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RESUMO: O presente artigo faz uma events of literacy conduct by the tea-
análise das práticas e eventos de letra- cher and children in the classroom. The
mento no ambiente escolar. Diante dis- conclusion is there is few practices and
so este trabalho propõe-se a investigar those presented aims to literate chil-
quais são as práticas e os eventos de le- dren and don’t get them experience the
tramento vivenciados pelos pequenos practice of reading and writing.
na Educação Infantil analisando como
Keywords: Literacy. Childhood litera-
se constitui a alfabetização e o letra-
cy. Childhood education.
mento nesta etapa de ensino. Para tanto
foi realizada uma pesquisa qualitativa,
onde foram feitas observações em uma INTRODUÇÃO
turma de crianças de Educação Infantil
Desde que nasce a criança está
com o intuito de analisar as práticas e
imersa em um ambiente letrado. Vi-
os eventos de alfabetização/letramento
vencia práticas de letramento no seu
proposto pela professora e pelas pró-
cotidiano através do convívio com os
prias crianças dentro deste espaço.
seus familiares e dos eventos sociais aos
Palavras-chave: Alfabetização. Letra- quais participa. Ao entrar na escola, já
mento Infantil. Educação Infantil. trilhou um longo caminho que a tor-
ABSTRACT: The referent article make na muitas vezes um sujeito letrado sem
a analysis of the practice and events of ao menos ter iniciado formalmente seu
the literacy in school; the objective is processo de alfabetização. As práticas e
to examine and investigate the practi- os eventos de letramentos vivenciados
ce and events experienced by kids on nas instituições de Educação Infantil
Childhood Education, analyzing how dão uma grande contribuição para o
is constituted the literacy at this stage. desenvolvimento de suas concepções a
Also a qualitative research was conduct respeito do que é ler e do que é escrever
on a class of childhood to practice and e para que serve este sistema de escri-
ta. Diante disso este trabalho propõe-
1 Acadêmica graduanda do curso de Pedagogia pela -se a investigar quais são as práticas e
Faculdade de Educação da Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD).
os eventos de letramento vivenciados
2 Professora Doutora da Faculdade de Educação da
pelos pequenos na Educação Infantil,
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). uma vez que o convívio com os mate-
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própria produção e as estratégias que to imergem no cotidiano dos Centros
não devem ser repetitivas e sim criati- de Educação Infantis (CEIs). A criança
vas. Ao utilizar as práticas sociais de lei- vive em um ambiente onde a convivên-
tura e escrita, a mesma vivencia diferen- cia com livros, com adultos alfabetiza-
tes contextos, aprendendo a relacionar dos e com as letras é constante. Coelho
diferentes situações. (2010) salienta que a aprendizagem da
linguagem oral e escrita é de suma im-
Considerando que não é só no am- portância para as crianças ampliarem
biente escolar que a criança tem acesso suas participações nas práticas sociais.
a cultura escrita e observando as várias
esferas de letramento com as quais os pe- O conhecimento que a criança
quenos convivem podemos perceber que traz e suas hipóteses sobre o que é e
para que serve saber ler e escrever é es-
[...] mesmo que se criem categorias
para agrupar os materiais, sua circula-
sencial para a aquisição da escrita e da
ção se dá em uma pluralidade de espa- leitura. Mesmo que a escola tenha to-
ços. Entre a maioria dos materiais de mado para si a função de alfabetizar as
leitura utilizados, os livros de histórias crianças (TRINDADE, 2004), embora
e os gibis têm sua presença marcan- esta prática tenha ocorrido em outros
te, tanto no espaço escolar quanto no
espaços até o século XIX, o processo de
doméstico, ficando difícil definir seu
local de origem, mas, independente alfabetização e letramento não ocorre
disso, fica evidente que a escola se uti- somente neste espaço. Quando na esco-
liza desse conhecimento nos primeiros la ampliamos os conhecimentos sobre
anos escolares, e as crianças que têm escrita percebemos que:
contato com esses materiais em suas
casas têm uma tendência a ter maior As atividades de alfabetização e letra-
intimidade e ‘sucesso’ ao ingressar na mento devem desenvolver-se de forma
escola. (SILVA, 2007, p. 57). integrada. Caso sejam desenvolvidas
de forma dissociada, a criança certa-
mente terá uma visão parcial e, portan-
O ensino da leitura e da escrita to, distorcida do mundo da escrita. A
deve ser entendido como prática de base será sempre o letramento, já que
um sujeito agindo sobre o mundo para leitura e escrita são, fundamentalmen-
transformá-lo, afirmando, desta forma, te, meios de comunicação e interação,
sua liberdade. enquanto a alfabetização deve ser vista
pela criança como instrumento, para
que possa envolver-se nas práticas e
usos da língua escrita. Assim, a história
PRÁTICAS E EVENTOS DE
lida pode gerar várias atividades de es-
LETRAMENTO: ANALISANDO crita, como pode provocar uma curio-
O AMBIENTE ESCOLAR sidade que leve à busca de informações
em outras fontes; frases ou palavras
Como já apontamos acima a crian- da história podem vir a ser objeto de
ça nasce em um ambiente letrado e a atividades de alfabetização; poemas
podem levar à consciência de rimas e
Educação Infantil não pode ficar a mar-
aliterações. O essencial é que as crian-
gem destas práticas em seu cotidiano. ças estejam imersas em um contexto
Mesmo não tendo a intenção de alfa- letrado - o que é uma outra designa-
betizar, práticas e eventos de letramen- ção, que também se costuma chamar
de ambiente alfabetizador - e que nesse esses eventos de letramento, bem como
contexto sejam aproveitadas, de ma- as crianças interagem diante disso.
neira planejada e sistemática, todas as
oportunidades para dar continuidade Durante as observações foi possí-
aos processos de alfabetização e letra- vel apropriarmos das várias práticas de
mento que elas já vinham vivenciando
letramento e alfabetização que marcam
antes de chegar à instituição de educa-
ção infantil. (SOARES, 2009, online). as rotinas diárias destas crianças. Nes-
te texto pontuamos momentos desta
Os dois processos, de alfabetização rotina em que estas atividades ganham
e de letramento, a princípio são indis- destaque.
sociáveis, pois devemos levar em con- Geralmente a aula inicia com uma
sideração a inserção da no mundo da rotina fixa que envolve oração, músicas
língua escrita por meio de suas habili- que trabalham com o nome das crian-
dades. Como enfatiza Coelho: ças, uma vez que a instituição estava
A Educação Infantil é uma etapa funda- desenvolvendo o projeto “Identidade”,
mental do desenvolvimento escolar das e roda de conversa onde as crianças fa-
crianças. Nessa fase, as crianças rece- zem a “leitura” do alfabeto, das vogais,
bem informações sobre a escrita, quan-
do brincam com os sons das palavras,
das formas geométricas e dos numerais.
reconhecendo semelhanças e diferenças A atividade de “leitura do alfabeto” con-
entre os termos, manuseiam todo tipo siste na identificação de qual objeto cada
de material escrito, como revistas, gi- letra representa. A seguir podemos ter
bis, fascículos, etc., momento em que ideia de como esta atividade acontece:
o professor lê textos para os alunos e/ou
escreve os textos que os alunos produ- A professora pergunta com qual le-
zem oralmente. Essa familiaridade com tra começa o nome da criança e a figura
o mundo dos textos proporciona maior
que a mesma representa:
interação na sociedade letrada. (COE-
LHO, 2010, p. 83). P:4 Com qual letra começa o nome
M.C?
M.C: A letra da maçã e do coelho.
A autora ressalta que a criança uti-
liza as práticas sociais como instrumen- Podemos perceber nesta breve des-
to da aquisição da leitura e da escrita, crição da atividade que a professora busca
relacionando os diferentes contextos
que a rodeia. Tais atividades farão com identificar as letras iniciais do nome
que o gosto pela leitura e pela escrita da criança relacionando-as com outros
seja despertado, tornando-se assim algo objetos que iniciam com a mesma letra,
motivante e prazeroso. buscando ampliar os conhecimentos da
criança com relação à letra inicial par-
Com o intuito de vivenciar as prá- tindo, mas indo além, do seu nome.
ticas de letramento no ambiente escolar, Para Grossi (1990) a escrita do nome
na Educação Infantil, realizamos obser- é uma das primeiras formas estáveis de
vações em uma turma de pré-escola I, escrita da criança. Segundo a autora ela
na faixa etária de 4 e 5 anos. Analisamos é fundamental para que o professor a
as práticas da professora em sala de aula 4 Para este texto utilizarei a letra P me referindo a Professora
para averiguar como acontecem de fato e a inicial do nome de cada criança para identificá-la.
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utilize como modelo para que possa cepção teve início na década de 80 e
questionar sobre suas hipóteses de es- teve como um de seus maiores autores
crita desestabilizando-as e fazendo com Geraldi (1984) que trabalha sobre a
que se aproxime cada vez mais de uma importância de despertar o gosto pela
hipótese alfabética de escrita. A pro- leitura, pois só assim teríamos uma ge-
fessora percebe a importância de seus ração de bons leitores. Silveira (1998)
alunos saberem grafar corretamente seu discute esta relação que se estabelece
nome e para isso busca fixar sua forma com a leitura denominando-a de dis-
através de comparações significativas. curso renovador da leitura. Segundo ela,
junto com este conceito surgiu uma
Percebemos que neste caso há uma
série de mitos atribuindo à leitura um
preocupação com o processo de alfa-
poder de transformação social e indi-
betização e esta prática desconsidera a
vidual questionável, segundo a autora.
natureza lúdica da criança desta faixa
Com o ingresso no cenário nacional
etária. Monteiro (2010) destaca que
dos estudos sobre letramento, década
muitos educadores acreditam que se
de 80, pensa-se que era e continua sen-
trabalhamos desta forma já na Educa-
do importante apresentar as crianças
ção Infantil acontecerá à perda do lúdi-
uma série de textos, preparando-os para
co, já que as crianças deixam de brincar,
a alfabetização. Outra cena bastante in-
o que poderia acarretar problemas em
teressante que observamos foi quando
séries posteriores.
a professora distribui aleatoriamente re-
Como era semana da Páscoa, a vistas, jornais, catálogo de lojas e de su-
professora trouxe para as crianças um permercado. As crianças olhavam aten-
conto chamado “A velha, a galinha e os tamente, alguns nem tanto. A docente
ovos de Páscoa”. O conto narrava a his- pede para que todos observem as letras,
tória de uma velhinha que morava em diz que os jornais contem notícias, que
uma aldeia pequenina, ela tinha uma passam na TV, venda de objetos, etc.
galinha e um coelho. A história traba-
Uma cena chama a atenção, a crian-
lhava com a identificação de cores e as
ça me chama até sua mesa e argumenta:
crianças prestavam muita atenção.
C: Tia minha mãe comprou brinquedo
Após a contação da história perce- (apontando para o panfleto de lojas).
bo uma fala de uma criança:
A: Eu peguei um desses lá no mercado.
C: Professora minha mãe comprou um
ovo grandão e colorido lá no shopping
(se referindo aos da história). Nesta atividade a professora parece
ter como objetivo trazer diversos mate-
P: Que bom traz um pedaço para a riais do cotidiano das crianças para den-
professora então. tro da sala de aula. Inicia falando sobre
a função do jornal, mas sua fala não é
A ideia de trabalhar com a leitu- levada em consideração pelos pequenos
ra de textos em sala de aula tem como que estão envolvidos em observar as
intenção transformar a leitura em algo imagens presentes nos materiais. Tal-
prazeroso para os estudantes. Esta con- vez fosse necessária a utilização de um
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