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doi: 10.4025/bolgeogr.v29i1.

10183

A MIGRAÇÃO SOB DIVERSOS CONTEXTOS

The migration in various contexts

Karla Rosário Brumes1


Márcia da Silva2

1
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Departamento de Geografia - Campus de Irati
R. Coronel Gracia, 508, ap. 2, Centro, Irati/PR Brasil
CEP: 84500-000l
kbrumes@irati.unicentro.br e kbrumes@hotmail.com
2
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Departamento de Geografia - Campus de Guarapuava
R. Afonso Botelho, 1955, Santa Cruz, Guarapuava/PR Brasil
CEP: 85015-000
msilva@unicentro.br e smarcias@superig.com.br

RESUMO

Os desafios encontrados tanto por estudiosos na definição não só do conceito, mas também dos processos que a questão
migratória envolve têm gerado alguns impasses quanto à formulação da teoria das migrações. As discussões não devem
ser pensadas no sentido de redimensioná-las apenas conceitualmente, mas também no sentido de compreender quais são
os meios mais adequados para as pessoas se moverem no território e como lhes garantir o pleno direito de locomoção. A
análise das migrações deve abordar mais do que o estudo das questões dos desequilíbrios regionais de oferta de
emprego, devem também analisar a decisão pessoal do sujeito na migração. Neste contexto a abordagem que leve em
consideração a influência das redes sociais em sua compreensão, apresenta novos elementos de um ideal mais coletivo.

Palavras chave: Migração. Teorias migratórias. Redes sociais.

ABSTRACT

The challenges encountered by both scholars in defining not only the concept but also the process that involves the
migration issue has generated some impasses regarding the formulation of the theory of migration. The discussions
should not be considered in order to resize them only conceptually but also in order to understand what are the best
means for people moving within and how to ensure them the full right of locomotion. The analysis of migration must
address more than the study of issues of regional imbalances of jobs, should also examine the subject's personal
decision on migration. In this context the approach that takes into account the influence of social networks in their
understanding, introduces new elements of a more collective ideal.

Keywords: Migration. Migration theories. Social networks.

1. INTRODUÇÃO dois vieses de abordagens teóricas sobre o


tema migração: um onde a tendência
Ao se analisar os conceitos e as tradicional dá ênfase a questões econômicas
abordagens sobre migração, podemos como principal motivo e causa dos
perceber que eles estão inseridos numa vasta e deslocamentos populacionais; e outro, mais
complexa literatura. De início podemos traçar

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recente, que aborda as teorias sociais, como contextos, ampliada e condicionada à outras
pro exemplo as redes sociais. variáveis da vida em sociedade (crenças,
Nas diversas tradições dos estudos há valores, cultura, relacionamentos,
uma confluência de abordagens e disciplinas representações). Todavia, não é fácil
que, cada qual com suas preocupações e relacionar, na conjunção dos estudos sobre
objetos, compõem um grande quadro sobre a migração, uma dimensão econômica com uma
migração, o migrante, seus movimentos, os dimensão que busque a inserção de variáveis
processos materiais, as consequências e da vida em sociedade.
implicações em diferentes escalas, os Enfoques teóricos e metodológicos
símbolos e as transformações culturais. que levam em conta análises microanalíticas,
As migrações, no Brasil, tiveram um história de família, estudos de ciclo vital etc.,
caráter acentuadamente compulsório e os ganham força na tentativa de explicar a
migrantes foram vistos como sujeitos existência de continuidades nos fluxos
expropriados e, por isso, forçados a uma migratórios que parecem ter vida própria e
peregrinação constante na busca de trabalho, que continuam mesmo quando as causas que
renda e melhores condições de vida. Não se lhes deram origem desaparecem frente à
pode negar, entretanto, que há casos em que incapacidade de estudos clássicos sobre
pessoas, grupos e famílias se deslocam por migrações darem respostas a perguntas sobre
outros motivos, como o turismo, o comércio e as dinâmicas migratórias.
as visitas e permanecem nos lugares Segundo Silvestre Rodríguez (2000, p.
diferentes de suas origens. 179), estes enfoques proporcionam
Analisada num contexto de sistema
econômico de espoliação, a migração [...] o encontro entre as análises macro e
proporciona aumento máximo dos lucros das micro e supõem uma concepção evolutiva e
empresas privadas e condena à itinerância dinâmica das migrações, e uma abertura
constante parte da população, geralmente ante aos pontos de vista sociológicos e
antropológicos.
excluída. A priori, a lógica do capital se
transforma no centro da sociedade sendo
necessário que exista um migrante para que o Neste contexto teórico as análises
sistema produza. Esta estrutura necessita, sobre migrações implicam em abordagens que
portanto, de trabalhadores circulando de um estudam apenas as relações dos migrantes no
lado para o outro, funcionando como um lugar e de forma isolada. Com a diferenciação
exército de reserva, pronto a aceitar uma crescente dos lugares é preciso que as
árdua sobrevivência. Neste contexto e em abordagens geográficas dos espaços
linhas gerais, a migração não parece ser um migratórios sejam capazes de captar os fluxos
fenômeno natural e espontâneo, mas sim sócio-espaciais de forma mais abrangente e
provocado por estruturas muitas vezes detalhada.
injustas ligadas a contextos econômicos, Massey et al (1998) afirmam que. por
políticos, sociais e ideológicos. meio da análise da migração e das relações
Ainda assim, analisar as migrações e dos sujeitos, podem ser observadas relações
suas consequências é importante devido à que vão além das estabelecidas pelo capital
capacidade que este movimento e seus como, por exemplo, as dinâmicas sócio-
sujeitos têm de levar uma série de elementos espaciais da mediação e do convívio. Seria a
indispensáveis à expansão dos lugares de busca de uma análise sobre migração que
inserção, a saber, força de trabalho, relacione fatores econômicos integrados a
conhecimento, capital, consumo etc. fatores sociais.
(MATOS; BRAGA, 2002). Portanto, entender a migração por
A busca por uma maior compreensão meio dessas perspectivas pode permitir
da migração deve privilegiar os papéis observar que existem entre os sujeitos do
desempenhados pelos migrantes em seus processo, por exemplo, trocas de informações
e de materiais que podem estabelecer laços ou

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conexões sólidas capazes de explicar os considerar a questão da estrutura
motivos pelos quais muitos fluxos acontecem. macroeconômica, da qual deriva a concepção
neoclássica2. Nela a migração tem uma
2. MIGRAÇÕES: O QUE ENFATIZAM expressão demográfica e econômica
ALGUMAS REFLEXÕES? (migração como ajuste espacial do mercado),
ao representar os deslocamentos espaciais de
A variabilidade de movimentos trabalhadores no espaço geográfico, ou seja,
migratórios observados não se constitui em ela demonstra uma preocupação com a
uma novidade sem precedentes, uma vez que, economia do espaço e a gestão capitalista da
ao longo dos tempos, várias têm sido as mão-de-obra.
tentativas de traçar regularidades que As teorias neoclássicas admitem as
fundamentem formulações teóricas. relações entre mercado e trabalho e bens e
Os campos de enfrentamento de salários como fatores de deslocamentos
posições políticas e metodológicas a respeito migratórios, em função da busca de emprego
da migração compõem a chamada política e renda. Assim:
migratória1 que não se restringe à intervenção
sobre um fato empiricamente observado, mas [...] o fenômeno social migração a outros
se estende à própria construção do conceito fenômenos sociais são historicamente
de migração. determinados e se relacionam a processos
Os desafios encontrados por de mudança na estrutura da sociedade, da
estudiosos na definição, não só do conceito, economia e da política, que contextualizam
sua dinâmica (SALIM, 1992, p. 125).
mas também dos processos que envolvem a
questão migratória, geram impasses quanto à
A mobilidade da força de trabalho,
formulação de uma teoria sobre as migrações,
outra linha de análise sobre migrações,
já que este é fenômeno envolto em processos
fundamenta-se especialmente na teoria
sociais heterogêneos (FERREIRA, 1986).
marxista do trabalho, que leva em
Autor considerado clássico no estudo
consideração a relação capital/trabalho e a
do tema Ferreira fazia análises consideradas
produção e reprodução ampliada dessa
primárias em virtude das deduções teóricas
relação.
não muito sistemáticas baseadas na realidade
Assim, enquanto o enfoque
empírica do primeiro recenseamento britânico
neoclássico analisa os reflexos das correntes
de 1881 e, posteriormente, nos dados de um
migratórias tendo na migração um agente de
conjunto mais alargado de países europeus e
transformação, na mobilidade da força de
norte-americanos (DEMARTTINE; TRUZZI,
trabalho a análise recai sobre as formas
2005).
concretas de mobilidade da força. Na visão
Em 1885, Ravenstein explicitou as
neoclássica, portanto, os problemas
„leis de migração‟, que deram início a uma
estruturais são os possíveis causadores dos
longa trajetória de análises acerca dos
deslocamentos e na mobilidade da força de
movimentos populacionais que marcavam a
trabalho os enfoques recaem no processo de
associação entre as atividades econômicas,
acumulação capitalista (SALIM, 1992).
deslocamentos espaciais de grupos sociais
Marx (1983), em sua análise sobre o
específicos e a regularidade de tais
processo de formação e desenvolvimento do
movimentos, buscada nas estatísticas oficiais
capitalismo, demonstra que a condição
da Inglaterra daquele momento e ampliada,
estrutural da qual emerge a mobilidade
posteriormente, com evidências de outros
populacional teria a força de trabalho e a
países europeus (DEMARTTINE; TRUZZI,
acumulação de capital como relação social
2005).
que se desenvolve qualitativa e
Salim (1992) procurou, ao seu modo,
quantitativamente. A mobilidade se liga à
estabelecer uma discussão crítica das linhas
produtividade e à expansão física do capital,
explicativas do fenômeno migratório, ao
apresentando-se como condição e

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consequência do desenvolvimento das forças reprodução, o que o tornaria livre, pois,
produtivas. despossuído dos meios de subsistência e
As teorias neoclássicas e da produção. Assim, ele estaria obrigado a
mobilidade da força de trabalho, chamadas de circular em busca de compradores da única
análises clássicas, não permitem que muitas mercadoria de que dispõe, qual seja, sua força
particularidades sejam apreendidas nos de trabalho.
contextos migratórios, pois, não adentram Povoa Neto (1994), Benetti; Vainer
além elementos que não derivam dos (1988), Menezes (1992) e Vainer (1996)
contextos das dinâmicas do capital. Um ponto apontam, em suas pesquisas, os limites das
limitante dessas análises está no fato das interações neoclássicas e, por este motivo,
mesmas colocarem a migração como fator trazem para a discussão (a fim de
impulsionador da diminuição de proporcionar uma melhor compreensão sobre
desigualdades regionais. Para Menezes (2001; os estudos de migração e sua inserção nos
2002), Salim (1992) e Ferreira (1986) é territórios), a inserção outras variáveis da vida
notório o fato de que, em muitos casos, a em sociedade. Tais contextos valorizam um
inserção de fluxos migratórios desestruturou migrante que passa a ser um sujeito
os locais de chegada e também os de partida, importante no processo mediante as suas
uma vez que há o aumento do número de escolhas individuais.
habitantes de algumas localidades e As contribuições clássicas do período
esvaziamento de outras, levando a entre de 1970 e 1980, que foram elaboradas
desestruturação de estruturas produtivas ou num momento em que o mito do
pirâmides etárias. desenvolvimento da economia e da sociedade
Os problemas da estrutura na qual se brasileira se fazia presente, devem aqui ser
inserem os fluxos migratórios ao não serem pensadas. Todavia, como qualquer outro
colocados de forma clara por esses modelos fenômeno social de grande significado na
de interpretação também são tidos como vida das nações, as migrações, ao serem
pontos limitantes, pois, da forma como é historicamente condicionadas, são resultado
apresentada a economia, o suposto equilíbrio de processos econômico-materiais de
gerado pela migração: mudança. Assim, atentar-se aos limites da
configuração histórica que dão sentido a um
[...] seria uma forma de justificar todas as determinado fluxo migratório é o primeiro
políticas de mobilidade forçada, ou seja, a passo para o seu estudo.
liberdade individual nada mais seria do que Sorre (1984) afirma que a Geografia
mais uma vontade imperante do mercado traz reflexões a respeito das migrações ao
(GAUDEMAR, 1976, p. 179). analisar questões como a circulação, a
distribuição e a formação dos territórios, por
Menezes (2001; 2002), Salim (1992) e exemplo.
Ferreira (1986) também apresentam Rossini (1997) considera as análises
limitações acerca dessas abordagens que tragam para a discussão o uso dos
neoclássicas, ao afirmarem que elas não recursos técnicos científicos e a
possibilitam análises mais adequadas entre informatização colocada à disposição da
uma estrutura micro e uma estrutura macro. humanidade, posto conferirem maior à
Nesse universo teórico, é importante interpretação do espaço, da sociedade e dos
que sejam compatibilizados a determinação fluxos migratórios. Porém, essas análises, de
estrutural e a liberdade individual, segundo acordo com Patarra (1992), Paviani (1993) e
Marx (1983), que fala a respeito da dupla Pacheco (1998) desconsideram os vários
dimensão da liberdade sob o capital, a saber, fatores imperantes nas estruturas nas quais os
uma em que o migrante é livre de todo e fluxos migratórios se inserem.
qualquer tipo de imposição territorial, Demarttine e Truzzi (2005) analisam
podendo circular, e outra em que ele não o uso do método comparativo no campo dos
dispõe dos meios para assegurar sua

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estudos migratórios, nos quais se pode diversas”, ou seja, os dispositivos
observar as diferenciações quanto à origem instrumentais e teóricos acerca das migrações
das abordagens, aos pressupostos internas sob este ângulo e elaborados antes
ideológicos, a interpretação dos fatores, bem dos anos de 1980 deixaram de captar outros
como as consequências destes estudos no contextos que não apenas os relacionados às
território e espaço analisados. Segundo os perspectivas capitalistas.
autores, “o impulso migratório raramente é Neste sentido a introdução da
um fato simples, pois amplia-se num acúmulo discussão de redes como fator de análise do
de necessidades, desejos, sofrimentos e fenômeno migratório, por exemplo, pode
esperanças” (DEMARTTINE e TRUZZI, possibilitar a compreensão de outras
2005, p. 32). características importantes do processo, como
O processo migratório não é algo as determinações culturais e sociais, é
mecânico que ocorre apenas entre um pólo de necessário que a análise incorpore elementos
expulsão e outro de atração. Ele se que até então eram desconsiderados ou ao
desenvolve num contexto social menos considerados relevantes nos estudos
historicamente determinado. Sampaio (1985, migratórios.
p. 33) refere-se à migração, neste sentido: A inserção de variantes como “a
vontade própria”, faz com que as „novas
[...] como um processo social resultante de teorias a respeito de migrações‟ passem a
mudanças estruturais de um determinado agregar análises das várias facetas de uma
país, que provocam o deslocamento sociedade que se articula de forma mais
horizontal de pessoas de algumas classes concisa.
sociais, que, por razões diversas, deixam o Muitas têm sido as análises que se
seu município de nascimento e vão fixar
pautam na decisão do um indivíduo em sair
residência noutro.
de um lugar rumo a outro. Assim, é
Porém, existem ressalvas, a saber, a necessário pensar esse fenômeno dentro do
ideia de que todas as classes são deslocadas contexto em que a migração sai do nível de
horizontalmente, não deve ser compreendida determinação macro e passa ao nível micro,
ao pé da letra. A migração deve ser entendida em que a motivação é vista com mais
a partir da análise da importância das racionalidade, uma vez que envolve decisões
instâncias sociais, políticas e culturais, uma pessoais (ZAMBERLAN; CORSO, 2007).
vez que a mobilidade da população, diante de
um processo de urbanização extensivo no 3. MIGRAÇÃO, URBANIZAÇÃO E
território, pode potencializar e redefinir os MOBILIDADE SOCIAL: QUAL A
movimentos populacionais em escala local RELAÇÃO?
(aumentando os movimentos intra-regionais,
micro-regionais) e na escala macro-regional As migrações, no Brasil, podem ser
(integração do território diante do processo analisadas por meio de vários aspectos. As
de alargamento das funções urbano- transformações ocasionadas pela passagem da
industriais). sociedade rural para urbana, por exemplo, é
No passado, os instrumentais um deles, pois levou a impactos que tiveram
utilizados na análise dos contextos repercussão, sobretudo, na transformação da
migratórios proporcionaram a produção de estrutura social brasileira. Diante disso a
teorias capazes apenas de captar uma migração, ao longo das décadas, passou a ser
migração que favorecia um capitalismo vista, pelos migrantes, como uma forma que
otimizado e com um indivíduo envolvido os levaria efetivamente a uma mobilidade
positivamente nessa racionalidade. É preciso social3.
pensar que as análises sobre migrações Os estudos sobre migração4 no Brasil
pautadas apenas nas ações capitalistas dão conta de que esta, entre os anos de 1950
resultaram em “materialidades esparsas e e 1960, era fator altamente positivo tanto para

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o indivíduo quanto para o desenvolvimento É preciso ficar atendo ao fato de que sua
nacional, já que a mobilidade espacial refletia relação com a migração pauta-se justamente
uma crescente expansão econômica. nestas estruturas sociais já estabelecidas, ao
Nos anos de 1960 e de 1970, a criar rearranjos no local que envia o migrante
concentração da atividade industrial urbana e e, simultaneamente, no que o recebe
o estímulo à modernização da agricultura (SAYAD, 1998).
foram fenômenos que caminharam juntos Segundo Jannuzzi (2000), os estudos
produzindo fluxos migratórios de grande sobre migração subestimavam os fluxos, em
magnitude, direcionados para os espaços especial os deslocamentos criados pelo
urbanos. Também neste período a mobilidade processo sócio-econômico e, por isso, fatores
espacial de longas distâncias, como a da do estruturais foram importantes para explicar
Planalto Central com a construção de Brasília apenas a intensa mobilidade populacional e
(1960) e a Fronteira Amazônica, foram não a mobilidade social no Brasil.
incentivadas oficialmente pelo Estado. Bacha & Klein (1986), Salim (1992),
Já nos anos de 1980, considerados por Baltar, Dedecca e Henrique (apud
alguns como a „década perdida‟ devido a crise MATTOSO, 1997), ao analisarem a
econômica de 1981 a 1983 e outros elementos mobilidade social no interior da sociedade
de cunho econômico, com respaldos brasileira, questionaram sua efetiva
recorrentes de cunho social, o quadro até ocorrência. Segundo estes autores a
então favorável à mobilidade estrutural e, por „mobilidade social‟ não foi acompanhada de
extensão, às perspectivas de mobilidade social melhoria nas condições de vida e nem
ascendentes mudou completamente no país. diminuiu as desigualdades sociais da classe
Houve queda nas taxas de trabalhadora, especialmente aquela oriunda do
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) campo. A inserção, por meio da migração, no
que foram de 7% a.a entre 1975 e 1980, para modo de vida urbano não garantiu aos
1% no quinquênio seguinte, com a migrantes ocupação adequada e renda
consequente diminuição no ritmo de criação suficiente para garantia de sobrevivência. Tal
de postos de trabalho no setor formal, constatação só vem a reforçar a ideia de que a
aumento da rotatividade da mão-de-obra, migração analisada apenas sob a ótica
contratação das vagas na indústria de capitalista traz resultados no mínimo
transformação e na construção civil nas contraditórios.
regiões metropolitanas. Tudo isso levou a Baltar, Dedecca, Henrique (apud
limitação das oportunidades de ingresso no MATTOSO, 1997, p. 89) afirmam que:
mercado de trabalho e das possibilidades de
progressão funcional (JANNUZZI, 2000). [...] apesar de o desenvolvimento
Depois dos anos 1980, um conjunto de econômico ter gerado amplas e novas
mudanças econômicas e sociais fez com que o oportunidades ocupacionais, em especial
processo migratório também passasse por nas atividades urbanas e que
mudanças e se transformasse, assim como a possibilitaram uma expressiva mobilidade
social ascendente, há duas questões
própria natureza do migrante. Tais contextos
básicas que condicionam aquela
fizeram com os estudos que apenas reprodução. A primeira questão diz
relacionavam a análise de processos de respeito ao volume e velocidade
mobilidade social aos processos de significativa de êxodo rural e suas
mobilidade espacial fossem parcialmente consequências sobre a estruturação do
abandonados. mercado de trabalho urbano [...]. A
As condições de análise da sociedade segunda questão diz respeito,
fazem com que seja complicado inferir sobre propriamente, ao tipo de geração de
o próprio conceito de mobilidade devido à sua emprego e renda urbana [...].
abrangência, já que ela envolve além da
mobilidade social, a populacional e a espacial. A referida mobilidade social da forma
como se procedeu acabou por aumentar ainda

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mais o padrão de desigualdade entre as visto que a estrutura capitalista, a cada dia,
pessoas, visto que os benefícios do impõe condições de inserção cada vez mais
desenvolvimento econômico que o mundo difíceis àquele migrante que busca mudanças.
conheceu, especialmente no período pós-II O fato é que a migração não é fator
Guerra, não foram aproveitados por todos. preponderante para a mudança na escala
Carvalho e Machado (1992, p. 138) social da maior parte dos migrantes, uma vez
observaram que: que a mobilidade social é muito pequena ou
nula diante do quadro no qual se
[...] essa evidência do grande dinamismo estabelecerão.
da pirâmide social brasileira, notadamente Por fim, uma análise que se propõe
em sua base, pouco interfere na estrutura estabelecer uma relação entre migração e
das desigualdades. A mobilidade mobilidade social deve abarcar mais do que a
ascendente observada se caracteriza por
análise das questões dos desequilíbrios
um movimento marcadamente
regionais de oferta de emprego. Ela deve
segmentado: muitos sobem e poucos
sobem muito. Os pequenos ganhos analisar questões como àquelas voltadas a
assessoriais da maioria são largamente menores custos de habitação, melhor oferta de
superados pelos ganhos da minoria situada serviços públicos e privados, maior
nos estratos ocupacionais médios. Esse o proximidade da família, melhor qualidade de
padrão do mecanismo estrutural que vida etc. (ANTICO, 2005). A relação virtuosa
determina o perfil social no Brasil. entre mobilidade social e migração deve ser
bem analisada para que afirmações sejam
A mobilidade social tida como efetivamente feitas sobre este assunto.
consequência da intensa migração rural-
urbano vivenciada no país, nos últimos 50 4. MIGRAÇÕES: E OS SUJEITOS DO
anos, mais do que qualquer ascensão ligada à PROCESSO?
mudança social da população, é uma mudança
territorial, já que ao final desse período o Antico (2005), Touraine (1994),
Brasil se transformou em um país Charlot (2000) e Certeau (1994) reconhecem
intensamente urbano, sendo que de 1940 a que o fenômeno migratório constitui espaço
2000 a urbanização passou de 31% para cerca privilegiado para a análise de processos da
de 81%. construção das identidades, pois por definição
Segundo Becker (1997), as políticas é fenômeno de mudança social e cultural.
eram formuladas para áreas de acelerada Sayad (1998; 2000) aborda os o fato de que os
imigração urbana, mesmo sabendo-se que processos migratórios integram uma
tanto áreas urbanas como rurais vinham dimensão social e cultural, na medida em que
apresentando progressiva decadência nas são imbuídos de lógicas de modernização, ou
condições de vida de suas populações. seja, revelam-se também na procura e no
Baltar, Dedecca e Henrique (apud acesso a bens da modernidade e a sua
MATTOSO, 1997) e Martine (2002) afirmam realização resulta de uma concorrência entre
que a migração também não deve ser vista vontades individuais e um contexto favorável
como um fator que diminui as desigualdades à sua realização.
sociais entre regiões, uma vez que a No que tange ao migrante, muitos são
mobilidade social apresentada pelos os casos em que os estudos sociológicos e
migrantes não reduziu as desigualdades demográficos o consideram como categoria
sociais. Em muitos casos, ela serviu, analítica, abstrata, sob a rubrica dos fluxos
inclusive, para aumentar essas desigualdades. migratórios ou deslocamentos de populações.
O migrante, que até o início dos anos A partir desta reflexão vem a ideia de um
de 1980 se estabelecia permanentemente, sujeito ativo na migração, já que nele há um
pensando em, de “degrau em degrau”, ir estado de imbricação que acaba estabelecendo
ascendendo socialmente, foi se tornando raro, a crítica da ordem das coisas.

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Touraine (1994) fala de uma dialética espaços geográficos diferenciados, em que as
entre ser (self) e não-ser que se encaminha relações sociais se estabelecem de forma
para a emergência do eu, que não significa a diversa daquela que estava acostumado a
formação de um ideal do ego, mas um eu vivenciar.
coletivo e político, comprometido com o O migrante se insere e suas relações
outro e com ênfase na crítica social. Para o sociais pouco a pouco se apresentam a partir
autor este „eu – sujeito‟ é dialético na medida do conhecimento do entorno, a partir do
em que contém tanto o mundo de desejo de desprendimento do local de onde migrou.
consumo como o mundo da razão e das Porém, quando o desenraizamento não ocorre,
regras, além da clareza quanto às condições o migrante passa a viver realidades diferentes,
que o oprimem e o excluem. ou seja, em muitos casos, o migrante vive no
Dentro desse aspecto o migrante e sua novo espaço e a ele não se insere. O migrante,
materialidade se relacionam, já que o sujeito, ao „romper‟ com o território de origem deixa
segundo Charlot (2000, p. 33-51): os lugares responsáveis por sua formação
enquanto pessoa e sob os quais está edificada
[...] é um ser humano aberto a um mundo a sua identidade.
que possui uma historicidade; é portador de O migrante, ao estabelecer novas
desejos, e é movido por eles, além de estar relações sociais, tende a fazer do lugar de
em relação com outros seres humanos.
chegada o lugar em que se reproduz
socialmente a partir dos contatos que vão
O migrante é, assim, um ser social por sendo estabelecidos, sejam eles pautados em
ter origem familiar, por ocupar um lugar laços de amizade ou família as chamadas
social e se encontrar inserido e rodeado por redes. Tais fatores são significativos para que
íntimas relações sociais, em especial quando realmente seja estabelecida de forma mais
se analisam as redes sociais das quais faz “fácil” a inserção no mundo do trabalho.
parte. E é por este motivo que ele tem plenas Esse aperfeiçoamento institucional e
condições de apresentar uma história que vai formal das redes sociais entre imigrantes pode
interpretando o mundo em que está inserido, servir para a sua sustentabilidade,
criando condições e sentido para entender o possibilitada pelo transcurso do tempo e pelo
lugar que ocupa. São estes alguns dos motivos acúmulo de capital social, entendido este
pelos quais o próprio fenômeno da migração, como as trocas entre parentes, amigos e
há tempos entendido como sendo apenas conterrâneos e as oportunidades de emprego,
resultante de uma ação que tem origem na hospedagem e assistência financeira,
estrutura macro-econômica, necessita ser reduzindo os custos financeiros e físicos com
pensado levando-se em consideração sim, as a migração (MASSEY apud MARQUES,
condições sociais as quais o sujeito migrante 1999).
apresenta. Paviani (1993) afirma que o migrante
No mundo das relações sociais e nessa somente possui condições para uma efetiva
perspectiva, assim como o fato de o ser participação nos processos regionais de
humano não ser apenas um dado, mas uma produção quando se fixa, definitivamente, em
construção, o migrante não migra apenas por um dado espaço geográfico, uma vez que,
imposição, ou seja, este ato está carregado de além dos familiares, que muitas vezes são
intencionalidades recorrentes ao próprio deixados para trás, o migrante também deixa a
sujeito. O migrante, neste sentido, deve ser cultura local que herdou para se inserir em um
visto inserido em uma estrutura social e espaço que não ajudou a criar, lugar do qual
econômica que o coloca em trânsito, não só não conhece a história.
de um lugar para outro, mas também de um As barreiras enfrentadas são muitas,
tempo para outro (CHARLOT, 2000). mas ele é capaz de criar o que Santos (1999)
Pensamos em um migrante que ao se chama de „espírito alerta‟, que permite que o
inserir em um novo espaço se sujeita às migrante se refaça, reformule suas ideias de
contradições do mesmo, pois está diante de

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futuro a partir do momento em que entende NOTAS
melhor a nova realidade que o cerca. Surge
um embate na questão da migração, no 1 Segundo Vainer (2000, p. 13) a política
sentido de compreender como o migrante age migratória pode ser definida como “a questão
dentro de uma estrutura que o deixa imune a que informa e justifica um terreno de atuação
determinados processos condicionantes. do Estado, ou seja, é a política que, de forma
Como não pensar, diante dessas situações, nos explícita e direta, gera avaliações, objetivos e
comportamentos individuais inerentes ao práticas relativas à contenção, geração,
sujeito que tem o direito de mover-se no estímulo, direcionamento, ordenamento e
território e de mudar de residência? acompanhamento de deslocamentos espaciais
O migrante sente a necessidade de de trabalhadores”.
fixar-se para que possa alcançar uma sensação
de bem-estar, aliviando o incômodo 2 Segundo Salim (1992, p. 122) a expressão
sentimento de incerteza e instabilidade que “caracteriza os substratos comuns de
perdura e se reforça com a ausência do lugar. múltiplas subdivisões e significações, o que
No entanto, a fixação do migrante no local de permite falar em escolas, correntes e variantes
destino tem algumas restrições ou condições de um mesmo tronco”.
em termos de identificação sociocultural e
socioespacial. Alguns fatores 3 Mobilidade social é referida, aqui, como a
encorajam/incentivam esse envolvimento, mobilidade expressa pela mudança de
outros repelem qualquer tentativa ou interesse ocupações, com status sócio-ocupacionais
em fazê-lo. diferentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 4 No país três grandes correntes migratórias,


nos últimos quarenta anos, podem ser
Quando pensamos nos enfoques identificadas: do Nordeste para o Centro-Sul
atribuídos ao fenômeno das migrações ao do país (especialmente São Paulo e Rio de
longo do tempo, chegamos à conclusão de Janeiro); do Nordeste para a região da
que há predomínio de uma dinâmica macro- Amazônia Legal; e uma terceira, mas recente
estrutural. É dela que decorre grande parte das e ainda não esgotada, do Sul do país
chamadas „teorias neoclássicas‟ em que a (sobretudo do Rio Grande do Sul e do
migração seria a responsável pela melhoria de Paraná) para o Centro-Oeste e Norte do país,
vida ou „bem estar‟ do migrante e seu grupo. que no caso dessa última, os fluxos referem-
No entanto, compreender a migração apenas se à expansão da fronteira agrícola.
por este viés é colocar e imaginar um
migrante que é reprimido e entregue a REFERÊNCIAS
determinadas estruturas condicionantes.
A migração e sua inserção no território ANTICO, Cláudia. Deslocamentos pendulares
deve também ser compreendida a partir de na região metropolitana de São Paulo. São
outros elementos da vida em sociedade, como Paulo em perspectiva. Movimentos
crenças, valores, cultura etc. Os estudos Migratórios nas metrópoles. Fundação
macroestruturais, pautados na centralidade do SEADE. v. 19, n. 4, p. 110-120, out./dez.
mercado de trabalho, consideraram que o 2005.
fator impulsionador da migração deve
também incorporar estes novos elementos BACHA, Edmar L.; KLEIN, Herbert S. A
explicativos como fatores impulsionadores da transição incompleta: o Brasil desde 1945.
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