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Futuro da mídia

brasileira passa
por decisão do
BNDES

Por Maurício Hashizume – 17/12/2003

16/12/2003 00:00

Brasília - Se fosse no futebol, seria possível


dizer que o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) está escalado
para cobrar um pênalti decisivo no campeonato
da comunicação social brasileira. Referências,
projeções, recomendações e dúvidas acerca da
possível ajuda financeira do banco estatal aos
integrantes das “três irmãs” da mídia brasileira -
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
Televisão (Abert), Associação Nacional dos
Editores de Revista (Aner) e Associação
Nacional dos Jornais (ANJ) – não faltaram no
seminário “A Ética na TV e o Controle Social
dos Meios de Comunicação”, realizada pela
Comissão de Ciência e Tecnologia,
Comunicação e Informática da Câmara Federal.
“O setor de rádio e televisão, ao longo da
história, não teve oportunidade de buscar
recursos em bancos como o BNDES. O que
estamos pedindo é a equiparação com relação
a outros setores da economia brasileira, como a
de transportes aéreos”, reivindicou Paulo
Machado de Carvalho Neto, presidente da Abert,
dizendo-se representante de 400 emissoras de
TV e cerca de 3.000 rádios.
A necessidade apontada por Carvalho, no
entanto, foi questionada por um “reforço
improvisado” do próprio time das empresas do
ramo. Flávio Cavalcanti Júnior, diretor do
Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) na capital
federal, afirmou, da platéia, que o seu grupo não
está se mobilizando para o que vem sendo
chamado de “Promídia”, termo resultante da
comparação direta com o Programa de
Estímulo à Reestruturação e ao Sistema
Financeiro Nacional (Proer), aplicado pelo ex-
presidente Fernando Henrique Cardoso em
meados dos nos 90 para sanear a “quebradeira”
de bancos privados.
“Não é verdade que os recursos estatais
financiam as grandes redes. Eles são bem-
vindos, mas não dependemos deles”, declarou
Cavalcanti, antes de estimar em 5% a
participação da publicidade oficial na conta do
SBT.
A despeito da falta de treinamento para
“jogadas ensaiadas” demonstrada pelos
dirigentes das grandes empresas de
comunicação, outros participantes mostraram
ímpeto em suas intervenções. Para Beto
Almeida, diretor do Sindicato dos Jornalistas do
Distrito Federal, que disse ter confiança na
condução de Carlos Lessa à frente do BNDES,
“a única contrapartida capaz de garantir que os
recursos públicos não sejam usados em vão
num setor de crise sistêmica, é que o BNDES, a
quem se solicita ajuda financeira, possa
também assumir parte do controle acionário
das empresas ajudadas”.
De acordo com Almeida, a Caixa Econômica
Federal estima destinar R$ 16 milhões à Rede
Globo em 2003. A mesma Caixa, porém,
repassará ao final deste ano apenas R$ 70 mil à
TV Cultura de São Paulo.
Números adicionais trazidos por Orlando
Guilhon, diretor-geral da Rádio MEC (Ministério
da Educação), acentuam essa disparidade. O
orçamento da TVE (TV Educativa do Rio de
Janeiro), somado ao da Rádio MEC - ambas
integrantes da Radiobrás, empresa estatal de
comunicação social – chegou ao total de
aproximadamente R$ 26 milhões. O orçamento
da SBT de Cavalcanti, segundo Guilhon, chega
aos R$ 500 milhões por ano. “Sem
investimentos humanos e tecnológicos, não
dá”, colocou, como complemento fundamental
às contrapartidas da negociação das grandes
empresas de comunicação com o BNDES, o
diretor da Rádio MEC.
Sugestão complementar à questão específica
do “Promídia” foi levantada também pelo
deputado federal Walter Pinheiro (PT-BA), um
dos organizadores do seminário. Ele, que
propusera a possibilidade de “mexer nos
bolsos” das empresas de comunicação de
outras formas, lamentou a ausência de
representantes das empresas estatais que
foram convidadas. Apenas a Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos (ECT) mandou um
representante. “Boa parte do financiamento é
de empresas estatais. Mas o Banco do Brasil,
por exemplo, não apareceu e ainda mandou um
caderno sobre mídia e transparência.
Transparência teria sido comparecer aqui para
debater”, queixou-se. ”Ainda há muita
resistência de todas as partes para tratar desse
tema. A influência da imprensa é tanta que
transforma até defunto em vivo.”

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