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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro Tecnologia
Departamento de Engenharia Elétrica

LINHAS DE
TRANSMISSÃO E ONDAS

UFRN Prof. José Patrocínio da Silva


Ementa do curso
Equações de linhas de transmissão e suas soluções para o
caso sem perdas. Propagação de transitórios. Transmissão
em linha com perdas. Propagação com dependência
harmônica no tempo. Diagrama de Smith e aplicações.
Casamento de impedâncias. Linhas de transmissão
planares. Parâmetros distribuídos das linhas de
transmissão. Modos de terminação TE e TM. Guias de
Onda. Fibras Ópticas. Aplicações seções de linhas e guias
de ondas como elementos de circuitos. CAD para linhas de
transmissão e guias de ondas.

Tipos de guias de ondas. Equação de onda para


UFRN propagação em guias de onda.
2
Bibliografia
Básica:
 Stuart M. Wentworth, “Eletromagnetismo Aplicado, Bookmam”, 2009.

Complementar:
 Matthew N. O. Sadiku, Elementos de Eletromagnetismo, Editora Bookmam;
UFRN  Rao, N. N, “ Elements of Enginnering Eletromagnetics”, Prentice Hall, 1987;
 W. C Johnson, “Linhas de Transmissão e Circuitos, Guanabara Dois, 2000.
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Ondas
O que uma onda?
Em geral, ondas são meios de transportar energia ou
informação. No caso das ondas eletromagnéticas:
Ondas de rádio;
Sinais de TV;
Feixes de radar e
Raios luminosos.
Características Principais das ondas Eletromagnéticas:
Viajam com alta velocidade;
Ao se propagarem apresentam propriedades ondulatórias;
UFRN São geradas a partir de uma fonte
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Ondas Eletromagnéticas
As ondas eletromagnéticas podem se propagar nos
seguintes meios:
Espaço livre ( = 0,  = 0,  = 0);
Dielétricos sem perdas ( = 0,  = r0,  = r 0 ou  << );
Dielétrico com perdas (  0,  = r0,  = r 0);
Bons condutores ( = ,  = r,  = r 0 ou  >> )

Onde
 representa a condutividade do meio;
 representa a permissividade elétrica;r0,
 representa a permeabilidade magnética e
 representa a frequência angular das ondas eletromagnéticas
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Conceitos importantes
Onda Eletromagnética é uma perturbação física composta por um
campo elétrico (E) e um campo magnético (H) variáveis no tempo,
perpendiculares entre si, capaz de se propagar no espaço ou através de
guias.

Frequência: número de oscilações por unidade de tempo (Hz).

Velocidade de propagação: depende do meio onde a onda se propaga.


A velocidade máxima de uma OEM é a velocidade da luz, 300.000 km/s,
no vácuo.

Comprimento de onda: distância percorrida pela onda


durante um ciclo. É definido pela velocidade de propagação
UFRN dividida pela frequência.  C/ f

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Campos elétrico e magnético

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Guias de Onda e Linha de
Transmissão
Estrutura de guiamento: Uma estrutura de guiamento é um meio que
serve para guiar (ou orientar) a propagação de energia de sua fonte até a
carga. Exemplos de estruturas de guiamento são as linhas de transmissão e
os guias de onda.

Linha de Transmissão: É uma linha com dois ou mais condutores


isolados por um dielétrico que tem por finalidade fazer com que uma TEM
se propague de modo guiado. Esta propagação deve ocorrer com a menor
perda possível. São usadas normalmente em baixa frequência para
distribuição de potência e em alta frequência em telecomunicações.

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Guias de Onda e Linha de
Transmissão
A abertura física de uma LT paralela que transporta uma TEM,
proporciona uma variação senoidal de potencial (Volts) e de corrente
(Ampères) nos condutores. Esta variação provoca o aparecimento de
linhas de campo magnético e elétrico variáveis em torno do dipolo
formado, dando origem a uma onda eletromagnética que se propaga no
espaço livre.

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Guias de Onda e Linha de
Transmissão
Guia de onda: Também é usado para transmitir um energia de um ponto
(gerador) a outro (carga).

Diferença entre Guia de Onda e Linha de Transmissão

A linha de transmissão só suporta onda dos tipos transversal elétrica (TEM),


enquanto que um guia de onda pode suportar muitas configurações de campos
diferentes;

Em frequências de micro-ondas (3 – 300 GHz), as linhas de transmissão se


tornam ineficientes devido ao efeito pelicular a as perdas dielétricas. Os guias de
onda nessa frequências são utilizados para obter maior largura de banda e menor
atenuação do sinal;

As linhas de transmissão podem operar desde corrente contínua (f = 0) até


frequências relativamente altas. Enquanto que os guias de onda podem operar
UFRN somente acima de uma certa frequência, chamada frequência de corte, e, portanto
podem atuar como filtros passa alta.
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Tipos de Guia de Onda
Os tipos de guias de onda mais comuns são:
Condutores
Dielétricos
GUIAS CONDOTORES

RETANGULAR

Vantagem: pode ser rígido ou flexível


Desvantagem: possui uma relação potência x
atenuação pior que o circular.

CIRCULAR

Vantagem: melhor relação potência x atenuação


Desvantagem: mecanicamente inviável
por não ser flexível
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Tipos de Guia de Onda

TRANSIÇÃO
H - V RETANGULAR

TRANSIÇÃO
RETANGULAR- CIRCULAR

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Tipos de Guia de Onda

GUIAS CONDOTORES

UFRN

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Tipos de Guia de Onda
GUIAS DIELÉTRICO – FIBRA ÓPTICA
A fibra óptica é um elemento fundamental nas comunicações ópticas, uma vez
que é o meio responsável pela transmissão da informação com mínima
atenuação ou perda de sinal.
A fibra é um elemento flexível e transparente, feita de plástico ou vidro, capaz de
transmitir luz, através de reflexões internas sucessivas, com velocidade
aproximadamente 2/3 da velocidade da luz no vácuo (Cvácuo = 3,00 x 108 m/s)

casca
Ar

UFRN núcleo

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Tipos de Linhas de Transmissão
Uma linha de transmissão consiste basicamente de dois ou mais
condutores paralelos usados para conectar uma fonte a uma carga.

Fios Paralelos

Exemplo: Fios Paralelos


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Tipos de Linhas de Transmissão
Linha Coaxial

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Tipos de Linhas de Transmissão
Linhas de Microfita (Microstrip Lines)

UFRN

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Tipos de Linhas de Transmissão

UFRN

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Parâmetros das Linhas
de Transmissão
Usualmente é conveniente descrever as linhas de transmissão em
termos dos parâmetros da linha, também conhecidos como parâmetros
distribuídos, que são a resistência por unidade de comprimento R, a
indutância por unidade de comprimento L, a condutância por unidade
comprimento G e a capacitância por unidade de comprimento C. Neste
caso, R, L, G e C não são parâmetros discretos, mas distribuídos, ou
seja, estes parâmetros estão distribuídos uniformemente ao longo do
comprimento da linha..

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Parâmetros das Linhas
de Transmissão
𝜇 = 𝜇0 𝜇𝑟
𝜀 = 𝜀0 𝜖𝑟
𝜎𝑐 → Condutividade
do condutor
𝜎𝑑 → Condutividade
do dielétrico
a é o raio do condutor
externo, b é o raio medido
do centro do cabo ao
condutor externo e d é
espessura do dielétrico para
o caso da linha bifilar. L é a
indutância externa por
unidade de comprimento.
Na tabela acima, considera-se que a profundidade de Os efeitos da indutância
penetração do condutor é muito menor que a espessura do interna (L=R/) são
dielétrico. Aqui, considera-se também que em altas frequências, desprezíveis em altas
o campo elétrico não é capaz de penetrar, em grande parte, o frequências , nas quais
condutor. Como consequência disso, a corrente localiza-se opera a maior parte dos
UFRN próximo a superfície do condutor, na casca do condutor. A
1 sistemas de comunicação
profundidade de penetração pode ser da por: 𝛿 =
𝜋𝑓𝜇𝜎𝑐 20
Uso das Linhas de
Transmissão
PORQUE LINHAS DE TRANSMISSÃO (LT)?
De posse das equações telegráficas, pode-se desenvolver as equações para a
propagação de onda em linhas de transmissão começando com uma teoria
simples, baseada na teoria de circuitos aplicada ao seguimento diferencial de
uma LT
Variação diferencial do espaço no tempo
Comportamento no tempo e no espaço de = velocidade V   E dl
uma LT  z z
 1 c
vp   f  
   r r

Comportamento no tempo
T= 𝟏/𝒇

E x  E0 x cos( t   z )

UFRN Comportamento no espaço 

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Uso das Linhas de
Transmissão
Uma experiência simples

l=1,5 cm

f = 1 MHz  = 94,96 m

f = 10 GHz  = 0,949 cm

UFRN Em 10 GHz a linha não pode mais ser representada por parâmetros
concentrados.
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Uso das Linhas de
Transmissão
Em (a), uma tensão senoidal é
aplicada através de um resistor. A fonte
e o resistor são conectados por meio de
um condutor ideal de comprimento
desprezível e estão em fase. Em (b),
uma linha de transmissão de um
quarto de comprimento de onda é
inserida entre a fonte e o resistor. A
tensão sobre o resistor em (c) está
defasada de 90º em relação a tensão da
fonte.

UFRN

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Circuito Equivalente
para uma LT

UFRN

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Circuito Equivalente
para uma LT
Linha bi filar

UFRN

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Circuito Equivalente
para uma LT
Linha Coaxial

UFRN

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Circuito Equivalente
para uma LT
Modelo genérico

Vantagens: Fornece uma visão clara e fisicamente intuitiva; representação


como rede de duas portas, permite a análise usando as leis de Kirchhoff.

Desvantagens: Análise em apenas uma dimensão e as não linearidades


UFRN dos materiais são desprezadas, o que pode causar erros por aproximação
quando os materiais não lineares são analisados por uso dessa técnica.
Circuito Equivalente
para uma LT
R = R1+R2
L = L1+L2

UFRN Malha Nó

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Circuito Equivalente
para uma LT

Definição de Derivada

UFRN

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Circuito Equivalente
para uma LT
Se para a linha ao lado a tensão
for uma função do tempo, logo:

v( z, t )  V ( z) cos(t   )
V(z) depende somente da posição
ao longo da linha.

Identidade Euler


v( z, t )  Re V ( z )e j (t  ) 

UFRN
Procedendo de maneira análoga, a
corrente poderá ser escrita como:

i( z, t )  Re I ( z )e j (t  ) 
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Circuito Equivalente
para uma LT
Na forma fasorial: v( z, t )  ReV ( z )e  e  jt j

v ( z , t )  Ree V ( z )e 
j t j
V ( z )  V ( z )e
S
j


v( z , t )  Re VS ( z )e jt  
i ( z , t )  Re I S ( z )e jt 
Na forma fasorial suprime-se “Re” e ejw, portanto:

v( z, t )
 jVs ( z )
t
Analogamente:

i ( z , t )
UFRN
 jI s ( z )
t 31
Circuito Equivalente
para uma LT
As equações gerais para uma linha de transmissão,
também conhecidas como equações, na forma
fasorial podem ser escritas como:

dVS ( z )
 ( R  jL) I S ( z ) Tensão
dz

dI S ( z )
 (G  jC )VS ( z ) Corrente
dz
Derivando ambos os lados da equação para tensão:
d 2VS ( z ) dI S ( z ) d 2VS ( z )
2
  ( R  j L ) 2
 ( R  jL )(G  jC )VS ( z )
dz dz dz
UFRN d 2VS ( z )
2
  2
VS ( z )   ( R  jL )(G  jC )    j
dz 32
Circuito Equivalente
para uma LT
d 2VS ( z ) Equação diferencial do tipo linear de segunda
2
  2
VS ( z ) ordem
dz

Solução possível, onde A e  são


VS ( z )  Ae z constantes arbitrárias

UFRN

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Circuito Equivalente
para uma LT
Solução

UFRN

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Características das
linhas de Transmissão
Linha de Transmissão sem distorção:
R G

L C
Linha de Transmissão sem distorção:
 jC 
  RG 1      j Constante de Propagação
 G 

R (1  jL R R L Impedância
Z 0    R0  jX 0
G (1  jC G ) G C Característica

 1 Velocidade de propagação, sendo f a


u   f
UFRN  LC frequência e  o comprimento de onda.

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Características das
linhas de Transmissão
Na maioria dos casos com linhas de transmissão o
meio dielétrico usado é normalmente não magnético.
Com isso tempo:
 C 1
u  , já que c  Velocidade de Propagação
 0 0 0

L 1   b 60b Impedância
 ln  2  Z0  ln  
C 4   a 
2
r  a  Característica

Resumo
UFRN

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Características das
linhas de Transmissão

Caso Constante de Impedância


Propagação Característica
Geral R  j L
( R  jL)(G  jC )
G  j C

Sem Perdas 0  j LC L
 j0
C

Sem distorção L
RG  j LC  j0
C

Cabo coaxial b


0  j LC 60
ln  
com dielétrico r  a 
não magnético

UFRN

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Exemplo
Um fio de cobre com diâmetro de 1,0 mm é envolvido por 1,0 mm de
espessura de teflon, então encapado com cobre. Assumindo que este cabo
coaxial seja sem perdas, queremos determinar a velocidade de propagação
u e a impedância característica.
d = diâmetro do cobre
Diâmetro do dielétrico

Cobre
d 1
a   0,5mm
2 2

Teflon
60 b 60  (1  0,5) mm 
Encapamento de cobre Z0  ln    ln  
r  a  2,1  0,5mm 
Isolamento

c 3  10 8 m / s Z 0  46
UFRN u   2,07  10 8 m / s
r 2,1

Material não magnético 38


Exemplo 2
Qual deve ser o raio exterior do teflon no exemplo anterior para que a
linha tenha uma impedância característica de 50 .

60 b 60  b 
Z0  ln    ln    50
r  a  2,1  0,5 
 b 
ln    1,2076  ln(b)  ln(0,5)  1,2076
 0,5 
ln(b)  1,2076  ln(0,5)
ln(b)  1,2076  0,69314
ln(b)  0,51445
b  e 0,51445  1,6727 mm
UFRN

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Exemplo 3
Uma linha de transmissão sem distorção tem Z0 = 60 ,  = 20 mNp/m, u
= 0,6c, onde c é a velocidade da luz no vácuo. Encontre os parâmetros da
linha para uma frequência de 100MHz.
RC  uma
Para GL LT
G sem
RC distorção
L L 1 1 1
Z0  eu   u2  C 
RC C R C LC LC Lu 2
  RG  R R 
L L Z0 1 Lu 2
Z0  L 2
 L  L2u 2  Lu
R  Z 0  (20 10 3 )(60)  1,2  m Lu 1
Z 60
L 0   3,333  10 9  3,33nH / m
u 0,6(3  10 )
8

  RG   2  RG

G
2

20 10 3 2

L L
R 1,2 Z0   Z 02   L  Z 02C
C C
400  10 6
G  333 S / m 1 1 1
1,2 u2   2 2  C2  2 2
LC Z 0 C u Z0
1 1
C   92,59 pF / m
uZ0 0,6(3  10 8 )60

UFRN u 0,6(3 108 )


   1,8m Comprimento de onda
f 100 10 6
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Transmissão de
Potência
Ondas de tensão e corrente transportam energia em uma linha de
transmissão.
Pm ( z )  ReVS I S 
1 Potência média em um ponto arbitrário ao longo
2 da linha

VS  V0 e  jz
Onda de tensão propagando-se na direção positiva
em uma linha sem perdas.

V0  V0 e j , logo :VS  V0 e j e  jz

Como a linha é sem perdas, a corrente está em fase com a tensão, com
isso, procedendo-se de maneira análoga temos:
j j  jz
V0
 
I  I e , logo : I S  I e e
0 0

0  IS  e j e  jz
Z0

1   j  jz V0  j jz  1 V0
  2
1 
UFRN PM  Re[VS I S ]  Re  V0 e e e e  Potência Média
2 2  Z0  2 Z 0

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Transmissão de
Potência
Para uma linha de transmissão com perdas, a corrente não está em
fase com a tensão, neste caso tem-se:
Z 0  Z 0 e j

 2  2  2  2  2
1 V0 1 V0 1 V0 1 V 1 V
e  jz  e  j  PM  e  j
0 0
PM   j

2 Z0 2 Z0 e 2 Z0 2 Z0 2 Z0

A onda se propaga na linha na direção z, logo, pode-se concluir que.

 2
 1 V0

PM ( z )  e  2z cos 
2 Z0

UFRN

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Transmissão de
Potência
Um cabo coaxial com dimensões a = 1,0 mm e b = 3,0 mm, é preenchido
com um dielétrico não-magnético, r = 5,0 tg  = 0,00010 medida a 2,0
GHz. Utiliza-se cobre, sendo que o condutor é assumido suficientemente
grosso. Determinar a quantidade de potência perdida em um metro de
cabo.
1 1 1 1 1 1 1  1 1   (2  10 9 )(4  10 7 )
R       R     2,48  m
2 c  a b  2 1 a b 2  0,001 0,003  5,8  10 7
f c  c
c

R
1 1 1
  
f c  c  1 1  1  c 
    tg 
 ef ef é a condutividade efetiva
2 c a b 2 c  a b  1  c   do dielétrico
f c  c
f c  c f c  c  ef    tg  55,6  10 6 S m
c 1 1  c2  1 1 
R       2 d
2 a b 2 a b G  318  S m 0  b 
L ln    220 nH / m
f c ln( b / a ) 2  a 
 c  1 1  1  1 1  f c 2 r  0
R       C  253 p F m
2  a b  2  a b   c ln( b / a )
UFRN
1
  R  jL G  jC   0,0467  j93,73    0,0467 Np / m
f c c 43
Transmissão de
Potência
Continuação do exemplo:
Para medições de perdas potência, a potência em uma posição arbitrária z
pode ser dividida pela potência em z = 0. Ou seja,
 2
 1 V0  2z  2z PM ( z )
PM ( z)  e cos   PM ( z)  PM ( 0) e    e  2z
2 Z0 PM (0)

A equação acima representa um procedimento conveniente, pois não


precisamos conhecer a amplitude da tensão ou mesmo a impedância.

PM ( z )  2z PM ( z )  2 0 , 047 (1) PM ( z )


e   e    0,91
PM (0) PM (0) PM (0)

UFRN

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