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21 de Maio de 2013
Agradecimentos
Ao Sr. Helder Tavares membro da Direção do Casa Pia Atlético Clube – Ateneu
Casapiano e responsável pela Biblioteca-Museu Luz Soriano, que muito gentilmente nos
forneceu informação relevante.
Ao Dr. Artur Lopes Cardoso do Portugal Rotário pelos esclarecimentos.
À Dr.ª Patrícia do Arquivo Municipal de Manteigas e à Dr.ª Helena Alves da Federação
Portuguesa de Futebol pelas informações prestadas.
Ao Dr. José Luís Narciso da Biblioteca Nacional de Portugal, sem ele não teriamos
acesso a algumas obras do professor Cruz Filipe.
Ao Sr. José Duarte Silva, do Jornal de Notícias de Manteigas, pelas pesquisas e
sugestões apresentadas.
Ana Maria Guimarães Oliveira, antiga aluna do professor Cruz Filipe e responsável pela
página do Facebook do Colégio Cruz Filipe, obrigada por ser nossa amiga e ter disponibilizado
todas as fotografias.
E por último, à Dr.ª Luísa Monteiro do Centro Cultural Casapiano pela incrível
disponibilidade, ajuda e boa vontade. Não esquecendo o Técnico Superior Miguel Baena do
mesmo centro, pelas mesmas razões.
INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------------------------- 1
CONCLUSÃO -------------------------------------------------------------------------------------------------- 16
ANEXOS -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 19
ii
Índice de Figuras
Figura 1 - Professor Cruz Filipe com colegas casapianos numa festa da Casa Pia em 1935
Figura 2 - Informação do Diretor ao Provedor da Casa Pia da ída de Cruz Filipe para Paris
Figura 3- Prof. José da Cruz Filipe
Figura 4- José da Cruz Filipe quando foi admitido na Casa Pia de Lisboa
Figura 5 – Maria Manuel é a «leader» da classe de Cruz Filipe. A aluna pratica ballet.
Figura 6 - Maria dos Anjos numa aula de ditado.
Figura 7 – Aula de ditado.
Figura 8 - Conferência ma Liga Portuguesa de Profilaxia Social
Figura 9 - Publicação do Portugal Rotário em Fevereiro de 1936
Figura 10 - Manual de IV Classe do Ensino Primário Elementar
Figura 11 - Caderno de Exercícios para 3ª e 4ª classe
Figura 12 – Pequeno Dicinonário Escolar
Figura 13 - Jules Rimet e Cruz Filipe
Abreviaturas
iii
Introdução
A história de Portugal está repleta de homens e mulheres que marcaram o nosso país.
Essas marcas encontram-se em diversas áreas desde a educação, à medicina, à literatura, entre
outros.
Com o passar dos anos, o trabalho realizado por estes homens e mulheres começa a entrar
na penumbra e muitos deles raramente são nomeados ou lembrados por nós.
É neste sentido que este trabalho encontra o seu objetivo.
A partir de um trabalho minucioso de uma investigação histórica descritiva procurámos
reconstruir a vida e obra deixada por um grande educador Casapiano, José da Cruz Filipe.
O seu percurso é variado e rico, com trabalhos pioneiros que ajudou a construir um melhor
futuro para muitos jovens estudantes, principalmente jovens surdos mudos e com dificuldades na
fala, com a utilização de métodos inovadores.
José da Cruz Filipe, jornalista, escritor, professor, um homem dedicado ao seu país e que
levou o seu nome para além da nossa fronteira.
O presente trabalho encontra-se dividido em dois capítulos.
O primeiro capítulo, A Educação e a Casa Pia no séc.XIX, faremos uma contextualização
histórica acerca da conjuntura educativa em Portugal (1905-1920), da Casa Pia desde a sua
fundação até aos dias de hoje, bem como a sua importância quer a nível social como educativo.
Por último, neste capítulo falaremos acerca do Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Paris, já
que Cruz Filipe está relacionado com o mesmo.
O segundo capítulo, Vida e Obra de Cruz Filipe, abordaremos vários pontos preponderantes
para que a investigação se fizesse de uma forma completa e esclarecedora e pudéssemos
perceber realmente quem foi José da Cruz Filipe e de que forma marcou o nosso país .
Os pontos que focaremos neste capítulo serão os aspetos de maior relevância do seu
percurso, como estudante na Casa Pia de Lisboa, como professor/pedagogo de Surdos-Mudos e os
métodos inovadores e pioneiros trazidos por ele para Portugal, como o Método Intuitivo Oral e a
Ortofonia. Cruz Filipe também foi uma individualidade de destaque noutras áreas, como o
jornalismo, conferencionismo e escritor. Teve ainda grande destaque no mundo do futebol
português e internacional.
Como refere Martins (2012), “A investigação histórico-documental constitui (...) um
instrumento de configuração e categorização dos documentos mais relevantes ao objeto de
estudo” (Martins, 2012, p. 22). Assim para que pudéssemos ter acesso a toda esta vasta
informação recorremos aos arquivos, bibliotecas, imprensa e redes sociais seguintes:
▪ Arquivo Distrital da Guarda;
▪ Arquivo Municipal de Manteigas;
▪ Biblioteca Municipal de Castelo Branco;
▪ Biblioteca Museu Luz Soriano;
▪ Biblioteca Nacional de Portugal;
▪ Casa Pia Atlético Clube – Ateneu Casapiano;
1
▪ Centro Cultural Casapiano;
▪ Facebook – página do Colégio Cruz Filipe;
▪ Federação Portuguesa de Futebol;
▪ Jornal Notícias de Manteigas;
▪ Portugal Rotário;
Fontes documentais impressas:
▪ As obras e artigos escritos por José da Cruz Filipe e das quais dispomos.
2
Capítulo 1 - A Educação e a Casa Pia de Lisboa
No final do Séc. XIX e inicio do Séc. XX, o ambiente cultural de Portugal proporcionou
uma mudança de mentalidade relativamente à Educação. Acreditava-se que a cultura seria fonte
de progresso para o País e que era imprescindível lutar contra o analfabetismo para criar um
cidadão consciente e participativo na sociedade.
“A Sociedade de Estudos Pedagógicos constitui um exemplo do intenso associativismo que
caracterizou os últimos anos do Séc. XIX e as três primeiras décadas do Séc. XX e que conduziu à
criação, entre outras instituições de Universidades livres e populares, de organização operarias e
de associações visando o combate ao analfabetismo” (Pintassilgo, 2006).
A Sociedade de Estudos Pedagógicos foi fundada em 191, foi uma instituição que reuniu um
conjunto importante de intelectuais e educadores, que procuraram, através da reflexão e do
debate, contribuir para a estruturação do campo pedagógico português tendo como referentes o
ideário e as práticas da Educação Nova e o novo contexto republicano (Pintassilgo, 2006).
Uma das finalidades da Sociedade era “estudar os métodos e progressos pedagógicos em
uso nos países mais avançados” (Pintassilgo, 2006), de maneira a selecionar os mais adaptáveis
as necessidades sociais do País. Outro objetivo era “proceder a investigação sobre o
desenvolvimento físico e psíquico da criança e fazer a verificação experimental dos métodos de
ensino para introduzi-lo à realidade do país” (Pintassilgo, 2006). Outro ponto crucial foi a
descoberta da criança como tendo o papel principal no progresso educativo. A criança tornou-se
um dos agentes principal da educação. Trabalhar com e para a criança.
O Pensamento da Escola Nova prende-se ainda com uma educação integral do indivíduo,
esta tem de ser encarada sob todos os seus aspetos, físico intelectual, moral, social e estético.
Assim começaram a fazer parte do currículo escolar áreas que tradicionalmente não eram
incluídas como os trabalhos manuais e a educação física. António Aurélio da Costa Ferreira,
medico e então Diretor da casa Pia de Lisboa escreveu um livro intitulado “ Ginástica escola de
moral e de civismo “ referindo as qualidades da área da ginástica (Pintassilgo, 2006).
Cruz Filipe defendia o método da Escola Nova e divulgou-o em Portugal. Este método era
já utilizado por educadores como Decroly, Ferrière e Herlin (Tavares, s.d.) e consistia em novas
ideias, teorias, métodos e técnicas que marcaram a evolução da escola em três pontos
fundamentais: a criança é vista como digna de respeito e atenção; o professor passa a ser o
criador de ambiente propício à auto-atividade, à auto-educação, à globalização, realismo,
originalidade e criatividade e por último ir ao encontro do interesse do aluno e desta forma ele
crescer livremente e realizar-se na sua plenitude (Tavares 1, s.d.).
Com a Escola Nova questões relacionadas com a higiene ganharam importância bem como
a realização de inquéritos psicológicos aos alunos de modo a saber como tratar e poder ajudá-los
a colmatar as suas dificuldades. A Escola e a família começaram a trabalhar em conjunto. Em
conclusão, a Escola Nova veio sobretudo permitir à criança desenvolver a sua personalidade.
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1.2 - Casa Pia de Lisboa
A Casa Pia foi fundada em 1780, no reinado de D. Maria I, pelo Intendente de Polícia Diogo
Inácio de Pina Manique. O terramoto de 1755 além de ter destruído a cidade, as famílias também
ficaram com marcas da destruição. Muitas crianças ficaram órfãs e precisavam de ser acolhidas.
Não só estas crianças foram acolhidas pela Casa Pia como também crianças abandonadas e
mendigos. (CPL, s.d.)
Pina Manique tinha também o objetivo de proporcionar uma educação e ensino de
qualidade a jovens carenciados. Para isso, criou os mais modernos e audaciosos métodos
pedagógicos que transformaram a Casa Pia numa escola inovadora no ensino técnico-profissional,
do enino artístico e no ensino musical. (CPL, s.d.)
Em 1793 a Casa Pia tinha-se transformado numa grandiosa Instituição de Solidariedade
Social e numa escola moderna com mais de mil alunos.
Com a conturbação social e a guerra, a Casa Pia passa por uma fase menos boa desde a sua
fundação.
Em 1835 um novo futuro se desenha para a Instituição da Casa da Pia com uma reforma
ambiciosa que tinha como objetivo recuperar o status que a Casa Pia tinha no início da sua
fundação (CPL, s.d.).
Em 1878 começa a funcionar a primeira Escola Normal integrada na Casa Pia. Nesta escola
são desenvolvidas áreas pioneiras como o ensino artístico, musical, técnico-profissional e
também as áreas da ginástica e do desporto.
Foram vários os provedores que passaram pela instituição desde a sua fundação e alguns
deles marcaram de uma forma muito positiva a instituição.
António Aurélio da Costa Ferreira é um exemplo dessa dedicação e empenho, que para
além de provedor tinha também as funções de diretor pedagógico administrativo.
Costa Ferreira iniciou um novo método na Casa Pia que era a psicologia de
desenvolvimento e a psicologia
escolar, onde se analisava
previamente as aptidões de cada
aluno, com o intuito de perceber
qual era a sua orientação vocacional
e profissional (CPL, s.d.).
Também o Professor Cruz
Filipe teve um papel de grande
relevância no ensino dos surdos-
mudos na Casa Pia. Era considerado
um exemplo extraordinário de ação Figura 1 - Professor Cruz Filipe com colegas casapianos numa festa da
Casa Pia em 1935
casapiana. Foi aluno, formou-se e
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“(…) ofereceu-se num gesto de gratidão à instituição que o educou e aí se manteve até 1945
como professor na secção de deficientes vocais. A Casa Pia era a menina dos seus olhos. Foi lá
que ele cultivou as virtudes de caracter e de trabalho que tanto o distinguiram” (Tavares, s.d.).
Com a entrada de Portugal na Grande Guerra a instituição teve um revés no seu
desenvolvimento e só em meados do século XX, com uma melhoria significativa das condições
nacionais, é que a Casa Pia começou a recuperar e a continuar o caminho que se propôs antes
desta fase cinzenta.
Em 1935 o Estado Novo faz uma profunda reforma, que consistia em concentrar na Casa
Pia todos os estabelecimentos de educação e assistência social dependentes da Direção Geral de
Assistência, passando a ser considerada uma secção da Casa Pia de Lisboa. Após a conclusão
desta reforma, em 1942 a Casa Pia Integrava o Asilo D. Maria Pia, Asilo Nuno Alvares, Instituto de
Surdos Mudos Jacob Rodrigues Pereira, Asilo de Nossa Senhora da Conceição, Asilo de Santa Clara
e Asilo 28 de Maio (CPL, s.d.).
Nos anos 50 e 60 a Casa Pia atravessava novamente uma fase negativa da sua história, já
que se centrava numa política autoritária, centralista e nacionalista. Apesar desta fase a
qualidade do seu ensino mantinha-se inalterável.
A partir dos anos 80 com a entrada dos provedores Batista Comprido, Damasceno de
Campos e Luís Rebelo tenta-se reorganizar e modernizar a instituição de forma a dar resposta às
necessidades e expectativasdos seus alunos.
Até aos dias de hoje a Casa Pia mantém o seu prestigio e continua a ter um papel de
extrema importância no nosso país (CPL, s.d.).
Até a Idade Moderna o surdo era visto como um ser irracional, primitivo, não educável e
não cidadão; era castigado e privado de instrução. Era forçado a fazer os trabalhos mais
desprezíveis; vivia sozinho, não podendo constituir família e abandonado na miséria. Era
considerado pela lei e pela sociedade
como imbecil (Fernandes & Cintra, 2010).
O abade Charles Michel de L’Epée
(1712-1789) conheceu duas irmãs gêmeas
surdas que se comunicavam através de
sinais e que precisavam de um tutor,
iniciou e manteve então contato com os
surdos carentes e humildes que
preambulavam na cidade de Paris.
Procurou aprender a comunicar com eles
e realizou os primeiros estudos sérios
Figura 2 - Informação do Diretor ao Provedor da Casa Pia da ída de
Cruz Filipe para Paris sobre a língua de sinais. (PEAD)
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Instrui os surdos na sua própria casa, com as combinações de língua de sinais e gramática
francesa sinalizada denominada de “Sinais metódicos”. Tinha por objetivo ensinar a ler,
escrever, transmitir a cultura e dar acesso à educação aos surdos. Aplicou as regras sintáticas e
também o alfabeto manual inventado por Pablo Bonnet. O método de L'Epée teve sucesso e
obteve bons resultados na história da surdez (Wikipédia).
Fundou a primeira escola pública para os surdos em 1760 “Instituto Nacional de Surdos-
Mudos de Paris” e ensinou inúmeros professores a trabalhar com surdos. Em 1791, a sua escola
transforma-se no “Instituto Nacional de Jovens Surdos e Mudos de Paris”, que foi dirigida pelo
seu seguidor o gramático Sicard. O abade Charles Michel de L’Epée fundou 21 escolas na Europa
(Wikipédia).
Em Portugal, o provedor da Casa Pia de Lisboa, Jaime Artur da Costa Pinto,
“(…) sempre ancioso por um grande desenvolvimento neste ensino, consegui que dois alunos audi-
falantes do mesmo estabelecimento fossem a Paris, frequentar o Curso Normal do Instituto
Nacional de Surdos-Mudos afim de estudarem os processos mais usuais para o sucesso do método
oral. (Filipe, 1920, p. 17).
Figura 3- Prof. José da Cruz Filipe Foi professor de grande importância no ensino de surdos-
mudos, foi conferencista, jornalista, escritor e Presidente do
Casa Pia Atlético Clube – Ateneu Casapiano e da Federação Portuguesa de Futebol.
Faleceu em Lisboa com 82 anos de idade, vítima de um acidente, “uma queda na escada
da sua residência” (s.a., 1972).
6
2.1 - Estudante
7
- Fez o 1º ano do Curso Prático de Telegrafia Elétrica com
classificação de 15 valores;
Prémios recebidos:
▪ Ano Letivo 1903/1904 – Prémio de bom aproveitamento e comportamento;
▪ Ano Letivo 1904/1905 – Prémio de bom comportamento e distinta aplicação literária;
▪ Ano Letivo 1905/1906 – Medalha de Prata por exemplar comportamento e distinta
aplicação literária;
▪ Ano Letivo 1902/1903 – Prémio por bom comportamento e aplicação;
Figura 6 - Maria dos Anjos numa aula de publicado, Maria dos Anjos, após dois anos de trabalho
ditado.
com o professor da especialidade, José da Cruz Filipe, foi
apresentada a exame de 1º grau. “Surpreendidos ficaram os examinadores verificando a
extraordinária facilidade com que Maria dos Anjos «lia» nos lábios deles as perguntas e
rapidamente respondia, articulando e pensando como uma criança normal. Frase segura,
correcta e pronta.” (Tavares, s.d.).
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Para Cruz Filipe a intervenção com surdos-mudos devia iniciar-se por volta dos dois anos
de idade, apelava a que as mães mal sentissem indícios de surdez nos filhos procurassem um
professor. Cruz Filipe referiu que “Na vida das crianças «marginais do dia-a-dia», o sufocar dos
sons não marca todo o futuro: nas mãos de mestres competentes, a fala e a audição podem
integrar-se lentamente em corpos aparentemente talhados para uma derrota” (Sousa, 1962).
A educação do aluno surdo teria como imperioso não apenas dotá-lo com uma linguagem
de comunicação, como também integrá-lo na sociedade. A fórmula para o sucesso de Cruz Filipe
era simples, como ele próprio referiu.
“Conhecer o aluno, viver a sua própria vida, sentir-lhe o íntimo, seguir-lhe os pensamentos e
concretizar-lhe a expressão da própria vontade, é a arte que mais sai do coração do educador de
deficientes, para amparar um resultado que impressiona pela felicidade que causa. Um dos
valores maiores é a confiança. Ter confiança e saber criá-la no espírito dos alunos são dos
melhores meios para alcançar êxito. (…) Em todo o tratamento é utilíssimo conquistar a amizade
do aluno. O respeito e a disciplina no trabalho, não se devem impor nunca a estas crianças
deficientes, antes um ambiente carinhoso favorece extraordinariamente a nossa acção. (…)
E,quando tenha de contrariar e até que constranger determinado trabalho, terá que usar de
habilidade e paciência necessária, a fim de tudo conseguir, sem que o seu doente se aperceba de
que a sua própria vontade está a ser desviada, a fim de se aproveitar o seu esforço com mais
utilidade.” (Filipe, 1942, p. 25)
Nos séculos XVIII e XIX, existiam muitos professores surdos e a língua gestual era usada em
algumas escolas, nomeadamente no Instituto de Surdos Mudos de Paris. L’Epée e Sicard ficaram
na história por reconhecerem o valor da língua gestual e a usarem na educação de surdos.
No entanto, o Congresso de Milão em 1880, considerou que a utilização simultânea dos
gestos e da fala eram prejudiciais. Desta forma, concluiram que o método oral puro deveria ser o
elegido, eliminando completamente a possibilidade de os gestos continuarem a ser usados, ainda
que como simples suporte. Os professores surdos mudos acabaram por ser banidos das escolas
(Gomes, 2010).
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“Segundo a perspectiva do método oral puro, era importante determinar o mais precocemente
possível a etiologia, o tipo e grau de perda auditiva, para a partir daí, pôr em marcha um plano
de reabilitação, com o objectivo de “desmutizar e transformar a criança surda num futuro
adulto ouvinte” (Gomes, 2010).
Segundo Cruz Filipe o método oral demonstrou ser o melhor método para ser utilizado
com alunos surdos-mudos.
“(…) o ensino pelo método oral, cujos optimos resultados teem sido comprovados pelos exames
de instrução primária, a que vários alunos teem sido submetidos com êxito; o ensino profissional
é grandemente cuidado, possuindo o Instituto oficinas de tipografia e composição, sapataria,
alfaitaria e marcenaria, onde se executam todos os trabalhos, tanto para o estabelecimento
como para particulares (…) (Filipe, 1920).
Ainda, salientou que este método era benéfico para o futuro dos jovens surdos-mudos,
“(…) os benefícios que o método oral pode dispensar aos surdos-mudos, tornando-os aptos para a
vida indicando-lhes o lugar que socialmente devem ocupar para poderem fruir as mesmas
regalias que os seus concidadãos” (Filipe, 1920).
2.2.2 – Ortofonia
Assim, para ele era imprescindível, a existência de escolas que pudessem facultar uma
aprendizagem apropriada a especificidade destes alunos, para poder ajudá-los.
“(...) a necessidade da criação de escolas especiais de Ortofonia (…), tendo sempre em atenção
que o papel dos pais ou dos professores é primordial, (…) como a aprendizagem da palavra se faz
por imitação, logo, quanto mais clara e correcta e harmoniosa fôr a linguagem das pessoas que
com a criança mais convivam , tanto mais perfeita será a sua articulação e a composição da sua
fraseologia (…) o aluno é o espelho do professor; pois em pronunciação, de facto o professor
pode contribuir bastante para a sua regularidade e profissão, esmerando-se em criar a linguagem
do aluno à imagem da sua.” (Filipe, 1927, p. 14)
O Professor José da Cruz Filipe, propõem várias estratégias e técnicas para melhorar os
defeitos de pronúncia, de salientar que estas práticas são ainda hoje utilizadas pelos
especialistas em terapia da fala.
“(…) utilizar um espelho onde, êle e o aluno possam observar as posições que os órgãos bucais
tomam para a formação de qualquer fonema; pelo tacto serão conhecidas a qualidade, a
intensidade e direção do sôpro; observar com cuidado a respiração do aluno; submeter os órgãos
bucais a uma serie de exercícios de gimnástica, os quais consistirão na colocação dos lábios,
língua, maxilar e véu palatino nas diferentes posições requeridas para os elementos a emitirem;
servir-se da audição e doa exercícios de vocabulário e de conversação para fixar o elemento
sôbre que incidiu o tratamento de correcção, falando, a príncipio, com pausa e indo, sempre,
aumentando progressivamente a rapidez do exercício.” (Filipe, 1927, p. 21).
10
2.3 -Jornalista
José da Cruz Filipe foi um homem ligado a distintas áreas e em todas elas deixou um
importante contributo. Para além de todo o trabalho desenvolvido na área da educação,
destacou-se também como jornalista, diretor e editor de vários jornais, revistas e boletins e
conferencista aclamado.
Como diretor podemos destacar as participações nos jornais dos ex Casapianos “O
Atlético” em 1924, e “O Casapiano”. Dirigiu também, o jornal pedagógico “A Escola Primária”
(Tavares, José da Cruz Filipe um Manteiguense Desconhecido, 1992).
“Foi Presidente da Casa das Beiras, da Assembleia Geral, do Ateneu Comercial de Lisboa, e dos
“Amigos de Olivença” e da Direcção do Grupo Onosmático de “Os Josés de Portugal”. (…)
Comendador da Ordem da Instrução Pública, tendo sido também condecorada com as Comendas
da Instrução Pública e da Cruz Vermelha da Alemanha.” (Tavares, José da Cruz Filipe um
Manteiguense Desconhecido, 1992).
Cruz Filipe para além de fundar o Rotário Club Lisboa é também o fundador da revista
Portugal Rotário.
Em 1936 é publicada a 1ª edição da revista, todavia esta, foi publicada ilegalmente
porque a Comissão de Censura ainda não tinha autorizado a sua publicação. Esta primeira
publicação foi considerado um suplemento e não uma revista. (Rotário).
Desde a sua fundação, Cruz Filipe mostrou sempre uma grande dedicação a esta Revista,
até que em 1945 se viu envolvido num processo judicial promovido pelo Ministério do Interior.
Como era um homem de grande carácter afastou-se imediatamente da revista até que tudo
ficasse resolvido. Mais tarde, foi ilibado deste processo e voltou a apresentar-se ao Clube. O seu
regresso não foi visto com grande agrado por alguns membros, o que fez com que se demitisse
(Rotário).
Pertenceu, também, à redação redatorial entre 1936 a 1940 do Boletim da Casa das
Beiras, revista mensal do regionalismo das Beiras.
Em 1948 inicia-se uma nova fase do Boletim Da Casa das Beiras passando para Revista das
Beiras, que é dirigido por Cruz Filipe (Simões, 2005).
Para além destes cargos dirigentes em Revistas e Boletins, Cruz Filipe escreveu também
alguns artigos. Destacamos o artigo “O Desporto nas Beiras”, escrito para o Boletim da Casa das
Beiras na publicação no ano IX, 3ª série, 4 de Outubro a Dezembro. (Filipe, 1944).
Cruz Filipe não só participa ativamente como jornalista, mas também participa em
inúmeros congressos e conferências Internacionais, o que mostrava o reconhecimento pelo seu
trabalho.
Era convidado assíduo para fazer comunicações em centros especializados como Madrid,
Santander e Bruxelas (Pinto & Bernardo, 1982).
Em 1957 participa no Congresso Mundial de Surdos de Roma onde falou acerca da “Pré-
Educação do Surdo perante as Modernas Técnicas de Audiologia”. Depois desta conferência
participa ainda nos congressos anuais da Sociedade Francesa de Foniatria, à qual pertencia
(Tavares, s.d.).
11
Após a morte de um dos seus mentores, Decroly, o governo Belga promoveu uma
celebração internacional em memória do mesmo. Cruz Filipe foi escolhido, pelos seus colegas,
para discursar em nome de todos os professores (Tavares, s.d.).
2.4 - Conferencionista
Cruz Filipe não só participa ativamente como jornalista mas também participa em
inúmeros congressos e conferências Internacionais, o que mostrava o reconhecimento pelo seu
trabalho.
Era convidado assíduo para fazer comunicações em centros especializados como Madrid,
Santander e Bruxelas (Tavares, s.d.). Em 1942 participa na conferência, realizada no Porto, pela
Liga Portuguesa de Profilaxia Social (Pinto & Bernardo, 1982).
Em 1957 participa no Congresso Mundial de Surdos de Roma
onde falou acerca da “Pré-Educação do Surdo perante as Modernas
Técnicas de Audiologia”. Depois desta conferência participa ainda nos
congressos anuais da Sociedade Francesa de Foniatria, à qual
pertencia. Participou também no “(…) Congresso de Wiesbaden, da
Federação Mundial de Surdos e no Congresso Ibero Americano de
Surdos, realizado em Madrid.” (Tavares, José da Cruz Filipe um
2.5 -Escritor
José da Cruz Filipe foi um escritor didático. Tem acompanhado o movimento renovador da
escola nova, visitando institutos estrangeiros e estabelecendo contacto direto com educadores
notáveis como Decroly, Ferrière e Herlin, cujas doutrinas têm entusiasticamente sido
popularizadas em Portugal, na prática do magistério em publicações didáticas (Nóvoa, 2003).
Foi autor de:
▪ Relatório sobre o 1º ano de ensino dos surdos mudos - Paris, 1907;
▪ Defeitos de Pronúncia – Lisboa, 1927;
▪ Renovemos a Escola do Campo – Lisboa, 1936;
12
▪ As relações internacionais de Futebol – Tese apresentada ao I Congresso Nacional de
Futebol - Lisboa, 1938;
▪ Ortofonia (parte da gramática que estuda a pronúncia correta das palavras, tomando como
modelo a norma culta Divide-se em ortoépia, pronúncia correta dos fonemas) e Prosódia (posição correta
da sílaba tônica);
▪ Algumas notas sobre o ensino dos surdos-mudos em Portugal;
▪ Relatório sobre a missão de estado em Paris;
▪ Separata do Boletim do Rotary Club de Lisboa, agremiação de que era membro, escreveu
“A ilha da Madeira – Perola do Oceano” – Lisboa 1936; “A cidade do Funchal – Joia Rotária”; ”O
Rotarismo – Seu ambiente e a sua obra” e “ O Imperio Colonial Português “.
▪ “Crianças a salvar: deficientes do ouvido, da fala e da compreensão” – Conferência
realizada no Porto, na Liga Portuguesa de Profilaxia Social, Porto, 1942.
No fim do ano de 1935, reuniram-se, no Funchal, rotários de Tenerife, Suíça, Riga,
Hamburgo, Porto e Lisboa. O Professor José da Cruz Filipe participou neste encontro
comemorativo do segundo aniversário do Rotary Club do Funchal, como representante do clube
de Lisboa (Rotário).
Na Madeira, os rotários participaram em
diversas manifestações de solidariedade social:
distribuição de roupas, brinquedos e bolos na creche
de Santa Clara e no Lactário; de bengalas a cegos e
berços e enxovais a doze crianças pobres
(Veríssimo, 2009).
A passagem de ano motivou uma festa rotária
oferecida por Frederico de Freitas, primeiro
presidente do clube funchalense, na sua residência.
Vinhos, doces, música, dança e «uma gentileza
fidalga» tornaram inesquecíveis essas provas de
Figura 9 - Publicação do Portugal Rotário em amabilidade nas primeiras horas de 1936, conforme
Fevereiro de 1936
narra Cruz Filipe em “A Ilha da Madeira, pérola do
oceano…”.
O Professor José da Cruz Silvestre ainda fez uma descrição da noite de S. Silvestre, no
Funchal:
“De repente, um silvo, outro e outro, muitos sem fim e por entre aclamações frenéticas,
estonteantes, sentimo-nos presos de tanta maravilha. É meia-noite em ponto.
O fogo-de-artifício começa a enfeitiçar aquele solene momento. Já ninguém pensa nas agruras do
ano que morre. Também ninguém se detém a supor o que será o ano que começa, porque é tal o
frenesi que de todos se apodera que tudo esquece, para só se admirar, em êxtase, o
deslumbramento deste fogo em conjunto, com crateras chispando chamas de ouro, num clarão
constante de prata reluzente; foguetes que lá no alto estalejam para deixarem cair chuvas de
estrelas multicolores, bouquets formosos e estonteantes; uma infinita maravilha que nos obriga a
fixar ora aqui, ora ali, cada vez mais lindos, fogos brilhantes, num entrelaçamento harmonioso, a
resplandecerem nas águas quietas da baía, casando-se intensamente com as linhas iluminadas dos
oito navios que silvavam na baía, como que anunciar ao mundo este espectáculo de encanto,
único, inconfundível – a glória da Pérola do Oceano.” (Veríssimo, 2009).
13
Com Gil Mendonça, Faria Artur e Manuel Subtil, foi coautor na produção de uma série de
manuais escolares e de materiais didáticos que conheceram enumeras edições durante o Estado
Novo. (Nóvoa, 2003)
Muitas gerações de Portugueses aprenderam a ler e a fazer contas com estes textos.
Grande parte destes textos retratam a vida em Portugal como sendo um país rural, conservador e
católico (Nóvoa, 2003).
▪ Leituras para a 2º classe – Lisboa, 1929;
▪ Texto incluído no volume Hommage au Dr. Decroly;
▪ Iniciação da Leitura – Março de 1931;
▪ Leituras para a 3º classe – Lisboa 1931;
▪ Leituras para a 4º classe – Lisboa, 1931;
▪ Leitura para a 1º classe – Lisboa, 1935;
▪ Ao Sair da Escola, Lisboa 1936;
▪ Iniciação da Aritmética – Lisboa, 1935;
▪ Problemas e outros exercícios de Aritmética para a 3º
14
No final de algumas páginas, denotavam-se os valores dominantes do
sistema educativo de então: «Na família, o chefe é o Pai: na escola, o chefe
é o Mestre: no Estado, o chefe é o Governo.»; «No barulho ninguém se
entende, é por isso que na Revolução ninguém se respeita.»; «Obedece e
saberás mandar.»; «Se tu soubesses o que custa mandar, gostarias mais de
obedecer toda a vida.»; «Mandar não é escravizar: é dirigir. Quanto mais
fácil for a obediência, mais suave é o mando.»; «A tua Pátria é a mais linda
Figura 12 – Pequeno de todas as Pátrias: merece todos os teus sacrifícios.» (Veríssimo, 2009).
Dicinonário Escolar
2.6 - Futebol
José da Cruz Filipe foi também um homem ligado ao futebol. Foi presidente da Direção e
da Assembleia Geral do Casa Pia Atlético Clube – Ateneu Casapiano e um dos presidentes mais
prestigiados da Federação Portuguesa de Futebol (Tavares, 1992).
O professor Cruz Filipe era considerado “uma figura
de altíssimo prestígio em todo o futebol” (FPF, 1964).
Contribuiu para a promoção do prestígio do futebol
português através da amizade que mantinha com um dos
mais carismáticos presidentes da FIFA, Jules Rimet, e foi
eleito “membro do conselho fiscal desta Federação,
deixando bem vincada a sua competência e Figura 13 - Jules Rimet e Cruz Filipe
personalidade” (Tavares, José da Cruz Filipe um
Manteiguense Desconhecido, 1992).
José da Cruz Filipe emprestou “ao futebol o brilho da sua forte personalidade” (FPF,
1964). Segundo refere Tavares (1992), “ (...) o Professor Cruz Filipe fez parte de uma geração
de gente ilustre que ajudou em muito a cimentar o futebol em Portugal.”
Em 25 de Setembro de 1937 foi eleito, por unanimidade, o grau de Sócio Honorário da
Federação Portuguesa de Futebol “O aprumo da sua presença, o equilíbrio dos seus discursos e
das suas intervenções” (FPF, 1964) foram os motivos para esta atribuição.
Por todo o seu prestígio, a direção do Casa Pia Atlético Cube, homenageou em Maio de
1956 Cruz Filipe, num jantar que juntou cerca de duzentos convivas, uma “inequívoca
manifestação de apreço, carinho e estima” (s.a., 1956). Estiveram presentes individualidades de
destaque da sociedade que proferiram discursos “todos brilhantes, a traçarem a múltipla
personalidade do professor José da Cruz Filipe” (s.a., 1956). O professor José da Cruz Filipe
recebeu também a “Cruz de Ouro”, o mais alto galardão do Ateneu Casapiano, por proposta da
direção do clube. (Tavares, s.d.)
No final da homenagem, Cruz Filipe referiu “Sem a Casa Pia de Lisboa nada seria, e é para
ela que dirijo todas as palavras de carinho e estima que me dedicaram” (s.a., 1956).
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Conclusão
Ao iniciarmos esta investigação, a informação acerca de Cruz Filipe era escassa e pouco
conclusiva.
Com o passar do tempo e com o decorrer da investigação começamos a delinear um
caminho coeso e repleto de informações que nos mostraram uma individualidade ímpar do nosso
país.
Cruz Filipe passou de um desconhecido, a um filho idolotrado da Casa Pia de Lisboa
(Tavares, s.d.). Com extrema relevância, sobretudo no ensino de surdos-mudos, deixou um
importante legado à Educação Especial em Portugal. O método intuitivo oral e a ortofonia,
inovadores e pioneiros no nosso país, vieram preencher uma lacuna na vida destes jovens, já que
até então eram colocados à margem das aprendizagens. O método utilizado para corrigir os
defeitos de pronúncia, os problemas dos deficientes da fala, como eram considerados, ainda
hoje são utilizados por especialista, como é o caso da Terapia da Fala.
Cruz Filipe era um homem virado para o futuro e inovador que ambicionava mudar a
educação em Portugal, não só pelo trabalho desenvolvido com os jovens surdos mudos, mas
também pela tentativa de divulgar em Portugal o método da Escola Nova, do qual era um
acérrimo defensor. Este método era já utilizado por educadores como Decroly, Ferrière e Herlin
(Tavares, s.d.) e consistia em novas ideias, teorias, métodos e técnicas que marcaram a evolução
da escola.
José da Cruz Filipe era considerado “(...) figura de alto relevo e de inconfundível
prestígio, tendo há muito sabido impor-se à admiração nos meios cultos da capital pelas
brilhantes qualidades que revestem a sua personalidade que em múltiplas manifestações têm
afirmado os raros predicados de que é dotado” (Tavares, s.d.).
Demarcou-se em distintas áreas e em todas elas deixou a sua marca. Os surdos-mudos
muito lhe devem, pois o professor Cruz Filipe dedicou-lhes toda a sua vida.
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Referências Bibliográficas
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Lisboa.
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Imprenta de la Casa de Caritat.
Filipe, J. C. (Junho de 1936). Saibam quantos... Suplemento ao Boletim Mensal Portugal Porugal
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Filipe, J. C. (Outubro a Dezembro de 1944). O Desporto nas Beiras. Boletim da Casa das Beiras,
pp. 29-30.
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Pinto, J. d., & Bernardo, A. (1982). Dicionário de Autores Casapianos. Lisboa: Biblioteca - Museu
Luz Soriano.
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Sousa, N. (16 de Fevereiro de 1962). Surdos-Mudos: voz nos dedos. Revista FLAMA nº 728.
Tavares, H. (s.d.). José da Cruz Filipe. Vida e Obra de José da Cruz Filipe. Lisboa: Biblioteca
Museu Luz Soriano.
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Anexos
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