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Índia e Oriente Médio

1. Índia: potência emergente


• Aspectos gerais
➢ Localizada ao sul do continente asiático, a Índia é o
sétimo maior país do mundo em extensão territorial, faz
fronteira com seis outras nações e é banhada pelo Oceano
Índico.
➢ A Índia é uma república federativa constituída por 28
estados e 7 uniões territoriais.
• Potência emergente
➢ Com o PIB de 1,8 trilhão de dólares (2012), a Índia é a
décima economia do planeta.
➢ Apresenta elevadas taxas de crescimento econômico
desde a década de 1990, resultado de investimentos e do
estabelecimento de acordos bilaterais em escala regional
e global.
➢ Seu comércio regional é intenso e seus principais
parceiros são a China, o Japão e a Coreia do Sul.
➢ Caracterizada como potência emergente na atualidade,
forma o grupo conhecido com Brics ao lado do Brasil,
Rússia, China e África do Sul.
➢ Um dos fatores que põe a índia em destaque no cenário
internacional é seu arsenal nuclear, desenvolvido no
contexto das disputas territoriais com o Paquistão.
• Economia e presença estatal
➢ Após a independência do país, em 1947, houve elevados
investimentos do Estado em ramos industriais como o
siderúrgico, o bélico, o automotivo e o de máquinas e
equipamentos, visando substituir as importações e tornar
o país mais autossuficiente.
➢ Atualmente, a economia indiana é diversificada. O país
conta um parque industrial espalhado pelos núcleos
urbanos (Calcutá, Mumbai, Chennai e Nova Délhi) e
ainda dispõe de reservas de petróleo, carvão e ferro –
recursos fundamentais para os setores siderúrgicos e
petroquímico. A agricultura, praticada em vastas áreas do
território, é o setor que mais emprega na Índia. E o setor
de serviços tem promovido a integração indiana no
mercado global por meio do desenvolvimento de
empresas de alta tecnologia e de telemarketing.
• As empresas de alta tecnologia
➢ Nas últimas décadas, os indianos ganharam destaque nas
atividades ligadas à tecnologia de informação, em sua
maioria situadas na cidade de Bangalore, no sul do país.
➢ Um fator que contribui para essa expansão é o forte
movimento de retorno do exterior de jovens indianos que
estudaram em grandes universidades estadunidenses e do
Reino Unido, em áreas voltadas à informática e à
engenharia.
• Bollywood e a indústria do entretenimento
➢ A maior indústria de entretenimento do mundo está na
Índia.
➢ Concentra-se em Mumbai e seu nome deriva da mistura
entre Bombaim e Hollywood, o famoso complexo de
cinema nos Estados Unidos.
➢ Tem mais de cem anos de existência, produz mais de mil
filmes por ano e na última década cresceu cerca de 10%
ao ano.
➢ Os filmes Bollywood voltam-se basicamente para o
público indiano, embora sejam feitos em quantidade
muito maior do que nos Estados Unidos.
• Mão de obra e mercado interno
➢ A Índia tem atraído para seu território empresas de vários
países por alguns motivos:
✓ Mão de obra qualificada, composta de técnicos e
engenheiros formados nas excelentes
universidades e escolas técnicas do país.
✓ Excedente de mão de obra com baixa qualificação,
para os postos de trabalho que exigem pouca
especialização.
✓ Mercado consumidor com elevado potencial. Com
o aumento da renda per capita ocorrido nos últimos
anos, houve ampliação da demanda de bens de
consumo.

2. Índia: população e desigualdade


• População
➢ A Índia tem a segunda maior população do mundo,
somando 1,2 bilhão de pessoas. É mais populosa que
Indonésia, Estados Unidos, Brasil, Paquistão e
Bangladesh juntos.
➢ Embora o crescimento demográfico esteja em declínio
nos últimos anos, a ONU prevê que, em 2030, a
população indiana será a maior do planeta (superando a
China), com 1,5 bilhão de pessoas.
• Vale do Rio Ganges
➢ O Ganges é o maior rio da Índia, com 2,5 mil quilômetros
de extensão. Nasce no Himalaia e deságua no delta do
Sundarbans, no Golfo de Bengala.
➢ É um rio sagrado para os seguidores do hinduísmo,
religião predominante na Índia.
➢ Mais da metade da população indiana concentra-se no
vale do Ganges, onde estão situadas algumas das maiores
cidades do país, como Calcutá, Patna e Nova Délhi.
➢ Apesar da sua importância, o rio está seriamente
comprometido sobretudo pela poluição decorrente do
lançamento de resíduos residenciais e industriais.
• Desigualdades sociais
➢ A grande diversidade cultural e socioeconômica indiana
é uma importante característica do país: além da
multiplicidade de religiões praticadas (hinduísmo,
islamismo, cristianismo, sikhs, entre outras) e das línguas
faladas (hindi, bengali, inglês, etc.), a população
submetida a uma forte estratificação social.
➢ A desigualdade social é resultado da associação entre o
processo histórico colonial concentrador de renda e a
existência de um sistema que impede a ascensão
socioeconômica de grande parte da população, por meio
de fundamentação religiosa.
• A permanência do sistema de castas
➢ O sistema de castas é uma forma de organização social
baseada no hinduísmo, no qual os membros dos clãs e
famílias são designados a desempenhar um determinado
trabalho nos lugares onde vivem, sem que haja espaço
para qualquer tipo de mobilidade social ao longo da vida.
➢ O sistema de castas é dividido em cinco grupos, de
acordo com a estrutura do corpo do deus Brahma:
✓ A cabeça, representada pelos Brâmanes, de que
fazem parte líderes religiosos, filósofos e
professores;
✓ Os braços, representados pelos Xátrias, de que
fazem parte militares e governantes;
✓ As pernas, representadas pelos Vaixás, de que
fazem parte comerciantes e agricultores;
✓ Os pés, representados pelos Sudras, de que fazem
parte artesãos, operários e camponeses;
✓ A “poeira sob os pés”, ou seja, os que são
considerados impuros por não terem origem no
corpo de Brahma. Por ninguém ousar tocá-los, são
chamados de “intocáveis” ou “dalits”.
➢ O sistema de castas ainda está arraigado na sociedade
indiana, e as populações excluídas ainda são vítimas
de preconceitos.
➢ Muitos dalits se converteram ao islamismo e ao
budismo como forma de conseguir libertar-se dessa
realidade.
• Pobreza e miséria
➢ Um grande número de indianos vive em situação de
pobreza e miséria, com precário acesso a infraestruturas
de saneamento básico, eletricidade, transporte e
habitação.
➢ A pobreza na Índia resulta de anos de exploração
colonial, a qual estruturou a economia do país em função
de interesses externos.
➢ Ainda hoje, grande parte da agricultura indiana é voltada
para a exportação de produtos tropicais, herança das
plantations coloniais que ocuparam as melhores terras
com algodão, chá, juta e cana-de-açúcar.
• As grandes cidades e o crescimento urbano
➢ Mumbai, Nova Délhi, Bangalore, Calcutá e Chennai são
algumas das cidades indianas que cresceram sem
planejamento, formando alguns dos principais
aglomerados urbanos do mundo.
➢ Assim como outras grandes cidades dos países
emergentes, os centros urbanos na Índia apresentam forte
contraste social, com infraestrutura precária, intensa
favelização, caos urbano, sistema de saúde defasado e
acesso restrito a água limpa.
• Conflitos étnicos e separatistas
➢ Alguns conflitos étnicos e separatistas ameaçam a
unidade territorial da Índia. Entre eles estão a disputa
com o Paquistão pela Caxemira, ao norte do país; os
confrontos entre hinduístas e sikhs, grupo étnico-
religioso do estado do Punjab, que luta pela
independência política; e entre indianos e chineses, pelas
regiões de Aksai Chin e de Arunachal Pradesh.
➢ Com relação à disputa pelo território da Caxemira, desde
sua independência, a Índia chegou a travar três guerras
com seu vizinho, o Paquistão: em 1947, em 1965 e em
1999.
➢ Atualmente, a Índia tem um território amplamente
militarizado, mantendo acordos de comércio de armas e
proteção militar com Rússia, França e Israel.

3. Oriente Médio: região estratégica


• Uma região estratégica
➢ O Oriente Médio é uma região estratégica em termos
econômicos e geopolíticos, visto que conecta a Ásia, a
Europa e a África.
➢ Além disso, nesse território estão localizadas as maiores
jazidas de petróleo do mundo.
• Aspectos físicos
➢ O relevo do Oriente Médio é constituído, em grande
parte, de planaltos circundados por montanhas. As
planícies estão situadas, em geral, entre o litoral e os
conjuntos montanhosos. No interior da região, entre rios
Tigre e Eufrates, destaca-se a Planície da Mesopotâmia,
de grande valor histórico-cultural.
➢ Os climas predominantes são o árido e o semiárido,
motivo pelo qual quase toda a região é formada por
desertos.
• Estresse hídrico
➢ O Oriente Médio é a região que enfrenta o maior estresse
hídrico do planeta.
➢ Grande parte da água consumida é retirada de lençóis
freáticos e de aquíferos. A maior parte é usada na
irrigação, o que compromete o consumo doméstico.
➢ A ONU prevê para os próximos anos problemas como o
agravamento da contaminação dos aquíferos, o
desperdício e o surgimento de disputas pelo uso de águas
em zonas fronteiriças.
• Conflitos no Oriente Médio
➢ O Oriente Médio é uma região em que existem tensões e
conflitos que perduram há décadas.
➢ A posse das jazidas de petróleo e o controle do fluxo do
escoamento desse recurso motivam enfrentamentos entre
os países os países do Oriente Médio.
➢ Outro grave conflito que ocorre na região, protagonizado
por israelitas (judeus) e árabes (muçulmanos), é a disputa
pelo território localizado ao sul do Líbano e a nordeste da
Península do Monte Sinai, entre o Mar Mediterrâneo e o
Vale do Rio Jordão, a Palestina.
• Petróleo
➢ Os países do Golfo Pérsico são responsáveis pelo
fornecimento de um terço do petróleo consumido no
planeta e, nessa região. Concentram-se cerca de 65% das
reservas do mundo.
➢ Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque,
Kuait e Catar, juntamente com Angola, Argélia, Líbia,
Nigéria, Venezuela, Equador, compõem a Organização
dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
➢ O Opep reúne Estados responsáveis pela extração e
refino do petróleo, com grande influência sobre a
quantidade de petróleo disponível no mercado
internacional, bem como sobre o preço do barril.
➢ Nos dias atuais, o petróleo produzido no Oriente Médio
adquire grande influência no mercado internacional,
sendo comercializado para todo o mundo.
➢ Assim, os territórios do Oriente Médio se firmam como
os principais exportadores de petróleo do planeta,
distribuindo o produto por meio de oleodutos e navios
petroleiros a todos os continentes.
• A Questão Palestina
➢ O conflito recente entre árabes e judeus na Palestina teve
origem com a criação do Estado de Israel, em1948, e a
não criação de um Estado árabe na região, como previa o
plano de partilha da ONU de 1947.
➢ Razões históricas de onde viveram os ancestrais dos
judeus levaram à decisão de instalar Israel na região,
então ocupada majoritariamente por árabes. Com o
surgimento do novo Estado, grande parte dos palestinos
que ali viviam se refugiou na Faixa de Gaza, na Jordânia,
na Síria, no Líbano, no Iraque e no Egito.
➢ A proposta de criação do Estado de Israel foi aceita pela
Assembleia Geral da ONU, mas rejeitada pelos árabes
palestinos e por países próximos, como Egito, Síria,
Iraque, Líbano e Jordânia.
➢ As sucessivas derrotas árabes nas guerras de 1947-1948
(Guerra da Partilha), 1967 (Guerra dos Seis Dias) e 1973
(Guerra do Yom Kippur) consolidaram territorialmente o
Estado de Israel e dificultaram a criação do Estado árabe.
• O difícil processo de paz
➢ Ao longo dos anos, a relação entre árabes e judeus na
região teve momentos de muita tensão e setores de ambos
os lados foram se radicalizando, o que dificultou ainda
mais qualquer possibilidade de paz.
➢ A permanência de assentamentos israelenses, conjunto
de moradias ocupadas por judeus em áreas da
Cisjordânia, território ocupado por Israel em 1967,
dificulta as negociações de paz. Por outro lado, grupos
palestinos não reconhecem a existência do Estado de
Israel e pregam sua destruição com o uso da força e de
ações terroristas.
➢ Com a mudança de “entidade observadora” para “Estado
observador”, a Palestina (Cisjordânia e Faixa de Gaza)
passou a poder solicitar ingresso em agências e órgãos
ligados à ONU, incluindo o Tribunal Penal Internacional.
• Primavera Árabe
➢ Em dezembro de 2010, uma série de manifestações e
protestos tomou conta dos países árabes do Oriente
Médio e no Norte da África contra os regimes autoritários
que controlavam a vida política de alguns países. Esse
conjunto de manifestações ficou conhecido como
Primavera Árabe.
➢ Em 2014, a Síria vivia uma guerra civil. As autoridades
sírias foram alvo de acusações internacionais por crimes
cometidos contra a população civil em seu território,
incluindo o uso de armas químicas, proibidas pela ONU

4. O novo Oriente Médio


• A riqueza do petróleo
➢ Desde o final do século XX, alguns dos maiores
produtores de petróleo do Oriente Médio passaram a
diversificar a economia de seus territórios investindo
volumosos recursos no desenvolvimento de setor de
serviços, em especial, o turismo de luxo.
➢ O petróleo enriqueceu os governantes do Golfo Pérsico,
em grande parte monarcas ou xeques.
➢ Bilhões foram investidos na transformação de áreas
desérticas em cidades que abrigam centros de alto luxo.
➢ O recente processo de modernização acarretou também
certa ocidentalização das populações locais e
crescimento da indústria de construção civil, que passou
a ser polo de atração de empregos para muitos países, não
apenas na Ásia, mas também no continente africano.
➢ No entanto, algumas denúncias feitas por jornalistas e
ONGs alegam que a maior parte das construções
suntuosas desses locais é feita com a exploração irregular
da mão de obra imigrante, composta majoritariamente de
operários da Índia, do Paquistão, de Bangladesh, do
Nepal, do Irã, das Filipinas e também, em menor
quantidade, da China e da Etiópia.
➢ Alguns apontam ainda que, além da má remuneração, há
um quadro de escravidão moderna em cidades como
Dubai e Abu Dabi, onde mais de 70% da população é
composta de migrantes.

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