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OUTRAS FONTES
I. EQUIDADE
CONSAGRAÇÃO DA EQUIDADE
A equidade é uma fonte de DIP que está consagrada nos artigos 59.º e 74.º da Convenção da ONU
sobre o Direito do Mar: determina que os conflitos de interesses entre os Estados costeiros e outros
Estados sobre a Zona Económica Exclusiva (59.º) e a delimitação dessa zona entre Estados com costas
adjacentes (74.º) deve ser resolvido numa base de equidade, através da aplicação do princípio da
equidade. Não está consagrada em todos os Tratados
A equidade não se encontra consagrada no artigo 38.º do Estatuto do Tribunal Internacional da Justiça,
que expressa o elenco das fontes de Direito Internacional. Assim, trata-se de um instrumento de
decisão de aplicação alternativa, por acordo das partes.
O QUE É A EQUIDADE?
É um processo de criação do Direito (fonte) que consiste em atribuir aos órgãos jurisdicionais a
competência para formular uma regra adequada às particularidades do caso submetido ao seu juízo,
com base nos princípios gerais da justiça e na sua consciência.
Charles Rosseau defende que tem um triplo papel no DI, três impactos:
Para ele, a função da equidade é realizada pela inserção nos compromissos de arbitragem ou nas
convenções de reclamações (cláusulas de reparação de perdas e danos) da cláusula ex aequo et bono
ou de julgamento por equidade.
Verdross indica os princípios da boa fé, o da les specialis derrogat generalis, abuso do direito, caso
julgado, e Silva Cunha e Maria da Assunção Vale Pereira defendem que devem considerar-se ainda
princípios gerais de Direito certos princípios inerentes à própria estrutura da sociedade internacional e
que formam como que uma constituição da mesma sociedade. É o caso dos princípios da igualdade
jurídica dos Estados, da sua independência, da não intervenção, da continuidade dos Estados, etc.
CONCEÇÃO COMUM
1.Conjunto de princípios comuns aos grandes sistemas de direito contemporâneo:
Proposição primeira descortinada por indução de regras particulares.
Reconhecimento prévio, transponível e obrigatoriedade. É necessário que se verifique em
maior parte dos sistemas jurídicos, não em todos.
2.Aplicáveis à ordem internacional:
Abuso do direito, boa-fé, pacta sunt servanda, principio da igualdade das partes em juízo.
Enquanto princípios de Direito natural, a sua função, como fonte de DI, é a de determinar o conteúdo
das normas internacionais positivas. Funcionam como fonte material de Direito.
Enquanto princípios de direito positivo, a sua função é dupla: completar os tratados e os costumes
suprindo as lacunas que existam no direito internacional positivo e orientar a interpretaçao das normas
convencionais e consuetudinárias.
III. DOUTRINA
O QUE SE ENTENDE POR DOUTRINA
É a posição dos autores, juristas, das sociedades eruditas e cultas sobre questões jurídicas (teóricas ou
práticas do Direito), ou dos órgãos chamados a formular opiniões jurídicas.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Nos séculos XVI e XVIII, a doutrina exerceu uma grande influência sobre o direito internacional clássico,
cuja elaboração foi grandemente feita por ela.
Atualmente, a partir de XIX, com o positivismo, a doutrina perdeu a importância histórica que tinha e o
seu forte impacto na produção e na revelação de normas de Direito Internacional. Mas, apesar disso,
não deixou de exercer influência na evolução e no aperfeiçoamento do Direito Internacional, na
formação das regras aplicáveis aos novos domínios do DI ou às novas situações surgidas das rápidas e
constantes transformações da sociedade e do Direito Internacional contemporâneos.
IV. JURISPRUDÊNCIA
CONCEITO
Conjunto de decisões jurisdicionais ou arbitrais, emanadas pelos tribunais, quer nacionais quer
internacionais, com impacto internacional. Contudo, Dominique Carreau defende que as decisões
nacionais têm um papel marginal no DI, pois são usadas dominantemente para a prova da existência
de costume ou princípios gerais.
No âmbito do DI, releva a jurisprudência dos Tribunais Internacionais, incluindo a dos Tribunais arbitrais.
FUNÇÃO
Auxiliam na averiguação do DI ao contribuir para o seu conhecimento mais exato.
TIPOS DE JURISPRUDÊNCIA
TRIBUNAIS ARBITRAGEM TRIBUNAIS NACIONAIS
INTERNACIONAIS INTERNACIONAL
Sentenças / acordos
Pareceres
A jurisprudência dos Tribunais Internacionais não é fonte direta de DI. Eles não criam Direito, aplicam-
no. Podem, no entanto, favorecer a criação de normas internacionais consuetudinárias, auxiliar a
averiguação dos costumes existentes e facilitar a interpretação do direito convencional.
V. ATOS UNILATERAIS
Na ordem internacional, apesar de os principais efeitos de Direito serem produzidos por atos jurídicos
bilaterais ou plurais, deve ter-se em conta os atos jurídicos unilaterais.
CONCEITO
Atos praticados e imputáveis a um único sujeito de DI, ou a vários, desde que o conteúdo do ato lhes
seja comum.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Inicialmente, eram uma prerrogativa dos Estados, únicos sujeitos do DI, que os produziam. Atualmente,
as OI passaram a produzir atos unilaterais, graças à sua emergência na vida internacional, o que deu
origem a um enorme aumento do número e dos tipos de atos unilaterais.
CARACTERÍSTICAS
São fonte porque:
CLASSIFICAÇÃO
Aqui temos que, por um lado, classificar os atos unilaterais emanados pelo Estado e, por outro, pelas
organizações internacionais, efetuando a sua distinção. Dentro do primeiro temos que distinguir os atos
praticados no exercício de competências conferidas pelo DIP que serão atos.
Os efeitos produzidos por atos unilaterais dos Estados na cena internacional são diferentes dos efeitos
por atos das OI.
Atos praticados por órgãos estaduais com competência para agir nas relações internacionais e obrigar
internacionalmente o Estado, com fundamento em normas convencionais ou costumeiras. Nestes
agrupam-se:
São praticados pelos órgãos dos Estados, no âmbito da ordem estadual interna, mas os seus efeitos
repercutem-se na ordem jurídica internacional.
O monismo moderado admite a produção de efeitos jurídicos internacionais por atos jurídicos internos
nas seguintes hipóteses: atos de execução das normas do DI, tais como a integração destes no direito
interno, os atos que impõem a observância interna de normas ou decisões internacionais. Todos estes
atos podem ser praticados pelos órgãos legislativos, jurisdicionais, administrativos ou de governo do
Estado.
Classificação dos atos das Organizações Internacionais (institucionais ou
comunitários)
RESOLUÇÕES RECOMENDAÇÕES DECISÕES PARECERES SENTENÇAS
Atos emanados de Ato através do qual a Ato unilateral Equivalente às Equivalente às
órgãos coletivos da OI dirige, de forma obrigatório através recomendações – decisões – atos
OI e que visam solene, um convite dos quais a OI impõe ato judicial não judiciais
impor uma para a adoção de um um dado vinculativo. obrigatórios.
obrigação ou certo comportamento comportamento de
solicitar a adoção positivo – ação – ou caráter forçoso. Cria
de um dado negativo – abstenção. obrigações para o seu
comportamento aos Este ato não tem força ou seus destinatários.
Estados. obrigatória. Propõe um
comportamento.
A doutrina clássica recusa a ideia dominante de uma hierarquia das fontes e até das normas do DI,
precisamente porque assumia esse Direito como um bloco normativo único, não aceitando qualquer
distinção gradativa entre as fontes e/ou entre as várias normas jurídico-internacionais. A tese
dominante era, assim, a da absoluta igualdade entre as fontes ou entre as normas de Direito
Internacional. Para além disso, o artigo 38.º do Estatuto do TIJ enumera as fontes de DI mas não as
hierarquiza.
Logo a seguir, o esforço continua no Pacto da Sociedade das Nações cujo artigo 20.º previa a
hierarquização das normas ao sancionar a abrogação automática todos os Tratados que lhe fossem
contrários.
Depois, na Carta das Nações Unidas, que consagra, no artigo 103.º, a inoponibilidade aos Estados
terceiros e à ONU dos Tratados que não sejam conformes com as disposições da Carta.
Por último, o reconhecimento pela CVDT da existência de normas imperativas (ius cogens) (artigos 53.º
e 64.º), introduzindo no direito positivo da figura do ius cogens, a questão da hierarquia adquiriu nova
dimensão que passou a exigir como condição do seu estudo a prévia abordagem dessa figura, em que
a Convenção procura assentar a construção de uma ordem pública internacional.
A equidade só funciona como fonte de Direito quando prevista nos tratados e aceite expressamente
pelas partes.
Os atos unilaterais estão em posição subordinada aos Costumes e aos Tratados só produzindo efeitos
quando estes sejam consentidos por uma norma consuetudinária ou convencional.
Os Costumes gerais fazem parte do DI comum ou geral, por isso, só podem ser extintos ou alterados
por Costumes ou Tratados com a mesma extensão. Como não há tratados universais, os costumes
gerais estão, de facto, numa posição superior aos tratados.
Mas, bem vistas as coisas, este artigo não pretende estabelecer qualquer hierarquia das fontes,
mas apenas consagrar regra de prioridade ou de primazia na utilização de cada grupo de fontes pelo
Tribunal.
Costumes gerais ou Há uma nota de discordância: não admitem o mesmo lugar para
universais os PGD.
Assim, os princípios gerais devem ser colocados não acima das normas, como fazem A. Gonçalves
Pereira e Fausto Quadros, mas na mesma posição que as normas ocupam, visto que tais princípios são
também normas, uma espécie particular de normas. Deste modo, sempre que se refere a normas,
nelas integra-se os princípios gerais de Direito, cujo lugar na cadeira hierárquica é aquele que a norma
ocupa.
CONCEITO
Conjunto de normas imperativas de DI geral que à partida são universais e inderrogáveis, mas
estabelecem como as situações se irão realizar.
Verifica-se que estas regras imperativas se distinguem das normas obrigatórias, posto que aquelas
geram a nulidade dos atos que lhes são contrários, e estas – as obrigatórias – geram simplesmente, no
caso de serem violadas, responsabilidade internacional do Estado.
Mas o preceito é ambíguo, podendo levar a pensar que se exige a aceitação e o reconhecimento
unânime. Assim, a generalidade da doutrina aceita que, para a formação do ius cogens, o artigo 53.º
não exige a unanimidade. Se tal fosse necessário, a oposição de apenas um Estado impediria a sua
formação.
Faz-se notar que as normas imperativas têm uma natureza evolutiva, dado que, nos termos do artigo
64.º da CVDT, é possível a emergência de novas normas imperativas. Disto resulta o caráter dinâmico
dessas normas que, na opinião de Quoc Dihn, Patrick Daillier Alain Pellet, é ditado pela necessidade de
adaptação contínua do direito às condições variáveis da coexistência pacífica e às variadas aspirações
de novos Estados.
A doutrina tem vindo a aceitar como regras do ius cogens as seguintes: a proibição do uso ou ameaça
da força nas relações internacionais, a proibição do trafego de escravos, do genocídio e da pirataria, as
normas relativas aos direitos do Homem e às liberdades fundamentais, o princípio da igualdade dos
Estados. Quanto às regras relativas à coexistência pacífica, ainda não é líquido que elas constituam um
verdadeiro ius cogens, embora hoje muitas e importantes vozes comecem a defender a natureza
imperativa dessas regras.
Grande parte dessas regras imperativas estão presentes na Carta da ONU. Outras, tendo em conta o
caráter evolutivo e dinâmico dessas normas, podem surgir de Tratados ou de Costumes. Em qualquer
caso, tais regras, enquanto normas imperativas, estão todas hierarquicamente ao mesmo nível,
qualquer que seja a fonte donde emergem (Costume ou Tratado) e, no caso de emergirem de Tratado,
qualquer que seja a natureza deste. Esta paridade deixa de existir quando tais normas imperativas
,sejam de origem costumeiras, sejam de origem pactícia, tenham natureza distintas, sendo umas de
caráter universal e outras de caráter regional; nesses casos o ius cogens universal deve ser colocado
numa posição hierárquica superior à do ius cogens regional.
Relativamente às normas convencionais, começaremos por dizer que nesta parte do estudo só se
tratará do ius dispositivum, dado que já tratamos a questão do ius cogens atribuindo-lhe o lugar
cimeiro na escala hierárquicas das normas, e que iremos proceder à distinção entre as normas
dispositivas da CNU e as mesmas normas contidas nos demais Tratados, visto que entendemos que
elas ocupam distintas posições.
Posto isto, podemos concluir dizendo que relativamente ao direito convencional a hierarquia das
normas deve ser estruturada da seguinte forma:
Normas do ius cogens universal contidas na CNU ou em qualquer Tratado universal ou para-
universal:
Normas do ius cogens regional
Normas dispositivas da CNU
Normas dos Tratados gerais
Normas dos Tratados regionais
Normas dos Tratados bilaterais
PROPOSTA DE HIERARQUIZAÇÃO
Numa visão conjunta do direito convencional e do direito costumeiro, e tendo em conta os argumentos
aqui aduzidos, a hierarquia das normas deve ser a seguinte:
Atos unilaterais
VI. OS SUJEITOS
DO DIREITO INTERNACIONAL
ESTADO
O Estado deve ser visto como um fenómeno politico e jurídico. Existem várias conceções sobre o
Estado,
A relação do Estado com todos os níveis de uma formação social é uma relação de interioridade –
produz-se no interior das relações sociais e de produção, o Estado não pode ser colocado fora e acima
da formação social para entrar em contacto com a sociedade civil.
Por outro lado, a interioridade implica que a extensão do campo de ação do Estado dependa das formas
de articulação desta superestrutura com as outras instâncias regionais de uma dada formação social –
trata-se de um campo cujos limites constituem e especificam o Estado como instância regional e
condicionam as formas e os graus de intervenção dessa instância nos outros níveis de formação social.
Não existe uma linha rígida de separação entre o Estado e os demais níveis de uma formação social,
que demarca e isola os espaços específicos de cada um desses níveis, que os obriga a agirem no
interior dos respetivos espaços e a não penetrarem na esfera própria dos outros. No entanto, existem
diferentes planos que cada nível ocupa, que devem ser articulados, condicionando a extensão dos
respetivos campos de ação. Todos têm o mesmo lugar de constituição – as relações sociais e de
produção – o que determina o grau de autonomia de cada um deles, bem como as formas específicas
como se articulam.
Assim, a relação do Estado com outras instâncias regionais não é arbitrária e a intervenção ou a não
intervenção do Estado nas outras instâncias não é fruto do acaso ou do voluntarismo dos detentores do
poder → é uma relação bem definida e caracterizada por graus e formas específicas de intervenção ou
de não intervenção de uns nas esferas próprias dos outros.
A estrutura interna é produto da combinação dos diversos modos de produção coexistentes, sob a
dominância de um deles, numa dada formação social e da evolução do modo de produção dominante.
Assim, a organização interna dessa estrutura e o papel que cada elemento que a compõe exerce em
cada momento varia com a variação daquela combinação e da evolução do modo de produção
dominante, o que gera formas diferentes de articulação desses elementos e do Estado com a sociedade
civil.
O Estado não pode ser concebido como entidade historicamente imutável com campo de ação
invariável, com uma relação sempre igual com os outros níveis de formação e com uma estrutura cuja
organização interna é sempre a mesma → o Estado deve ser visto como um fenómeno que
reveste formas necessariamente diferenciadas nas diversas fases da evolução histórica das
sociedades.
Ponto de vista estrutural: o Estado é constituído por conjunto de aparelhos, que são instituições
onde o poder se materializa e se concentra para nelas prosseguir os objetivos que propõem realizar
ou, para nelas exercer o seu domínio.
Estas instituições são centros de poder, concentram o poder (relação de força entre detentores do
poder e entre estes e os destinatários do poder), mas não são meros instrumentos que os
detentores do poder podem utilizar a seu belo prazer. Os centros são atravessados pelos conflitos
entre esses grupos gerados pela luta pela conquista do poder ou pela luta pela hegemonia no seio
do poder.
Há duas séries de aparelhos que existiram sempre em todos os Estados e constituem a verdadeira
estrutura política desta superestrutura. O Estado no sentido político (que nos aparece na cena política
internacional) é exatamente esta superestrutura que acabamos de descrever: não deixa nem pode
deixar, mesmo na sociedade internacional, de usar, conjunta ou isoladamente, aqueles
aparelhos.
Na sociedade internacional o Estado aparece como ordem política unitária, que visa assegurar e
garantir a coesão de uma dada sociedade, a unidade de uma dada formação social. A sua expressão
política não se limita ao caráter coercivo, mas também abrange a relação de poder entre os diversos
grupos sociais, que reconduz à relação de domínio e de hegemonia. Nessa relação não está apenas
presente a coerção como também a ideologia, pelo que o Estado não pode deixar de ser visto como
uma ordem (organização) política global, na qual a ideologia e a repressão se articulam.
Melhor conceção política do Estado para compreender o papel político-ideológico deste na sociedade
internacional, que pode ter natureza dominantemente repressiva ou ideológica: dupla dimensão –
repressiva e de domínio / ideológica e de hegemonia; a superestrutura do Estado funciona tanto pela
ideológica como pela coação.
Considera que a natureza e função da superestrutura do Estado não pode ser entendida apenas
através da instância jurídica, introduzindo um ponto de vista sociológico, para ultrapassar a visão
estritamente jurídica.
Tem sido elaborada com base em três elementos: território, população e poder político.
CORRENTE SOCIOLÓGICA
Encabeçada por Leon Duguit, que defende que o Estado é um facto social que diferencia os
governantes e os governados. Defende o abandono do Estado como pessoa coletiva pois é apenas
indivíduos e indivíduos no poder. Define o Estado: individuo ou indivíduos de facto no poder,
defendendo que este é a força que se impõe pelo constrangimento material.
CORRENTE JURIDICISTA
Apenas se pode definir o estado depois de tomar conhecimento das suas instituições de Direito Público.
Para combater o exagero sociológico radicaliza o formalismo da teoria jurídica do Estado. A natureza
sociológica do Estado deve ser tarefa dos sociólogos e historiadores, o campo jurídico não deve
abranger essa análise.
O Estado é uma ordem de coerção, o povo é o conjunto de indivíduos submetidos a essa ordem
coerciva. O território é o espaço onde esta se desenrola e o poder politico é quem assume o domínio.
Defendida por Hans Kelsen, reside na radicalização da última corrente: nega toda e qualquer
possibilidade de uma teoria sociológica do Estado. Kelsen esforça-se por libertar a teoria jurídica (e do
Estado) de toda e qualquer influência de elementos estranhos ao direito, para apresentar o Estado
como uma ordem normativa. Define o Estado: ordem juridicamente centralizada que apenas pode ser
ordem de coerção – os elementos do Estado só podem ser definidos juridicamente, isto é, apenas
podem ser apreendidos como vigência e domínio de vigência (validade) de uma ordem jurídica, pelo
que o povo é o conjunto de indivíduos submetidos a uma determinada ordem coerciva relativamente
centralizada, o território é o domínio espacial de vigência de uma ordem jurídica estadual, e o poder
político é o domínio de vigência de uma ordem jurídica estadual efetiva. Esta tese é criticada
fortemente pela generalidade da doutrina que a acusa de ser demasiado formalista e normativista.
Apesar das críticas à teoria de Jellinek e das divergências relativamente à conceção jurídica do Estado,
a teoria jurídica acabou por aceitar os três elementos – população, território e poder político – que
constituem o Estado, embora se discuta se tais elementos são ou não constitutivos do Estado. Alguns
autores acrescentaram outros elementos para correta conceptualização jurídica do Estado.
Duguit entendia que o conceito de Estado só estaria completo se aos três elementos apontados
por Jellinek fosse acrescentado: serviços públicos. São o conjunto de atividades cuja realização
deve ser regulada, assegurada e fiscalizada pelos governantes, e são elementos fundamentais
para a elaboração do conceito de Estado, uma vez que esta superestrutura é “uma cooperação
dos serviços públicos organizados e fiscalizados pelos governantes”.
Cabral de Moncada defende que o elemento mais importante é a ideia de Estado: “não é preciso
ser-se um grande idealista para imediatamente reconhecer que o elemento ôntico mais
importante do Estado é a ideia desse Estado e não a população e o território” e, ainda, o “fim
valioso a atingir” dado que “esses elementos ônticos mais não são senão precisamente aqueles
de que sempre se falou na teoria, uma população, um território, uma ideia, uma organização
jurídica e um fim valioso”.
André Hariou acrescenta o elemento de uma ordem social, económica, política e jurídica
que o poder se compromete a realizar – organização estável de relações.
Independentemente do número dos elementos ou a sua importância para cada autor, o conceito
jurídico de Estado unanimemente defendido é próximo daquele proposto por Jellinek:
comunidade de associação composta de homens sedentários e dotada originariamente de um
poder de dominação, caracterizada como uma unidade essencialmente teleológica e como uma
associação coercitiva de dominação, no interior da qual se inscrevem as relações
interindividuais de dominação/subordinação.
Inócuo e neutro
A redução do Estado a um conceito puramente jurídico tem como objetivo escamotear a sua verdadeira
natureza e leva a três consequências fundamentais que poem em causa as justificações teóricas
apresentadas para a aceitação do conceito Jellinekiano do Estado:
As teorias jurídicas assentam na combinatória dos três elementos propostos por Jellinek e concebem o
Estado como uma superestrutura exterior à sociedade civil e colocada acima desta. Isto não consegue
explicar satisfatoriamente o fenómeno Estado, mesmo quando reconhecem a importância da análise
sociológica e a introduzem na abordagem deste fenómeno.
É certo que os elementos povo, território e poder político são importantes em qualquer análise do
fenómeno Estado, mas também é certo que tais elementos não podem ser reduzidos a puros conceitos
jurídicos desconexados com a realidade histórica. É esta conexão com a dialética da história que dá
vida e sentido a esses elementos, precisamente porque não permite uma combinação sempre igual ao
longo da evolução de cada sociedade e em cada tipo de Estado. É necessária uma análise diacrónica de
cada elemento e que se estabeleça uma relação direta de cada um deles e de todos com a realidade
concreta de cada momento.
CONCLUSÃO
O Estado não pode ser visto exclusivamente como fenómeno jurídico, mas sim como superestrutura
jurídico-política onde o poder se organiza em aparelhos repressivos e ideológicos através dos quais é
exercido com o objetivo de assegurar a coesão da unidade de uma dada formação social.
OS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO
São a população (povo), o território e o poder político. Correspondem à tripla dimensão da validade da
ordem jurídica estatal, ou seja, a validade pessoal, espacial e temporal. Estes elementos não podem
ser estudados exclusivamente sob o ponto de vista jurídica. No campo do DI têm sido estudados sob o
ponto de vista da delimitação jurídico-internacional da competência estatal pessoal, territorial e
temporal, por se entender que para o DI o que interessa é analisar o Estado já constituído.
POPULAÇÃO
Conceito bastante controverso. A variedade de aceções em que se usa o termo povo dá origem a
perigosas confusões e erros (Heller). No âmbito do DI, a ideia de povo está ligada à de cidadania e de
nacionalidade (principais elementos jurídicos de conexão entre o povo e o Estado).
É o conjunto de indivíduos, súbditos ou nacionais, de um Estado sobre o qual este exerce os seus
poderes; são destinatários da ordem jurídica estadual. Podem estar ligados pelo vínculo da
nacionalidade ou pelo vinculo da submissão à ordem jurídica estadual (Kelsen). A ideia de povo
relaciona-se com o âmbito pessoal de aplicação do direito do Estado, porque o conjunto de indivíduos
que constitui o povo é o destinatário da ordem jurídica estadual. Assim, define o povo como o domínio
pessoal da vigência da ordem jurídica estadual – existe uma relação de pertença da população ao
Estado, que se traduz na submissão de todos os indivíduos que a constituem à ordem jurídica estadual.
Não existe outro critério que ligue o povo ao Estado que não seja o da referida submissão – a relação
entre o individuo e o Estado é uma questão jurídica.
Para os que entendem que a nacionalidade explica a relação entre o povo e o Estado, é necessário
distinguir o povo da população, uma vez que a segunda recobre uma realidade mais ampla, por se
referir a todas as pessoas, nacionais ou estrangeiras, que vivem no território de um Estado. Assim, a
população não constitui nem pode constituir um elemento definidor do Estado.
Qualquer que seja o conceito de povo, em todos eles há dois elementos fundamentais: o poder
político e o território estatal. Em todos os conceitos jurídicos de povo: os indivíduos que o integram
vivem ou residem no espaço físico tridimensional rigorosamente delimitado que é o território, no
interior do qual do Estado exerce (sobre o povo) os seus poderes soberanos.
Quoc Dihn, Patrick Daillier e Alain Pellet dizem que a noção de povo não é suficiente para recobrir todas
as realidades que devem ser tomadas em conta pelo direito e pela politica internacional, tornando-se
necessário privilegiar o fator sociológico e político que é simbolizado pela nação. De facto, é frequente
identificar e associar a ideia de povo com a de nação, da qual tem resultado um esforço de elaboração
doutrinal do conceito de nação do qual se procura extrair a ideia de povo. Mas como não existe
nenhum critério unanime aceite para definir essa realidade sociológica que é a nação, a doutrina tem
deparado com enormes dificuldades na elaboração deste conceito e entrado em desacordo quase total
sobre essa matéria.
CONCEÇÃO OBJETIVISTA
A nação deve ser definida como um conjunto de fatores objetivos, historicamente comprovados, como
a raça, língua, cultura.
A nação deve ser definida com base num conjunto de fatores materiais e objetivos tais como a raça, a
língua, a cultura, a história comum. A individualidade de uma nação não resulta de uma opção ou de
um ato coletivo de vontade dos indivíduos que a constituem, mas daquele conjunto de fatores
objetivos, historicamente determinados e comprovados, que se produzem independentemente da
vontade da coletividade humana que constitui a nação. Esta conceção, nas suas manifestações
extremas, conduziu à proclamação da raça e da língua como os principais fatores determinantes da
individualidade de cada nação e a tese segundo a qual seria legitimo integrar num único Estado todos
aqueles que fazem parte de uma mesma nação definida com base naqueles dois fatores objetivos.
Teoria sofre grandes críticas, dado que se fosse levada à prática acabaria por introduzir um elemento
destruidor da atual divisão do mundo em Estados, obrigando a refazer o mapa-mundi, o que seria fator
de destabilização das relações internacionais e só serviria os Estados com ambições expansionistas,
por justificar anexações territoriais.
A teoria tropeça com o conceito de raça e com a qualificação desta, que não tem sido possível clarificar
na Antropologia e noutros ramos do saber, tanto mais que a miscigenação verificada em todos os
povos pôs fim à ideia de raça pura ou à que procura identificar um povo com uma raça-
O DI não impõe a obrigatoriedade dos Estados serem constituídos por uma única nação, e assim não se
vê utilidade em integrar o povo numa única nação, ou em identificar nação com povo, pois a realidade
internacional mostra Estados plurinacionais.
CORRENTE SUBJETIVISTA
Vontade dos indivíduos de viver em comum que constitui o principal critério de definição de uma
nação. A nação é produto da vontade dos indivíduos, para que haja nação é necessário que os
indivíduos que a compõem manifestem a sua vontade de viver em comum. É necessário consultar a
vontade da população ou comprovar essa vontade, para formar a nação. Mas Ruibola Santana defende
que este consentimento não surge do nada; não é uma mera e arbitraria eleição, pelo que os
subjetivistas defendem que a nação é um princípio universal, uma alma, que resulta das complicações
profundas da história, das tradições e recordações do passado.
Crítica: pode levar a que pequena população manifeste a vontade de se constituir em nação,
reclamando a sua independência ou a sua integração num Estado diferente daquele a que pertence.
TEORIA ECLÉTICA
A nação é uma sociedade natural de homens que, pela unidade do território, da origem, dos costumes
e do idioma, se conformam numa comunidade de vida e de consciência nacional.
Para superar dificuldades das teorias anteriores. Na formulação do conceito de nação deve ter-se em
conta os fatores objetivos e subjetivos. A nação é uma sociedade natural de homens que, pela unidade
do território, da origem, dos costumes e do idioma, se conformam numa comunidade de vida e de
consciência nacional.
CONCLUSÃO
As ideias de nação e nacionalidade não são pacíficas. A partir da ideia de nacionalidade estabeleceu-se
o princípio segundo o qual todas as nações têm o direito de se constituírem em Estados e conduziu-se à
ideia de Estado Nacional. Modernamente, esta ideia consubstancia o principio segundo o qual os povos
têm o direito de disporem deles próprios, consagrado na CNU (nº2 do artigo 1.º e artigo 55.º), principio
que tem na sua base a teoria eclética.
É difícil elaborar o conceito de povo ou de nação. Apesar disso, não é possível conceber o Estado sem
uma população, quer se entenda por esta um conjunto de indivíduos juridicamente ligado ao Estado
por um vinculo de nacionalidade, quer se entenda que se trata de todos os habitantes – nacionais ou
estrangeiros – que se encontram submetidos à ordem jurídica estadual.
TERRITÓRIO
Espaço geográfico concreto no interior do qual a ordem jurídica estatal é exercida, bem como as
competências do Estado.
Andre Haurriou diz que os Estados são formações territoriais – não há Estado sem território. A doutrina
e a prática jurídico-internacional consagram o princípio segundo o qual a perda total do território
estatal tem como consequência o desaparecimento do Estado. O fenómeno Estado não é concebível
sem território.
O território exerce uma importante função político-jurídica e sociológica: primeiro, George Bourdeau diz
que ao determinar o quadro territorial, o poder inscreve a nação na realidade permitindo a síntese do
solo; segundo, o território é uma condição da independência do Estado; terceiro, o território é o espaço
geográfico concreto no interior do qual a ordem jurídica estatal é exercida. Kelsen: o território do
Estado apenas pode ser definido como o domínio espacial de vigência da ordem jurídica estadual.
MODOS DE AQUISIÇÃO DO TERRITÓRIO
Princípio Uti possidetis: os Estados devem respeitar e manter a fronteira colonial herdada, no
momento da independência, pelo novo Estado.
Tipos de aquisição:
Protetorado: o protetor passa a exercer poderes sobre o protegido; relação entre dois Estados,
protetor e protegido, nos termos do qual o primeiro passa a exercer poderes sobre o segundo
em sede da politica externa ou até mesmo interna deste. Esta relação é estabelecida por
tratado, no qual são indicados os poderes do Estado protetor e as limitações à soberania do
Estado protegido.
Condomínio: 2 ou + estados exercem as funções num dado Estado, mas nenhum tem a sua
soberania, apenas a “gestão”;
Servidão: limites impostos pelo DI à soberania territorial de um Estado a favor de outro, que no
território do primeiro pode exercer certos direitos territoriais. Pode ser positiva (quando um
Estado exerce sobre o território de outro certos direitos e este é obrigado a tolerar o exercício
desses direitos) ou negativa (o Estado titular da soberania territorial é obrigado a abster-se, total
ou parcialmente, do exercício da sua soberania territorial).
Sem o território, o Estado não consegue exprimir a sua vontade, é o elemento da sua
personalidade. Jellinek, Haurriou e Carré de Malberg defendem que sem o território o Estado não
pode exprimir a sua vontade.
Para os defensores desta teoria, como Duguit, o território é o limite material dentro do qual o Estado
exerce a sua competência. Ligação direta entre o poder do Estado e o seu território.
Esta teoria, formulada por Radnitzky e por Kelsen, Verdross e Delbez, defende que o território é a esfera
local de competências, o espaço geográfico no interior do qual a ordem jurídica estatal vigora e é
aplicável. Teoria mais acolhida.
A definição de limites do território estatal importa para saber qual o espaço geográfico no interior do
qual o Estado pode exercer as competências e poderes. A fronteira é a linha ideal que separa o
território de dois Estados ou de um Estado do da terra nullius.
Para Silva Cunha, a linha ideal não é a fronteira, mas sim o limite. Contudo, a doutrina adota ambas as
designações para o mesmo efeito.
Para se determinar os limites do território de um Estado torna-se necessário proceder a duas operações
que constituem o processo de fixação ou determinação dos limites.
DELIMITAÇÃO DEMARCAÇÃO
Objetivo de fixar o âmbito espacial dos poderes e Processo puramente técnico, através
competências dos Estados, mediante acordo entre estes. do qual as partes executam o acordo
Fixa os limites dos territórios destes Estados. Fixam os estabelecido. Fixam materialmente,
limites e o traçado, bem como os critérios naturais no terreno, os limites previamente
(mediante acidentes geográficos do solo – rios e estabelecidos por acordo de
montanhas), artificiais ou imaginários (linhas astronómicas delimitação, não podendo ser feita
ou geométricas) que devem ser adotados para a definição qualquer alteração.
das linhas fronteiriças. Concluída esta fase, inicia-se a
demarcação.
PODER POLÍTICO
CONCEITO
Não existe unanimidade nas opiniões relativas ao conceito de poder político: uns autores identificam o
poder com o Estado (Bonaudi), outros entendem que o poder político é algo exterior ao Estado, mas
que nele se institucionaliza (Bourdeau) e ainda há quem entenda que o situem fora do Estado por
entenderem que é um fenómeno relacional, e materializam-no nas instituições estatais (Weber,
Lowenstein, Poulantzas).
Entendemos segundo esta última conceção: o poder político é um fenómeno relacional entre
grupos antagónicos/contraditórios (dirigentes e dirigidos), que realizam os seus interesses
numa relação simultânea de hegemonia e de domínio.
O poder politico tem tendência a materializar-se nas instituições estaduais, pois nelas existe maior
capacidade para realizar os seus interesses. Isso leva à identificação entre poder e Estado. Contudo,
são realidades distintas e a sua identificação reduz a conceção de poder político, porque nem todo este
se encontra incorporado no Estado.
No DI, o poder político é um elemento do Estado, que só tem relevância jurídico-internacional enquanto
organização institucional, que efetivamente exerce domínio sobre população e território e defende
os interesses do Estado no exterior. O poder só interessa ao DI quando materializado em instituições.
PRINCÍPIO DA SOBERANIA
A soberania é a fonte sociológico-política de onde brotam as competências do Estado. No âmbito do DI,
a soberania reconduz à ideia de independência do Estado na ordem jurídica internacional, que lhe
confere direitos e lhe atribui obrigações. Kelsen defende uma relação de subordinação, onde o Estado
se submete à ordem jurídica internacional.
Kelsen advoga que nem todos os Estados têm os mesmos direitos e obrigações. No entanto, qualquer
que seja o sentido atribuído, este princípio implica a reciprocidade de direitos e obrigações, a
reciprocidade de vantagens, a não discriminação e a igualdade perante a lei.
Direito à autoconservação;
Direito à igualdade;
Direito aos signos e símbolos nacionais;
Direito ao comércio.
Porém, como alguns direitos acima mencionados não têm como correlativos deveres fundamentais,
autores como Verdross entendem que só são fundamentais aqueles direitos que têm frente a eles
deveres fundamentais, uma vez que só os direitos a que correspondem deveres é que são direitos
plenos. Verdross apenas considera os seguintes: direito à independência; direito à supremacia
territorial e o direito à honra.
DIREITO À INDEPENDÊNCIA
Direito que os Estados têm de, no interior do seu território, e com respeito pelo DI, decidir com plena
autonomia a sua política interna e externa e de ver respeitadas as suas decisões. A este direito
corresponde o dever de não ingerência nos assuntos internos, que é o respeito reciproco pela
independência política e organização jurídico-constitucional interna de cada Estado. Proíbe-se a
intervenção nos assuntos internos dos outros.
Faculdade que o Estado tem de decidir autorizar ou não, no interior do território, a prática por outros
Estados, de atos de caráter oficial. Assim, só um Estado detentor da supremacia territorial pode exercer
no espaço geográfico poderes e autorizar a prática de atos por outros Estados. A este direito
corresponde o dever de não ingerência na supremacia territorial dos Estados, que consiste no
dever imposto a cada Estado de não praticar atos que denunciem o exercício de poderes públicos no
território do outro, sem o consentimento deste.
DIREITO À HONRA
Direito que cada Estado tem de fazer respeitar a sua honra, isto é, o seu bom nome, a sua dignidade e
a consideração de que goza na sociedade internacional. Nenhum Estado tem de tolerar as ofensas à
sua honra. A este direito corresponde o dever de os Estados se absterem de praticar atos que atentem
contra a honra de outros e de garantirem o respeito pela honra dos outros Estados.
Do princípio da igualdade soberana dos Estados decorre o dever de cooperação internacional para a
manutenção da paz e da segurança internacional e o do respeito pelo DI.
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
Permanentes e autónomas, porque tal como os Estados podem assumir os comportamentos que
quiserem.
Características: são dotadas de mecanismos de controlo da legalidade e validade dos atos (direito
derivado – deriva de um Tratado).
2º decisões (UE)
3º recomendações (ONU)
4º pareceres (TIJ)
5º diretivas (UE)