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Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora contra

sentença de improcedência do pedido. O juízo a quo entendeu que,


ao tempo do requerimento do benefício/implemento do requisito
etário, a segurada não logrou comprovar o exercício de atividade
rural, ainda que descontínua, em número de meses idêntico à
carência do referido benefício.
A parte recorrente argumenta, em sua, que a sua situação se
enquadra no teor da Súmula 46 da TNU. Assim, requer a reforma da
sentença para que seja julgado improcedente o pedido.
Para que o segurado especial faça jus ao benefício de aposentadoria
por idade rural deve ter cumprido a carência exigida em lei (artigo
25, inciso II, artigo 48 e artigo 142, da Lei 8.213/91) e implementado
a idade de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher (artigo 201, §
7º, inciso II, da Constituição Federal e artigo 48 da Lei 8.213/91).
No caso em tela, não há altercação no que tange a qualidade de
segurado especial nem o requisito etário, mas somente ao
cumprimento do requisito carência. Consta nos autos cópia do CNIS
da parte requerente, onde está registrado vínculos empregatícios
urbanos com o Município de Carira nos entretempos de 11/2009 a
09/2010 e de 02/2011 a 09/2011.
Vê-se que o art. 11, § 9.º, III, da Lei n.º 8.213/1991 prescreve que
se o exercício de atividade remunerada fora do campo se der pelo
prazo de até 120 (cento e vinte) dias por ano civil, não há
descaracterização da qualidade de segurado especial do
trabalhador, isto é, não se considera descontinuidade da qualidade
de segurado especial. O enunciado da Súmula 46 da TNU, por sua
vez, dispõe que o exercício de atividade urbana intercalada não
impede a concessão de benefício previdenciário de trabalhador
rural, condição que deve ser analisada no caso concreto.
Verifica-se no presente caso que os vínculos urbanos anotados no
CNIS da parte autora foram superiores a 120 dias e não guardam
qualquer relação com o labor campesino, razão pela qual não é
possível computar esses entretempos como de exercício de labor
campesino. Assim, afastando tais intervalos da contagem do período
de carência, tem-se que a segurada não cumpriu os 180 meses
exigidos pela legislação de regência à época do requerimento
administrativo.
DISPOSITIVO: CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO ao recurso.
SUCUMBÊNCIA: Sem condenação em custas por ser o recorrente-
vencido beneficiário da justiça gratuita. Condeno o recorrente-
vencido (autor) ao pagamento de honorários advocatícios, no
percentual de 10% (dez por cento), em favor da parte recorrida,
incidente sobre o valor atualizado da causa, cuja exigibilidade fica
suspensa em razão da concessão do benefício da justiça gratuita,
ressalvado a alteração das condições econômicas do autor e
respeitado o lapso prescricional de 05 (cinco) anos (Lei n.º
13.105/2015). Condiciono o pagamento das verbas à demonstração,
pela ré de que o autor não possui ou perdeu a condição de
hipossuficiência econômica, mediante a indicação de bens livres e
desembaraçados para submeter a força executiva.

ACÓRDÃO

Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção


Judiciária de Sergipe consoante dispositivo do voto-ementa do
Relator.
Composição da sessão e quórum de votação conforme certidão de
julgamento.

FÁBIO CORDEIRO DE LIMA


Juiz Federal – 2° Relatoria da TRSE

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