Presidente e Relatora

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