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Disciplina: Farmácia Homeopática

Tema: Histórico da homeopatia

Profa. Maria Matilde Z. Baracat


mariamatildezb@gmail.com
VITALISMO
Doutrina filosófica
Admite um princípio vital distinto tanto da alma como
do corpo, estando na dependência deste princípio as
funções orgânicas.

Corpo físico dos seres vivos é animado e dominado


pela força vital, cuja presença distingue o ser vivo dos
corpos inanimados e sua falta determina a morte.

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VITALISMO
• A força vital é definida como a unidade
de ação que rege a vida física,
conferindo-lhe as sensações próprias da
vida e da consciência.
• Este princípio dinâmico, imaterial, distinto
do corpo e do espírito, integra a
totalidade do organismo e rege todos os
fenômenos fisiológicos.

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Desequilíbrio da força vital?
➢ Gera as sensações desagradáveis
e as manifestações físicas a que
chamamos doença.
• Segundo Kent (1988) as
manifestações patológicas da
estrutura celular seriam a
consequência precoce do
desarranjo desse princípio vital, o
qual constitui o elemento reativo
inicial do desequilíbrio.

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• No estado de saúde a força vital mantém as
partes do organismo em harmonia.

• Sua natureza não pôde até hoje ser


comprovada, mas admite-se que estaria
próxima de outras manifestações energéticas
do ser vivo, como a energia calórica e a
bioelétrica.

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• Conhecer a homeopatia é
conhecer a vida de seu
criador e suas
experiências na procura
de um sistema médico
onde “o mais alto ideal da
cura é o restabelecimento
rápido, suave e duradouro
da saúde ou a remoção e
a destruição integral da
doença pelo caminho
mais curto, mais seguro e
menos prejudicial...”
(Hahnemann, Organon §2)

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Samuel Hahnemann (1755-1843)

• Nasceu em Meissen (Alemanha)


• 1775- Leipzig- Faculdade de Medicina
• Graduou-se em medicina em Viena
(1779)
• Dedicou-se à química e preparação de
medicamentos
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Samuel
Hahnemann
• 24 anos de idade: poliglota-de
nove idiomas (latim, grego,
hebraico, inglês, francês, italiano,
espanhol, árabe e alemão).
• Efetuou inúmeras traduções
• Publicou 8 trabalhos
(traduções e obras literárias
originais)- 3 anos (1786-1788)
antes do desenvolvimento da
homeopatia
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Samuel Hahnemann
Posicionava-se contrário à utilização de
emplastros de chumbo ou do sublimado
corrosivo por via interna, cuja toxidade
denunciava

Publicou critérios de pureza e de


falsificação dos medicamentos

Criticou o uso abusivo do álcool e do café,


acusando-os de dois inimigos do sistema nervoso
e salientou a importância da higienização para a
prevenção das doenças.
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• 1790- Hahnemann
traduz a “Matéria
Médica” do prof.
Escocês William
Cullen, do inglês para
o alemão
➢Capítulo que tratava
do tratamento da
malária pelo uso da
China officinalis
(quina-quinino)
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• O livro afirmava: “A quina cura
a malária fortalecendo o
estômago, devido as suas
propriedades amargas e
adstringentes”.
• Hahnemann ficou em dúvida
sobre o efeito antitérmico do
medicamento estar sendo
atribuído a uma ação gástrica

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• Não concordando com essa hipótese,
Hahnemann resolveu experimentar
em si mesmo os efeitos da quina, ou
seja, testar a droga numa pessoa
sadia
• Tomou durante vários dias, 2X/dia, 4
dracmas (equivalente a 17g da droga)

➢ Durante esta experimentação registra


todos os sintomas de um “estado
febril intermitente”- fraqueza,
sonolência, tremores, além de outros
sintomas relacionados à malária

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Descoberta de Hahnemann

A perspicácia de Hahnemann
relacionou de imediato dois
fatos:
a quina cura a malária num
doente, mas é capaz de
provocar manifestações
semelhantes ao quadro clínico
da doença, num homem são

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• Concluiu que os sintomas


provocados pelo
medicamento se juntam
àqueles decorrentes da
Descoberta doença antes de o corpo
de reagir contra esse
Hahnemann conjunto, e por isso as
doses devem ser
diminuídas para
evitar intoxicações
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• É assim que ele testa com sucesso as
dosagens cada vez menores, que chamamos hoje
em dia de “infinitesimais” e que ele classificou na
época como “imateriais”.
❖Por outro lado, suas pesquisas põem em
evidência um fato ainda hoje sem explicação:
quando os medicamentos são simplesmente
diluídos, são pouco operantes; quando eles são
agitados energicamente a cada diluição, se
tornam eficazes.
• É por isso que Hahnemann não fala em diluição
e sim em “dinamização”.

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Pensamentos médicos
que antecederam
Hahnemann

• Empédocles- filósofo e
médico- Grécia (492-432
AC): primeira referência de
afinidade ou atração do
semelhante pelo
semelhante

Hipócrates (460-377aC): “a doença é produzida


pelo semelhante e pelo semelhante se faz curar”
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Concepção
Hipócrates sintética do
doente

• Natura medicatrix - discrasias ou


doenças se corrigem pelas forças
Descreve em sua curativas da própria natureza
terapêutica 3 • Uso de “contrários”
tipos de
• Terapêutica dos semelhantes –
procedimentos:
condutas -“Similia similibus
curantur”

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• No decorrer dos séculos muitos
cientistas se preocuparam com a
terapêutica pelos semelhantes,
entre eles Jan Baptista Van
Helmont (1577-1647), Rhumelius,
Boulduc, Detharing, Haller,
Betholon, Thoury, Storck e Stahl,
mas nenhum deles conseguiu
abordar o fenômeno universal da
semelhança com a necessária
clareza de uma lei

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“Similia similibus curantur”
• Afirmação de Hahnemann: “Os
remédios só podem curar doenças
semelhantes àquelas que eles
próprios podem produzir”
• Essa é a reflexão original que, junto à
experimentação de medicamentos
em pessoas sadias e sensíveis,
permitiu a criação da homeopatia, no
ano de 1796.
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Início da Homeopatia

• 1796- Hahnemann publicou o


artigo: “Ensaio para descobrir as
virtudes curativas das substâncias
medicinais, seguido de alguns
comentários sobre os princípios
curativos admitidos até nossos
dias”.
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Desenvolvimento da
homeopatia
Hahnemann
• Passou a experimentar em si
mesmo drogas como o mercúrio, a
Belladona e o Digital e confirmou
que “os mesmos efeitos eram
produzidos em todas as
experimentações do mesmo
medicamento”.
• 1799- epidemia de escarlatina
(doença infecciosa aguda,
exantemática) e Hahnemann
obteve ótimos resultados com as
experimentações de Belladona.
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Desenvolvimento da homeopatia

• Hahnemann testou em si e em seus alunos cerca de 60


substâncias diferentes, catalogando o conjunto de sinais e
sintomas físicos e subjetivos (patogenesia) que os indivíduos sem
doença desenvolviam durante a experimentação e salientou a
importância desta experimentação ser feita com uma única
substância por vez.
• 1806: publicação de "Indicações sobre o uso homeopático dos
medicamentos", onde usou-se pela primeira vez a palavra
HOMEO - PATIA – (homoios- semelhante) e pathos (doença).
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Obras escritas
Durante o desenvolvimento
da homeopatia Hahnemann
publicou, entre outras, três
grandes obras:
• O Organon da Arte de
Curar (1810);
• A Matéria Médica Pura
(1811) e
• Tratado de Doenças
Crônicas (1828).

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Doses infinitesimais
• Homeopatia ou terapêutica pelos
semelhantes surgiu independente
do conhecimento da atuação das
doses chamadas infinitesimais.
• Todas observações iniciais
decorreram do emprego de doses
sub-tóxicas, reduzidas mas sempre
ponderáveis.

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Doses infinitesimais
• A vivência das agravações clínicas
iniciais, transitórias mas indesejáveis,
levou Hahnemann a procedimentos
farmacotécnicos que resultaram na
segunda descoberta, exclusivamente
sua, da atividade energética das
doses mínimas ou "infinitesimais" do
medicamento "semelhante“

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Doses
infinitesimais
• A diluição e a dinamização
são conceitos introduzidos
por Hahnemann, visando à
diminuição da toxidez das
substâncias (diluição) e a
liberação da força
medicamentosa latente
das substâncias
(dinamização).
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• Inaugurou em sua residência o
Instituto Homeopático onde
recebia alunos e ministrava um
curso de 6 meses
Hahnemann • 1813- epidemia de tifo acomete
Leipzig e Hahnemann obtém
e a nova muito sucesso com o uso da
medicina homeopatia
• Seus estudos foram realizados até
a sua morte, aos 88 anos de
idade quando desfrutava de
muita reputação e prestígio
Homeopatia no Brasil
• A homeopatia chegou ao Brasil
em 1840 pelo médico francês
Dr. Benoit Jules Mure.
• 1843- Fundação do Instituto
Homeopático do Brasil
• Rápida propagação da prática
homeopática no Brasil
• Ambulatórios para atendimento
da população carente;
enfermarias no Hospital da
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• 1851- Separação da prática médica da prática
farmacêutica (pressão dos farmacêuticos)
• 1886- Decreto 9.554- lei que dava o direito de
manipulação apenas aos farmacêuticos.
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No final da década de 20, a homeopatia inicia seu
declínio, talvez devido ao advento da nova
terapêutica química na medicina, as sulfas e
antibióticos, visto que os médicos desta época
tinham um pensamento positivista e não vitalista-
animista como os homeopatas.

A partir dos anos 1960-70 inicia-se


um “renascimento” da prática da
medicina homeopática no Brasil

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• Decreto n. 57.477, de 20 de
dezembro de 1965: Dispõe
sobre manipulação, receituário,
industrialização e venda de
Aspectos produtos utilizados em Homeopatia
legais da e dá outras providências.
Homeopatia
no Brasil • Portaria n. 17, de 22 de
agosto de 1966: Dispõe sobre a
manipulação, receituário,
industrialização e venda de produtos
homeopáticos.
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Aspectos legais da
Homeopatia no
Brasil

• 1965- Decreto nº 78.841: foi


aprovada a parte geral da 1ª
edição da Farmacopéia
Homeopática Brasileira

• Portaria n° 1.180, de 19 de
agosto de 1997: Aprova a
segunda edição da Farmacopéia
Homeopática Brasileira

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• 1980- Resolução 1000/80:
reconhecimento da homeopatia
pelo CFF
• 1990- passa a constar do
Homeopatia Conselho de
no Brasil Especialidades Médicas da
Associação Médica Brasileira,
deixando de fazer parte das
terapias alternativas.

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• De terapia “alternativa”, ela se
desenvolveu científica e
politicamente para a posição
de Prática Complementar,
neste início do século XXI,
avalizada pelas políticas de
saúde do governo brasileiro.

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Escolas homeopáticas no Brasil

Alternista ou
Unicista Pluralista
Prescrição de dois ou mais
medicamentos, para serem
Prescreve um único
administrados em horas
medicamento, à maneira
distintas, alternadamente,
de Hahnemann, com
para que um complemente a
base na totalidade dos
ação do outro, atingindo,
sintomas do doente – o
assim, a totalidade dos
simillimum;
sintomas
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Escolas homeopáticas no Brasil
Organicista: Prescrição do medicamento é direcionada
aos órgãos doentes, considerando as queixas mais
imediatas do paciente. Essa conduta aproxima-se da
medicina alopática, que fragmenta o ser humano em
órgãos e sistemas.

Complexista: são prescritos dois ou mais


medicamentos, para serem administrados
simultaneamente ao paciente.

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Desenvolvimento da homeopatia
no mundo

Difundida em vários Trabalhos científicos


países pelo mundo. sendo realizados com
diferentes modelos

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Desenvolvimento da homeopatia
no mundo
Ensaios clínicos, duplo-cego,
randomizados, placebo controlados
foram e continuam sendo feitos em
várias partes do mundo, na busca da
consolidação científica da homeopatia.

Cientistas de todo o mundo vem


desenvolvendo protocolos visando
à compreensão dos efeitos das
substâncias diluídas e
dinamizadas.
vídeo
• https://www.youtube.com/watch?v=Vy6Iud0T
0LA

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• Brasil. Conselho Regional de
Farmácia do Estado de São Paulo.
Homeopatia. São Paulo: Conselho
Regional de Farmácia do Estado de
São Paulo, 2016. 2ª edição.
• Cornillot, P. Tratado de Homeopatia.
Referencias Porto Alegre: Artmed., 2005.
• Fontes, O. L. et al. Farmácia
bibliográficas Homeopática: teoria e prática.
Barueri, SP: Manole, 2012, 4ª ed.
• Kent, J.T. Lições de filosofia
homeopática. Tradução Dra Célia
Regina Barollo. 2 ed. 2002.

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