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532: O que muda com a lei que tipifica injúria racial como crime da
racismo?
Por Jovana Meirelles
Dentre suas primeiras ações em seu terceiro mandato, o presidente Lula (PT)
sancionou, no último dia 11 de janeiro, a Lei 14.532/2023, que equipara o crime de
injúria racial ao de racismo.
O texto ainda prevê novas penas para casos de racismo em contextos de atividade
esportiva, racismo religioso e recreativo.
A ementa da lei, que está em vigor desde o dia 12 de janeiro, também conta com
penalidade especial em casos de crime praticado por funcionário público.
Principais diferenças
É crime de injúria racial quando a honra de uma pessoa específica é ofendida por
conta de raça, cor, etnia, religião ou origem.
Seria um caso de injúria racial se, por exemplo, um torcedor, em uma partida de futebol,
ofendesse com palavras como “macaco” ou atirasse uma banana contra determinado
jogador negro. Ou ainda se uma senhora profere palavras racistas contra um motorista
negro em uma briga de trânsito.
Um exemplo de crime de racismo, por sua vez, seria se o responsável por uma empresa
proibisse que profissionais negros se candidatassem a uma vaga de emprego.
Outro caso, por exemplo, seria se uma pessoa atacasse fisicamente ou com palavras
racistas, como “macumbeiros”, algum centro religioso de praticantes da Umbanda.
Nestes casos, entende-se que as ofensas racistas são direcionadas a um grupo de
pessoas.
Principais semelhanças
Nos dois casos, os crimes são inafiançáveis, ou seja, as penas não podem ser anuladas
por meio de pagamento de fiança. Ambos também são imprescritíveis, isto é, não
possuem limite temporal para que sejam julgados.
Em crimes prescritíveis, existe um limite de tempo após o ato ser cometido para que o
caso seja julgado. Esse limite varia de 3 a 20 anos, conforme a penalidade do crime. No
caso da injúria racial e do racismo, portanto, mesmo que se passem 20 anos ou mais
da data do crime, este ainda poderá ser julgado.
A nova Lei 14.532/2023 altera e acrescenta alguns pontos à Lei 7.716/1989 (Lei do
Racismo), que continua em vigor conforme as respectivas mudanças.
A principal novidade é que, agora, a injúria racial passa a ser equiparada ao crime
de racismo. Sendo assim, passa a ter pena de reclusão de dois a cinco anos e multa,
assim como nos crimes de racismo.
Além disso, agora, os crimes de injúria racial são imprescritíveis. Isto é, podem ser
julgados em qualquer tempo, independentemente da data em que foram cometidos.
Antes da lei sancionada este ano, a prescrição para injúria racial era de oito anos.
Outra alteração é o aumento da pena quando o crime for cometido por duas ou mais
pessoas, o que passa a ser considerado “injúria racial coletiva”.
Além disso, a nova lei também determina algumas modalidades de racismo que, antes,
não eram evidenciadas. Isto é, a agressão a atletas, juízes, torcedores e torcidas, em um
ambiente de prática de esportes, passa a ser compreendido como racismo esportivo.
Por outro lado, ofensas disfarçadas de humor caracterizam o racismo recreativo,
enquanto o preconceito e a desqualificação das religiões afro-brasileiras é determinado
como racismo religioso.
Tais classificações na legislação são importantes não só para as ações punitivas, mas
também para aprofundar a ação de combate ao racismo, pois proporciona maior
embasamento e definições sobre os crimes.
A lei orienta aos juízes que considerem como “discriminatória” qualquer atitude à
pessoa ou a grupos minoritários que cause constrangimento, humilhação ou medo.
Sendo atitudes que, usualmente, não seriam cometidas contra outros grupos devido à
cor, etnia, religião ou procedência.
O texto da lei ainda especifica a penalidade para casos de crime cometido nos meios de
comunicação social (redes sociais, rede mundial de computadores ou de qualquer
publicação) ou em contexto de atividades esportivas, religiosas, artísticas ou
culturais destinadas ao público.
Nestas situações, além do cumprimento da pena de reclusão (de dois a cinco anos), o
agressor também será proibido de frequentar, por três anos, os locais públicos
destinados a práticas esportivas, artísticas ou culturais, conforme o caso.
Mudanças na prática
Outra novidade importante é que, em consequência da nova lei, não é mais necessário
que a vítima de injúria racial decida se quer ou não abrir investigação contra o ofensor.
Agora que você já sabe sobre os impactos da Lei 14.532/2023 e como ela interfere nos
crimes de injúria racial, também queremos saber a sua opinião sobre o tema! O que
achou das mudanças trazidas pela lei? Não deixe de comentar e compartilhar o que você
acha sobre o assunto!