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África/Brasil

“EM QUE ESPELHO FICOU PERDIDA A MINHA FACE”


(Cecília Meireles)
•Nos seus 30,2 milhões de Km², repartidos
por 53 países
a África tem 1 bilhão de habitantes, cerca de
15% da Humanidade, que aliás foi nela que
teve a sua origem.
•Nos países africanos mais de 60% da
população ainda não completou 25 anos, o
que perspectiva um grande potencial de futuro
para o menos desenvolvido dos continentes.
•É preciso derrubar os principais obstáculos
ao renascimento de África, outrora, vista como
um reservatório de escravos para o
engrandecimento das Américas.
A descolonização da África, entre 1950 e 1970, dá origem a
sistemas políticos frágeis, que, em muitos países, acabam
degenerando em ditaduras ou em sangrentas guerras civis
envolvendo clãs e etnias rivais.
A instabilidade do continente é uma herança do caótico
processo de colonização.
Muitos dos conflitos africanos se arrastam há anos sem
perspectiva de se obter a paz, como as guerras civis que
devastam a Nigéria, o Sudão e a Somália .
As principais tensões na África contemporânea ocorrem
nos Grandes Lagos e na porção norte do continente.
 CLIMA MEDITERRÂNEO
 ocupada pelos árabes
desde o século VII - vem
sendo convulsionada pelo
crescimento do
fundamentalismo
islâmico.

Revolução do Jasmin na Tunísia e os movimentos


recentes
 CLIMA ÁRIDO, SOLO RASO E SALINO
 GRANDES ANECÚMENOS
 PRODUÇÃO DE PETRÓLEO
 CONFLITOS:EGITO, SUDÃO, LÍBIA
REGIÃO DO SAHEL

 A zona é caracterizada
por uma savana e
estende-se da costa
oeste à costa este
africana, atravessando os
seguintes países: Senegal,
Mauritânia, Mali, Burkina-
Faso, Níger, parte norte
da Nigéria, Chade, o
Sudão, Etiópia, Eritreia,
Djibouti e Somália.
•mapa acima se refere à Somália, país do
chamado "Chifre a África", localizada na
porção centro-oriental do continente e é
caracterizada historicamente por inúmeros
conflitos de caráter étnico, fome crônica e
condições climáticas de semi-aridez (parte
da região está localizada no Sahel).
•A Etiópia, ou antiga Abissínia, é a única
nação africana que nunca foi colonizada
por potências ocidentais.
•Somália, Eritréia e Etiópia estão
envolvidos em conflitos de fronteiras,
étnicos e religiosos.
•Os piratas da Somália
 CLIMA QUENTE E ÚMIDO
 FLORESTA EQUATORIAL
 SOLOS PROFUNDOS ,LIXIVIADOS E
LATERIZADOS
 ALTOS ÍNDICES PLUVIOMÉTRICO
.
CLIMA SEMI-ÚMIDO
SOLOS LIXIVIADOS E
LATERIZADOS
PEQUENASÁRVORES,
ARBUSTOS
MISTURADOS COM
GRAMÍNEAS

SAVANAS
 PORQUE A ÁFRICA NAS SALAS DE AULA NO
BRASIL
RESPOSTA NECESSÁRIA PARA ENTENDER ALGUMAS
QUESTÕES COTIDIANAS DA NOSSA BRASILIDADE.
PARA DESVENDAR NOSSA ALMA, COMO REFLEXO DOS
NOSSOS LAÇOS HISTÓRICOS.
A Ignorância Brasileira

• Sobre a diversidade e riquezas das sociedades


•Na resistência em admitir uma outra verdade
  Estigmatizados
  Inferiorizados
  Com medo da própria imagem
  Não reivindicando o direito à sua
própria história, que é parte
fundamental da história de todos nós.
  A África não é uma selva tropical.
  A áfrica não é mais distante do que a Europa ou
mesmo a Ásia.
  As populações africanas não são um amontoado
de negros, em tribos, ao invés de reinos, ou mesmo
impérios.
  O europeu não “civilizou” a África apesar da
“missão civilizadora” e do “fardo do homem branco”.
  A África tem História e já tinha escrita.Oralidade
não é ausência de escrita.
  A África é UMA, mas é diversa. Diversas
populações, diversas culturas
“ a África é o outro lado da
rua e nos falta coragem
para atravessá-la.”
 Como entender nossos problemas sociais
sem entender as raízes do pensamento que
mascarou a realidade de exclusão e de
conflito racial?

 O que significa o termo democracia?

 Existem raças?
 O conceito de raça não seria, desde meados do
século XX, um conceito político e não biológico?

 Existe Democracia racial no Brasil? Convivem em


harmonia negros, mestiços, indígenas e
brancos?

 Os diferentes grupos de “cor” vivem sob as


mesmas condições de igualdade jurídica e
social?
 Do século XVI (1535) ao século XIX (1888) o
negro, de uma forma geral, ocupava o lugar de
escravo na sociedade.

 Ao longo do século XIX, com o desenvolvimento


do evolucionismo social, a “raça” negra é
entendida como inferior e o mestiço como um
ser degenerado.

 Assim, os cientistas defendiam a existência de


raças diferenciadas e que umas eram mais puras
que outras, sendo que a raça branca era
considerada a pura e desenvolvida.
 “ Esse tipo de viés foi encorajado
sobretudo pelo nascimento simultâneo da
frenologia e da antropometria, teorias
que passavam a interpretar a capacidade
humana tomando em conta o tamanho e
proporção do cérebro dos diferentes
povos.” (SCHWARCZ,1993, p.49)
 “ Recrudescia, portanto, uma linha de
análise que cada vez mais se afastava
dos modelos humanistas, estabelecendo
rígidas, correlações entre conhecimento
exterior e interior, entre a superfície do
corpo e a profundeza de seu espírito”.
(SCHWARCZ,1993, p.49)
Como desenvolver nosso país, nossa
raça?
 A “solução” foi a tentativa de branqueamento da
população brasileira. Ou seja, criar uma população
mestiça passou a ser a solução.

 Já nos anos de 1933, com a publicação da obra


“Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, grande
parte da intelectualidade brasileira e o Estado
passam a ver no passado escravocrata e no
presente uma nação brasileira harmônica sob o
ponto de vista da mestiçagem cultural. Entretanto,
a contestação desse ideário não demorou a se
fortalecer.
 Será ao longo das décadas de 1980 e 1990 que o
movimento negro questionará mais fortemente a
existência dessa democracia racial brasileira.

 Por quê esta discussão será aquecida nos anos 80?


Por causa das comemorações que marcaram o
centenário da abolição da escravatura, em 1988. O
slogan do movimento negro foi: "discriminação
racial", e não democracia racial, "é a base da cultura
brasileira“.

 Desde então, e cada vez mais, a democracia racial


está sendo questionada, pois, nunca existiu de fato.
 Levantamentos realizados em pesquisas
têm demonstrado que as atitudes e os
estereótipos racistas referentes a
negros,indígenas e mulatos estão
amplamente disseminados por toda a
sociedade brasileira.

 Os afro-brasileiros, principalmente, relatam


ser vítimas de racismo e discriminação no
dia-a-dia, seja nos espaços públicos e
privados.
 O número de desempregados é maior entre
homens e mulheres negros.
 Entre homens e mulheres negros o número de
desempregados maior é o das mulheres negras.
 Os negros são também maioria entre os
trabalhadores que ocupam as posições mais
vulneráveis do mercado de trabalho.
 Os negros entram mais cedo do que os brancos
no mercado de trabalho e são os últimos a sair.
 A jornada de trabalho dos negros é de uma a
duas horas mais longa do que a dos brancos em
todo o país.
 A população negra é também a que menos tem
acesso aos serviços e que menos se apropria da
riqueza que produz.
 O custoso investimento em educação que as
famílias negras realizam não tem o retorno
desejado.
 Em igualdades de condições de escolaridade e
experiência, trabalhadores negros recebem uma
massa salarial de 30% a 40% menos que os brancos.
 Os negros são 45% da população, constituem 68%
dos pobres do país.
 As pessoas analfabetas com mais de 15 anos de
idade representam 8,3% dos brancos, mas 19,8%
dos negros.
 A renda mensal média é de 410 reais para os
brancos e 170 reais para os negros.
“O abismo que separa os brasileiros brancos dos de
ascendência africana em termos de rendimento médio
familiar per capita, esperança de vida e nível de
escolaridade de adultos pode ser ilustrado também pelo
IDH desagregado por cor. Se fossem considerados como
habitantes de um país à parte, os afro-descendentes
ocupariam a 108º posição no ranking proposto pelo
relatório do PNUD, enquanto os brancos deteriam a 48º
posição – o Brasil, em 2000, ocupava a 74º posição entre os
162º países estudados. Essa constatação traduz
claramente a situação privilegiada – fruto de relações
históricas e sociais desiguais que se reproduzem e se
cristalizam na contemporaneidade – desfruta coletivamente
pela população branca e a franca desvantagem vivenciada
pela população negra no Brasil”. (BORGES, 2006. p.203).
 SCHWARCZ, Lilia Moritz. Uma história de “diferenças e
desigualdades”: as doutrinas raciais do século XIX. In:
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças:
cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-
1930. São Paulo: Companhia das Letras,1993.

 SCHWARCZ, Lilia Moritz. Racismo no Brasil. São Paulo:


Publifolha,2001.

 BORGES, Edson. História, estrutura social de privilégios e


ações afirmativas no Brasil. In: CHAVES, Rita; SECCO,
Carmen; MACÊDO, Tania (Orgs.) Brasil/África: como se o
mar fosse mentira. São Paulo: Editora UNESP;
Luanda,Angola:Chá de Caxinde,2006.p.179-216.

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