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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


12ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

Registro: 2014.0000327592

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0209370-


98.2009.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante DANILO DE
SOUZA GRACIANO (JUSTIÇA GRATUITA), são apelados ADETEC
ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS LTDA e CLARIC REPRES. COM. LTDA.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 12ª Câmara de Direito


Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão:Deram
provimento em parte ao recurso. V. U., de conformidade com o voto da relatora, que
integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores JACOB VALENTE


(Presidente sem voto), SANDRA GALHARDO ESTEVES E JOSÉ REYNALDO.

São Paulo, 30 de maio de 2014.

Márcia Cardoso
Relatora
Assinatura Eletrônica
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Apelação Cível (com revisão) nº 0209370-98.2009.8.26.0100


Processo nº 583.00.2009.209370-2/000000-000
Comarca: São Paulo Foro Central Cível (1ª Vara Cível)
Apelante: Danilo de Souza Graciano (Justiça Gratuita)
Apeladas: Adetec Administração e Serviços Ltda E Claric Repres. Com.
Ltda.
Juíza: Marina Freire
Voto nº 1024

Ação declaratória de nulidade contratual c.c. indenização


por danos materiais e morais Inocorrência de cerceamento
de defesa em razão do julgamento antecipado da lide -
Consumidor que foi vítima de golpe praticado pela parceira
comercial de administradora de consórcio
Reconhecimento de responsabilidade objetiva e solidária de
ambas as empresas participantes da cadeia de fornecimento
de serviços ao mercado consumidor Negócio jurídico
anulado Danos materiais e morais configurados Ação
procedente em parte. Recurso parcialmente provido.

Cuida-se de Apelação Cível objetivando a


reforma da respeitável sentença (fls.125/130) que julgou improcedente a
ação declaratória de nulidade contratual c.c. indenização por danos
materiais e morais e condenou o autor ao pagamento das custas e
despesas processuais, além de honorários advocatícios, fixados em 10%
do valor da causa, atualizado a partir do ajuizamento da ação, observada
a regra do artigo 12 da Lei nº 1.060/50.

Inconformado, e visando o decreto de


procedência da ação, apela o autor requerendo a anulação da sentença,
para que os autos sejam remetidos ao Juízo de origem visando a
realização de audiência de produção de prova testemunhal, haja vista
tratar-se de matéria complexa.

Sustenta que houve violação do princípio do


devido processo legal e cerceamento de defesa praticado pela
sentenciante, ao obstar e ignorar o direito do autor de provar suas
alegações por meio de oitiva de testemunhas. Afirma que houve vício na
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relação jurídica firmada entre o autor e uma das rés no ato da


contratação, quando lhe foi oferecido documento que tratava de coisa
diversa do ofertado. Sustenta, também, a ocorrência de responsabilidade
solidária entre as rés.

Em contrarrazões, o réu pugna pela


manutenção da r. sentença nos termos em que foi prolatada.

Aduz que: a) A matéria dos autos não


comporta entendimento divergente, considerando que a legislação de
consórcio, em seu artigo 32, estabelece que a devolução dos valores
pagos ocorrerá 120 após o encerramento do grupo, oportunidade em que
se fará o pagamento aos consorciados excluídos ou desistentes; b) O
STJ já se posicionou em relação ao tema, determinando que quem
desiste do consórcio tem direito ao reembolso das parcelas pagas, mas
apenas trinta dias após o encerramento do grupo; c) Não restou
comprovado nos autos que o recorrente tenha sofrido qualquer tipo de
lesão moral, capaz de ensejar condenação da recorrida em danos morais;
d) Não fez o autor prova de que fosse uma pessoa simplória e sem
condições de dar a devida interpretação às cláusulas dos contratos que
assinava.

Recurso tempestivo e isento de preparo ante a


gratuidade processual que beneficia o autor.

É O RELATÓRIO.

Pretende o autor o reconhecimento de nulidade


do contrato de consórcio e a condenação solidária das rés à devolução
em dobro do valor que desembolsou, além do pagamento de indenização
por dano moral.

Diz o autor que, negociando com a corré


Claric, aceitou a proposta de comprar um veículo mediante a aquisição

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de carta de crédito contemplada em consórcio, com 80 parcelas de


R$400,00 a transferir. Para tanto efetuou o depósito de R$4.009,24 a
título de entrada, e assinou alguns documentos, ocasião em que o
preposto da corré Claric garantiu que receberia o veículo com toda a
documentação, inclusive já em seu nome. Afirma que, dias após, ficou
sabendo que havia aderido a um consórcio de imóvel administrado pela
corré Adetec, em andamento, e cuja cota não era contemplada.
Percebendo que havia sido enganado, tentou junto às rés desfazer o
negócio, porém, sem êxito.

A inicial veio instruída com: a) - recibo


emitido pela corré Claric, na qualidade de representante comercial da
corré Adetec, no valor de R$3.571,20, quantia essa dada a título de
antecipação de recursos relativos à taxa administrativa de consórcio (fls.
27); b) comprovante de depósito em conta bancária no valor de
R$3.586,00 em favor da corre Claric (fls. 28); c) comprovante de
pagamento da 1ª parcela do consórcio, no valor de R$569,71 (fls. 29); c)
contrato de adesão firmado com a corré Adetec, cujo objeto é a
participação do autor em grupo de consórcio para aquisição de IMÓVEL
(fls. 30).

A corré Adetec, em contestação, reconhece


que recebeu do autor somente a importância de R$569,71, a título de
integralização em grupo de consórcio de imóvel e afirma que o valor
depositado em favor da Claric foi feito pelo autor por sua conta e risco.
Salientou que não comercializa cotas contempladas e sempre orienta os
consorciados a somente emitirem cheques nominais à administradora.
Ainda, afirma que não há solidariedade entre as empresas em razão de
negociações marginais e não reconhecidas e aprovadas pela
administradora do consórcio.

Já a corré Claric foi citada por carta (fls. 111) e


não ofereceu defesa (114).

Pois bem.

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Inicialmente, afasta-se a alegação de


cerceamento de defesa, por conseguinte, o pleito para retorno da ação à
fase instrutória para produção de prova testemunhal requerida, pois o
feito já se encontrava em condições de ser julgado, prescindindo da
produção de outras provas para esclarecimento dos pontos
controvertidos.

Ao juiz, na qualidade de destinatário da prova,


incumbe avaliar a conveniência ou não de sua produção, conforme
preceitua o artigo 130 do CPC. O magistrado não é obrigado a colher
todas as provas pretendidas pelas partes, especialmente quando aquelas
já trazidas aos autos afiguram-se suficientes para a formação do seu
convencimento.

Assim, o Código de Processo Civil adota o


sistema do livre convencimento motivado, no qual o órgão jurisdicional
é o destinatário final das provas produzidas (art. 131 CPC). Por tal
sistemática, fica a cargo do magistrado decidir pela necessidade de se
realizarem atos durante a fase instrutória, pois, se as provas presentes
nos autos forem suficientes para embasar sua persuasão, a produção de
outras implica na prática de atos inúteis e meramente protelatórios.

Nesse sentido:

“O ordenamento jurídico brasileiro outorga ao magistrado


o poder geral de instrução no processo, conforme previsão expressa no artigo 130 do
Código de Processo Civil. Outrossim, nos termos do art. 131 do CPC, o destinatário da
prova é o Juiz, cabendo a ele analisar a necessidade da sua produção ou não. Neste
compasso, cumpre ao Julgador verificar a necessidade da produção da prova requerida
pelas partes, indeferindo aquelas que se mostrarem inúteis, desnecessárias ou mesmo
protelatórias, rejeitando-se, por conseguinte, a tese de cerceamento de defesa”. (Resp. nº
1108296/MG, Rel. Min. Massami Uyeda, j. 07/12/2010).

“Segundo o princípio da persuasão racional ou da livre


convicção motivada do juiz, a teor do que dispõe o art. 131 do Código de Processo Civil,
cabe ao magistrado apreciar livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstancias
constantes dos autos, competindo-lhes, pois, rejeitar diligências que delonguem
desnecessariamente o julgamento, de forma a garantir a observância do princípio da
celeridade processual.” (AgRg no REsp nº 34.248/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j.
14/02/2012).

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No mérito, o recurso comporta provimento.

DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA E
SOLIDÁRIA DAS RÉS

A corré Claric foi regularmente citada e não


ofereceu defesa.

A corré Adetec, em sua contestação


(especialmente fls. 89/95 e 96) não nega que a Claric seja sua preposta
na intermediação de venda de cotas de consórcio, nem impugna
especificamente (artigo 302, CPC) as alegações contidas na inicial
relativas à oferta e aos termos da negociação ocorridas entre autor e sua
parceira comercial.

Assim, acolhe-se a versão dos fatos


apresentada pelo autor no sentido de ter sido vítima de golpe praticado
pela parceira comercial da corré Adetec.

Aliás, o liame de parceria entre as rés é


demonstrado pelo fato de a corré Adetec reconhecer haver recebido do
autor a importância de R$569,70, a título de integralização em grupo de
consórcio (fls. 91). Veja-se que quem assinou o recibo de pagamento
dessa quantia é a mesma pessoa que se apresentou (fls. 27) como
representante da corré Claric (assinaturas idênticas).

A legislação consumerista, nos termos dos


artigos 7º e 14 do Código de Defesa do Consumidor, estabelece que toda
a cadeia de fornecedores de produtos e serviços responde objetiva e
solidariamente pelos danos ocorridos com o consumidor.

Confira-se:

“Solidariedade: O parágrafo único do art. 7º traz a regra


geral sobre a solidariedade da cadeia de fornecedores de produtos e serviços. Aqui a ideia

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geral é o direito de ressarcimento da vítima-consumidor (art. 6º, VI, c/c art. 17 do CDC),
uma vez que o microssistema do CDC geralmente impõe a responsabilidade objetiva ou
independente de culpa (arts. 12, 13, 14, 18, 20 do CDC). O CDC permite assim a
visualização da cadeia de fornecimento através da imposição da solidariedade entre os
fornecedores. O CDC impõe a solidariedade em matéria de defeito do serviço (art. 14 do
CDC) em contraponto aos arts. 12 e 13 do CDC, com responsabilidade objetiva imputada
nominalmente a alguns agentes econômicos. Também nos art. 18 e 20 a responsabilidade é
imputada a toda cadeia, não importando quem contratou com o consumidor. Segundo o
parágrafo único do art. 7º, tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo, disposição que
vem repetida no art. 25, § 1º” (Cláudia Lima Marques, Antônio Herman V. Benjamin,
Bruno Miragem, “Comentários ao Código de Defesa do Consumidor”, 3ª. ed. rev., São
Paulo, Editora dos Tribunais, 2010, p. 314).

Respondem, pois, ambas as rés, integrantes da


cadeia de fornecedores, solidariamente, pela falha no serviço prestado ao
consumidor. Se a falha foi causada tão-somente pela conduta da corré
Claric, cabe à corré Adetec agir em face da primeira em ação própria.

Outrossim, reporto-me à diversos julgados


proferidos em casos semelhantes promovidos contra as rés Adetec e
Claric:

“MATÉRIA PRELIMINAR - CARÊNCIA DA AÇÃO -


CONSÓRCIO - AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C.C. RESTITUIÇÃO DE VALORES
E PERDAS E DANOS - Cláusula contratual que prevê a devolução somente após o
encerramento do grupo, matéria dita preliminar que em verdade diz respeito ao mérito -
Patente o interesse de agir do apelado para discutir a validade dessa cláusula contratual -
Preliminar afastada.
CONSÓRCIO RESCISÃO CONTRATUAL E RESTITUIÇÃO
DE VALORES - Pedido de restituição que não está amparado em desistência ou exclusão de
consorciado - Propaganda enganosa veiculada por preposto da apelante - Promessa de
venda de carta de crédito contemplada - Relação de consumo - Alegações verossímeis -
Violação ao direito de informação evidenciada.
DANO MORAL - Perturbação ao estado de espírito do
apelado que se mostrou ocorrida - Situações que extrapolam o mero aborrecimento e
ingressam no campo do dano moral.
VALOR DA INDENIZAÇÃO - Indenização fixada em R$
10.200,00, montante demasiado - Redução da indenização para R$5.000,00 (cinco mil
reais), valor que atende às peculiaridades do caso concreto. Recurso provido em parte.”
(12ª Câmara de Direito Privado, Apelação nº 0132055-57.2010.8.26.0100, rel. Des. Castro
Figliolia, j. 4 de setembro de 2013).

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“AÇÃO DE COBRANÇA C.C. INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS E MATERIAIS - Consórcio de bem móvel -Autora que aderiu ao grupo em
razão de ter sido vítima do golpe da venda da “cota contemplada” Provas dos autos que
demonstram a veracidade dos fatos narrados na inicial - Rescisão do contrato com a
devolução imediata do valor pago - Pretensão à devolução das parcelas pagas quando do
encerramento do grupo e abatimento dos valores relativos à taxa de administração e seguro -
Inadmissibilidade no caso por não se tratar de desistência do grupo ou exclusão da
consorciada - Recurso improvido.” (14ª Câmara de Direito Privado, Apelação
nº0121262-15.2008.8.26.0008, rel. Des. Ligia Araújo Bisogni, j. 5 de junho de 2013).

“Contrato. Consórcio. Alegação de que representante da


Administradora de Consórcios ofertou cota contemplada, apurando-se mais tarde que a
informação não estava correta. Rescisão contratual mantida. Dano moral e material
configurados. Recurso desprovido.” (20ª Câmara de Direito Privado, Apelação
0006066-84.2009.8.26.0000, rel. Des. Luis Carlos de Barros, j. em 26/03/2012).

“APELAÇÃO. Ação anulatória de contrato cumulada com


pedido de reparação de danos julgada improcedente. Consórcio. Bem móvel. Adesão a
grupo em andamento, sob promessa de rápido recebimento de carta de crédito
contemplada. Negócio firmado com base em informações imprecisas, desprovidas da devida
transparência e publicidade que devem nortear os contratos de consumo. Circunstâncias
indicativas de que houve irregularidade na captação do negócio. Hipótese que não se
confunde com mera desistência ou exclusão de consorciado. Restituição imediata dos
valores acolhida. Dano moral não caracterizado. Sentença reformada. Recurso
parcialmente provido.” (21ª Câmara de Direito, Apelação 0142087-24.2010.8.26.0100, rel.
Des. Silveira Paulilo, j. em 15/02/2012).

DA ANULAÇÃO DO CONTRATO E DOS


DANOS MATERIAIS E MORAIS:

Sendo o negócio fruto de vício de


consentimento, de rigor a anulação do contrato de consórcio (fls. 30).

Respondem as rés pela devolução ao autor, dos


valores por ele desembolsados (R$3.586,00 e R$569,71 fls. 28/29). Tal
devolução é de forma simples. Inaplicável ao caso em exame a regra do
artigo 42, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor,
dispositivo legal que trata de hipótese diversa, ou seja, de cobrança
indevida, situação essa que não se equipara ao direito de indenização por
perdas e danos decorrente da anulação de negócio jurídico.

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Patente é, no presente caso, o sofrimento


injusto do autor, vítima da ação de falsários e lesado em seu patrimônio,
situação que não pode ser considerada como um mero dissabor, mas sim
apta a causar aborrecimentos que extrapolam o limite do razoável, o que
configura dano moral indenizável e que não necessita de demonstração,
na medida em que se trata de fenômeno que afeta qualquer pessoa com
um mínimo de preocupação e apreço por sua honra e dignidade.

No que tange a fixação ao valor do dano moral,


deve-se observar que seu arbitramento levará em conta as funções
ressarcitória e punitiva da indenização, bem como a repercussão do dano
e a possibilidade econômica do ofensor, não podendo o dano moral
representar procedimento de enriquecimento para aquele que se pretende
indenizar.

Assim, considerando-se a situação descrita nos


autos e os dissabores relatados, a indenização deve ser fixada no valor de
R$ 6.000,00 (seis mil reais), quantia que se mostra adequada para
compensar o exacerbado grau de transtorno suportado pelo apelante.

Conforme a Súmula 362 do C. STJ, o valor ora


arbitrado a título de danos morais será corrigido monetariamente a
contar da data da publicação deste acórdão e acrescido de juros de mora
a partir da citação, de acordo com o disposto no artigo 405 do Código
Civil.

Por fim, ante a sucumbência mínima do autor,


respondem as rés integralmente pelas verbas de sucumbência. Vale
consignar que, em se tratando de indenização por dano moral, a
condenação em montante inferior ao postulado na inicial, não implica
em sucumbência recíproca (Súmula nº 326 do STJ).

Ante o exposto, dá-se parcial provimento ao


recurso a fim de julgar a ação parcialmente procedente para: a) -

Apelação nº 0209370-98.2009.8.26.0100 - Voto nº 1024 9


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declarar a anulação do contrato de consórcio (fls. 30); b) - condenar as


rés, solidariamente, a devolverem, de forma simples, os valores
desembolsados pelo autor (R$3.586,00 e R$569,71 fls. 28/29),
observando-se correção monetária desde o desembolso e juros
moratórios legais a partir da citação; c) - condenar as rés, solidariamente,
ao pagamento de indenização por danos morais fixada em R$6.000,000,
montante a ser corrigido a partir da publicação deste acórdão e acrescido
de juros moratórios legais desde a citação; d) condenar as rés,
solidariamente, ao pagamento de custas, despesas processuais e
honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valor da
condenação.

MÁRCIA CARDOSO
Relatora

Apelação nº 0209370-98.2009.8.26.0100 - Voto nº 1024 10

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