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Design da Informação nas redes sociais: construção de identidades virtuais a

partir da divulgação de informações


Information Design on social networks: the construction of virtual identities from the
disclosure of information
Nara O. L. Rocha, Solange G. Coutinho, Hans N. Waechter.

design da informação, redes sociais, identidade virtual, alteridade


Este artigo tem por objetivo apresentar o estudo acerca de como os layouts das redes sociais interferem nos
conteúdos informacionais divulgados. Por meio da análise do protocolo de informações encontrado nos perfis
dos usuários, buscamos compreender como informações diversas proporcionam diferentes identificações e
aproximações com outros indivíduos de acordo com o foco das redes sociais. O intuito desta pesquisa é
aproximar as teorias sobre design da informação e a identidade virtual para aprofundar o entendimento do
processo de construção identitária e alteridade através das informações divulgadas.

information design, social networks, virtual identity, otherness


The aim of this article is to present a study concerning the manner in which layouts on social networks interfere
with the disclosure of informational content. By analyzing the information protocols found in user profiles, the
study sets out to understand how different information provides several different IDs and approach those of
other individuals according to the focus of social networks. The purpose of this research is to approximate
theories on information design and virtual identity in order to expand the understanding of the process of
constructing identities and otherness through the disclosure of information.

1 Introdução

Ao debatermos acerca dos estudos na área do design da informação buscamos sempre explicar a
importância da construção e divulgação das mensagens, de maneira que o expectador ou leitor de
tal mensagem seja capaz de absorver e compreender todo o conteúdo expresso em seu discurso.
O entendimento das redes sociais como espaço de construção de discursos sobre o participante
expõe a necessidade de analisarmos estas novas mídias como ferramentas de construção de
identificações. A exposição do sujeito no ambiente virtual demonstra, nesta nova era, um amplo
campo de estudo para os designers que focam suas pesquisas na compreensão da informação.
Assim, o presente estudo busca uma aproximação da compreensão sobre como o design da
informação pode ser essencial para o entendimento do fenômeno de identificação no ambiente
virtual.
As redes sociais estão cada vez mais presentes no cotidiano do cidadão comum, antes o
acesso a esse tipo de comunicação ainda era limitado, atualmente podemos perceber o esforço de
difundir a tecnologia e dar possibilidade de acesso a um número cada vez maior de usuários. O
usuário não precisa estar na frente de um computador para acessar as redes sociais, com a
utilização das redes nos celulares os indivíduos podem postar e interagir com os demais membros
a todo instante. Todo tipo de interação constituída nas redes sociais gera dados sobre o usuário e
a divulgação destes dados pode ser ou não aceita, a cada dado gerado podemos aceitar sua
exposição ou não, portanto, o indivíduo que publica seus dados busca comunicar algo para um
grupo. Temos como exemplo o deslocamento do sujeito, que se transformou em um modo do
 
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6º Congic 6 Congic
Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.) Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.)
Sociedade Brasileira de Design da Informação – SBDI Sociedade Brasileira de Design da Informação – SBDI
Recife | Brasil | 2013 Recife | Brazil | 2013
ISBN ISBN
 
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mesmo participar das redes, como o caso do Foursquare ou aplicar este deslocamento como
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informação em seu perfil, como no Instagram e no Facebook . Ao tomar a decisão de expressar-
se através destas informações o usuário cria em seu entorno uma gama de informações que
denotam e registram sua existência no ambiente virtual.
Estas informações disponibilizadas na web criam a identidade virtual do indivíduo. Para Boyd &
Herr (2006) a identidade virtual é construída através das informações que o sujeito divulga de si e
tais informações são exploradas de acordo com a necessidade do usuário, do que o mesmo deseja
informar ou omitir. Assim, temos como objetivo deste artigo analisar as diferentes informações que
permitem a criação de identificações diversas de acordo com o foco das redes sociais. Como os
layouts das redes sociais interferem nas informações divulgadas, e, portanto, na construção da
identidade virtual apresentada.
O escopo deste estudo demonstra com os estudos em design da informação podem aprofundar
o entendimento da identidade virtual através da compreensão das informações divulgadas nos
perfis criados. Deste modo procuramos visualizar a necessidade de criar e expor informações
pessoais como parte do processo de identificação e exemplificando nos perfis a relação de
alteridade no contexto da cibercultura.

2 Design da Informação versus divulgação de informações nas redes sociais


A compreensão sobre o Design da Informação alavanca questões não só sobre a informação em
si, mas a delimitação do que é Design da Informação e o que não é. Para Bonsiepe (2011: 40) o
infodesign define-se pelo processo cognitivo como guia na solução de problemas. Isto pode nos
levar a definição de que o processo cognitivo deve ser o principal objetivo na procura de melhor
criar e produzir artefatos para que os usuários possam atuar e compreender a utilização dos
mesmos. Redig (2004) elucida que o receptor da mensagem deve sempre ser priorizado no
processo de criação. O repertório do receptor também deve ser levado em consideração, afinal,
para a mensagem ser transmitida sem gerar ruídos é necessário que esteja inserida no contexto
que o receptor possa compreendê-la. Sless (1995) afirma que a principal preocupação do designer
da informação é permitir e certificar-se que os usuários irão utilizar a informação de maneira
apropriada. Ou seja, é necessário um entendimento sobre o sujeito para que a significação não se
perca ao longo do processo.
Quando abordamos a interação encontrada constantemente nas novas mídias, é possível
debater sobre como o indivíduo que atua não só como expectador, mas também como emissor,
compreende o processo informacional. Para Lemos (2004: 68): ‘Em todos estes novos media estão
embutidas noções de interatividade e de descentralização da informação’. Sob esta perspectiva
podemos inferir que qualquer usuário comum está produzindo informações, que estamos vivendo
uma era onde o conteúdo informacional não fica restrito a um determinado grupo de emissores,
mas que todos, agora, somos geradores de mensagens e estamos a todo instante registrando
nossa participação nas mídias.
Os novos meios, da maneira como funcionam hoje, transformam as imagens em verdadeiros modelos de
comportamento e fazem dos homens meros objetos. Mas os meios podem funcionar de maneira diferente,
a fim de transformar as imagens em portadoras e os homens em designers de significados. (FLUSSER ,
2007: 159)
Assim, podemos perceber o infodesign como teoria de conhecimento da informação, onde os
designers atuam com foco no usuário e no processo cognitivo em suas relações com os artefatos e
com o mundo. Horn (1999) esclarece que ao longo da história da humanidade sempre utilizamos a
comunicação assistida para registrar nossas atividades, o autor afirma ainda que o design da
informação é o estudo ou prática da comunicação assistida, ou seja, produzir a comunicação
assistida através de artefatos.

                                                                                                                       
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https://foursquare.com
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http://instagram.com
http://facebook.com  
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A dificuldade em afirmar a relevância do estudo das redes sociais como parte do Design da
Informação pode se dá pela visão de que o papel do designer é formatar a informação para
aperfeiçoar a experiência. Shedroff (1999), por sua vez, expõe que dados impressos ou divulgados
não é informação, que para ser considerada informação devem ser organizados, transformados e
apresentados de uma forma que lhes dê significado e os tornam imprecidiveis para a compreensão
de um processo ou artefato. Por isso, tendemos a intuir que os perfis das redes sociais são
conglomerados de dados e pouca informaçao, no entanto, a pragmática permite-nos entender que
os dados dispostos nas páginas pessoais são informações, pois apresentam significados dentro do
contexto que estão expostos e estabelecidos.
E tais significados são o fundamento para a interação e interligação entre os membros das
redes. Boyd & Ellison (2007) definem as redes sociais como sites da web que propõe aos seus
usuários a construção de um perfil público ou semipúblico, de acordo com o sistema criado, onde
são articuladas as conexões entre os participantes através de sua lista ou de listas de proximidade
de outros membros dentro do sistema. Cada site busca criar uma nova abordagem, que permita a
interação e socialização dos seus participantes. As redes sociais são construídas de acordo com o
foco de seus criadores, ‘a natureza e nomenclatura dessas conexões podem variar de site para
site’ (Boyd & Ellison, 2007). Estas conexões são acionadas através das informações
disponibilizadas nos perfis, através da seleção dos dados que queremos expor, também estamos
priorizando informações, transformando os perfis em artefatos que irão nos divulgar no ambiente
virtual. De acordo com Rocha & Waechter (2010) a identificação é criada a cada nova mídia, onde
a cada interação demonstra a subjetividade do indivíduo. Por tanto, a cada novo espaço de
divulgação de informações, no ambiente virtual, teremos um novo modo de identificação, a cada
perfil das redes sociais uma nova nuance do sujeito. Sempre se modificando através das
informações que este rege sobre si.
Ao buscarmos um entendimento sobre a informação no ambiente virtual, em especial sobre a
configuração das informações como forma de expressar-se, podemos afirmar que as formas das
redes se alteram constantemente para adequar-se melhor as necessidades dos seus usuários. De
forma a aprimorar a identificação e expor as nuance desejadas em cada breve período de tempo.
No entanto, ao longo do uso das redes, suas informações e atividades disponíveis mudam de
acordo com a aceitação e necessidade dos seus membros, o objetivo é manter os usuários sempre
interessados, acessando e disponibilizando conteúdo. Não há como prevê determinados usos das
redes, as mudanças culturais e sociais acabam por diversificar como cada grupo de usuários irá
utilizar e quais informações irão postar nos seus perfis. Sless (1995) esclarece que atualmente em
diversas situações temos apenas os dados informacionais e que a presença física pode não existir,
por isso o cuidado com a disposição das informações e no modo com a mensagem vai ser
transmitida para minimizar o máximo o ruído de comunicação. A curadoria das informações no
perfil do usuário é a maneira de identificar a utilização de cada rede social. Os criadores estruturam
um layout onde os dados sobre o indivíduo são divulgados de acordo com o limite de cada
membro. Gerando um protocolo de informações sobre cada sujeito ingressante no site.

3 Identidade nas redes sociais


O conceito de cibercultura vem expressar o contexto atual, onde o avanço da tecnologia passa a
ser presente no cotidiano de todos, onde o termo como a inclusão digital leva a uma porção da
inclusão social. Disponibilizar computadores e tablets para os alunos de escolas públicas, não
apenas para a inserção dos mesmos no mercado de trabalho, mas também para a inserção dos
mesmos no contexto social. É possível que atualmente adolescentes tenham seu perfil na internet,
em alguma rede social, antes mesmo de terem tirado a primeira carteira de identidade. Ou seja,
para alguns indivíduos a primeira percepção sobre suas informações no mundo pode ser seu
registro na internet. Para Santaella (2003) a cibercultura seria a terceira era midiática, onde a
interação e propagação da informação de modo fragmentado são responsáveis pela nova visão,
onde o termo pós-humano reflete a expansão do sujeito através das mídias e artefatos. Desta
forma a inclusão digital carrega em si a aproximação da visão do sujeito na cibercultura.

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Por isso ao abordarmos a identidade no ambiente virtual é preciso absorver que não existe mais
um monopólio da informação, e, portanto, o indivíduo manipula e divulga as mensagens da forma
como almeja, muitas vezes sem medir a proporção de propagação destes dados expostos.
Não podemos mais falar sobre a noção de identidade com algo concreto e estático, com a
quebra das grandes instituições temos então um sujeito que traça em si diversas identidades. Não
há mais uma identidade e sim identificações (Hall 2006; Bauman 2005, Mafessoli 2005). Onde o
indivíduo constrói a cada relação uma identificação. Bauman (2005) expressa que a identificação é
advinda na relação com o outro, onde são as divergências e similaridades que aproximam os
sujeitos, ou seja, a alteridade que nos posiciona no mundo. Bonsiepe (2011) descreve ainda que o
design busca compreender a questão da alteridade para evitar suposições ou entendimentos
genéricos, focando assim na percepção do usuário.
No contexto da cibercultura o sujeito procura no ambiente virtual uma forma de criar seu registro
no mundo, de mostrar presente e parte de um todo. Boyd & Herr (2006) pontuam que fora do
ambiente físico é necessário um artefato para que os indivíduos possam comunicar-se e interagir,
neste caso a criação de perfis online passa a ser de extrema relevância e podem conter
informações que o usuário deseja apresentar ou omitir. Os autores comparam a construção de
identidade no ambiente virtual como a uma camisa em branco onde os participantes podem
acrescentar quaisquer mensagens e que estas mensagens irão atrair ou repelir os demais
participantes do site. Esta infinita possibilidade permite que os usuários se criem e recriem
inúmeras identificações. Para Meucci & Matuck (2005) a identidade virtual cria a possibilidade do
sujeito de criar seu relato, expor no ambiente virtual sua subjetividade de acordo com o desejo do
mesmo. Assim, para Mafessoli:
É esse prazer com o próximo o que vai dar a diversidade das micro-agregações, particularmente
assinaláveis hoje em dia. Essas têm justamente por objetivo permitir a expressão de todas as facetas do
caleidoscópio pessoal. (Mafessoli, 2005: 323)
A cada relação tem-se uma nova identificação e a subjetividade do ser humano passa a traçar
um leque de afirmações sobre sua posição e papel no mundo. Segundo Lemos (2004) no ambiente
virtual o sujeito assume inúmeras identificações de acordo com a variedade de sites, comunidades
e demais interfaces virtuais. Ou seja, a cada momento estamos criando e recriando identificações
novas que serão partes conectadas de um mesmo indivíduo.
À medida que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados
por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais
poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente. (Hall, 2006: 13)
A identificação, mesmo que temporária parte do pressuposto da relação do ser com seu
ambiente, com seus semelhantes, com o outro. A alteridade que os autores assinalam, revela a
identidade pelos limites e aproximações com o outro. E no ambiente virtual esta proximidade é
encontrada pela interação dos indivíduos com o perfil do usuário como registro desta identificação.
Rocha & Waechter (2010) expõem que o repertório dos participantes de cada rede social é diverso
e por isso algumas informações não são compreendidas ou desvirtuadas, assim, é necessário o
entendimento e compartilhamento de um repertório em comum para crias a conexão desejada
entre os indivíduos. Por isso, ao participar de uma rede social o indivíduo inicia um processo de
selecionar e aperfeiçoar as informações divulgadas para aumentar o seu relacionamento com os
demais participantes. Na maioria dos sites, há ainda uma politica sobre o conteúdo expostos pelos
seus membros para minimizar o estranhamento do grupo com a exposição a informações que não
deseje.
Estamos inseridos num contexto onde qualquer atividade por mais corriqueira pode tornar-se
divulgada e compartilhada. Presenciamos uma profusão de informações sobre os atos mais banais
da rotina cotidiana e Maffesoli (2005: 111) descreve que de certo modo podemos perceber uma
comunhão entre a sensibilidade barroca e a acentuação do cotidiano, onde o autor exemplifica que
‘em ambos os casos, observa-se uma concentração da energia criadora, artística ou existencial,
em alguns fragmentos bem típicos’. Portanto, a criação, a vocação para estar expondo detalhes e
fragmentos de si, no seu dia a dia, na profusão de informações, que podemos observar este
aspecto criativo e exacerbado do sujeito. Bonsiepe (2011) define a visualidade como a conjunção

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entre imagem e texto. No ambiente virtual, através do registro de suas atividades é apontada a
visualidade do usuário. Neste caso então, o indivíduo cria a sua própria visualidade nas redes
sociais e, pode recriar-se a todo instante, acrescentando dados, fomentando o rebuscamento do
seu apontamento no espaço.

4 Procedimento Metodológico

A pesquisa tem um caráter exploratório e experimental, na medida em que analisa os dados


encontrados no layout inicial dos perfis das redes sociais. Focando na hierarquia das informações
disponibilizadas no layout da página do usuário e como esta hierarquia expõe as conexões e
traços do indivíduo pela priorização das informações expostas.
O procedimento formatado para este estudo se dividiu em duas etapas, a primeira foi à seleção
e aproximação com o conteúdo das redes sociais a serem analisadas e a segunda foi à análise
dos perfis de usuários em dois momentos, as informações iniciais que são divulgadas na criação
do perfil e no outro momento as informações disponíveis pelo site no acesso entre usuários.
Foram selecionadas três redes sociais o Linked in, o Facebook e o Last.fm. A análise dos perfis
foi realizada na estrutura do perfil, com o agrupamento das informações pela hierarquia encontrada
na página do usuário.
Dividimos as informações em três classes: (1) a Informação Básica – os dados pessoais
necessários para criar o perfil do usuário; (2) a Informação Conectiva – as informações onde o
sujeito expõe suas conexões com outros perfis; e (3) a Informação Autônoma – onde o participante
pode publicar informações sobre si, no caso são as postagens de texto ou de imagem.
As informações recolhidas durante a observação do layout das redes sociais aconteceu de 19
de Novembro de 2012 a 15 de Dezembro de 2012.

5 Linked in versus Facebook versus Last.fm

Atualmente temos vários tipos de redes sociais e em cada uma delas um foco diferenciado sobre
as informações que devem ser disponibilizadas e com as quais as pessoas irão interagir entre si.
Em cada site o conteúdo informacional sobre o usuário muda de acordo com as conexões a serem
traçadas entre seus membros, para tais conexões acontecerem, de modo mais eficaz, é
necessário que o participante tenha conhecimento prévio sobre quais mensagens deve emitir para
formar seu networking na rede em questão.

Linked in
Ao observamos o LinkedIn, uma rede social com intuito de estabelecer contatos profissionais entre
4
seus participantes , onde os campos para preenchimento das informações buscam divulgar o
máximo sobre a vida profissional de cada usuário. As informações básicas procuram descrever ao
máximo a atuação do usuário como profissional, deixando espaço no layout para que o mesmo
preencha seus dados sobre: experiência profissional; línguas; habilidades e especialidades;
educação; recomendação de pessoas ou assuntos.

Informação Conectiva
O preenchimento do perfil demonstra várias etapas onde o usuário deve divulgar informações
sobre sua trajetória profissional, qualificação e habilidades. A conexão existente entre os usuários
de uma mesma empresa aparece de imediato, onde o participante pode comprovar a atuação de

                                                                                                                       
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http://br.linkedin.com/static?key=what_is_linkedin&trk=hb_what

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um colega na instituição em que atua, do mesmo modo, outro membro pode afirmar pelo
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endorsement que as habilidades descritas no perfil do usuário são verídicas.
Ao acessar um perfil de outro usuário podemos ter acesso a um gráfico de proximidade
estabelecido na relação entre ambos participantes, este gráfico demonstra o grau de proximidade
entre os integrantes e quantifica esta proximidade demonstrando as informações que ambos tem
em comum no âmbito profissional, como visto na figura 1.

Figura 1: Printscreen do Gráfico entre membros do Linked in (usado com a permissão de Rocha).

No Nível de Informação Autônoma o Linked in permite a postagem de notícias que o usuário


compreenda relevante e até mesmo mensagens sobre seu status.

Last.fm
6
O Last.fm descreve-se como uma rede social com foco em recomendações musicais , onde o perfil
criado auxilia o usuário a entrar em contato com novas bandas ou bandas e musicas que não
conhece através da aproximação com o estilo musical do membro. Deste modo o perfil do usuário
apresenta informações sobre si com o foco no seu gosto musical, onde o mesmo pode acrescentar
bandas na sua página e alimenta informações sobre as músicas que escuta no computador ou
celular.
Como Informação Conectiva a lista de bandas, músicas, playlists ou até mesmo shows que irão
comparecer podem fazer parte desta conexão do usuário com outros membros. Uma informação
conectiva específica do Last.fm demonstra, ao visitar o perfil de outro participante, uma gradação
da compatibilidade musical existente entre os indivíduos, listando as bandas em comum e
escalonando o nível de aproximação com o gosto musical do usuário visitado.
7
Em Informação Autônoma é possível a postagem, que neste caso é nomeada de ‘shout’ , onde
o usuário pode mandar mensagens publicas para outros participantes, e o ranking das suas
músicas preferidas, onde o site é alimentado a todo instante que o indivíduo deseje.

Facebook
8
A missão encontrada no perfil oficial do Facebook revela que o site existe para fazer o mundo
mais aberto e conectado. Podemos observar que a estrutura criada busca demonstrar as
informações sobre o usuário de modo que se crie uma visualização de sua existência, o formato de
                                                                                                                       
5
Endorsements: Endosso das informações disponíveis, onde outro usuário reafirma através de um link com o seu próprio
perfil.
6
http://www.lastfm.com.br/about
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Tradução: Grito. Também faz referência a música conhecida com este título.
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http://www.facebook.com/facebook/info

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linha do tempo inserido no site a partir de 2011, demonstra linha de acontecimentos de acordo com
os dados disponíveis. Do nascimento até o momento atual, o participante pode acrescentar
imagens e texto pontificando cada momento mais relevante de sua trajetória pessoal e profissional.
Nas Informações Básica o site faz perguntas genéricas tentando divulgar o máximo de dados
sobre o usuário em todos os aspectos, tanto do pessoal quanto profissional, mas não chega a
aprofundar no profissional ao passo que no campo de relacionamento o usuário pode criar o link
com o perfil da pessoa que está relacionada. O estado civil, a filiação, vários níveis de parentescos
aparecem como possibilidade para relatar quem é o usuário e traçar o link entre os perfis.
A Informação Conectiva mais utilizada no Facebook é a opção dos seus usuários de ‘curtir’ a
publicação dos demais membros, ao clicar o botão a pessoa afirma que achou interessante o post
e automaticamente começa a receber atualizações de outros membros que também curtiram,
mesmo que não tenha aproximação com o participante que curtiu também curtiu a postagem.
Desta forma, qualquer imagem ou texto publicado pode associar um usuário a outro através da
afirmação de interesse na informação que foi publicada. As páginas criadas para empresas,
marcas, grupos e eventos também podem obter a afirmação do ‘curtir’ e associar a página como
informação no perfil do usuário sobre seus interesses.
Ao acessar o perfil de outro participante no Facebook, caso este seja seu amigo, o site dá a
opção para a pessoa visualizar sua relação com o integrante, listando através da linha do tempo
todas as atividades que foram realizadas entre os dois perfis (figura 2).

Figura 2: Printscreen da linha do tempo da amizade no Facebook (usado com a permissão de Rocha).

É possível perceber que as redes sociais estão interligando informações do usuário, ou seja, é
possível compartilhar um post ou uma música que esteja escutando em sua rádio através do
Facebook, assim, as mensagens disponibilizadas em um perfil podem ser acrescentadas ao perfil
do usuário em outras redes.
A forma de interação entre dois usuários, que não se conhecem, diferencia muito de uma rede
social para outra. No Facebook é possível que o próprio site sugira que você conheça a pessoal
por aproximação dos amigos em comum, ao acessar o perfil de outro membro o site disponibiliza o
número e lista dos amigos convergentes entre os sujeitos. Já no Last.fm, temos a ‘vizinhança’ que
seria as sugestões de outro usuários com gosto musical próximos (figura 3). No Linked In o site
sugere novos integrantes ao seu networking através de suas habilidades e qualidades
profissionais, tais aptidões podem ser a Informação Conectiva que trace o caminho entre um
usuário a outro.

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Figura 3: Printscreen da vizinhança do Last.fm (usado com a permissão de Rocha).

Foi possível perceber que com o protocolo de informações com focos diferenciados geram além
de perfis com características distintas, mas que as informações conectivas divergentes constroem
variadas redes de contatos. Afinal, um usuário que é contato de trabalho no perfil do Linkedin pode
não ser adicionado como amigo no Facebook e seu gosto musical pode não aproximá-los no
Last.fm.
Uma comparação possível é pensar que o colega de trabalho provavelmente não será também
vizinho ou amigo de infância, então a socialização com este colega ficará restrita ao ambiente de
trabalho. O que também não quer dizer que este vizinho ou amigo divida o mesmo gosto musical
com o indivíduo, deste modo é possível que o amigo não esteja no círculo de pessoas que o
sujeito encontra ao se deslocar para um show. São as facetas do ser ou nuances da sua
subjetividade, o que Goffman (2008) expressa como ‘máscaras do ser ou representações’, que são
os papeis exercidos por todos nós e que constroem nossa identidade. Deste modo podemos
perceber que através das informações que estabelecemos a cada novo convívio social, estamos
constituindo nossas identificações a partir do próximo, o eu só existe se for considerado pelo outro.
A alteridade, onde buscamos compreender nossa existência com base na relação com os demais.
Portanto, nas redes sociais a hierarquia da informação encontrada no layout dos perfis pode
traçar novas identificações, afinal a cada aproximação com um grupo distinto, com conexões
distintas, teremos uma nova relação com o outro. O layout dos perfis estabelecidos demonstra as
informações que foram escolhidas como importantes para que tal relação seja criada, então,
podemos vislumbrar que o protocolo informacional divulgado pode ser um modo de visualizarmos a
questão da alteridade no ambiente virtual.

Considerações Finais
Ao longo deste estudo foi possível perceber o quanto a formatação de cada rede social diferencia a
conexão entre seus usuários e como os membros podem interagir expressando aspectos
fragmentados de si.
Assim, percebemos que não só na construção das redes sociais que o designer atua como
parte significativa, mas se formos analisar cada perfil pode compreender a gama de mensagens
registradas no ambiente virtual e que tem sua exposição determinada por seus participantes.
Desde um contato profissional ou um comentário indesejável que pode revelar traços da identidade
dos indivíduos. Podemos compreender que a identidade virtual é um protocolo informacional sobre
o usuário da rede social e este protocolo é identificado pelos demais participantes como fictício ou
verídico ao longo de sua utilização. As informações disponibilizadas constroem uma visualização
do sujeito e da sua subjetividade, a curadoria das informações expostas demonstra nuances
diversas sobre si, identificações fomentadas pela seleção informacional do indivíduo.

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Em tempo, análise da criação de perfis online pode auxiliar no processo cognitivo sobre a
alteridade, demonstrando as delimitações de cada espaço e como em toda a gama de informações
disponibilizadas na internet tendemos a responder de forma diferenciada.
Nesta pesquisa não procuramos destrinchar aspectos estéticos do layout das páginas pessoais,
no entanto é possível que em outra etapa deste estudo a apropriação estética dos usuários sobre
seus perfis possa ser debatida.
Por termos analisada nesta pesquisa três redes sociais com cunhos informacionais
diferenciados, foi possível perceber que a cada novo perfil o layout pré-estabelecido de
informações sobre o indivíduo possibilita uma nova afirmação deste com os demais membros. Ou
seja, ao entrar numa nova rede social o sujeito procura revelar informações sobre si que são
pertinentes com o foco do site, demonstrando assim que o layout do site em si já cria uma
exposição da alteridade. Onde o novo participante procura constituir sua identidade a partir das
informações que um grupo entenda relevante e sinalize sua existência através da aceitação ou
rejeição.

Referências
BAUMAN, Z. 2005. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar.
BONSIEPE, G. 2011. Design, Cultura e Sociedade. São Paulo: Blucher.
BOYD, D. & ELLISON, N. B. 2007. Social network sites: definition, history, and scholarship, in
Journal of Computer-Mediated Communication, 13(1), article 11, 2007. Disponível em:
<http://jcmc.indiana.edu/vol13/issue1/boyd.ellison.html>, 02/12/2012.
BOYD, D. & HEER, J. 2006. Profile as conversation: networked identity performance on friendster.
Hawaii internacional conference on system sciences. Berkeley: University of California.
FLUSSER, V. 2007. O mundo codificado: por uma filosofia do design da comunicação. Rafael
Cardoso (org.) São Paulo: Cosac Naify.
GOFFMAN, E. 2008. A Representação do eu na vida cotidiana. Trad. Maria Cecília Santos
Raposo. 15ª. Ed. Petrópolis: Editora Vozes.
HALL, S. 2006. Identidade Cultural na Pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva; Guacira
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Sobre os autores
Nara O. L. Rocha, Mestre, Doutoranda, UFPE, Brasil < nararocha@gmail.com >
Solange G. Coutinho, PhD, UFPE, Brasil < solangecoutinho@globo.com >
Hans da Nóbrega Waechter, PhD, UFPE, Brasil < hnwaechter@terra.com.br >

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