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Nome: Lívia Vanin Silva RA: 201605

Rafaela Morelli 205048


Grupo 11 – HL 323 A - Linguagem e Significação: Teoria e Prática

1. Que questões exigem a decisão do lexicógrafo sobre a macroestrutura, isto é,


sobre o plano geral do dicionário monolíngue geral de língua?
A primeira questão que o lexicógrafo se depara na construção de um dicionário é
qual será a extensão da nomenclatura e/ou macroestrutura, isto é, o número de palavras-
entrada que irão compor o corpus do dicionário. O fator direcionador para a escolha
dessa nomenclatura é o público a quem o dicionário se destina, o numerário irá condizer
com a extensão desse público. Comumente, os lexicógrafos sabem que uma estrutura de
aproximadamente 50.000 palavras-entrada é mais que suficiente para o grande público
por ser muito superior ao vocabulário de seu usuário médio, já que a extensão vocabular
de um homem culto atinge aproximadamente 25.000 palavras.
A partir do momento que essa decisão é tomada, a próxima a se fazer é como
selecionar as palavras que irão compor esse corpus, considerando a extensão escolhida,
essa costuma ser feita com base em critérios léxico-estatísticos. O principal
direcionamento que para que seja tomada essa decisão é a frequência de uso das
palavras cogitadas, apenas aquelas com maior relevância são selecionadas dentro do
escopo de possibilidades que abrange a construção de um corpus, e essas possibilidades
“deve conter, no mínimo, 10 milhões de ocorrências de todas as modalidades de
discurso e/ou texto para garantir a representatividade do acervo lexical da língua, bem
como de seu uso” (BIDERMAN, 1998, p. 132).
Em seguida, o lexicógrafo precisa avaliar a sua concepção de regionalismo para
que essa se apresente em sua obra. Afinal, essa concepção remete a questão da norma
linguística e leva em consideração certos questionamentos acerca da língua padrão, pois
qual é o ponto de referência para considerar esse termo como regional? E se ele é
categorizado como tal, qual região detém a característica de detentora da língua padrão?
A decisão acerca de qual posicionamento tomar fica a critério do lexicógrafo,
entretanto, essa não frequentemente foge da concepção tradicional de que regionalismos
são tudo aquilo que não se encaixa na variedade linguística da “metrópole”, podendo
essa ser Portugal em relação ao Brasil, momento em que esses estrangeirismos são
denominados “brasileirismos”, ou tudo aquilo que foge da variedade linguística usada
no eixo Rio/São Paulo, considerado como português brasileiro padrão.
Outra decisão delicada a ser tomada pelo lexicógrafo é a de como selecionar os
arcaísmos da língua, isto é, palavras, ou expressões, que se tornaram obsoletas no
espectro linguístico e caíram em desuso, que farão parte do dicionário. E a principal
questão que direcionará sua seleção é qual serão o parâmetro e o limite das suas
escolhas, que dependem da extensão da nomenclatura e, também, do público ao qual
será direcionada a obra.
2. Que questões exigem a decisão do lexicógrafo sobre a microestrutura, isto é,
sobre a estrutura interna do verbete do monolíngue geral de língua?
A primeira questão com que o lexicografo pode se deparar se refere a definição
de unidade lexical que constituirá a entrada do dicionário. Isso se dá porque a definição
de palavra carrega em si problemáticas ainda não resolvidas completamente e levantam
sérias questões teóricas. As unidades lexicais complexas apresentam um grande
problema em seu reconhecimento, principalmente por (i) questões ortográficas, como no
caso de unidades lexicais grafadas como se fossem várias unidades, por exemplo em ar
condicionado; (ii) por serem locuções de cunho gramatical, como por exemplo em
ainda assim e consigo mesmo; (iii) e por serem sequências de combinatórias lexicais
maiores, como no caso de sintagmas nominais e verbais, por exemplo taxa de
mortalidade infantil. Portanto, cabe ao lexicografo a decisão de incorporar essas lexias
complexas a macroestrutura do dicionário, isto é, aparecendo como entradas do
dicionário ou se serão incorporadas a outros verbetes como subentradas dos mesmos.
Além disso, outra questão que se levanta e que exige a decisão do lexicógrafo
sobre a microestrutura concerne ao tratamento de homonímia e polissemia. O
procedimento comum na lexicografia moderna é incluir os diferentes valores semânticos
de um mesmo lexema em um único verbete.

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