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Mente Curiosa - Ano 2, Nº 23 - 2018

ELES TAMBÉM
SONHAM
Enquanto alguns
animais têm até

Curi sa
pesadelos, outros
nem chegam a dormir

CADA MIADO,
UM SIGNIFICADO
Entender a forma de
comunicação dos gatos pode
ajudar na convivência

O QUE OS
CAES PENSAM?
˜
Saudade, culpa, ciúme… descubra quais
sentimentos realmente passam pelo
cérebro dos nossos bichos de estimação
“Ele até
parece O MUNDO PELA
MENTE DOS CÃES
gente...” A gente até pensa que entende os
nossos bichos de estimação. Mas
Muita gente que tem bicho de será que eles realmente estão
estimação em casa já disse essa sentindo ou entendendo da forma
frase, de tanto que as emoções como imaginamos?
demonstradas pelos animais e seus
hábitos se parecem com os das
DICIONÁRIO
pessoas da casa. Cães e gatos, aliás,
DE RONRONAR
Apesar de serem menos
tornam-se membros da família e não expressivos que os cachorros, os
mais apenas animais que moram logo gatos também têm formas de se
ali no quintal. Mas será que essa comunicar com os humanos
proximidade toda realmente serviu
para que os donos se comunicassem BONS SONHOS!
melhor com seus bichinhos? Ou será Que tipo de sons e imagens passa
que grande parte das “respostas” pela cabeça dos bichos
enquanto dormem?
que eles dão é interpretada
erroneamente? Por exemplo, será que
o olhar de medo do cachorro quando
o dono chega em casa e vê uma
almofada em pedaços é sentimento de
culpa, mesmo? Algumas pesquisas já
desvendaram certas expressões dos
animais, enquanto outras ainda estão
em andamento para que possamos
entender melhor a complexidade da
mente animal. Que tal conferir o que
já foi descoberto?
Marisa Sei, editora
marisa.sei@astral.com.br
O mundo
pela
mente
dos cães
Eles sentem saudade,
diagnosticam doenças e
sabem o que o dono está
sentindo. Isso é o que já
foi desvendado da
complexa mente desses
bichinhos. Que tal
mergulhar no
mundo canino e
se encantar
ainda mais?
É
só a labradora Zuca entrar no hospital para crianças e idosos apresentarem uma
melhora significativa em seus estados de saúde. Quem se recusava a levantar da
cama já tem ânimo para caminhar até a cachorra e fazer um afago. Aqueles que
apresentavam sintomas depressivos já conseguem dar sorrisos ao reparar no olhar
irresistível de Zuca. A cena é comum em muitos hospitais e faz parte da zootera-
pia, ou Terapia Assistida por Animais (TAA), implantada no Brasil na década de 1990 após
pesquisadores perceberem os benefícios físicos e mentais que animais como cães, gatos e
cavalos podem proporcionar a pacientes, principalmente crianças, idosos e pessoas com pro-
blemas mentais.
Apesar de serem muito bem treinados para lidar com essas situações (aguentando até
puxada de orelha das crianças), pesquisas mostram que os cães conseguem saber o que os
humanos estão sentindo e criam uma empatia por essas emoções. No Instituto de Ciências
Biomédicas Abel Salazar, em Portugal, descobriu-se que esses animais ficam chateados
quando criados em um ambiente familiar com brigas. Em caso de emergências, também
conseguem pedir ajuda, o que sugere percepção da necessidade humana. Segundo
os pesquisadores, os cães são afetados pelas emoções humanas porque descendem
dos lobos, animais sociais que sentem empatia por outros da mesma espécie. Além
disso, a domesticação e a evolução selecionaram cães cada vez mais inteligentes.

Amigos que se compreendem


Não é à toa que afirmam que o cão é o melhor amigo do homem.
Os 14 mil anos de convivência foram mais que suficientes para fa-
zer um entender o outro. Para começar, o ser humano consegue
entender que tipo de emoção o cão está sentindo pela forma
como percebe seu latido, segundo um estudo publicado no pe-
riódico especializado Biology Letters. Participaram da pes-
quisa 39 pessoas expostas a diversos sons não-verbais,
como o de uma mãe rindo com seu bebê, um homem
roncando e um cachorro uivando e latindo. Os parti-
cipantes foram questionados se os sons eram positi-
vos ou negativos e qual sua intensidade emocional,
e os pesquisadores constataram a existência de uma
relação entre a forma como os ouvintes classificavam
os sons e a acústica desses ruídos. Os sons com dura-
ção mais curta, sejam emitidos por humanos ou por cães,
eram considerados mais positivos do que os sons de du-
ração mais longa.
E essa compreensão de sentimentos é recíproca, já que
os cães também têm áreas dedicadas ao processamento
da voz, como demonstraram os pesquisadores da Uni-
versidade de Glasgow, na Grã-Bretanha, por
meio de exames de ressonância magnética. Eles não entendem a TV
Os testes buscaram verificar como os cães Seu cachorro pode até parar, de vez
processam diferentes tipos de sons, incluin- em quando, para prestar atenção à
telinha. Eles percebem as imagens
do vozes, latidos e ruídos naturais. Sons de
e os sons na tela, mas isso não quer
alegria, como a risada de uma criança, fize- dizer que entendam o que está sendo
ram o córtex auditivo primário dos bichos se transmitido. As imagens da televisão
iluminar mais do que no caso de sons desa- são calibradas para a visão humana, que
gradáveis – o mesmo acontece com o cére- capta 60 quadros por segundo. Como os
bro humano, mostrando que os animais têm cães enxergam de 70 a 80 quadros por
mecanismos similares para processar o sen- segundo, veem as imagens como uma
tido social do som. sequência de slides trocados rapidamente.
Outro estudo, realizado na Emory Univer-
sity, nos Estados Unidos, aponta que o cérebro dos cachorros processa emoções também
de forma semelhante ao cérebro humano. Segundo o autor da pesquisa, Gregory Burns,
essa habilidade pode ser comparada à consciência de uma criança. Na pesquisa, foram rea-
lizados mapeamentos do cérebro de cães usando a ressonância magnética, que revelaram
que a estrutura e o funcionamento do órgão são bastante parecidos com os dos humanos
em relação aos processos de memorização e aprendizado. Esse e muitos outros estudos já
realizados derrubam a ideia do filósofo francês René Descartes, que afirmava que os ani-
mais eram como máquinas, não sentindo emoções e sequer dores.
Essa ligação entre homem e bicho foi explorada também pela especialista em compor-
tamento canino Patricia McConnel, em seu livro “Cães são de Marte
– Donos são de Vênus”, onde tira dúvidas e conta história sobre
os animais que já passaram por sua vida e também sobre
seus donos. “A chave da amizade entre homens e cães é
que se trata de uma ligação puramente emocional. O cão
tem uma competência ímpar para comunicar seus desejos
de comida, água, carinho e necessidade de um passeio.
Ele também é capaz de ler as emoções de seus donos e
responder apropriadamente a elas, num fenômeno
que os especialistas chamam de ressonância afe-
tiva”, afirma a pesquisadora.

Cara de culpado
Depois de um dia cansativo de traba-
lho, o humano chega em casa, mal abre
a porta e se depara com uma tremen-
da bagunça: jornal rasgado espalha-
do pela sala, almofadas
quase sem espuma, vaso virado com a terra esparrama-
da... e logo ali, mais à frente, o cachorro com aquela cari-
nha de culpa bastante conhecida, já com o rabinho entre
as pernas, esperando a bronca do dono. E a bronca vem
mesmo. Há quem grite com o cão, coloque-o de casti-
go, não dê biscoitos durante uma semana. Aí vem a má
notícia, que pode deixar o dono meio arrependido das
vezes que repreendeu o bichinho: o cão não entende o
motivo da bronca. Isso porque a bagunça já foi feita há
horas e, segundo a veterinária e professora Alessandra
Melchert, o castigo só é válido se for dado na hora exata
que a ação errada está sendo feita. “O cão tem consciên-
cia de que fez algo errado, porém, ele só tem essa com-
preensão quando aquilo é imediatamente repreendido.
Ou seja, quando chegamos em casa e vemos uma bagun-
ça feita provavelmente pelo nosso cão, e já olhamos para
eles, veremos uma cara de culpa, mas que pode estar re-
lacionada à expressão de raiva do proprietário”, explica.
O olhar culpado pode ainda estar relacionado à associa-
ção que o cão fez entre bagunça e chegada do dono, que
resultará em um castigo. Mas o cão não associa, neces-
sariamente, que foi a bagunça que ele fez que vai provo-
car o castigo. “Assim, não se pode afirmar que os cães
sentem culpa, e sim que eles sentem medo ou receio
de um comportamento do proprietário”, complemen-
ta Alessandra.
A pesquisadora Alexandra Horowitz, da Barnard
College, nos Estados Unidos, tentou desvendar essa
cara de culpa dos cães criando condições em que o pro-
prietário estava mal informado sobre se o seu ca-
chorro realmente havia cometido uma infração.
Horowitz mostrou que a tendência humana em
atribuir culpa ao olhar de um cão não se deve
ao fato de ele ser realmente culpado. Em vez
disso, as pessoas veem esse sentimento quan-
do simplesmente acreditam que o cão fez algo
que não deveria ter feito, mesmo se ele
for inocente. Durante o estu-
do, os proprietários de 14
cães foram convidados
a deixar a sala após ordenarem aos animais para não comerem um determinado alimen-
to. Enquanto o dono estava ausente, Horowitz deu a alguns dos cães este alimento proibi-
do antes de pedir aos proprietários que voltassem para a sala. Em certos casos, eles foram
informados que o animal havia comido o alimento, em outros, receberam a informação de
que o cão havia se comportado de forma adequada. Porém, isso nem sempre correspondia
à verdadeira situação. Ou seja, o “olhar de culpa” dos cães pouco tem a ver com o fato de
serem realmente culpados. Na verdade, os que foram obedientes e não comeram, mas ha-
viam sido repreendidos pelos seus donos, pareciam mais culpados do que aqueles que ti-
nham, de fato, comido o petisco. Mais uma prova de que essa expressão entendida pelos
humanos como culpa funciona como uma resposta ao comportamento do proprietário, e
não necessariamente um indicativo de qualquer julgamento dos próprios erros caninos.

Ai, que saudade!


Uma ausência maior do dono e o cão estará lá, na porta, esperando ansiosamente. Rabo
abanando, choro, pulo, lambida, corrida pela casa: cada um vai reagir de um jeito, e muitos
vão apresentar todas essas reações em conjunto. Que eles ficam felizes com o reencontro,
é certo. Mas será que sentem saudade? “Para quem convive com cães diariamente, não há
dúvida em relação a essa pergunta. Porém, para concretizar essa ideia, é importante uma
análise científica desse tema. Há histórias antigas sobre animais
que sentiam e/ou sentem falta de seus proprietários,
sendo algumas delas retratadas de diversas for-
mas, como esculturas, livros e até mesmo fil-
mes. Já existem pesquisas retratando o tema,
mostrando que de fato eles sentem nossa
falta, e conseguem diferir entre ser dei-
xados sozinhos por 20 minutos ou duas
horas. Isso já é um indício de como esses
animais se sentem”, comenta Alessandra.

A mais inteligente
Pesquisadores da Wofford Colle-
ge, nos Estados Unidos, fizeram testes
com a cadela Chaser, da raça border
collie, considerada a mais inteligen-
te das raças caninas, e descobriram
que ela consegue identificar mais de
mil objetos. A pesquisa teve como ob-
jetivo compreender questões como a
extensão do vocabulário do cão quan-
do exposto a treinamento intensivo, o
que esses animais entendem da linguagem humana e se de fato eles conseguiriam distin-
guir os objetos de comandos. Chaser foi capaz de aprender o nome de 1022 objetos em um
período de três anos de treinamento e, segundo os cientistas, ela só não conseguiu absor-
ver mais palavras por falta de tempo deles mesmos. O resultado da pesquisa mostra que os
cães possuem várias das capacidades necessárias para o aprendizado da linguagem humana
receptiva. Poodle, pastor alemão e golden retriever são outras raças que lideram o ranking
dos mais capacitados em aprender.

Faro aguçado
Para compreender o modo como os cães experimentam o mundo, é preciso, antes
de tudo, entender uma diferença básica entre esses animais e os humanos –
enquanto as pessoas que têm todos os sentidos funcionando perfeitamen-
te usam principalmente a visão para absorver tudo o que há de novo no
mundo, os cães usam o olfato. É que esse sentido, neles, é muito mais
desenvolvido do que os outros, como visão e tato. Estudos sugerem
que os cães percebem bem menos tons de cores do que o olho huma-
no, pois têm um número menor de fotorreceptores. Mas possuem mi-
lhares de células olfativas a mais. Por esse motivo, muitos pesquisadores
descartam o teste do espelho, usado para saber se um animal tem consciên-
cia ou não de sua existência, para conferir o grau de inteligência dos cães, já
que o uso do objeto necessita, exclusivamente, da visão – é como se a ima-
gem no espelho, por não ter cheiro, não tivesse importância para o cão.
E o que os olhos não veem, o focinho do cão sente. Ele sabe quando
o dono afagou o cãozinho do vizinho antes de entrar em casa; investi-
ga os pneus do carro e os sapa-
tos para saber por onde ele
esteve; pressente sua che-
gada a metros de distân-
cia. Por isso, quando for
passear com o bichinho,
que tal deixá-lo conhecer o
mundo mais com calma, em
vez de ficar puxando a guia
para ele andar mais rápi-
do? Afinal, não é só por-
que você já conhece todo
o bairro visualmente que
o cão também o faz – o re-
conhecimento do percurso
é dado pelo uso do focinho.
Muitas outras emoções
É comum que o filho mais velho faça manha,
Quê? Explica de novo?
birra e até pegue um resfriado com direito a febre Você está ali, batendo um papo com
só porque um bebezinho novo chegou à família. o cachorro, contando seus problemas
Esse sentimento de ciúme é conhecido por muitos do trabalho pra ele e tudo o que ele
pais com dois ou mais filhos e pode ter deman- faz é inclinar a cabeça e fazer cara de
dado um cuidado todo especial com o psicológi- desentendido. E esse gesto realmente
co da criança para prepará-la para a chegada do serve para compreender melhor o
irmãozinho. Os cães, que, segundo especialistas, que se passa ao redor do bicho: a leve
têm a capacidade intelectual de uma criança de inclinação faz com que ele focalize
melhor a imagem e capte os ruídos.
até dois anos, também são capazes de demons-
trar ciúme e inveja.
Pesquisadores da Universidade de Viena, na Áustria, comprovaram que os sentimentos
de injustiça e inveja nos cães fazem parte do seu mecanismo biológico. Foram testados 29
cachorros treinados no comando de dar a pata. Os ani-
mais selecionados já eram adestrados com seus tuto-
res, mas o teste envolvia obedecer ao comando para
um experimentador desconhecido, acompanhados pelo
tutor e por um outro cachorro ao lado. A reação dos
cães foi observada em diversas situações: ao obede-
cerem ao comando e não receberem recompensa,
ao verem o outro receber recompensa, entre ou-
tras. A experiência foi repetida algumas vezes e o
animal que não recebeu o petisco deixou de obe-
decer ao comando, voltando a atender os cientis-
tas somente quando foi separado do outro cão, o
ganhador da recompensa.
Na Universidade de Portsmouth, nos Estados
Unidos, o psicólogo Paul Morris confirmou que
os cães podem sentir inveja não só de outro
cão, mas de outro humano também. Quando
o dono traz um(a) namorado(a) para casa, por
exemplo, é comum que o cão tente se desfa-
zer desse relacionamento nos primeiros dias,
pois fica com medo de perder seu espaço,
recusando-se a “dividir” o dono com seu
parceiro.
Dicionário
de ronronar
Por serem bem mais sutis
do que os cães na hora
de se expressar, às vezes
fica difícil entender os
gatos. Mas eles também
possuem formas de se
comunicar – e basta
prestar atenção para
compreendê-los melhor!

A
independência dos gatos
já é bem conhecida. Há
inclusive quem se recuse
a ter o bichinho em casa
por acreditar que eles
não são carinhosos. Se comparados
com os cães, os felinos realmente
não vão necessitar de tanta aten-
ção do dono – mas isso não quer
dizer que não necessitem de
carinho e cuidados especiais.
Aliás, é preciso muita atenção
para perceber as diferenças
entre os miados do bichano.
Tem um gatinho em casa ou
se interessou em adotar um?
Confira algumas curiosidades
sobre o bicho!
É possível adestrar o gato?
Para muitos veterinários, o termo correto para ensinar o bom comportamento ao gato é
educar, e não adestrar, já que ele aprenderá a melhor atitude para o bem dele, e não simples-
mente para agradar ao dono ou para ganhar alguma recompensa.
É possível, sim, ensinar o gato, mas o processo de aprendizagem
é diferente do cão. Enquanto o cachorro aprende a respeitar
seu líder, os gatos absorvem mais pela curiosidade. “Existem
formas de se ensinar o gato a se comportar bem e até a fa-
zer truques, mas não há uma fórmula que funcione para to-
dos. Por terem personalidades bem distintas, o que funciona
para um pode não servir para outro da mesma casa”, ex-
plica a veterinária e adestradora Ana Paula Guer-
ra. Se o objetivo for ensinar truques simples,
como sentar, rolar e estender a pata, po-
dem ser tentados diversos tipos
de recompensa, como o petis-
co que ele mais gosta ou
um carinho no pescoço.

Gatos são de-


sobedientes?
“Na verdade, eles
são independentes. Ga-
tos fazem o que que-
rem, quando querem, e
não são tão facilmente
‘comprados’ por um pe-
tisco, por exemplo, como
os cães, que fazem qualquer
negócio por um biscoitinho
depois de treinados”, diz Ana
Paula. Essa independência não é
sinônimo de frieza – eles apenas
não fazem o que não têm vontade.
Por exemplo: quando o dono o chama,
o gato só vai se locomover se sentir-
-se confortável para isso, e não só para
obedecer. Esse grau de independência
varia de acordo com a personalidade do
animal. Existem, inclusive, gatos tão ca-
rentes quanto os cães.
Será manipulação?
Da mesma forma que as reações do dono acabam ensinando, involuntariamente, o ca-
chorro a ter comportamentos inadequados, muitas vezes é a atitude do dono que faz o gato
ter um bom ou mau comportamento. Os animais de estimação dependem do dono para ob-
ter comida, água, carinho, atenção, passeios, etc. Então, acabam desenvolvendo técnicas de
conseguir o que necessitam de forma imediata. Uma vez que o dono responde aos apelos
do bichano, ele compreende que o que fez é um bom caminho para atingir seu objetivo. Ao
miar insistentemente, por exemplo, o dono se incomoda e põe comida no potinho do gato
– a partir daí, o miado insistente vai permanecer sempre...

O rei do lar
Na vida selvagem, os cães viviam em ma-
tilhas e seguiam e respeitavam um líder,
o macho-alfa. Já os felinos não necessita-
vam de líderes para sobreviverem, e nem
sequer viviam em grupos. Lares com cães,
portanto, precisam de uma pessoa que
mostre comando para que os animais res-
peitem as regras da casa. Já para os gatos,
é mais o dono quem terá de se adaptar a
muitas necessidades dos bichinhos. “Para
evitar um mau comportamento, é preciso
oferecer ao gato o que ele necessita: for-
necer abrigo, locais para que ele possa
se esconder e lugares altos em que seja
permitido permanecer, pois eles gos-
tam de observar o mundo de cima”,
indica a veterinária. É preciso, por-
tanto, compreender a natureza dos
felinos.
Prova de que grande parte das emissões sonoras são dirigidas aos humanos é um estu-
do de psicologia evolutiva realizado pelo pesquisador Nicholas Nicastro, da Universidade de
Cornell, nos Estados Unidos. Uma gravação de 100 miados de 12 gatos foi tocada para dois
grupos de voluntários. O primeiro teve de dar uma nota de 1 a 7 conforme o nível de pra-
zer comunicado em cada uma das vocalizações dos felinos. O segundo grupo deu notas na
mesma escala tomando como critério a urgência ou a aflição dos miados. As vocalizações
mais longas ganharam notas altas em aflição e baixas em prazer – e é justamente o tipo de
miado usado pelo gato com fome. Já os miados mais curtos receberam notas altas em pra-
zer a baixas em urgência. Ou seja – depois de um tempo de convivência, os donos acabam
compreendendo seus felinos até pela voz.

Como saber quando o gato está feliz?


Enquanto o cão expressa alegria balançando a cauda, o mesmo gesto pode representar
o oposto com os gatos. Segundo especialistas em comportamento animal, balançar o rabo
rapidamente significa que o bichano está se sentindo irritado. Já um leve movimentar pode
ser demonstração de tranquilidade. Sobre o ronronar, há controvérsias: muitos afirmam que
o barulhinho feito não se sabe como significa relaxamento intenso e sensação de seguran-
ça mas que, dependendo da ocasião, gatos muito estressados podem ronronar.

É possível ensinar ao gato o que não fazer?


Sim, mas o bichano deve ser pego em flagrante, e não adianta gritar ou bater, já que ele
faz associações simples: se o dono bateu, sua companhia é uma coisa ruim. Portanto, para
puni-lo, o ideal é usar recursos que o amedrontem, como um borrifador de água ou um ba-
rulho intenso (chacoalhar cofrinhos com moeda ou estourar uma bexiga), e da maneira mais
discreta possível. Assim, o gato relaciona esse incômodo à sua ação: vai pensar que o fato
de subir em cima da mesma para tentar roubar comida é o que desencadeia o barulho alto,
por exemplo.

Mito ou verdade?
Você já deve ter ouvido que os felinos se ape-
gam à casa, e não ao dono. Por terem menos
habilidades sociais, pode até parecer que isso
seja verdade. Mas os gatos se apegam, sim, aos
seus donos – uns mais, outros menos. E podem
até ficar ansiosos ou estressados quando a au-
sência é muito longa.
Caso haja mudança de casa, os bichinhos po-
dem se sentir ameaçados por não estarem em
seu próprio território. Assim, durante um
tempo, o recomendado é mantê-los
dentro de casa para se acostu-
marem e não se sentirem
compelidos a fugir e pro-
curar o antigo lar.
5 DICAS PARA CONVIVER
MELHOR COM O BICHANO

1 Coloque arranhadores em lugares


estratégicos. Mais do que simples-
mente afiar as unhas, o ato de arranhar
é uma demarcação de território. Portan-
to, não adianta espalhar arranhadores
pela casa – é preciso que eles estejam
bem posicionados, como ao lado de so-
fás, pendurados na porta ou em lugares
em que o gato costuma ir com frequên-
cia. Arranhar é uma necessidade e, se fo-
rem impedidos, podem ficar estressados.

2 Mantenha a bandeja higiênica sem-


pre limpa. Por instinto, os gatos já
nascem sabendo onde devem fazer suas
necessidades e enterrá-las. Esse hábi-
to disfarça o cheiro para que o animal
não deixe rastros para possíveis preda-
dores na vida selvagem. Em casa, por-
tanto, é fundamental oferecer um local
para que os felinos mantenham o cos-
tume. O recomendado é que haja uma
bandeja com areia para cada dois ga-
tos, e que ela seja limpa diariamente. A
areia precisa ser trocada totalmente a
cada 15 dias.

3 Proporcione sempre água e comida


frescas. Pense em um copo d’água
e um prato de comida deixados na mesa
durante um dia inteiro. Você não vai ter
tanta vontade de saboreá-los no final
do dia, certo? O mesmo acontece com
os gatos, animais bastante seletivos com
o que comem ou bebem. O ideal é colo-
car uma pequena quantidade de ração
algumas vezes ao dia, para que ela este-
ja sempre fresca. O mesmo deve ser fei-
to com a água, que precisa ser trocada
diariamente. Para estimular o bichinho
a beber mais líquido, vale tentar bebe-
douros elétricos, que mantêm a água
circulando.

4 Esterilize o bichinho assim que pos-


sível. A castração deve ser enten-
dida como um método importante de
controle populacional, evitando que os
filhotes sejam abandonados e ainda pode
evitar algumas doenças, como tumores
de mama nas fêmeas. Depois de castra-
do, o gato macho não tem necessidade
de marcar território com urina – assim, a
casa toda fica livre de mau cheiro. Para
a cirurgia, procure um veterinário qua-
lificado e uma clínica de confiança.

5 Controle o peso do felino. Após a


cirurgia de esterilização, os gatos
ficam mais propensos a engordar. Por
isso, o ideal é consultar um veterinário
para saber qual o melhor tipo de ração
indicada – geralmente, são as com me-
nor teor de gordura. A obesidade pode
acarretar problemas como diabetes, por
isso, é importante também estimular o
bicho a gastar energia, oferecendo-lhes
brinquedos, por exemplo.
Bons sonhos!
Cães, gatos e passarinhos mexem as patinhas e até se
assustam enquanto dormem. Seriam apenas reflexos ou será
que eles estão assistindo a cenas de olhos fechados?

P
ara o psicanalista Sigmund Freud, os sonhos mostram aquilo que está no nos-
so inconsciente: desejos reprimidos, instintos, segredos que achamos que não
conhecemos. Já para alguns neurologistas, sonhos são apenas um conjunto de
lembranças desordenadas, que incluem o que presenciamos sem perceber. Inde-
pendentemente do que se acredita, a verdade é que todos os humanos sonham
– apesar de muitos não se lembrarem daquilo que “viram” durante a madrugada. Mas e os
outros animais? O que se passa na cabeça deles enquanto estão dormindo? Se o nosso cé-
rebro nunca para, o deles faria essa total pausa durante o sono?
Segundo o psicólogo Stanley Coren, em seu livro "The Intelligence of Dogs", cães e ou-
tros bichos são, sim, capazes de sonhar, já que passam pelos mesmos estágios de sono do
ser humano. Os humanos conseguem sonhar mais vividamente quando chegam à fase mais
profunda do sono, chamada de REM (sigla em inglês para rapid eye motion, ou movimento
rápido dos olhos). A fase tem esse nome porque o globo ocular realmente se mexe de forma
rápida por baixo das pálpebras. Muitos estudos mostram que mamíferos como cães, gatos,
macacos, elefantes e ratos passam pelo sono REM, quando sua atividade cerebral aumenta.
Coren também escreveu o livro “Os Cães Sonham?”, publicada no Brasil pela editora Com-
panhia das Letras. Na obra, o psicólogo resgata décadas de pesquisa científica sobre cães e,
em formato de perguntas e respostas, ajuda o leitor a entender melhor o sono e outros as-
pectos desses animais.

E sonham o quê?
Ao monitorar a atividade cerebral de ratos acordados e dormindo, cientistas do Centro
de Memória e Aprendizado do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Uni-
dos, constataram que os roedores têm um padrão de sono semelhante ao dos humanos,
com sonhos longos. Supõe-se que, na maioria das vezes, os ratinhos sonhem com ativida-
des ligadas à rotina do laboratório, como correr em um labirinto, ou então com comida. Ain-
da não foi possível descobrir as cenas que se passam na mente de cães e gatos, mas já dá
para imaginar. Eles abanam o rabo, mexem as patinhas e até latem ou miam, demonstran-
do estar felizes, correndo ou brigando.
Sono tranquilo
Para muitos biólogos e veterinários, é fundamental respeitar o
sono dos bichinhos de estimação, pois os sonhos podem ser influen-
ciados pelo ambiente em que eles vivem. Como para os humanos, a
fase do sono profundo é importante para o bem-estar dos animais. A
quantidade e a qualidade do sono dependem do grau com que os bi-
chos lidam com o perigo – espécies vulneráveis a predadores tendem
a dormir menos, porque precisam estar em constante alerta. Já os bi-
chinhos que vivem em uma casa confortável e segura tendem a dor-
mir mais e até a ter bons sonhos.

Há quem nem durma!


Enquanto cães e gatos são capazes de
até ter pesadelos, os peixes sequer
conseguem fechar os olhos, já que
não possuem pálpebras. Porém,
esses bichinhos também precisam de
descanso. Assim, seja durante o dia ou
durante a noite, a atividade vital dos
peixes cai por um certo período. Alguns
peixes descansam deitando sobre o
fundo do mar ou do rio, outras espécies
se escondem entre a vegetação, mas
todos necessitam de repouso.

Editora-chefe Viviane Campos Editora Marisa Sei Design Zu Fernandes (Editora-chefe) e Angela A. Soares Grupo Editorial Fernanda Villas Bôas (Assistente editorial), ©2018 EDITORA ALTO
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