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8 e 9 de junho de 2012

ISSN 1984-9354

GESTÃO DE RISCOS: ANÁLISE


PRELIMINAR DE RISCOS NA
PRODUÇÃO DE ESTRUTURAS PRÉ-
FABRICADAS DE CONCRETO

MILDRE VON HOLLEBEN


(UTFPR)
RODRIGO EDUARDO CATAI
(UTFPR)
ROSEMARA SANTOS DENIZ AMARILLA
(UTFPR)

Resumo
O crescimento, nos últimos anos, do uso de estruturas pré-fabricadas
de concreto é expressivo por apresentar algumas vantagens no
processo construtivo, porém, o processo de fabricação desses artefatos
de cimento envolve procedimentos e mateeriais capazes de causar
danos irreversíveis à saúde e segurança dos trabalhadores, caso as
medidas de segurança não sejam observadas e cumpridas. Este estudo
tem como objetivo analisar os riscos na fabricação de estruturas de
concreto armado na indústria de artefatos de cimento, na região
metropolitana de Curitiba. Para tanto, o método utilizado constituiu-se
na observação no local de trabalho, entrevistas realizadas com os
colaboradores envolvidos no processo, utilizando um check-list para a
coleta de dados e aplicação de uma ferramenta de gerência de riscos
conhecida como Avaliação Preliminar de Risco (APR) da atividade.
Conclui-se que a ferramenta APR teve uma excelente aceitação pela
empresa que resolveu implanta-la em todas as suas linhas de
produção. A ferramenta mostrou que algumas medidas básicas como,
conhecimentos dos riscos, dos danos que estes podem causar e quais
medidas para prevenção são oportunidades para a melhoria da
condição de trabalho. Além de medidas mais específicas como a
proteção das partes móveis de equipamentos, manutenção preventiva,
postura de trabalho, limpeza e organização do ambiente podem
garantir melhores resultados em relação a segurança e saúde do
trabalho.

Palavras-chaves: Análise Preliminar de Riscos (APR); Saúde e


Segurança do Trabalho; Estruturas Pré-fabricadas; Construção Civil.
VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
8 e 9 de junho de 2012

INTRODUÇÃO

A preocupação e a necessidade pela atenção ao ser humano, principal bem de uma


organização, conseguiu além da busca por maior eficiência, assegurar melhores condições
para resultados como o Controle de Danos, o Controle Total de Perdas e a Engenharia de
Segurança de Sistemas (SHERIQUE, 2011).
Entre essas técnicas estão à identificação de perigos e técnicas de análise de riscos que
podem ser aplicadas na indústria da construção civil com grande facilidade e com
perspectivas de melhorias nos processos em relação à saúde e segurança dos trabalhadores.
O setor da construção civil cresce de maneira expressiva e com isso aumenta a
demanda por produtos de cimento, resultando no aumento da produção nas indústrias de
artefato de concreto que nem sempre se preparam na mesma proporção estruturalmente e
gerencialmente para oferecer condições adequadas ao trabalhador no que tange a saúde,
segurança e ambiente de trabalho. Por isso encontra-se a necessidade de introdução e
utilização de ferramentas que auxiliem na prevenção de acidentes trabalho.
Em 2010 foi registrado 3.315 acidentes nas fábricas de artefatos de concreto, cimento,
fibrocimento, gesso e materiais semelhantes, enquadradas na Classificação Nacional de
Atividades Econômicas (CNAE): 2330, segundo dados do último Anuário do Ministério da
Previdência Social. Esses números aumentam a cada ano evidenciando a necessidade de
investir nas condições de trabalho do setor.
A antecipação e prevenção de acidentes é uma maneira de eliminar ou reduzir os
riscos para os trabalhadores. Um sistema de antecipação que pode ser totalmente aplicado é o
Gerenciamento de Riscos, que oferece ferramentas importantes e muito utilizadas em
processos produtivos. A Análise Preliminar de Riscos (APR) é uma ferramenta dentro do
Gerenciamento de Riscos usada para realizar uma análise qualitativa na fase de concepção ou
desenvolvimento de um projeto ou atividade cuja experiência em riscos na sua operação é
deficiente.

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Este estudo tem como objetivo analisar os riscos na fabricação de estruturas de


concreto armado na indústria de artefatos de cimento, utilizando a ferramenta Análise
Preliminar de Riscos (APR).

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Revisão de literatura

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS

Riscos relacionam-se ao fato de que caso ocorra, podem comprometer ou impedir a


criação de um produto, atividade, serviço ou resultado exclusivo, ou seja, a realização de um
projeto (OLIVEIRA, 2010, p.277). Para o autor, os conceitos básicos de segurança e saúde
devem estar inseridos em todas as fases do processo produtivo, desde o projeto à operação.
A Análise Preliminar de Riscos (APR) é definida como um estudo realizado na fase de
concepção ou desenvolvimento de um novo sistema ou processo, com o objetivo de
determinar os riscos que podem estar presentes na fase operacional do processo (DE CICCO;
FANTAZZINI, 2003).
A APR é aplicada para uma análise inicial qualitativa, desenvolvida na fase de projeto
e de processo, produto ou sistema, com especial importância para investigação de novos
sistemas de alta inovação ou pouco conhecidos, isto é, quando a experiência em riscos na
operação é deficiente. Além das características básicas de análise inicial, torna-se útil também
como uma ferramenta de revisão geral de segurança em sistemas já operacionais, mostrando
aspectos que poderiam passar despercebidos (FARIA, 2011).
Segundo Sherique (2011, p.535), a elaboração de uma APR passa por algumas etapas
básicas, a saber:
a) Revisão de problemas conhecidos: A busca por analogias ou similaridades com
outros sistemas;
b) Revisão da missão a que se destina: Atentar aos objetivos, exigências de
desempenho, principais funções e procedimentos, estabelecer os limites de atuação e delimitar
o sistema;
c) Determinação dos riscos principais: Apontar os riscos com potencialidade para
causar lesões diretas imediatas, perda de função, danos a equipamentos e perda de materiais;
d) Revisão dos meios de eliminação ou controle de riscos: Investigar os meios
possíveis de eliminação e controle de riscos, para estabelecer as melhores opções compatíveis
com as exigências do sistema;
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e) Analisar os métodos de restrição de danos: Encontrar métodos possíveis e eficientes


para a limitação dos danos gerados pela perda de controle sobre os riscos;
f) Indicação de quem levará a sério as ações corretivas e/ou preventivas: Indicar
responsáveis pela execução de ações preventivas e/ou corretivas, designando também, para
cada unidade, as atividades a desenvolver.

DEFINIÇÃO DE RISCO E PERIGO

Risco é uma combinação da probabilidade de ocorrência de um evento perigoso com a


gravidade da lesão, doença ou perda que pode ser causada pelo evento (OHSAS 18001,
2007). Os riscos são considerados riscos ambientais os agentes físicos, químicos, biológicos,
ergonômicos e de acidentes/mecânicos que possam ocasionar danos à saúde do trabalhador
nos ambientes de trabalho, em função de sua natureza, concentração, intensidade e tempo de
exposição ao agente.
Perigo é a propriedade daquilo que pode causar danos. No entanto, identificar perigos
é identificar substâncias perigosas, agentes perigosos, produtos perigosos, situações perigosas,
eventos perigosos, operações perigosas ou eventos danosos. A escolha do tipo de perigo vai
depender do método adotado e dos objetivos do estudo, porém a análise de riscos requer a
identificação de eventos perigosos, pois a eles podemos associar frequências e conseqüências.
Para identificar eventos perigosos identificam-se agentes agressivos, fontes, alvos e
possibilidade de exposição (CARDELLA, 1999).

1.1.1 Avaliação, tolerância e tratamento de riscos

Risco é uma variável aleatória associada a eventos, sistemas, instalações, processo e


atividades. A distribuição de probabilidade do risco é caracterizada pelo valor esperado e pela
variância (CARDELLA, 1999).
A avaliação dos riscos compreende a avaliação da frequência e da consequência do
evento perigoso. No entanto para obtenção de resultados confiáveis são necessários altos
investimentos, assim como aplicação e/ou desenvolvimento de modelos matemáticos capazes
de simular os fenômenos envolvidos. Com isso verifica-se que grande parte das medidas de
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controle de risco não resulta de cálculos sofisticados, mas da visão holística da segurança,
conhecimento sobre falhas humanas, SOL (Sinalização, Organização e Limpeza) e BPT (Boas
Práticas de Trabalho) (CARDELLA, 1999).
Risco tolerável é aquele que foi sido reduzido a um nível tolerável pela organização
com relação as suas obrigações legais e sua própria política de saúde e segurança (FARIA,
2011).
Segundo Faria (2011) o desfecho de uma avaliação de risco deve ser o inventário de
ações, com prioridades, para elaborar, manter ou melhorar os controles. Um planejamento de
ações para a implementação de mudanças necessárias como consequência de uma avaliação
de riscos.

SISTEMAS DE GESTÃO DE RISCOS E TABELA DE TOLERÂNCIA

Segundo Sherique (2011), a Análise Preliminar de Riscos determina a gravidade e


frequência dos riscos, através da seguinte classificação:

Tabela 1 – Categoria de frequência

Categoria Frequência Características

Conceitualmente possível, extremamente


Extremamente 5 improvável de ocorrer durante a vida útil
A < 1 em 10 anos
Remota do empreendimento. Não há referências
históricas nos principais bancos de dados.
Não esperado ocorrer durante a vida útil
2 5
B Remota 1 em 10 a 1 em 10 anos do empreendimento, apesar de já poder
ter ocorrido em algum lugar no mundo.
Possível de ocorrer até uma vez durante a
C Pouco Provável 1 em 30 a 1 10² anos vida útil do empreendimento.
Esperado ocorrer mais de uma vez
D Provável 1 por ano a 1 em 30 anos durante a vida útil do empreendimento.
Esperado ocorrer muitas vezes durante a
E Frequente > 1 ano vida útil do empreendimento.
Fonte: SHERIQUE, 2011

Tabela 2 – Categoria de risco

Categoria de Risco Descrição

O risco é considerado tolerável. Não há necessidade de medidas


Tolerável (T)
adicionais.

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O risco é considerado tolerável quando mantido sob controle.


Controles adicionais devem ser avaliados e implementados
Moderado (M)
aplicando-se uma análise para avaliar as alternativas disponíveis, de
forma a se obter uma redução adicional dos riscos.
O risco é considerado não tolerável com os controles existentes.
Não Tolerável (NT) Métodos alternativos devem ser considerados para reduzir a
probabilidade de ocorrência e, adicionalmente, as consequências.
Fonte: SHERIQUE, 2011

Tabela 3 – Categoria de severidade

Categoria Tipo Características

A falha não irá resultar numa degradação maior do sistema, nem


I Desprezível irá produzir danos funcionais ou lesões, ou contribuir com um risco
ao sistema;
A falha irá degradar o sistema numa certa extensão, porém sem
II Marginal envolver danos maiores ou lesões, podendo ser compensada ou
controlada adequadamente;
A falha irá degradar o sistema causando lesões, danos
III Crítica substanciais, ou irá resultar num risco inaceitável, necessitando
ações corretivas imediatas;
A falha irá produzir severa degradação do sistema, resultando em
IV Catastrófica
sua perda total, lesões ou morte.
Fonte: DE CICCO; FANTAZZINI, 2003

Tabela 4 – Matriz de classificação de riscos


Categoria de
Severidade
Frequência
Categoria Descrição/ Características A B C D E
Danos devido
Danos a situações ou
Provoca morte
Catastrófica

irreparáveis a valores
ou lesões em Impacto
equipamentos ou considerados
IV uma ou mais nacional ou M M NT NT NT
instalações acima dos
pessoas intra internacional
(reparação lenta níveis
ou extramuros.
ou impossível) máximos
aceitáveis.
Lesões de Danos devido
gravidade a situações ou
moderada em valores
Danos severos a
Crítica

pessoa considerados Impacto


III equipamentos ou M M M NT NT
intramuros. aceitáveis regional
instalações
Lesões leves níveis entre
em pessoas médio e
extramuros. máximo.
Danos devido
Lesões leves Danos leves aos
a situações ou
em equipamentos ou
valores
Marginal

empragados e instalações (os


considerados Impacto
II terceiros. danos são T T M M M
aceitáveis local.
Ausência de controláveis e/ou
entre níveis
lesões extra- de baixo custo
mínimo e
muros de reapro).
médio.

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Sem leões, ou Sem danos ou


Desprezível
no máximo, danos Sem danos ou
caso de insignificantes com danos Sem
I T T T T M
primeiros aos mínimos ao impacto.
socorros, sem equipamentos ou meio ambiente.
afastamento. instalações.
Fonte: Adaptado de SHERIQUE, 2011

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DEFINIÇÃO DE PRÉ-FABRICADOS

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – NBR


9096/2006, define-se pré-moldado como o elemento moldado previamente, fora do local de
utilização definitiva dessa estrutura e em instalações temporárias (Canteiros de obras
temporários). Já o pré-fabricado é todo elemento moldado, fora do local de utilização, porém
industrialmente em instalações permanentes de empresa destinada para esse fim.

PRÉ-FABRICADOS NO BRASIL

Segundo Campos (2006), o Brasil hoje dispõe de um parque produtor de pré-


fabricados, cuja experiência e a capacitação técnica permitem o desenvolvimento de produtos
extremamente adequados a estas demandas. Considera-se pouco disseminado o uso de
sistemas pré-fabricados abertos, baseados na utilização de componentes pré-fabricados com
um alto valor agregado, isso devido a uma questão cultural apenas, pois não há limitação
tecnológica.
A crescente industrialização de pré-fabricado no Brasil vivência transformações para
atender as exigências do mercado atual e incentivar a qualificação no processo construtivo,
para poder atender a demanda de projetos com racionalidade, estética, eficácia e otimizando a
pré-fabricação no país. (CAMPOS, 2006)
O investimento em segurança e saúde do trabalhador dessa industrialização não cresce
na mesma velocidade que o avanço tecnológico. A construção civil de modo geral tem
apresentado melhorias em relação a normas e sistemas de gestão de segurança, porém é
preciso implementar, cumprir as regras, treinar, conscientizar e buscar resultados melhores em
relação aos acidentes neste setor.

Método

O método utilizado para a realização desse estudo constituiu-se na observação no local


de trabalho avaliando a adequação das atividades com as Normas Regulamentadoras,
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entrevistas realizadas com os colaboradores envolvidos no processo, utilizando como


instrumento para coleta de dados um check-list específico para o setor, e por último a fase
mais importante para demonstração do estudo foi a aplicação da ferramenta de gerência de
riscos conhecida como Avaliação Preliminar de Risco (APR) da atividade.

ESTUDO DE CASO

O estudo foi realizado em uma fábrica de médio porte com um quadro funcional de
100 colaboradores. Sendo que 70 estão diretamente lotados na área produtiva e os demais em
processos administrativos. A empresa referenciada situa-se na região metropolitana de
Curitiba e está enquadrada na CNAE 2330: Fabricação de artefatos de concreto, cimento,
fibrocimento, gesso e materiais semelhantes.
O processo produtivo é realizado dentro de um barracão com 8 metros de altura e 500
m² de área total, coberto com iluminação natural e artificial; ventilação natural e adequada,
piso de concreto adequado e espaço delimitado e de fácil acesso aos trabalhadores.
Conforme a Norma Regulamentadora NR-18, item 4, as áreas de vivência são adequadas e de
fácil acesso. Para o processo produtivo são utilizadas matérias-primas como cimento, areia,
pó de pedra, desmoldante, madeira, ferragens, água e energia elétrica.

1.1.2 Descrição do Processo de Fabricação de Peças Pré-fabricadas

Segundo Moreira (2009) em termos de disposições gerais, uma fábrica de pré-


moldados deve ter a seguinte divisão:
 Armazéns para agregados;
 Armazéns ou silos para aglomerantes;
 Centrais de concreto;
 Área para moldagem do concreto;
 Área de cura das peças produzidas;
 Dependências auxiliares;
 Oficinas.
A Figura 01 ilustra um esquema geral de produção das peças pré-fabricadas.

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Figura 1 - Fluxo de produção das peças pré-fabricadas


Fonte: Moreira, 2009

1.1.3 Processo de Fabricação de Pilar no local do Estudo

A primeira etapa do processo é na carpintaria, onde são confeccionados os consoles


caso seja necessário conforme definição do projeto utilizando a madeira como material.
Depois de confeccionados os consoles são transportados até a forma na pista de
produção. A forma é ajustada e fechada lateralmente cumprindo as especificações do projeto e
os consoles posicionados na medida exata da forma.
Em seguida faz-se o travamento utilizando escoras de madeira e sargentos,
assegurando com isso que o console ao receber os esforços provenientes da concretagem não
saia de sua posição demarcada. Também se utiliza travar o restante das formas metálicas com
grampos para união das mesmas e das escoras.
Com a forma montada é realizada a limpeza, na segunda etapa, para retirar todos os
tipos de resíduos que possam estar aderidos na forma e também nas borrachas de vedação,
para isso utiliza-se espátula para resíduos mais grossos e palha de aço para os mais finos. O ar
comprimido com baixa pressão poderá ser usado para eliminação de resíduos soltos na forma.
Agora as cabeceiras podem ser posicionadas na forma e travadas com sargentos.
Verifica-se o alinhamento da forma através dos esquadros nas laterais e cabeceiras garantindo
as dimensões da seção o pilar em conformidade com o projeto. A regulagem das formas pode
ser feita com escoras cuja função é abrir ou fechar a lateral cumprindo a especificação.

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A terceira etapa é a aplicação do desmoldante se faz, nesta etapa, pela aspersão com
um pulverizador em todas as faces que entrarão em contato com o concreto. O desmoldante
não pode ser lançado em excesso, pois poderá manchar a peça. Para uma distribuição mais
uniforme poderá ser utilizado um rolo de espuma fazendo movimentos em uma única direção.
A armadura é colocada na quarta etapa do processo, sendo transportada com cuidado
para que não ocorra torção e comprometa sua qualidade, caso haja necessidade utiliza-se
balancim apropriado.
A quinta etapa é o posicionamento de insert que serve para conexão de peças. Caso
seja solicitado à colocação de consoles utiliza-se sargentos para sua fixação.
Na etapa da concretagem, o concreto é lançado por toda extensão do pilar com um
caminhão-betoneira e em seguida o colaborador utilizando um vibrador pneumático ou
elétrico vai adensando o concreto para completar a forma perfeitamente sem bolhas de ar ou
falhas de concretagem.
O excesso de concreto é retirado com o auxílio de uma colher de pedreiro e
regularizado com uma régua metálica ou de madeira, a qual percorre a superfície da peça,
deixando-a na altura correta.
Para finalizar deve-ser prepara a cura do concreto que pode ser de forma natural com a
cobertura da peça com lona plástica para aumentar a eficiência e agilizar o tempo. Ou realiza-
se a cura a vapor onde são colocados ao longo da pista arcos metálicos antes de cobrir com a
lona para que não encoste no concreto formando um tipo de estufa com a presença de vapor.
Após a secagem total da peça e liberação para desenforma as formas são retiradas ou
afastadas para que a peça seja içada lentamente com a ponte rolante e levada para local
adequado de estocagem.

RESULTADOS

As ferramentas de categorização de freqüência (Tabela 1), severidade (Tabela 2) e


risco (Tabela 3) e da matriz de classificação de riscos (freqüência X severidade)
proporcionaram um mapeamento da condição de trabalho para realizar a atividade.

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Com os dados obtidos pelas observações e entrevistas foram elaborados critérios para
a priorização de ações (Tabela 5). O conjunto destas informações e a identificação das normas
que não estavam sendo atendidas serviram de base para a elaboração da APR (Tabela 6).

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Tabela 4 – Análise Preliminar de Risco

Atividade do Conseqüências Tipo do


Fator de Risco Frequência Severidade Risco Norma/ Item Medidas Preventivas
processo prováveis Risco
Providenciar a utilização
de protetor respiratório
Limpeza de
Doenças tipo respirador purificador
moldes;
respiratórias; de ar semifacial PFF1 até
Lixamento de
Poeira D III NT Químico NR 6 / 6.3 a determinação exata da
peças;
Irritação da pele melhor proteção via
Aplicação de
e olhos; quantificação do agente
desmoldantes;
químico por empresa
especializada;
Fornecer, treinar e
fiscalizar a utilização de
protetores auriculares tipo
Desconforto
concha NRRsf de 17 dB,
Operação de acústico;
para os colaboradores que
máquinas de Físico NR 1 / 1.7
Ruído D III NT trabalham próximos às
concretagem e Stress; NR 6 / 6.3
máquinas;
limpeza;
Restringir o acesso
PAIR;
desnecessário de pessoas
que não trabalham no
setor;
Conscientização sobre a
Transporte de
postura adequada para
material; Lombalgias;
todas as atividades da
Postura Operação de NR 17 / 17.1.2
D II M Ergonômico área inclusive
Inadequada máquinas; Problemas na NR 17/ 17.2.3
dimensionamento dos
Serviços de coluna;
pesos para carregamento
concretagem;
manual;
Aplicação de Fornecer, treinar e
Irritação da
Contato de desmoldantes; fiscalizar a utilização de
pele;
produtos com a Acabamento B IV M Químico NR 6 / 6.3 luvas protetoras para
pele de peças; evitar contato direto da
Dermatites;
pele com o produto;
Tabela 5 – Análise Preliminar de Risco
(Cont.)
Fator de Risco Atividade do Conseqüências Frequência Severidade Risco Tipo do Norma/ Item Medidas Preventivas
processo prováveis Risco
Proteger por meio de
calhas, canaletas ou
eletrodutos os fios e
cabos energizados e
organiza-los de maneiro
Operação de NR 10 / 10.4.1
que não atrapalhe o
máquinas; Choque elétrico; Acidentes NR 12 / 12.3.5
Eletricidade C III M fluxo de pessoas e
Emergências; Incêndio; NR 23 / 23.1.1
máquinas;
Elaborar projeto de
incêndio conforme
normas e com
aprovação do Corpo de
Bombeiros;
Queda de Treinamento sobre a
pessoas, importância da ordem,
Serviços de equipamentos e limpeza e organização
NR 18 / 18.24.1
Ambiente concretagem, material; do ambiente de
E I M Acidentes NR 18 / 18.28.1
desorganizado limpeza e Dificuldade de trabalho;
NR 18 / 18.36.2
transporte; locomoção de Criação de local
pessoas e específico para guardar
máquinas; ferramentas;
Serviços de Ferimentos em
Substituir por
Ferramentas concretagem, pessoas;
D III NT Acidentes NR 18.22.13 ferramentas específicas
inadequadas limpeza e Avarias em
para cada função;
transporte; equipamentos;
Falta de Adensamento Colocar uma plataforma
Queda de Acidentes
passarela e na D III NT NR 18 / 18.12 com guarda corpo para
pessoas;
escada concretagem; realizar a atividade;
Partes móveis Proteção das partes
Prensagem e
de Operação de móveis da máquina de
amputações dos E IV NT Acidentes NR 12 / 12.3
equipamentos máquinas concretagem, vibrador e
membros
despotegidas máquinas delixamento;
Tabela 6 – Análise Preliminar de Risco
(Cont.)
Fator de Atividade do Conseqüência Frequência Severidade Risco Tipo do Norma/ Item Medidas Preventivas
Risco processo s prováveis Risco
Adquirir máquinas e
ferramentas de trabalho
elétricas ou pneumáticas
com sistemas anti-
vibração;
Manutenção adequada
Adensamento na NR 15 anexo 8
Vibração Exposição C IV NT Físico dos equipamentos;
concretagem NR 12.111
Utilizar luvas e sapatos
anti-vibração e realizar
rotatividade dos
trabalhadores
diminuindo a duração da
exposição;
Fornecer, conscientizar
Lesão com
Serviços de sobre a importância do
Corpos perda parcial
concretagem, Acidentes uso e higienização de
estranhos ou total: D II M NR 6 / 6.3
limpeza e óculos de proteção em
nos olhos temporário ou
transporte; todas as áreas da
permanente;
fábrica;
Tropeços e
Adensamento queda de Regularizar o piso
Queda de limpeza de pessoas; nivelando desníveis,
E I M Acidentes NR 8 / 8.3.1
mesmo nível formas e Queda de fechando buracos e
acabamento material e adequando calhas;
equipamentos

Fonte: Desenvolvida pela autora


Analisando-se a Tabela 5 nota-se que as maiores severidades, onde o risco é
considerado não tolerável com os controles existentes, estão na utilização correta dos EPI´s
para poeira e ruído, pois por várias vezes os colaboradores tiram o equipamento sem conhecer
os reais riscos a que estão expostos. A sugestão para este item seria a adequação dos EPI´s
seria a conscientização, treinamento e fiscalização no setor durante o trabalho.
Alguns itens de alta severidade exigem um pouco mais de investimento, mas
considerado de baixo custo como o caso de colocação de uma passarela para realização do
trabalho de adensamento em cima da peça e a adequação de ferramentas e avaliação da sua
durabilidade.
Tanto a passarela como a colocação de proteção das partes móveis das máquinas, que
foram analisados como risco não tolerável, podem ser confeccionados na própria empresa por
seus colaboradores da manutenção.
Já para a identificação do risco de vibração que também tem alta severidade foi
verificado que deve ser realizado rodízio de colaboradores durante a atividade de
adensamento e avaliar a possibilidade de implantar o uso de máquinas com sistema de anti-
vibração e EPI´s específicos para atenuar a vibração.

CONCLUSÕES

A ferramenta de gerência de riscos chamada Análise Preliminar de Riscos (APR)


utilizada no processo de produção de pilares pré-fabricados numa fábrica de artefatos de
concreto teve uma excelente aceitação pela empresa que resolveu implantar a ferramenta em
todas as suas linhas de produção.
Verificou-se que algumas medidas são básicas e podem trazer grandes melhorias nas
condições de trabalho e satisfação dos colaboradores. A conscientização sobre os riscos da
sua função e como preveni-los com cuidados e equipamentos de proteção pode ser alavancada
com treinamentos e informação. A responsabilidade da organização e limpeza do setor e seus
benefícios durante o trabalho.
A implantação de um programa de manutenção preventiva com resultados também na
parte de segurança e ações simples como instalação de proteção de partes móveis de máquinas
e equipamentos; e a durabilidade e modo de conservação das ferramentas utilizadas para o
trabalho.
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Existem ferramentas que podem facilitar a implementação de um sistema de estão de


saúde e segurança consistente. Observou-se a dificuldade de garantir o cumprimento das
Normas Regulamentadores pela falta da organização e direcionamento. A APR é uma
ferramenta simples e fácil que pode ser utilizada no setor da Construção Civil.

REFERÊNCIAS

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de pré-fabricados de concreto. São Paulo: Projeto, 1986.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto e Execução de


Estruturas de Concreto Pré-Moldado. NBR 9062/2006. Rio de Janeiro: 2006

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BRASIL, MTE. NR – 10 – Segurança em eletricidade. Disponível em:


<http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D308E216601310641F67629F4/nr_10.pdf>
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<http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A350AC8820135352C96D14E4C/NR-
12%20%28atualizada%202011%29%20II.pdf> Acesso em 18 jan. 2012.

BRASIL, MTE. NR – 17 - Ergonomia. Disponível em:


<http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf>
Acesso em 18 jan. 2012.

BRASIL, MTE. NR – 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da


Construção. Disponível em <http://portal.mte.gov.br/legislacao/norma-regulamentadora-n-
18-1.htm> Acesso em 18 jan. 2012.

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2006. Disponível em:
<http://www.fernandoavilasantos.kit.net/barreiras_culturais_premoldados.htm>., Acesso em
27 dez. 2011.

CARDELLA, Benedito. Segurança do trabalho e prevenção de acidentes. São Paulo:


Atlas, 1999.

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