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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

AMANDA KELLEN SANTANA SANTOS

ESTUDO DE CASO – PROJETO DE AUDITÓRIO

GOIÂNIA

2017
AMANDA KELLEN SANTANA SANTOS C63DEC-3

ESTUDO DE CASO – PROJETO AUDITÓRIO

Trabalho apresentado no Curso Superior de


Arquitetura e Urbanismo UNIP.
Orientador (a): Izabel

GOIÂNIA

2017
SALA SÃO PAULO

A Sala São Paulo é uma sala de concertos onde ocorrem apresentações sinfônicas e de câmara.
Faz parte do Centro Cultural Júlio Prestes, na antiga Estação Júlio Prestes, uma histórica estação
ferroviária. Fica localizada na Praça Júlio Prestes, no bairro de Campos Elísios, no centro da cidade de
São Paulo.
Inaugurada no dia 9 de julho de 1999, foi a primeira sala de concertos do Brasil, considerada
uma das melhores do mundo desde a sua concepção. A estação foi completamente restaurada e
remodelada pelo Governo do Estado como parte do projeto de revitalização do centro da cidade.
A sala tem capacidade para 1.498 espectadores e 22 camarotes. É a sede da Orquestra
Sinfônica do Estado de São Paulo e do Coro da Osesp. Foi concebida de acordo com os mais atualizados
padrões internacionais e muitos especialistas consideram-na uma das salas de concerto com melhor
acústica no mundo. É comparada a muitas salas dos Estados Unidos ou da Europa mundialmente
conhecidas, como a Symphony Hall de Boston, a Musikverein de Viena e a Concertgebouw em
Amsterdã.
A renovação começou em novembro de 1997, mas os primeiros passos foram dados em 1995,
sob a supervisão do arquiteto Nelson Dupré. O governador Mário Covas visualizava a Estação Júlio
Prestes como um espaço ideal para apresentações sinfônicas, uma vez que faltava ao Brasil

lugares adequados para este tipo de apresentação e principalmente porque a OSESP não possuía um
centro permanente. Em 2015, o jornal britânico The Guardian classificou a Sala São Paulo como uma
das dez melhores casas de concerto do mundo. Em 1999, a Sala São Paulo foi tombada pelo Conselho
de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT).

TRANSFORMAÇÃO DA SALA SÃO PAULO

A princípio, buscavam-se três objetivos. Era preciso definir as características da sala de


concertos e de sua implantação no interior de um edifício existente. Era necessário pontuar os critérios
de ação para recuperar a edificação, atendendo à preservação desse patrimônio histórico. E, por
último, era necessário viabilizar as inumeráveis questões arquitetônicas, estruturais, materiais e
técnicas imprescindíveis a uma sala de concertos atual, com todas as exigências ambiental e de
isolamento acústico.
Segundo Nelson, a adequada qualidade acústica em uma sala de concertos deve responder, pelo
menos, a duas preocupações distintas e complementares. “Externamente, a sala deve estar isolada do
seu meio ambiente, funcionando como uma caixa estanque e impermeável a sons e vibrações vindos
de fora. Internamente, deve prover adequada difusão, tanto dos sons diretos quanto dos refletidos
em suas superfícies, sem que a demora entre som refletido e som direto configure uma percepção
diferenciada (eco)”. Essas características devem ser usufruídas, em princípio, em qualquer ponto da
sala, inclusive pelos instrumentistas, cantores e maestro.

Prédio da Sala São Paulo, que também abriga a estação ferroviária, no centro de São Paulo Foto:
Dario de Freitas
COBERTURA E CURVA E SOBRESSALENTE

Embora as proporções do antigo pátio da Estação Júlio Prestes fossem ideais para uma sala
de concertos, executar o projeto original da cobertura, de autoria de Stockler das Neves, mostrava-se
inviável e inadequado. Assim, o fechamento acústico da parte superior da sala foi integrado ao novo
projeto arquitetônico e estrutural da Sala São Paulo por meio de uma cobertura curva e
relativamente sobressalente, mas fiel ao perfil externo do projeto original.
A nova cobertura mais alta deveria conter um forro mais baixo e abrigar os sistemas de
controle dos painéis do forro e de ar condicionado, tudo com completo isolamento acústico. “O
problema era que se o novo forro fixo atendesse ao volume acústico indicado, sua posição e altura
impediriam a vista para os magníficos vitrais superiores, localizados entre a sala de concertos e os dois
halls laterais de acesso”, detalha Dupré.

Para garantir as visuais, foi adotado um forro móvel, cuja movimentação permite a modificar
a geometria da sala, propiciando a variação volumétrica do seu interior, de maneira a adaptá-la a uma
grande variedade de situações musicais, conforme andamento de partituras ou tempos de
reverberação desejáveis. “A solução inovadora e audaciosa 'afina' a arquitetura da sala à situação de
excelência necessária, de acordo com os diversos espetáculos, desde um solista, passando por um
concerto de câmara, até grandes orquestras, bandas e corais”, comenta Nelson Dupré.

Imagem - Posição do forro 1


Imagem - Posição do forro 2

Imagem - Posição do forro 3

Internamente, deve prover adequada difusão, tanto dos sons diretos quanto dos refletidos em suas
superfícies, sem que a demora entre som refletido e som direto configure uma percepção diferenciada
(eco) Nelson Dupré.
FORRO MÓVEL E AUTOMATIZADO

Para garantir essa flexibilidade acústica foi proposto um forro totalmente móvel, cujo
deslocamento faria variar o volume da Sala, criando ademais um ‘espaço acústico acoplado’, situado
entre o forro e o piso técnico (onde estão alojados os equipamentos de acionamento do forro). O som
atinge não só o forro mas o espaço acoplado, e com isso podem ser alteradas algumas nuances na
resposta acústica da Sala. A potência e as características de reverberação deste espaço acoplado
podem ser sintonizados por meio de bandeiras acústicas de veludo, que são acionadas ou recolhidas a
partir de mecanismos situados no piso técnico. Tais bandeiras, por estarem acima do forro móvel, não
são vistas pelos ouvintes, mas sua presença é certamente ouvida.
O forro é composto por quinze painéis, com espaçamento estrategicamente definido; sua
movimentação permite o aumento controlado do volume da Sala e de seu tempo de reverberação.
Projetados para operação em painéis independentes com total mobilidade e controlados por
sistema computadorizado, os forros acústicos projetados são únicos em todo o mundo, distinguindo a
Sala São Paulo nos meios especializados internacionais.

Seu perfeito funcionamento começa em cima do forro, onde há um espaço vazio variável,
resultante do ajuste da volumetria da sala em função das necessidades acústicas de cada evento.
Acima do vazio, o piso técnico possui lajes em estrutura metálica de aço com capeamento de concreto
– steel deck. Elas detêm os mecanismos de controle do forro acústico e as instalações de várias
utilidades ali dispostas, como ar condicionado, segurança de incêndio, movimentação de cortinas
acústicas, elevadores de acesso ao forro e maquinário de controle dos painéis, dentre outros.
Paredes e forros de gesso isolam acusticamente os equipamentos, além de ajudarem a impedir
a transmissão de sons externos para o interior da sala. Acima do piso técnico, uma cobertura
isotérmica auxilia na proteção acústica e colabora no seu condicionamento ambiental.
MATERIAIS NEUTRALIZADORES DE SOM

Com uma forma original de paralelepípedo ou de ‘caixa de sapato’ e elementos arquitetônicos


decorativos pré-existentes, a Sala São Paulo teve agregados novos materiais, densos e macios, como
o compensado naval e as madeiras pau-marfim em portas, painéis, pisos, cadeiras e revestimentos dos
balcões, e o freijó no palco. Tudo isso para potencializar a dispersão do som interno.

O consultor acústico brasileiro José Augusto Nepomuceno – colaborador no projeto executivo


– justifica que desejava-se obter ‘presença’ acústica, por isso baniu-se os materiais altamente
absorventes. A partir desse mote, o projeto arquitetônico trabalhou de forma harmoniosa com os
requerimentos acústicos.

Exemplo disso é a solução adotada para o revestimento dos balcões e os módulos do forro.
“Partimos de um conceito simples: se um ponto de emissão do som no palco for fixo, para se conseguir
uma reflexão sonora multidirecional sempre diferenciada dentro da sala de concertos, basta que um
mesmo elemento multifacetado – cuja forma, no limite, seja a de uma calota – repita-se
sucessivamente nas faces de todas as novas superfícies”, explica Dupré.

Foi adotado um forro móvel, cuja movimentação permite a modificação da geometria da sala,
propiciando a variação volumétrica do seu interior, de maneira a adaptá-la a uma grande variedade de
situações musicais Foto: Dario de Freitas
A adoção desse conceito, na Sala São Paulo, deu origem a um desenho de painel aplicado
repetidamente nas faces dos balcões e nas superfícies dos forros, cuja textura revela as sutis diferenças
da sobreposição de planos e de espessuras dessas superfícies, necessária para a adequada dispersão
dos sons.

No projeto das cadeiras, também buscou-se obter o equilíbrio entre as demandas da reflexão
e da absorção acústica para otimizar a sala. A forma, o tecido e a espuma dos encostos e assentos e
todas as superfícies expostas de madeira auxiliam nos tempos de reverberação e no controle de
determinadas frequências.

HISTÓRIA RECUPERADA

O edifício sede e estação da Estrada de Ferro Sorocabana – projetado por Stockler das Neves
em 1925, na belle époque – teve sua construção iniciada em fevereiro de 1926 e tardiamente
encerrada – mas não concluída – em outubro de 1938. A arquitetura baseia-se em simetria, unidade,
equilíbrio e ritmo, regidos por estilos históricos e a escolha do “estilo Luiz XVI simplificado”.

Uma conciliação do ‘gosto francês ao conforto americano’, que combina valores arquitetônicos
conservadores, técnicas construtivas contemporâneas, estruturas de concreto armado e aço. A nova
estação referendava a tendência cultural conservadora da elite paulistana, não obstante seu empenho
em promover renovação tecnológica e modernização da cidade.
PROJETO

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