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O Gênero Apocalíptico
- 1 Enoque
- Daniel
- 4 Esdras
- 2 Baruc
- O Apocalipse de Abraão
- 3 Baruc
- 2 Enoque
- Jubileus
1 Enoque
A INTERPRETAÇÃO SETITA
Primeiramente, Gênesis 4:26 nunca diz que só as pessoas que “clamavam o nome
do Senhor” eram os homens da linhagem de Sete. Essa ideia é imposta no texto.
Segundo, como veremos no próximo capítulo, a visão falha miseravelmente em
explicar os Nephilim. Terceiro, o texto nunca chama as mulheres no episódio de
“filhas de Caim”. Ao invés disso, elas são as “filhas da humanidade”. Não existe
nenhuma ligação no texto com Caim. Isso significa que a visão Setita do texto é
apoiada por algo que não é apresentado no texto, o que é a própria antítese da
exegese. Quarto, não há nenhum mandamento no texto em relação a casamentos
ou qualquer proibição contra se casar com certas pessoas. Não existiam “judeus e
gentios” naquela época. Quinto, nada em Gênesis 6:1-4 ou em qualquer outro lugar
na Bíblia identifica as pessoas que vieram da linhagem de Sete com a frase
descritiva de “filhos de Deus”. Essa conexão é puramente uma presunção através
da qual a história é filtrada por aqueles que se apoiam a visão Setita.
Uma leitura mais atenta de Gênesis 6:1-4 deixa claro que um contraste está sendo
criado entre duas classes de indivíduos, uma humana e outra divina. Quando
falamos em como a humanidade estava se multiplicando na terra (v. 1), o texto
menciona só as filhas (“lhes nasceram filhas”). O ponto não é que literalmente todos
os nascimentos na história da terra depois de Caim e Abel resultaram em meninas.
Ao invés disso, o escritor está mostrando um contraste de dois grupos. O primeiro
grupo é humano e feminino (as “filhas dos homens”). O versículo 2 introduz o outro
grupo do contraste: os filhos de Deus. Esse grupo não é humano, mas divino.
Existem mais deficiências nesse ponto de vista setita do que gastarei aqui para
expor, mas eles são bem evidentes. A hipótese setita colapsa sob o peso de sua
própria incoerência.
- (2 Pedro 2:1-10).
- (Judas 5-7).
Essa ideia que ambos tinham sobre a realidade dos fatos da rebelião de Gênesis 6,
também foi influenciada pela obra de 1 Enoque
Obras do judaísmo do segundo templo também associam a morte dos Nephilim com
a origem dos demônios. Mas e a Bíblia, também faz esta associação? De certa
forma sim, pois usa a mesma palavra Rephaim para os gigantes, criaturas híbridas,
e também para os espíritos malignos. A expressão “espíritos imundos” é bem mais
usada que demônios, associando estas criaturas com sua origem impura.
https://biblehub.com/text/isaiah/26-14.html
Essa variação resulta da dificuldade sobre o termo: eles eram humanos (vivos ou
mortos), quase divinos, ou espíritos desencarnados? A Bíblia apresenta estas
possibilidades, mas nos textos ugaríticos são claramente seres espirituais do mundo
subterrâneo (trevas). A tradução inglesa como sombras captura essa característica
de mortos-vivos residentes das trevas. O mais importante aqui é compreender que
são moradores sobrenaturais do submundo das trevas, dissociados e separados da
vida e presença de Deus (Pv 21:16; 9:18).
O AT usava o termo Rephaim para o clã de gigantes dos dias de Moisés e Josué.
Ogue, rei de Basã, foi o último vestígio dos rephaim (Dt 3:11,13). Estão ligados aos
Anakim (Dt 2:10-11), e vieram dos Nephilim (Nm 13:33). Os escritores bíblicos
entendem a origem dos Nephilim como uma extensão da rebelião dos filhos de
Deus em Gn 6:1-4 antes do dilúvio. Esta é a base da teologia judaica sobre a
origem dos demônios no período do segundo templo (intertestamentário). Por isso,
há um elemento obscuro, sinistro para os israelitas compreenderem os Rephaim
como habitantes do mundo tenebroso.
3 Queda : Gênesis 11
O senso comum é enxergar que a rebelião que ocorre em Babel tem apenas um
aspecto humano, que foi apenas uma rebelião dos homens, mas quando
analisamos a passagem a luz de outras passagens na Bíblia como Deuteronômio 32
e também literatura apocalíptica do período do judaísmo do segundo tempo, fica
nítido que a rebelião que ocorre em Babel, não teve apenas um caráter da
participação de homens, mas como as rebeliões anteriores também teve uma
contribuição de rebelião espiritual,No livro de 1 Enoque descreve que seres
espirituais desceram e ensinaram práticas pecaminosas aos homens, tais como :
- Consultar os mortos
- necromancia
- Bruxaria
Deuteronômio 32:8-9
A maioria das Bíblias em português não estão escritas “de acordo com o número
dos filhos de Deus” em Deuteronômio 32:8. Ao invés disso, elas estão escritas: “de
acordo com o número dos filhos de Israel”. A diferença é derivada de
desentendimentos entre os manuscritos do VT. “Filhos de Deus” é a tradução
correta, pois agora é conhecida dos Pergaminhos do Mar Morto.
Então oque aconteceu às outras nações ? Qual é o significado de elas terem sido
feitas heranças de acordo com o número dos filhos de Deus? Por mais estranho que
pareça, o resto das nações foram atribuídas aos elohim menores como um
julgamento do Altíssimo, Yahweh
Salmo 82 , onde começamos nossa discussão sobre o conselho divino ecoa essa
decisão. Esse Salmo tem Yahweh julgando os outros elohim, filhos do Altíssimo,
pela sua corrupção na administração das nações. O Salmo termina com o salmista
pedindo: “Levante-se, Oh Deus, julgue a terra, pois pertencem todas as nações”.
Salmo 82
- Yahweh, o Deus de Israel (milhares de vezes. Ex: Gên 2:4- 5; Deut 4:35)
- Os membros do conselho de Yahweh (Salmos 82:1, 6)
- Deuses e deusas das outras nações (Juízes 11:24; 1 Reis 11:33)
- Demônios (Hebraico: shedim – Deut 32:17)
- O espírito do morto Samuel (1 Samuel 28:13)
- Anjos ou o Anjo de Yahweh (Gên 35:7)
A importância dessa lista pode ser resumida em uma só pergunta: Será que
qualquer israelita, especialmente o escritor bíblico, realmente acreditava que o
espírito de um humano morto e demônios estão no mesmo nível de Yahweh? Não.
O uso do termo elohim pelos escritores bíblicos nos diz de maneira bem clara que o
termo não é sobre um conjunto de atributos. Embora quando lemos “D-e-u-s”,
pensamos num conjunto único de atributos, quando um escritor bíblico escrevia
elohim, ele não pensava dessa maneira. Se assim o fosse, ele nunca teria usado o
termo elohim para descrever qualquer coisa que não fosse Yahweh.
SATANÁS
O contexto dos Livros dos Vigilantes em 1 Enoque parece identificar Satanás com
Azazel.Talvez o título reflita o desenvolvimento da identidade de 'satanás' como o
tentador e demônio chefe por excelência, como é atestado, por exemplo, no Novo
Testamento, No livro de 1 Enoque Satanás é chamado de : “Azazel”, já no livro de
Jubileus, o seu nome é “Mastenas” O líder das forças das trevas tinha outros nomes
na literatura do Segundo Templo. Mais comum do que Mastema e Satanás é Belial
(hebr. Bĕliyyaʿal), um termo que em hebraico significa “maldade”. Embora Belial não
apareça como um nome próprio para Satanás no Antigo Testamento, é usado com
frequência na literatura pseudoepigrafa e nos Manuscritos do Mar Morto.Aparece
apenas uma vez no Novo Testamento como um nome para o diabo (2 Cor 6:15
● Governadores (achantón)
● Principados (arché)
● Potestades/autoridades (exousia)
● Poderes (dynamis)
● Domínios/senhores (kyrios)
● Tronos (thronos)
● Governadores deste mundo (kosmokratón)
1 Enoque 1: 1-9 : “O Grande Santo sairá de sua morada e o Deus eterno pisará dali
no Monte Sinai. Ele aparecerá com seu exército, ele aparecerá com seu poderoso
exército do céu dos céus. Todos os observadores temerão e estremecerão, e
aqueles que estão escondidos em todos os confins da terra cantarão; Todos os
confins da terra serão abalados, e tremores e grande medo os agarrarão (os
observadores) até os confins da terra. As altas montanhas serão sacudidas, cairão e
se despedaçarão, e as altas colinas se tornarão baixas e derreterão como a cera
diante do fogo; A terra será totalmente despedaçada e tudo na terra perecerá, e
haverá julgamento para todos. Com os justos ele fará as pazes, e sobre os
escolhidos haverá proteção e sobre eles haverá misericórdia. Todos eles serão de
Deus, e ele lhes concederá seu bom prazer. Ele abençoará (a todos) e ajudará a
todos. A luz brilhará sobre eles e ele fará as pazes com eles. Eis que ele vem com
as miríades de seus santos, para executar julgamento sobre todos e para destruir
todos os ímpios e para convencer toda a carne por todas as ações iníquas que eles
cometeram, e as palavras orgulhosas e duras que os pecadores ímpios falaram
contra ele.
A linguagem apocalíptica desse trecho de Enoque faz diretamente referência a
passagens como Deuteronômio 33, Juízes 5, Habacuque 3 e Miqueias 1:3-4
D. A. Carson observa que a citação de Enoque por Judas aponta diretamente para o
Cântico de Moisés em Deuteronômio 33
“A imagem de Deus vindo com suas hostes angelicais foi extraída de Deut. 33: 2”.
Todo ano vemos uma nova enxurrada de filmes apocalípticos nos cinemas. O
Godzilla emerge do mar. Um meteoro se choca contra a terra. Vulcões ameaçam
cidades, vírus se espalham como fumaça; extraterrestres invadem o planeta. Robôs
tomam o controle, e evoluem para ex machinas. Terroristas atacam a Casa Branca.
Super-heróis fazem “super-heroísmos” no pano de fundo da paisagem cinzenta de
Gotham, É como se todo estúdio de Hollywood tivesse contratado os criadores de
Deixados Para Trás.Claramente o imaginário de um desfecho apocalíptico se tornou
algo muito comum na cultura pop do século XX e XI,mas algo que possívelmente
muitos de nós não identificamos é que esse senso comum apocalíptico que é
apresentado em filmes, livros, séries, jogos de vídeo games é claramente um
aspecto da graça comum de Deus.