Grupo 11 – HL 323 A - Linguagem e Significação: Teoria e Prática
1. Que questões exigem a decisão do lexicógrafo sobre a macroestrutura, isto é,
sobre o plano geral do dicionário monolíngue geral de língua? A primeira questão que o lexicógrafo se depara na construção de um dicionário é qual será a extensão da nomenclatura e/ou macroestrutura, isto é, o número de palavras- entrada que irão compor o corpus do dicionário. O fator direcionador para a escolha dessa nomenclatura é o público a quem o dicionário se destina, o numerário irá condizer com a extensão desse público. Comumente, os lexicógrafos sabem que uma estrutura de aproximadamente 50.000 palavras-entrada é mais que suficiente para o grande público por ser muito superior ao vocabulário de seu usuário médio, já que a extensão vocabular de um homem culto atinge aproximadamente 25.000 palavras. A partir do momento que essa decisão é tomada, a próxima a se fazer é como selecionar as palavras que irão compor esse corpus, considerando a extensão escolhida, essa costuma ser feita com base em critérios léxico-estatísticos. O principal direcionamento que para que seja tomada essa decisão é a frequência de uso das palavras cogitadas, apenas aquelas com maior relevância são selecionadas dentro do escopo de possibilidades que abrange a construção de um corpus, e essas possibilidades “deve conter, no mínimo, 10 milhões de ocorrências de todas as modalidades de discurso e/ou texto para garantir a representatividade do acervo lexical da língua, bem como de seu uso” (BIDERMAN, 1998, p. 132). Em seguida, o lexicógrafo precisa avaliar a sua concepção de regionalismo para que essa se apresente em sua obra. Afinal, essa concepção remete a questão da norma linguística e leva em consideração certos questionamentos acerca da língua padrão, pois qual é o ponto de referência para considerar esse termo como regional? E se ele é categorizado como tal, qual região detém a característica de detentora da língua padrão? A decisão acerca de qual posicionamento tomar fica a critério do lexicógrafo, entretanto, essa não frequentemente foge da concepção tradicional de que regionalismos são tudo aquilo que não se encaixa na variedade linguística da “metrópole”, podendo essa ser Portugal em relação ao Brasil, momento em que esses estrangeirismos são denominados “brasileirismos”, ou tudo aquilo que foge da variedade linguística usada no eixo Rio/São Paulo, considerado como português brasileiro padrão. Outra decisão delicada a ser tomada pelo lexicógrafo é a de como selecionar os arcaísmos da língua, isto é, palavras, ou expressões, que se tornaram obsoletas no espectro linguístico e caíram em desuso, que farão parte do dicionário. E a principal questão que direcionará sua seleção é qual serão o parâmetro e o limite das suas escolhas, que dependem da extensão da nomenclatura e, também, do público ao qual será direcionada a obra. 2. Que questões exigem a decisão do lexicógrafo sobre a microestrutura, isto é, sobre a estrutura interna do verbete do monolíngue geral de língua? A primeira questão com que o lexicografo pode se deparar se refere a definição de unidade lexical que constituirá a entrada do dicionário. Isso se dá porque a definição de palavra carrega em si problemáticas ainda não resolvidas completamente e levantam sérias questões teóricas. As unidades lexicais complexas apresentam um grande problema em seu reconhecimento, principalmente por (i) questões ortográficas, como no caso de unidades lexicais grafadas como se fossem várias unidades, por exemplo em ar condicionado; (ii) por serem locuções de cunho gramatical, como por exemplo em ainda assim e consigo mesmo; (iii) e por serem sequências de combinatórias lexicais maiores, como no caso de sintagmas nominais e verbais, por exemplo taxa de mortalidade infantil. Portanto, cabe ao lexicografo a decisão de incorporar essas lexias complexas a macroestrutura do dicionário, isto é, aparecendo como entradas do dicionário ou se serão incorporadas a outros verbetes como subentradas dos mesmos. Além disso, outra questão que se levanta e que exige a decisão do lexicógrafo sobre a microestrutura concerne ao tratamento de homonímia e polissemia. O procedimento comum na lexicografia moderna é incluir os diferentes valores semânticos de um mesmo lexema em um único verbete.