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Curso Imaginologia
Conhecimento imaginológico com o diagnóstico clínico e a prática baseada
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Adaptações neurais no controle e expressão da força
muscular humana: uma revisão baseada em evidências
Adaptaciones neuronales en el control y la expresión de la fuerza muscular humana: una revisión basada en
las evidencias
Neural adaptations in the human muscular strength control and expression: A revision based on evidence
*Programa de Pósgraduação Stricto Sensu em
Daniel Teixeira Belloni*
Ciência da Motricidade Humana/PROCIMH/UCBRJ Alessandro Carielo de Albuquerque*
**Diretor da Escola Estadual Professor Clóvis Salgado/EEPCSMG Francisco de Assis de Souza Machado**
***Coordenado do Curso de Licenciatura em Educação Física da Júlio Cesar Correa Neto Carias***
Universidade Presidente Antônio Carlos/UNIPACMG
***Professor Titular do Programa de Pósgraduação Stricto Sensu em Vernon Furtado da Silva****
Ciência da Motricidade Humana/PROCIMH/UCBRJ dtbelloni@yahoo.com.br
(Brasil)
Resumo
Durante os estágios iniciais do treinamento, notamse expressivos ganhos de força de forma muito rápida. Atribuir estes acréscimos de produção de força
somente aos fatores hipertróficos é insuficiente para compreender cientificamente quais são os mecanismos mediadores do controle e expressão da força humana.
Aumentos significativos da ativação neural em análises eletromiográficas dos músculos fornecem sólidas evidências da existência de mecanismos neurais nas fases
iniciais do treinamento. Alem disso, alguns fenômenos, tais como a transferência de força cruzada causada por meio de exercícios unilaterais e as alterações nos níveis
de força durante sessões de prática mental, amparam intensamente a suposição da ação neural no controle da força muscular humana. Em síntese, grandes partes
dos presentes estudos focamse nas possíveis explicações do fenômeno das adaptações neurais. Contudo, os mesmos fornecem pouca ou nenhuma atenção às muitas
influências contidas nas propriedades intrínsecas das células neurais motoras, cujas mesmas, podem possuir um importante papel na explicação mais detalhada das
adaptações neurais. Acreditamos que os futuros estudos fornecerão atenção especial aos neurônios motores do encéfalo, devido as suas incríveis potencialidades que
permanecem ainda ocultos, porém em aberto para discussões.
Unitermos: Adaptações neurais. Controle e expressão da força muscular humana
Abstract
During the initial periods of the training, there are noticed a significant increase in the strength of form much fast. Attribute this increase in the production
strength only to the hypertrophy factors become insufficient to scientifically understanding the mechanisms mediators of the human strength control and expression.
Significant increases of neural activation in electromyography analyses of the muscles supply solid evidences of the existence of neural adaptations mechanisms in the
initial phases of the training. In addition, some phenomena such as cross education of strength caused through unilateral exercises and the increase of strength levels
observed during the motor imagery support intensely the supposition of the neural action in human strength control. In synthesis, great parts of the present studies
are focused in the possible explanations of the phenomenon of the neural adaptations. Thus, this studies no attention to many influences contained in the intrinsic
properties of the motor neuron cells having an important function in the most detailed explanation of the neural adaptations. We believe that the future studies will
supply with special attention to motor neuron brain to yours incredible potentialities that still remain unknown however opened for discussions futures.
Keywords: Neural adaptations. Human muscular strength control and expression
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital Buenos Aires Año 14 Nº 138 Noviembre de 2009
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Introdução
Um dos fenômenos mais intrigantes e fascinantes recentemente observados pela literatura científica sobre a
expressão e controle da força muscular humana nos períodos iniciais do treinamento de força são os fatores neurais.
Este fenômeno é comumente observado principalmente após algumas sessões de treinamento resistido.
As evidências científicas cujo comprovam a existência dos fatores neurais durante um programa de treinamento
têm verificado que um aumento da força muscular sem incidir em aumento da área de secção transversa muscular.
Em outras palavras, ocorrem aumentos de força sem a presença de hipertrofia muscular (Gabriel et al., 2006).
Portanto, estes rápidos saltos na força muscular são atribuídos ao fenômeno dos fatores neurais.
Evidências científicas sólidas revelam que, sujeitos com acidente vascular encefálico, alguma imobilização devido à
fratura de um segmento corporal, bem como, sujeitos que permaneceram a um longo período de repouso na cama do
leito de um hospital, podem beneficiarse das primeiras fases do treinamento de força. Inclusive indivíduos idosos com
idade extremamente avançada podem elevar seus níveis de força e potência muscular se beneficiando das fases
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iniciais do treinamento. Portanto, obter a compreensão acurada sobre mecanismos subjacente mediadores dos fatores
neurais é imprescindível.
Baseado nestes dados, fortes dúvidas pairam sobre quais mecanismos mediam a ocorrência das adaptações
neurais. Portanto, ao considerar a importância desta questão científica, o presente estudo teve como objetivo realizar
uma revisão de literatura na perspectiva de poder contribuir para uma explicação dos principais mecanismos
mediadores das adaptações neurais.
Revisão de literatura
Evidências das adaptações neurais
Aquisição de força muscular e área de secção transversa do músculo
O tamanho do músculo não pode explicar a quantidade da produção de força de um determinado
sujeito. Estudos têm revelado que o relacionamento linear entre a área de secção transversa e a
produção de força máxima alcança uma correlação de no máximo 55% (Young et al., 1995).
MacDougall et al., (1995), em sua intensa perspectiva de fornecer uma adequada explicação sobre as
fortes associações correlacionais constatadas por outros autores entre a área de secção transversa do
músculo e produção de força máxima, sugeriu um provável mecanismo de aumento da síntese protéica
após somente uma sessão de treinamento de força. Embora a hipótese sugerida por MacDougall et al.,
(1995) sobre o aumento da força máxima provida pelo leve aumento da hipertrofia muscular seja
bastante interessante, a mesma pode não ser totalmente correta. Estudos realizados na perspectiva de
elucidar as capacidades hipertróficas humana, por meio da medida da circunferência muscular grosseira,
ou ainda, por meio da área de corte transversal da fibra muscular por biopsia, têm demonstrado que os
aumentos significativos de hipertrofia muscular podem ser observados somente após oito semanas de
treinamento de força (Moritane e DeVries, 1979; Gabriel et al., 2006).
Uma outra forma de investigação tem sugerido que a expressão da força humana pode ser motivada
também, por meio da redução da ativação antagonista dos músculos. Alguns autores, como, por
exemplo, Jacobi e Cafarelli (1998) têm observado que a amplitude da atividade eletromiográfica dos
músculos antagonista durante um esforço máximo reduz de 20 a 22% em apenas algumas sessões de
treinamento de força. Esta atividade neuromuscular natural intitulada como cocontração dos músculos
antagonistas, quanto reduzida por meio do treinamento da força fornece evidencia da existência das
adaptações neurais.
Ao revelar o fenômeno da redução da cocontração dos músculos antagonista pelo treinamento,
poderseia pensar que tal fenômeno seria uma falha na ativação do sistema nervoso central para atingir
um elevado nível de força máxima. Entretanto, não foi esta a intenção dos autores. Sabese que o
fenômeno da cocontração antagonista é imprescindível para que o sistema nervoso central consiga
realizar os movimentos voluntários com máxima excelência motora. Consequentemente, sem a presença
deste componente, desempenhar movimentos de maneira sutil, ou ainda, de modo vigoroso, seria uma
tarefa impossível. Portanto, tornase bastante válido mencionar que a cocontração dos músculos
antagonistas é um extraordinário mecanismo coordenativo do sistema nervoso central para exercer
movimentos com elevada precisão motora.
Educação cruzada
Um fenômeno antigo e bastante conhecido na literatura neuromuscular, cujo mesmo datase do início
do século passado, recebe a denominação de educação cruzada. É atribuído aos autores Scripture et al.,
(1894) a primeira demonstração deste fenômeno para a comunidade científica. A educação cruzada,
basicamente pode ser definida como o aumento da força máxima do membro contralateral não
treinado, após um regime de treinamento de força experimentado pelo membro homólogo ipsilateral.
Em outras palavras, treinase apenas um membro, entretanto, ocorre aumento de força em ambos os
segmentos homólogos (Farthing et al., 2009). A magnitude da educação cruzada após um regime de
treinamento pode alcançar altos percentuais, que variam entre, aproximadamente, 25 até 30% da força
máxima obtida no membro homólogo treinado (Hortobágyi, 2005). Contudo, em poucos casos,
evidências sobre este fenômeno tem revelado aumentos percentuais na força máxima do membro
contralateral não treinado, cujos mesmos alcançam, aproximadamente, 77% de transferência cruzada
de força (Hortobágyi, 2005). Além disso, melhoras no fluxo sanguíneo são comumente observados com
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o concomitante aumento da força, implicando em uma maior capacidade de endurance do membro
contralateral não treinado (Kannus et al., 1992; Nagel e Rice, 2001).
Poucas dúvidas existem sobre o fato da educação cruzada de força muscular possui suas bases
funcionais entrelaçadas aos fatores neurais. Primeiramente, pouca ou nenhuma alteração na estrutura
mecânica muscular contrátil acompanha os aumentos de força observados no membro não treinado
(Housh et al., 1992; Hortobágyi, 2005). Em segundo, evidências sólidas têm revelado que quando o
membro ipsilateral é acionado, independentemente de esta contração ser evocada voluntariamente ou
eletricamente, ambos os córtex cerebrais ipsilateral e contralateral são ativados (Stinear et al., 2001;
Taniguchi et al., 2001). Finalmente, as evidências sobre o fenômeno da educação cruzada revelam que
os efeitos gerados no membro contralateral pelo treinamento unilateral experimentado pelo membro
ipsilateral melhoram significativamente o padrão da frequência de disparos das unidades motoras.
Autores como Patten et al., (2001); Taniguchi et al., (2001) e Hortobágyi (2005), sugeriram que os
motoneurônios, cujo controlam o membro contralateral não treinado recebem frequentemente um
estímulo excitatório de baixo limiar, demonstrando um possível efeito de adaptação às frequências de
disparo das unidades motoras. Portanto, fica evidente que os fatores neurais mediam o fenômeno da
educação cruzada de força.
Prática mental e a força muscular humana
Outro fenômeno de elevado valor para o entendimento científico sobre a expressão da força humana
é a prática mental. A prática mental pode ser realizada por meio de contrações imaginarias. Em outras
palavras, a Prática mental se trata de uma ação virtual de movimento, efetuado somente com o
pensamento (Yue e Cole, 1992; Kiers et al., 1997; Guillot et al., 2007).
Yue e Cole (1992), observaram que indivíduos submetidos a um curto período de prática mental,
obtiveram aumentos significativos de força máxima dos músculos flexores dos cinco dedos das mãos.
Estas investigações começam a revelar os mecanismos pelo qual a prática mental poderia auxiliar o
movimento humano.
Mecanismos fisiológicos neurais de aquisição de força
Recrutamento das unidades motoras
Um assunto de grande valor científico e frequentemente arraigado nos textos relacionados com os
mecanismo de controle e expressão da força é: qual tipo de unidade motora se ativa durante elevados
níveis de força muscular? A literatura está repleta com referências do seletivo recrutamento das
unidades motoras. De acordo com o princípio da ordenança por tamanho das unidades motoras descrito
por Henneman et al., (1965), as unidades motoras possuem um seletivo processo de recrutamento, de
modo que as menores unidades motoras são recrutadas anteriormente que as maiores. De modo
sucinto, a explicação da sequência de ordenança no recrutamento das unidades motoras proposta por
Henneman et al., (1965), se baseou em profundas análises do limiar de excitabilidade das fibras
musculares. As investigações bastante detalhadas sobre as unidades motoras de contração rápida,
constataram que estas determinadas fibras possuem um alto limiar de excitabilidade. Por outro lado, as
unidades motoras de contraçãolenta têm baixo limiar excitável. Logo, fica bastante claro “o porquê” da
sequência de ordenança observado nas unidades motoras. Quanto maior for o status
de ativação do
sistema nervoso central no músculo, maior força será alcançada, partindo sempre da seletividade entre
a fibra muscular de baixo limiar para a de alto limiar de excitabilidade.
Conhecer como o sistema nervoso central opera o recrutamento das unidades motoras é um assunto
que deve ser discutido, principalmente, devido a sua importância para o entendimento científico mais
concebido do fenômeno dos fatores neurais.
Outra dúvida sobre o funcionamento do recrutamento das unidades motoras levanta uma
ambiguidade sobre seu verdadeiro recrutamento durante um esforço máximo. Por exemplo, uma técnica
frequentemente utilizada com a finalidade de responder esta carência cientifica envolve aplicações de
eletroestimulação em status máximo concomitantemente com uma contração evocada voluntariamente
em empenho máximo. Os estudos realizados com contrações voluntárias máximas completadas com o
uso da eletroestimulação máxima, definida nos originais internacionais como “ superimposed twitch
contractions ” (isto é, Ativação contrátil superimposta), mostraram que no inicio do treinamento de força
não ocorre ativação completa de todas as unidades motoras (Knight et al., 2001). Há algumas dúvidas a
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respeito desta recente técnica. Por exemplo, poderia o uso da ativação contrátil superimposta causar
efeitos positivos no recrutamento das unidades motoras? Esta lacuna científica ainda permanece oculta.
Frequência de disparos das unidades motoras
Evidências revelam que quando as unidades motoras são ativadas pelo sistema nervoso central
produzem impulsos elétricos com um limiar que alcança, aproximadamente, 8 a 12 impulsos por
segundo (Bear et al., 2006). Este fenômeno recebe denominação de frequência de disparos. Uma vez
que a ocorre um incremento na produção de força se eleva o número de frequência de disparos das
unidades motoras.
Estudos têm compreendido que a frequência de disparo da unidade motora pode exceder até 50
impulsos por segundo dependendo do tamanho do músculo (Bear et al., 2006). De acordo com Sale
(1998) o aumento da frequência de disparos das unidades motora está intimamente relacionado com
uma maior produção de força.
Em várias investigações tem sido demonstrado que a frequência de disparo das unidades motoras
pode ser alterada (Seki et al., 2001). Patten et al., (2001) verificaram que indivíduos em idades
avançadas possuem um nível menor na frequência de disparo de suas unidades motoras do que de
indivíduos jovens. Contudo, esse estudo possui um desenho transversal e, assim, pode estar equivocado.
Ainda, algumas variáveis como, por exemplo, fatores genéticos e nível de condicionamento físico podem
contaminar os dados da investigação.
Estudos realizados através de um design
longitudinal investigaram também os efeitos do treinamento
sobre a frequência de disparos das unidades motoras. Kamen et al., (1998) ao verificar os efeitos de
seis semanas de treinamento envolvendo concomitantemente ações voluntárias dinâmicas (10RM) e
isométricas máximas, observaram um aumento significativo da frequência de disparos das unidades
motoras do músculo vasto lateral. Os resultados obtidos pelos referidos autores, confirmam a sólida
evidência das adaptações neurais na frequência de disparos das unidades motoras pelo treinamento. Em
uma investigação mais recente, Patten et al., (2001) observaram que ambos os sujeitos aumentaram a
frequência de disparos das unidades motoras após submeter os músculos acionadores dos flexores dos
dedos ao treinamento. Entretanto, de maneira surpreendente, este aumento se revelou em apenas 48
horas, e ainda, em uma sessão de treinamento somente.
Conclusões
Esta revisão levantou várias informações sobre alguns dos mecanismos que mediam as adaptações neurais ao
treinamento. Embora este fenômeno tenha sido constatado a mais de um século, os estudos não foram capazes de
compreender todos os fatores neurais. Muitos estudos têm conduzidos seus experimentos sem incidência de grupo
controle, utilizandose de procedimentos metodológicos apenas com o grupo experimental. Estes procedimentos
podem gerar resultados ambíguos, pois o aparente ganho de força pode ser ocasionado pela familiarização aos
protocolos de teste.
Em síntese, grandes partes dos presentes estudos focamse nas possíveis explicações do fenômeno das adaptações
neurais. Contudo, os mesmos fornecem pouca ou nenhuma atenção às muitas influências contidas nas propriedades
intrínsecas das células neurais motoras, cujas mesmas, podem possuir um importante papel na explicação mais
detalhada das adaptações neurais. Acreditamos que os futuros estudos fornecerão atenção especial aos neurônios
motores do encéfalo, devido as suas incríveis potencialidades que permanecem ainda ocultos, porém em aberto para
discussões.
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