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APOSTILA

DE

BALANCEAMENTO
SUMÁRIO

Capítulo I – Por que balancear uma instalação


hidráulica – pág.1

Capítulo II – Distribuição das válvulas de


balanceamento – pág.5

Capítulo III – Dimensionamento de uma válvula de


balanceamento – pág.9

Capítulo IV – Protocolo de balanceamento


hidráulico – pág.12

Capítulo V – Métodos de balanceamento – pág.16

Capítulo VI – Os benefícios do controle de


pressão diferencial em sistemas hidráulicos com
vazão variável – pág.21

Resumo e Conclusões – pág.26


Capítulo I
Por que Balancear uma instalação hidráulica?

O primeiro passo é definirmos o que é instalação hidráulica e como iremos dividi-la. Uma
instalação hidráulica é uma instalação onde iremos “produzir” um fluído (água ou outra solução
qualquer) e iremos distribuir este fluído em pontos de consumo. Dividiremos o sistema da seguinte
maneira:
• Produção: é onde armazenamos, aquecemos ou esfriamos o fluído. Pode ser uma caixa
d’água, um chiller, uma torre de resfriamento, uma caldeira, um trocador de calor.
• Unidades terminais: são os equipamentos que irão utilizar o fluído e pode ser um fan-coil,
um radiador de aquecimento, um sistema de piso radiante, um self contained com
condensação a água, uma injetora plástica, um trocador industrial, equipamentos de solda,
etc.
• Distribuição: Vai depender do que temos nas duas extremidades, isto é, na Produção e nas
Unidades Terminais. Aqui iremos definir se o sistema vai ter primário, secundário, se vai
ser com vazão constante ou variável, etc.
Produção Distribuição Unidades Terminais

Vale a ressalva que podemos aplicar alguns conceitos aqui descritos para um sistema de água
quente sanitária que vai suprir pontos de consumo como chuveiros, torneiras, etc. Uma instalação
hidráulica, em teoria, se for bem projetada e executada poderia garantir a vazão de água (ou
solução) em todos os seus pontos de consumo, Onde:
porém, na prática, isto não ocorre devido a algumas Qp = Vazão total de projeto
Altura Hb = Altura Manométrica da Bomba
razões, como por exemplo: Manométrica Hs = Altura Manométrica calculada com fator
de segurança
• A perda de carga na instalação não é Hc = Altura manométrica calculada
calculada de uma maneira muito precisa, já Hb
que alguns parâmetros são estimados (por Hs
exemplo a rugosidade dos tubos). Devido a
isso são normalmente aplicados fatores de Hc Rotor 2
segurança que irão sobredimensionar a
Rotor 1
bomba.

• A instalação final é normalmente diferente da Qp Vazão


instalação projetada inicialmente
• A perda de carga nas unidades terminais
(pontos de consumo), válvulas e acessórios dependem do fabricante e normalmente são
desconhecidos antes do selecionamento e aquisição.
• Não é possível obter o Kvs calculado para a válvula de controle, já que os valores de Kvs
disponíveis são limitados, visando a padronização e redução de custo.
Devido a estes fatores, normalmente haverão circuitos favorecidos, isto é, com perda de carga
menor que outros circuitos. Isto irá provocar um excesso de vazão nestes circuitos favorecidos e
falta de vazão nos demais.

1
Nos terminais mais próximos haverá excesso de vazão, que
irá causar falta de vazão nos terminais mais distantes.

Esse desbalanceamento irá gerar o que chamamos de “Fenômenos Misteriosos” onde podemos
citar o seguinte:
a. A água chega a alguns pontos e não chega a outros: principalmente na partida é muito
difícil fazer chegar água a todos os pontos gerando reclamação de usuários ou perdas na
produção de uma indústria. Em alguns casos essa situação é amenizada depois de
algumas horas de funcionamento e em outros não.
b. Dificuldade de partida da bomba: a bomba trabalha com o encontro de duas curvas, a da
bomba e a do sistema. Quando o sistema está desbalanceado, a perda de carga do
sistema é muito baixa em relação à
Altura
curva da bomba, fazendo com que haja
uma vazão muito maior, elevando a Manométrica
corrente da bomba e fazendo com que Hb
as proteções atuem e a desarmem.

c. A potência instalada não consegue ser


transmitida à instalação: Curva do sistema
Hr
1. Em instalações com sistemas
de vazão constante, a
temperatura de retorno em Vazão
sistemas de resfriamento Qp Qr
começa a ser mais baixa que a
de projeto, provocando a
redução de capacidade do chiller, porém, não se conseguiu ainda resfriar toda a
instalação. Este mesmo efeito pode ocorrer também em sistemas de vazão
variável.
2. Em sistemas com primário e secundário, sendo o primário constante e o
secundário variável, pode ocorrer que a vazão no secundário seja maior que a do
primário. Nessa situação, a temperatura de alimentação começa a subir, já que
começa existir um fluxo contrário ao desejado no by-pass, provocando a queda de
rendimento das unidades terminais.
d. A válvula de controle modulante (proporcional ou floating) irá trabalhar como uma válvula
tudo/nada (on/off).
e. Podem aparecer ruídos na instalação, o que é agravado se houver ar na linha.
f. A temperatura desejada na unidade terminal pode não ser obtida ou sofre grandes
variações (temperatura desejada pode ser a temperatura do ambiente ou a temperatura de
uma matriz de injeção plástica.)
g. Todos esse fenômenos irão acarretar um acréscimo de consumo de energia.
Para resolver esses problemas normalmente são tomadas as seguintes providências:
a. Instalação de uma bomba maior, provocando um maior consumo de energia e podendo
agravar a situação das válvulas de controle, reduzindo ainda mais a sua autoridade.
b. Instalação de uma nova unidade de produção.
c. Modificação da temperatura de alimentação, gerando um aumento de consumo nas
unidades de produção.

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Portanto, para que possamos resolver esses problemas e conseguirmos otimizar a bomba,
reduzindo diretamente o consumo das bombas e indiretamente nas unidades de produção temos
que conseguir atender as três condições hidráulicas básicas:
1- Vazão de projeto em cada unidade terminal
2- Compatibilidade das vazões entre primário e secundário
3- Estabilização dos diferenciais de pressão sobre as válvulas de controle.
As duas primeiras condições são válidas para qualquer sistema, seja de vazão variável ou vazão
constante.
A terceira condição é válida para sistemas de vazão variável.
O balanceamento é fundamental para garantir o cumprimento das três condições hidráulicas em
uma instalação de HVAC e, assim, conseguir um controle eficaz, ótimo e preciso do conforto.
Lamentavelmente, alguns crêem que o balanceamento é complicado e que requer muito tempo,
especialmente em grandes instalações. Porém se utilizamos as válvulas de balanceamento
corretamente distribuídas e um correto método de balanceamento, podemos atingir as três
condições hidráulicas descritas acima.
Na condição “1” e “2”, necessitamos utilizar somente válvulas de balanceamento manuais. Na
condição “3” dependendo da situação pode ser necessária a utilização de válvulas reguladoras de
pressão diferencial trabalhando em conjunto com as válvulas de balanceamento manuais.
A válvula de balanceamento manual permite as seguintes funções: Medição de Vazão e
Temperatura, Ajuste da vazão e bloqueio da linha. A válvula reguladora de pressão diferencial irá
estabilizar a pressão diferencial dentro de um circuito. Este circuito pode ser uma válvula de
controle, um equipamento ou a utilização mais adequada um módulo (como veremos a seguir).

Algumas informações são necessárias para o balanceamento hidráulico.


O projeto deve dispor de dados suficientes para poder realizar-se um balanceamento simples e
preciso. A vazão necessária em cada válvula de balanceamento deve estar sempre anotada no
fluxograma hidráulico. Além disto, se os valores de pré-ajuste foram calculados, deverão estar
disponíveis, ainda que, não são indispensáveis.
Independentemente da precisão dos cálculos durante o projeto, sempre será necessário realizar
alguns ajustes finais posteriormente à montagem.

Uma correta preparação permite economizar tempo e esforço.


Uma preparação cuidadosa, tanto sobre os projetos como sobre a própria instalação, é o segredo
para um balanceamento simples, rápido e efetivo.
O trabalho deve iniciar-se sobre a mesa de projeto, seguindo-se a seguinte seqüência:
– Estudar os projetos.
– Identificar a rede principal de tubulações, os ramais, as prumadas e as unidades, tanto de
produção quanto as terminais.
– Dividir a instalação em módulos. Porém o que são módulos? São grupos de equipamentos cada
qual com sua válvula de balanceamento que será regulada por uma válvula geral (chamada de
compensação). O mesmo conceito se aplica a estes módulos, isto é, vários módulos podem formar
um grande módulo. Por exemplo, um edifício com duas prumadas e nestas prumadas atendem
vários equipamentos por andar. Teremos uma válvula em cada equipamento, uma por andar e
uma por prumada. Depois haverá a geral na saída do bombeamento, para que possamos efetuar a
otimização da bomba.

Módulo Hidráulico

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Sistema secundário com os conjuntos de válvulas de
balanceamento e reguladoras de pressão diferencial

∆P1 ∆P2 ∆Pn

P2
∆P1 ∆Pn

BV


P

- Para que se possa garantir a compatibilidade de vazão entre a produção consumo nas unidades
terminais é importante que também sejam instaladas válvulas na produção

Chillers
Unidades
Terminais

– Verificar que a vazão em cada válvula de balanceamento esteja anotada nos planos ou
esquemas sejam válvulas nos equipamentos ou válvulas de compensação (nos ramais, prumadas,
bombas, etc.)

Os preparativos devem continuar na própria instalação, de acordo com a seguinte seqüência:


– Localizar e identificar todas as válvulas de balanceamento, assegurando-se que estejam
acessíveis.
– Limpar todos os filtros e purgar adequadamente o ar da instalação.
– Abrir todas as válvulas de bloqueio bem como as de controle.
– Verificar que as bombas funcionem adequadamente e giram no sentido correto. Em se tratando
de velocidade variável, esta deverá manter-se em seu valor máximo durante o procedimento de
balanceamento.

É importante frisar que o uso das válvulas de balanceamento e a execução do trabalho de


balanceamento do sistema nos trás as seguintes vantagens:
- Capacidade de medir, analisar e corrigir problemas na instalação.
- Certificar que as vazões estão de acordo com o projeto.
- Facilitar os procedimentos de participação e manutenção do sistema.
- Redução dos custos finais da instalação
- Redução do consumo de energia da instalação
- Otimização do sistema de controle

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Capítulo II
Distribuição das válvulas de balanceamento

No capítulo anterior falamos em três condições básicas que devem ser obtidas com o
balanceamento:

a) Vazão de projeto em cada unidade terminal


b) Compatibilidade das vazões entre primário e secundário
c) Estabilização dos diferenciais de pressão sobre as válvulas de controle.

Em teoria para obtermos a condição “a”, seria suficiente a instalação de uma válvula de
balanceamento em cada unidade terminal. Porém ao trabalharmos desse modo podemos criar
algumas dificuldades. Assim, na prática, é recomendável que se trabalhe utilizando o conceito dos
módulos hidráulicos. Neste capítulo abordaremos o que são os módulos e quais as suas
vantagens.
Adotemos como exemplo uma instalação que possui vários ramais como o da figura abaixo.

Quando realizamos o balanceamento, estamos igualando a perda de carga de todos os circuitos


com a perda de carga do circuito crítico. Assim, no exemplo acima, a perda de carga que deverá
ser criada na válvula de balanceamento que está mais próxima da bomba (ou de menor perda de
carga) pode ser muito grande, de tal modo que obrigará um maior cuidado na hora de realizarmos
o selecionamento. Mesmo com uma válvula bem selecionada, ela pode ser obrigada a trabalhar
com uma abertura muito pequena, diminuindo a precisão do trabalho. Além disso, perda de carga
muito elevada pode levar a se gerar ruído na válvula de balanceamento principalmente se houver
ar dentro da tubulação. Um outro fator que é importante é que quando se executa uma modificação
na sua instalação, dependendo do tamanho da intervenção pode ser necessário se refazer todo o
balanceamento do sistema.

Módulo Hidráulico
Podemos definir um módulo hidráulico como um grupo de equipamentos (unidades terminais) com
uma válvula de balanceamento instalada em cada unidade e uma válvula geral para o grupo, que
chamaremos de válvula de compensação

Módulo Hidráulico

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Este tipo de montagem é importante pois contribui com os seguintes fatores:
- A proporcionalidade das vazões
- Facilidade de Balanceamento

A Lei da Proporcionalidade
Quando criamos um módulo e executamos o balanceamento do mesmo, estamos transformando
este grupo de unidades terminais em uma grande unidade terminal equivalente. Nessa condição se
alterarmos a vazão que é enviada para o módulo, todas as unidades terminais irão se alterar
igualmente (proporcionalmente). Vejamos o seguinte exemplo:

Situação Inicial com vazão total de 100 l/s


40 l/s
10 l/s

10 l/s

20 l/s

20 l/s

100 l/s

Se aumentarmos a vazão em 50%, isto é, para 150 l/s, todas as unidades terão as suas vazões
aumentadas em 50%.

15 15 30 60 30
l/s l/s l/s l/s l/s

150 l/s

Facilidade de Balanceamento
Quando existem os módulos, executamos o balanceamento primeiro dentro de cada módulo e
depois entre os módulos. Assim, a perda de carga que deve ser gerada em cada válvula de
balanceamento é menor, facilitando o trabalho de dimensionamento, permitindo que a válvula
trabalhe mais aberta, aumentando a precisão do trabalho e diminuindo a possibilidade de haver
ruído nas válvulas.
Uma outra vantagem é que quando ocorrer uma modificação na instalação, se deve verificar e
eventualmente refazer o balanceamento nas válvulas do módulo modificado e nas válvulas de
compensação dos demais módulos. As válvulas das unidades terminais existentes dentro dos
demais módulos, não precisam ser reajustadas.
Quando utilizamos como compensação um conjunto formado por válvula de balanceamento e
válvula reguladora de pressão diferencial, criamos uma total independência entre os módulos, o
que é excelente para uma partida de instalação em estágios ou para instalações que irão sofrer
modificações, já que a cada modificação somente o módulo modificado deve ser reavaliado.

No nosso exemplo inicial teremos então uma configuração como demonstrado na figura abaixo:

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Veja que existe uma válvula de compensação geral (na linha de retorno principal). Esta válvula é
importante para que possamos executar a análise e otimização da bomba (ou do conjunto de
bombas).
Durante o trabalho de balanceamento iremos fazer com que todo o sobredimensionamento da
bomba seja levado para essa válvula de compensação geral. Com isso podemos verificar o quanto
a bomba está sobredimensionada, tomando as medidas possíveis, como por exemplo, usinar a
bomba ou limitar a rotação da mesma através do variador de freqüência.

Montagem da válvula de Balanceamento

Quando falamos em montar uma válvula de balanceamento em uma unidade terminal, não
estamos falando de acrescentar mais um item a instalação e sim substituir alguns itens pela válvula
de balanceamento. Vejamos o exemplo de um condicionador de ar tipo fan-coil.

Montagem típica de um fan-coil sem válvula de balanceamento:

Manômetro Válvula de
Termômetro Controle Válvula
Globo

Válvula de
Bloqueio

Dreno

A válvula de balanceamento possui as funções de: Medição de pressão, vazão e temperatura,


ajuste da vazão e bloqueio. Com isto podemos substituir vários itens da montagem típica acima:
manômetros, termômetros, válvula globo e uma válvula de bloqueio. Assim, a montagem vai ficar
mais eficiente, com menor número de componentes, tornando a instalação mais rápida e limpa, e
ocupando um menor espaço.

A montagem típica com a válvula de balanceamento ficaria da seguinte maneira:

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Válvula de
Controle
Válvula de
Balanceamento

Válvula de
Dreno Bloqueio
No esquema acima a válvula de balanceamento está montada na saída da serpentina, porém, a
válvula de balanceamento pode ser montada tanto na entrada como na saída das unidades
terminais. Também não existe restrição quanto a estar na horizontal ou na vertical. A única
ressalva é quanto a distância mínima entre algum elemento que possa provocar turbulência muito
grande no fluxo, como cotovelos, reduções assimétricas, filtros, etc. As distâncias mínimas
normalmente requeridas são as seguintes: o equivalente a cinco diâmetros de tubo reto na entrada
da válvula e o equivalente a dois diâmetros de tubo reto na saída da válvula.

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Capítulo III
Dimensionamento de uma válvula de Balanceamento

O dimensionamento da válvula é um ponto muito importante no trabalho do balanceamento, pois


se a mesma estiver mal dimensionada pode dificultar ou até mesmo impossibilitar em casos
extremos, de se atingir um bom resultado.

Chegamos aqui a um ponto crítico no processo do balanceamento que é o dimensionamento das


válvulas. Crítico do ponto de vista técnico e também econômico, pois se dimensionarmos errado
podemos ter as seguintes conseqüências:

Válvula subdimensionada
Ao utilizar a válvula com dimensão abaixo da correta, iremos provocar uma perda de carga acima
da necessária, podendo em casos extremos influenciar na definição do circuito crítico e
conseqüentemente no dimensionamento da bomba. Além disso dependendo do valor da perda de
carga, pode gerar ruído que é agravado se houver ar na linha. De um modo geral, quando a
válvula está subdimensionada, todo o circuito onde ela está montada se encontrada na mesma
condição, logo, podemos afirmar que haverá um custo maior de operação, já que a bomba terá que
consumir mais energia.

Válvula superdimensionada
A dimensão acima da correta faz com que a válvula tenha que trabalhar com uma abertura muito
pequena, diminuindo a precisão do trabalho de balanceamento. Em casos extremos pode inclusive
inviabilizar o processo. Além disso, o custo da válvula será maior.

Dimensionamento

O correto dimensionamento da válvula de balanceamento deve levar em conta a vazão desejada e


a perda de carga que se quer gerar na mesma. A grande dificuldade é justamente saber quanto
iremos gerar de perda de carga na válvula de balanceamento, já que para isso, deveríamos
conhecer as perdas de carga de todos os circuitos.

Vamos considerar o seguinte exemplo:

Vazão de água do fan-coil: 12.000 l/h


Perda de carga do fan-coil (DPfc): 20 kPa
Perda de carga da válvula de controle (DPvc): 30 kPa
Perda de carga da tubulação e acessórios entre cada circuito (DPt): 10kPa (5kPa na alimentação e
5kPa no retorno)

A B C D

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Logo, teremos o seguinte:

Perda de carga (kPa)


Circuito Válvula
Sub-total Válvula de Total
Fan-coil de Tubulação
Circuito Balanceamento Geral
Controle
A 20 30 0 50 33 83
B 20 30 10 60 23 83
C 20 30 20 70 13 83
D 20 30 30 80 3 83

Lembramos que o intuito da válvula de balanceamento é criar a perda de carga necessária para
igualar a perda de carga em todos os circuitos. A perda de carga mínima que deve ser criada em
uma válvula de balanceamento é de 3kPa (aproximadamente 0,3mca) para que se tenha precisão
na medição. Abaixo de 3kPa o valor medido pode ter muita oscilação.
Agora que temos a vazão e a perda de carga necessária, podemos calcular o coeficiente Kv da
válvula de balanceamento, da mesma maneira que calculamos para válvula de controle.

0,01 x q
Kv =
∆p

onde q é a vazão em l/h, Dp é a perda de carga em kPa e Kv é o coeficente de vazão da válvula.

Para o nosso exemplo, com uma vazão de 12000 l/h e as perdas de carga calculadas acima, os
coeficientes seriam os seguintes:

Circuito Kv Circuito Kv
D 69,22 B 25,00
C 33,25 A 20,87

Com os coeficientes é possível consultar as tabelas dos fabricantes para verificar o modelo correto.
No nosso caso, chegamos a conclusão que para os circuitos C e D usaremos válvulas de 2 ½” e
para os circuitos A e B, válvulas de 2”.
É importante salientar que a válvula de balanceamento possui um Kv variável, isto é, para cada
posição de abertura da válvula temos um Kv diferente.

Como se pode ver, é necessário de um trabalho de cálculo que muitas vezes pode ser difícil de ser
executado, por isso, na prática não é muito comum fazer este tipo de selecionamento por não se
conhecer a perda de carga a ser criada.

Quando não se tem a perda de carga, pode ser utilizada como referência a tabela abaixo para
fazer o selecionamento das válvulas de balanceamento. Os parâmetros utilizados foram:

Vazão Mínima recomendada – 75% da abertura total da válvula, com uma perda de carga de 3 kPa
Vazão Máxima Recomendada – Abertura total da válvula com uma perda de carga de 10kPa
Para cálculo das vazões foi usado o programa de seleção da Tour Andersson.

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Vazão em l/h
Diâmetro da Válvula Máxima
Mínima Recomendada
Recomendada
½” – DN15 240 800
¾” – DN20 670 1.800
1” – DN25 1.200 2.750
1 ¼” – DN32 1.650 4.500
1 ½” – DN40 2.180 6.070
2” – DN50 3.720 10.450
2 ‘/2” – DN65 10.040 26.900
3” – DN80 13.860 37.950
4” – DN100 22.860 60.080
5” – DN125 34.120 94.870
6” – DN150 54.020 132.820
8” – DN200 103.060 241.920
9” – DN250 142.160 374.730
10” – DN300 208.030 458.530

É importante frisar que as vazões acima são recomendações e que as válvulas podem trabalhar
com vazões acima ou abaixo dos limites indicados, porém é necessário ficar atento aos valores de
perda de carga e abertura para não criarmos mais problemas ao invés de solucioná-los.

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Capítulo IV
PROTOCOLO DE BALANCEAMENTO HIDRÁULICO

O Balanceamento Hidráulico de uma instalação de Ar Condicionado deve tornar possível que, para
todas as condições de carga térmica da instalação, as unidades terminais recebam a vazão de
água especificada em projeto. Esta condição deve ser satisfeita inclusive quando a instalação foi
concebida considerando um fator de simultaneidade no uso.

Neste procedimento enumeramos as distintas técnicas de balanceamento hidráulico, assim como


descrevemos as fases de preparação e análise de resultados, fundamentais para a detecção e
correção de possíveis anomalias de funcionamento da instalação.

1. Objetivo do Balanceamento

O objetivo do Balanceamento é ajustar as vazões de água em uma instalação, de modo que sejam
satisfeitas dentro das tolerâncias permitidas, as especificações de um projeto.
Este procedimento deve proporcionar ao instalador uma metodologia que lhe permita obter com
garantia e eficácia, as vazões de projeto.

2. Tolerâncias

Faz parte da responsabilidade do Projetista ou Fiscalizador da Obra definir as tolerâncias


particulares no ajuste das vazões para os distintos subsistemas ou circuitos da instalação,
estabelecendo um compromisso entre a precisão exigida e o custo de consegui-la.

O técnico responsável pelo balanceamento deverá prevenir a Fiscalização sempre que os níveis de
tolerância impostos as vazões não possam ser atingidos na prática.

Quando as tolerâncias não estão estabelecidas nos parâmetros de desenho do projeto, o técnico
responsável pelo balanceamento deverá solicitá-las antes de iniciar os trabalhos de ajuste das
vazões.

Em HVAC se estima aceitável um ajuste de vazões com um erro de ± 10% sobre os valores de
desenho. Desvios acima deste nível não devem ser admitidos devido ao seu forte impacto negativo
sobre a performance do sistema.

3. Preparação

O balanceamento hidráulico é uma das últimas operações previstas para a partida de uma
instalação. Por isto, tanto seu planejamento quanto sua execução devem ser feitas com cuidado.

Para garantir um bom resultado, um procedimento econômico e eficaz, se recomenda a seqüência


de ações abaixo antes da operação de balanceamento.

• Análise dos diagramas “as-built” da rede hidráulica da instalação.


• Comprovação das condições requeridas para a realização do balanceamento
• Inspeção prévia da instalação
• Escolha do método de balanceamento

3.1. Análise dos diagramas “as-built” da instalação

Como etapa prévia, deve-se estudar cuidadosamente os diagramas reais para compreender
o funcionamento da instalação, identificando os circuitos, os anéis de controle e válvulas de
balanceamento.Com a finalidade de evitar dificuldades de interpretação dos diagramas, é
aconselhável eliminar do diagrama tudo que não está relacionado com balanceamento,

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mantendo as redes principais e ramificações hidráulicas, as bombas e as válvulas de
balanceamento. No caso de uma instalação a quatro tubos, convém preparar dois
esquemas distintos (frio/calor).

Estes esquemas devem representar a instalação tal como ela foi realizada para que a sua
análise permita identificar e evitar futuros problemas tais como: interatividade hidráulica,
incompatibilidade de vazão, válvulas de balanceamento desnecessárias, esquecidas ou
colocadas em locais inapropriados, etc.

Convém verificar que todas as vazões de água a serem ajustadas em cada terminal estejam
corretamente indicadas nestes esquemas e que os totais de cada ramal realmente
correspondem a soma dos unitários.
Se a instalação foi projetada com um fator de simultaneidade, será necessário aplicar um
método especial descrito mais adiante.

3.2. Comprovação das condições requeridas para a realização do balanceamento

Antes da realização do balanceamento é aconselhável submeter a instalação às seguintes


operações:

a) Limpeza a alta pressão da rede hidráulica


b) Limpeza de filtros
c) Enchimento e purga correta da instalação
d) Pressurização suficiente
e) Verificação do funcionamento correto das bombas (alimentação elétrica, rotação,
velocidade e purga)
f) Estabelecimento das condições de máxima demanda nos elementos de controle

3.3. Inspeção Prévia da Instalação

Uma inspeção prévia da instalação permitirá sempre que se ganhe tempo na operação de
balanceamento e deverá ser realizada com o seguinte intuito:
a) Identificar as válvulas de balanceamento: localização, diâmetro, modelo,
acessibilidade e disponibilidade de etiqueta de identificação.
b) Verificar se as válvulas de bloqueio estão nas posições corretas de trabalho
(totalmente abertas ou fechadas)
c) Assegurar-se que se dispõe de métodos remotos ou manuais para posicionar as
válvulas de controle na sua máxima abertura.
d) Comprovar que os reguladores de pressão, se estão montados, estão na sua posição
correta de funcionamento.

3.4. Escolha do método de balanceamento

3.4.1. Metodologia

Uma vez ajustadas hidraulicamente as unidades de produção, o procedimento de


balanceamento deve ser aplicado, em primeiro lugar, às unidades terminais,
posteriormente aos ramais, as prumadas e depois as redes secundárias gerais de
distribuição. Por último, a vazão total e a altura manométrica mantida pela bomba
devem ser ajustadas, realizando se for necessária a mudança de rotor ou ajuste de
sua velocidade.

3.4.2. Tolerância nas válvulas e instrumentos de balanceamento

As válvulas de balanceamento e o instrumento de medida devem sempre apresentar


uma precisão superior às tolerâncias de vazão especificados em projeto. Isto inclui

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não somente a precisão mecânica, mas também a capacidade de reproduzir qualquer
posição do volante da válvula.
As tolerâncias de vazão estabelecidas pela Supervisão da Obra, podem ser obtidas
sempre e quando se aplique de maneira global um método de balanceamento
hidráulico adequado.

3.4.3. Métodos de Balanceamento

A escolha do método de balanceamento depende da preferência e experiência do


projetista, mas deve estar sempre baseada em razões práticas. Abaixo citamos os
principais métodos (eles serão descritos com mais detalhes no próximos artigo)

a) Pré-Ajuste
b) Interativo
c) Proporcional
d) Compensação
e) Método de simulação matemática da instalação real (TA Balance)

3.4.4. Fator de simultaneidade

No caso da instalação estar dimensionada com um fator de simultaneidade, as válvulas


de balanceamento devem ser utilizadas para simular este fator hidráulico nos ramais ou
prumadas durante o procedimento de balanceamento. A instalação, por tanto, se ajusta
hidraulicamente as condições reais de operação.

4. Documentação

A documentação deve consistir de um relatório do balanceamento da instalação e deve conter as


seguintes informações:

Dados Gerais

Instalação:
Método de balanceamento aplicado:
Instrumento de balanceamento utilizado:
Número de série:
Técnico Responsável pelo balanceamento:
Empresa Responsável:

Dados Específicos Para Cada Válvula de Balanceamento


Identificação da Válvula:
Vazão Requerida em Projeto:
Vazão Medida:
Perda de Carga Medida:
Posição da válvula

Este documento será utilizado para verificar os ajustes hidráulicos realizados na instalação e como
base para futuras análises regulares a que se submeterá a instalação durante sua vida útil.

5. Análise de Resultados

Como foi dito no item anterior, o Informe de Balanceamento pode ser utilizado como base para a
detecção de possíveis anomalias da instalação. A experiência do técnico de balanceamento
predominar no processo de análise. Não obstante, se recomenda realizar as seguintes verificações
do processo de ajuste hidráulico:

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1. Uma das válvulas de balanceamento de cada módulo hidráulico deve criar uma perda de
carga de 3Kpa. Normalmente está válvula está no circuito menos favorecido (circuito
referência). No caso de circuitos idênticos (por exemplo um ramal de fan-coil), o de referência
deve ser o último. Se isto não ocorre, pode ser interpretado como um sintoma de circuitos ou
filtros entupidos ou válvulas de controle que não se abrem suficientemente.

2. Se as válvulas de balanceamento forem corretamente dimensionadas, devem estar abertas


mais de 50% de seu curso. Se, para obter as vazões correspondentes em um módulo hidráulico
todas as válvulas estão excessivamente fechadas, exceto uma cuja posição é uma abertura
normal, é um sintoma inequívoco de uma perda de carga excessiva neste último circuito. Deve-
se solucionar o problema e balancear o módulo novamente.

3. Se em um módulo hidráulico não se pode obter as vazões requeridas, isto é normalmente


devido a uma altura manométrica insuficiente. Várias podem ser as razões, por exemplo, um
by-pass em algum outro circuito, uma válvula que deve estar fechada e está aberta, etc. Se isto
ocorrer no circuito principal de distribuição, deve-se verificar a bomba de acordo com as curvas
características do fabricante.

6. Recomendações de manutenção

As válvulas de balanceamento podem ser utilizadas como ferramentas multiuso de manutenção da


seguinte maneira.

Bombas
A curva da bomba pode ser verificada através de uma válvula de balanceamento instalada na linha
de alimentação. Medições de pressão no retorno e na alimentação permitem medir a altura
manométrica e a válvula de balanceamento na alimentação, a vazão. Pode-se igualmente
reproduzir alguns pontos da curva da bomba e garantir que a bomba funciona corretamente.

Terminais
As válvulas de balanceamento montadas no retorno permitem medir a qualquer momento a vazão
e como conseqüência, identificar se o terminal está entupido ou se as válvulas de controle
funcionam corretamente.

Identificação de obstruções
A disposição das válvulas de balanceamento permite comprovar as vazões nos ramais e nas
prumadas da instalação. Se existirem obstruções ou entupimentos na tubulação ou nas válvulas,
estão serão evidenciadas.

Diagnóstico
As condições normais de operação podem ser verificadas utilizando-se as válvulas de
balanceamento para registras vazões, pressões ou temperaturas em qualquer ponto da instalação.

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Capítulo V
Métodos de Balanceamento

A escolha do método de balanceamento depende da preferência e experiência do projetista, mas deve


estar sempre baseada em razões práticas como a maneira como as válvulas estão distribuídas e do
aparelho que está sendo utilizado para executar as medições e ajustes das válvulas.

Primeiro devemos lembrar o que é o balanceamento. Quando realizamos o trabalho de


balanceamento, na verdade estamos igualando a perda de carga (resistência de todos os circuitos).
Como isso é feito? No circuito crítico, isto é, o que possui a maior perda de carga, a válvula de
balanceamento deve criar a perda de carga mínima de 3kPa para que se possa efetuar a medida de
vazão com uma precisão aceitável. Com isso teremos a perda de carga total do sistema que é a perda
do circuito crítico mais a perda de carga da válvula de balanceamento (3kPa). Nos demais circuitos a
perda de carga a ser criada na válvula de balanceamento é a diferença entre a perda de carga do
circuito e a perda de carga total do módulo.

Podemos dizer que os métodos existentes são os seguintes:

Método do Pré-Ajuste
Consiste em calcular a perda de carga que deverá ser criada na válvula de balanceamento.
Baseado nessa perda de carga e na vazão desejada, podemos calcular o Kv (ou Cv) necessário e
através de um programa de seleção, catálogo do produto ou até mesmo diretamente no
equipamento computadorizado de balanceamento, se definir a posição de abertura da válvula para
o Kv calculado.
Este método, devido a complexidade e a necessidade de se conhecer como a instalação realmente
ficou, isto é, comprimentos de tubulação, curvas, perdas de cargas das válvulas, equipamentos,
filtros, etc.., é recomendada para pequenas instalações.
Ele pode ser utilizado também como uma preparação da instalação para o trabalho de
balanceamento. Utiliza-se um fator médio de perda de carga por metro de tubo e levando-se em
conta somente os comprimentos de tubulação, se calcula a perda de carga a ser criada nas
válvulas de balanceamento e conseqüentemente a sua posição. Porém, nessa situação deverá ser
feito posteriormente um trabalho de balanceamento mais preciso.

Método Interativo
É o método mais básico, menos preciso e mais trabalhoso de se realizar o balanceamento.
Consiste em ajustar válvula por válvula para as vazões desejadas, iniciando nas válvulas mais
próximas da bomba e indo em direção ao final do módulo. A grande dificuldade é que ao se ajustar
uma válvula se irá criar uma reação nas demais, logo quando se chega ao final do módulo, deve-se
voltar a primeira válvula e começar novamente o processo. Para que se possa chegar a um
resultado satisfatório, o procedimento deve ser repetido várias vezes, provocando uma perda de
tempo enorme. Além disso, quando executamos o trabalho da bomba para o final, levamos todo o
sobredimensionamento da bomba para dentro do sistema, provocando então um consumo de
energia mais alto do que o realmente necessário.

Método Proporcional
É uma evolução do Método Interativo. A diferença básica é que antes de se executar o ajuste das
válvulas, é feito uma medição da condição real da instalação, isto é, da vazão existente em cada
circuito antes do balanceamento. Com este valor, calculamos um fator que chamaremos de “Z”,
Vazão real medida
que é: Z =
Vazão de projeto

O trabalho de ajuste se inicia na válvula que possui o maior fator Z e vamos ajustando até chegar
no equipamento que possui fator Z=1 ou o mais próximo que isso. Nesse momento executamos
uma nova medição das vazões nos circuitos, e repetimos o procedimento. Aparentemente é um

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método que dá mais trabalho, porém, ele diminui um pouco o número de vezes que se deve passar
ajustando as válvulas e aumenta a precisão do balanceamento. Porém, como no método anterior
leva o sobredimensionamento da bomba para dentro do sistema provocando um consumo de
energia desnecessário.

Método de Compensação
Já é um método bom de trabalho, aumentando a precisão, retirando o sobredimensionamento da
bomba de dentro do sistema e portanto ajudando a evitar o desperdício de energia. Porém ainda é
um método trabalhoso, necessitando de pelo menos duas pessoas e um aparelho, porém para que
se possa economizar tempo será necessário alocar 3 pessoas com 2 aparelhos e sistema de
comunicação entre eles.
O procedimento é o seguinte:

1) Nomeie a última válvula do módulo como sendo a válvula de referência e a válvula geral do
módulo como válvula de compensação.

Válvula de
referencia
Válvula de
compensação
1 2 3 4 5

2) Calcule para a válvula de referência a posição que gerará a perda de carga mínima de 3kPa e a
posicione na abertura calculada.
3) Conecte o aparelho de medição na válvula de referência (válvula 5 no exemplo) e abra ou feche
a válvula de compensação até que se consiga ler no equipamento a vazão de projeto para a
válvula de referência.
4) Retire o aparelho de medição da válvula de referência e conecte na válvula imediatamente
anterior, no caso do exemplo a válvula 4. Agora ajuste a válvula até que se consiga obter a
vazão de projeto.
5) Retire o aparelho de medição da válvula e conecte novamente na válvula de referência.
Provavelmente ocorreu uma modificação na vazão. Abra ou feche a válvula de compensação
para restabelecer a vazão de projeto.
6) Retire o equipamento e conecte-o novamente na válvula ajustada (a válvula 4) para verificar se
ocorreu alguma variação significativa. Caso haja ocorrido, repita o procedimento a partir do
item 4.
7) Caso já se tenha conseguido atingir uma vazão dentro dos limites especificados em projeto,
faça o procedimento a partir do item 4 na válvula imediatamente anterior e repita-o até que se
tenha feito em todas as válvulas do módulo.
8) Após terminar no módulo atual, faça no módulo seguinte o mesmo procedimento até que se
tenha realizado em todos. Com isto se está transformando cada módulo em um grande

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equipamento. Agora crie um novo módulo com as válvulas gerais de cada módulo e repita o
procedimento. Suba de nível até que chegar na válvula da bomba. Quando se ajustar a válvula
geral do sistema para a vazão de projeto, todos circuitos terão as vazões corretas.

Método de simulação matemática da instalação real – TA Balance

É o que permite obter as vazões com uma maior precisão e o menor trabalho. Ele é feito baseado no
método de compensação, porém os cálculos dos ajustes necessários são feitos através de um
programa de cálculo numérico já carregado no instrumento. Com essa ferramenta é possível realizar o
trabalho de balanceamento de uma instalação, mesma que complexa, com apenas uma pessoa e um
instrumento. Além disso, o número de passagens por válvula é reduzido para apenas 2 vezes,
economizando tempo de execução. Como no método de compensação, aqui também é possível levar
o sobredimensionamento da bomba para a válvula geral e como veremos ao final, otimizar o consumo
de energia do bombeamento que é o nosso objetivo.
Basicamente, deve-se realizar uma passagem pelo módulo, medindo as pressões diferenciais em
cada circuito e na válvula de compensação. Ao final, o aparelho irá utilizar estas informações para
calcular a perda de carga necessária em cada válvula e apresentar na tela a posição de regulagem
para cada uma. A segunda passagem é para executar o ajuste de cada válvula. Abaixo os passos
do procedimento:
1.Válvula de Compensação completamente aberta
2. Pré-ajustar todas as válvulas de balanceamento a 50% de sua abertura para garantir
uma perda de carga mínima de 3 kPa.
3. Selecionar qualquer válvula de balanceamento. Na prática é interessante que se inicie
pela válvula mais distante.
4. Conectar o CBI na válvula. Este pedirá o número conferido à válvula dentro do módulo e
realizará a primeira medição
5. Fechar totalmente a válvula
6. O CBI realizará uma nova medida
7. Reabrir a válvula na posição original
8. Continuar com as demais válvulas a partir do ponto 3

Válvula de
Compensação

Após executar o balanceamento do módulo, passe para os seguintes até terminar todos. Nessa
situação, de novo foram criados “grandes equipamentos” controlados por uma válvula e o
procedimento se repete agora nas válvulas que antes eram as de compensação.

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Válvula de compensação

Caso haja diferentes prumadas, o procedimento vai sendo repetido até que se chegue a válvula
geral das bombas.

Agora para finalizar, o procedimento para ajuste da válvula da bomba (ou das válvulas das
bombas) pode ser feito das seguintes maneiras:

1) Bomba de velocidade constante:


a. Faz-se o ajuste da vazão de projeto na válvula de balanceamento. Nessa situação,
criamos na válvula a perda de carga necessária para compensar o
sobredimensionamento da bomba. Não é a melhor opção pois a bomba irá gastar
uma energia desnecessária.
b. Após executarmos o passo “a” podemos então identificar o sobredimensionamento
da bomba e definirmos o quanto iremos usinar o rotos para diminuirmos o
consumo. Podemos aqui inclusive chegar a conclusão que é possível fazer a troca
do motor ou do rotor da bomba para modelos menores. Após a usinagem ou
substituição, deve ser refeito o ajuste da válvula principal.
2) Bomba de velocidade constante
a. Define-se qual é a perda mínima que se pode criar na válvula de balanceamento (o
mínimo recomendado é de 3kPa)
b. Calcule a posição que vai gerar a perda de carga definida com a vazão de projeto.
c. Ajuste a válvula na posição calculada
d. Conecte o aparelho e comece a medir a vazão.
e. Vá abaixando a rotação da bomba através do variador de freqüência até que se
leia no aparelho a vazão de projeto.
f. Ajuste a freqüência encontrada neste ponto como sendo a freqüência máxima da
bomba.

Pronto!! O sistema está balanceando e a bomba está otimizada, permitindo ao sistema operar com
o menor consumo de energia possível. Lembramos que em casos extremos a energia

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economizada com o balanceamento do sistema é maior que a economia obtida com a utilização de
um sistema de vazão variável comparado com um sistema de vazão constante.

Altura manométrica. Economia Bomba


Sobredimensionada

60 Hz

Frequência Máxima de Trabalho

Vazão

Economia correspondente a bomba de velocidade variável

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Capítulo VI
Os benefícios do controle de pressão diferencial em sistemas hidráulicos com vazão
variável.

A distribuição da água em sistemas hidráulicos pode ser obtida com vazão constante ou variável.
Cada método tem suas próprias vantagens e desvantagens.

Uma das maiores vantagens do sistema de vazão variável é o menor custo com energia resultante
da redução do consumo de eletricidade da bomba. Como os custos de bombeamento dependem
do produto da altura manométrica e vazão de água, eles são proporcionais à vazão se a altura
manométrica é constante. Quanto mais as válvulas de controle reduzem a vazão, mais energia é
economizada.

Vazão variável, porém tem uma séria desvantagem. A pressão diferencial é variável. Quando a
vazão diminui, a queda de pressão nos tubos e acessórios cai consideravelmente. Isto leva a um
dramático aumento na pressão diferencial sobre as válvulas de controle modulantes. Isto por sua
vez, afeta a estabilidade do controle, o qual é previsto para trabalhar no modo proporcional ou
Proporcional Integral / Proporcional Integral Derivativo (PI / PID), podendo levá-las a trabalhar no
modo on-off. Quando isto ocorre, se tem um resultado insatisfatório no nível de conforto e um
desperdício de energia que pode chegar até a 30%.

Uma solução é utilizar uma bomba de velocidade variável e reduzir a altura da bomba junto com a
vazão. Mas esta estratégia está longe de ser perfeitamente seguro: consideremos que a vazão
total da instalação é 50% da vazão de projeto. Isto pode ocorrer se tivermos todas as unidades
terminais utilizando 50% da sua vazão de projeto ou se 50% dos terminais estiverem trabalhando
na condição de projeto e os demais estão desligados. No primeiro caso é possível reduzir a altura
da bomba. No segundo caso a altura manométrica deve ser mantida praticamente constante, pois
várias unidades ainda precisam da vazão de projeto.

Portanto, uma bomba de velocidade variável pode ajudar um pouco, porém não vai resolver
totalmente o problema, mesmo quando vários sensores de pressão diferencial estão instalados, já
que a bomba deve ser controlada por um diferencial de pressão na instalação.

Outra solução é estabilizar a pressão diferencial localmente utilizando válvulas controladoras de


pressão diferencial. De fato, esta abordagem é necessária para um controle mais estável e preciso
no sistema de vazão variável quando a razão C é menor que 0,4:

∆p de projeto do circuito crítico


C=
Altura manométrica da bomba

Quando C = 0.4, a pressão diferencial sobre o circuito mais remoto já está multiplicada por 2,5,
quando trabalhando em cargas parciais, ela vai ser multiplicada por 4 ou 6 para a válvula de
controle! Uma pressão diferencial muito alta pode causar instabilidade no controle modulante e
aumentar o risco de ruído.

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Este capítulo discute brevemente os principais benefícios das válvulas controladoras de pressão

diferencial:

1- Elas viabilizam um controle modulante preciso e estável


2- Elas minimizam o ruído nas válvulas de controle (on-off ou modulante)
3- Elas simplificam o balanceamento e a partida da instalação.

Controle modulante preciso e estável

Para obter um controle da temperatura ambiente preciso e estável, a relação entre a capacidade
do terminal e a abertura da válvula de controle deve ser linear. Esta linearidade é obtida pela
seleção de uma válvula de controle com uma curva característica adequada, desde que a pressão
diferencial sobre a válvula de controle seja constante.
Na realidade, quando a instalação está funcionando com uma media de 50% da capacidade
máxima, a vazão de água é cerca de 20% da vazão de projeto e a perda de carga 25 vezes mais
baixa que nas condições nominais. Portanto, a pressão diferencial sobre a válvula de controle
aumenta dramaticamente. Quando a válvula de controle abre um pouco, a vazão de água cresce
tanto que o controle fica difícil. A temperatura ambiente pode oscilar vários graus, para cima ou
para baixo. Neste caso um sofisticado controlador PID trabalha como um simples controle on-off. A
razão é que a pressão diferencial sobre a válvula de controle aumenta, o que distorce a curva
característica da válvula de controle.
A distorção da característica da válvula de controle é dada por sua autoridade β, o qual é definido
como:

β = Perda de carga na válvula de controle totalmente aberta na vazão de projeto (Equação. 02)
Pressão diferencial na válvula de controle totalmente fechada

O ideal seria esta autoridade ser igual a 1, o que presume um ∆p constante sobre a válvula de
controle. Na prática esta autoridade é menor que 1. Os especialistas recomendam projetar a
instalação para obter uma autoridade de pelo menos 0,5 nas condições de projeto e ao menos
0,25 em cargas parciais (quando a válvula de controle está sujeita a aproximadamente a altura
manométrica da bomba).

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A- Condição de Projeto
B- Carga média de 50%
C- ∆p da válvula de controle estabilizada pela STAP.
D- O mesmo que C com uma carga media de 50%.

A Figura mostra a instalação com a bomba (de velocidade fixa), sistema de distribuição e circuito
de referência.
Na situação A, temos as condições de projeto e as perdas de carga do sistema são: Sistema de
distribuição 100kPa, Terminal 20 kPa, válvula de controle 25 kPa. A autoridade da válvula de
controle, nas condições de projeto é 25/45 = 0,55 (pela equação 2); a qual é aceitável.
Na situação B, temos a instalação trabalhando com 50% da carga (B = 20% da vazão. Este valor é
obtido na curva característica do trocador). Nesta condição a pressão diferencial sobre a válvula
totalmente fechada é de 200kPa, já que a altura manométrica da bomba cresce (conforme a vazão
é reduzida de acordo com a curva característica Pressão x Vazão da bomba) e ao mesmo tempo a
perda de carga na linha principal cai. Com isto, a autoridade da válvula de controle cai para 25/200
= 0,125.
A Curva B1 na direita, mostra a relação entre a capacidade do trocador e a abertura da válvula.
Esta relação não é linear, o que torna difícil de se conseguir a estabilidade no ciclo de controle.
Além disto, abaixo de uma carga de 30% (Curva B1), o ciclo de controle irá trabalhar no modo on-
off. A situação é ainda pior se a relação entre vazão e a abertura da válvula de controle for linear
(curva B2).
Nas situações C e D, a pressão diferencial é estabilizada na válvula de controle através de um
controlador de pressão diferencial. Para um diferencial de pressão na válvula de controle de 20
kPa, a pressão diferencial varia de 20 a 26 kPa. Isto nos dá uma autoridade de 20/26 = 0,77 e uma
relação praticamente linear (curva D a direita). A carga mínima controlável é de 11% (curva D) ao
invés de 30% (curva B1).
Nos casos A e B, a pressão diferencial na válvula de controle tem uma variação de 180 – 25 = 155
kPa (620%), enquanto nos casos C e D, a variação está limitada a 6 kPa (30%).
Deve ser notado que o problema é transferido para o Controlador de Pressão Diferencial. Contudo
é mais fácil controlar a pressão que a temperatura. A precisão relativa requerida na pressão não é
tão alta e uma faixa proporcional maior (40-50%) pode ser adotada para se obter uma função
estável.

Menor ruído nas válvulas de controle


Alta pressão diferencial algumas vezes leva a gerar ruído nas válvulas de controle pode ser
particularmente irritante devido a sua emissão estar próximo aos usuários. Em sistemas de
aquecimento, devido a temperatura de trabalho da água, o ruído pode ocorrer quando a pressão
diferencial chega a 20-30 kPa na válvula de controle. Ar na água pode agravar este problema
substancialmente.

Uma solução prática para o problema do ruído é utilizar uma válvula controladora da pressão
diferencial para assimilar o excesso de pressão e em paralelo fazer a separação e a purga do ar.

Já que o excesso de pressão é transferido para a válvula controladora de pressão diferencial, pode
parecer que nós estamos simplesmente deslocando o problema de ruído de uma válvula para
outra. Isto entretanto não ocorre pelas seguintes razões:
1 - O excesso de pressão é dividido entre duas válvulas.

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2 - Válvula controladora da pressão diferencial tem características especialmente projetadas
para redução do ruído como por exemplo:
a. Assentos balanceados
b. Constante de tempo elevada para evitar que o assento vibre em freqüências
audíveis.
3 - Válvulas controladoras de pressão diferencial normalmente estão instaladas mais distantes
dos usuários.
Por estas razões, a válvula controladora de pressão diferencial minimiza de uma maneira eficiente
o ruído nas válvulas de controle de temperatura.

Balanceamento, partida e manutenção simplificados

Sem a controladora de pressão diferencial os circuitos no sistema de vazão variável são


interativos.

Isto significa que uma variação de vazão em um circuito que tenha o controle instável irá criar
variações nas pressões diferenciais de todos os outros circuitos. Os módulos de controle nestes
circuitos vão então tentar compensar as mudanças na pressão diferencial. Isto irá dar uma
impressão de controle instável. As tentativas de se solucionar o problema modificando parâmetros
de controle (faixa proporcional, freqüência integral e derivativa) não são eficientes. Para o técnico
de controle, a situação pode rapidamente se deteriorar e se transformar em um pesadelo.

As válvulas controladoras da pressão diferencial tornam os circuitos independentes entre si. Isto
simplifica o balanceamento e a partida da instalação. Em um grande edifício de escritórios nem
sempre todas as unidades são vendidas ou ocupadas ao mesmo tempo. Quando um controlador
de pressão diferencial local protege cada unidade, novas unidades podem entrar em operação sem
provocar distúrbios nas unidades já em operação.

Local 1 Local 2 Local 3 Local n


Waiting circuit Waiting circuit

Coil Coil

qL1 qL2 qL3 qLn

Quando um novo circuito é posto em trabalho, ele não influencia nos outros circuitos.

Em resumo, fazendo os circuitos independentes entre si, utilizando uma válvula controladora de
pressão diferencial, temos os seguintes benefícios:

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1 - Nenhuma válvula de balanceamento é necessária acima das válvulas de controle da
pressão diferencial
2 - Um circuito que tenha o controle instável não irá provocar oscilações em outros circuitos.
3 - Cada circuito pode ser balanceado independentemente. Nenhum trabalho de
balanceamento é necessário devido a ampliações ou modificações do edifício.
4 - É fácil balancear uma instalação com fator de simultaneidade.

Como as válvulas de controle da pressão diferencial são montadas em conjunto com as válvulas
de balanceamento as vazões e pressões diferenciais são também mensuráveis, simplificando o
trabalho de análise de problemas.

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Resumo e conclusões:
Sintomas Típico, mas quase Comum, porém Conseqüências Medida Vantagens Benefícios
indicando a sempre incorretas comuns e Correta
necessidade de negligenciando, a medidas custosas
um controle do origem das causas. compensatórias
∆p
Válvulas de Pressão diferencial Ampliar o p-band Modulando, mas Estabilizar ∆p Pressão diferencial Em operação:
controle variável: para estabilizar o com controle usando um estável
proporcionais Baixa autoridade da controle impreciso. Conforto controlador Controle correto e estável
trabalhando no válvula de controle objetivado não é de pressão Circuitos não
modo on-off. significa que sua curva atingido. diferencial interativos Sem ruído nas válvulas
Temperatura característica está local. de controle
ambiente distorcida. Baixa pressão
oscilando Diminuir o set diferencial nas Maior conforto e menor
Circuitos interativos: point dos A média da válvulas de consumo de energia
Quando alguma válvula termostatos temperatura controle.
de controle se fecha, o ambiente no ambiente é mais
p sobre as outras resfriamento baixa no Possível utilizar Na partida da instalação
válvulas de controle (aumentar no resfriamento e mais válvulas de
aumenta. aquecimento) alta no controle mais Procedimento de
Estas reagem para para compensar aquecimento. baratas. balanceamento mais
compensar e a desvios Custos de energia simples.
temperatura ambiente temporários na aumentam de 10-
flutua. temperatura 15% por ºC no Mais fácil balancear uma
ambiente resfriamento e 5- instalação com fator de
8% no diversidade
aquecimento.
Válvulas de Pressão diferencial em Reduz o topo da Potência requerida Partida em estágios
controle (on-off ou válvulas de controle bomba e não facilitada
proporcionais) em muito alta. disponibilizada.
terminais Conforto objetivado
produzindo ruído não é encontrado.

Válvulas de Pressão diferencial em Instalar Investimento


controle que não válvula de controle atuadores mais desnecessário
conseguem muito alta. potentes nas
fechar. válvulas de
controle

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