Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A visão religiosa tradicional sobre a origem da Torá é de que ela foi composta por Moisés entre
os anos de 1446 a.C. e 1406 a.C. Embora essa visão ainda seja aceita por cristãos e judeus
conservadores, os estudiosos modernos argumentam que toda a Torá foi composta em meados
do primeiro milênio antes de Cristo, para ser uma "prequela" para os livros proféticos (Josué,
Juízes, Samuel e Reis).
Atualmente existem três grandes abordagens para a questão da data e do modo de composição
da Torá (ou Pentateuco). A Hipótese Documentária (que será abordada nesse artigo) sustenta
que a Torá foi composta por entrelaçamento de quatro narrativas originais, que originalmente
eram separadas e completas em si, cada uma lidando com o mesmo assunto. Isso explicaria
muitas das características intrigantes dos cinco livros, nomeadamente o aparecimento de vários
nomes para Deus e incidentes duplicados, tais como as narrativas de duas criações da
humanidade. Basicamente o que a Hipótese Documentária afirma é de que existiam então
quatro documentos independentes, conhecidos como fonte javista J, fonte eloísta E, fonte
sacerdotal P e a fonte deuteronomista D, e que foram compostos entre 900 a.C. e 550 a.C., e
sendo redigidos (ou agrupados) em 450 a.C., possivelmente por Esdras.
O primeiro é o "Modelo Fragmentário", que sustenta que a Torá cresceu gradualmente a partir
de uma série de fragmentos de várias extensões. Os modelos fragmentários (como por exemplo,
os de R. Rendtorff e E. Blum), afirmam que a Torá é o produto do lento crescimento das
tradições fragmentárias (sem documentos), ao longo do período que vai de 850 a.C. até 550
a.C., e se consolida na sua forma final aproximadamente em 450 a.C.
A visão alternativa é o "Modelo Suplementar", que afirma que a Torá é, em grande parte, o
trabalho de um editor, ou grupo de editores, que trabalharam (ou completaram), um tipo de
material já existente. Nos modelos suplementares (como por exemplo, o modelo do estudioso J.
Van Seters), a Torá foi composta por uma série de expansões autorais em torno de um
documento ou fonte original, normalmente identificado como J ou P, em grande parte durante o
sétimo e sexto séculos antes de Cristo, cuja forma final foi atingida aproximadamente em 450
a.C.
Há ainda o chamado Minimalismo Bíblico, que sustenta que a Torá foi composta no período
Hasmoneu-Helenístico, entre 300 a.C. e 140 a.C.
A Hipótese Documentária
Fonte Javista (J): Escrita cerca de 950 a.C. no sul do reino de Judá.
Fonte Eloísta (E): Escrita cerca de 850 a.C. no norte do reino de Israel.
Fonte Deuteronomista (D): escrita cerca de 600 a.C. em Jerusalém, durante o período de
reforma religiosa.
Fonte Sacerdotal (P): escrita em 500 a.C. pelos Kohanim (sacerdotes judeus), no exílio
babilônico.
Muito embora a hipótese de Wellhausen tenha sido substancialmente alterada e modificada por
outros modelos paralelos no século 20, sua terminologia e seus insights continuam a
providenciar um referencial para as modernas teorias sobre as origens da Torá.
Constata-se, nesta altura, que o Pentateuco se apresenta na realidade como uma obra anônima,
sem indicação de autor e sem informação direta sobre a origem mosaica para todo o conteúdo.
Deste modo, a tradição afirma, mais do que o próprio Pentateuco, sobre a proveniência deste.
Somente algumas perícopes são atribuídas expressamente à autoria de Moisés, sem que isto, no
entanto, corresponda necessariamente à realidade. Estas perícopes são:
o relato da batalha contra os amalecitas (Ex 17,14),
aquilo que se costuma chamar de Código da Aliança , (Ex 24,4),
o decálogo cultual (Ex 34,27),
a lista dos sítios dos acampamentos (Nm 33,2),
o "Deuteronômio" (Dt 1,5;4,45;31,9.24),
o cântico de Moisés (Dt 31,30)
A parte principal do Pentateuco, pelo contrário, não pretende ter sido redigida por Moisés, nem
transmitida oralmente desde sua época. A partir do século XVIII uma série de pesquisas e
argumentos decisivos e dos mais variados tipos vieram provar que esta constatação negativa
corresponde à realidade. Para o momento, indicamos algumas das inúmeras passagens que
sugerem uma época posterior a Moisés:
Se o Pentateuco não provém de Moisés, então se põe a questão de saber como teria surgido. Foi
a partir das tentativas de dar uma resposta a estes problemas que se desenvolveram a pesquisa e
a crítica do Pentateuco, que constituiu e constitui ainda hoje a parte mais considerável da
ciência do AT. Devemos observar ainda que se trata de uma questão justa e necessária, e que
são inevitáveis as tentativas de resolvê-la de modo o mais exato possível. A própria Exegese e a
Teologia não podem prescindir delas.
O empenho em discernir cada uma das partes que entram na composição do Pentateuco e em
determinar a época em que ele apareceu, bem como o de saber sua finalidade, deu origem a uma
série de hipóteses, que funcionam como tentativas de solução. A pesquisa crítica teve dois
precursores que logo foram esquecidos e não tiveram influência: o pastor H. B. Witter, que
utilizou como critério de distinção sobretudo a alternância dos nomes divinos Javé e Elohim no
Gênesis e reconheceu a existência de duas narrativas distintas da criação, mas não estendeu sua
pesquisa a todo o Gênesis, e J. Astruc, que partiu igualmente da diferença dos dois nomes
divinos, para distinguir no Gênesis a presença de duas fontes principais e de dez fontes
secundárias que teriam sido usadas por Moisés.
a) A primeira hipótese dos documentos (Eichhorn, Ilgen) afirmava que o Pentateuco, do qual,
quase sempre só se pesquisava o Gênesis, se originara de várias fontes. Segundo tal hipótese, o
Pentateuco é composto de uma série de narrativas correlatas, em que o último redator ou revisor
utilizou como "documentos" formulados definitivamente, mas submetendo-os a uma revisão do
conjunto. Contudo, esta hipótese se depara com dificuldades, quando passa ao estudo dos
códigos legais.
b) A hipótese dos fragmentos (Geddes, Vater, e De Wette até certo ponto) parte do estudo dos
códigos legais do Pentateuco. Estes códigos dão a impressão de serem fragmentos mais ou
menos extensos, autônomos e independentes entre si, e de terem sido colocados uns ao lado dos
outros no Pentateuco, sem uma vinculação interna. Com base nesta descoberta, procurou-se
captar o processo de formação de todo o Pentateuco, partindo-se da elaboração redacional
desses fragmentos legislativos e narrativos. Contudo, logo que se procure aplicar esta hipótese
às secções narrativas, tornar-se quase impossível entender a existência da construção planificada
e da cuidadosa ordenação de todo o conjunto, bem como a cronologia que lhe é correlata.
c) A hipótese complementar (Ewald, até certo ponto; Bleek, Tuch, Frz. Delitzsch) procurou
resolver o problema, admitindo que uma só fonte constitui o núcleo do Pentateuco, ou seja, o
chamado documento básico [Grundschrift], eloísta e de composição unitária, que foi
completado depois por elementos javistas. Ewald, cuja opinião se identificava essencialmente
com a da primeira hipótese dos documentos, bem cedo se afastou da hipótese complementar e,
como outros, passou a admitir duas fontes eloístas que teriam sido reescritas, fundidas e
completadas por um autor javista. Ewald estabelece, assim, uma certa ligação entre a primeira
hipótese dos documentos e a hipótese complementar (e semelhantemente Schrader).
d) A segunda hipótese dos documentos (Hupfeld, Riehm, Dillмann, Frz. Deliтzscн) admite a
existência de três fontes preexistentes e originalmente autônomas: duas eloístas e uma javista,
que um redator final refundiu e combinou. Depois que Riеhm fez valer, mais tarde e quase
universalmente, a tese defendida por De Wette, segundo a qual o Deuteronômio é obra
autônoma e distinta dos demais livros do Pentateuco, passou-se a ter uma base crítico-literária,
na qual se admitiam quatro componentes primitivos e se determinava a ordem de sucessão das
partes. Utilizando as abreviaturas hoje universalmente aceitas, teremos a
seqüência: P (Priesterschrift, “Documento Sacerdotal”) – E (Eloísta) – J (Javista)
– D (Deuteronomista).
Desta opinião divergem sobretudo König, Orelli e Strack, entre outros, que consideram E como
a fonte mais antiga e admitem uma data mais recuada: E teria surgido por volta de 1200, J por
volta de 1000, D por volta de 700-650, e P por volta de 500 a.C.; Dillмann, Graf Baudissin
propõem a sequencia E-J-P-D e também uma data um pouco mais antiga: E, 900-850; J, 800-
750; P, 800-700, e D, 650-623 a.C.: e Kaufmann, com a tese segundo a qual P seria a fonte
mais antiga.
f) Além de muitos estudiosos do AT, que a partir de então tem adotado a opinião de Graf,
Kuenen e Wellhausen, não faltam aqueles que a rejeitam, modificam ou pretendem substituir a
segunda hipótese dos documentos.
Erdmann e Dahse reprovam a opinião dos que admitem a preexistência de fontes circulantes,
recusando-se a tomar como critério para isto a diversidade dos nomes divinos, e defendem uma
espécie de hipótese complementar.
Löhr admite que Esdras tenha compilado uma material que remontaria a Moisés. Seria, assim, o
redator do Pentateuco. Deste modo renova, até certo ponto, a hipótese dos fragmentos.
Baseados nos estudos feitos por J. Pedersen para o conhecimento da mentalidade israelítica e ao
mesmo tempo admitindo a hipótese de uma tradição oral que teria persistido até depois do
exílio, Engnell e outros consideram como inconsistente e mesmo impossível a distinção entre as
fontes. Também desta maneira de abordar a história das tradições, e mesmo abstraindo das
concepções arbitrárias conexas, a respeito da história religiosa, é indisfarçável a preocupação
em se manter dentro da tradição em face da crítica.
Volz e Rudolph rejeitam a teoria de uma fonte E. Enquanto Voltz considera E e P apenas como
produtos de uma reelaboração de J, Rudolph considera como independentes não somente P, mas
também certos trechos de E, que ele, no entanto, interpreta como interpolações introduzidas
em J. Também Mowinckel se voltou ultimamente contra a hipótese de E como fonte autônoma.
Em vez disto, considera o material como sendo ampliações e reformulações posteriores de J,
feitas com base no material das variantes surgidas no decorrer do tempo. Deste modo, o Javista
se transforma de invariatus em Javista variatus.
Para Winnet, os livros de Êxodo e Números contêm uma tradição continuada que teria surgido
no norte de Israel, sem a presença de outras fontes isoladas, e teria sofrido uma revisão antes do
exílio (deuteronomista) e outra depois do exílio (P).
Em Cassuto, encontramos uma espécie de hipótese dos fragmentos. Segundo ele, o Pentateuco
seria uma obra homogênea e originária da época dos profetas. Na construção dessa obra teria
sido utilizada uma parte do material das numerosas tradições correntes em Israel, tendo sido ela
reelaborada tantas vezes, que na multiplicidade e da multiplicidade, resultou uma obra unitária.
Todas essas opiniões nada mais indicam do que uma advertência a nos convencermos cada vez
mais da solidez e da credibilidade dos fundamentos lançados pela segunda hipótese dos
documentos no que respeita à divisão das fontes do Pentateuco.
3. Novas abordagens
Depois que Sᴄʜʀᴀᴅᴇʀ ³⁵, Bᴜᴅᴅᴇ ³⁶ e Bʀᴜsᴛᴏɴ ³⁷ deram início ao processo de distinguir em J
diversos fios de narrativas, isto aliás no sentido de um afrouxamento da hipótese dos
documentos, uma vez que se abandonou a tese de um único autor a trabalhar segundo um plano
premeditado, Sᴍᴇɴᴅ ³⁸ deu um passo decisivo no sentido de se admitir que a conhecida fonte J
não era um documento unitário nem foram ampliado com acréscimos, mas, antes, constava de
duas fontes onde aparece de ambos os lados o nome divino de Javé. A estas duas fontes ele deu,
respectivamente, o nome de J¹ e J², contando a partir de então com cinco fontes do Pentateuco,
ao mesmo tempo em que as apresentava seguinte ordem cronológica: J¹ - J² - E - D - P. Esta tese
foi aceita, embora com ligeiras modificações, entre outros por Eichrodt ³⁹, Holzinger ⁴⁰,
Meinhold ⁴¹, Eissfeldt ⁴², Simpson ⁴³ e Fᴏʜʀᴇʀ ⁴⁴. Eissfeldt, por sua vez, substitui a
designação J¹ pela de L (Laienquelle, "fonte leiga"), para indicar a diferença desta fonte em
confronto com o interesse sacerdotal e cultual que se observa em P, ao passo que Fᴏʜʀᴇʀ
prefere designá-la com a sigla N, em vista do seu pronunciado sabor nômade.
Independentemente de Sᴍᴇɴᴅ, Morgenstern ⁴⁵ admite a existência de uma fonte quenita [K,
abrev. de Keniter-Quelle], surgida por volta de 900 a.C., no sul da Palestina, e Pfeiffer ⁴⁶, uma
fonte mais antiga (S), surgida em Seir ou no sul da Palestina, no século X a.C. Em
contraposição com estas teses, Hölscher pretendeu, mais do que ninguém, demonstrar a unidade
de J, mas teve de reconhecer como pertencendo ao seu J, dado tratar-se de duplicatas, uma série
de trechos que, no entanto, parecem bem antigos e quadram perfeitamente com o referido J. Por
outro lado, ele atribuiu a J certas passagens que perturbam visivelmente o rito da narrativa e
destoam do contexto de seu J.
Procksch ⁴⁸ propôs uma divisão para E, supondo a existência de uma fonte E¹, escrita no reino
do Norte, e uma variante E², produto de ampliações e que teria surgido em Judá, depois da ruína
do reino setentrional. Mas nesta tese seria preferível falar em ampliações no sentido da hipótese
complementar.
b) A pesquisa sobre a história ds formas e dos motivos, praticada em larga escala primeiramente
por Gunkel e Gressmann, modificou até certo ponto a conceituação referente aos "documentos".
A atenção se voltou do aspecto qualitativo e específico das fontes para as narrações e para os
materiais em particular, a fim de captar a fase pré-literária, o nascimento e o desenvolver da
tradição oral, sua situação histórico-vital (Sitz im Leben) e a natureza da religião do povo. A
partir daí, as fontes se revelam, não como obras literárias de grandes personalidades e
compostas segundo um plano bem determinado, mas como compilações de elementos
populares, transmitidos desde tempos imemoriais e recolhidas, não por indivíduos mas por
escolas. Daí resulta claramente que todas as fontes, mesmo as mais recentes, contem material
antigo e constituem, por isso mesmo, conjuntos de natureza muito mais complexa do que se
supunha antigamente. Isso é tanto mais válido a partir do momento em que se redescobre, em
proporção cada vez maior, a tradição do Antigo Oriente em seus aspectos comparativos. A
pesquisa, principalmente a pesquisa condições legais e da arte de narrar, conduziu a resultados
notáveis, ainda que não indiscutíveis, e haverá de trazer ainda novos conhecimentos.
A isto se acrescenta o estudo da história das tradições, que, ao contrário do conceito de história
da tradição, proposto por Engnell, se atém à distinção das fontes, mas procurando recuar para
além desta etapa e investigando o paulatino desenvolver-se da tradição atual, no decurso de sua
longa história. Para isto, é preciso acompanhar os diversos ciclos de tradições e determinar sua
idade, suas relações mútuas e sua recíproca influência. Baseado nestes dados, Noth ⁵⁰
identifica, aliás de modo muito esquemático, cinco temas básicos da tradição em estudo: o
Êxodo, a conquista da terra, a promessa feita aos patriarcas, a condução do povo através do
deserto e a revelação do Sinai. A moldura temática que já existia foi preenchida com materiais
narrativos, como o das pragas do Egito, da celebração da Páscoa, do Baal Peor (Beelfegor) e de
Balaão, e da história de Jacó a leste do Jordão. Com outros enquadramentos e com a utilização
de tradições isoladas, como a novela de José e as genealogias, os temas foram pouco a pouco se
desenvolvendo.
Se, depois de tudo isto, voltarmos o olhar para os primórdios das fontes e considerarmos o seu
desabrochar ao longo de vários estágios, de modo cada vez mais crescente, veremos que a
pesquisa do Pentateuco se torna de tal modo complexa, que as datas propostas pelas "hipóteses"
podem valer apenas como seu começo. Naturalmente é um começo necessário, de onde devem
partir, de novo, todos os que se dedicam ao estudo do Pentateuco, para poder então recolocar a
questão da origem das fontes do Pentateuco.
Em 1753 Jean Astruc publicou, de maneira anônima, o livro «Conjectures sur les mémoires
originaux, dont il paraît que Moïse s'est servi pour composer le livre de la Genèse». O motivo de
Astruc era refutar Hobbes e Spinoza . Para fazer isso, ele aplicou ao livro Gênesis as
ferramentas de análise literária que os estudiosos já estavam usando com textos clássicos como
a Ilíada, do poeta grego Homero, para peneirar tradições e variantes, e chegar ao texto mais
autêntico. Ele começou por identificar dois marcadores que pareciam identificar variações
consistentes, a utilização de "Elohim" ou "YHWH" (Yahweh) como o nome de Deus, e ao
aparecimento de histórias duplicadas, ou parecidas, como os dois relatos da criação no primeiro
e segundo capítulos do Gênesis com relação ao primeiro homem, e as duas histórias de Sara
(mulher de Abrãao) e um rei estrangeiro (Gênesis cap. 12 e Genesis cap. 20). Ele colocou os
versículos em colunas ordenadas, os versos "Elohim" em uma coluna, e os versos "YHWH" em
outro, e os membros das parelhas em suas próprias colunas ao lado destes. As colunas paralelas
assim construídas continham duas narrativas longas, cada um lidando com os mesmos
incidentes. Astruc sugeriu que esses eram os documentos originais utilizados por Moisés, e que
o Gênesis como escrito por Moisés como narrativas paralelas feitas para serem lidas
separadamente. De acordo com Astruc, um editor mais tarde teria combinado as colunas em
uma única narrativa, criando as confusões e repetições observadas por Hobbes e Spinoza.
Estudiosos também tentaram identificar a seqüência e as datas das quatro fontes, e propor que
poderiam ter sido produzidas, e por quê De Wette concluído em 1805 que nenhum dos livros do
Pentateuco foi composto antes do tempo de David, uma vez que a fonte Deuteronomista estava
ligada com os sacerdotes do Templo em Jerusalém, durante o reinado de Josias, em 621 a.C.
Eles sugeriam diversas tentativas para a composição na ordem PEJD, EJDP ou JEDP, e a
questão estava longe de ser resolvida.
E é aí que entra o influente trabalho de Julius Wellhausen. Em 1876 Julius Wellhausen publicou
uma obra chamada «Die Composition des Hexateuchs und der historischen Bücher des Alten
Testaments» ("A Composição do Hexateuco e dos livros históricos do Antigo Testamento"), ou
seja, o Pentateuco mais o livro de Josué, no qual ele partiu da hipótese de quatro fonte de
origem do Pentateuco, o que foi seguido em 1878 por outro livro que ele publicou,
«Prolegomena zur Geschichte Israels» ("Prolegômenos à História de Israel"), uma obra que
traçou o desenvolvimento da religião dos antigos israelitas de uma forma inteiramente secular e
histórica, não do ponto de vista sobrenatural e mitológico. E na verdade Wellhausen introduziu
poucas novidades no esquema das quatro fontes, mas “peneirou” e combinou o trabalho de todo
o século anterior em uma forma coerente, a teoria abrangente sobre as origens da Torá e do
judaísmo de uma forma tão persuasiva, que suas teorias dominariam o debate acadêmico sobre o
assunto durante os próximos cem anos.
Os critérios adotados por Wellhausen para distinguir as fontes eram aqueles que foram
desenvolvidos por seus antecessores ao longo do século anterior: estilo (incluindo, mas não
exclusivamente, a escolha do vocabulário); nomes divinos; parelhas e, ocasionalmente, tripletos.
A fonte Javista (ou simplesmente J) foi identificada com um estilo de narrativa rica, a fonte
Eloísta é um pouco menos eloquente, a língua do P era áspera e legalista. Itens de vocabulário,
como os nomes de Deus, ou o uso do nome Horebe (E e D) ou Sinai (J e P) para a montanha de
Deus, objetos rituais, como a Arca da Aliança, que é frequentemente mencionada em J, mas
nunca em E, o estatuto dos juízes (que nunca é mencionado em P) e os Profetas (mencionados
apenas em E e D), o meio de comunicação entre Deus e a humanidade (O Deus da fonte Javista
encontra-se em sua própria pessoa com Adão e Abraão, o Deus da fonte Eloísta se comunica
através de sonhos, e o deus da fonte Sacerdotal (ou P) apenas pode ser abordado através do
sacerdócio ). Tudo isso e um pouco mais formaram o conjunto de ferramentas para discriminar
entre as fontes e localizar os versos atribuindo à elas.
Agora chegamos à questão histórica. O ponto de partida de Wellhausen para datar as fontes é o
evento descrito em 2 Reis 22:8-20: a "o rolo da Torá" (que pode ser traduzido como "instrução"
ou "lei"), que é descoberto no Templo de Jerusalém pelo Sumo Sacerdote Hilquias, no décimo
oitavo ano do rei Josias, que subiu ao trono aos oito anos de idade. O que é lido à Josias o
motiva a embarcar em uma campanha de reforma religiosa, destruindo todos os altares, exceto
no Templo, proibindo tudo, exceto o sacrifício no Templo, e insistindo na adoração exclusiva de
Yahweh. No século 4 d.C. Jerônimo (o autor da Vulgata Latina) especulou que o livro
encontrado poderia ter sido Deuteronômio, mas De Wette, em 1805, sugeriu que poderia ter
sido apenas o código legalista em Deuteronômio 12-26 que Hilquias encontrou, e que ele
poderia ter escrito por conta própria, sozinho, ou em colaboração com Josias. O historiador
deuteronomista certamente tinha Josias em alta conta: 1 Reis 13 o nomeia como aquele que será
enviado por Yahweh para exterminar os sacerdotes apóstatas de Betel, em uma profecia que
teria sido feita 300 anos antes de seu nascimento.
Com a fonte D ancorada na história, Wellhausen começou a colocar as fontes restantes em torno
dela. Ele aceitou a conclusão de Karl Heinrich Graf de que as fontes foram escritos na ordem
JEDP. Este era contrário à opinião geral dos estudiosos da época, que viam P como a primeira
das fontes , como o “guia oficial para o culto divino aprovado", e o argumento sustentado da
Wellhausen para uma composição tardia de P foi a grande inovação do seu livro Prolegômenos.
Wellhausen atribuiu a composição de J e E ao período da monarquia antiga, cerca de 950 a.C.
para J e 850 a.C. para E, e considerou P como tendo sido composta no período imediatamente
posterior à volta dos judeus do exílio persa, por volta de 500 a.C. Seu argumento para essas
datas foi baseado no que foi visto em sua época como a evolução natural da prática religiosa: no
período pré e no início da sociedade monárquica descrita em Gênesis, Juízes e Samuel, foram
erguidos altares onde os Patriarcas ou Heróis, tais como o que Josué escolheu, qualquer um
poderia oferecer o sacrifício, e porções eram oferecidas aos sacerdotes como o ofertante
escolhesse; mas na antiga monarquia o sacrifício estava começando a ser centralizado e
controlado pelo sacerdócio, enquanto os festivais pan-israelitas, como a Páscoa, eram instituídos
para ligar o povo ao monarca, em uma celebração conjunta da história nacional. No período
pós-exílico, o templo em Jerusalém foi firmemente estabelecido como o único santuário, e
apenas os descendentes de Arão podiam oferecer sacrifícios, e os festivais estavam ligados ao
calendário em vez de estarem atrelados às estações, e o cronograma de direitos sacerdotais era
estritamente obrigatório.
As quatro fontes foram então combinadas por uma série de redatores (ou editores), primeiro J
com E para formar um JE combinado, em seguida, JE com D para formar um texto JED e,
finalmente, JED com P para formar JEDP, que é a Tora final. Retomando uma tradição
acadêmica que remonta a Spinoza e Hobbes, Wellhausen considerou Esdras, o líder do pós-
exílio, que restabeleceu a comunidade judaica em Jerusalém a mando do imperador persa
Artaxerxes I em 458 a.C., como sendo o redator final.
A fonte Javista
O Javista nos apresenta uma teologia da história, ao invés de teologia filosófica intemporal. O
caráter de Yahweh é conhecido por suas ações. A imagem javista de Yahweh começa com a
criação de seres humanos e a primitiva história da humanidade em geral (Gênesis 2-11). As
contribuições do javista neste material não pretendem apresentar uma história completa, mas
sim alguns episódios com particular importância para as gerações posteriores. Estes episódios
explicam a mortalidade humana, a necessidade de trabalhar para viver, a existência de muitas
línguas, a rivalidade entre irmãos, e a tentativa do homem de romper os limites de Deus. A
família é muitas vezes vista em contextos teológicos, e a seqüência do pecado-castigo-graça
aparece várias vezes.
A imagem javista de uma teologia da história continua com o chamado de Abraão e a história
subseqüente de Israel e seus antepassados. O javista apresenta a nação de Israel como o povo de
Javé, que ele trouxe à existência, protegida, e que se estabelece na terra de Canaã em
cumprimento de promessas feitas a Abraão, Isaac e Jacob. A fonte javista apresenta uma
história de Israel, que também ilustra temas do pecado-castigo-graça, mas mais especialmente
um que retrata Yahweh como um libertador poderoso e provedor das necessidades de seu povo.
A fé única em Yahweh é a virtude fundamental. O javista também enfatiza o destino de Israel
para ser uma grande nação, que irá governar sobre seus vizinhos e ter um rei da tribo de Judá. A
teologia do javista se estende para além Israel, e inclui o aviso de que todas as nações serão
abençoadas através de Abraão (ou abençoadas através de Abraão). Além de tudo disso, o
relatório da destruição de Sodoma e Gomorra é atribuída ao javista.
A fonte Eloísta
O uso da palavra genérica para divindade “Elohim”, em vez do nome mais pessoal, Yahweh,
antes de Êxodo 3, e descrições de Yahweh de natureza mais impessoal (por exemplo, falando
através de sonhos, profetas, anjos e ao invés de aparências pessoais), indicam a fonte Eloísta, de
acordo com a hipótese documentária. A narrativa do Eloísta não começa com uma descrição da
criação da humanidade por Yahweh, mas com o aviso divino a Abraão, o antepassado de Israel.
Pelo fato da fonte javista e da fonte eloísta usarem "Yahweh" para Deus depois de Êxodo 3, é
mais difícil de discernir o eloísta do material de origem javista a partir desse ponto. A fonte E
tem muitos paralelos com J, muitas vezes duplicando as narrativas. E compõe um terço dos
Genesis e a metade do Êxodo, além de fragmentos de Números. A fonte E descreve um Deus
humano como inicialmente sendo chamado de Elohim, e sendo chamado de Yahweh
posteriormente ao incidente da sarça ardente, em que Elohim se revela como sendo Yahweh. E
se concentra no Reino de Israel e sobre o sacerdócio de Siló, uma cidade no monte de Efraim e
a capital religiosa de Israel no tempo dos Juízes, e tem um estilo moderadamente eloquente.
Estudiosos sugerem que a fonte Eloísta foi composta cerca de 850 a.C.
A fonte Sacerdotal
A hipótese documentária descreve a fonte Sacerdotal como usando o título “Elohim” como o
nome geral de Deus no período primitivo (Gênesis 1-11). El Shaddai é o primeiro nome especial
para Deus e é revelado aos patriarcas, sendo reservado para aquela era. Javé é o nome pessoal
de Deus, que se revela a Moisés, e que nunca sido colocada na boca de qualquer falante pela
fonte Sacerdotal antes de Moisés. A fonte Sacerdotal retrata Deus / Yahweh como sendo o
criador de todo o mundo, que ele declarou ser bom, e sobre o qual ele concedeu sua bênção. A
humanidade é criada à imagem de Deus (ou como a imagem de Deus), o que implica o domínio
sobre toda a terra. A fonte P inclui muitas listas (especialmente genealogias), datas, números e
leis. Retratos de Deus visto como distante e impiedoso são atribuídas a P. A fonte P
parcialmente duplica J e E, mas os seus detalhes alteram e salientam a importância do
sacerdócio. P consiste cerca de um quinto do Gênesis (incluindo o seu famoso primeiro
capítulo), partes substanciais do Êxodo e Números, e quase todo o Levítico. De acordo com
Wellhausen, P tem um baixo nível de estilo literário. Estudiosos estimam sua composição como
sendo entre 600 a.C. e 400 aC.
A fonte Sacerdotal retrata Yahweh como sendo um deus que está interessado em ritual. O pacto
da circuncisão, as leis dietéticas, e a ênfase em se construir um tabernáculo de acordo com um
plano divinamente revelado, estão todos atribuídos à fonte sacerdotal. A presença de Yahweh e
de suas bênçãos são descritos na fonte Sacerdotal como sendo não sendo intermediados pelo rei,
mas sim pelo sumo sacerdote, mediando no lugar central de adoração.
A fonte Sacerdotal retrata uma estrutura formal em termos de espaço, tempo e estrutura social.
O centro espacial do universo é o santuário, que é modelado pela primeira vez no tabernáculo, e
mais tarde no templo modelado após o padrão revelado a Moisés. É neste local específico que
Yahweh quis fazer-se presente ao seu povo. Yahweh providenciou a ordem temporal em torno
de ordens progressivas de sábados: Sete dias, sete meses, sete anos, sete vezes sete anos. Em
termos de estrutura social, a fonte Sacerdotal retrata Yahweh como garantindo a sua presença
para as pessoas particulares "que sabem o seu nome." O sacerdócio, o sistema ritual, e a lei
representam a ordem cósmica em uma vestimenta sacerdotal.
A fonte Deuteronomista
Segundo o estudioso alemão Martin Noth, a fonte Deuteronomista foi escrita em meados do
século 6 a.C., com o objetivo de abordar os contemporâneos no exílio babilônico para mostrar-
lhes que "os seus sofrimentos foram conseqüências de séculos de declínio da fidelidade de Israel
à Yahweh". A lealdade para com Yahweh era medida em termos de obediência ao código
deuteronomista. Desde que Israel e Judá tinham deixado de seguir a lei, suas histórias
terminaram em sua destruição completa, de acordo com o juízo divino previsto Deuteronômio.
"Entretanto, se vocês não obedeceram à Yahweh, seu Deus, e não seguirem cuidadosamente
todos os seus mandamentos e decretos que hoje dou à vocês, todas essas maldições cairão sobre
vocês, e os atingirão", segundo Deuteronômio 28:15. A fonte D no Pentateuco é restrita ao livro
de Deuteronômio, embora continue nos livros posteriores de Josué, Juízes e Reis. Ele toma a
forma de uma série de sermões sobre a Lei, bem como recapitula a narrativa do Êxodo e
Números. Seu termo distinto para Deus é YHWH Eloheinu, tradicionalmente traduzido em
português como "O Senhor nosso Deus." Outros estudiosos estimam que essa fonte pode ter
sido composta precisamente entre 650-621 a.C., o que teria sido antes do exílio na Babilônia
(587-539 a.C.)
De acordo com outro estudioso, Gerhard von Rad, a visão de Martin Noth sobre o propósito do
Deuteronomista enfatizou o tema do julgamento, mas perdeu o tema da graça de Yahweh na
história deuteronomista. O Deuteronomista relatou repetidas ocorrências de palavra de Yahweh
no trabalho em descrever oráculos anteriormente relatados dos profetas de Yahweh, sendo
precisamente cumpridas nos eventos descritos mais adiante. Por um lado, a destruição de Israel
e Judá foi retratada como estando de acordo com o pronunciamento profético da desgraça, em
retaliação pela desobediência. Por outro lado, a destruição final foi contida pela promessa de
Yahweh à David, que é encontrada no oráculo de Natã em 2 Samuel 7 e reiterado ao longo de 1-
2 Reis.
De um modo geral, a Hipotese Documentária pode ser definida neste seguinte esquema:
Esquema básico da Hipótese documentária:
As fontes mais antigas seriam J e E, que teriam sido combinadas para formar JE.
P* Inclui boa parte do Levítico
Durante a maior parte do século 20, a hipótese de Wellhausen formou o quadro em que foram
discutidas as origens do Pentateuco, e até mesmo o Vaticano chegou a incentivar que a "luz
derivada de pesquisas recentes" não poderia ser negligenciada por estudiosos católicos,
instando-os especialmente para prestar atenção para "as fontes escritas ou orais" e "as formas de
expressão" usada pelo "escritor sagrado". Algumas modificações importantes foram
introduzidas, nomeadamente por Albrecht Alt e Martin Noth, que defenderam a transmissão
oral de crenças antigas centrais : a saída do Egito, a conquista da Terra Prometida, convênios,
revelação no Sinai/Horeb, etc. Ao mesmo tempo, o trabalho da escola de arqueologia bíblica
americana sob William F. Albright parecia confirmar que, mesmo se o Gênesis e Êxodo foram
apenas finalizado em sua forma final no primeiro milênio a.C., o foram ainda firmemente
enraizados na realidade material do segundo milênio antes de Cristo. O efeito global de tais
refinamentos era ajudar a uma maior aceitação da hipótese básica por crentes tranqüilizados de
que, mesmo se a forma final do Pentateuco era tardia e não devido ao próprio Moisés, era
possível recuperar uma imagem credível do período de Moisés e da idade patriarcal. Assim,
embora contestada por estudiosos como Umberto Cassuto, a oposição à hipótese documentária
gradualmente diminuiu, e até os anos 1970 foi quase universalmente aceita.
Isso mudou quando o estudioso Roger N. Whybray, em 1987, reapresentou argumentos quase
idênticos, com conseqüências muito maiores. Nesta época haviam sido propostos três modelos
distintos para a composição do Pentateuco: o Documentário (a Torá como uma compilação de
livros originalmente separados, mas completos), o Suplementar (um único livro original,
suplementado com adições e/ou exclusões posteriores), e a Fragmentária (muitas obras
fragmentárias e edições). Whybray argumentou que dos três modelos possíveis o Documentário
era o mais difícil de se demonstrar,e que os modelos Complementares e Fragmentários que
haviam sido propostos se baseavam em processos relativamente simples, lógicos e poderiam
explicar a irregularidade do texto final, o processo previsto pela Hipotese Documentária é
complexo e extremamente específico em suas suposições sobre o antigo Israel e o
desenvolvimento de sua religião. Whybray passou a afirmar que estes pressupostos eram
ilógicos e contraditórios, e não tinham poder de oferecer uma explicação verdadeira. Por que,
por exemplo, deveriam os autores das fontes distintas evitar a duplicação, enquanto o redator
final a aceitaria? Assim, a Hipótese Documentária só poderia ser mantida na hipótese de que,
enquanto a consistência era a marca registrada dos vários fontes e documentos, inconsistência
era a marca dos redatores!
Desde Whybray tem havido uma proliferação de teorias e modelos sobre as origens da Torá,
muitos deles radicalmente diferentes do modelo de Wellhausen. Assim, para citar algumas das
principais figuras das últimas décadas do século 20, o erudito suíço H. H. Schmid quase
completamente eliminou J, permitindo que apenas um redator deuteronômico tardio. Com a
idéia de fontes identificáveis desaparecendo, a questão da datação histórica também muda os
seus termos. Além disso, alguns estudiosos têm abandonado a Hipótese Documentária
totalmente em favor de modelos alternativos, que vêem o Pentateuco como o produto de um
único autor, ou como o ponto final de um processo de criação por toda a comunidade. Rolf
Rendtorff e Erhard Blum veem o Pentateuco como sendo o desenvolvimento da acumulação
gradual de pequenas unidades em obras cada vez maiores, um processo que remove tanto J e E,
e, significativamente, implica de uma vez em um modelo documentário fragmentário das
origens do Antigo Testamento; e erudito canadense John Van Seters, utilizando um modelo
diferente, prevê um processo contínuo de suplementação, em que mais autores tardios
modificam composições anteriores, e mudam o foco das narrativas. A proposta contemporânea
mais radical veio de Thomas L. Thompson, que sugere que a redação final da Torá ocorreu
tardiamente, na período inicial do domínio dos Hasmoneus. Essa teoria radical, que é conhecida
como Minimalismo bíblico, é uma que tem menos aprovação por parte dos estudiosos.
A hipótese documentária ainda tem muitos adeptos, principalmente nos Estados Unidos, onde
William H. Propp foi concluída a tradução de dois volumes e comentários sobre Êxodo para a
«Anchor Bible Series» a partir de um quadro da Hipótese Documentária, e Antony F. Campbell
e Mark A. O'Brien terem publicado o livro "Fontes do Pentateuco", apresentando a Torá
classificadas em fontes contínuas, seguindo as divisões de Martin Noth. Os livros do estudioso
Richard Elliott Friedman «Who Wrote the Bible» (1987) e «The Bible with Sources
Revealed»(2003) são, em sua essência, uma resposta estendida para Whybray, explicando, em
termos baseados na história do antigo Israel, como os redatores poderiam ter tolerado a
incoerência, a contradição e a repetição, se isso de fato tivesse forçadoeles pelo contexto
histórico em que trabalhavam. A clássica divisão de quatro fontes de Friedman se diferencia da
de Wellhausen ao aceitar a datação de Yehezkel Kaufmann de P para o reinado de Ezequias.
Isso em si não é uma pequena modificação de Wellhausen, para quem a datação tardia da P foi
essencial para o seu modelo histórico do desenvolvimento da religião israelita. Friedman
argumentou que J apareceu um pouco antes de 722 a.C., seguido por E, e um combinado JE
surgiu logo depois disso. P foi escrito como uma refutação da JE (cerca de 715-687 a.C.), e D
foi o último a aparecer, no tempo de Josias (cerca de 622 a.C.), antes do Redator, a quem
Friedman identifica como sendo Esdras, reuniu na Torá final.
The Bible with Sources Revealed, Richard E. Friedman, Harper San Francisco (2003)
Este livro é muito interessante, e traz o Pentateuco de forma fracionada, delimitando as fontes
J,E, P e D através de cores. Infelizmente só está disponível em inglês, ainda não há versões em
português.
Site: http://histriadasreligies.blogspot.com/2013/05/a-hipotese-documentaria-origem-do.html