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A presença de Maria nos textos do Novo Testamento.

Iniciamos o mês de Maio. Tradicionalmente, no Brasil, as manifestações devocionais de


nossas comunidades se voltam na direção de Maria, mãe de Deus e da Igreja. Nesse
sentido, também nós, queremos demonstrar nosso afeto por ela através de algumas
meditações e textos formativos relacionados a Nossa Senhora, que aqui serão postados
sempre aos domingos durante este mês. Como primeiro tema, propomos um
aprofundamento e reflexão sobre a presença de Maria nas Escrituras, a partir da citação
de alguns trechos do Novo Testamento. Ora, ao iniciarmos esse itinerário a partir
daquilo que a fé bíblica nos ensina a respeito dela, recordamos o significado de sua
presença no mistério de Cristo e de sua Igreja.

“Efetivamente, a Virgem Maria, que na anunciação do Anjo recebeu o Verbo no


coração e no seio, e deu ao mundo a Vida, é reconhecida e honrada como verdadeira
Mãe de Deus Redentor. Remida dum modo mais sublime, em atenção aos méritos de
seu Filho, e unida a Ele por um vínculo estreito e indissolúvel, foi enriquecida com a
excelsa missão e dignidade de Mãe de Deus Filho; é, por isso, filha predileta do Pai e
templo do Espírito Santo, e, por este insigne dom da graça, leva vantagem á todas as
demais criaturas do céu e da terra. Está, porém, associada, na descendência de Adão, a
todos os homens necessitados de salvação; melhor, «é verdadeiramente Mãe dos
membros (de Cristo)..., porque cooperou com o seu amor para que na Igreja nascessem
os fiéis, membros daquela cabeça». É, por esta razão, saudada como membro eminente
e inteiramente singular da Igreja, seu tipo e exemplar perfeitíssimo na fé e na caridade; e
a Igreja católica, ensinada pelo Espírito Santo, consagra-lhe, como a mãe amantíssima,
filial afeto de piedade.” (LG 53)

O NT, apesar de sua evidente intenção cristológica, não ignora a Mãe do Senhor. Nesse
sentido, de fato apresenta um testemunho sóbrio, porém extremamente denso a respeito
de Nossa Senhora. Ora, isso fica latente quando verificamos os diferentes níveis de
apresentação do tema nos Sinóticos (Mt, Mc e Lc-At), em João e Paulo. Em trechos
pontuais, estes autores apresentam Maria na singularidade de sua vocação e missão,
marcada pela intensidade de relação com a Trindade, com o Filho, com Israel e com a
Igreja. De fato, a partir de uma leitura atenta de alguns textos do NT, podemos
confirmar que Maria na Escritura manifesta a Escritura em Maria, uma vez que, de certo
modo, tudo o que Deus quer realizar no ser humano, Ele realizou em Maria; assim
como, tudo o que o ser humano pode oferecer a Deus, Maria ofereceu a Deus.

Vejamos, portanto, estes textos:

1. Paulo - Em Gl 4, 4 o apóstolo Paulo sinaliza a efetiva participação de Maria naquele


que foi o evento capital de toda obra da redenção humana, isto é, o mistério da
Encarnação de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, ao indicar que "na plenitude dos
tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher".

2. João - No Evangelho de João, Maria é citada ora de forma indireta, ora de forma
direta. Vemos que Maria aparece com destaque - e ainda assim, sem sequer ter seu
nome mencionado - apenas em dois textos do Evangelho: Bodas de Caná (Jo 2,1-12) e
aos pés da Cruz (Jo 19, 25-37) e mesmo nas ocasiões em que a Maria se faz algum tipo
de referência indireta, fica ressaltada a extraordinária intervenção divina em sua vida,
bem como a humildade de sua condição e aquela fé inabalável na pessoa de seu Filho,
como pode ser verificado em Jo 1, 11-13; 6,42; 7,1-10. Já no texto de Ap 12, 1-17, ela
aparece como a mulher vestida de sol, que à imagem dos discípulos de Jesus, enfrenta
lutas e perseguições, mas confiam na superação destas pela providencial libertação
promovida pelo filho de Maria.

3. Obra Lucana (Evangelho e Atos) - Segundo os estudiosos do tema, Lucas é o


evangelista que mais fala de Maria. Num total de 152 versículos do NT sobre Maria, 90
são de Lucas (1 versículo aparece no livro dos Atos e 89 no terceiro evangelho). Ela é o
exemplo vivo do discípulo e seguidor de Jesus, que acolhe a Palavra de Deus com fé,
guarda e medita em seu coração e põe em prática, como peregrina na fé. Tem seu
"SIM", dado a Deus ainda na sua juventude, renovado constantemente no decorrer de
toda a sua vida, e que uma vez passa por crises, situações difíceis e desafiadoras
contribuindo para o seu crescimento na fé.

4. Marcos - Maria aparece duas vezes durante todo o seu relato. As citações são poucas,
mas muito significativas. Ela é apresentada como a discípula fiel que faz parte essencial
da família de Jesus porque cumpre a vontade do Pai e a mulher que acolhe a todos como
filhos e irmãos de Jesus (Mc 3, 20-21. 31-35: A FAMÍLIA DE JESUS e Mc 6, 1-6:
JESUS DE NAZARÉ)

5. Mateus - Maria é apresentada como a mãe virginal de Jesus que o concebe pela ação
do Espírito Santo sem intervenção humana, mostrando a gratuidade da iniciativa divina.
De fato, o Evangelho de Mateus amplia bastante a imagem de Maria. Ela aparece na
narrativa da origem e da infância de Jesus (Mt 1-2) e em alguns textos referentes à vida
pública de Jesus (Mt 12, 46-50 e Mt 13, 53-58).

Esperamos, com esta reflexão, ajudar aos irmãos a respeito de possíveis dúvidas sobre
como os apóstolos, evangelistas e primeiros cristãos percebiam a participação de Nossa
Senhora na vida e obre de Jesus. Em diversas ocasiões, os católicos são acusados de um
exagero na sua relação com Maria, no entanto, como pode ser verificado pelas
passagens acima citadas, nosso amor e devoção por Maria reproduzem e desenvolvem o
amor e devoção que por ela possuíam os primeiros discípulos de Jesus. Quem lê, medita
e aprofunda com atenção as Escrituras, não pode deixar Nossa Senhora fora de sua fé.
Assim, terminamos essa nossa primeira postagem sobre Nossa Senhora no mês de maio,
com aquela que é tida, por muitos, como uma das mais antigas orações a ela dirigida,
retirada to texto de um de um fragmento de papiro que remonta ao século III, e que foi
encontrado no ano de 1927, no Egito:

“À vossa proteção recorremos Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas
em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e
bendita!”.

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