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A Influência da Literatura Apocalíptica na Teologia do NT 

 
 
 
 
O Gênero Apocalíptico

Pergaminhos voadores. Cavalos vermelhos. Bestas saindo do mar. Mulheres


aladas. A lista continua. Literatura apocalíptica é como uma junção de ficção
científica e quadrinhos da Marvel. As Ideias apocalípticas inegavelmente
desenvolveram um papel importante nos estágios iniciais do Cristianismo e, mais
amplamente, no judaísmo da época.Especificamente, define- se um apocalipse
como “um gênero de literatura revelatória com estrutura narrativa, no qual a
revelação a um receptor humano é mediada por um ser sobrenatural, desvendando
uma realidade transcendente na medida que vislumbra uma salvação escatológica

Pode se demonstrar a aplicabilidade dessa definição a várias seções de :

- 1 Enoque
- Daniel
- 4 Esdras
- 2 Baruc
- O Apocalipse de Abraão
- 3 Baruc
- 2 Enoque
- Jubileus

A revelação de outro mundo e a atividade de seres sobrenaturais são essenciais a


todos os apocalipses.Em todos, também a um julgamento final e a destruição dos
ímpios. A escatologia dos Apocalipse difere daquela dos primeiros livros proféticos
através do vislumbre claro de uma retribuição pós morte.Todos os Apocalipses tem
um aspecto exortativo, esteja ou não explicitado através de exortações e
repreensões

1 Enoque

I Enoque não é um único livro, mas uma coletânea de 7 livros intitulados:

1) Livro dos Vigilantes (1-36);


2) Livro das Parábolas (37–71);
3) Livro Astronômico (72-82);
4) Livro dos Sonhos (83-90);
5) Epístola de Enoque (91-105);
6) O Nascimento de Noé (106-107)
7) Outro Livro de Enoque (108).

Uma das principais obras literárias apocalípticas do judaísmo do segundo templo, o


livro de 1 Enoque é um pseudepígrafo, ou seja, não foi escrito pelo Enoque bíblico,
mas provavelmente a narrativa de Enoque era uma tradição oral popular em Israel,
estudiosos datam que ele foi escrito entre os séculos I e II a.C.,

A Primeira Parte de enoque, O livro dos vigilantes influenciou fortemente o


pensamento de alguns pais da igreja, tais como :

- Justino o Mártir (II Século d.C)


- Atenágoras (II Século d.C)
- Irineu (II Século d.C)
- Tertuliano (II Século d.C)
- Clemente de Alexandria (II Século d.C)
- Cipriano de Cartago (III Século d.C)
- Lactâncio (III Século d.C)

Quando se descreve a influência da literatura apocalíptica de 1 Enoque sobre o


pensamento dos autores do NT,não quer dizer que toda a obra de 1 Enoque
influenciou os autores do NT, mas na verdade apenas o Livro dos Vigilantes, a
primeira parte de 1 Enoque exerceu influência literária e histórica sobre o N.T

Um aspecto bem explícito na teologia do NT e nos manuscritos do judaísmo do


segundo templo é que a humanidade não sofre apenas as consequências da queda
de Gênesis 3, mas também as consequências da queda de Gênesis 6 e Gênesis 11,
em outras palavras, a maldade que existe hoje na humanidade está relacionada ao
efeito dessas 3 quedas

Primeira Queda : Gênesis 3

O ambiente desta primeira rebelião é o Éden. A figura principal é a serpente


(​nachash​)que se rebelou contra Deus, Para considerarmos a Serpente como uma
cobra, um animal, precisaríamos negar a teologia bíblica do NT e AT que a
considera como uma criatura sobrenatural, até porque uma cobra não tem
capacidade de falar, ou seja não era literalmente uma cobra, mas sim um ser
espiritual com um aspecto parecido.Literaturas do Oriente Próximo também
consideram a Serpente uma figura sobrenatural. Em nenhum momento o AT
associa a Serpente com Satanás. Esta associação vem dos livros pseudoepígrafos
do período do segundo templo (400 anos entre Malaquias e o NT)
Segunda Queda : Gênesis 6

A INTERPRETAÇÃO SETITA

Essa interpretação de Gênesis 6:1-4 é a mais comumente ensinada nas igrejas


cristãs, evangélicas e outras. Ela tem sido a posição dominante desde o final do
Século IV a.C.

Nessa abordagem, os filhos de Deus em Gênesis 6:1-4 são meramente seres


humanos, homens da linhagem de Sete, o filho de Adão e Eva que nasceu depois
que Caim matou Abel (Gên 4:25-26; 5:3-4). Presumivelmente, esses quatro
versículos descrevem um inter- relacionamento proibido entre homens santos da
linhagem de Sete (“filhos de Deus”) e as filhas ímpias da linhagem de Caim (“filhas
da humanidade”). Lendo desse jeito, todos aqueles que viviam na terra vieram
dessas duas linhagens, ambas linhagens descendiam dos filhos de Adão e Eva.
Dessa forma, a Bíblia distinguia os santos dos ímpios. Parte desse raciocínio vem
de Gênesis 4:26 onde, dependendo da tradução, lemos que tanto Sete ou a
humanidade “começou a clamar em nome do Senhor”. A linhagem de Sete
permaneceu pura e separada da linhagem má. Os casamentos de Gênesis 6:1-4
acabaram com essa separação e isso incorreu na ira de Deus para o dilúvio.
Expor as deficiências da visão Setita não é difícil. A posição é cheia de falhas.

Primeiramente, Gênesis 4:26 nunca diz que só as pessoas que “clamavam o nome
do Senhor” eram os homens da linhagem de Sete. Essa ideia é imposta no texto.
Segundo, como veremos no próximo capítulo, a visão falha miseravelmente em
explicar os Nephilim. Terceiro, o texto nunca chama as mulheres no episódio de
“filhas de Caim”. Ao invés disso, elas são as “filhas da humanidade”. Não existe
nenhuma ligação no texto com Caim. Isso significa que a visão Setita do texto é
apoiada por algo que não é apresentado no texto, o que é a própria antítese da
exegese. Quarto, não há nenhum mandamento no texto em relação a casamentos
ou qualquer proibição contra se casar com certas pessoas. Não existiam “judeus e
gentios” naquela época. Quinto, nada em Gênesis 6:1-4 ou em qualquer outro lugar
na Bíblia identifica as pessoas que vieram da linhagem de Sete com a frase
descritiva de “filhos de Deus”. Essa conexão é puramente uma presunção através
da qual a história é filtrada por aqueles que se apoiam a visão Setita.
Uma leitura mais atenta de Gênesis 6:1-4 deixa claro que um contraste está sendo
criado entre duas classes de indivíduos, uma humana e outra divina. Quando
falamos em como a humanidade estava se multiplicando na terra (v. 1), o texto
menciona só as filhas (“lhes nasceram filhas”). O ponto não é que literalmente todos
os nascimentos na história da terra depois de Caim e Abel resultaram em meninas.
Ao invés disso, o escritor está mostrando um contraste de dois grupos. O primeiro
grupo é humano e feminino (as “filhas dos homens”). O versículo 2 introduz o outro
grupo do contraste: os filhos de Deus. Esse grupo não é humano, mas divino.
Existem mais deficiências nesse ponto de vista setita do que gastarei aqui para
expor, mas eles são bem evidentes. A hipótese setita colapsa sob o peso de sua
própria incoerência.

​ GOVERNANTES HUMANOS DIVINIZADOS


Outra abordagem que argumenta que os “filhos de Deus” em Gênesis 6:1-4 são
humanos, sugere que eles deveriam ser entendidos como governantes humanos
divinizados. Uma pesquisa na literatura acadêmica argumentando essa perspectiva
revela que ela se baseia no seguinte: (1) tomar a frase “filhos do Altíssimo” em
Salmos 82:6 está se referindo a humanos, e então lermos novamente Gênesis
6:1-4; (2) notar a linguagem onde Deus se refere a humanos como seus filhos
(Êxodo 4:23; Salmos 2:7), o qual é argumentado estar em paralelo às crenças do
antigo Oriente Próximo de que os reis eram tidos como sendo de descendência
divina; e (3) argumenta que esses casamentos malignos condenados nos
versículos, eram uma poligamia humana da parte desses líderes divinizados.
Já vimos como a visão humana do plural elohim em Salmos 82 é falha, então essa
falha fundamental não precisa ser mostrada de novo aqui. Mas existem outras
falhas nessa abordagem
.
Primeiramente, o texto de Gênesis 6 nunca diz que os casamentos eram
poligâmicos. Essa ideia deveria ser lida na passagem. Segundo, os paralelos
antigos restringem a linguagem de descendência divina aos reis.
Consequentemente, a ideia de um grupo de filhos de Deus não tem coerência
quando colocada em paralelo ao antigo Oriente Próximo. A frase plural precisa se
refere a seres divinos em outros lugares no VT, e não a reis (Jó 1:6, 2:1; 38:7;
Salmos 29:1; 82:6 [82:1b]; 89:6 (Hebraico 89:7). Terceiro, a ampla ideia de
“reinados de humanos divinizados” em outros locais do VT não é um argumento
coerente contra a visão sobrenatural de Gênesis 6. O desejo original de Deus era de
que seus filhos humanos fossem seus servos governantes sobre a terra sob Sua
autoridade e seus representantes, na presença de Sua glória. Restaurar a visão do
Éden perdido eventualmente envolve a criação de um povo conhecido como Israel e
dar a eles um rei (Davi), o que é o modelo de messias. No desenrolar escatológico
final, o messias é o último rei Davídico, e todos os crentes glorificados
compartilharão essa nova liderança num novo Éden global. Mas há uma
hermenêutica falha em ler tanto o reinado antigo ou a glorificação dos crentes de
volta em Gênesis 6. A razão é óbvia: os casamentos em Gênesis 6:1-4
corromperam a terra no prelúdio para a história do dilúvio. Uma teologia bíblica de
relacionamentos humanos divinizados no Éden restaurado não seria corruptiva e
má.

Resumindo, a pluralidade da frase “filhos de Deus” e os contextos celestiais que são


usados em outros lugares, nos mostram que não razão exegética para excluir as
ocorrências da frase em Gênesis 6:2, 4 da lista de seres sobrenaturais. O que nos
leva a essa escolha é a apreensão sobre a alternativa.

Pedro e Judas não temiam a alternativa. Eles entendiam a visão sobrenatural de


Gênesis 6:1-4. Duas passagens são especialmente relevantes.

- (2 Pedro 2:1-10).
- (Judas 5-7).

Essa ideia que ambos tinham sobre a realidade dos fatos da rebelião de Gênesis 6,
também foi influenciada pela obra de 1 Enoque

Uma das consequências da segunda queda : A origem dos demônios :

Obras do judaísmo do segundo templo também associam a morte dos Nephilim com
a origem dos demônios. Mas e a Bíblia, também faz esta associação? De certa
forma sim, pois usa a mesma palavra ​Rephaim​ para os gigantes, criaturas híbridas,
e também para os espíritos malignos. A expressão “espíritos imundos” é bem mais
usada que demônios, associando estas criaturas com sua origem impura.

A natureza dos ​rephaim​ foi extensivamente mencionada nos textos Ugaríticos. Na


concepção bíblica os rephaim também foram relatados, mas de forma diferente dos
antigos ugaríticos. A versão da Bíblia em inglês traduz rephaim como “gigantes”,
“sombras” (significando “espíritos de morte”), ou “a morte” dependendo do contexto
(1 Cr 20:4; Is 26:14; Jó 26:5).

https://biblehub.com/text/isaiah/26-14.html
Essa variação resulta da dificuldade sobre o termo: eles eram humanos (vivos ou
mortos), quase divinos, ou espíritos desencarnados? A Bíblia apresenta estas
possibilidades, mas nos textos ugaríticos são claramente seres espirituais do mundo
subterrâneo (trevas). A tradução inglesa como sombras captura essa característica
de mortos-vivos residentes das trevas. O mais importante aqui é compreender que
são moradores sobrenaturais do submundo das trevas, dissociados e separados da
vida e presença de Deus (Pv 21:16; 9:18).

O AT usava o termo ​Rephaim​ para o clã de gigantes dos dias de Moisés e Josué.
Ogue, rei de Basã, foi o último vestígio dos rephaim (Dt 3:11,13). Estão ligados aos
Anakim (Dt 2:10-11), e vieram dos Nephilim (Nm 13:33). Os escritores bíblicos
entendem a origem dos Nephilim como uma extensão da rebelião dos filhos de
Deus em Gn 6:1-4 antes do dilúvio. Esta é a base da teologia judaica sobre a
origem dos demônios no período do segundo templo (intertestamentário). Por isso,
há um elemento obscuro, sinistro para os israelitas compreenderem os ​Rephaim
como habitantes do mundo tenebroso.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 Queda : Gênesis 11 

Genesis 11 relata a construção de uma cidade e uma torre em Shinar (Babilônia). A


maioria dos estudiosos do antigo testamento concordam que a torre era um
"zigurate" no estilo Babilônico, tipicamente uma grande estrutura de terraços com
uma escada central. Na teologia arqueológica, em um antigo oriente próximo, no
topo dessas escadas estava "o portão dos deuses, a entrada em sua morada
celestial".

O senso comum é enxergar que a rebelião que ocorre em Babel tem apenas um
aspecto humano, que foi apenas uma rebelião dos homens, mas quando
analisamos a passagem a luz de outras passagens na Bíblia como Deuteronômio 32
e também literatura apocalíptica do período do judaísmo do segundo tempo, fica
nítido que a rebelião que ocorre em Babel, não teve apenas um caráter da
participação de homens, mas como as rebeliões anteriores também teve uma
contribuição de rebelião espiritual,No livro de 1 Enoque descreve que seres
espirituais desceram e ensinaram práticas pecaminosas aos homens, tais como :

- Consultar os mortos
- necromancia
- Bruxaria
Deuteronômio 32:8-9

8Quando o Altíssimo separou os povos e deu a cada nação as suas terras em


herança, quando separava os filhos dos homens uns dos outros, fixou os limites dos
povos, segundo o número dos filhos de Deus! 9Mas o povo preferido do SENHOR é
Israel: Jacó e a descendência que lhe coube.

A maioria das Bíblias em português não estão escritas “de acordo com o número
dos filhos de Deus” em Deuteronômio 32:8. Ao invés disso, elas estão escritas: “de
acordo com o número dos filhos de Israel”. A diferença é derivada de
desentendimentos entre os manuscritos do VT. “​Filhos de Deus”​ é a tradução
correta, pois agora é conhecida dos Pergaminhos do Mar Morto.

Então oque aconteceu às outras nações ? Qual é o significado de elas terem sido
feitas heranças de acordo com o número dos filhos de Deus? Por mais estranho que
pareça, o resto das nações foram atribuídas aos ​elohim menores ​como um
julgamento do Altíssimo, Yahweh

Salmo 82 , onde começamos nossa discussão sobre o conselho divino ecoa essa
decisão. Esse Salmo tem Yahweh julgando os outros elohim, filhos do Altíssimo,
pela sua corrupção na administração das nações. O Salmo termina com o salmista
pedindo: “Levante-se, Oh Deus, julgue a terra, pois pertencem todas as nações”.

Salmo 82

Salmos 82: 2. Até quando julgareis injustamente e favorecereis os ímpios?


[Interlúdio] 1.  Deus preside a assembleia divina; ele estabelece seu juízo no meio
dos deuses (​Elohims)​ 3. Fazei justiça ao pobre e ao órfão; procedei com retidão
para com o aflito e o desamparado. 4. Livrai o pobre e o necessitado, livrai-os das
mãos dos ímpios. 5. Eles nada sabem, nem entendem; vagueiam pelas trevas;
todos os fundamentos da terra se abalam. 6. Eu disse: Vós sois deuses,(​elohims) ​e
todos sois filhos do Altíssimo. 7. Todavia, como homens, morrereis e, como
qualquer dos príncipes, caireis. 8. Ó Deus, levanta-te, julga a terra; pois a ti
pertencem todas as nações.

Elohim não se limita apenas a fazer referência ao único Deus ( Yahweh), Os


escritores bíblicos se referem a uma meia dúzia de entidades diferentes com a
palavra elohim. Em todas as passagens religiosas, os atributos dessas entidades
não são iguais.

- Yahweh, o Deus de Israel (milhares de vezes. Ex: Gên 2:4- 5; Deut 4:35)
- Os membros do conselho de Yahweh (Salmos 82:1, 6)
- Deuses e deusas das outras nações (Juízes 11:24; 1 Reis 11:33)
- Demônios (Hebraico: shedim – Deut 32:17)
- O espírito do morto Samuel (1 Samuel 28:13)
- Anjos ou o Anjo de Yahweh (Gên 35:7)

A importância dessa lista pode ser resumida em uma só pergunta: Será que
qualquer israelita, especialmente o escritor bíblico, realmente acreditava que o
espírito de um humano morto e demônios estão no mesmo nível de Yahweh? Não.
O uso do termo elohim pelos escritores bíblicos nos diz de maneira bem clara que o
termo não é sobre um conjunto de atributos. Embora quando lemos “D-e-u-s”,
pensamos num conjunto único de atributos, quando um escritor bíblico escrevia
elohim, ele não pensava dessa maneira. Se assim o fosse, ele nunca teria usado o
termo elohim para descrever qualquer coisa que não fosse Yahweh.
SATANÁS

É bem sabido que na demonologia do Novo Testamento se encontra um poderoso


demônio chefe chamado Satanás,Como muitos estudos têm mostrado, a noção de
Satanás como um demônio principal não existe na Teologia VeteroTestamentária,
então da onde Jesus e outros autores do NT se inspiraram para defesa de tal ensino
? A resposta é : a literatura do judaísmo do segundo templo exerceu essa
influência, obras como Tobias, Jubileus e principalmente Enoque, apresentam essa
ideia.

O contexto dos Livros dos Vigilantes em 1 Enoque parece identificar Satanás com
Azazel.Talvez o título reflita o desenvolvimento da identidade de 'satanás' como o
tentador e demônio chefe por excelência, como é atestado, por exemplo, no Novo
Testamento, No livro de 1 Enoque Satanás é chamado de : “Azazel”, já no livro de
Jubileus, o seu nome é “Mastenas” O líder das forças das trevas tinha outros nomes
na literatura do Segundo Templo. Mais comum do que Mastema e Satanás é Belial
(hebr. Bĕliyyaʿal), um termo que em hebraico significa “maldade”. Embora Belial não
apareça como um nome próprio para Satanás no Antigo Testamento, é usado com
frequência na literatura pseudoepigrafa e nos Manuscritos do Mar Morto.Aparece
apenas uma vez no Novo Testamento como um nome para o diabo (2 Cor 6:15

O ENTENDIMENTO DE PAULO SOBRE A GEOGRAFIA CÓSMICA

Paulo usa a palavra demônios apenas 3 vezes referindo-se a poderes sobrenaturais


das trevas (1Co 10:20 citando Dt 32:17; e 1Tm 4:1). A ideia de que os demônios
influenciam os perdidos através de ensinamentos vem da teologia judaica do
segundo templo, onde os Guardiões transmitiram para a humanidade seus
conhecimentos obscuros contra Deus.

Paulo usa termos associados a um domínio geográfico como em Dt 32 e Dn


10:13,20-21; 12:1:

● Governadores (achantón)
● Principados (arché)
● Potestades/autoridades (exousia)
● Poderes (dynamis)
● Domínios/senhores (kyrios)
● Tronos (thronos)
● Governadores deste mundo (kosmokratón)

Paulo utiliza termos relacionados à dominação geográfica com os gentios


referindo-se aos deuses corrompidos espalhados pelas nações como parte da
punição de Deus para a humanidade em Babel, essa ideia é perceptível em
passagens como Salmo 82 e Deuteronômio 32:8

INFLUÊNCIA DA LITERATURA APOCALÍPTICA NA ESCATOLOGIA DO NT 


 
Uma das principais imagens escatológicas do NT, é a imagem do Messias vindo
com seus anjos (MT 16:27/25:31,Mc 8:38,Lc 9:26) A ideia da vinda do Senhor ou do
Messias com seus anjos não era uma crença de origem neotestamentária. Muito
provavelmente, quando Jesus falou da sua vinda junto aos seus anjos (ou santos
anjos), fez alusão ao texto de I Enoque 1:9 à semelhança de Judas

Judas, ao citar o fragmento de enoque, interpreta-o como uma referência à volta de


Cristo :

Judas 1: 14 “ A respeito deles também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão,


dizendo: O Senhor veio com seus milhares de santos, 15. para executar juízo sobre
todos e convencer a todos os ímpios de todas as ações de impiedade, que
impiamente cometeram, e de todas as palavras duras que ímpios pecadores
proferiram contra ele.”

1 Enoque 1: 1-9 : “O Grande Santo sairá de sua morada e o Deus eterno pisará dali
no Monte Sinai. Ele aparecerá com seu exército, ele aparecerá com seu poderoso
exército do céu dos céus. Todos os observadores temerão e estremecerão, e
aqueles que estão escondidos em todos os confins da terra cantarão; Todos os
confins da terra serão abalados, e tremores e grande medo os agarrarão (os
observadores) até os confins da terra. As altas montanhas serão sacudidas, cairão e
se despedaçarão, e as altas colinas se tornarão baixas e derreterão como a cera
diante do fogo; A terra será totalmente despedaçada e tudo na terra perecerá, e
haverá julgamento para todos. Com os justos ele fará as pazes, e sobre os
escolhidos haverá proteção e sobre eles haverá misericórdia. Todos eles serão de
Deus, e ele lhes concederá seu bom prazer. Ele abençoará (a todos) e ajudará a
todos. A luz brilhará sobre eles e ele fará as pazes com eles. Eis que ele vem com
as miríades de seus santos, para executar julgamento sobre todos e para destruir
todos os ímpios e para convencer toda a carne por todas as ações iníquas que eles
cometeram, e as palavras orgulhosas e duras que os pecadores ímpios falaram
contra ele.
A linguagem apocalíptica desse trecho de Enoque faz diretamente referência a
passagens como Deuteronômio 33, Juízes 5, Habacuque 3 e Miqueias 1:3-4

D. A. Carson observa que a citação de Enoque por Judas aponta diretamente para o
Cântico de Moisés em Deuteronômio 33

“​A imagem de Deus vindo com suas hostes angelicais foi extraída de Deut. 33: 2”.

Nickelsburg um importante estudioso sobre Literatura apocalíptica, faz essa mesma


conexão :

“​​Esta seção inicial do oráculo de Enoque descreve a vinda do Deus transcendente,


o Guerreiro divino, que aparecerá na terra para executar o julgamento universal
sobre a humanidade e os observadores rebeldes.A profecia parece conectar
Deuteronômio 33 com Miquéias 1: 3-4” -
Yahweh : O Autor de uma Obra Cruciforme Apocalíptica

Todo ano vemos uma nova enxurrada de filmes apocalípticos nos cinemas. O
Godzilla emerge do mar. Um meteoro se choca contra a terra. Vulcões ameaçam
cidades, vírus se espalham como fumaça; extraterrestres invadem o planeta. Robôs
tomam o controle, e evoluem para ex machinas. Terroristas atacam a Casa Branca.
Super-heróis fazem “super-heroísmos” no pano de fundo da paisagem cinzenta de
Gotham, É como se todo estúdio de Hollywood tivesse contratado os criadores de
Deixados Para Trás.Claramente o imaginário de um desfecho apocalíptico se tornou
algo muito comum na cultura pop do século XX e XI,mas algo que possívelmente
muitos de nós não identificamos é que esse senso comum apocalíptico que é
apresentado em filmes, livros, séries, jogos de vídeo games é claramente um
aspecto da graça comum de Deus.

Quando olhamos para a narrativa bíblica nos é apresentado o seguinte :

- Rebeliões Humanas e Espirituais


- Seres espirituais em rebelião tendo relações sexuais com mulheres
- Dilúvio
- Gigantes
- Montanhas pegando fogo
- Pragas
- Mares se abrindo
- 1 Homem extremamente Forte ao ponto de matar mil homens
- Batalhas que são vencidas por interrupções Angelicais
- Deus assentado no seu trono rodeado por “monstros”
- Principados e Potestades
- Anti Cristo e Falso Profeta
- Juízos Escatológicos
- Yeshua, O Guerreiro Divino, vindo em seu 2 advento para salvar seus Santos
e executar seus inimigos

Tolkien,Lewis,George R.R Martin,J.K Rowling,Neil Gaiman, Stephen King e outros


ótimos autores, nem se quer se comparam com a obra cruciforme apocalíptica que
Deus escreveu desde a eternidade, O Evangelho é uma história,é uma narrativa,
Cruciforme Apocalíptica

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