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Pedro Franco &

Dalton Marcel
Advogados
OAB/BA 1920/2010

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL E DEFESA DO CONSUMIDOR DA COMARCA DE FEIRA
DE SANTANA, ESTADO DA BAHIA.

Classe Processual: 436-Procedimento do Juizado Especial Cível


Assunto: 6220-Responsabilidade de fornecedor.
7768-Rescisão do contrato e devolução do dinheiro

XXXXXXXXXXXXXXXXXxx, brasileira, casada, fisioterapeuta,


portadora do CPF sob o n° XXXXXXXXXXXXXXXX,
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, por seu advogado infra-assinado, vem,
respeitosamente, à honrosa presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE RESCIÇÃO DE CONTRATO DE CONSUMO

CUMULADA COM INDENIZAÇÃO

E TUTELA ANTECIPADA

contra XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, pelos motivos


de fato e de direito adiante expostos:

1. DOS FATOS E DO DIREITO.

A autora adquiriu junto à Primeira Demandada


XXXXXXXXXXXXXXX na data de 21/08/2014, o aparelho móvel celular
Motorola Moto G (XT1033 16Giga), XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, pagando o
preço de R$ 799,99 (setecentos e noventa e nove reais), conforme
documentação em anexo.

Contudo, com apenas 20 dias de uso, ou seja, no dia 09/09/2014, o


citado aparelho parou de funcionar. Assim, a autora ligou para o serviço de

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Av. Tancredo Neves, n° 169, 1° andar – Centro – 44.695-000 – Capim Grosso – BA.
pedro.dalton.advogados@gmail.com
(74) 3651.1694 – (74) 9148.4408 – TIM (74) 9125.0052 TIM (74) 8104.1206 - CLARO
assistência técnica da Motorola, prestado pela empresa Center Cell Com. e
Serv. Sorocaba Ltda., relatando o ocorrido. Essa retrocidata empresa orientou
a autora para enviar o aparelho, pelos correios, para a reparação do defeito.

Antes de envia-lo, contudo, a atendente, por telefone, da assistência


técnica, procedeu a alguns procedimentos e como a autora relatou que a tela
ainda “piscava”, a atendente advertiu que o aparelho poderia estar com o
sistema operacional “travado”. Mas logrou-se êxito e recomendou-se, ao final, a
remessa do aparelho para a assistência técnica.

O aparelho foi enviado no dia 19/09/2014 para a assistência técnica


e foi devolvido, sem reparação, no dia 03/10/2014 (docs. anexos).

A assistência técnica dos Réus alegou que o defeito apresentado


não é coberto pela garantia do fabricante, pois apresentou “identificador de
entrada de líquido na cor vermelha, o que comprova que o aparelho sofreu
exposição parcial ou total a líquidos conforme fotos abaixo” (doc. anexo) e que
essa alegada entrada de líquido ou umidade excessiva compromete o
funcionamento do circuito eletrônico do aparelho.

Acontece que o aparelho da autora, com apenas 20 dias de uso, o


mais próximo que chegou de água ou umidade foi da boca ou saliva da
mesma. Advirta-se M. M. Julgador, que a Autora nunca expôs o aparelho a
nenhuma umidade excessiva, salvo às próprias condições climáticas de Feira
de Santana/BA que, como se sabe, é relativamente seca. Não há qualquer
indício ou prova de mal uso do aparelho que, como se vê está em perfeito
estado aparente, sem qualquer risco, quebra ou prova de que foi submetido a
umidade, tampouco conduta que posse ter provocado oxidação.

O laudo técnico da assistência dos Réus reporta-se a um aludido


“identificador de entrada de líquido”, ou seja, chegaram a essa conclusão
por ter esse tal “identificador” acusado a suposta entrada de líquido ou umidade
excessiva.

Acontece, Excelência, que se houve oxidação, todo o circuito


eletrônico do aparelho deveria apresentar oxidação e, não somente, o tal

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“identificador”. De outro lado, nada garante que as fotos do Laudo Técnico dos
Reús sejam as do aparelho da Autora.

A autora inconformada com a negativa infundada dos Réus, chegou


a pesquisar sites de reclamação e, para sua surpresa no endereço web
http://www.reclameaqui.com.br diversos usuários/consumidores reportaram o
idêntico defeito aqui relatado (doc. anexos).

Conclui-se, portanto, que o defeito apresentado no aparelho trata-se


de um vício insanável e passível de indenização. A remessa do aparelho celular
à assistência técnica fez com que se chegasse à conclusão que o defeito
encontrado no aparelho era o de oxidação, o que inviabiliza o seu uso e, por
via de consequência, torna os fornecedores responsáveis pela substituição do
bem, ou a restituição do valor.

Não há qualquer elemento factível ou razoável que possa apontar


um mau uso do aparelho, por parte da Autora.

O Laudo Técnico da assistência, por sua vez, efetuou “perícia


informal” no celular, mas não chegou à conclusão de mau uso, restando
explicitada apenas a assertiva genérica de exposição do aparelho à umidade
excessiva circunstância que, isoladamente considerada, não serve de
excludente de responsabilidade.

Esse é o entendimento da 1ª Turma Recursal da Justiça gaúcha,


que em caso extremamente semelhante no RI nº 71001109321 (doc. anexo),
entendeu, inclusive, não ser necessário qualquer exame pericial, senão
vejamos:
CONSUMIDOR. APARELHO DE TELEFONE CELULAR. VÍCIO DO PRODUTO. OXIDAÇÃO DA PLACA.
COMPLEXIDADE INEXISTENTE. Inexistente prova de mau uso por parte
do consumidor, como fato elisivo da responsabilidade legal da fornecedora
do produto, subsiste o dever de reparar o dano. Recurso desprovido.
Unânime.

A autora, assim, desde o dia 20 de agosto de 2014 está privada de


usar o aparelho, irresignada com a negativa de garantia dos Réus e arcando

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com o prejuízo pelo valor despendido na compra do mesmo. Por outro lado, os
dissabores que enfrentou por conta do vício do produto, tendo que demandar
tempo e paciência para ligar para a assistência técnica, remeter o produto
pelos correios supera o que se chama de mero aborrecimento, pois fatos
assim, não estão ligados a problemas do cotidiano. Merece pois, reparação a
título de danos morais pelo grandioso transtorno causado pelo vício do produto
não sanado pelos Réus.

O parelho celular já vem sendo considerado como produto essencial,


pois suplanta a ideia de superficialidade, mas, sim, de um primaz nos dias
atuais, que prescinde de qualquer prova.

Na 5ª Sessão Ordinária da 3ª CCR, do Ministério Público Federal, foi


aprovado o Enunciado nº 08, que diz:

O aparelho de telefone celular é produto essencial, para os fins previstos no


art. 18, § 3º, da Lei nº 8.078/90 (CDC).

O art. 18 do Código de Defesa do Consumidor trata dos vícios que


tornem o produto impróprio ou inadequado ao consumo, ou lhe diminuam o
valor. O parágrafo primeiro estabelece o prazo de trinta dias para a solução do
problema, ao fim do qual o consumidor poderá exigir a substituição do produto,
a restituição do pagamento, ou o abatimento proporcional do preço.

Em caso de produto essencial, essas alternativas estão disponíveis


ao consumidor imediatamente, conforme o parágrafo terceiro.

2. DOS REQUERIMENTOS.

Nesse passo, a título de TUTELA ANTECIPADA, requer seja a


autora imediatamente ressarcida/restituída do valor pago pelo produto, no
importe de R$ 799,99 (setecentos e noventa e nove reais), acrescido de juros e
correção monetária até a data da efetiva restituição. A Autora, por sua vez,
requer seja autorizada a depositar em cartório o aparelho celular e acessórios
que o acompanharam (kit manuais, fone de ouvido, cabo de
sincronismo/carregador de parede, capas traseiras branca, vermelha, amarelo
limão e preta).

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Não se pode dizer que a tutela antecipada requerida é medida
satisfativa e, portanto, medida vedada, uma vez que pode ser reversível, posto
que, em eventual, porém improvável, caso de improcedência dos pedidos, a
autora pode ser condenada a ressarcir os Réus.

NO MÉRITO, pugna pela PROCEDÊNCIA TOTAL DOS PEDIDOS,


tornando definitiva a medida de tutela antecipada perquerida (restituição do
valor pago pelo produto, no importe de R$ 799,00, acrescida de juros e
correção monetária até a data da efetiva restituição), e condenando os Réus,
também solidariamente, ao pagamento de indenização por danos morais no
importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial a prova documental junta, depoimento pessoal das partes e
testemunhas.

Dá-se à presente o valor de 10.799,00 (dez mil, setecentos e


noventa e nove reais).

Termos que, pede deferimento.

Feira de Santana/BA, 4 de outubro de 2014.

Dalton Marcel Matos de Sousa


OAB/BA 19.685

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