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14/04/2023

Curso de Filosofia do Direito

Idade Média
Filosofia patrística e
Filosofia medieval
Justiça cristã

Professora Maria Elisa Soares Rosa

Revisão – Filosofia Antiga


• PERÍODO PRÉ SOCRÁTICO
– Período Homérico – Mitologia grega - mythos
– Período Cosmológico – Filosofia Cosmológica - Fisiólogos - physis,
arkhé, hyle.
– Período Antropológico – Filosofia Humanista/Antropológica -
Sofistas- Póleis, techné, discurso, antropos, logos, vida política.
• SÓCRATES 469/70 A.C. – 399 A.C.
• PERÍODO SOCRÁTICO ou FILOSOFIA ANTIGA
– Período Sistemático – Filosofia Sistêmica - Filósofos - Platão e
Aristóteles.
– Período Helenístico – Filosofia Cosmopolita – Cultura Helênica,
Batalha de Queronéia 338 a.C., Cínicos, Céticos, Epicurismo,
Estoicismo.

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Filosofia Grega Antiga

Filosofia Roma An4ga


• Na aula passada vimos o Estoicismo em Roma e estudamos o
filósofo Cícero.
• Também estudamos o primeiro imperador romano Otaviano
ou Otávio Augusto que governa o império romano de 27 a.C.
até 14 d.C.
• Em um período em que a plebe marginalizada e os escravos
vivendo em condições desumanas reivindicavam melhores
condições – guerra civil – primeiro e segundo triunviratos
foram formados na tentativa de acalmar a situação conforme
vimos na aula passada.
• Otávio Augusto recuperou a estabilidade e alcançou o fim da
guerra civil com a implantação da Política do Pão e do Circo.

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Política do Pão e do Circo


• Ócio possibilitado pela escravidão – vida sem
trabalho - tempo livre em abundância.
• A Política do Pão e do Circo dava o mínimo de
alimento e diversão para a distração da população –
objetivo- conter reinvindicações possibilitando uma
paz interna: festas e espetáculos públicos como a
corrida de bica, gladiadores, arena, teatro, batalha
naval, bacanais, urgias, idolatria, 135 de feriados
festivos no ano, etc.

• Nesse período :
– Imperadores divinizados praticam a política do
pão e do circo cada vez mais sofisticada;
– Fim das conquistas de expansão do império e o
controle das fronteiras;
– Construção de aquedutos, banhos romanos,
termas aquecidas;

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Filosofia na Idade Média


Filosofia Cristã
• Jesus Cristo:
– nasce durante o governo de Otávio Augusto 27 a.C. até
14 d.C.
– sua maturidade se dá já no próximo governo, de Tibério
que governa de 14 d.C. Até 37 d.C.
– a morte de um modelo de vida e inauguração de um
novo modelo (modelo cristão) no governo de Calígula 37
a 41 d.C. e nos seguintes, de forma progressiva e
gradual, de forma que o CrisQanismo de religião
perseguida se transforma em perseguidora.

Causas do fim da hegemonia do Império


Romano
A luta interna pelo governo e direção
dos exércitos romanos -
desestruturava a liderança interna;

Ganância dos dirigentes querendo


sempre mais poder;

Desestruturação política

Vas<dão do Império - di4cil controle


e organização;

Invasão dos povos bárbaros


(germânicos como os vândalos, os
francos, os saxões, os anglos, os
godos e os visigodos;

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A intervenção das Sabinas, de Jacques-Louis David, 1799, Louvre. A


sangrenta batalha entre romanos e bárbaros, a violenta destruição de
Roma marcada pela vingança de décadas de controle e opressão.

Datas do Império Romano


250 d.C. a filosofia de Plotino deu origem ao neoplatonismo.

313 d.C o cristianismo ganhou força com o - Édito de Milão - imperador Constantino, que decretou a
liberdade de culto

325 – Concilio de Nicéia – Organização da Igreja -havia muito ambiguidade e incoerência nas teses

354 a 430 d. C. viveu Santo Agostinho, filósofo da PATRISTICA, pai da Igreja e teorizador cristão

380 - Édito da Tessalônica – imperador Teodósio – cris2anismo passa a religião oficial do império, aos
poucos CRISTIANISMO no OCIDENTE passa de religião das minorias para religião das mulIdões

395 o Império romano é dividido:


OCIDENTE com capital em Roma; ORIENTE com capital em Constantinopla;

410 a cidade de Roma é invadida e pilhada pelos povos bárbaros

476 é decretada a queda do Império romano do OCIDENTE.

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Em vermelho império romano do ocidente


e roxo o do oriente
395 d.C. o Império
romano é dividido:
em ORIENTE e
OCIDENTE

Ano de 476 da era


Cristã temos:

Queda do Império
Romano do
OCIDENTE

fim da Idade Antiga

início da Idade Média


que vai até a queda
do Império Romano
do ORIENTE em 1453

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Ano de 476 da era Cristã temos:


Queda do
Império Romano
do OCIDENTE

fim da Idade
Antiga

início da Idade
Média.

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Império Romano e a Idade média


INÍCIO DA FINAL DA
IDADE MÉDIA IDADE MÉDIA

• Queda do Império • Queda do Império Romano do


Romano do ORIENTE no ano de 1453 quando foi
OCIDENTE no ano invadido pelos turcos, episódio
de 476 da era conhecido como a queda de
Cristã Constantinopla (antiga Bizâncio)
marcando assim, o final da Idade
Média e o início da Idade Moderna
com as grandes navegações e a
“descoberta” da América em 1492.

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Filosofia na Idade Média - 476 a 1453 d. C.


Filosofia patrís>ca e depois medieval

• A filosofia na Idade Média ou Medieval divide-se


em dois períodos distintos:

– Filosofia patrística que vai séc. I ao V, VI, VII e

– Filosofia medieval que vai séc. V ao XV.

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Disputas sobre jurisdição dos poderes temporal e divino;

Discussão entre fé e razão sempre culminando com a


sobreposição da fé sobre a razão;

Pensamento filosófico voltou-se para a Teologia;


Temas
na
Vida na sociedade medieval alicerçada na religião cristã;
Idade
média Consciência dos indivíduos voltava-se para a ideia de
Deus e a forma de pensamento dominante também
estava voltada para a Igreja;

Igreja foi a principal instituição da Idade Média, acima


do Estado;

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Especificidade
Na Antiguidade a RELIGIÃO estava atrelada e subordinada ao aparelho
estatal, na idade média o catolicismo se desvincula do Estado.

A Igreja ganhou uma larga AUTONOMIA passando a legislar, julgar e


aplicar as penas voltadas para os costumes e a alma.

O homem se orientava pelas Escrituras Sagradas e pelas leis


eclesiásticas.

A educação laica da cultura helênica perdeu espaço para EDUCAÇÃO


CRISTÃ.

Silenciosos MOSTEIROS de VIDA CONTEMPLATIVA se tornariam o


centro cultural da época.

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Características da Idade média


• O SISTEMA FEUDAL (FEUDALISMO) teve inicio com a queda
de Roma e se caracterizou:
• SISTEMA SÓCIO ECONÔMICO constituído por uma SOCIEDADE
AGRÁRIA, ESTÁVEL e FECHADA.
• A sociedade era AGRÁRIA, AGRÍCOLA – SISTEMA AGRÁRIO – exploração
de GRANDES PROPRIEDADES RURAIS FUNDIÁRIAS FECHADAS.
• Base era a ECONOMIA DE SUBSISTÊNCIA pautada pela SERVIDÃO.
• A riqueza era medida pela PROPRIEDADE e cultivo da TERRA.
• O SENHOR FEUDAL era o detentor das terras e do castelo, eleera a
principal autoridade temporal e exercia poder terreno absoluto em seus
domínios.
• O comércio era escasso, a moeda rara, o ESCAMBO (TROCA) era raro no
início mas foi aumentando gradativamente.

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• A sociedade era TEOCRÁTICA, sob domínio do CATOLICISMO,


que foi crescendo até a completa e absoluta hegemonia da
IGREJA CATÓLICA NO OCIDENTE.
• Eram constantes as ameaças de INVASÕES pelos BÁRBAROS:
germânicos como os vândalos, os francos, os saxões, os anglos,
os godos e os visigodos e ainda os vikings, mongóis, árabes,
húngaros, etc.
• Daí porque as cidade construíam MUROS e e FORTIFICAÇÕES
em suas voltas para proteção.
• Percebe-se AUSÊNCIA de preocupação ou a própria inexistência
de VIDA SOCIAL sendo que as pessoas dedicavam-se apenas
para:
1. TRABALHO (culWvo da terra para o senhor feudal, grande
laWfundiário proprietário da terra) e
2. IGREJA (religião cristã, missa em laWm, a Bíblia não era de
acesso às pessoas que deveriam se contentar com a
interpretação humana do texto sagrado feita pelos padres
da Igreja Católica, sempre imponente e em destaque).

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Ávila, cidade situada na região de montanhas


ondulantes a noroeste de Madrid. Conhecida pelas
muralhas intactas da cidade medieval, com mais de 80
torres semicirculares e 9 portas.

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Divisão social na idade média


• A sociedade era ESTRATIFICADA e as CLASSES SOCIAIS que
eram praQcamente INSTRANSPONÍVEIS e ESTÁTICAS.
• A MOBILIDADE SOCIAL ERA BEM RESTRITA, se alguém
nascesse em determinada classe não conseguiria mudar de
posição, conQnuando nela por toda sua vida, assim como
seus descendentes.
• Segundo a Igreja Católica na época, essa ordem era designada
por Deus e quem fosse contra estaria afrontando a harmonia
divina.
• A sociedade na Idade Média era dividida em três grandes
grupos, o clero, a nobreza e os servos ou camponeses (povo):
1. o clero;
2. os senhores feudais com a nobreza;
3. e a plebe, os servos, camponeses, o povo.

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Classes sociais

e
Senhor Feudal

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Igreja Católica surgimento e expansão


• A Igreja católica surgiu durante o Império Romano,
mas foi durante a Idade Média que se consolidou
como a mais importante instituição da Europa
ocidental.
• Os cristãos inicialmente perseguidos pelo Sinédrio e os
rigores da lei mosaica, pregavam na catacumbas e
levavam o evangelho para os gentios.
• O cristianismo era inicialmente uma espécie de
sociedade secreta, com os seus sinais convencionais de
reconhecimento. Para saber se a pessoa era cristã,
desenhava-se um PEIXE , pois a palavra grega peixe era
o anagrama da frase:
– Jesus Cristo, filho de Deus salvador.

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O Museu ao Ar Livre de Goreme


• Complexo monásUco composto de mosteiros ao lado uns dos outros, cada
um com a sua igreja. Contém as melhores igrejas escondidas do
nascimento do CrisVanismo, eram Igrejas escavadas na rocha,
com afrescos maravilhosos, cujas cores das pinturas ainda mantém alguma
da sua frescura original.
• Património Mundial da UNESCO desde 1984 e está entre os dois primeiros
síUos da Turquia a fazer parte desta lista.
• hYps://www.goreme.com/portugues/goreme-open-air-museum.php

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FILOSOFIA PATRÍSTICA
(SÉCULO I AO SÉCULO V, VI e VII)
• Patrística é o nome dado à filosofia cristã dos primeiros séculos,
elaborada pelos PRIMEIROS TEÓRICOS, OS PAIS FUNDADORES DO
CRISTIANISMO, daí "Patrística” - pais, padres, criadores, primeiros
apóstolos, intelectuais e defensores.
• Historicamente, fatos que fundamentaram o Cristianismo ocorreram
durante o Império romano, nos últimos séculos da Idade Antiga.
O Cristianismo surgiu na Palestina, região sob o domínio romano desde
64 a.C. Tem como origem a tradição judaica de crença na vinda de um
Messias, o redentor, o salvador, o filho de Deus, cuja vinda seria uma
redenção para todos aqueles que acreditassem nele.
• Os primeiros cristãos eram de etnias judaicas ou judeus prosélitos, os
primeiros seguidores do cristianismo foram os judeus que Jesus chamou
para ser seus primeiros discípulos, assim, o cristianismo surgiu a partir
da doutrina dos homens que seguiram Jesus Cristo.

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• Inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São


João. São eles que fazem a ELABORAÇÃO DOUTRINAL
(ESTRUTURA, ORGANIZAÇÃO das verdades de fé do
CrisQanismo) e realizam a sua DEFESA contra os ataques e as
heresias dos pagãos. A patrísQca resultou do esforço feito
pelos dois apóstolos intelectuais (Paulo e João) e pelos
primeiros padres da Igreja para CONCILIAR a nova religião - o
CRISTIANISMO - com o PENSAMENTO FILOSÓFICO DOS
GREGOS E ROMANOS, pois somente com tal conciliação seria
possível convencer os pagãos da nova verdade e convertê-
los a ela.
• Os primeiros padres e bispos da Igreja como Aurélio
AgosQnho tem papel fundamental na EVANGELIZAÇÃO e
CONSOLIDAÇÃO do crisQanismo.
• Termina no século V ou VI, quando teve início a Filosofia
medieval.

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Objetivo da Patrística
• A Filosofia patrística liga-se, portanto, à tarefa religiosa
da:
– EVANGELIZAÇÃO buscar fiéis e seguidores do cristianismo;
– ELUCIDAÇÃO progressiva dos DOGMAS CRISTÃOS;
– FIRMAÇÃO da FÉ, TRADIÇÃO e LITURGIAS católicas;
– DEFESA da religião cristã contra os ataques teóricos e morais
que recebia dos antigos.
– CONSTRUIR a Igreja, seus pensamentos, mandamentos,
forma de vida que era a VIDA MONÁSTICA.
– CONCILIAR razão e fé colocando a RAZÃO como
instrumento auxiliar da FÉ.
– INTRODUZIR novas ideias desconhecidas para os filósofos
greco-romanos

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Divisão da PatrísJca
– patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e
– patrística latina (ligada à Igreja de Roma)

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Principais representante da Patrística


• Seus nomes mais importantes foram:
– Paulo, João
– JusUno
– Tertuliano
– Atenágoras
– Orígenes
– Clemente
– Eusébio
– PloUno
– Santo Ambrósio
– São Gregório Nazianzo
– São João Crisóstomo
– Isidoro de Sevilha
– Santo AgosUnho
– Beda e
– Boécio
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Temas da Filosofia Patrística:


• A patrística foi obrigada a INTRODUZIR NOVOS TEMAS,
NOVAS IDÉIAS desconhecidas para os filósofos greco-
romanos:
– criação do mundo por um Deus;
– pecado original;
– Deus como trindade una;
– encarnação, morte e ressurreição de Jesus, o filho de Deus e
último cordeiro;
– de juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição dos mortos,
etc.;
– explicar como o mal pode existir no mundo, já que tudo foi criado
por Deus, que é pura perfeição e bondade;
– a ideia de “homem interior”, isto é, da consciência moral e do
livre-arbítrio, pelo qual o homem se torna responsável pela
existência do mal no mundo.

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Palavra revelada
• Para impor esses TEMAS ou IDEIAS CRISTÃS, os
Padres da Igreja as transformaram em VERDADES
ABSOLUTAS reveladas diretamente por Deus
(através da Bíblia e dos santos) - PALAVRA
REVELADA. Essas verdades eram sobrenaturais e
estavam acima de tudo e de todos.
• Dessa forma, por serem decretos divinos, ditados
diretamente por Deus, essa VERDADES seriam
DOGMAS, isto é, doutrina irrefutável, perene,
eterna, perfeita, absoluta e inquestionável.
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Verdade
• A Filosofia Patrísica busca conciliar razão e fé colocando a
RAZÃO como instrumento auxiliar da FÉ. Surge uma
disQnção, desconhecida pelos anQgos, sobre o conceito de
VERDADE:
– VERDADES SOBRENATURAIS - reveladas ou da fé:
introduzindo a noção de conhecimento recebido por
uma graça divina, superior ao simples conhecimento
racional, são VERDADES ABSOLUTAS reveladas por Deus
(através da Bíblia e dos santos) que, por serem decretos
divinos, seriam DOGMAS, isto é, doutrina irrefutável e
inquesionável.
– VERDADES NATURAIS - da razão ou humana,
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• Em 313 d.C o cristianismo ganhou força com o - Édito de Milão -


imperador Constantino, que decretou a liberdade de culto em
Roma, equiparando o cristianismo, em direitos e privilégios, à
religião pagã e ao politeísmo romano.
• Em 325 – Concilio de Nicéia – Organização da Igreja -havia muito
ambiguidade e incoerência nas teses apresentadas.
• Em 354 a 430 d. C. viveu Santo Agostinho que foi um dos
principais filósofos da patrística, o primeiro a fundir a doutrina
cristã com abordagens da Grécia antiga se tornando o grande pai
da Igreja e teorizador cristão. A Igreja começa a crescer.
• Em 380 - Édito da Tessalônica – imperador Teodósio –
cristianismo passa a ser a religião oficial do império romano e de
perseguidos passam a perseguir.
• Em 397 d. C. Santo Agostinho publicou as suas Confissões, obra
que marca a sua CONVERSÃO (escolha) para o cristianismo, o
início da evangelização tão bem realizada pelo filosofo e a sua
contribuição para edificação do modelo de vida típico da idade
medieval, a VIDA MONÁSTICA.

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• Agostinho esforçou-se tentando unir RELIGIÃO ao


PENSAMENTO CRÍTICO.
• Com a queda do império romano do ocidente em
476 d.C, começou a era de total domínio da Igreja
católica na Europa ocidental, o cristianismo passou
de religião das minorias para religião das
multidões e os bispos católicos foram assumindo
funções civis, jurídicas e sociais.
• Com o trabalho da filosofia patrística, o
cristianismo foi tomando corpo e foi crescendo.
• A filosofia patrística se estendeu até os séculos V,
embora exista quem amplie até o século VI a
chamada "idade dos Padres”.

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Cris>anismo
Com o nascimento e depois com a crucificação de Cristo tem-se inicio uma nova religião, o
Cristianismo.
Dos anos 30 até 313 é forte a perseguição de Cristo, seus discípulos e seus seguidores;

Em 313 - édito de Milão – imperador ConstanHno (307 a 337) - liberdade de culto o que diminui
a perseguição aos cristãos.

Em 325 – Concilio de Nicéia – Organização da Igreja -havia muito ambiguidade e incoerência


nas teses apresentadas.

Em 354 a 430 d. C. viveu Santo Agostinho que foi um dos principais filósofos da patrística, o
primeiro a fundir a doutrina cristã com abordagens da Grécia antiga se tornando o grande pai
da Igreja e teorizador cristão.

Em 380 - édito da Tessalônica – imperador Teodósio – cristianismo passa a ser a religião oficial
do império romano e de perseguidos passam a perseguir.

Em 476 d.C - queda do império romano do ocidente em 476 d.C , o cristianismo passou de
religião das minorias para religião das multidões

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Idade Média
ROMANTISMO OBSCURANTISMO
Castelos Trevas
Príncipes Escuridão
Princesas Intolerância
Cavaleiros Castigos corporais
Tortura

Não confunda a Idade Média nem com romantismo e nem com o obscutantismo

As principais características da filosofia medieval são:

•Inspiração na filosofia clássica (Greco-romana);


•União da fé cristã e da razão;
•Utilização dos conceitos da filosofia grega ao cristianismo;
•Busca da verdade divina.

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Fílon de
Alexandria
15 aC. a 50 dC.
Ele interpretou a bíblia
utilizando elementos da
filosofia de Platão, para ele
o Demiurgo de Platão é o
Deus criador dos hebreus

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Fílon de Alexandria 15 aC. a 50 dC.


• Fílon tentou uma interpretação do ANTIGO TESTAMENTO
através da FILOSOFIA GREGA e da ALEGORIA (figura de
linguagem, expressão transmite um ou mais sentidos além
do literal) - Fílon revela um significado nas palavras bíblicas
que vão além do significado imediato e literal.
• Foi autor de numerosas obras filosóficas e históricas, onde
expôs a sua visão platónica do judaísmo.
• Primeiro pensador a tentar conciliar o conteúdo bíblico à
tradição filosófica ocidental. Fílon estava convencido de
que a fé judaica e a filosofia grega coincidiam em diversos
pontos, em especial na busca da verdade.
• Para ele existe um Deus único, incorpóreo e que não
tem princípio. Deus criou o Logos, que é a atividade
intelectiva de Deus, e ao Logos devemos a criação do
mundo.

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TEORIA DO DIREITO NATURAL


Cosmopolitismo X Universalismo
• Conceito de que o SER HUMANO não é mais concebido como
pertencente a uma polís, mas sim em sua NATUREZA HUMANA
(herança helênica) e em seu conceito de PESSOA como SUJEITO DE
DIREITOS E DEVERES (herança romana).
– NATUREZA HUMANA (herança helênica) – quando Filipi e Alexandre conquistaram
a Grécia, não havia mais poleis, então o homem não é mais o “político”, ele passa a
ser o “cosmo politico”, ou seja, pertencente a um universo que vai além de si
próprio. O homem passa a ser parte de uma estrutura maior, não é mais cidadão da
poleis, mas sim aquele que tem uma NATUREZA HUMANA, é um microcosmo que
reflete um macrocosmo, ele repete, repete um cosmo maior.
– PESSOA DE DIREITOS E DEVERES (herança romana) – os romanos quando inventam
o direito eles inventam também o conceito de PESSOA, que é algo que vai além do
corpo físico, é um ser que tem direitos e deveres que antecedem e continuam
mesmo depois da vida (com a morte física a pessoa ainda tem direitos como o de
imagem)

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• Cícero – DIREITO NATURAL A PARTIR DA FÍSICA no


COSMOPOLITISMO
– “Existe uma verdadeira lei que é a razão em conformidade com a
natureza. Disseminada em todos os seres, sempre de acordo
consigo mesma, não sujeita a desaparecer, que nos chama
imperiosamente a cumprir a nossa função, nos proíbe a mentira
e dela nos desvia. O homem honesto jamais é surdo aos seus
mandamentos; e eles não têm efeitos sobre os perversos. A esta
lei nenhuma correção é permitida, ela não pode ser derrogada
nem em parte nem na totalidade. Nem o Senado nem o Povo nos
pode dispensar da obediência a tal lei e não é necessário
procurar nenhum Sextus Aelius para explicá-la ou interpretá-la.
Esta lei não é diferente em Atenas, em Roma, hoje ou amanhã, é
uma e a mesma lei, eterna e imutável, que rege todas as Nações
em todos os tempos. Existe, para a ensinar a prescrever a todos
um Deus único: a concepção, a deliberação e a execução da lei
pertence-lhe igualmente. Quem não obedecer a esta lei ignora-se
a si mesmo e, porque desconhecerá a natureza humana, sofrerá
por isso mesmo o maior dos castigos, ainda que escape a outros
sacrifícios”

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• A teoria do Direito Natural postula a existência de um direito inerente ao


homem que por conseguinte não pode ser negado.
• Os direitos naturais seriam os mais básicos a todos os homens como por
exemplo direito à vida e à liberdade.
• Aristóteles: A filosofia grega fazia distinção entre natureza e “direito” ou
“convenção”. Para os filósofos gregos a lei variava de lugar para lugar, mas a
essência da lei, o que é natural é absoluto e deveria ser igual em todos os
lugares. Um direito de “lei da natureza” sem uma influência humana parecia,
então, um paradoxo para os filósofos gregos. Sócrates e seus discípulos
Platão e Aristóteles foram os primeiros então a postular a ideia de um Direito
Natural, sendo Aristóteles considerado o pai do jusnaturalismo.
• Aristóteles sugere em “A República” “que o melhor regime talvez não governe
com base na lei”. Ele afirma que, ademais das leis "particulares" que cada
povo tem que estabelecer para si próprio, há uma lei "comum" conforme à
natureza.
• Os estóicos afirmavam que o homem enquanto parte da natureza eram
criações racionais e, desde que postulassem suas leis baseadas na razão se
desvinculando da emoção, as leis humanas estariam em conformidade com
as leis naturais, deveriam seguir o exemplo das leis do cosmo.
• Em Roma no ano de 155 a.C o pensamento estóico influenciou os juristas
romanos como Sêneca e Cícero, cabendo a Cícero ser o maior defensor do
jusnaturalismo em Roma.
• A NATUREZA, o COSMO fornece um modelo para que os homens copiem as
suas leis

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• Com o Cristianismo esse COSMOPOLITISMO se transforma


em um UNIVERSALISMO: Herdeiros filosóficos dos estóicos
(herança helênica) e dos juristas romanos (herança romana) os
defensores cristãos do JUSNATURALISMO (direito natural)
se dividiram por várias correntes de pensamento, mas todos
trazem uma IDEIA ÚNICA: que que todos os homens são
iguais, e agora a explicação não é a NATUREZA HUMANA
(herança helênica), nem o conceito de PESSOA como SUJEITO DE
DIREITOS E DEVERES (herança romana), mas sim que TODOS SÃO
FILHOS DE DEUS.
• Agostinho de Hippona (354 d.C-430d.C) igualou o Direito
Natural ao estado do homem antes do pecado original
(homem maculado desde a origem), após esse o homem só
alcançaria a salvação por meio da lei divina e da graça –
jusnaturalismo teocêntrico.
• Graciano no século XII igualou o direito natural ao divino.
• Tomás de Aquino (1225-1274) tornou o Direito Natural
novamente independente do Direito Divino dizendo que
aquele poderia se aproximar desta, mas nunca compreende-lo
totalmente emancipando a razão da tutela da fé.
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Católico - Univversal
• Segundo o Dicionário Etimológico da Língua
Portuguesa de José Pedro Machado, católico vem
«do grego katholikós, "geral, universal" (…); pelo
latim catholicu-, " UNIVERSAL " -
UNIVERSALISMO. A tradução corrente para o
português é universal, que abrange tudo, que
reúne todos. Portanto, católico designa aquilo que
tem vocação de universalidade, que é universal.
• Judeus acreditam no velho testamento apenas
• Cristão acrescentam o novo testamento com a
vinda do Messias, Jesus.
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Conceito que hoje temos de igualdade


• Epistola da GALATAS 3:28 “Não há judeu
nem grego, escravo nem livre,
homem nem mulher; pois todos são
um em Cristo Jesus.” –TODOS SÃO FILHOS
DE DEUS
• TRANSFORMAÇAO COMPLETA NA HISTÓRIA
DO PENSAMENTO
• Qualquer grego consideraria isso uma barbaridade
(palavra que vem do grego para designar todo
aquele que não é grego, é então bárbaro).
• Isso é uma espécie de IGUALAMENTO das pessoas SEM
PRECEDENTES NA HISTÓRIA ATÉ ENTÃO, aqui é a
semente da ideis de IGUALDADE moderna.
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Theoria Teoria
• Para encontrar o nosso lugar no cosmos, para aprender a nele
viver e nele inscrever as ações, é necessário antes conhecer o
mundo que nos cerca. Essa é a primeira tarefa da teoria filosófica.
Em grego, ela se chama também THEORIA.
• A etimologia da palavra THEORIA :
• de THEOS “Deuses , divindades, essencial, aquilo que realmente
importa”, de THEOROS, “espectador, aquele que olha”, formada
por THEIA THEION,
• “uma vista” mais OROS de HORAN, “olhar, vislumbrar” “eu vejo
(orao) o divino (theion)”, “eu vejo as coisas divinas (theia)”, ou seja
“contemplação, especulação, olhar para algo”.
• O sentido de “princípios ou métodos de uma ciência ou arte” é do
início do século XVII.
• Idade média HORAN, “olhar, vislumbrar” THEOS “Deuses”
• E ai Teoria– vislumbrar, contemplar a divindade, contemplar o
que há de mais significativo, importante, essencial (metafisica)
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• Para os ESTOICOS, de fato, a the-oria consiste exatamente em esforçar-se


por contemplar o que é “divino” no real que nos cerca. Em outras palavras,
a tarefa primeira da filosofia é ver o essencial do mundo, o que nele é mais
real, mais importante, mais significativo.
• No estoicismo a essência mais íntima do mundo é a harmonia, a ordem,
simultaneamente justa e bela, que os gregos designam pelo nome de
cosmos.
• A doutrina cristã da salvação, embora fundamentalmente não filosófica, até
antifilosófica, vai competir com a filosofia grega e aproveitar-se das lacunas
que enfraquecem a resposta estóica sobre a salvação para subvertê-la.
• Embora a doutrina cristã da salvação não seja filosófica, não deixará de
haver lugar para o exercício da razão. Ao lado da fé, a inteligência racional
vai encontrar modo de se exercer pelo menos em duas direções: para
compreender os grandes textos evangélicos, para meditar e interpretar a
mensagem do Cristo, e, para conhecer e explicar a natureza que, enquanto
obra de Deus, deve certamente trazer em si algo como a marca de seu
criador.
• No seio do cristianismo existe um lugar subalterno e modesto, no entanto
real, para a filosofia — se com isso se designa o uso da razão humana
destinada a esclarecer e reforçar uma doutrina da salvação que,
certamente, continuará, em seu princípio religioso, fundada na fé –
AGORA É A FÉ – basta CONFIAR, CRER, ACREDITAR

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Gnosticismo
• Gnosis = conhecimento.
• Gnosticistas misturavam elementos do cristianismo
com mitos gregos, mitos orientais e as filosofias
antigas defendendo o conhecimento.
• Ex. Evangelho de Judas e demais narrativas de Jesus
consideradas falsas pela Igreja, suposto diálogo
imaginário de Jesus com seus discípulos depois que
ele ressuscitou, etc. ...

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Apologistas
• Apologia = defesa, justificação, elogio.
• Apologistas faziam a defesa e a justificação do cristianismo,
divulgavam a fé em Cristo entre as classes cultas e letradas.
• Época de perseguição dos cristão pelos pagãos.
• Adeptos da religião de Cristo eram assassinados tornando-se
mártires, assim como Cristo e solidificando cada vez mais a fé
em Cristo.
• As pessoas cultas da época:
– tinham uma religião politeísta (mitologia).
– tinham uma educação fundamentada da filosofia grega e
romana por isso os apologistas utilizavam a linguagem dos
filósofos para viabilizar e promover a evangelização, assim
conseguiam se comunicar com os que ainda não haviam se
convertido (nesse primeiro momento a maioria)

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Dica de filme
• O filme relata a história de Hipáca,
filósofa e professora em Alexandria,
no Egito entre os anos 355 e 415 d.C.
• Hipáca ensina filosofia, matemácca
e astronomia na Escola de
Alexandria, junto à Biblioteca.
Resultante de uma cultura iniciada
com Alexandre Magno, passando
depois pela dominação romana,
Alexandria é agitada por ideais
religiosos diversos: o criscanismo,
que passou de religião intolerada
para religião
• intolerante, convive com o judaísmo
do povo hebreu e a cultura greco-
romana.

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• O GRANDE DILEMA de toda a Filosofia patrística é


o da possibilidade de conciliar RAZÃO e FÉ, e, a
esse respeito, havia três posições principais:
– 1. Os que julgavam fé e razão irreconciliáveis e a fé
superior à razão (diziam eles: “Creio porque absurdo”).
– 2. Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas
subordinavam a razão à fé (diziam eles: “Creio para
compreender”).
– 3. Os que julgavam razão e fé irreconciliáveis, mas
afirmavam que cada uma delas tem seu campo próprio
de conhecimento e não devem misturar-se (a razão se
refere a tudo o que concerne à vida temporal dos
homens no mundo; a fé, a tudo o que se refere à
salvação da alma e à vida eterna depois da morte).
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Principais representante da
Filosofia Patrística
• Seus nomes mais importantes foram:
– Paulo, João, Justino, Tertuliano, Atenágoras, Orígenes,
Clemente, Eusébio, Santo Ambrósio, São Gregório
Nazianzo, São João Crisóstomo, Isidoro de Sevilha, Santo
Agostinho, Beda e Boécio
• Esse foi o período em que os pais da Igreja foram
responsáveis por confirmar e defender a fé, a
liturgia, a disciplina, criar os costumes e decidir os
rumos da Igreja, ao longo dos primeiros séculos do
Cristianismo.

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FILOSOFIA MEDIEVAL
(DO SÉCULO V ou VI AO SÉCULO XIV)

• É o período em que a Igreja Romana dominava a Europa, ungia e


coroava reis, organizava Cruzadas à Terra Santa e criava, à volta
das catedrais, as primeiras universidades ou escolas.
• Por ter sido ensinada nas escolas religiosas, a FILOSOFIA
MEDIEVAL ficou conhecida como ESCOLÁSTICA.
• Durante esse período surge propriamente a FILOSOFIA CRISTÃ,
que é, na verdade, a TEOLOGIA.
• A Filosofia medieval teve como influências principais além da
Bíblia sagrada, textos de Platão e Aristóteles, embora o Platão
que os medievais conhecessem fosse o neoplatônico (vindo da
Filosofia de Plotino, do século VI d.C.), e o Aristóteles que
conhecessem fosse aquele conservado e traduzido pelos árabes
com as devidas censuras da Igreja.

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• Filosofia medieval abrange pensadores europeus, árabes e judeus:


– A filosofia no OCIDENTE: assume uma face teológica na qual a
principal preocupação era equilibrar razão e fé.
– A filosofia no ORIENTE: Platão e Aristóteles conqnuavam
arrebatando seguidores, muitas das suas obras se
conservaram ali e são reinterpretadas.
• A parWr do século XII, por ter sido ensinada nas escolas, a
FILOSOFIA MEDIEVAL também é conhecida com o nome de
ESCOLÁSTICA.

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• Conservando e discutindo os mesmos problemas


que a patrística, a filosofia medieval acrescentou
outros temas. Durante esse período surge
propriamente a filosofia cristã, que é, na verdade, a
teologia cristã.
• Um de seus temas mais constantes são as PROVAS
da existência de Deus e da alma, isto é,
demonstrações racionais da existência do infinito
criador e do espírito humano imortal.

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Temas da Filosofia Medieval


• Os grandes TEMAS da filosofia medieval são a
diferença e separação entre:
– INFINITO (Deus) e FINITO (homem, mundo),
– RAZÃO e FÉ (a primeira deve subordinar-se à segunda),
– CORPO (matéria) e ALMA (espírito)
– o Universo como uma hierarquia de seres, onde os
superiores dominam e governam os inferiores (Deus,
arcanjos, anjos, alma, corpo, animais, vegetais, minerais),
– a subordinação do PODER TEMPORAL dos reis e barões ao
PODER ESPIRITUAL de papas e bispos.
• Como pode-se perceber, existe sempre um DUALISMO.
55

Método da Filosofia Medieval


• Outra característica marcante da Escolástica foi o
MÉTODO por ela inventado para expor as idéias
filosóficas, a DISPUTA.
• O MÉTODO DISPUTA consistia em: apresentava-se uma
tese e esta devia ser ou refutada ou defendida por
argumentos tirados da Bíblia, de versões ou
interpretações sagradas de Aristóteles e de Platão,
bem como por textos sagrados de padres da Igreja -
tese, refutações, defesas, respostas, conclusões
baseadas em escritos de outros autores.
• Assim, uma idéia era considerada uma tese verdadeira
ou falsa dependendo da força e da qualidade dos
argumentos encontrados nos vários autores.
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Principio da Filosofia Medieval


• Por causa desse método de disputa - teses,
refutações, defesas, respostas, conclusões
baseadas em escritos de outros autores -,
costuma-se dizer que, na Idade Média, o
pensamento estava subordinado ao
PRINCÍPIO DA AUTORIDADE, isto é, uma ideia
é considerada verdadeira se for baseada nos
argumentos de uma autoridade reconhecida

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Principais teólogos da Filosofia Medieval


• Os teólogos medievais mais importantes:
– Do lado europeu: Abelardo, Duns Scoto, Escoto
Erígena, Santo Anselmo, Santo Tomás de Aquino,
Santo Alberto Magno, Guilherme de Ockham,
Roger Bacon, São Boaventura.
– Do lado árabe: Avicena, Averróis, Alfarabi e
Algazáli.
– Do lado judaico: Maimônides, Nahmanides,
Yeudah bem Levi.

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• Em 1077 d.C. Santo Anselmo apresenta a prova


ontológica da existência de Deus. Foi ele quem
melhor encontrou um equilíbrio entre fé e razão.
• Em 1224/5 e 1274 viveu São Tomás de Aquino que
privilegiou a atividade e a razão em seu amplo
sistema filosófico, trata-se de uma expressão mais
aprimorada da escolástica e da sabedoria cristã.
Dentre os pensadores cristãos, Tomás de Aquino é
considerado o racionalista.

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• A filosofia medieval consolidou e expandiu ainda


mais a religião cristã, logo não havia quem
duvidasse da existência de Deus: ser católico era
tão natural quanto o ato de respirar.
• A partir do século XV, com as grandes navegações,
os europeus levariam sua cultura para diversas
regiões do mundo e junto com ela o catolicismo,
através da evangelização dos “novos povos”, uma
violação tão cruel quanto a praticada durante a
idade média em toda a europa.
• Foi assim, por exemplo, que o Brasil tornou-se uma
grande nação católica no mundo.

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Terras e poder econômico da Igreja


• A Igreja chegou a possuir mais de 1/3 um terço de
todas as terras da Europa Ocidental e as origens desta
acumulação de bens materiais (terras e riquezas ) ainda
hoje causam polêmicas entre os historiadores:
– vendia um “lugar no céu” (pesadas indulgências e impostos
garantiam um bom lugar no céu);
– “relíquias sagradas” (pedaço da cruz que crucificou Jesus,
ou da sua veste);
– doações feitas por fiéis arrependidos dos seus pecados e
nobres e reis que entregavam parte das conquistas de
guerra;
– cobrança do dizimo;
• Além disso, com o movimento das Cruzadas, a própria
Igreja conquistou extensas áreas territoriais e riqueza.
61

Saber e poder cultural da Igreja


• O conhecimento das letras era restrito aos membros
eclesiásticos, nem mesmo os nobre eram letrados
porque de acordo com a cultura da época a
informação intelectual não era relevante.
• Assim, Igreja controlava grande parte do saber herdado
da Antiguidade Clássica.
• Índices grandes de analfabetismo retiravam das
discussões a maior parte da população, assim, o estudo
das questões da época estava restrito a uma pequena
parcela da população, formada por parte do corpo
eclesiástico, que tratava de assuntos teológicos
filosóficos.
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• Os mosteiros medievais ficaram célebres por sua política de


hospitalidade, dando abrigo temporário a peregrinos e
andarilhos e pelas minuciosas e caprichosas cópias manuais
de textos e livros da Antiguidade Clássica.
• Como os livros, pergaminhos, manuscritos e documentos
ficavam nos mosteiros e depois nas escolásticas,
universidades da igreja, os padres detinham praticamente o
monopólio da cultura erudita.
• O CONHECIMENTO liberta (saber/ cultura), assim como a
autonomia ECONÔMICA (dinheiro, terras, riqueza) - a Igreja
procurou concentrar os dois em suas mãos.
• Nessa época se desenvolve uma arte gótica com a construção
de esplendorosas catedrais de estilo gótico;
• A poesia lírica dos trovadores também é uma novidade do
período.
• Quadros, afrescos, pinturas sobre temas ligados à Igreja.

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Dica de filme

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PolíJca e poder jurídico da Igreja


• Igreja foi a principal instituição da Idade Média,
acima do Estado. O próprio sistema de organização
e hierarquia da Igreja medieval ajudava a garantir a
consolidação do seu poder, e o papa, como
representante máximo do poder espiritual,
acumulou também poder político temporal.
• Por ser a ÚNICA AUTORIDADE RECONHECIDA
COMO UNIVERSAL, a Igreja católica agia como
árbitro nos conflitos entre reinos e impérios.

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• A Igreja católica durante a idade média LEGISLAVA,


JULGAVA e EXECUTAVA A SENTENÇA por crimes
contra a alma.
• Os crimes contra a ALMA abrangiam:
– os crimes contra a FÉ - tais como heresia e
bruxaria, e
– os crimes contra a MORAL e os BONS COSTUMES
- tais como o adultério, injuria, etc.
• A Igreja Católica era uma autoridade paralela ao
governo humano e foi se sobrepondo a ele de
forma que a Igreja era chamada para atuar como
árbitro nas questões envolvendo vários interesses
de feudos distintos.
• Aqueles que não acreditavam na religião cristã
eram submetidos a suplícios, para a purificação de
suas almas.

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Direito e leis
• O cristianismo começou com muita simplicidade, mas,
na medida em que conseguia consolidar a sua
estrutura, foi elaborando suas próprias regras, e, com o
passar do tempo, construíram um direito particular: o
DIREITO CANÔNICO.
• A invasão dos povos bárbaros trouxe novos sistemas
jurídicos, mas nenhum deles mais desenvolvido que o
romano, apesar disso, o DIREITO ROMANO foi
negligenciado e ficou reservado aos crimes contra o
corpo, o DIREITO CANÔNICO da Igreja passou a cuidar
dos crimes contra a alma .
• Na baixa idade média o poder eclesiástico atingiu o seu
apogeu; os reis recebiam o seu poder da Igreja
católica, era ela que ungia e excomungava reis.

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• A palavra "CANÔNICO" é usada para designar algo


referente a Igreja. “Canon" termo usado pela Igreja
para definir os seus próprios assuntos, usos e
costumes. Direito Canônico é o direito da Igreja
Católica.
• A partir do século VIII que o Direito da Igreja Católica
começou a ser chamado assim, DIREITO CANÔNICO.
Depois do
– Decreto de Graciano em 1140 até o
– Concílio de Trento em 1545
• Cada vez mais a ciência do direito foi se solidificando
até a promulgação do primeiro
– CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO em 1917,
• quando alcança o seu auge como ciência jurídica
dentro da Igreja.

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• Trata-se de um conjunto ordenado das normas jurídicas


do direito canônico que estabelecem a hierarquia das
leis, os direitos e obrigações dos fiéis e o conjunto de
sacramentos e sanções que se impõem pela
contravenção das mesmas normas consbtuindo e
formando o universo de leis da Igreja Católica.
• Foi redigido, comentado e analisado a parbr da Alta
Idade Média e prossegue até os nossos dias. A Igreja
admibu (quase sempre) a dualidade de dois sistemas
jurídicos: o direito religioso e o direito laico.
• A religião cristã se impôs na Idade Média por toda
parte, adquirindo um caráter UNITÁRIO. Certos
domínios do direito privado foram redigidos
exclusivamente pelo direito canônico, muitos conflitos
nessa área eram resolvidos pelos tribunais
eclesiásbcos, com exclusão dos tribunais laicos.

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Tribunal do Santo Ofício da Inquisição


• Foi um órgão criado para:
– combater qualquer movimento contrário aos ideais
eclesiásticos;
– perseguir, identificar, julgar e condenar hereges,
indivíduos suspeitos de praticar outras religiões, atos
imorais ou quem ela entendesse como inimigo;
– defender os princípios regentes do catolicismo;
– fiscalizar o comportamento moral dos fiéis que
deveria ser dentro do determinado pela Igreja
católica;
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• Depois do ano 1000, verifica-se na Europa um


crescimento demográfico muito acentuado e um
renascimento do comércio, à medida que
inovações técnicas e agrícolas permitem uma maior
produtividade de solos e colheitas gerando um
excedente que passa a ser comercializado. Isso
aumenta o contato entre povos.
• A Igreja temia esse avanço e o Tribunal da
Inquisição foi usado para tentar conter esse
iminente renascimento cultural e comercial.

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• A Inquisição criada para combater toda e qualquer


forma de contestação aos dogmas da igreja, exercia
também, uma severa vigilância sobre o
comportamento moral dos fiéis e censurava toda a
produção cultural bem como resistia fortemente a
todas as inovações científicas.
• A Inquisição era composta por tribunais que julgavam
todos aqueles considerados uma ameaça às doutrinas
da Igreja.
• Todos os suspeitos eram perseguidos e julgados, e
aqueles que eram condenados, cumpriam as penas que
podiam variar entre máscaras de ferro e uma variedade
de aparelhos de tortura até a morte na fogueira, onde
os condenados eram queimados vivos em plena praça
pública. Eram verdadeiros espetáculos envolvendo
suplício, dor e aflição para a purificação da alma do
pecador.
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• O Tribunal da Inquisição orientava-se, por um


Regimento Interno, onde estavam sistematizados as
leis, jurisprudência, ordens e prazos a serem seguidos.
• Os crimes julgados pelo Tribunal da Inquisição eram
crimes que atingiam a ALMA dos homens afastando-os
de Deus e podiam ser de duas naturezas:
– CONTRA A FÉ, como judaísmo, protestantismo,
luteranismo, deísmo, libertinismo, molinismo,
maometismo, blasfêmias, apostasia, desacatos,
críticas aos dogmas; ou
– CONTRA A MORAL E OS COSTUMES, como bigamia,
sodomia, feitiçaria, bruxaria, homosexualismo etc,
com toda sua série de modalidades.

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• As pessoas viviam amedrontadas e sabiam que


podiam ser denunciadas a qualquer momento sem
que houvesse necessariamente razão para isso.
• Com base em meros boatos, aprisionavam as
pessoas, interrogavam-nas, e muitas vezes,
torturavam-nas até confessarem e as confissões
eram certas, independente da culpa já que a dor
das torturas eram insuportáveis.

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Instrumentos usados pelo Tribunal da


Santa Inquisição da Igreja Católica

museu da tortura Amsterdam


http://www.torturemuseum.com/pt-pt/

suplicio, dor, agonia, aflição, para purificação da


alma

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A Dama de ferro
• Sarcófago de ferro ou
madeira com espinhos
afiados e longos,
colocados de forma a
não atingir nenhum
ponto vital e prolongar
sofrimento.
• Usada para punir
acusados de traição
e/ou heresia.

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O garrote
• A peça consisQa em um
colar de ferro preso a
um pilar. O colar
penetrava na coluna
cervical da víQma e a
morte era causada por
asfixia e pelo
rompimento da coluna.
Morte lenta e dolorosa.

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O serrote • Vítima era amarrada de


cabeça para baixo, com as
pernas abertas e era
serrada ao meio. A
posição era para haver
oxigenação do cérebro,
não perder a consciência,
e perder pouco sangue,
prolongando a morte
enquanto era serrada.
• Para participantes de
rebeliões, bruxaria e
desobediências militares.

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As máscaras

• Mascaras de ferro para punir de forma humilhante a pessoa que era


obrigada a sair pelas ruas usando a mascara.
• Além da tortura mental, elas apertavam o nariz ou os olhos para
prolongar o sofrimento causando dor física.
• Uma das poucas formas de tortura que não levavam a morte.
Normalmente usada em crimes mais leves, como calunia, difamação,
injuria, incitação ao crime, leves furtos (contra a Igreja).

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A garra do gato
• Ferro em formato de garra de felino, usada para rasgar as costas do
condenado pendurado pelos braços. Pelo tamanho das garras, ossos
e músculos não eram obstáculos.
• Normalmente usadas apenas para punir, mas muitas vezes o
ferimento levava a morte.
• Normalmente eram punições públicas.

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O Garfo
• Garfo de metal com duas pontas preso a um colar de
couro e colocado no pescoço da vítima.
• Suas pontas eram afiadas e penetravam na pele sem
atingir nenhum órgão vital.
• A principal função era matar a pessoa por asfixia após
várias horas de sofrimento.

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A cadeira da inquisição
• Usada em interrogatórios da
Igreja com acusados de
bruxaria e/ou heresia.
• Cadeira de madeira com
assentos cobertos de
espinhos de ferro. Costas,
braços, pernas e pés da
vítima eram penetrados
pelos espinhos, apertados
com cintos de couro.
• Alemanha e França século
XIX; Itália e Espanha século
XVIII.

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O candelabro
• Peça de madeira ou ferro em formato de pirâmide onde
a víQma era colocada de pernas abertas e forçada para
baixo. Usado para punir bruxarias, pois a pessoa Qnha
que fazer muita força para contrair suas pernas e evitar
que a peça entrasse, coisa que era inevitável

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A Pera

• Peça expandia progressivamente e continuamente as


aberturas onde era introduzida: boca, ânus ou vagina da
vítima.
• Crimes de adultério, incesto, união sexual com Satã,
blasfêmia ou herege. (Nos dois últimos se forçava só a
boca).

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• Nome dado por causa de


seu inventor, Ignace Guilhotina
Guillotine.
• Punição pública, para
bandidos, hereges e
rebeldes.
• Arrumada para cortar
membros, ou partir a
pessoa ao meio, deixando
que ela morresse por
perda de sangue, ao invés
de morrer em poucos
segundo, por ter a cabeça
decepada.

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O afogamento
• Usado principalmente pela Igreja para
executar acusados de bruxaria ou heresia.
• Víomas eram amarradas em pesados troncos
de madeira densa, e afundadas em lagos,
sempre publicamente.
• Antes de morrer a víoma entrava em um
estado de terror psicológico e seu desespero
chegava ao limite enquanto seu corpo perdia a
oxigenação e morria.

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Chamas da purificação
• Utilizada principalmente pela Igreja para matar
acusados de bruxaria e hereges.
• Vítima era amarrada em tronco de madeira
cercado por palha ou madeira e era queimada
viva numa execução pública.
• A pessoa permanecia viva por bastante tempo,
enquanto seu corpo era consumido pelas
chamas.

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Filosofia na Idade média


• A RAZÃO era instrumento auxiliar da FÉ, enquanto essa era a
única capaz de explicar as coisas como VERDADE REVELADA e
DOGMA ABSOLUTO – discussão sobre a relação entre FÉ e
RAZÃO.
• A VERDADE não se constituía com base em uma busca
racional, como na filosofia antiga, mas mediante CRENÇA, FÉ.
• A metafísica torna-se o estudo de Deus e a filosofia estuda a
teologia – estudo filosófico de Deus.
• O auto conhecimento do homem implica o conhecimento de
Deus, haja vista que o homem foi feito à imagem e semelhança
de Deus.
• A FIGURA DIVINA era o centro de todas as coisas, assim como
a noção de que só existe um único Deus.

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• Uma das tarefas da filosofia do período era buscar


a verdade, a busca a verdade filosófica corrobora a
busca da verdade teológica - Tomás de Aquino: “Se
é verdade que a verdade da fé cristã ultrapassa as
capacidades da razão humana, nem por isso os
princípios inatos naturalmente à razão podem estar
em contradição com esta verdade sobrenatural”
• A discussão sobre a relação e o embate entre as
esferas TEMPORAL e DIVINA também eram
recorrentes.
• A Igreja ideologicamente se fortaleceu a partir dos
princípios éticos e morais cristãos.
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Platão e Aristóteles na filosofia


patrísJca e medieval
• A filosofia patrística e a medieval também tiveram
como influência Platão e Aristóteles,
respectivamente.
• Embora o Platão que eles conheceram foi o
neoplatônico (vindo da filosofia de Plotino, do
século VI d.C.)
• E o Aristóteles foi aquele conservado e traduzido
pelos árabes, ainda assim, grande parte das obras
eram censuradas e proibidas pela Igreja católica no
ocidente.
91

Ética cristã
• Ramo da Filosofia que trata dos princípios que orientam o
comportamento humano adequado, sobretudo na vida em
sociedade, como devemos nos portar uns em relação aos
outros, em sociedade. A Ética Cristã prevê nesse período o
conjunto de princípios e valores morais baseados nos textos
bíblicos e considerados DOGMAS absolutos pela Igreja
Católica. Tem por objetivo guiar os fiéis na busca pela
santidade, isto é, da perfeição moral, IMITANDO os passos de
Jesus Cristo e modificando a ética de maneira inovadora,
trazendo uma ética de Jesus se pautava na defesa da
dignidade de todos os seres humanos. Jesus não
inaugurou um código moral para condenar os impuros e
pecadores mas sim, a ética de Cristo tem seu
fundamento no cuidado com a vida, com a
HUMANIZAÇÃO de todos os seres que são todos
IGUALMENTE filhos de Deus.
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Justiça Cristã
• É com o advento do CRISTIANISMO que ficou
marcada a lição da justiça tal qual retratada e
concebida por essa religião: procura-se descrever o
problema de um confronto entre o arcaísmo da
concepção de justiça mosaica e a nova concepção
de justiça, a justiça crista.
• A justiça, ou melhor, o ensinamento a cerca dela,
surgiu com a própria vinda exemplar do Cristo em
seu testemunho vivo e sua missão de
esclarecimento acerca do JUSTO e do INJUSTO.

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• Resumindo, a Jusaça Cristã é:


1. imperecível
2. responsável
3. mais benevolente
4. mais abundante, mais ampla
5. apela para uma noção de responsabilidade individual
6. existe dentro de uma perspecWva de um mundo
bidimensional
7. transcendental
8. infalível
9. reconciliatória
10. vai além da legalidade e da ilegalidade
11. aplica-se no pouco
12. desprendimento de si mesmo (outra face)
13. lei da caridade e do amor

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Características da Justiça Cristã


• Justiça Cristã aparece como fenômeno imperecível - O
mundo passará mas a Palavra não passará, “e é mais
fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei”
Lucas cap. XVI v. 17 (pag. 159).
• A noção de responsabilidade da Justiça Cristã apóia-se
no fato de que todo aquele que plana colhe segundo
suas obras: “o que planta e o que rega são um; mas
cada uma receberá o seu galardão segundo o seu
trabalho.”
• Justiça Cristã é mais benevolente, com base no perdão
e na reconciliação. Não Julgueis a fim de que não sejais
julgado porque vós sereis julgados segundo houverdes
julgado os outros – todos são imperfeitos –
95

• Amar somente os que vos amam não basta – inovação


de Cristo – Justiça Cristã é mais ampla e abundante –
Amai os vossos inimigos é a prática cristã (altruísmo).
(pag. 162 e 163).
• E para que mal e bem possam ser escolhidos,
discernidos, identificados é necessário da experiência
na dor, compartilhar a dor com o semelhante, estar
com o espírito em Deus é estar voltado para Deus por
meio do outro MATEUS, cap. V, 43 a 48: (ver na próxima
página)

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– “Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai
pelos que vos perseguem e caluniam. - Porque, se somente amardes
os que vos amam que recompensa tereis disso? Não fazem assim
também os publicanos? - Se unicamente saudardes os vossos irmãos,
que fazeis com isso mais do que outros? Não fazem o mesmo os
pagãos? - Sede, pois, vós outros, perfeitos, vosso Pai celestial é
perfeito.”
– “Aprendestes que foi dito: "Amareis o vosso próximo e odiareis os
vossos inimigos." Eu, porém, vos digo: "Amai os vossos inimigos;
fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e
caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que
faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre
os justos e os injustos. - Porque, se só amardes os que vos amam,
qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os
publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com
isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os
pagãos?” - percebe-se JUSTIÇA mais ampla e abundante.

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• Mundo bidimensional: um terreno (corpo) e outro espiritual


(espírito) (pag. 160) (Paulo cap. VI vv 19 e 20) – Lei Humana e
Lei Divina para um mundo bidimensional: um terreno
(corpo) e outro espiritual (alma): “ou não sabeis que o nosso
corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós,
proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmo? Porque
fostes comprados por bom preço; glorificai a Deus no vosso
corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.”
• A Justiça Cristã é transcendental – ela transcende a vida, é a
justiça depois da morte,.
• A Justiça final é a justiça divina e essa não falha, é uma Justiça
infalível.
• Na base do perdão está a reconciliação: “Reconciliai-vos o
mais depressa com o vosso adversário...” porque a lei está
clara que a mais justiça está em: Amai a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a vós mesmo.
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• Jushça que vai além da legalidade e da ilegalidade,


além do legal e do ilegal encontram-se as
fronteiras cristãs, além dos horizontes materiais.
Pode-se mesmo falar na inserção humana em um
mundo bidimensional, em uma duplicidade de
papéis, um terreno e outro espiritual:
– “ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito
Santo que habita em vós, proveniente de Deus, e que
não dois de vós mesmos? Porque fostes comprados por
bom preço, glorificai a Deus no vosso corpo, e no vosso
espírito, os quais pertencem a Deus.”

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• Justiça de natureza divina - dor e sofrimento são


instrumentos divinos para a educação das almas;
onde parece haver injustiça entre as ocorrências
humanas, em verdade, há justiça de natureza
divina, uma vez que Deus nada desconhece, ou
seja, tudo provê:

- Vide parábola na próxima página

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• “Disse Jesus também aos discípulos: Havia um homem rico, que tinha um
administrador; e este lhe foi denunciado como esbanjador dos seus bens.
Chamou-o e perguntou-lhe: Que é isto que ouço dizer de ti? Dá conta da tua
administração; pois já não podes mais ser meu administrador. Disse o
administrador consigo: Que hei de fazer, já que o meu amo me tira a
administração? Não tenho forças para cavar, de mendigar tenho vergonha.
Eu sei o que hei de fazer para que, quando for despedido do meu emprego,
me recebam em suas casas. Tendo chamado cada um dos devedores do seu
amo, perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu amo? Respondeu ele:
Cem cados de azeite. Disse-lhe, então: Toma a tua conta, senta-te depressa
e escreve cinqüenta. Depois perguntou a outro: E tu quanto deves?
Respondeu ele: Cem coros de trigo. Disse-lhe: Toma a tua conta e escreve
oitenta. O amo louvou ao administrador iníquo por haver procedido
sabiamente; porque os filhos deste mundo são mais sábios para com a sua
geração do que os filhos da luz. Eu vos digo: Granjeai amigos com as
riquezas da iniquidade, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam
eles nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no pouco, também é fiel no
muito; e quem é injusto no pouco, também é injusto no muito. Se, pois,
não fostes fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiará as verdadeiras?
Se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é nosso? Nenhum servo
pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer a um e amar ao
outro, ou há de unir-se a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus
e as riquezas”

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• Desprendimento de si mesmo oferecendo ao ofensor a


outra face, toda injustiça não será resolvida na revolta,
na vingança mas sim no perdão, no esquecimento das
faltas alheias e na confiança no julgamento de Deus
sobre o ofensor:
– Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.
– Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se
qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a
outra;
– E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe
também a capa;
– E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele
duas.Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser
que lhe emprestes.

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• Base do perdão - reconciliação:“Fazei aos homens tudo o que


quereis que eles vos façam; porque é a lei e os profetas”. (São
Mateus, Cap. VII, v.12)
• “Tratai todos os homens da mesma forma que quereríeis que eles
vos tratassem”. (São Lucas, Cap. VI, v.31)
• “Se perdoardes aos homens as faltas que eles fazem contra vós,
vosso Pai celestial vos perdoará também vossos pecados, mas se
não perdoardes aos homens quando eles vos ofendem, vosso Pai,
também, não vos perdoará os pecados”. (São Mateus, Cap. VI,
v.14, 15)
• “Se, pois, quando apresentardes vossa oferenda ao altar, vós que
vos lembrardes que o vosso irmão tem alguma coisa contra vós,
deixai a vossa dádiva aí ao pé do altar, e ide antes reconciliar-se
com o vosso irmão, e depois voltai para oferecer vossa dádiva”.
(São Mateus, Cap. V, v. 23, 24)
• “Não julgueis, a fim de que não sejais julgados; porque vós sereis
julgados segundo houverdes julgado os outros; e se servirá para
convosco da mesma medida da qual vos servistes para com eles”.
(São Mateus, Cap. VII, v. 1, 2)

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• Lei da caridade e do amor. Nem só de RAZÃO vive o


fiel mas sobretudo de FÉ – aquele que crê será
salvo. Se mede o homem por suas obras, as obras
cristas deverão assinalar benevolência, paciência,
tolerância, caridade, amor.
• Onde reside a vingança (vindita) não reside uma
máxima cristã. Não se pode entender como legítima
uma guerra ainda que religiosa, ainda que para
perseguir infiéis ou para disseminar uma doutrina
espiritual (Cruzadas).

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Lei humana e lei divina


• LEIS HUMANAS são leis circunstanciais, mutáveis, revogáveis,
presidida e aplicada por homens que são falhos, produzidas de
acordo com cada agrupamento e que se multiplicam exatamente
em conformidade com a diversidade de caracteres dos povos.
• Enquanto as LEIS DIVINAS são leis universais, inexoráveis,
perenes e irrevogáveis, presididas por Deus e por ele aplicadas.
• Liberdade de agir cristão reside no fato de que, conhecendo a
PALAVRA REVELADA, a VERDADE ABSOLUTA não precisa de outra
crença senão a crença no ensinamento de Jesus e assim você pode
“governar-se a si próprio” e “viver na carne tendo em vista o que
é do espírito” – LIBERDADE X está em oposição à idéia de
DETERMINISMO, ou seja, de um Deus que predeterminou o
destino dos seres humanos.
• O fiel é LIVRE para governar-se a si próprio (livre arbítrio) e
escolher, discernir o que deve ou não fazer.

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Finalidade primordial da existência humana


inter homines para Justiça Cristã: seu
crescimento espiritual.
• “Tudo é possível mas nem tudo que é lícito convêm, só convêm o
que edifica a alma.”
• Necessidade de identificar o lícito e ilícito do ponto de vista
Cristão.
• “Não é o que entra na boca que enlameia o homem, mas o que sai
da boca do homem”
• Doutrina que se exterioriza por meio de palavras e parábolas,
exemplo e comportamento (pag. 166).
• Coisas humanas e Coisas Divinas - Dai a César o que é de César e a
Deus o que é de Deus – Justiça Humana e Justiça Divina (pag.
167).
• O meu Reino não é deste mundo - Doutrina aparentemente
apolítica, indicativa da paz, do suportar, da benevolência.
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Crucificação de Cristo
• Imortalizou a figura da condenação injusta e da injustiça da
Lei humana.
• Missão de sofrimento e de ensinamento de Cristo:
– “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu
sangue, para demonstrar a sua injustiça pela remissão
dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de
Deus.”
• Os ladrões que ladeavam Jesus em sua crucificação diziam:
• “E nós, na verdade, com justiça porque recebemos o que
nossos feitos mereciam; mas esta nenhum mal fez.”

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Morte
• Filosoficamente falando nós somos os únicos seres que
sabemos que vamos morrer, temos consciência disso, somos
mortais. Nós filosofamos justamente porque, como temos
consciência que estamos vivos e que vamos morrer, somos
compelidos a lidar com essa realidade, tentar entende-la para
que possamos tirar a melhor sorte dela, entender se
enxergamos as essências ou somente as aparências, como
temos que nos comportar com relação aos outros, a ética, e
como lidar com essa certeza de que vamos morrar.
• A religião da uma resposta para isso, em como lidar com a
morta mas a filosofia também dá
• A filosofia cristã da idade média se tornou mais persuasivo,
conquistou mais gente, em determinado momento da história
humana nós PARAMOS de ser GREGOS E ROMANOS (filosofia
greco-romana) e passamos a aderir essa filosofia CRISTÃ?
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Deus imanente e transcendente


• Na filosofia antiga, como nas religiões panteístas, politeístas, elas acreditam
que Deus é imanente, que Ele é parte de tudo, portanto, não pode ser
dissociado do mundo material.
• As religiões de tradição judaico-cristã e islâmica, acreditam
que Deus é transcendente, divino, algo além da realidade mais óbvia e
questionável, existência singular e soberana de Deus. A doutrina da
transcendência de Deus possui várias implicações importantes para nós. Por
exemplo: como seres finitos, jamais poderemos conhecer plenamente a
natureza de um Deus infinito e transcendente. Tudo o que sabemos sobre
Deus não vem de nossas próprias descobertas, mas do conhecimento que
Ele mesmo resolveu nos revelar sobre si. Essa transcendência gera uma
distância, respeito, temor, obediência, reverência.
• Nesse sentido a concepção do próprio DEUS, PALAVRA, LOGOS,
VERBUM é alterada.
• Ambas origens são ensinadas na Bíblia: “Sou eu apenas Deus de perto, diz o
Senhor, e não também Deus de longe? Poderá alguém esconder-se sem que
eu o veja? – diz o Senhor. Não sou eu aquele que enche os céus e a terra? –
pergunta o Senhor” (Jeremias 23:23,24)

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• LOGOS nos pré socráticos, em Heraclito por exemplo, é tanto o


discurso como um principio unificador que garante a totalidade
das coisas. Imanência é a noção que a realidade é uma só a physis
(natureza/realidade) e Theos são divinos: dai que: “Só uma coisa é
sábia: conhecer o pensamento que governa tudo através de tudo.”
“É sábio que os que ouviram não a mim mas ao logos reconheçam
que todas as coisas são um” (panta hen).
• LOGOS helenista, em Cicero por exemplo, é a ordenação moral e
estética da realidade muito próximo do LOGOS dos pré socráticos
ressaltando que é necessário conhecer a natureza dos deuses
imanentes (que se confundem com a natureza), logos impessoal,
está em mim porque a natureza como um todo é organizada e bela
e eu, ser humano, tenho a natureza humana e ai faço parte dessa
perfeição do COMOS.
• LOGOS na concepção cristã não é mais IMANENTE, a concepção
Cristão não trás um Deus que segue a organização da natureza
mas trás um Deus TRANSCENDENTE, que é anterior à realidade e
que na verdade é Ele que cria essa realidade - INOVAÇÃO

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João 1
• 1No princípio já existia a PALAVRA (LOGOS
VERBUM).
• E a PALAVRA (LOGOS VERBUM) estava com
Deus, se dirigia a Deus.
• E a PALAVRA (LOGOS VERBUM) era Deus.
• 2 a PALAVRA (LOGOS VERBUM) se fez homem e
acampou entre nós. Contemplamos a sua glória.
• 3 Todas as coisas foram feitas por intermédio
dele; sem ele, nada do que existe teria sido
feito.
• 4 Nele estava a vida, e esta era a luz dos
homens.

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Lue Ferry – aprender a viver – p.81


• O que conta, antes de tudo, não é mais a inteligência, mas a confiança
dada à palavra de um homem, o Homem-Deus, o Cristo, que tem a
pretensão de ser o filho de Deus, o logos encarnado.
• E agora, a fé vai ocupar o lugar da razão, e mesmo levantar-se
contra ela. De fato, para os cristãos, o acesso à verdade não passa
mais — em todo caso, não em primeiro lugar, como para os filósofos
gregos — pelo exercício de uma razão humana que conseguia captar a
ordem racional, “lógica”, do Todo cósmico, porque ela própria seria
um emérito componente dele. O que vai permitir a aproximação do
divino, seu conhecimento e contemplação é, a partir de então, de uma
ordem inteiramente outra.
• LOGOS agora é encarnado, agora basta ACREDITAR, é a FÉ em um
LOGOS TRANSCENDENTE, antes de tudo VOCÊ precisa confiar e
não descrever cientificamente.
• Um cristão vai te mostrar um TESTEMUNHO, como era a vida antes e como
ficou depois, olha como a partir de Cristo tudo ficou melhor, basta você
confiar. A concepção de essência de realidade não é mais uma concepção
de LOGOS IMPESSOAL e sim um LOGOS PESSOAL que se conhece mediante
confiança e não racionalidade.

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Bibliografia dessa Apostila

!BITTAR, Eduardo Carlos B. Curso de Filosofia do


direito. São Paulo: Atlas, 2005.
!Plataforma UNIP.
!Bíblia
!Observações e anotações da professora Maria Elisa
Soares Rosa

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Dicas de filmes
• A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO – Duplo:( Parte I – 115 min.)
(Parte II – 57 min.) –
• OS BÁRBAROS – Sua História e seus mitos – Construindo um
império Produção H – History Logon.
• AS CRUZADAS , de 2005, sua História e seus mitos –
Construindo um império Produção H – History Logon.
• HISTÓRIA DAS RELIGIÕES ( DISCO 1) -Catolicismo, religiões de
pequenas sociedades, religiões naQvas da América, africanos e
afro-americanos. (DISCO 2) - Judaísmo, hinduísmo,
protestanQsmo, clássicos e mitos do mediterrâneo. (DISCO 3 )
– Islamismo, xintoísmo, ceQcismo, budismo e confucionismo.
TOTAL: 552 minutos, com temas que se entrecruzam: religião,
filosofia, pragmaQsmo e ceQcismo.
• JOANA D’ARC, de 1948 por Victor Fleming e de 1999 por Luc
Besson.
• Seriado ROMA. Ne~lix
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• ALEXANDRIA (Ágora) - filme dirigido e co-escrito por Alejandro Amenábar,


como a própria tradução do título indica, se passa na cidade egípcia que
abrigou uma das maiores bibliotecas e um dos maiores centros do saber da
humanidade. É neste ambiente em que encontramos a figura de Hipátia
(Rachel Weisz), uma filósofa, matemática e astrônoma que foi muito à frente
do seu tempo e que, em tempos em que outras mulheres não tinham
acesso ao conhecimento, ajudou na formação de muitos homens que se
tornariam líderes daquela localidade. A história do filme acontece num
período em que existia um embate entre a religião típica do Egito, marcada
pelo politeísmo, e o cristianismo, que ascendia naquele momento e que
pregava justamente a fé em um único Deus.
• O NOME DA ROSA - (130 min) - Século XIV. Um filme sobre a vida monástica,
as várias ordens de padres e a Santa Inquisição. O que se chama heresia é a
realidade que a Igreja quer ofuscar, apagar da História a própria História. O
filme é o testemunho dessa arquitetura da destruição, ilustrando ainda, a
pobreza e dominação que os servos sofriam.
• ENTRE A LUZ E AS TREVAS, de 1993, dirigido por Leslie Megahey.
• A RAINHA MARGOT, de 1994, dirigido por Patrice Chéreau.
• EM NOME DE DEUS, direção de Clive Donner.
• LUTERO, de 2003, dirigido por Eric Till.

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