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PPGECA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS

UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA CIVIL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E


AMBIENTEL

Disciplina: Estabilidade de Taludes

Professor: Olavo Santos Jr.

Discentes: Bruna Silveira Lira

Maria Natália de Melo Sousa

Dezembro de 2018

ESTABILIDADE DE TALUDES EM SOLOS TROPICAIS

1. SOLOS TROPICAIS

O clima tropical apresenta-se comumente entre os trópicos de Câncer e


Capricórnio, sendo suas características principais elevada temperatura, umidade e
abundante precipitação. Estas características do clima tropical, produzem intensa
intemperização da rocha, denominando-se ao material intemperizado comumente como
solo residual (Calle, 2000).
O grau de intemperização da massa rochosa varia com a profundidade,
formando-se o que se conhece como perfil de intemperização. No perfil de
intemperização, o solo residual é categorizado comumente de forma simples como
‘laterítico’, ‘saprolítico’ e ‘rocha’ (Brand, 1985).
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Esses solos apresentam peculiaridades de propriedades e de comportamento,


em decorrência da atuação nos mesmos de processos geológicos e/ou pedológicos,
típico das regiões tropicais úmidas. Um perfil esquemático da ocorrência desses solos
pode ser visto na figura 01:

Figura 01: Perfil esquemático de ocorrência de solos em ambiente tropical. Fonte: Marangon, 2009.

1.1 Solos residuais

Sendo particularmente prevalecentes em países topicais, os solos residuais são


produto da intemperização in situ de rochas ígneas e metamórficas, com o grau de
intemperização da rocha variando com a profundidade. A intemperização da camada
rochosa acontece com a abundância de água e as temperaturas ambientais relativamente
altas, que são importantes nas mudanças químicas que aconteceram às rochas de
origem.
Para os propósitos do perfil de intemperização tropical, os materiais do solo
normalmente categorizam-se simplesmente como ‘laterítico’, ‘saprolítico e ‘rocha’
(Brand, 1985). Porém, de acordo com Calle (2000), muitos países possuem extensos
depósitos de material coluvionar junto com materiais residuais, como os cones de
dejeção no pé do talude. O material coluvionar deriva-se da intemperização de qualquer
rocha de origem que foi transportada pelo próprio peso. Este possui muitas das
características gerais do solo residual, principalmente no contexto do comportamento
geotécnico. Devido a este material ser encontrado geralmente como cobertura acima do
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perfil de rocha intemperizada, torna-se difícil distinguir entre material coluvionar e o


material in situ. A Figura 02 exemplifica esse caso. Para propósitos da engenharia
geotécnica, pode-se agrupar o material coluvionar então, junto aos solos residuais
(CALLE, 2000).

Figura 02: Solo Coluvionar e Residual. Fonte: Almeida, 2013.

Um resumo dos tipos de material considerados como ‘’solo residual’ em


dezoito
países foi realizado por Brand & Phillipson (1985). Da análise feita por estes
pesquisadores concluiu-se:

 Os solos residuais podem ser o resultado da intemperização de qualquer


tipo de rocha;
 Inclui-se na categoria de ‘solo residual’ materiais que não são
completamente intemperizados e que retêm a estrutura original da rocha de
origem, os chamados saprolito ou solos saprolíticos;
 O material coluvionar invariavelmente categoriza-se como ‘solo residual’
para propósitos da engenharia.

De uma forma geral, para análise dos solos residuais a literatura considera três
características dominantes para estes materiais:
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 Para propósitos de análise e projeto, é necessário considerar o perfil de


intemperização completo, desde o material completamente intemperizado 'solo'
(na superfície), até a rocha sã a alguma profundidade;
 Em qualquer profundidade, os solos residuais são geralmente
extremamente heterogêneos, este fato os faz de difícil amostragem e teste;
 Os solos residuais são invariavelmente não saturados e de permeabilidade
relativamente alta, o que significa que suas propriedades de engenharia são
facilmente afetadas pela precipitação.

1.2 Solos Lateríticos

Os solos lateríticos são solos superficiais, típicos de locais com boa drenagem
das regiões tropicais úmidas, resultante de uma transformação da parte superior do
subsolo pela atuação do intemperismo.
Segundo Marangon (2009), no processo de laterização há um enriquecimento
no solo de óxidos hidratados de ferro e/ou alumínio e a permanência da caulinita como
argilomineral predominante e quase exclusivo, conferindo a estes solos uma coloração
típica: vermelho, amarelo, marrom e alaranjado.
Tal solo pertence aos horizontes A (camada mineral com enriquecimento de
matéria orgânica) e B. Tem fração argila constituída de argilominerais do grupo das
caulinitas e de óxidos e hidróxidos de ferro e/ou alumínio o que confere a estrutura
poros e agregações altamente estáveis. Têm tendência a possuir uma grande parcela da
sua granulometria menor que 2 mm de diâmetro e podem apresentar, inseridos em sua
constituição, pedregulhos lateríticos denominados de laterita, que são massas
consolidadas, maciças ou porosas, de mesma mineralogia dos solos lateríticos
Na Figura 03 é possível identificar a distinção clara entre os horizontes A, B
(lateríticos) e C (saprolítico) no perfil de solo em corte.
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Figura 03: Perfil de solo mostrando os horizontes A, B e C. Fonte: Marangon, 2009.

1.3 Solos Saprolíticos

Segundo Marangon (2009) os solos saprolíticos são solos que resultam da


decomposição e/ou desagregação "in situ" da rocha Matriz pela ação das intempéries
(chuvas, insolação, geadas), mantendo ainda de maneira nítida a estrutura da rocha que
lhe deu origem. São solos, genuinamente residuais, ou seja, derivam de uma rocha
matriz e as partículas que a constituem permanecem praticamente no mesmo lugar em
que se encontravam em estado pétreo.
Constituem a parte subjacente à camada de solo superficial laterítico
aparecendo somente na superfície do terreno através de obras executadas pelo homem
ou erosões.
São mais heterogêneos e constituídos por uma mineralogia complexa, contendo
frequentemente minerais ainda em fase de decomposição. São designados também de
solos residuais jovens, em contraste com os solos superficiais lateríticos que seriam
maduros.
A Figura 04 mostra as microestruturas presentes nos solos lateríticos e
saprolíticos.
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Figura 04: Microestruturas presentes nos solos lateríticos e saprolíticos. Fonte: Villibor et al, 2009.

A Figura 05 mostra a ocorrência de solos lateríticos e saproliticos no território


brasileiro:

Figura 05: Ocorrência de solos lateríticos no território brasileiro. Fonte: Nogami et al, 2000.
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2. PERFIL DE INTEMPERIZAÇÃO

O tipo e a intensidade de intemperismo podem ser relacionados com a


temperatura, precipitação e vegetação do local. Quanto maior a disponibilidade de água
(chuvas mais intensas e frequentes), mais completas são as reações químicas do
intemperismo, portanto, o intemperismo químico é mais pronunciado nos trópicos
devido ao clima tropical úmido com temperaturas mais elevadas e ação mais intensa da
água e pela presença maciça de organismos atuando como agentes formadores do solo.
A Figura 06 mostra a relação da precipitação e a temperatura com o
intemperismo e os solos formados.

Figura 06: Relação da precipitação e a temperatura com o intemperismo. Fonte: Santos Jr, 2013.

Segundo Deere & Patton (1971), quase todos os perfis de rocha intemperizada
formadas sobre rocha ígnea intrusiva e sobre rocha metamórfica podem apresentar três
subdivisões (1) solo residual, (2) rocha intemperizada, e (3) camada rochosa não
intemperizada.
Esta sequência é mostrada na Figura 07, para rochas ígneas e metamórficas. O
solo residual é subdividido em três zonas, IA, IB e IC, que correspondem aos horizontes
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A, B e C respectivamente da Pedologia. O horizonte C é considerado pelos pedólogos


como o material de origem dos solos dos horizontes A e B.

Figura 07: Perfil de intemperização típica para rocha ígnea intrusiva ou metamórfica. Fonte: Deere &
Patton, 1971.

De acordo com Calle (2000), tem que:


 Zona IA: Denomina-se como zona eluvionar, onde a água infiltrada leva
consigo material em suspensão. A textura arenosa frequentemente se desenvolve no
horizonte A. A porção superior do horizonte A é normalmente orgânica.
 Zona IB: É a zona de deposição do material sólido transportado do
horizonte A. Estes solos são comumente de cor escura, ricos em minerais argilosos, e
lixiviados de seus componentes solúveis originais. Este horizonte pode ser rico em
sílica, alumínio ou ferro, e as vezes cimentado. Devido a esta adição de materiais e as
variações climáticas, este horizonte varia consideravelmente em suas propriedades
físicas.
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 Zona IC: Este horizonte é reconhecido pelas evidências da estrutura da


rocha original, no entanto, este horizonte é mais solo que rocha. A estrutura rochosa
presente conserva a posição relativa original da orientação das juntas e falhas. Os
feldspatos são convertidos em caulinita ou outro mineral argiloso, a mica é parcial ou
completamente degradada e alterada, e muitos outros minerais presentes da rocha de
origem com exceção do quartzo são alterados. A areia siltosa e silte arenoso
predominam nesta zona. O termo comumente aplicado a este horizonte é “saprolítico”.
 Zona IIA: Zona de transição do saprolito à rocha. Este horizonte é
comumente muito permeável, filtrando-se rapidamente água das sondagens que atingem
este horizonte.
 Zona IIB: A rocha presente sofre alterações ao longo das juntas.
Também aqui, começa a alteração do feldspato e mica, e em alguns casos em alto grau.
Conforme a alteração avança a rocha é degradada de seu estado original a outro de
resistência mais baixa, com incremento da permeabilidade. Esta permeabilidade se
produz como resultado de (1) variações de volume ao tomar a nova forma mineral, (2)
solução de alguns dos constituintes mais solúveis, e (3) incremento de juntas, e abertura
das juntas preexistentes devido ao alivio de tensões causadas pela erosão.
 Zona III: Camada rochosa, não intemperizada e sem alterações da mica
ou feldspato. No entanto pode ter alta porcentagem de juntas.

3. ESTABILIDADE DE TALUDES EM SOLOS RESIDUAIS

Mattos (2009) afirma que na engenharia geotécnica em solos residuais, um


problema frequente a analisar é a estabilidade de taludes, devido principalmente a
instabilidade do solo causada pela redução da sua resistência, como consequência das
características próprias do clima tropical.

3.1 Rupturas de Taludes Naturais

Segundo Blight, G. (1997), Taludes naturais em solos residuais são geralmente


estáveis, a menos que perturbações internas causadas por fenômenos naturais incomuns
ou interferência humana ocorram. De acordo com Silva (2006) os eventos naturais que
podem provocar deslizamentos em taludes de solo residual são:
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 Chuvas fortes e prolongadas: Os efeitos de chuvas prolongadas na


estabilidade de taludes em solos residuais têm sido estudados por diversos autores, a
exemplo de LUMB (1975), MORGENSTERN & de MATOS (1975), VARGAS &
PICHLER (1975), COSTA NUNES (1969), BRAND (1982), MALONE & SHELTON
(1982), PRADEL & RAAD (1993), LIM et al. (1996) e AFFENDI & FAISAL (1996).
Muitos taludes de solos residuais se encontram em condições não saturadas e sua
margem de segurança contra deslizamento depende das tensões capilares responsáveis
pelo acréscimo de resistência do solo. Em quase todos os casos, as rupturas são
associadas a taludes de solos residuais sujeitos à interferência do homem devido a obras
de corte e aterros de estradas e alinhamento de ferrovias. BLIGHT et al. (1970)
demonstrou que, para um talude natural de siltito intemperizado, após uma leve chuva, a
tensão capilar variou de zero próximo à superfície até 1000 kPa a um metro de
profundidade. A infiltração da água de chuva pode reduzir as tensões capilares a ponto
de tornar os taludes instáveis.
LUMB (1975) sugeriu que a taxa limite de infiltração em um solo homogêneo,
na ausência de acumulação de água na superfície, é numericamente igual à
permeabilidade saturada do solo. A água avança pelo solo em uma frente de saturação a
uma velocidade de ν = k/(1 – S)n, onde k é a permeabilidade, S o grau de saturação e n a
porosidade. Utilizando valores típicos de permeabilidade e intensidade de chuva,
LUMB (1975) demonstrou que a frente de saturação alcançaria a profundidade crítica
do talude (onde há o contato solo-rocha) em poucas horas. A presença de trincas e
fissuras facilitaria muito o avanço da frente de saturação. Pode-se citar como uma das
mais extensas séries de deslizamentos associados a tempestades a ocorrência na Serra
das Araras em 1967, descrito por COSTA NUNES (1969). Durante uma única noite,
com uma chuva com intensidade de 70 mm/h, uma área de 24 km de comprimento por
7,5 km de largura foi devastada por uma série de deslizamentos que mataram cerca de
1000 pessoas.
 Eventos sísmicos: YAMANOUCHI e MURATA (1973) descreveram
várias rupturas de taludes de shirasu (solo residual vulcânico) que ocorreram durante o
terremoto denominado Ebino, em 1968. Como o shirasu é relativamente duro e
quebradiço, o terremoto provocou várias trincas de cisalhamento no solo, que
favoreceram o desmoronamento.
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 Interferência humana: O homem pode interferir de várias maneiras


para afetar a estabilidade de taludes em solos residuais. As mais comuns são as
seguintes:
a) Remoção do pé do talude por corte ou erosão: Pode-se citar, por exemplo, o
fato ocorrido em Bethlehem, África do Sul, descrito por BLIGHT et al.
(1970). O deslizamento ocorreu quando um corte raso foi feito em um
talude com uma declinação de 8º para a construção de uma estrada.
Investigações relataram que o deslizamento envolveu um bloco de arenito
intemperizado que deslizou em contato com o estrato subjacente de siltito
intemperizado. Condições para ruptura foram intensificadas pela presença,
no contato arenito-siltito, de uma concentração de argilas ilita e
montmorilonita erodidas da camada de arenito. Materiais removidos do pé
do talude pela erosão pode também causar instabilização nas massas de solo,
segundo estudos feitos por YAMANOUCHI e MURATA (1973).
b) Mudanças no regime hídrico do talude: Se o regime hídrico do talude for
alterado drasticamente por irrigação, remoção da vegetação ou inundação
parcial por represamento de água, instabilidades podem ocorrer
(RICHARDS 1985). Um exemplo desse fato ocorreu no Vale Vaiont descrito
por MULLER (1964) e MENCL (1966). Durante o enchimento do
reservatório de uma nova represa, um talude de 600 m de altura, com vários
materiais intemperizados se rompeu. Um talude lateral do reservatório
começou um processo de rastejo. Este rastejo ocorreu em diversas
intensidades por um período de três anos, durante o qual houve um
deslocamento de cerca de 4m em certos pontos. Um deslizamento ocorreu
repentinamente e o talude se rompeu totalmente, mergulhando dentro da
represa. Houve o transbordamento de um imenso volume de água causando
a morte de cerca de 2500 pessoas e grande devastação.
c) O efeito do desmatamento: Um dos primeiros estudos sobre a influência do
desmatamento na estabilidade de taludes foi feito por Bishop & Stevens
(1964), ao investigarem áreas no sudeste do Alaska. Eles verificaram um
grande aumento na frequência de escorregamentos na área por eles afetada,
após a derrubada de árvores. Eles afirmaram que os escorregamentos são
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devidos à deterioração e à destruição gradual do sistema de raízes das


plantas. Segundo BLIGHT (1987), se uma vegetação com raízes profundas
for removida, as tensões capilares se reduzirão e o nível freático do talude
poderá aumentar. Raízes reforçam mecanicamente o solo. A estabilidade de
um talude diminuirá quando as raízes forem removidas pelo desmatamento.
Sob condições semi-áridas, entretanto, a redução na taxa de
evapotranspiração causada pelo desmatamento pode superar todos os outros
efeitos.

3.2 Fatores Condicionantes de Instabilização

VIEIRA et al. (1997) afirma que dentre os diversos fatores que contribuem
para a geração de movimentos de massa nas encostas com coberturas de solos
destacam-se a morfologia do terreno (declividade, forma em planta e perfil, orientação,
entre outros), regime pluviométrico (intensidade e volume da chuva, umidade
antecedente), propriedades do solo e da rocha (espessura, textura, mineralogia, coesão,
atrito interno, descontinuidades hidráulicas, profundidade e característica do contato
solo-rocha, feições estruturais da rocha, etc.), cobertura vegetal (tipo, densidade, etc.), e
o tipo de uso e ocupação do solo.
SOUZA (2000) afirma que a deflagração das instabilizações de taludes e
encostas é controlada por uma cadeia de eventos, muitas vezes de caráter cíclico, que
tem sua origem na formação da própria rocha e em toda sua história geológica e
geomorfológica subseqüente, como movimentos tectônicos, intemperismo, erosão, ação
antrópica, etc.
As causas que determinam o movimento de deslizamento em um talude
dependem do fenômeno que contribui para um aumento da tensão de cisalhamento e,
ou, uma redução da resistência ao cisalhamento. Segundo GIANI (1992), as principais
causas que contribuem para uma redução da resistência ao cisalhamento dependem da
textura do solo, origem da rocha e seus defeitos estruturais. E também de fatores como
reações físicas e químicas e mudanças nas forças intergranulares podem ser
considerados.

3.3 Tipos de deslizamentos em solos residuais


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Um terreno residual possui zonas com diferentes graus de intemperização. Em


vista disto é de se esperar que o mecanismo e tipo de ruptura destes taludes dependam
da zona de intemperização em que se encontra a superfície de deslizamento
(MOREIRA, 1974), Figura 08.

Figura 08: Deslizamentos em solos residuais. Fonte: Santos Jr, 2013.

Baseado nisso, MOREIRA (1974) considerou os deslizamentos


individualmente em cada zona de intemperização como segue:

 ZONA DE SOLO RESIDUAL MADURO

Nesta zona, constituída por material relativamente homogêneo, as superfícies


potenciais de deslizamento são controladas pelas tensões cisalhantes devido ao peso
próprio do maciço.
As superfícies de ruptura são, em geral, circulares. Nos taludes em que o nível
de água se situa abaixo desta zona, deve-se considerar, na análise de estabilidade, a
variação da coesão com o grau de saturação; variação esta, devido às precipitações
pluviométricas. Cumpre pesquisas correlacionando a variação do grau de saturação e
sua distribuição no talude com as precipitações. Na prática, esta "indeterminação" é
levantada saturando-se a amostra do solo, em laboratório, antes da realização dos
ensaios de resistência ao cisalhamento. Este procedimento pode conduzir, entretanto, a
resultados muito conservativos.

 ZONA DE SOLO RESIDUAL JOVEM


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Nesta zona podemos ter um solo "uniformemente heterogêneo (ou


''estatisticamente homogêneo'') neste caso, as propriedades médias da massa é que
governam o seu comportamento, ou a ocorrência de superfícies de fraqueza na massa,
correspondente a antigas diáclases, falhas, plano de xistosidade, entre outros. Nesta
situação, Sowers (1963) afirma que a falha ocorre ao longo de alguma pequena área da
estrutura que não sofreu mudança metamórfica como a rocha circundante.
Um outro tipo frequente do mecanismo de deslizamento nesta zona de solo
residual ocorre quando o perfil do terreno é constituído por uma camada de solo residual
jovem, pouco espessa, sobrejacente a rocha matriz muito pouco alterada, nestes casos, o
deslizamento se processa a uma grande velocidade, mais comumente ao longo da
própria superfície de rocha.
Queiroz (1965) analisou o escorregamento ocorrido durante a execução de um
corte previsto para 80 metros de altura, em solo residual constituído por uma camada
superior de 10 m, de solo argiloso (IA) sobrejacente a uma de solo residual jovem (IB)
até o fim do corte. Nesta zona (IB), o material possuía compassidade tal que tornava, a
partir de uma certa profundidade, impenetrável ao amostrador padrão. Entretanto,
sondagens rotativas convencionais nestes locais apresentaram recuperação nula.
Apesar do fator de segurança à ruptura do talude, obtido através da análise de
estabilidade ter sido maior do que 1.0, ocorreu o deslizamento do corte quando este
estava quase completo.
Referindo-se à superfície de ruptura, Queiroz (1965) comenta: Essas lâminas
começaram com o desenvolvimento de movimento e rachaduras ao longo de planos de
cisalhamento muito bem definidos. Estes planos foram encontrados para ser geralmente
coincidentes com o sistema de articulação da rocha mãe. Nenhuma sonda poderia ter
revelado a ocorrência de tais planos na massa do solo. Além disso, foi encontrada a
ocorrência de uma camada muito fina de solo mais argiloso e enegrecido ao longo da
área.
John et al (1969) analisa a origem e propriedade das lâminas escuras
mencionadas por Queiroz, encontradas algumas vezes na massa de solo residual jovem.
Segundo os referidos autores, estas lâminas são o resultado do material de
preenchimento de antigas diáclases da rocha de origem, devido a atividade da água
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subterrânea; a coloração escura sendo proveniente da precipitação de compostos de


ferro e magnésio.

 ZONA DE ROCHA MUITO ALTERADA

O modelo simplificado da parte superior desta zona é um agrupamento de


blocos e matacões envolvidos por solo parcialmente decomposto. A dificuldade da
análise de estabilidade consiste em se conhecer as propriedades da totalidade da massa.
Qual a resistência ao cisalhamento a considerar? Apenas a do solo matriz ou a deste
mais a influência dos matacões? Segundo Vargas (1953) essa influência só pode ser
determinada por observações na natureza medindo e observando recalques e
escorregamentos de taludes. É traçando superfícies de escorregamento e determinando
as características prováveis do solo que podemos determinar as características e
influência dos blocos. Indicado pelos casos estudados, em uma série de
escorregamentos observados em Santos, Moreira (1975) afirmou que as características
mecânicas da totalidade da massa são governadas pelas propriedades do solo
intermediário, como se os blocos não existissem. Rompe-se o solo segundo a parte mais
fraca, sem que os blocos, matacões, pedras-de-mão e pedregulhos, tenham influência.

 ZONA DE ROCHA POUCO ALTERADA E SÃ

Com referência aos tipos de ruptura nos maciços rochosos, Serafim e Ridruejo
(1966) mencionam que é reconhecido que a ruptura de massas rochosas sempre ocorre
ao longo dos planos de menor resistência.
Em vista disto, a análise de estabilidade deve preceder de um mapeamento
completo das fraturas, falhas, planos de estratificação e sistema de diaclasamento do
maciço rochoso. Em seguida, deve-se proceder à obtenção de "tetraedos" rochosos,
cujas faces constituem um dos planos de fraqueza· mencionados acima, e a uma
posterior análise estática de cada um destes "tetraedos".
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4. ESTUDO DE CASO
O estudo de caso apresentado é intitulado Evaluation of potential landslide
damming: Case study of Urni landslide, Kinnaur, Satluj valley, Índia (Avaliação do
potencial de obstrução por deslizamentos de massa: Estudo de caso do deslizamento de
massa de Urni, Kinnaur, Vale Satluj, Índia). O Artigo foi publicado na revista
Geoscience Frontiers em 2018, por Vipin Kumar et. al., em uma colaboração entre o
Instituto Wadia de Geologia do Himalaia e o Instituto Indiano de Sensoriamento
Remoto.

Devido ao represamento do rio em consequência de deslizamentos de massa na


região de estudo, e considerando a necessidade urgente de redução dos riscos de
desastres na área, foi realizada uma avaliação do potencial de completa obstrução do
rio.

Uma nova abordagem semi-elipsoidal foi usada para determinar a dimensão do


potencial de obstrução. Índices geomorfológicos, dados acerca do tamanho dos grãos e
considerações geológicas foram usados para avaliar a estabilidade do barramento.

4.1 Área de Estudo

O deslizamento de Urni, Kinnaur, Himachal Pradesh (Índia), situado ao longo


da margem direita do rio Satluj, aconteceu durante a década de 1990 inicialmente como
do tipo cascata e logo após evoluiu para um deslizamento de terra "complexo",
envolvendo tanto deslizamentos de rochas como deslizamentos de detritos. Em 2013 tal
deslizamento represou parcialmente o rio Satluj que, desde então, está sujeito a
frequentes falhas de inclinação. A data exata desse represamento é desconhecida.
O represamento do rio Satluj possui 600 m de comprimento e 300 m de
largura. A Figura 09 apresenta a área de estudo.
Próximo a porção de coroamento do escorregamento está localizada a aldeia de
Urni, na faixa de altitude de 2260 a 2300 m acima do nível do mar. A aldeia possui cerca
de 500 habitantes. As aldeias Choling, Tapri e Chagaon também estão localizadas nas
proximidades do deslizamento de terra. O deslizamento de terra danificou cerca de 200
m da estrada nacional (NH) -05 e represou parcialmente o rio Satluj no vale estreito (em
forma de V).
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Figura 09: Mapa da área de estudo (Fonte: Vipin Kumar et. al., 2018)

Com base nas imagens de satélite e observação de campo, a área de


escorregamento foi dividida em 3 categorias: Zona de desprendimento (Dt), Zona de
transporte (Tr) e Zona de deposição (Dp). A zona de deposição é ainda classificada em
deposição em declive (Dps) e deposição no leito do rio (Dpr) (Figura 10). As
características de instabilidade existentes na encosta de escorregamento incluem trincas
transversais de até 100 m de comprimento na zona de desprendimento (Dt) e escarpa de
escorregamento de até 50 m de comprimento perto da coroa.
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Figura 10: Zonas de Categorias do deslizamento (Fonte: Vipin Kumar et. al., 2018)

A encosta do deslizamento de Urni é constituída por um maciço rochoso


gnáissico que pertence ao Cristalino Menor do Himalaia. As encostas nas proximidades
do deslizamento são íngremes (65° a 70°) e escassamente vegetadas por arbustos. A
rocha exposta nos flancos de escorregamento compreende três conjuntos de juntas (J1,
J2 e J3). A encosta oposta do deslizamento também consiste em uma massa rochosa
gnáissica altamente intemperizada e de blocos que é propensa a quedas de rochas.
A região existe na parte frontal da barreira orográfica do Himalaia Superior e
recebe precipitação máxima durante a temporada de monções de verão (junho a
setembro).

4.2 Metodologia

A metodologia adotada seguiu o fluxograma apresentado na Figura 11.


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Figura 11: Fluxograma da metodologia (Fonte: Vipin Kumar et al., 2018)

Para as imagens de satélite foi calculado o erro em relação a imagens retiradas


do Google Earth (GE) e os dados de campo de 1,06%. Esse erro foi utilizado nas
estatísticas finais do dimensionamento do deslizamento.
Imagens de satélite também foram utilizadas para identificação da geometria
do deslizamento e, em comparação, foram coletadas amostras de solos das Zonas de
deposição (Dp) e desprendimento (Dt), sendo essa última próxima à coroa do
deslizamento, e analisados quanto à granulometria utilizando o Método Aritmético dos
Momentos no GRANDISTAT. A Tabela 01 abaixo apresenta esses resultados.
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Tabela 01: Resultados da Análise Granulométrica (Fonte: Vipin Kumar et al., 2018)

As juntas do maciço (J1, J2 e J3), mapeadas no campo, foram incorporadas no


modelo de declive para análise de estabilidade de taludes.
A condição de contorno com movimento de restrição (X = Y = 0) foi aplicada
na base e na parte de trás do modelo, enquanto a face frontal do modelo foi mantida
livre para movimento das juntas, consideradas como a interface nesta técnica de
modelagem de contínuo (FEM) que tem sido amplamente utilizada em estudos de
estabilidade de encostas de rochas.
Os parâmetros utilizados na técnica FEM estão elencados na Tabela 02 com
seus respectivos valores.
Com base nas características de instabilidade do deslizamento, é altamente
importante considerar um maior movimento de falha de talude que, caso acontecesse,
poderia separar o material da encosta e, eventualmente, represar o rio completamente.
Para determinar a possível dimensão de tal obstrução, uma nova abordagem conceitual
foi utilizada. A região do vale estreito em forma de 'V' é melhor representada pelo
espaço semi-elipsoidal e, em caso de falha do declive, o material de detritos seria
depositado nele, até ser lavado pela ação fluvial (Figura 12). Foi observado que o
volume da barragem em geral permanece igual ao volume de escorregamento, portanto,
o volume do deslizamento de Urni é mantido igual ao volume de meio elipsoide.
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Tabela 02: Parâmetros de entrada e critérios para a análise de estabilidade de declive


baseada em FEM (Fonte: Vipin Kumar et al., 2018)
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Figura 12: Estimativa da dimensão da barragem utilizando uma abordagem semi-elipsoidal. (Fonte: Vipin
Kumar et al., 2018)

A avaliação da estabilidade da obstrução em potencial foi realizada,


considerando a possibilidade de formação dessa obstrução em vista da falha de taludes,
usando os seguintes índices geomorfológicos:
1. Índice de Bloqueio por Dimensão (DBI) de Ermini e Casagli (2003);
DBI = log (Ab * Hd / Vd)
2. Índice de Obstrução Morfológica (MOI) por Stefanelli et al. (2016);
MOI = log (V1=Wv)
3. Índice de Estabilidade de Barragens Hidromorfológicas (HDSI) por
Stefanelli et al. (2016)
HDSI = log (V1 / Ab * S)
Onde, Vd = V1 é o volume do escorregamento (m3); Ab é a área de captação a
montante (km2); Wv é a largura do vale represado (m); Hd é altura da barragem (m) e S
é gradiente de inclinação local do canal do rio (m /m).

4.3 Resultados

Observou que o deslizamento de terra atingiu um crescimento de área de


103.900 ± 1142 m2 de 8300 ± 91 m2 no ano de 2004 para 112.200 ± 1234 m2 no ano de
2016 de forma exponencial. Cerca de 86% de aumento de área ocorreu a partir do ano
de 2013. As zonas individuais no deslizamento de terra; Dt, Tr e Dp também mudaram
em sua extensão longitudinal (ao longo do declive) durante esse período de tempo.
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A análise de estabilidade de taludes revelou um Fator de Segurança (FS) de


1,01. A análise cinemática mostrou que a massa de rocha das juntas compreende a
condição de falha em cunha e planar. A linha de interseção do plano de junta J2 e J3
passa de 58° para 200° referenciado de falha de cunha, enquanto a condição de falha
planar é satisfeita pelo plano de junta J3.
A tendência de precipitação anual durante os anos de 2000 a 2016 mostrou um
aumento abrupto na precipitação no ano de 2013. A precipitação total anual média
atingiu um aumento de aproximadamente 42%, de 1460 mm /ano durante o ano de 2000
a 2012 para 2075 mm /ano durante os anos de 2013 a 2016.
A análise do fluxo do escoamento de detritos mostrou que o fluxo de detritos
pode atingir o piso do vale e a parte temporária do NH-05 com um fluxo de 15 m de
altura a uma velocidade de 25 m /s. A extensão de escoamento do fluxo de detritos ao
longo do canal do rio pode ser tão alta quanto 500 m na direção a montante e a jusante.
Usando a abordagem meio elipsoidal, verificou-se que a altura da obstrução é
controlada pelo comprimento da barragem e largura do barramento. Ao aumentar o 'a'
(1/2 do comprimento do barramento) de 30 para 100m e 'b' (1/2 da largura do
barramento) de 100 para 200m, o c (altura do barramento) diminui.
Em virtude das condições de campo, estimou-se que a obstrução pode atingir
uma altura máxima de 76 ± 30 m com um volume de escorregamento de 0,80 ± 0,32 m³.
A incerteza (±) na altura prevista da obstrução é causada pela incerteza no volume do
escorregamento. A altura da obstrução e as incertezas associadas diminuem com o
aumento do comprimento e da largura da obstrução.

4.4 Discussões

O deslizamento de terra atingiu um aumento de 103.900 ± 1142 m2 durante os


anos de 2004 e 2016 e 86% deste aumento total ocorreu a partir do ano de 2013.
Notavelmente, uma mudança similar é também observada no padrão pluviométrico que
mostrou um aumento de cerca de 42% na precipitação anual média a partir 2013. Além
disso, o padrão sazonal e diário de chuvas revelou que houve um súbito aumento das
chuvas no ano de 2013, constituído principalmente por dois eventos extremos de
chuvas; 11 e 16 de junho. Portanto, entendeu-se que o aumento da área de deslizamento
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de terra, particularmente a partir do ano de 2013 e o represamento parcial do rio a partir


de junho do mesmo ano, podem se referir a esses eventos extremos de chuva.
Além disso, com base na condição marginalmente estável da inclinação (FS =
1,01) da análise FEM, possibilidade de falha do tipo planar e cunha a partir da análise
cinemática e as características de instabilidade da superfície observadas, a possibilidade
de agravamento adicional na falha da inclinação não pôde ser descartada. Portanto, em
vista do aumento da precipitação anual e dos eventos extremos de precipitação, existe a
possibilidade de deslizamento de detritos e /ou fluxo de detritos. Ambos os processos
podem separar até 0.80 ± 0.32 milhões de m³ de detritos no canal do rio e podem
represar o rio Satluj completamente. O efeito instantâneo deste represamento incluirá a
destruição completa da NH-05 nesta região e duas pontes (no valor de $ 0,6 milhões),
situadas perto do deslizamento de terra.
Os índices geomorfológicos (MOI, HDSI e DBI) indicaram uma tendência
instável do potencial de deslizamento da obstrução de Urni (Fig. 12). A baixa razão Vf
(cerca de 0.28) indica um ajuste geomorfológico estreito que também implica que a
região é tectonicamente ativa. Além disso, a área de estudo está localizada nas
proximidades do Main Central Thrust e sustenta uma alta taxa de exumação de 2 a 4
mm /ano. Essas implicações tectônicas tornam a região mais propensa à instabilidade.
Assim, a incerteza é inevitável na determinação do tempo de violação devido a
vários fatores que controlam esse mecanismo de deslizamento. Apesar disso, várias
medidas de mitigação, incluindo o monitoramento do deslizamento de terra de Urni e do
sistema de alerta precoce para a comunidade à jusante, são sugeridas pois tais
obstruções e processos subsequentes podem resultar em perdas socioeconômicas
irreversíveis.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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