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As gerações de direitos humanos

Primeira Geração: os direitos de primeira geração são os direitos individuais,


direitos de liberdade, resultado das teorias filosóficas do Iluminismo e liberais e
das lutas da burguesia contra o absolutismo, contra o poder arbitrário do Estado.
É a afirmação dos direitos do homem em face do Estado. São os direitos civis e
políticos.
Segunda Geração: é uma complementação aos direitos humanos de primeira
geração. São os direitos coletivos ou sociais, inspirados pelo socialismo. O Pacto
Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais foi o primeiro e único
instrumento jurídico que conferiu a obrigação de proteger os direitos dessa
geração.
Terceira Geração: diz respeito à proteção da dignidade da pessoa humana.
Surgiu devido às graves atrocidades ocorridas durante a Segunda Guerra
Mundial.
Quarta Geração: são os biodireitos , direitos relativos à genética e para alguns
os direitos relativos a comunicação e a informática.
4. Processo de internacionalização dos direitos humanos
Com o surgimento da Organização das Nações Unidas em 1945 e com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, o processo de
internacionalização dos direitos humanos começou a se desenvolver. Surgiram
inúmeros tratados internacionais. As normas internacionais começaram a
proteger os direitos humanos contra o próprio Estado.
4.1 antecedentes históricos
A Segunda Guerra Mundial foi o fato histórico que impulsionou o processo de
internacionalização dos direitos humanos ao demonstrar a necessidade de uma
ação internacional que protegesse de forma eficaz os direitos humanos. Buscou-
se a reconstrução de um novo paradigma, onde a soberania estatal deixa de ser
absoluta.
“A necessidade de uma ação internacional mais eficaz para a proteção dos
direitos impulsionou o processo de internacionalização desses direitos,
culminando na criação da sistemática normativa de proteção internacional, que
faz possível a responsabilização do Estado no domínio internacional, quando as
instituições nacionais se mostram falhas ou omissas na tarefa de proteção dos
direitos humanos.’’
As fontes históricas do processo de internacionalização dos direitos humanos
são: o Direito Humanitário, a Liga das Nações e a Organização Internacional do
Trabalho. Foram importantes porque o Direito Humanitário tratou, em âmbito
internacional, da proteção humanitária em casos de guerra. A Liga das Nações,
além de buscar a paz e a cooperação internacional, expressou disposições
referentes aos direitos humanos. A OIT promulgou inúmeras convenções
internacionais, buscando a proteção da dignidade da pessoa humana no direito
trabalhista.
Desse modo, a antiga concepção de soberania absoluta cai por terra, na medida
que admite intervenções internacionais no plano nacional, de modo a preservar
e resguardar os direitos fundamentais.
4.2 sistemas e instrumentos de proteção dos direitos humanos
A Carta das Nações Unidas foi o documento que fundou a Organização das
Nações Unidas em 1945. A promoção dos direitos humanos passa a ser a
finalidade da ONU.
Iniciou-se o processo de proteção universal dos direitos humanos como mostra
o artigo 55 da Carta da ONU:
Art. 55. “(...) as Nações Unidas favorecerão:
c) o respeito universal e efetivo dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.”
Como ensina Flávia Piovesan, a internacionalização dos direitos humanos
conjugada com a multiplicação dos mesmos, resultou e um sistema internacional
de proteção de tais direitos, marcado pela existência mútua do sistema geral e
do sistema regional

Organização da ONU
É composta de vários órgãos, cada um com uma função:
 Assembleia geral – discute e faz recomendações sobre matérias
pertinentes
 Conselho de segurança – principal responsável por manter a paz e
segurança internacional. Tem o poder de mediar conflitos e aprovar
resoluções que devem ser seguidas por todos os países-membro
 Corte internacional – principal órgão judicial, tendo com função resolver
conflitos jurídicos a ele submetidos
 Conselho econômico e social – responsável pelos assuntos econômicos
e sociais, elabora relatórios e estudos e faz recomendações na
assembleia geral sobre assuntos econômicos e sociais destinados a
promover o respeito e cumprimento dos direitos humanos
 Secretariado – atividade administrativa
4.2.1 sistema global
Surge no âmbito da Organização das Nações Unidas um sistema global de
proteção aos direitos humanos.
Esse sistema tem caráter geral, como, por exemplo, o Pacto Internacional dos
Direitos Civis e Políticos e Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais
e Culturais Tem também caráter específico, como, por exemplo, as Conferências
Internacionais.
Seus principais instrumentos são: Declaração Universal dos Direitos Humanos,
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e Pacto Internacional dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
Declaração Universal dos Direitos Humanos - 1948
Promulgada em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos traz em
seu texto direitos políticos, civis, econômicos, sociais e culturais (artigos 1º ao
28), prezando pela liberdade, igualdade e fraternidade. O objetivo da DUDH é
definir medidas para garantir que os direitos básicos para uma vida digna sejam
garantidos a todos os cidadãos do mundo, independente de cor, raça,
nacionalidade, orientação política, sexual ou religiosa.
Adota uma nova concepção de direitos humanos, consagrando-os como
universais, indivisíveis e interdependentes. Os direitos civis e políticos formam
com os direitos econômicos, sociais e culturais uma unidade indivisível e
interdependente. A sociedade internacional deve tratar os direitos humanos
como um todo, de forma equitativa
Criticas DUDH - ele tão somente foca em elencar direitos e não traz instrumentos
de implementação destes; não há previsão de questões de gênero, também
estão ausentes questões ambientais e outras proteções que especificam sujeitos
dos Direitos Humanos, e alguns direitos aparecem em suas disposições gerais
sem detalhamentos relevantes (como o caso do direito de asilo e do instituto do
refúgio).
.
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos - 1966
Amplia o rol de direitos civis e políticos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos. São direitos auto-aplicáveis. Este pacto constituiu o Comitê de
Direitos Humanos e reconhece a universalidade, a inalienabilidade e a
indivisibilidade desses direitos.[22] Defende os princípios da autodeterminação
dos povos, da igualdade, da dignidade da pessoa humana entre outros.
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais - 1966
Amplia o rol de direitos econômicos, sociais e culturais da Declaração Universal
dos Direitos Humanos. Também reconhece a universalidade, a inalienabilidade
e a indivisibilidade desses direitos e traz regras de direito trabalhista. Os direitos
econômicos, sociais e culturais são programáticos, de aplicação progressiva.
Hoje existem diversos mecanismos no Sistema Global para garantir os direitos
civis, políticos,
4.2.2 sistema regional
Os Sistemas Regionais de proteção dos direitos humanos buscam a
internacionalização desses direitos no plano regional. São instrumentos de
proteção regional: Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o Protocolo
de São Salvador e o Protocolo Adicional à convenção Interamericana de Direitos
Humanos.
Convenção Americana sobre Direitos Humanos - 1969
É o Pacto de São José da Costa Rica, um tratado obrigatório de direitos humanos
em nível interamericano que trata de direitos civis e políticos.
Protocolo de São Salvador - 1988
É o Protocolo adicional à Convenção Interamericana de Direitos Humanos que
trata dos direitos econômicos, sociais e culturais.
Protocolo Adicional à Convenção Interamericana de Direitos Humanos - 1990
É o protocolo relativo à abolição da pena de morte.
Convenções Internacionais
Convenções internacionais são tratados multilaterais de direitos humanos que
protegem determinados grupos de pessoas.
Esses instrumentos de proteção, gerais e regionais, são complementares uns
aos outros. O indivíduo que teve um direito violado, pode escolher a qual sistema
recorrerá, optando pelo mais benéfico, quando seu direito for tutelado por mais
de um instrumento.
5. Conclusão
O processo de internacionalização dos direitos humanos tem como principais
antecedentes históricos o Direito Humanitário, a Liga das Nações e a
Organização Mundial do Trabalho.
O relativismo (diversidade) cultural não pode ser invocado para justificar a
violação aos direitos humanos. Prevalece a tese universalista, afirmando-se ser
dever dos Estados a promoção e garantia desses direitos.
A observância dos direitos humanos é assunto de interesse internacional, de
toda a sociedade. A internacionalização dos direitos humanos afasta
definitivamente o conceito de soberania absoluta o qual considerava que o
Estava era o único sujeito de Direito Internacional.
Além disso, permite a responsabilização dos Estados pelas violações aos
direitos humanos, demonstrando possuir o Estado soberania relativa e ser o
indivíduo sujeito de Direito Internacional Público. É dever dos Estados proteger
os direitos humanos.

O Supremo entendeu, majoritariamente, que esses tratados, antes equiparados


às normas ordinárias federais, apresentam status de norma supralegal, isto é,
estão acima da legislação ordinária, mas abaixo da Constituição. Tal
posicionamento admite a hipótese de tais tratados adquirirem hierarquia
constitucional, desde observado o procedimento previsto no parágrafo 3º, artigo
5º da CF, acrescentado pela Emenda Constitucional no 45/2004
A partir desse novo entendimento do Supremo, sendo aprovado um tratado
internacional de direitos humanos o tratado passa a ter hierarquia superior a lei
ordinária (supralegal ou constitucional), ocorrendo a revogação das normas
contrárias por antinomia das leis.
Com a nova posição do Supremo a configuração da pirâmide jurídica do
ordenamento brasileiro foi modificada: na parte inferior encontra-se a lei; na parte
intermediária encontram os tratados de direitos humanos – aprovados sem o
quórum qualificado do artigo 5º, parágrafo 3º da CF – e no topo encontra-se a
Constituição.
Como a Constituição brasileira de 19 88 se relaciona com o direito internacional
de direitos humanos? De que modo incorpora os instrumentos internacionais de
proteção de direitos humanos, como os tratados adotados pelas Nações Unidas
e pela Organização dos Estados Americanos?

Analisando sob o ponto de vista histórico, nota-se que nossa atual constituição
é o documento mais abrange e pormenorizado sobre direitos humanos já
adotado, incorporando em larga escala o valor da dignidade da pessoa humana
e a consolidação das liberdades individuais e das instituições democráticas,
demarcando um intenso processo de democratização politica. Logo em seus
primeiros capítulos, temos as garantias fundamentais, direitos civis, políticos e
sociais resguardados através de clausulas pétreas. A constituição recepciona os
direitos e instrumentos enunciados em tratados internacionais no seu art. 5º, §

2º, conferindo-lhes natureza de norma constitucional. De acordo com a EC 45,


se o tratado de direitos humanos for aprovado com quórum de 3/5 e em dois
turnos, nas duas casas, este terá o status de norma Constitucional. Caso
contrário, o status será de norma supralegal, pois está abaixo da Constituição,
mas acima da lei.
Quando o tratado internacional não tratar de direitos fundamentais, segundo o
artigo 102 da cf, terá valor de norma infraconstitucional

Qual o impacto jurídico e político do sistema internacional de proteção dos


direitos humanos no âmbito da sistemática constitucional brasileira de
proteção de direitos?
R: 3 hipoteses podem ocorrer: A) coincidir com o direito assegurado na
constituição; B) integrar, complementar e ampliar o direito assegurado na
constituição; C) Contrariar os preceitos internos
A) Reforça o valor constitucionalmente garantido, salientando que a violação
desse direito importará responsabilização tanto nacional quanto
internacional
B) Inovar e ampliar o rol de direitos constitucionalmente assegurados, além
de ajudar a preencher lacunas em alguns casos
C) No caso de antinomia, procura-se adotar a norma que for mais favorável
à vítima, uma vez que os tratados internacionais tem a função de
fortalecer e nunca restringir a proteção dos direitos consagrados na
constituição.

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