Para entender todas as camadas existentes no filme “O nome da
Rosa” é necessário estar ciente do contexto social no qual ele se passa: A Alta Idade Média. Esse período histórico foi de grande conturbação entre o clero e vários pensadores e filósofos que surgiam na eminencia do Renascentismo, que resgatou os valores racionais e antropocêntricos. O conhecimento racional era extremamente abominado pela igreja porque fazia com que as pessoas questionassem as leis divinas, que se utilizava do medo para o controle social. Umas das falas mais marcantes do filme é justamente sobre isso: “ O riso mata o temor e sem temor não pode haver fé”. A conservação do clero se dava através do medo. É nesse contexto que o padre jesuíta chega, representando toda a revolução política e de pensamentos que estavam acontecendo na Europa, confrontando as ideias dogmáticas e de verdades absolutas. O filme traz considerações importantes acerca da importância do conhecimento como forma de libertação e como sua retenção foi e ainda é usada como forma de controle social por parte das altas camadas da sociedade. O filme pode se passar na Idade Média, mas as discussões levantadas nele são bem atuais. O poder do conhecimento na sociedade e como ele pode transformar e libertar as pessoas, afinal, é através dele que todas as grandes revoluções mundiais e conquistas da humanidade aconteceram, porque quando alguém obtém conhecimento também adquire entendimento de si mesmo e da sua situação e atuação no mundo, podendo transforma-lo. Daí a importância da democratização e da disseminação de informações. Umas das maiores problemáticas encontradas atualmente é justamente a questão da propagação do conhecimento para as camadas sociais mais marginalizadas, principalmente quanto se diz respeito ao conhecimento produzido academicamente. É extremamente perigoso reter o conhecimento exclusivamente aos membros acadêmicos e à própria academia, porque as consequências são verdadeiros prejuízos a sociedade quando se diz respeito a democratização da informação. É dever das universidades procurar meios de difundir e fazer com que o conhecimento acadêmico chegue às várias camadas sociais existentes. As universidades devem estar sensíveis e atentas aos acontecimentos e as circunstancias sociais, buscando ao máximo envolver-se aos problemas da comunidade, levantando discussões e até estudando soluções, principalmente se a Universidade em questão for pública. É dever da instituição pública promover um “retorno” a sociedade, com projetos que atinjam as pessoas que não fazem parte do círculo acadêmico. E é bom sempre lembra que não há universidade sem sociedade.