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4 Interpretação
de textos
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Série Manuais — PROVA 3 — 25/3/2009 — Maluhy&Co. — página 103 — #113
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Série Manuais — PROVA 3 — 25/3/2009 — Maluhy&Co. — página 104 — #114
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leia pequenos trechos iniciais. Enfim, esse às expressões “casa de cabeça para baixo”
contato “material” inicial vai preparar seu = “casa plantando bananeira” e “cara
“espírito”, gerar expectativas em relação amarrada” = “rosto enrolado e preso com
ao conteúdo, ao vocabulário, à forma de uma corda” é o significado “ao pé da letra”,
construção do texto e formará um fio o significado denotativo. Já a interpretação
condutor para a sua leitura. dessas expressões como “casa bagunçada”
e “pessoa séria, carrancuda” é o sentido
simbólico ou significado conotativo.
O sentido lógico e o Se você interpretar as palavras de todos
os textos que vier a ler “ao pé da letra”,
sentido simbólico das em seus significados denotativos, poderá
palavras gerar muitas confusões. Após o contato
inicial com o texto, analisando seus dados
bibliográficos e uma primeira leitura, você
A tendência da criança é possuir uma terá de responder à pergunta: trata-se
forma de pensamento mais concreta, de um texto literário ou de um texto
tendo o raciocínio abstrato pouco de- não-literário? Ou seja, a intenção do autor
senvolvido. As palavras, geralmente, são foi construir um texto artístico (em prosa
compreendidas em seu significado origi- ou em verso) ou um texto informativo,
nal, concreto. Por exemplo, se ela ouve racional, propondo debate de ideias, como
frases como: um artigo de jornal ou revista?
1a “Você deixou a casa de cabeça para Se você estiver diante de um texto lite-
baixo.” rário, terá sido construído em linguagem
ou conotativa, simbólica ou metafórica (de
2a “Por que você está com a cara metáfora), que você terá de interpretar. Se
amarrada?” for um texto não-literário, seu trabalho de
A criança poderá interpretar a primeira compreensão será mais racional, no plano
frase imaginando uma casa com as mãos das ideias, não das emoções. Por isso é
no chão, “plantando bananeira”, como se importante você estabelecer hipóteses, ser
fosse uma pessoa. Ao ouvir a segunda ora- um leitor ativo (conforme explicaremos
ção, imaginará uma corda ou um fio dando no próximo item), relacionar ideias e até
voltas na cabeça, amarrando no rosto. mesmo usar sua imaginação e sensibi-
Talvez ela não entenda a expressão “casa lidade, de acordo com a modalidade de
de cabeça para baixo” como sinônimo de texto: literário ou não-literário.
“casa bagunçada ou em total desordem” e
nem a expressão “cara amarrada” como
“fisionomia sisuda, brava ou contrariada,
sem alegria”. O sentido original, “ao
Graus de compreensão
pé da letra” das palavras é chamado de dos textos
significado denotativo ou denotação. Ao
significado simbólico ou figurado, que
varia conforme o contexto ou situação em Todos os textos nascem “do mundo”, em
que a palavra é empregada, damos o nome determinados contextos socioculturais,
de significado conotativo ou conotação. cujos conhecimentos são pré-requisitos
Assim, o significado que a criança atribui para que você faça uma boa interpretação
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pode ter limites variáveis para o mesmo desenvolvemos nosso potencial e me-
usuário dependendo da situação ou lhoramos nosso desempenho como
para usuários diversos (diferentes), leitor. Leitura é prática. Só dessa forma
dependendo de vários fatores (como desenvolvemos o nosso conhecimento
grau de conhecimento do assunto, grau léxico, ou seja, ampliamos nosso voca-
de conhecimento de um usuário sobre bulário de palavras conhecidas. Uma
outro, grau de integração dos usuários parte desse vocabulário é ativa, usamos
entre si e/ou no assunto etc.)”. efetivamente em nossa vida diária;
a outra parte é passiva ou virtual,
Exemplificando: se determinado autor
ou seja, sabemos o significado das
escrever sobre a Teoria da Relatividade e
palavras quando as lemos, mas não as
você não tiver nenhum conhecimento
utilizamos em nosso dia-a-dia. Além do
dos princípios da Física, você não
léxico, desenvolvemos também outros
entenderá nada, pois o conhecimento
domínios linguísticos, como diferentes
não é partilhado entre o autor e você;
formas de construção sintática, isto
se você adquiriu conceitos básicos,
é, formas de combinar palavras ou de
entenderá um pouco; se você estu-
construção de frases. Por isso também
dou a teoria de Albert Einsten, você
podemos afirmar que há péssimos
entenderá facilmente o texto. A sua
leitores universitários.
compreensão seria parcial ou nula até
mesmo de textos que tratam de costu- Convém notar que não há textos
mes ou hábitos culturais (como rituais isolados, existe a intertextualidade:
religiosos, cerimônias de casamento, um texto determinado dialoga com
o encontro com os amigos para um outros textos que já foram escritos
“pagode”, certas regras de etiqueta à sobre um mesmo tema, de forma
mesa, procedimentos burocráticos de direta, pela citação; ou indireta, pela
um processo judicial, crônicas esporti- semelhança ou retomada do mesmo
vas), se você não estiver familiarizado tema. Dificilmente há um texto inteira-
com esses assuntos. mente original, sobre um assunto que
ninguém ainda tenha escrito. A origi-
c O grau de instrução formal ou a da nalidade consiste no enfoque (ponto de
formação escolar. Geralmente é na vista ou abordagem dada ao tema). Um
escola que se adquire o conhecimento texto é um acúmulo de outros textos.
orientado e organizado dos livros. Es- Daí também a importância da prática
pera-se um maior preparo intelectual da leitura.
de um jovem universitário do que de
um jovem que parou seus estudos na
5a série do Ensino Fundamental, ainda
que existam pessoas autodidatas, ou
seja, que, por meio de esforço próprio,
Figuras de linguagem
de intensa leitura, apresentam um
grande domínio de muitas áreas do Estabelecemos dois tipos básicos de tex-
conhecimento humano. tos: o literário e o não-literário. O
conhecimento dos conceitos das princi-
d O hábito da leitura. Quanto mais pais figuras de linguagem é um impor-
lemos, mais experiência adquirimos, tante instrumento auxiliar para a análise
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Série Manuais — PROVA 3 — 25/3/2009 — Maluhy&Co. — página 109 — #119
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causam má impressão.
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O mar, com ser um monstro indômito, 1. Quais seriam os objetivos das palavras
chegando às areias, para; as árvores, onde as do Pe. Antônio Vieira, segundo o que
põem, não se mudam; os peixes contentam-se se pode inferir (concluir) do texto de
com o mar, as aves com o ar, os outros Ana Miranda?
animais com a terra. Pelo contrário, o
homem, monstro ou quimera de todos os
elementos, em nenhum lugar para, com .........................................
nenhuma fortuna se contenta, nenhuma TEXTO 4
ambição ou apetite o falta: tudo confunde e .........................................
como é maior que o mundo, não cabe nele.” VUNESP – 95 (adaptada) – O texto a
(Pe. Antônio Vieira) seguir foi escrito e interpretado pelo ator
e dramaturgo Plínio Marcos. Trata-se de
1. Pe. Vieira afirma que o homem é “um transcrição de um vídeo exibido na Casa
mundo grande” dentro do “mundo de Detenção, em São Paulo.
pequeno”, ou seja, ele é maior do
que o mundo. Explique quais são os “Aqui é bandido: Plínio Marcos! Atenção,
argumentos que Vieira apresenta para malandrage! Eu num vô te pedir nada, vô te
comprovar seu ponto de vista. dá um alô! Te liga aí: Aids é uma praga que
rói até os mais fortes, e rói devagarinho.
2. O ponto de vista defendido por Vieira Deixa o corpo sem defesa contra a doença.
a respeito do ser humano é positivo ou Quem pegá essa praga está ralado de verde e
negativo? Justifique sua resposta com amarelo, de primeiro ao quinto, e sem
elementos retirados do próprio texto. vaselina. Num tem dotô que dê jeito, nem
reza brava, nem choro, nem vela, nem ai,
Jesus. Pegou Aids, foi pro brejo! Agora sente o
......................................... aroma da perpétua; Aids passa pelo esperma
TEXTO 3 e pelo sangue, entendeu?, pelo esperma e pelo
......................................... sangue! (pausa)
Eu num tô te dando esse alô pra te
Q assombrá, então se toca! Não é porque tu tá
na tranca que virou anjo. Muito pelo
uando jovem, Antônio Vieira acreditava nas contrário, cana dura deixa o cara ruim! Mas
palavras, especialmente nas que eram ditas é preciso que cada um se cuide, ninguém pode
com fé. No entanto, todas as palavras que ele valê pra ninguém nesse negócio de Aids!
dissera, nos púlpitos, na salas de aula, nas Então já viu: transá só de acordo com o
reuniões, nas catequeses, nos corredores, parceiro, e de camisinha! (pausa)
nos ouvidos dos reis, clérigos, inquisidores, Agora, tu aí que é metido a esculachá os
duques, marqueses, ouvidores, outros, metido a ganhá o companheiro na
governadores, ministros, presidentes, força bruta, na congesta! Para com isso, tu
rainhas, príncipes, indígenas, dessas milhões vai acabá empesteado! Aids num toma
de palavras ditas com esforço de pensamento, conhecimento de macheza, pega pra lá e pega
poucas – ou nenhuma delas – haviam surtido pra cá, pega em home, pega em bicha, pega
efeito. O mundo continuava exatamente o de em mulhé, pega em roçadeira! Pra essa peste
sempre. O homem, igual a si mesmo. num tem bom! Quem bobeia fica premiado. E
(Ana Miranda, Boca do Inferno) fica um tempão sem sabê. Daí, o mais
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malandro, no dia da visita, recebe mamão e “metonímias”. Com base nesse co-
com açúcar da família e manda pra casa o mentário, releia atentamente o último
[sic] Aids! E num é isto que tu qué, né, vago parágrafo do texto e, a seguir:
mestre? Então te cuida! Sexo, só com
a. Aponte os termos que substituem,
camisinha. (pausa)
respectivamente, cocaína e maco-
Quem descobre que pegô a doença se sente
nha.
no prejuízo e qué ir à forra, passando pros
b. Interprete a comparação “A saúde
outros. (pausa) Sexo, só com camisinha!
é como a liberdade”. Para isso,
Num tem escolha, transá, só com camisinha.
leve em conta a situação dos
Quanto a tu, mais chegado ao pico, eu tô
destinatários e os objetivos que o
sabendo que ninguém corta o vício só por
emissor deseja alcançar.
ordem da chefia. Mas escuta bem, vago
mestre, a seringa é o canal pro [sic] Aids. No 2. Quanto ao nível de linguagem do
desespero, tu não se toca, num vê, num qué texto, responda:
nem sabê que, às vezes, a seringa vem até com
um pingo de sangue, e tu mete ela direta em a. Explique o tipo de linguagem utili-
ti. Às vezes, ela parece que vem limpona, e zada por Plínio Marcos e as razões
vem com a praga! E tu, na afobação, mete ela para utilizá-la.
direto na veia. Aí tu dança. Tu, que se diz b. Reescreva o segundo parágrafo do
mais tu, mas que diz que num pode aguentá a texto como se você estivesse fa-
tranca sem pico, se cuida. Quem gosta de tu é lando formalmente a uma plateia
tu mesmo. (pausa) E a farinha que tu cheira, composta de médicos.
e a erva que tu barrufa enfraquece o corpo e
deixa tu chué da cabeça e dos peitos. E aí tu .........................................
fica moleza pro [sic] Aids! Mas o pico é o TEXTO 5
.........................................
canal direto pra essa praga que está aí. Então,
malandro, se cobre! Quem gosta de tu é tu 1. FUVEST-97
mesmo. A saúde é como a liberdade. A gente ò Uma andorinha não faz verão.
só dá valor pra ela quando ela já era!” ò Nem tudo que reluz é ouro.
(Vídeo exibido na Casa de Detenção, São Paulo ò Quem semeia vento colhe tempes-
Créditos: Agência: Adag (1988).
tade.
Realização: TV Cultura / São Paulo.
Duração: 2 minutos e 48 segundos.) ò Quem não tem cão caça com gato.
1. Uma das virtudes do texto de Plínio As ideias centrais dos provérbios acima
Marcos é tratar a questão da Aids são, em ordem:
de maneira realista, sem escamo- a. solidariedade - aparência - vingança -
teações idealizantes ou metafóricas. falsidade
Didaticamente e de modo a se fazer b. cooperação - aparência - punição -
rapidamente compreendido, utiliza-se adaptação
da “comparação” e, em geral, quando c. egoísmo - ambição - vingança - falsifi-
substitui um termo por outro, o faz cação
por uma aliança lógica entre as partes, d. cooperação - ambição - consequência -
designando o elemento por um termo fingimento
que contém as qualidades de uma de e. solidão - prudência - punição - adap-
suas partes. Utiliza-se de “sinédoques” tação
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Mas quem foi que disse que eu estou 5. Explique a serventia do vestuário,
amesquinhando a espécie? Quero apenas segundo o narrador.
significar que, em face das duas miseráveis
contingências, o homem criou, além do 6. Explique o significado do título do
mundo natural, um mundo artificial, um texto “Decadência e esplendor da
mundo todo seu, uma segunda natureza, espécie”.
enfim.
O homem, esse mascarado...”
.........................................
(Mário Quintana, Caderno
H. Porto Alegre: Globo, 1977.)
TEXTO 11
.........................................
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1. kid – adolescente
2. subsequente – o que vem a seguir
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O fato é que não se importam com nada. polícia não tem como objetivo matar, mas
E nem isso é uma ideologia para eles. Os prender todo aquele que pratica um ato
meninos e meninas estão lá – por que não delituoso. Por isso, tudo que puder ser feito
transar? As drogas também estão para que essa meta seja alcançada deve ser
disponíveis – então, por que não usá-las?” buscado pela Secretaria da Segurança.
(Noelly Russo, O carpe diem Contudo, infelizmente, para alguns, o
[aproveite o dia], o presente estragado)
discurso e a prática da violência são
convenientes. Certos políticos, com a
1. “A diferença é que não a recusam.” cobertura dos meios de comunicação,
O pronome oblíquo a remete-nos a estimulam a violência policial como meio de
uma palavra anteriormente citada. combate à criminalidade. Em verdade,
Rescreva essa palavra. quanto maior o clima de insegurança entre a
população, maior a possibilidade de esses
2. Por oposição comparativa ao com- políticos se reelegerem com a bandeira da
portamento dos atuais adolescentes segurança. Por isso a verdadeira motivação é
apresentado pela autora, como era o aumento da violência, apesar do discurso
o comportamento dos rebeldes há contrário.
quarenta anos (hippies)?
O empenho do governo do Estado de São
Paulo é construir uma relação positiva entre
......................................... polícia e sociedade. Combater a
TEXTO 18 criminalidade e acabar com a violência
......................................... policial não são objetivos antagônicos:
devem fazer parte da mesma política. Sem
POLÍCIA NÃO É PARA MATAR dúvida, as desigualdades sociais têm
enorme influência na escalada da violência,
“Comecemos pelo princípio: violência gera mas o trabalho da Secretaria da Segurança
violência. A função da polícia é garantir a deve ser buscar o seu fim, em qualquer lugar
segurança da população, e por isso ela não onde ela esteja.”
pode atuar com base no medo, mas sim no
(José Mono da Silva,
respeito.
O Estado de S. Paulo, 5/11/95.)
Foi a partir dessas ideias que o coronel
Leio Provi, comandante do Policiamento
Metropolitano de São Paulo, determinou 1. “Comecemos pelo princípio: violência
que todo policial envolvido em morte de civis gera violência.” Explique o objetivo do
será afastado do trabalho de policiamento, autor ao iniciar o texto apresentando
exercendo outras funções dentro da esse princípio.
corporação. Os resultados do primeiro mês 2. Qual deve ser a base da atuação
dessa operação foram muito promissores. A policial, segundo o texto?
média de mortos em confronto com a PM, 3. Explique a medida do comando da
que foi de 39,5 nos primeiros oito meses deste Polícia de São Paulo que resultou na
ano, no Estado de São Paulo, caiu para 19. redução do número de mortos nas
É importante ressaltar que tal medida ações policiais.
não é uma punição ao policial; ao contrário, 4. Apresente o motivo, segundo o texto,
visa a garantir estabilidade emocional para pelo qual alguns políticos defendem a
que continue exercendo sua profissão. A ação violenta dos policiais.
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acreditassem que todas as leis estabelecidas Assim, uma definição exata e irrefutável
atendiam a desejos expressos pelo povo. Mas para Legislação, que pode ser entendida por
a verdade é que não só nos países autocráticos todos, é esta: “As leis são regras feitas por
(Ditadura), como naqueles supostamente pessoas que governam por meio da violência
mais livres – como a Inglaterra, a América, a organizada e que, quando não acatadas,
França e outros – as leis não foram feitas podem fazer com que aqueles que se recusam
para atender à vontade da maioria, mas sim a obedecer-lhes sofram pancadas, a perda da
à vontade daqueles que detêm o poder. liberdade e até mesmo a morte”.
Portanto elas serão sempre, e em toda parte, (Leon Tolstoi, A escravidão de nosso tempo)
aquelas que mais vantagens possam trazer à
classe dominante e aos poderosos. Em toda 1. Segundo o texto, qual é o conceito errô-
parte e sempre, as leis são impostas neo que as pessoas fazem da legislação?
utilizando os inúmeros meios capazes de 2. Explique, segundo Tolstoi, o objetivo
fazer com que algumas pessoas se submetam verdadeiro da criação das leis.
à vontade de outras, isto é, pancadas, perda 3. Defina o conceito de “violência orga-
da liberdade e assassinato. Não há nizada” apresentada pelo autor.
outro meio. .........................................
Nem poderia ser de outro modo, já que as TEXTO 21
.........................................
leis são uma forma de exigir que
determinadas regras sejam cumpridas e de UM CÃO APENAS
obrigar determinadas pessoas a cumpri-las
(ou seja: fazer o que outras pessoas querem “Subidos, de ânimo leve e descansado passo,
que elas façam), e isso só pode ser obrigado os quarenta degraus do jardim – plantas em
com pancadas, com a perda da liberdade e flor de cada lado; borboletas incertas;
com a morte. Se as leis existem, é necessário salpicos de luz no granito – eis-me no
que haja uma força capaz de obrigar as patamar. E a meus pés, no áspero capacho de
pessoas a respeitá-las. E só há uma força coco, à frescura da cal do pórtico, um
capaz de fazer com que alguns seres se cãozinho triste interrompe o seu sono,
submetam à vontade de outros, e essa força é levanta a cabeça e fita-me. É um triste
a violência. Não a violência simples, que cãozinho doente, com todo o corpo ferido;
alguns homens usam contra seus gastas, as mechas brancas do pelo; o olhar
semelhantes em momentos de paixão, mas dorido e profundo, com esse lustro de
uma violência organizada, usada por lágrimas que há nos olhos das pessoas muito
aqueles que têm o poder nas mãos para fazer idosas. Com grande esforço acaba de
com que os outros obedeçam à sua vontade. levantar-se. Eu não lhe digo nada; não faço
nenhum gesto. Envergonha-me haver
Desse modo, a essência da Legislação não
interrompido o seu sono. Se ele estava feliz
está no Sujeito, no Objeto, no Direito, na
ali, eu não devia ter chegado. Já lhe faltavam
ideia do domínio da vontade coletiva do povo
tantas coisas, que ao menos dormisse:
ou em qualquer outra condição tão confusa e
também os animais devem esquecer
indefinida, mas sim no fato de que aqueles
enquanto dormem...
que controlam a violência organizada
dispõem de poderes para forçar os outros a
obedecer-lhes, fazendo aquilo que eles
querem que seja feito.
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fornece tantos detalhes, que compete aflições do dia, como a última luz na
ao leitor preencher possíveis lacunas varanda.
narrativas. Entra direto no episódio e E comecei a sentir falta das pequenas
logo termina. Segundo informações brigas por causa do tempero na salada – o
do texto, descreva a condição socioe- meu jeito de querer bem. Acaso é saudade,
conômica das personagens. Senhora? Às suas violetas, na janela, não
lhes poupei água e elas murcham. Não tenho
2. Explique como se sentia Moreira ao botão na camisa, calço a meia furada. Que
chegar ao prédio. Transcreva frag- fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós
mento do texto que comprove sua sabe, sem a Senhora, conversar com os
resposta. outros: bocas raivosas mastigando. Venha
para casa, Senhora, por favor.”
3. Qual o clima ou ambiente que predo- (Dalton Trevisan)
mina na crônica?
1. Em que modalidade o texto pode ser
4. Descreva os sentimentos e reflexões classificado?
que a visão do apartamento e do mar
despertaram no narrador. 2. Qual é o apelo do narrador?
“Amanhã faz um mês que a Senhora está 5. “Nenhum de nós sabe, sem a Senhora,
longe de casa. Primeiros dias, para dizer a conversar com os outros: bocas raivo-
verdade, não senti falta, bom chegar tarde, sas mastigando.” Explique o signifi-
esquecido na conversa de esquina. Não foi cado desta frase.
ausência por uma semana: o batom ainda no
lenço, o prato na mesa por engano, a imagem
.........................................
de relance no espelho.
TEXTO 24
Com os dias, Senhora, o leite pela .........................................
primeira vez coalhou. A notícia de sua perda
veio aos poucos: a pilha de jornais ali no RETRATO
chão, ninguém os guardou debaixo da escada.
Toda a casa era um corredor deserto, e até o “Eu não tinha este rosto de hoje,
canário ficou mudo. Para não dar parte de assim calmo, assim triste, assim magro,
fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. nem estes olhos tão vazios,
Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, nem o lábio amargo.
sem o perdão de sua presença a todas as Eu não tinha estas mãos sem força,
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4. Explique o sentido crítico que podem — Então, doutor, não é possível tentar
ter as expressões no texto: [um pneumotórax?
a. “anúncios de televisão” — Não. A única coisa a fazer é dançar um
b. “cantando em Inglês” [tango argentino.”
(Manuel Bandeira)
5. Explique o sentido da expressão “Ca-
minha saltou do navio soprando um
Manuel Bandeira é um poeta moderno,
apito em free* bemol”.
do século XX (1886-1968). Entre outras
características, sua poesia é marcada pelo
6. “E deu como decreto mais um carna- pessimismo e ironia crítica diante da vida;
val” / “Fundaram a Escola de Samba expressão de sentimentos humanos e da
do Pau-Brasil” crítica aos problemas sociais, em muitos
Explique a crítica presente nos versos poemas.
acima. Ainda jovem tornou-se tuberculoso
– doença que não tinha cura na época
7. Explique o significado do título do – e isso explica em parte seu espírito
poema. irônico e crítico que não poupa nem a si
mesmo (veja o poema acima). Sentiu-se
perseguido por toda a vida pelo fantasma
......................................... da morte, por isso não se casou, não teve
TEXTO 29 filhos. Ele mesmo se define como uma
.........................................
“vida inteira que poderia ter sido e que não
foi”, no poema que você leu.
PNEUMOTÓRAX ⁴
Estas são informações extratexto, ou
exteriores ao texto, importantes para que
“Febre, hemoptise ⁵, dispneia ⁶ e suores
você faça a análise proposta, abaixo.
[noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que
1. Explique a função da linha pontilhada
que é colocada no meio do texto.
[não foi.
2. Qual é a expectativa do paciente
Tosse, tosse, tosse.
em relação à sua doença, antes de
Mandou chamar o médico:
procurar o médico?
— Diga trinta e três.
3. Explique o significado da resposta do
— Trinta e três ... trinta e três... trinta e
médico, recomendando ao paciente
[três...
que dançasse um tango.
— Respire. 4. O texto é um exemplo de uma nar-
......................................... rativa lírica em versos. Reescreva o
— O senhor tem uma escavação no texto em um pequeno parágrafo, com
[pulmão esquerdo e o direito infiltrado. discurso indireto, narrado.
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Série Manuais — PROVA 3 — 25/3/2009 — Maluhy&Co. — página 133 — #143
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4. Sim, define-o como um mamífero que 4. Sim, o objeto que o narrador tanto
deixou de ser quadrúpede: “Para os cultua colocou-o na prisão.
outros mamíferos a nossa nudez pode
parecer repugnante...”. 5. O fato de ter sido preso por conta de
um celular comprova o ponto de vista
5. Os vestuários, além de servir de pro- do narrador, afinal salvou o seu dono,
teção, abrigo, servem para esconder é a prova de sua modernidade.
a feiura ou degenerescência humana,
ou seja, curar sua vaidade ferida. 6. O texto, escrito no período inicial da
popularização do celular (1993/94),
6. Se a perda da beleza natural significa faz uma crítica ao mercado de con-
decadência da espécie em relação aos sumo que leva as pessoas a adquirir
mamíferos, a capacidade de criar e de um determinado produto ou marca,
se adaptar que ele possui é esplêndida, não por necessidade ou para a melhora
incomparável no reino animal. O ho- da condição básica de vida, mas por
mem criou uma cultura, conjunto de modismo, por status.
hábitos, valores, costumes e crenças,
um mundo artificial para que pudesse TEXTO 12
sobreviver, ainda que criticável em
1. As palavras colocadas entre parênteses
muitos aspectos.
ou, às vezes, entre travessões servem
TEXTO 11 para isolar informações complemen-
tares, secundárias, que explicam ou
1. a. “eu tenho ambições insignifican- ampliam um conceito dado anterior-
tes, mesquinhas”. mente. No texto quantifica o número
b. “uma sensação indescritível, de de caracteres do código genético hu-
poder” mano, expresso anteriormente.
c. “o homem rico, grã-fino, tinha
2. Identificar o código genético para
um celular”
“compreender melhor o funciona-
d. “celular é totalmente diferente,
mento da vida”.
superior”
3. Colhem-se amostras de material gené-
2. O celular é portátil, podemos levá-lo a
tico das várias partes do mundo, das
qualquer lugar.
diferentes raças.
3. O celular dá ao narrador a sensação de
4. As ideias antirracistas foram derru-
superioridade em relação aos outros,
badas pela confirmação de que o
dá status social, colocando-o numa
homem surgiu na África e espalhou-se
situação social superior àquela em que
pelos demais continentes, sofrendo
se encontra, é símbolo de moderni-
mutações físicas para adaptar-se ao
dade.
meio geográfico em que se fixou.
Observação: Aliás, esta é a marca Portanto, a aparente diversidade racial
registrada da propaganda, faz com é sustentada por uma única origem
que qualquer produto se torne indis- genética.
pensável.
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Série Manuais — PROVA 3 — 25/3/2009 — Maluhy&Co. — página 134 — #144
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TEXTO 18 TEXTO 20
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Série Manuais — PROVA 3 — 25/3/2009 — Maluhy&Co. — página 136 — #146
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Série Manuais — PROVA 3 — 25/3/2009 — Maluhy&Co. — página 137 — #147
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TEXTO 25 5. a. O poeta.
b. A poesia.
1. R. Explicar a sigla OAB, citada anteri- c. O leitor.
ormente.
6. É o leitor sem consciência crítica,
2. Sim, ao dizer que o governo tem alienado dos problemas do mundo ou
a maioria na comissão, o título já dos problemas sociais, que acha a vida
denuncia que a comissão é “viciada”, um mar de rosas. É o que nos revela
ou seja, ela tenderá a favor do prefeito. o verso: “Fazer o leitor satisfeito de si
dar o desespero”.
TEXTO 26
7. Bandeira crítica o poeta que idealiza o
1. Os dois primeiros parágrafos são mundo, que não desperta consciência
informações e os dois últimos são crítica no leitor, e o leitor sem visão
comentários sobre a notícia. crítica da realidade.
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Série Manuais — PROVA 3 — 25/3/2009 — Maluhy&Co. — página 138 — #148
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Série Manuais — PROVA 3 — 25/3/2009 — Maluhy&Co. — página 139 — #149
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