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Introdução Bíblica ao Antigo Testamento

STBC – Prof.: Jones F. Mendonça

XI. A ARQUEOLOGIA E A HISTÓRIA DE ISRAEL

A arqueologia bíblica se desenvolveu como uma ciência em uma data relativamente


recente, entre os séculos XIX e XX, em conjunto com a arqueologia das culturas imperiais
do Egito, Mesopotâmia, Grécia e Roma. A descoberta da pedra moabita (ou estela de
Mesha), em 1868, despertou grande interesse dos biblistas, uma vez que lança luz sobre
muitos detalhes a respeito do relato bíblico em 2Rs 3,4-27, ocorrido no século IX a.C.
(DONNER, 1997, p. 317,318). Outras descobertas notáveis no campo da arqueologia
bíblica são o código de Hamurabi (1901), a estela de Merneptah (1896), o óstraco de
Samaria (1910), os textos de Ras Shamra, em Ugarit (1929-1937), os manuscritos do Mar
Morto (1947-56) e a estela de Tel Dan (1993).

O emprego de uma “arqueologia” voltada para a comprovação dos relatos bíblicos deixou
de ser um consenso logo nos primeiros anos do surgimento da chamada “arqueologia
bíblica”. A expressão tem sido empregada no âmbito cristão conservador como um
instrumento da teologia histórica, ao lado da história da igreja cristã e história das
doutrinas cristãs (SHÜLER, 2002, p. 447). Mas na década de 70 Willian G. Dever iniciou
uma intensa discussão ao propor a expressão “arqueologia da Siro-Palestina”, com o
propósito de que fosse tratada como um campo da arqueologia em geral, vinculada a ela
nas mesmas preocupações e métodos, sem a interferência de ideologias religiosas
(HOFFMEIER, 2004, p. 25). Um claro exemplo dessa nova tendência foi a mudança, em
1998, do nome da revista publicada pelas Escolas Americanas de Pesquisa Oriental (ASOR).
O antigo nome, “Biblical Archaeologist”, foi substituído por “Near Eastern Archaeology”
(DEVER, 2003, p. 523).

A pedra Moabita
"Eu Mesa, filho de [deus] Quemós [...], Rei de Moabe, o dibonita –
o meu pai reinou sobre Moabe 30 anos e eu reinei depois do meu
pai – fiz este lugar alto para Quemós, Qarhoh, porque ele me salvou
de todos os reis e me fez triunfar de todos os meus adversários. No
que toca a Omri, Rei de Israel [Setentrional], este humilhou Moabe
durante muito tempo, porque Quemós estava irritado com sua
terra.[...] E dali os tirei [...] de YHVH, arrastando até diante de
Quemós” (trecho da Pedra Moabita, séc. IX, atualmente no museu
do Louvre em Paris).

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Código de Hamurabi
Um dos mais antigos conjuntos de leis já escritas, o código de
Hamurabi, elaborado pelo rei que lhe deu o nome, foi escrito no
século XVIII a.C. Algumas semelhanças com as leis mosaicas são
evidentes:
Art. 196 – “se alguém arranca o olho a um outro, se lhe deverá
arrancar o olho”.
Art. 200 – “se alguém parte os dentes de um outro, de igual
condição, deverá ter partido os seus dentes”.

A estela de Merneptah
Única referência a Israel em textos egípcios. Datada
para o século XIII a.C., relata a destruição de um
“Israel” por tropas enviadas pelo Faraó Merneptah:
“Israel está devastado, sua semente não existe mais”.

A estela de Tel Dan


Descoberta em 1993 na cidade de Laish. Consiste
numa pedra de basalto negro que faz menção a
uma “bytdwd” (casa de Davi). O achado tem sido
datado para o século VIII e IX a.C.

Manuscritos do Mar Morto – Foram descobertos entre 1947/56 em cavernas próximas ao Mar
Morto. São cerca de mil anos mais antigos que os manuscritos do A.T. disponíveis até então.

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Além das pedras contendo inscrições, apresentadas acima, a descoberta de alguns


documentos na Mesopotâmia, no norte da Síria e no Egito, também contribuiu para a
compreensão dos relatos bíblicos. Abaixo uma breve descrição de cada um deles:

OUTROS DOCUMENTOS IMPORTANTES

Textos de Nuzi – Os textos de Nuzi, descobertos entre 1925 e 1931, foram datados para o
século XV e XVI a.C. e contém textos jurídicos que correspondem a alguns costumes
observados no relato bíblico a respeito dos patriarcas, tais como a adoção de um estranho,
por vezes um escravo, como filho e herdeiro (cf. Gn 15,2) e a cessão de uma serva fértil ao
marido, quando a esposa legítima era estéril (como no caso de Lia, cf. Gn 30,9-13). Alguns
estudiosos (como Van Setters) observaram que tais costumes também eram praticados no
período neo-assírio (séc. VII a.C.), o que invalidaria o uso desses documentos como
evidência da historicidade dos relatos patriarcais.

Textos de Ras Shamra – Os textos foram encontrados nas ruínas de uma escola de escribas,
na antiga Ugarit (atual Ras Shamra) em 1929. Contém parte da literatura religiosa e
mitológica dos cananeus as quais frequentemente aludem ao Antigo Testamento
(referências a El, o deus supremo, Baal, divindade ligada às forças da natureza e Anat, deusa
da fertilidade). Alguns temas dos hinos de Ugarit figuram nos Salmos, como a vitória de
Yahweh sobre Leviatã, o monte Sião como cidade da paz e a projeção da corte terrena para o
céu. Os documentos foram datados para 1.400 a.C. aproximadamente.

Cartas de Amarna – Amarna era a capital do Egito sob o governo do Faraó Akenathon,
famoso por ter instituído o monoteísmo no Egito. As cartas de Amarna, descobertas
acidentalmente em 1887, contém registros de correspondências oficiais entre o governo
egípcio e cidades palestinas, como Jerusalém, Megido, Geser, Laquis, Filisteia e Síria. Elas nos
dão uma boa ideia sobre a situação da Palestina no século XV a.C.

Na medida em que o foco das pesquisas foi se deslocando para a Palestina, a iniciativa das
escavações, inicialmente lideradas por grandes museus em Londres, Paris e Berlim,
despertou interesses religiosos e políticos1. Grandes avanços foram feitos sobretudo pela
atividade do arqueólogo, linguista e ceramista William Foxwell Albright, com suas
escavações na Palestina em 1920. O otimismo em relação à descoberta de evidências que
pudessem provar a historicidade dos patriarcas tomava conta de pesquisadores como John
Bright, G. E. Wright, Roland de Vaux e A. Parrot.

1 Um excelente artigo de Thomas L. Thompson a respeito dos múltiplos interesses que norteiam a atual
pesquisa arqueológica em Israel pode ser lida no seguinte endereço:
<http://www.bibleinterp.com/opeds/politics.shtml>. Acesso em 16 de abril de 2012.

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11.1 As controvérsias

Inspirados no trabalho do acadêmico alemão Julius Wellhausen, estudiosos alemães não se


mostraram tão otimistas quanto os discípulos de Albright. Eles afirmavam que a história
dos patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó), a escravidão no Egito, o êxodo, a conquista da terra
e o assentamento das tribos de Israel na Palestina não passam de reconstruções tardias. Já
no final do século XIX Wellhausem afirmava:

não obteremos conhecimento algum sobre os patriarcas, mas somente sobre as épocas
em que as narrações que lhes dizem respeito se formaram entre o povo israelita. Essa
época posterior, com suas características – tanto as profundas como as superficiais -,
foi inconscientemente projetada na noite dos tempos, onde se reflete como uma
miragem glorificada (WELLHAUSEN, 1885, p. 278)2.

A escola de Albright, ao contrário, norteava suas pesquisas considerando a Bíblia como um


documento histórico, que embora tenha passado por diversas fases de edição, basicamente
reflete a realidade antiga. Este grupo de estudiosos estava convencido de que se os restos
antigos de Palestina fossem descobertos, teria provas inequívocas da verdade histórica dos
eventos relativos ao povo judeu em sua terra. Com a publicação, na década de 50, do
popular sucesso editorial “E a Bíblia tinha razão”, de Werner Keller, muitos cristãos
tomaram por certa a comprovação da historicidade das narrativas bíblicas.

Sucesso editorial por algumas décadas, “E a Bíblia


tinha razão”, de Werner Keller, destaca a
concordância entre as descobertas arqueológicas e a
narrativa bíblica.
Lançado em 2003, “A Bíblia não tinha razão”, do
arqueólogo Israel Finkelstein e do jornalista Neil
Asher Siberman, acentua a falta de plausibilidade
histórica dos patriarcas.

As descobertas arqueológicas feitas até então foram capazes de preencher muitas lacunas
no entendimento das narrativas bíblicas, mas por outro lado começaram a surgir
problemas que não encontravam solução nas teorias destes pioneiros arqueólogos bíblicos.
Fortes críticas à metodologia empregada pela escola de Albright vieram Paul Lapp, um
aluno de G. E Whight. Em sua opinião, só um arqueólogo secular seria capaz de produzir
uma história objetiva da Bíblia. Ele também acreditava que a arqueologia bíblica deveria

2 Fiz uma tradução livre do inglês. No original: “It is true, we attain to no historical knowledge of the
patriarchs, but only of the time when the stories about them arose in the Israelite people. this later age is
here unconsciously projected, in its inner and its outward features, into hoar antiquity, and is reflected there
like a glorified mirage”.

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estar sujeita aos mesmos métodos da arqueologia geral. A harmonia entre o relato bíblico
e as descobertas arqueológicas entrou em colapso (DAVIS, 2004, p.123-144).

11.1.1 Problemas com a cronologia bíblica e a falta de evidências

Um elemento particularmente problemático enfrentado pelos defensores da historicidade


dos relatos bíblicos foi cronologia bíblica. Datar o período em que viveram os patriarcas
seguindo informações contidas na Bíblia mostrou-se uma tarefa impossível. Moisés é
descrito como descendentes de Levi, filho de Jacó, pela quarta geração (1 Cr 6,1-3). Josué,
contemporâneo de Moisés, é apresentado como descendente de José, irmão Levi, de pela
duodécima geração (1 Cr 7,22-27).

Levi Mesma geração José

Moisés Mesma geração Josué


A data proposta para os primeiros patriarcas, no final do segundo milênio (templo de
Salomão, século IX + 480 anos entre o Êxodo e o Egito, cf. 1Rs 6,1 + 430 anos de estada
no Egito, c. Ex 12,40) parecia concordar com o cenário apresentado por documentos
mesopotâmicos desse período (conf. textos descobertos em Nuzi, na Mesopotâmia), tais
como nomes próprios, costumes e leis, mas os paralelismos eram tão genéricos que
poderiam ser apresentados como válidos para quase todos os períodos da história antiga do
Oriente Próximo (FINKELSTEIN, 2003, p. 52).

Em relação ao êxodo, nenhum documento ou registro arqueológico foi encontrado que


pudesse prová-lo (BRIGHT, 1978, p.154). A cidade de Jericó, que na narrativa bíblica é
descrita como sendo destruída sob a liderança de Josué já estava em ruínas desde o século
XV, tornando impossível datar a conquista para o final do século XIII, como sustentava a
escola de Albright (VV. AA. 1998, p.132). Com a cidade de Ai (et-Tell, perto de Betel?)o
problema se mostrou ainda mais difícil, considerando que os registros arqueológicos
davam conta que ela foi habitada pela última vez no final do terceiro milênio e ocupada
novamente apenas no século XI, ou seja, depois da conquista (BRIGHT, 2003, p.166).

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11.1.3 Soluções apresentadas

Os estudiosos da escola de Albright não se deram por vencidos e apresentaram soluções


para todas essas questões. Em relação à Jericó e Ai surgiram diversos argumentos para
justificar a ausência de evidências de uma destruição no século XIII. Argumentou-se que as
águas da chuva poderiam ter levado o que restou das muralhas de Jericó ou elas teriam
sido usadas em outras construções (BRIGHT, 2003, p.166). Como gostam de dizer:
“ausência de evidência não é evidência de ausência” (famosa frase de Carl Sagan). Quanto a
Ai foi sugerido que a cidade citada na Bíblia teria sido um posto avançado de Betel, sem
construções substanciais, daí a falta de evidências arqueológicas (THOMPSON, 1999, p.96).
Outra tentativa de solucionar o problema de Ai veio do arqueólogo Bryant Wood. Ele diz
ter descoberto a Ai bíblica em Khirbet el-Maqatir, 10 quilômetros ao norte de Jerusalém3.
Bryant discorda da antiga proposta para a localização da cidade, em et-Tell, argumentando
que as ruínas encontradas em Khirbet el-Maqatir correspondem melhor ao relato de Js 7-
8.

11.2 Maximalistas e Minimalistas

Em linhas gerais os dois grupos de pesquisas possuem perspectivas diferentes em relação ao


modo como se deve encarar o papel das Escrituras na reconstrução da história de Isael. Os
céticos em relação à historicidade dos patriarcas receberam o rótulo de “minimalistas”. Eles
defendem que os registros contidos na Bíblia são pouco úteis na reconstrução da história
da região da Siro-Palestina (MOORE; KELLE, 2011, p. 34). Para Lamche, um conhecido e
polêmico minimalista, o Israel bíblico constitui uma realidade literária e não uma realidade
histórica (MERRILL et al, 2011, p. 159). O outro grupo, confiante em encontrar evidências
que acentuem a plausibilidade dos patriarcas e dos demais estágios da história de Israel
conforme relatado na Bíblia recebeu o rótulo de “maximalista”. Este grupo é conhecido
por trabalhar com uma pá numa mão e a Bíblia na outra4.

Após muitos anos de pesquisas as controvérsias entre maximalistas e minimalistas parecem


longe de terminar. Em 2005, a arqueóloga israelense Eilat Mazar afirmou ter descoberto

3 Muitas informações sobe as escavações em Khirbet el-Maqatir podem ser obtidas na página dedicada ao
tema pela Associates for Biblical Research: <http://www.biblearchaeology.org/page/Join-us-in-our-search-
for-Joshuas-Ai.aspx>. Acesso em 11 de maio de 2012.
4 A frase é de Yigael Yadin, cf. Yigael Yadin, Hazor: The Rediscovery of a Great Citadel from the Bible

(London: Weidenfeld and Nicholson, 1975), p. 187 apud MORE, Megan Bishop; KELLE, Brad E. Biblical
History and Israel’s Past. Grand Rapids, Michigan: Wm. B. Eerdmans Publishing Co, 2011.

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em Jerusalém a muralha do palácio do rei Davi e provocou alvoroço no meio acadêmico5.


O arqueólogo israelense Israel Finkelstein insiste em dizer que a datação indicada para a
muralha está incorreta. O primeiro Estado centralizado organizado por israelitas seria o do
rei Omri (884-842). Finkelstein não nega que Davi tenha sido um personagem real (o
que parece ser confirmado pela Estela de Tel Dan) ou até mesmo que muitas das histórias
relatadas no livro de Samuel expressem acontecimentos reais, mas questiona a existência de
um reino majestoso e unificado tal qual apresentado na Bíblia. Se houve uma monarquia
unida que governou de Dan a Berseba, argumenta Finkelstein, foi a dinastia omríada, no
século IX, a partir de Samaria (FINKELSTEIN, 2007, p. 115). Davi teria sido um mero líder
tribal.

Ao lado de Mazar, defendendo a existência de um reino unificado no século X a.C. está


Yosef Ganfinkel, arqueólogo que desde 2007 faz escavações na fortificação de Qeiyafa, no
vale de Eláh, 30 Km a sudoeste de Jerusalém. A descoberta de óstraco contendo uma
inscrição alfabética linear na região, em 2008, foi interpretada por Garfinkel como
evidência de que Judá já era um importante centro administrativo no século X a.C. Testes
com C14 em caroços de azeitona queimados situaram a cidade para o período davídico
(séc. X a.C.). Apesar da incerteza quanto a tradução do texto escrito em cinco linhas, o
epigrafista Émile PuschPuech sugere que um trecho da inscrição: "os homens e os chefes
estabeleceram um rei", seja uma referência ao primeiro rei de israel: Saul6. É importante
destacar que o texto ganhou traduções completamente diferentes feitas por epigrafistas
especializados7. Outra descoberta importante na região foi anunciada no dia 08 de maio
de 2012. Numa coletiva com a imprensa Garfinkel mostrou ao público santuários
portáteis descobertos em Qeiyafa que carregariam semelhanças com o templo de Salomão,
conforme descrito na Bíblia8. A ausência de ossos de porco, de imagens humanas ou de
animais e a presença de construções típicas da realeza seriam evidências de que o sítio foi
ocupado por indivíduos que seguiam preceitos presentes na lei mosaica, praticavam um
culto diferente dos cananeus e filisteus e viviam sob o governo de um rei. Na opinião de
Garfinkel, claros indícios que o sítio foi ocupado por israelitas. É preciso destacar que nem
todos concordam com as conclusões de Garfinkel. Numa matéria publicada no jornal

5 A edição americana da revista National Geographic publicou uma matéria em fevereiro de 2010
apresentando opiniões diferentes sobre o valor da descoberta.
<http://ngm.nationalgeographic.com/2010/12/david-and-solomon/draper-text>. Acesso em 16 abr 2012.
6 O artigo pode ser lido no site da Biblical Archaeology Review (BAR), de mai/jun/2010: http://www.bib-

arch.org/bar/article.asp?PubID=BSBA&Volume=38&Issue=03&ArticleID=04&Page=0&UserID=0&. Acesso
em 11 de maio de 2012.
7 Tentativas de tradução das cinco linhas do óstraco foram publicadas no Qeiyafa Chronicle Ceramica: <
http://qeiyafa.huji.ac.il/ostracon2.asp>. Acesso em 21 de maio de 2012.
8 O comunicado de imprensa pode ser lido no site do Israel Ministryof Foreign Afairs:
http://www.mfa.gov.il/MFA/History/Early+History+-+Archaeology/Cultic_shrines_time_King_David_8-
May-2012.htm

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israelense Haaretz (09/05/12), Nadav Na’aman, da universidade de Tel Aviv, explica que
os cananeus também não comiam carne de porco9. A ausência de ossos do animal apenas
indicaria que o sítio não é filisteu, povo conhecido por apreciar a carne suína.

É um erro comum associar os minimalistas aos ateus, céticos dispostos a provar ser a Bíblia
uma farsa. Na verdade o que eles defendem é a necessidade de provas concretas que
possam sustentar a historicidade das narrativas bíblicas. Os antigos hebreus, defendem os
minimalistas, escreviam suas histórias sem preocupação em relatar os fatos como
realmente aconteceram. A intenção era religiosa e não científica. Dentre o grupo de
pesquisadores minimalistas pode-se destacar Niels Peter Lemche, Thomas L. Thompson
(ambos da Dinamarca), Philip R. Davies (Reino Unido) e Mario Liverani (Itália).

Os maximalistas, por outro lado tendem a ser vistos como fundamentalistas ingênuos, mas
isso está longe de ser verdade. Esse grupo até aceita que as narrativas bíblicas sofreram
acréscimos, interpolações e reelaborações, mas insiste que a ela possui, ao menos, fundo
histórico. Famosos representantes dessa escola são Albright (Chile), G. E Whight, John
Bright (Inglaterra), Roland de Vaux (França), Eilat Mazar , Yosef Garfinkel (ambos de
Israel) e William G. Dever (EUA).

9 Disponível em:<http://www.haaretz.com/news/national/archaeological-find-stirs-debate-on-david-s-
kingdom-1.429087> acesso em 17 de maio de 2012.

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REFERÊNCIAS

BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo: Paulinas, 1978.

DAVIS, Thomas W. Shifting Sands: The Rise and fall of Biblical Archaeology. New York:
Oxford University Press, 2004.

DEVER, William G.; GITIN, Seymour. Symbiosis, symbolism and the power of the past.
Eisenbrauns, 2003.

DONNER, Herbert. História de Israel e os povos vizinhos, volume 1: dos primórdios à


formação do Estado. São Leopoldo: Sinodal, 1997.

FINKELSTEIN, Israel; SILBERMAN, Neil Asher. La Biblia desenterrada: Una nueva visión
arqueológica del antiguo Israel y de los orígenes de sus textos sagrados. Madrid: Siglo
Veintiuno, 2003.

HOFFMEIER, James Karl; MILLARD, Alan (Edit.). The future of biblical archaeology:
reassessing methodologies assumptions. Michigan: Eerdmans Publishing, 2004.

LIVERANI, Mário. Para além da Bíblia. São Paulo: Loyola, 2008.

MERRILL, Eugene H.; ROOKER, Mark F.; GRISANTI, Michael A. The World and the
Word: An Introduction to the Old Testament. Nashville, Tennessee: B&H Publishing
Group, 2011.

MOORE, Megan Bishop; KELLE, Brad E. Biblical History and Israel's Past: The Changing
Study of the Bible and History. Grand Rapids, Michigan: Wm. B. Eerdmans Publishing Co.,
2011.

SCHÜLER, Arnaldo. Dicionário enciclopédico de teologia. Canoas: Ed. ULBRA, 2002.

THOMPSON. John A. A Bíblia e a arqueologia: quando a ciência descobre a fé. São Paulo:
Vida Cristã, 2004.

VOGELS, Walter. Abraão e sua lenda. São Paulo: Loyola, 2000.

VV. AA. Dicionário cultural da Bíblia. São Paulo: Loyola, 1998.

VV. AA. Comentário Bíblico em 3 volumes. São Paulo: Loyola, 1999.

WELLHAUSEN, Julius. Prolegomena to the History of Israel. Republicação da edição de


1885 pela Forgotten Books, 2008.

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