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John Stott, uma carta de boas notícias 

Posted by Ultimatoonline 
Por Robinson Cavalcanti 

Abro  o  envelope  familiar  com  emoção. 


Depois  de  tantos  anos  de  recebê-lo  com  regularidade periódica, ele 
parecia  haver  cessado,  pois  não  o  tivemos  no  último  Natal.  Era  a 
carta  informativa  que  o  Rev.  John  Stott  envia  para  a  sua  lista  de 
amigos em todo o mundo. Essa agora vinha datada de julho. 
Como  se  sabe,  Stott  havia  se  mudado  em  agosto  de  2007  do  seu 
antigo  apartamento  (12  Weymouth  Street),  a  um  quarteirão  da 
Paróquia de All Souls, no centro de Londres, para as instalações do 
St.  Barnabas  College  (campus  de  uma  antiga  faculdade 
transformado  em  residência  de  idosos  para  ministros  anglicanos 
aposentados),  em  Surrey,  a  quarenta  minutos  da  capital  inglesa. 
Quando  eu  estive  com  Stott,  há  três  anos,  percebi  que  seria 
impossível  para  ele  continuar  no  velho  (e  espartano)  apartamento, 
com  aquela  escada  íngreme  entre  o  térreo  e  o  primeiro  andar, 
depois  de  duas  isquemias  e  uma  fratura  de  fêmur  que  haviam 
afetado  a  sua  visão  e  os  seus  movimentos,  embora  ainda 
caminhasse  relativamente  firme  com  a  sua  bengala.  Ele  passou  a 
usar  o  que  recebe  das duas aposentadorias (do governo e do fundo 
de pensão da igreja) para pagar a mensalidade no St. Barnabas. Em 
suas palavras, seria a verdadeira aposentadoria. 
No  primeiro  ano  Stott  ocupou  um  apartamento  de  quarto,  sala  e 
banheiro,  com  telefone  convencional,  telefone  celular  e  uma 
escrivaninha  com  computador.  Manteve-se  relativamente  ativo, 
respondendo pessoalmente as correspondências, e indo uma vez ou 
outra a Londres. No segundo ano, sua saúde se deteriorou, com um 
aumento  de déficit na visão, que não o permite mais contemplar os 
seus  pássaros  (passatempo  favorito),  e  o  impede  de  andar  mais  do 
que  alguns  passos,  passando  a  usar  uma  cadeira  de  rodas.  Agora 
está  em  um quarto confortável, com cama hospitalar e os cuidados 
de um auxiliar de enfermagem filipino, que o emociona ao chamá-lo 
de  lolo  (vovô).  Nos  últimos  doze  meses  foi  apenas  duas  vezes  a 
Londres. 
Sua  secretária  há  mais  de  meio  século,  Frances,  continua  a  dar 
expediente  algumas  horas  por  semana  no  escritório  do  antigo 
apartamento,  e,  todas  as  terças-feiras,  vai  “despachar”  com  ele  em 
St.  Barnabas.  Stott  continua  gozando  do  prazer  de  receber  visitas, 
mas prefere que escrevam diretamente para Frances. Ele está alegre 
por  ter  terminado  o  que  considera  o  seu  último  livro  (Discípulo 
Radical), cuja publicação está prevista para o Ano Novo. 
Depois  da  biografia  autorizada,  em  dois  alentados  tomos,  escrita 
pelo  historiador  e  bispo  anglicano  aposentado  Timothy 
Dudley-Smith, que cobre 80 anos de sua vida, a Inter-Varsity Press 
designou  Roger  Steer  para  escrever  um  texto  mais  popular,  John 
Stott  –  The  Inside  Story,  cujos  manuscritos,  revisados  por  Stott  e 
por Frances, estão em fase de editoração. 
Suas  propriedades,  acervos  e  direitos  autorais  continuam  a  ser 
geridos  pela  Langham  Partenership,  que  tem  como  curador  o  Rev. 
Chris  Wright,  especialista  em  Antigo  Testamento  e  ex-reitor  do  All 
Nations Christian College. Stott sente falta, particularmente, de sua 
casa  de  campo  em  uma  colina  diante  do  mar  frio  e  revolto do País 
de  Gales,  denominada  de  “The  Hookses”,  transformada  por  ele  em 
um  pequeno  centro  de  encontro,  onde  recebia  seminaristas, 
universitários e jovens pastores para encontros de reflexão. 
Com  dificuldades  de  visão  e  movimento,  ele  também  sofre  de  uma 
colite  microscópica,  mas  mantém  uma  invejável  lucidez  e  senso de 
humor.  Diante  das  limitações  da  idade,  diz  agradecer  pelo  que 
ainda tem. 
Lembro-me,  há  18  anos,  do  seu  aniversário  dos  70  anos,  quando 
tivemos  um  culto  de  ação  de  graças  (na  Paróquia  então  liderada 
pelo  Rev.  Michael  Greene)  e  uma  festa  no  Oxford  Centre  for 
Christian  Studies  (OCMS),  ocasião  em  que  o  presenteei  com  um 
artesanato  de  Olinda.  Nos  dias seguintes ministrou para um grupo 
internacional  exposição  bíblica  em  Colossenses.  Em  um  momento 
de  melancolia,  disse,  então:  “Em  breve  estarei  morto  e  esquecido”. 
Contudo,  continua  vivo  e,  cada  vez mais, traduzido e lido* em todo 
o  mundo,  influenciando  milhares  de  vidas,  como  um  dos  mais 
usados estadistas do reino de Deus para o seu tempo. 
Mantendo com ele um relacionamento de 42 anos, que evoluiu para 
uma  amizade,  oro  por  sua  saúde  e  agradeço  a  Deus  pelo  que  tem 
representado  para  minha  formação.  Jamais  esquecerei  o  apoio 
decidido  que  me  emprestou  durante  a  crise  em  que,  juntamente 
com  o  clero  e  o  povo  da  Diocese  do  Recife,  sofremos  a  violência 
institucional  e  moral  perpetrada  pela  casta  liberal  que  domina  a 
província anglicana do Brasil. 
Olinda (PE), 22 de agosto de 2009. 
•  Conhecido  no  mundo  inteiro  como  teólogo,  escritor e evangelista, 
John  Stott  é  autor  de  mais  de  40  livros,  incluindo  ​Por  Que  Sou 
Cristão​,  o  campeão  de  vendas ​Cristianismo Básico e ​A Bíblia Toda, 
O  Ano  Todo​,  publicados  pela  Editora  Ultimato,  além  de  ​Crer  é 
Também Pensar e ​A Missão Cristã no Mundo Moderno.  Ele é pastor 
emérito  da  ​All  Souls  Church,  Langham  Place​,  em  Londres,  e 
presidente  do  ​London Institute for Contemporary Christianity.​   Foi 
indicado  pela  revista  “Time”  como  uma  das  personalidades  mais 
influentes do mundo. 
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