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ASSEMBLEIA NACIONAL
«política para o mar», que determine a extensão dos espaços
marítimos sob soberania e jurisdição nacionais, e que define
——— os poderes que o Estado Angolano neles deva exercer e no
Lei n.º 14/10 alto mar;
de 14 de Julho
A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo,
A Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito do Mar nos termos da alínea b) do artigo 161.º e da alínea d) do n.º 2
foi aprovada em Montego Bay, na Jamaica, a 10 de Dezem- do artigo 166.º, ambos da Constituição da República de
bro de 1982 e a República de Angola subscreveu-a nessa Angola, a seguinte:
mesma data.
LEI DOS ESPAÇOS MARÍTIMOS
A República de Angola ratificou a Convenção das Nações
Unidas Sobre o Direito do Mar, no dia 5 de Dezembro
CAPÍTULO I
de 1990.
Disposições Gerais
ARTIGO 12.º
(Delimitação das fronteiras marítimas ao Norte)
O exercício da autoridade do Estado Angolano nos espa-
ços marítimos sob a sua soberania e jurisdição e no alto mar,
As fronteiras marítimas ao Norte do Estado Angolano nos termos definidos nos artigos da presente lei e em legis-
com os Estados com costas adjacentes, salvo se de outro lação complementar, compete às entidades, aos serviços e aos
modo for estabelecido por Convenção Internacional ou outra organismos que exercem o poder de autoridade marítima no
prática for adoptada a título provisório, são constituídas pela quadro do Sistema de Autoridade Marítima Angolana.
linha equidistante.
SECÇÃO II
SUBSECÇÃO II Dever de Cooperação
Fronteira Marítima Sul
ARTIGO 17.º
ARTIGO 13.º (Dever de cooperação)
(Delimitação da fronteira marítima Sul)
A fronteira marítima Sul do Estado Angolano é delimitada Todas as entidades e todos os serviços ou organismos do
pelo Tratado de Delimitação de Fronteiras Marítimas, cele- Estado que exercem o poder de autoridade marítima no qua-
brado com a República da Namíbia, aos 4 de Julho de 2002. dro do Sistema de Autoridade Marítima têm o dever de coo-
perar entre si, no sentido de serem assegurados, na medida
SECÇÃO II das suas necessidades e disponibilidades, os meios adequados
Coordenadas Geográficas
ao cumprimento das respectivas missões.
ARTIGO 14.º
(Aprovação e depósito) SECÇÃO III
Competência de Jurisdição nas Águas Interiores
1. Em conformidade com o que dispõe a Convenção das
ARTIGO 18.º
Nações Unidas Sobre o Direito do Mar são aprovadas por
(Natureza jurídica dos poderes exercidos nas águas interiores)
acto legislativo próprio:
a) as listas relevantes de coordenadas geográficas refe- O Estado Angolano exerce, nas águas interiores, sobera-
rentes às linhas de base rectas, aos limites exte- nia idêntica à exercida sobre a parte emersa da crusta terres-
riores do mar territorial, da zona contígua, da tre.
zona económica exclusiva e da plataforma conti-
nental; ARTIGO 19.º
(Competência de jurisdição nas águas interiores)
b) as listas de coordenadas geográficas referentes às
linhas a que se refere o artigo 14.º da presente lei.
O Estado Angolano exerce plenamente a sua jurisdição
2. As listas de coordenadas geográficas referidas no pre- nas águas interiores em conformidade com o que dispõe o
sente artigo são depositadas junto do Secretário Geral das direito internacional convencional e o direito interno civil, e
Nações Unidas. criminal.
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ARTIGO 27.º
(Critério material)
ARTIGO 28.º
(Actividades de fiscalização e exercício do direito de visita)
ARTIGO 29.º
(Passagem inofensiva)
os tripulantes a bordo de navio estrangeiro na sua zona con- 2. O Estado Angolano, ao exercer a acção de fiscalização
tígua, se a actuação do tripulante do navio consubstanciar e considerando o disposto no artigo 110.º da Convenção das
uma infracção às suas leis ou regulamentos e, nesse caso, tal Nações Unidas Sobre o Direito do Mar, deve ter em conta
como no tráfico de estupefacientes previsto na alínea d) do que só deve fazê-lo quando tenha o mínimo de suspeita da
n.º 1 do artigo 27.º da Convenção citada, para o mar territo- prática eminente de qualquer infracção às suas leis ou regu-
rial, responsabiliza a actuação do navio. lamentos ou, então, que o navio pretenda demandar qualquer
dos seus portos.
ARTIGO 34.º SECÇÃO VII
(Critério material) Competência de Jurisdição na Zona Económica Exclusiva
1. O Estado Angolano tem o poder de fixar as capturas 3. Para efeitos da presente lei, consideram-se populações
permitidas dos recursos vivos na sua zona económica marinhas transzonais, as populações que se não contêm den-
exclusiva. tro da zona económica exclusiva do Estado Angolano, exis-
tentes em zonas económicas exclusivas de Estados adjacentes
ou existentes na sua zona económica exclusiva e numa parte
2. Ao Estado Angolano cabe fixar a quantidade de pes-
do alto mar que lhe é adjacente, bem como quanto ao dever
cado possível de ser capturado, com vista à conservação susten-
à conservação e a gestão de algumas espécies peculiares.
tável dos recursos, assegurando uma reprodução do pescado
e evitando a extinção das espécies. ARTIGO 40.º
(Mecanismos para prossecução dos direitos de soberania)
3. O Estado Angolano, na fixação do limite das capturas,
tem de tomar em consideração as duas regras seguintes, 1. O Estado Angolano, para a prossecução dos direitos de
impostas pela Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito soberania que exerce na sua zona económica exclusiva, ela-
do Mar, para evitar que os Estados costeiros fixem discricio- bora, nos termos das alíneas a) a j) do n.º 4 do artigo 62.º da
nariamente uma quantidade de capturas que seja totalmente Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito do Mar, leis
preenchida por esse mesmo Estado, nomeadamente: e regulamentos que fixam regras no âmbito da zona econó-
mica exclusiva, referentes, entre outras, às seguintes ques-
tões:
a) o «Princípio do Máximo Rendimento Constante»
(MRC) — consagrado no n.º 3 do artigo 61.º da
a) estabelecer o regime da concessão de licenças de
Convenção citada, segundo o qual, o Estado Ango-
pesca ou de caça dos mamíferos marinhos,
lano tem que ter em conta as necessidades eco- determinando os tipos e as quantidades de navios
nómicas das comunidades costeiras que vivem e de embarcações admitidos, apetrechos e apare-
da pesca e as necessidades especiais dos países lhos utilizáveis;
em desenvolvimento; b) fixar as taxas cobráveis;
b) o «Principio da Gestão Sustentável» (GS) — con- c) indicar as espécies capturáveis, a idade e o tama-
sagrado no n.º 2 do artigo 61.º da Convenção, nho permitidos, bem como as quotas de captura;
segundo o qual o Estado Angolano não pode pôr d) delimitar os períodos de pesca e de caça, e de defeso;
em risco, pelo excesso de captura, as espécies e) precisar as informações a prestar;
vivas existentes na zona económica exclusiva. f) regular o adestramento e treino do pessoal;
g) delinear os regimes societários e de associação não-
4. O Estado Angolano não procede unilateralmente à -societária das empresas que se dediquem à pesca
fixação do princípio do Máximo Rendimento Constante ou à caça;
(MRC), fazendo-o por imposição do disposto no n.º 5 do h) estabelecer as quotas que devem ser, obrigatoriamente,
artigo 61.º da Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito descarregadas em portos angolanos;
do Mar, através de acordos internacionais de auscultação, i) delimitar as áreas que constituem reservas naturais.
intercâmbio de informação científica e de cooperação, cele-
brados no seio de organizações internacionais, regionais ou 2. O Estado Angolano deve dar a devida publicidade a
mundiais, competentes, com a participação de todos os Esta- todas as leis e regulamentos que adopte, para fixar as medi-
dos interessados nos recursos vivos da sua zona económica das que tome nesses domínios.
exclusiva.
3. O Estado Angolano, para assegurar a observância do
ARTIGO 39.º cumprimento dessas leis e regulamentos, no âmbito da sua
(Conservação e gestão das populações marinhas transzonais) competência jurisdicional civil, penal e adopta medidas de
execução consubstanciadas no direito de visita, de inspecção
1. O Estado Angolano deve observar os regimes especiais e de apresamento, e estabelece os mecanismos judiciais e
previstos no artigo 63.º e seguintes da Convenção das Nações processuais que entenda necessários, dentro dos limites fixa-
Unidas Sobre o Direito do Mar e, complementarmente, os dos pela Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito do
artigos 116.º a 119.º da mesma Convenção. Mar.
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O Estado Angolano tem o direito exclusivo de construir, 2. O Estado Angolano tem o direito de suspender, ou até
de autorizar e de regulamentar a construção, operação e uti- de cancelar, as licenças que tiver entretanto concedido para a
lização de: realização dessa investigação científica se:
a) ilhas artificiais, instalações e estruturas para os fins a) as actividades de investigação não se realizarem de
previstos na alínea a) do n.º 1 do artigo 56.º da conformidade com as informações transmitidas,
Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito nos termos do artigo 248.º e nas quais se tenha
do Mar e para outras finalidades económicas que fundamentado o consentimento do EstadoAngolano;
não interfiram no exercício dos seus direitos na b) o estado ou a organização internacional competente
sua zona económica exclusiva; que realizar as actividades de investigação, não
b) instalações e estruturas que possam interferir no cumprir o disposto no artigo 249.º da Convenção
exercício dos seus próprios direitos na sua zona no que se refere aos direitos do Estado costeiro,
económica exclusiva. relativos ao projecto de investigação científica
ARTIGO 42.º
marinha.
(Jurisdição e fiscalização das ilhas artificiais, das instalações e das
estruturas) ARTIGO 44.º
(Protecção e preservação do meio marinho)
2. O Estado Angolano pode, além disso, quando o consi- 2. O Estado Angolano tem o dever de proteger e explorar
dere necessário, criar, em redor dessas ilhas artificiais, insta- os recursos naturais do meio marinho da sua zona económica
lações e estruturas, zonas de segurança razoável, nas quais exclusiva, tomando as medidas compatíveis com a Conven-
pode tomar medidas adequadas para garantir tanto a segu- ção das Nações Unidas Sobre o Direito do Mar, necessárias
rança da navegação como a das ilhas artificiais, instalações e para a prevenção, a redução e o controlo do meio marinho.
estruturas.
3. O Estado Angolano, a título preventivo, deve tomar
3. O Estado Angolano define a extensão das zonas de uma série de medidas antecipatórias do acidente de poluição,
segurança e deve concebê-las de modo a responderem compatíveis com a Convenção das Nações Unidas Sobre o
razoavelmente à natureza e às funções das ilhas artificiais, Direito do Mar, utilizando para, o efeito, os meios mais viá-
das instalações ou das estruturas, não excedendo uma dis- veis de que disponha e de conformidade com as suas possi-
tância de 500m em seu redor, medida a partir de cada ponto bilidades, devendo esforçar-se por harmonizar as suas
do seu bordo exterior, salvo autorização ou recomenda- políticas a esse respeito.
ção de normas internacionais consuetudinárias ou conven-
cionais. 4. As medidas de prevenção a tomar pelo Estado Ango-
lano devem referir-se a todas as fontes de poluição do meio
4. O Estado Angolano deve proceder devidamente à notifi- marinho, as quais nos termos do n.º 3 do artigo 194.º da Con-
cação da extensão das zonas de segurança. venção das Nações Unidas Sobre o Direito do Mar, devem
incluir, entre outras, as destinadas a reduzir tanto quanto
ARTIGO 43.º
(Investigação científica) possível a:
1. O Estado Angolano, nos termos do princípio fundamen- a) a emissão de substâncias tóxicas, prejudiciais ou
tal consagrado no n.º 1 do artigo 246.º da Convenção das nocivas especialmente as não degradáveis, pro-
Nações Unidas Sobre o Direito do Mar, concede a devida venientes de fontes terrestres, provenientes da
autorização a outros estados ou organizações internacionais atmosfera ou através dela, ou por alijamento;
1392 DIÁRIO DA REPÚBLICA
a) dos direitos de soberania relativos à exploração, ao exerce, sobre a sua plataforma continental, poderes de sobe-
aproveitamento, à conservação e à gestão dos rania finalisticamente limitados para efeitos de exploração e de
recursos naturais, vivos ou não vivos e a explora- aproveitamento dos seus recursos naturais.
ção e o aproveitamento desta zona para fins econó-
micos; 2. O Estado Angolano, ao exercer o seu poder soberano,
b) do exercício de jurisdição no que concerne, à protecção dominial sobre a sua plataforma continental, nos termos do
e à preservação do meio marinho, investigação n.º 2 do artigo 78.º da Convenção das Nações Unidas Sobre
científica, ilhas artificiais, instalações e outras o Direito do Mar, não pode afectar a navegação ou outros
estruturas. direitos e liberdades dos demais Estados nem ter, como resul-
tado, uma ingerência injustificada neles.
SECÇÃO VII
Competência de Jurisdição na Plataforma Continental
3. O Estado Angolano, nos termos do n.º 2 do artigo 79.º
ARTIGO 47.º da Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito do Mar,
(Natureza jurídica dos poderes exercidos na plataforma continental) não pode impedir que os demais Estados procedam à colo-
cação ou à manutenção de cabos ou de ductos submarinos,
1. O Estado Angolano, em conformidade com o que dis- ressalvado que esteja o seu direito de tomar medidas razoá-
põe o n.º 1 do artigo 77.º da Convenção das Nações Unidas veis para a exploração da sua plataforma continental e a pre-
Sobre o Direito do Mar, exerce, sobre a plataforma conti- venção, redução e controle da poluição causada por esses
nental, direitos dominiais próprios e de raiz, sobre a própria cabos e ductos.
plataforma, com o seu leito e subsolo, bem como, sobre
os recursos vivos e não vivos nela existentes. SUBSECÇÃO II
Direitos de Jurisdição e de Fiscalização
1. O Estado Angolano, nos termos do n.º 1 do artigo 77.º 1. O Estado Angolano, nos termos das disposições conju-
da Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito do Mar, gadas do artigo 80.º e alínea a) do n.º 1 do artigo 60.º, ambos
1394 DIÁRIO DA REPÚBLICA
5. Para os efeitos do presente artigo, o Estado Angolano 6. As leis, os regulamentos e as medidas que o Estado
deve proceder devidamente à notificação da extensão das Angolano adopte não devem ser menos eficazes que as
zonas de segurança. regras, as normas, as práticas e procedimentos recomendados,
de carácter internacional.
ARTIGO 53.º
(Perfurações na plataforma continental)
7. O Estado Angolano, nos termos do n.º 4 do artigo 208.º
O Estado Angolano, nos termos do artigo 81.º da Con- da Convenção, deve procurar harmonizar as suas políticas a
venção, tem o direito exclusivo de autorizar e regulamentar esse respeito, no plano regional apropriado.
as perfurações na sua plataforma continental, quaisquer que
sejam os seus fins. 8. O Estado Angolano, nos termos do n.º 5 do artigo 208.º
ARTIGO 54.º da Convenção e actuando por intermédio das organizações
(Escavação de túneis) internacionais competentes ou de uma conferência diplomática,
deve estabelecer as regras, as normas, as práticas e os proce-
O Estado Angolano, nos termos do artigo 85.º da Con- dimentos recomendados, de carácter mundial e regional para
venção, tem o direito de aproveitar o subsolo da sua plata- prevenir, reduzir e controlar a poluição do meio marinho,
forma continental por meio de escavações de túneis, qualquer proveniente directa ou indirectamente de actividades relativas
que seja a profundidade das águas no local considerado. aos fundos marinhos da sua plataforma continental e a pro-
I SÉRIE — N.º 131 — DE 14 DE JULHO DE 2010 1395
veniente de ilhas artificiais, de instalações ou de estruturas Nações Unidas Sobre o Direito do Mar, concede a devida
existentes sobre a sua plataforma continental, e que, com a autorização a outros Estados ou a organizações internacionais
periodicidade necessária, devem ser reexaminados. competentes para que executem, de conformidade com a
Convenção, projectos de investigação científica marinha na
9. As medidas de prevenção a tomar pelo Estado Ango- sua plataforma continental, exclusivamente para fins pacífi-
lano, na sua plataforma continental, nos termos da alínea a) cos e com o propósito de aumentar o conhecimento cientí-
do n.º 3 do artigo 194.º da Convenção, devem referir-se a fico do meio marinho em benefício de toda a humanidade.
todas as fontes de poluição do meio marinho.
10. As medidas de prevenção referidas no número ante- 2. O Estado Angolano tem o direito de suspender ou de
rior devem incluir, entre outras, as destinadas a reduzir a cancelar as licenças que tenha concedido para a realização
emissão de substâncias tóxicas, prejudiciais, especialmente dessa investigação científica, se:
as não degradáveis, provenientes da atmosfera ou através
dela ou por alijamento. a) as actividades de investigação não se realizarem de
conformidade com as informações transmitidas,
11. O Estado Angolano, nos termos do n.º 1 do artigo 210.º nos termos do artigo 248.º da Convenção e nas
da Convenção, deve adoptar leis e regulamentos para preve- quais se tenha fundamentado o consentimento do
nir, reduzir e controlar a poluição do meio marinho por ali- Estado Angolano;
jamento.
b) o estado ou a organização internacional competente
12. O Estado Angolano, nos termos do n.º 2 do artigo 210.º que realizar as actividades de investigação, não
da Convenção, deve tomar outras medidas que possam ser cumprir o disposto no artigo 249.º da Convenção
necessárias para prevenir, reduzir e controlar a poluição por no que se refere aos direitos do Estado costeiro
alijamento. relativos ao projecto de investigação científica
marinha.
13. As leis, os regulamentos e as medidas adoptadas pelo
Estado Angolano para prevenir a poluição por alijamento, ARTIGO 57.º
nos termos do n.º 3 do artigo 210.º da Convenção, devem (Mecanismos jurisdicionais para prossecução dos direitos de
jurisdição)
assegurar que o alijamento não se realize sem autorização da
Autoridade do Sistema de Marínha Angolana.
1. O Estado Angolano, nos termos do artigo 214.º da Con-
14. As leis, os regulamentos e as medidas adoptadas pelo venção das Nações Unidas Sobre o Direito do Mar, deve
Estado Angolano, nos termos do n.º 6 do artigo 210.º da Con- assegurar a execução das suas leis e regulamentos adoptados
venção, não devem ser menos eficazes que as regras e as nor- de conformidade com o artigo 208.º, adoptar as leis, os regula-
mas de carácter mundial, para prevenir, reduzir e controlar mentos e tomar outras medidas necessárias para pôr em prá-
essa poluição. tica as regras e normas internacionais aplicáveis, estabelecidas
por intermédio das organizações internacionais competentes,
15. O Estado Angolano, nos termos do n.º 4 do artigo 210.º
ou de uma conferência diplomática, com o fim de prevenir,
da Convenção e actuando por intermédio das organizações
internacionais competentes ou de uma conferência diplomática, reduzir e controlar a poluição do meio marinho, proveniente
deve estabelecer regras, normas, práticas e procedimentos directa ou indirectamente de actividades relativas aos fundos
recomendados, de carácter mundial ou regional para preve- marinhos da sua plataforma continental e provenientes de
nir, reduzir e controlar a poluição por alijamento, que com a ilhas artificiais, de instalações ou de estruturas sobre a sua
periodicidade necessária devem ser reexaminadas. plataforma continental.
16. O Estado Angolano, nos termos do n.º 5 do artigo 210.º 2. O Estado Angolano, nos termos do artigo 221.º da Con-
da Convenção, tem o direito de autorizar, regular e controlar venção, pode tomar medidas proporcionalmente ao dano
o alijamento, na sua plataforma continental, após ter exami- efectivo ou potencial, sobre uma ilha artificial, instalação ou
nado devidamente a questão com os Estados que, pela sua estruturas sobre a sua plataforma continental contra a polui-
situação geográfica, possam vir a ser afectados desfavora- ção ou perante a ameaça de poluição resultante de um aci-
velmente por esse alijamento. dente marítimo, entendendo-se como acidente marítimo, um
abalroamento, encalhe ou outro incidente de navegação ou
ARTIGO 56.º
(Investigação científica) acontecimento numa ilha artificial, numa instalação ou em
estruturas sobre a sua plataforma continental, de que resultem
1. O Estado Angolano, nos termos do princípio fundamen- danos materiais ou ameaça eminente de danos materiais à
tal consagrado no n.º 1 do artigo 246.º da Convenção das embarcação ou à sua carga.
1396 DIÁRIO DA REPÚBLICA
A presente lei entra em vigor à data da sua publicação. Sem prejuízo do disposto na presente lei, lei própria
estabelece o regime específico de elaboração, aprovação e
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, execução orçamental das Autarquias Locais.
aos 19 de Maio de 2010.
CAPÍTULO II
O Presidente, em exercício, da Assembleia Nacional, Do Orçamento
João Manuel Gonçalves Lourenço. SECÇÃO I
Do Orçamento
Promulgada aos 18 de Junho de 2010.
ARTIGO 3.º
(Definição)
Publique-se.
1. O orçamento é o instrumento programático aprovado
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS. por lei específica, de que se serve a administração do Estado
e a administração autárquica, incluindo os correspondentes
————————————
fundos e serviços autónomos, as instituições sem fins
Lei n.º 15/10 lucrativos financiadas maioritariamente por si e a segurança
de 14 de Julho social, para gerir os recursos públicos, de acordo com os prin-
cípios de unidade, universalidade, anualidade e publicidade.
A entrada em vigor da nova Constituição marca o início 2. O orçamento estima as receitas e fixa os limites das
de uma nova era em Angola. As novas visões e perspectivas despesas.
constitucionalmente assumidas nos domínios políticos, eco-
ARTIGO 4.º
nómico e social, impõem a adequação do quadro normativo (Anualidade)
infraconstitucional com vista a concretização dos objectivos
fundamentais do Estado. Tal é o caso da Lei do Orçamento. O orçamente é anual, coincidindo o ano económico com
o ano civil.
O orçamento, enquanto instrumento ao serviço da mate-
ARTIGO 5.º
rialização da política económica e social contida no Programa (Unidade e universalidade)
de Governação do Poder Executivo, assume-se como um
documento de particular importância para a vida da Nação. O orçamente é unitário e compreende todas as receitas e
Urge, por isso, face ao novo quadro constitucional, redefinir despesas de todos os fundos e serviços autónomos, institui-
as regras respeitantes à sua preparação, elaboração, aprova- ções sem fins lucrativos financiadas maioritariamente pelos
ção, execução e controlo. poderes públicos e a segurança social.
ARTIGO 6.º
AAssembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nos (Partes integrantes)
termos da alínea b) do artigo 161.º da Constituição da Repú-
blica de Angola, a seguinte: Integram o orçamento:
1398 DIÁRIO DA REPÚBLICA
a) o sumário geral da receita por fontes e da despesa legislação e de qualquer outro factor que possa influenciar o
por função do Estado; comportamento da sua arrecadação.
b) o quadro demonstrativo da receita e despesa, segundo
ARTIGO 9.º
as categorias económicas; (Classificação das receitas)
c) o quadro de dotações por órgãos;
d) as opções de política económica que serviram de As receitas orçamentais obedecem a duas classificações:
base para a elaboração do orçamento. a) classificação económica;
b) classificação por fonte de recurso.
ARTIGO 7.º
(Equilíbrio) ARTIGO 10.º
(Classificação económica da receita)
1. O orçamento deve prever os recursos necessários para
cobrir todas as despesas. 1. A classificação económica da receita compreende duas
categorias:
2. As despesas correntes não devem em caso algum
a) receitas correntes;
ultrapassar as receitas correntes.
b) receitas de capital.
3. Quando a conjuntura do período, a que se refere o
2. São receitas correntes, as receitas tributárias, patrimoniais,
orçamento, não permitir o equilíbrio do orçamento corrente,
de serviços, bem como as transferências recebidas para aten-
o Poder Executivo ou a Autarquia financia o respectivo
der quaisquer despesas.
défice sem recorrer à criação de moeda.
1. Constituem receitas orçamentais todas as receitas 4. As transferências recebidas a que não se refere o n.º 2
públicas, cuja titularidade é o Estado ou a Autarquia, bem do presente artigo, não implica contraprestações de bens ou
como dos órgãos que deles dependem, inclusive as relativas serviços e são oriundas da Administração Central, da Admi-
a serviços e fundos autónomos, doações e operações de cré- nistração Local, de pessoas singulares ou colectivas, públicas
dito. ou privadas, com ou sem fins lucrativos, do interior ou do
exterior do País e das famílias.
2. Tributo é a receita instituída pelo Estado ou pela
Autarquia, compreendendo os impostos, as taxas e contri- ARTIGO 11.º
(Classificação por fonte de recurso)
buições, nos termos legais em matéria financeira, destinando
o seu custeio de acções gerais ou específicas exercidas pelo
1. A classificação da receita por fonte de recurso envolve
Estado ou pela Autarquia.
simultaneamente a sua identificação quanto à origem e
quanto ao seu destino.
3. Não se incluem nas receitas de que trata o n.º 1 do pre-
sente artigo, as operações de crédito por antecipação de
2. Quanto à sua origem, as receitas são classificadas:
receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas com-
pensatórias no activo ou no passivo financeiro. a) receitas ordinárias do tesouro ou da autarquia;
b) receitas próprias;
4. Operações de crédito por antecipação de receita são as c) receitas de doações;
contratadas e pagas no mesmo exercício financeiro, com d) receitas de financiamento.
objectivo de compatibilizar, no período, o fluxo das receitas
com o das despesas. 3. Quanto ao seu destino, as receitas são classificadas:
a) sejam compatíveis com as opções de política eco- 9. O novo orçamento deve integrar a parte do orçamento
nómica, indiquem os recursos necessários, admi- do ano anterior que tenha sido executada até a cessação do
tidos apenas os provenientes de anulação de regime transitório estabelecido nos números anteriores.
despesas, excluídas as que se referem a pessoal e
ao serviço da dívida; CAPÍTULO IV
b) especifiquem, se o caso, a correspondente meta Créditos Orçamentais
quantificada.
ARTIGO 25.º
(Definição)
2. As restrições referidas no número anterior, não
excluem as emendas que visem corrigir erros ou omissões ou Em virtude da Lei Orçamental ou das suas alterações pos-
alterar o texto da proposta de lei. teriores, são instituídos créditos orçamentais, por intermédio
dos quais é executado o Orçamento Geral do Estado.
ARTIGO 24.º
(Aprovação pela Assembleia Nacional) ARTIGO 26.º
(Classificação)
1. O Presidente da República remete à Assembleia Nacio-
nal, a proposta final de Orçamento Geral do Estado, relativa 1. Os créditos orçamentais são de dois tipos:
ao exercício subsequente, até ao dia 31 de Outubro.
a) créditos iniciais, quando instituídos pela Lei Orça-
2. A remissão da proposta do Orçamento Geral do Estado mental;
à Assembleia Nacional é acompanhada por um relatório do b) créditos adicionais, quando instituídos por altera-
Presidente da República sobre as grandes linhas que a sus- ções posteriores à aprovação da Lei Orçamental.
tentam.
2. Os créditos adicionais são autorizações de despesas não
3. A Assembleia Nacional deve votar a proposta de Lei previstas ou insuficientemente orçamentadas e classifi-
Orçamental, até dia 15 de Dezembro. cam-se em:
4. Se a Assembleia Nacional não votar ou, tendo votado, a) suplementares, quando destinados ao reforço da
não aprovar a proposta de orçamento, reconduz-se o orça- dotação orçamental;
mento do ano anterior, até a sua aprovação final, vigorando b) especiais, quando destinados a atender despesas
as regras duodecimais sobre a gestão orçamental até a apro- para as quais não haja dotação orçamental espe-
vação da nova proposta. cífica na Lei Orçamental;
1402 DIÁRIO DA REPÚBLICA
c) extraordinários, quando destinados a atender despesas a) fixar a prioridade e a oportunidade das acções a rea-
urgentes e imprevistas, decorrentes de guerra, lizar e dos recursos a disponibilizar, à luz das
perturbação interna ou calamidade pública. relações com o ciclo produtivo, o clima, as nor-
mas de prestação de serviços públicos, a situação
ARTIGO 27.º
das obras e outros aspectos de igual relevância;
(Autorização e abertura de créditos adicionais)
b) evitar pressões sobre o mercado de bens e serviços,
bem como sobre a área financeira;
1. Os créditos suplementares especiais são autorizados
c) compatibilizar o comportamento da despesa com o
por lei e abertos por decreto presidencial.
da receita, de modo a reduzir eventuais insufi-
2. A Lei Orçamental pode prever autorizações específicas ciências de caixa e prever a necessidade de con-
ao Presidente da República para abrir créditos suplementares. tratação de operações de crédito por antecipação
de receita.
3. A abertura de créditos suplementares ou especiais
2. A programação financeira fixa os limites para cabi-
depende da existência de recursos disponíveis para atender as
mentação da despesa a favor das unidades orçamentais, agre-
despesas e é devidamente justificada pelo órgão interessado.
gados segundo os órgãos dependentes, especificados,
conforme se trata de despesas em moeda nacional ou moeda
4. Para fins do disposto no número anterior, consideram-
estrangeira e observados, todos os efeitos, os respectivos cré-
-se recursos disponíveis, desde que ainda não utilizados:
ditos orçamentais.
a) os provenientes do excesso de arrecadação, defi-
nido como saldo positivo das diferenças acumu- 3. O Ministro das Finanças, com base na programação
ladas, mês a mês, entre a arrecadação realizada e financeira trimestral, elabora o plano de caixa no período a
a prevista, deduzido o montante dos créditos ser aprovado pela Comissão Económica.
extraordinários abertos no exercício financeiro; 4. A disponibilização dos recursos financeiros efectiva-
b) os resultantes da anulação total ou parcial de dota- -se com base nos planos de caixa mensal.
ções orçamentais previstas nos créditos orça-
ARTIGO 29.º
mentais; (Comissão Económica)
c) os decorrentes de financiamentos ou doações, não
previstos anteriormente; Compete à Comissão Económica:
d) os oriundos de reservas instituídas com essa finali-
dade específica. a) propor a metodologia e o calendário para a progra-
mação financeira e as disponibilizações;
5. Os créditos extraordinários são abertos por decreto pre-
b) estabelecer por categoria de gastos os limites de cabi-
sidencial, devendo o Presidente da República dar de imediato
mentação ordinária das despesas das unidades
conhecimento à Assembleia Nacional.
orçamentais, de forma consistente com a evolu-
6. O acto que autorizar o crédito adicional deve especifi- ção das receitas e das alternativas de financia-
car o tipo de crédito, a importância, a origem dos recursos mento possíveis, efectuando os ajustes dos
disponíveis e a classificação da despesa. referidos limites sempre que forem necessários;
c) recomendar as medidas correctiva, na eventualidade
CAPÍTULO V de que os montantes de financiamento requeri-
Execução Orçamental e Financeira dos excedam o nível consistente com outros
objectivos da política económica, tais como o
SECÇÃO I
Programação Financeira crescimento da liquidez ou o nível da taxa de
juros, podendo tais medidas correctivas incluir o
ARTIGO 28.º acréscimo de receitas, a oportuna limitação da
(Objectivo)
cabimentação das despesas ou ambas;
1. O Ministro das Finanças, em coordenação com a d) submeter a metodologia e o calendário para a pro-
estrutura competente da Presidência da República, elabora gramação financeira e as disponibilizações, bem
uma programação financeira para cada trimestre a ser apro- como a programação financeira, à aprovação do
vada pelo Presidente da República, com base nos créditos Presidente da República;
orçamentais e nas informações relativas à arrecadação das e) estabelecer metas mensais para os recebimentos e
receitas, após a aprovação da Lei Orçamental com vista a: pagamentos do tesouro e para os saldos da Conta
I SÉRIE — N.º 131 — DE 14 DE JULHO DE 2010 1403
Única, para servir de referência à execução da a autoridade que praticou o acto, às sanções disciplinares,
programação monetária e à gestão das reservas civis ou penais aplicáveis.
internacionais líquidas;
f) acompanhar a evolução dos indicadores fiscais e 4. É permitida, desde que observadas as normas regula-
monetários que influenciam no crescimento da mentares:
base monetária e dos meios de pagamento e apro-
var as medidas correctivas necessárias; a) a cabimentação por estimativa da despesa, cujo
g) apresentar ao Presidente da República relatórios tri- montante não se possa previamente determinar;
mensais sobre a execução coordenada da política b) a cabimentação global de despesas contratuais ou
outras sujeitas a parcelamento.
fiscal e monetária.
ARTIGO 30.º 5. A cabimentação para os bens duradouros, de investimen-
(Despesa)
tos ou capital fixo e para os activos intangíveis, é precedida
da geração do processo patrimonial, com base no contrato,
1. Nenhuma despesa pode ser autorizada ou paga sem
acordo mútuo escrito e factura.
que, cumulativamente:
3. Para os bens duradouros e investimentos ou capital a) a origem e a natureza do crédito que se deve pagar;
fixo, a etapa de cabimentação é precedida da geração do pro- b) a importância exacta a pagar;
cesso patrimonial. c) a quem se deve pagar, para extinguir a obrigação.
Em cada ano, as regras de execução do Orçamento Geral O saldo financeiro do fundo autónomo apurado nas con-
do Estado, são publicadas por decreto legislativo presiden- tas públicas é transferido para o exercício seguinte, a crédito
cial.
do mesmo fundo, salvo determinação em contrário do diploma
SECÇÃO II legal que o instituiu.
Exercício Financeiro
1. O exercício financeiro coincide com o ano civil. Compete ao Presidente da República regulamentar o fun-
2. Pertencem ao exercício financeiro: cionamento, o controlo e a prestação de contas, que devem
reger os fundos autónomos.
a) as receitas nele arrecadadas e a arrecadar, bem
como os saldos financeiros do exercício anterior; CAPÍTULO VII
b) as despesas nele cabimentadas. Contabilidade
SECÇÃO I
ARTIGO 37.º
Disposições Gerais
(Anulação de despesas)
ARTIGO 43.º
Reverte para a dotação orçamental a importância corres- (Âmbito)
pondente a despesa anulada no próprio exercício.
A contabilidade evidencia, perante o Estado ou a Autar-
ARTIGO 38.º
(Exercícios findos)
quia, a situação de todos os agentes públicos que arrecadem
receitas, efectuem despesas, produzam bens e serviços, exe-
1. As despesas liquidadas e não pagas até ao encerramento cutem obras ou serviços, guardem ou administrem bens a ele
do exercício financeiro, após devidamente reconhecidas pertencentes ou confiados.
pela autoridade competente, são inscritas em restos a pagar.
ARTIGO 44.º
(Objecto)
2. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o
orçamento respectivo consignava crédito orçamental próprio
com saldo suficiente para atendê-lo, não cabimentadas e liqui- Os serviços de contabilidade são organizados de forma a
dadas na época própria, mas que poderiam ter sido atendidas permitir o acompanhamento da execução orçamental e finan-
em face da legislação vigente, após expressamente reconhe- ceira, os custos das actividades e dos projectos, as mutações
cidas pelo ordenador da despesa, são inscritas como despesas e a composição do património, bem como propiciar os ele-
de exercícios findos e são pagas à conta de dotação orça- mentos para o apuramento das contas parciais e da Conta
mental específica consignada na Lei do Orçamento ou de cré- Geral, assim como a análise e interpretação dos resultados
ditos adicionais. económicos e financeiros do Estado ou Autarquia.
I SÉRIE — N.º 131 — DE 14 DE JULHO DE 2010 1405
A contabilidade evidencia os factos ligados à administra- Todas as operações de que resultem débitos ou créditos de
ção orçamental, financeira e patrimonial. natureza financeira não compreendidos na execução orça-
mental são objecto de registo, individualização e controlo
ARTIGO 46.º contabilístico.
(Método)
ARTIGO 53.º
(Dívida flutuante)
A escrituração das operações orçamentais, financeiras e
patrimoniais é efectuada pelo método das partidas dobradas. A dívida flutuante compreende os restos a pagar, o ser-
viço da dívida exigível no próprio exercício, as cauções ou
ARTIGO 47.º garantias recebidas de terceiros e as retenções efectivadas em
(Controlo contabilístico) favor de terceiros.
SECÇÃO III
Os direitos e obrigações resultantes de contratos, ajustes, Contabilidade Patrimonial
avales, garantias e endossos de que a administração pública
seja parte estão sujeitos ao controlo contabilístico. ARTIGO 54.º
(Conceito)
ARTIGO 48.º
A contabilidade evidencia, nos seus registos, os bens,
(Escrituração de débitos e créditos)
direitos e obrigações, com indicação dos elementos necessá-
rios para a sua identificação.
Os débitos e créditos são escriturados com individualização
do devedor e especificação da natureza e valor. ARTIGO 55.º
(Inventário analítico)
ARTIGO 49.º
(Verificação de contas) O controlo do registo é feito mediante levantamento dos
bens e dos títulos representativos de créditos, que têm por
A verificação de contas dos agentes responsáveis por bens base o inventário analítico, estruturado segundo o responsá-
ou dinheiros públicos é realizada pelos serviços de contabi- vel pela sua guarda.
lidade.
ARTIGO 56.º
SECÇÃO II (Rendimentos patrimoniais)
Contabilidade Orçamental e Financeira
1. As componentes patrimoniais que geram rendimentos
ARTIGO 50.º
são registadas discriminadamente, com o objectivo de iden-
(Objecto)
tificar os devedores e a fornecer informações para a elabora-
ção da proposta orçamental.
A contabilidade orçamental e financeira deve evidenciar,
os registos:
2. As doações e outras formas de assistência não onerosa
de bens patrimoniais a favor do Estado ou Autarquia, são
a) orçamental, compreendendo o montante dos créditos
obrigatoriamente registados após a verificação do acto e acei-
orçamentais e as suas variações, a despesa cabi- tação pelo Ministério das Finanças, no caso do Estado, e pelo
mentada, liquidada, paga e os créditos disponí- correspondente órgão autárquico, no caso das Autarquias.
veis;
b) financeira, compreendendo a programação e execução ARTIGO 57.º
(Dívida fundada)
financeira, o montante dos tectos financeiros
autorizados, os limites periódicos de cabimentação
1. Os compromissos de exigibilidade superior a um ano,
da despesa e a concessão das quotas e limites
contraídos para atender a desequilíbrios orçamentais ou a
financeiros.
financiamentos de obras ou serviços, são inscritos na dívida
ARTIGO 51.º
fundada.
(Registo orçamental)
2. A dívida fundada é escriturada de forma a permitir, a
O registo contabilístico das receitas e das despesas é feito qualquer momento, verificar a posição de cada empréstimo e
de forma a atender as especificações da Lei Orçamental e as respectivos serviços da dívida, bem como é discriminada,
suas alterações. conforme o caso, em contratual ou mobiliária.
1406 DIÁRIO DA REPÚBLICA
a) demonstrativos da execução da receita e da despesa, O balanço financeiro demonstra a receita e a despesa orça-
nos níveis consolidado e detalhado das classifi- mental, bem como os pagamentos e recebimentos de natu-
cações institucional, funcional, programática e reza extra-orçamental, conjugados com os saldos em espécie
económica; provenientes do exercício anterior e os que se transferem para
b) relatório sobre os resultados da gestão orçamental, o exercício seguinte.
financeira e patrimonial, destacando-se a actividade
financeira do Estado, nos domínios das receitas, ARTIGO 61.º
(Balanço patrimonial)
despesas, tesouraria e créditos públicos, desta-
cando-se o impacto social e económico das ope-
O balanço patrimonial demonstra os activos e passivos e
rações do Governo;
subdivide-se em:
c) indicadores que permitam aferir o cumprimento da
Lei Orçamental, inclusive o da Segurança Social,
a) activo circulante, compreendendo as disponibilizações
levando-se em conta os resultados quantitativos
em numerário, os recursos a receber, bem como
e qualitativos alcançados;
outros bens e direitos em circulação, vencíveis
d) relatório da execução do plano de privatizações e a
até o término do exercício seguinte;
aplicação das suas receitas;
b) realizável a longo prazo, compreendendo os direi-
e) demonstrativo das participações do Estado nas tos realizáveis após o término do exercício
empresas públicas; seguinte;
f) demonstrativo das responsabilidades directas ou c) activo permanente, compreendendo os investimentos
indirectas do Estado, incluindo a concessão de de carácter permanente e as imobilizações;
avales; d) passivo circulante, compreendendo os depósitos e
g) demonstrativo das subvenções, subsídios, benefícios outras obrigações pendentes ou em circulação
fiscais, créditos e outras formas de apoio conce- exigíveis até o término do exercício seguinte, isto
didos pelo Estado; é, a dívida flutuante;
h) demonstrativo das doações e outras formas de e) exigível a longo prazo, compreendendo os com-
assistência não onerosa de organismos interna- promissos exigíveis após o término do exercício
cionais; seguinte, isto é, a dívida fundada;
i) relatório da execução dos programas de acção, f) património líquido, compreendendo o saldo patrimo-
investimento e financiamento das empresas nial ou seja, o património da gestão;
públicas, bem como o emprego ou aplicação das g) contas de ordem activa e passiva, compreendendo
subvenções a cargo dos serviços, institutos e fun- o acompanhamento da previsão e execução orça-
dos autónomos; mental e financeira, bem como o controlo rela-
j) demonstrativos da gestão patrimonial, com o desta- cionado com os bens, direitos e obrigações que
que para o inventário patrimonial; não integram o património, mas que, directa ou
k) demonstrativos da posição dos outros stocks de indirectamente, possam vir a afectá-lo e ainda os
activo e passivo; riscos e a concessão de garantias.
I SÉRIE — N.º 131 — DE 14 DE JULHO DE 2010 1407
assinado, nos termos das regras de execução 5. A gestão da dívida directa deve orientar-se por princí-
orçamental; pios de rigor eficiência, assegurando a disponibilização dos
b) as dotações destinadas ao pagamento de encargos financiamentos requerido em cada exercício orçamental, mini-
resultantes de sentenças de quaisquer tribunais. mizando os custos directos e indirectos numa perspectiva de
longo prazo, bem como garantindo uma distribuição equili-
ARTIGO 69.º brada de custos pelos vários orçamentos anuais.
(Controlo da despesa com o pessoal)
ARTIGO 72.º
É vedada a admissão ou contratação de pessoal a qual- (Preservação do património)
quer título, sem o devido planeamento de efectivos e previ-
são da respectiva dotação orçamental, exceptuando-se a É vedada a aplicação da receita de capital resultante da
reposição decorrente de aposentação ou falecimento de fun- alienação de bens e direitos que integram o património
cionários públicos dos sectores da educação, saúde e segu- público para o financiamento de despesa corrente, salvo se
rança social. destinada por lei aos regimes de segurança social e dos pró-
prios funcionários públicos.
ARTIGO 70.º
(Operações de crédito) ARTIGO 74.º
(Instrumentos de gestão)
1. O montante previsto para as receitas de operações de
crédito não pode ser superior ao das despesas de capital, Os organismos da Administração Central e Local do Estado
constantes do Projecto de Lei Orçamental. ficam sujeitos ao Plano de Contas do Estado na sua execução
contabilística, podendo ainda dispor de outros instrumentos
necessários a boa gestão e ao controlo dos recursos financei-
2. A operação de crédito por antecipação de receita reali-
ros e outros activos do Estado e das Autarquias, nos termos
zar-se-á somente a partir do vigésimo dia do início do exer-
previstos na lei.
cício e deve ser liquidada e paga, com juros e outros encargos
incidentes, até o dia 15 de Dezembro de cada ano, excepto no ARTIGO 74.º
caso de Bilhetes do Tesouro cuja data de vencimento recai (Publicidade)
borar a programação financeira, gerir e controlar a Conta 2. Os órgãos sectoriais do sistema patrimonial são as uni-
Única do Tesouro e coordenar a execução financeira do dades às quais lhes forem atribuídas as competências de ges-
Orçamento Geral do Estado. tão patrimonial dos órgãos de soberania, da Administração
Central e Local do Estado, dos serviços, institutos públicos,
2. Os órgãos sectoriais do sistema financeiro são os defi- fundos autónomos e da segurança social.
nidos no artigo 105.º da Constituição da República de Angola CAPÍTULO XI
e os Ministérios, Secretarias de Estado e demais órgãos que Disposições Finais
constituem o Executivo.
ARTIGO 79.º
(Revogação)
ARTIGO 77.º
(Sistema contabilístico do Estado) É revogada a Lei n.º 9/97, de 17 de Outubro, bem como
todas as normas que disponham em contrário ao estabelecido
1. O órgão central do sistema contabilístico do Estado é na presente lei.
a entidade do Poder Executivo legalmente encarregue de ela-
borar, aprovar as instruções para os registos contabilísticos e ARTIGO 80.º
(Dúvidas e omissões)
de realizar o apuramento da Conta Geral do Estado e dos rela-
tórios trimestrais da execução orçamental, financeira e patri- As dúvidas e omissões que se suscitarem na interpreta-
monial. ção e aplicação da presente lei são resolvidas pela Assem-
bleia Nacional.
2. Os órgãos sectoriais do sistema contabilístico são as ARTIGO 81.º
unidades às quais lhes forem atribuídas a responsabilidade (Entrada em vigor)