Você está na página 1de 4

Estudo Dirigido 07 – GABARITO

A) PENAL

1. O erro sobre elementar de tipo incriminador sempre exclui o dolo. O erro, se inevitável,
não permite a punição a título de culpa, ficando afastada a tipicidade. Se o erro for evitável,
permite a punição por culpa, caso haja previsão legal do crime na forma culposa.

2. Segundo a doutrina, a legislação pátria adota a teoria limitada da culpabilidade, segundo a


qual o erro sobre tipo permissivo tem a mesma consequência do erro sobre elementar de
tipo incriminador, ou seja, sempre exclui o dolo.

3. Culpa imprópria é a que deriva de descriminante putativa por erro de tipo evitável
(inescusável). Assim, apesar de dolosa a conduta do agente, se tal conduta se dá em razão de
erro de tipo permissivo inescusável, e sendo o crime previsto na forma culposa, deverá o
agente ser punido a título de culpa.

4. No erro sobre a pessoa (error in persona), o agente, por equivocada percepção da


realidade, atenta contra determinada pessoa, imaginando atingir terceiro. Como
consequência, responde como se tivesse acertado quem queria. Já no erro na execução
(aberratio ictus), é por falha na execução que o agente vem a atingir pessoa diversa da que
queria. No primeiro, o agente tem mira perfeita, mas se equivoca quanto à pessoa-alvo (pensa
ser outro); no segundo, o agente sabe quem quer acertar, mas erra no disparo.

5. Na aberratio criminis (também chamada aberratio delicti ou erro quanto ao resultado), o


agente, por falha na execução, atinge bem jurídico de natureza diversa e termina por praticar
crime diverso do pretendido (outro tipo penal). Por exemplo, deseja destruir uma janela
(crime de dano), mas acaba atingindo uma pessoa (crime de lesão corporal). Na aberratio
ictus, o agente pratica o tipo penal pretendido, porém, também por falha na execução, acaba
atingindo vítima diversa da esperada. Exemplo: deseja matar seu inimigo (crime de homicídio)
e acaba atingindo seu próprio pai (crime de homicídio).

B) PROCESSO

1. São de ação penal pública incondicionada (artigo 225 do Código Penal).

2. Em regra, são de ação penal privada (artigo 145, caput, do Código Penal). Se o ofendido for
o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, a ação penal passa a ser pública
condicionada à requisição do Ministro da Justiça. Em caso de ofensa contra funcionário
público, em razão de suas funções, e de injúria qualificada pela referência a cor, raça, etnia,
religião, origem ou condição de pessoal idosa ou portadora de deficiência (artigo 140, §3º, do
Código Penal), a ação será pública condicionada a representação do ofendido. Na primeira
hipótese, no entanto (crime contra a honra de funcionário público em razão da função), há
na realidade uma dupla legitimidade (Súmula 714 do STF): o processo pode ser iniciado tanto
por denúncia do Ministério Público, desde que tenha sido oferecida tempestivamente a
representação (ação penal pública condicionada à representação), quanto por queixa-crime
do próprio ofendido (ação penal privada). No caso de injúria real da qual resultem lesões
corporais, conforme o texto da lei, a ação seria sempre pública incondicionada. Todavia, a
doutrina atualmente sustenta que, caso sejam leves as lesões, a ação deve ser publica
condicionada à representação, por força da disciplina introduzida pelo artigo 88 da Lei
9.099/95.

3. Nos casos de contravenções penais, será a ação pública incondicionada, conforme dispõe
artigo 17 da Lei de Contravenções Penais. Em se tratando, porém, de contravenção de vias de
fato, prevalece atualmente que a ação deverá ser pública condicionada. Isto porque, nos
termos do artigo 88 da Lei 9.099/95, será pública condicionada a ação penal nos casos de
lesões corporais leves e lesões culposas; assim, sendo as vias de fato menos graves, por mais
razão deve-se proceder mediante representação.

4. Não é de ação pública incondicionada o crime de ameaça, o qual apenas se procede


mediante representação.

5. Será de ação pública condicionada à representação, nos termos do artigo 182, inciso II, do
Código Penal, desde que a vítima não seja idosa (artigo 183, inciso III, do Código Penal).

C) PENAL

1. Exaurimento é o esgotamento da potencialidade lesiva da conduta. Para alguns autores,


como Greco, seria quinta fase do iter criminis, que se dá após a consumação. Por exemplo, o
crime de concussão consuma-se com a exigência da vantagem e a sua obtenção é mero
exaurimento do crime.

2. Diz-se branca a tentativa que não resulta em lesão ao bem jurídico; cruenta, a que lesiona
o bem, sem, por óbvio, alcançar a consumação.

3. São corretas as seguintes respostas:

a) Crimes unissubsistentes, pois o momento do início da execução é o mesmo da consumação,


de modo que iniciada a execução o crime estará consumado, impedindo a tentativa. Exemplo:
injúria praticada oralmente.

b) Crimes culposos, e preterdolosos, pois se o agente não quer o resultado, jamais o resultado
deixará de ser alcançado por circunstância alheia a sua vontade. Exemplo: homicídio culposo,
lesão corporal seguida de morte.

c) Crimes habituais, pois prevalece não ser possível tentar ter um hábito. Exemplo:
rufianismo.

d) Contravenções penais, pois por expressa do artigo 4O da Lei de Contravenções Penais é


irrelevante a tentativa. Exemplo: vias de fato.

e) Crimes de atentado, pois a tentativa é ínsita ao próprio tipo penal, de modo que o tipo
prevê a própria tentativa como crime consumado. É impossível tentar a tentativa. Exemplo:
delito de evasão.

4. Prevalece ser a desistência voluntária causa de atipicidade da conduta. Há corrente


minoritária no sentido de tratar-se de causa pessoal de isenção de pena.
5. São requisitos do arrependimento posterior: a) não ser o crime perpetrado com violência
ou grave ameaça contra a pessoa; b) ser reparado o dano ou restituída a coisa; c) até o
recebimento da denúncia ou queixa e; d) ser a reparação voluntária (não é preciso ser
espontânea). A consequência é a redução da pena de um a dois terços, prevalecendo ser a
redução tanto maior quanto mais célere a reparação.

D) PROCESSO

1. Será de competência da Justiça Federal julgar furto contra a Caixa Econômica Federal,
tendo em vista cuidar-se de empresa pública federal, nos termos do artigo 109, inciso I, da
Constituição Federal. Não fazendo tal dispositivo referência às sociedades de economia mista,
como é o Banco do Brasil, a competência, nesse caso, será da Justiça Estadual. Nesse sentido
é a súmula 42 do STJ.

2. Será de competência da Justiça Federal, conforme dispõe o artigo 109, inciso IX, da
Constituição Federal, sendo indiferente estar a aeronave pousada ou em voo.

3. A competência será do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, pois em casos de


magistrados e membros do Ministério Público, a competência será do Tribunal ao qual estão
vinculados.

4. Será competente a Justiça de primeira instância. A Súmula 394 do STF previa a permanência
do foro por prerrogativa de função mesmo depois de cessado o mandato eletivo. Em 2001,
no entanto a súmula em questão foi cancelada. Em 2002, introduziu-se no Código de Processo
Penal o §1º do artigo 84 que repetia o texto da súmula cancelada. E por fim, em 2005, o Pleno
do STF, julgando a ADIN 2797, considerou inconstitucional o dispositivo em questão,
abolindo, portanto, a possibilidade de foro privilegiado a quem não mais se encontra no
exercício da função.

E) PENAL
1) No furto mediante fraude a mentira é utilizada para afastar a vigilância da vítima. A mentira faz com
que a vítima descuide na vigilância, permitindo a subtração. Neste caso, a vítima não quer que o agente
leve a coisa como se fosse sua.
No estelionato a mentira serve para que a vítima se iluda e entregue a coisa ao agente, que não a subtrai.
O estelionatário não a tira de forma clandestina ou com dissenso, mas sim com a concordância do iludido,
que está em erro.
2) Roubo impróprio (art. 157, §1º, do CP) é aquele em que a violência ou a grave ameaça é empregada
logo após a tirada da coisa, para garantir a sua detenção ou a impunidade do crime. É o inverso do roubo
próprio, em que a violência ou grave ameaça ocorrem antes da subtração. Seu momento consumativo
ocorre, para a doutrina majoritária, com o emprego da violência ou grave ameaça após a subtração da
coisa. Por isso há forte entendimento no sentido de que o roubo impróprio não admite tentativa. Ou
ocorreu a violência / grave ameaça, e nesse caso há roubo impróprio consumado, ou não ocorreu, e nesse
caso há furto consumado.
3) A conduta daquele que, por exemplo, detém a vítima para obrigá-la a efetuar saques em caixas
eletrônicos ou a fazer compras se subsume ao tipo previsto no art. 158, §3º, do CP.
4) Prevista no art. 180, §3º, do CP, a receptação culposa pode ocorrer nas hipóteses em que se adquire
ou recebe coisa que, por sua natureza (bem que em si não poderia estar ali, p.ex.: coroa da rainha da
Inglaterra; pedaço de Marte), ou pela desproporção entre o valor e o preço (que pudesse ensejar
desconfiança sobre a procedência escusa do bem), ou pela condição de quem a oferece (comprar relógio
de ouro de um camelô), deve presumir-se obtida por meio criminoso.

F) PROCESSO
1) Sim e ela se chama internação provisória, conforme previsão do art. 106 do ECA.
2) 45 dias, conforme previsão do art. 108, caput, do ECA.
3) Remissão, conforme previsão dos art. 126 a 128 do ECA, é uma faculdade que pode ser concedida pelo
Ministério Público antes da propositura da representação (este é o nome da peça acusatória) ou pelo
magistrado após iniciado o processo. Tem como finalidade suspender ou excluir o processo, atendendo
às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente
e sua maior ou menor participação no ato infracional. A remissão não implica necessariamente o
reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes,
podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação
em regime de semiliberdade e a internação, as quais poderão ser revistas a qualquer tempo a pedido do
adolescente, seu representante legal ou do Ministério Público.
4) Conforme previsão do art. 112 do ECA, são elas: advertência; obrigação de reparar o dano; prestação
de serviços à comunidade; liberdade assistida; semiliberdade; internação.
5) 6 meses para a prestação de serviços à comunidade (art. 117, caput, do ECA); 3 anos para a internação
(art. 121, §3º, do ECA); 3 anos para a semiliberdade (art. 120, §2º, c/c art. 121, §3º, do ECA); 3 anos para
a liberdade assistida (prazo utilizado por equiparação).

Exame de Ordem
Damásio Educacional
4 de 4

Você também pode gostar