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Eder Sader nos define os movimentos sociais como modalidades de elaboração das

experiências vividas pelos trabalhadores e nos relata a partir destas a produção de um novo
sujeito político: o sindicato.

Baseando-se num trabalho publicado em 1980 (Singer e Brant), o autor estabelece as


balizas para sua conceitualização de movimentos sociais. Em primeiro lugar, o caráter
fragmentário referido às diferentes formas de expressão autônomas e não redutíveis a
alguma forma que as sintetize. Também, a heterogeneidade das diversas formas de
manifestação. Por último, a atuação às margens do reconhecimento estatal, que devirá na
aparição de um novo sujeito político.

Para demonstrar a sua tese, o autor nos apresenta a história de quatro organizações:
a dos clubes das mães, a do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo, a da oposição dos
metalúrgicos de São Paulo e a das comissões de saúde da zona leste. Através desses
exemplos se evidencia como o compartilhamento de experiências que afeta aos membros do
movimento social no conjunto é o que lhes inscreve e compromissa na organização.

No que se refere ao surgimento do novo sujeito político, o caso do sindicato dos


metalúrgicos oferece a chave para essa apreensão. A articulação de pessoas de um mesmo
segmento econômico em torno de uma busca de melhorias nas condições de trabalho, e o
reconhecimento das formas de ação como pequenas conquistas é o que possibilita a
constituição desse novo sujeito político, o sindicato.

Se pode concluir que é no sindicato, principalmente, onde as experiências vividas se


organizam e confrontam a um determinado estado de coisas, e que nas sucedidas conquistas
começam a perceber-se e ser percebidos como um novo fenômeno; o movimento social.

analisa a relação entre mobilização social e sistema polit

Edison Bertoncelo analisa a campanha das diretas não como um resultado da crise do regime
militar, mas como um elemento integrante e que contribui com o seu enfraquecimento.
O autor agrupa os eventos concomitantes ou processos autônomos determinados que
conformam a crise política em três eixos. Crise de Estado, é denominada a redução da
capacidade estatal para promover o desenvolvimento e cuja consequência direta foi a erosão
de alianzas sociopolíticas; Crise do regime se refere às alterações das relações de poder
entre os centros do poder e a dificuldade em canalizar a participação popular; e Crise de
governo, o enfraquecimento da autoridade e a fragmentação da base político partidária.

Além disso, pode-se acrescentar a restauração de liberdades, portanto, alteração na dinâmica


sociopolítica; e uma profunda crise econômica. O conjunto desses eventos facilitaram que
distintos atores, entre eles, políticos de oposição, mobilizaram recursos para alterar a
estrutura de oportunidades políticas.

A campanha das diretas, assim, envolveu distintos atores sociais e políticos os quais tentaram
acabar com o regime militar e possibilitar a sucessão presidencial. Podemos entender dessa
forma que a chave para apreender a campanha por eleições diretas como uma mobilização
social foi a associação da eleições diretas para presidente à possibilidade de
encaminhamento de reivindicações e superação da crise econômica. (Bertoncelo, 2009)

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