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Política Nacional do
Meio Ambiente
2018
1. A ADMINISTRAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E A PNMA
Como o meio ambiente é um bem público de uso comum do povo (para José Afonso da Silva,
é bem de interesse público), sua gestão deverá ser realizada pelo Poder Público de forma vinculada
aos objetivos da PNMA.
O art. 2º da Lei 6.938/81 dá a dimensão do que seja a Política Nacional do Meio Ambiente,
elencando os seus princípios:
Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria
e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,
condições ao desenvolvimento sócioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
a) Compatibilizar o desenvolvimento econômico e social com a preservação do meio
ambiente1: essa meta tem implícita em si a compatibilização dos princípios da prevenção e do
desenvolvimento sustentável. O Brasil não adotou a concepção absolutista de resguardo do meio
ambiente, pela qual tudo o que modifique o status quo ambiental deve ser impedido. Afinal,
imprescindível o desenvolvimento socioeconômico do país.
b) Definir áreas prioritárias de proteção: por intermédio dos zoneamentos, tanto urbanos
quanto rurais, assim como pela criação de unidades de conservação.
1 Atento a tal dispositivo, em novembro de 1995, por iniciativa de Raul Jungmann, à época Presidente do
IBAMA, foram iniciados estudos visando à criação do PROTOCOLO VERDE, que foi oficialmente instituído
por Decreto em 29 de maio de 1996, sendo integrado pelos Ministérios do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal, da Fazenda, do Planejamento e Orçamento, além das seguintes Instituições:
Banco Central, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia, Caixa Econômica Federal e Banco
Meridional, com a finalidade de incorporar a variável ambiental no processo de gestão e concessão de crédito
oficial e benefícios fiscais às atividades produtivas, atuando nas seguintes linhas: (i) dar subsídios à atuação
institucional para o cumprimento das prescrições constitucionais relativas ao princípio de que a defesa e
preservação do meio ambiente cabem ao poder público e à sociedade civil; (ii) assessorar as ações
governamentais para a priorização de programas e projetos que apresentem maiores garantias de
sustentabilidade sócio-econômico-ambiental e que não contenham componentes que venham a causar danos
ambientais, no futuro; (iii) promover a captação de recursos internos e externos que viabilizem a criação de
linhas de crédito, no sistema financeiro, orientadas especificamente para o desenvolvimento de projetos com
alto teor ambiental a ser atendido; (iv) atender a condicionamentos de doadores para obter isenção de imposto
de renda; e (v) financiar atividades pioneiras no desenvolvimento de estudos, pesquisas e instrumentos ligados
ao desenvolvimento sustentável.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
g) Impor, ao poluidor e ao predador, a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos
causados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
Por óbvio, o Poder Público deve impor as diretrizes e as atividades empresariais, públicas ou
privadas, devem observá-las:
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Art. 5º - As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão formuladas em normas
e planos, destinados a orientar a ação dos Governos da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da
qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princípios
estabelecidos no art. 2º desta Lei.
De acordo com a PNMA, o meio ambiente será administrado pelo SISNAMA – Sistema
Nacional de Meio Ambiente, o qual compreende um conjunto de órgãos e entidades federais,
estaduais e municipais atuantes no setor2. Ele é integrado por um órgão superior, um órgão
consultivo e deliberativo, um órgão central, um órgão executor, diversos órgãos setoriais, órgãos
seccionais e órgãos locais. Não tem personalidade jurídica. Suas determinações são implementadas
pelos órgãos e entidades que o integram.
2 O antecedente do Sisnama foi a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA, que surgiu logo após a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano- Estocolmo, 1972. Ante a pressão da
comunidade internacional, o SEMA surgiu com declarado objetivo de orientar uma política de conservação do
meio ambiente e o uso racional dos recursos naturais e foi a resposta brasileira neutralizadora das pressões
do momento.
3 O art. 8º da PNMA que confere força normativa às Resoluções do CONAMA:
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio
ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
FACE SUA FORÇA DE LEI, AS RESOLUÇÕES DO CONAMA ESTÃO SUJEITAS AO
CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE PERANTE O STF, SALVO QUANDO
SEU CONTEÚDO MATERIAL FOR DE EFEITOS CONCRETOS OU QUANDO REGULAREM
LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL: SOMENTE SERÁ CABÍVEL, NA VERDADE, SE
REGULAR DIRETAMENTE DISPOSITIVO DA CONSTITUIÇÃO 4.
Ele é composto por representantes dos 5 setores: federal, estadual, municipal, empresarial e
sociedade civil, sendo formado por representantes do MMA (02), do IBAMA (01), da ANA (01), dos
Governos Estaduais e do DF (um representante de cada Estado, indicados pelos Governadores), por
oito representantes dos Municípios e por 21 representantes dos trabalhadores e da sociedade civil,
oito representantes do empresariado e um membro honorário (70 membros). Suas principais
competências são (art. 8º, PNMA):
Apesar dessa competência legislativa ampla, são os Estados, através de seus órgãos
e entidades ambientais, que efetivamente executam as diretrizes da política ambiental
determinada pelo CONAMA.
c) Ministério do Meio Ambiente – MMA: órgão criado em 1992, após a ECO/92. Possui a
competência de coordenar, supervisionar e controlar a política do meio ambiente em nível nacional,
principalmente em assuntos de interesse da União, com impactos sobre mais de um Estado-membro.
O IBAMA é órgão executor geral, o Instituto Chico Mendes é órgão executor apenas na
atuação das unidades de conservação, é uma autarquia voltada apenas para a gestão das
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
unidades de conservação. Todas as outras políticas governamentais de meio ambiente, em
nível federal, são executadas pelo IBAMA.
Criada pela Lei nº 10.165/00 e inserta na PNMA, tem por fato gerador o serviço de controle
das atividades potencialmente poluidoras e a fiscalização da utilização de recursos naturais,
remunerando o exercício do poder de polícia pelo IBAMA.
Art. 17-B. Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, cujo fato
gerador é o exercício regular do poder de polícia conferido ao Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama para controle e
fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos
naturais."
(AI 860067 AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 10/02/2015,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-042 DIVULG 04-03-2015 PUBLIC 05-03-2015)
Nos termos da Constituição Federal de 1988, taxa é uma modalidade de tributo, cujo fato
gerador está vinculado a uma atividade estatal. Esta atividade, por sua vez, poderá consistir no
exercício do chamado poder de polícia ou na ou na utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Partindo dessa previsão constitucional, em janeiro do ano 2000, o legislador federal editou
e promulgou a Lei nº. 9.960, que, dentre outras matérias, modificou algumas disposições da Lei nº.
6.938/81 e instituiu a chamada Taxa de Fiscalização Ambiental – TFA.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
De acordo com aquele diploma normativo, o fato gerador dessa taxa era o exercício das
atividades mencionadas no inciso II do art. 17 da Lei 6.938/81, com a redação dada pela Lei no 7.804,
de 18 de julho de 1989, ou seja, in verbis:
Determinado o fato gerador, restou consignado pela referida lei, que os sujeitos passivos
dessa taxa seriam as pessoas físicas ou jurídicas obrigadas ao registro no Cadastro Técnico Federal
de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais.
Além disso, de acordo com a supracitada lei, a TFA era devida em conformidade com o fato
gerador e o seu valor corresponderia à importância de R$ 3.000,00 (três mil reais), sendo que em
alguns casos eram concedidos certos descontos e até isenções.
Evidentemente, a instituição da TFA causou grande impacto nos setores envolvidos, gerando
grandes discussões sobre a constitucionalidade dessa modalidade tributária.
Após toda essa movimentação, a Confederação Nacional das Indústrias propôs ação direta 8
de inconstitucionalidade, visando afastar de vez a cobrança da referida taxa.
De acordo com a Confederação, a TFA guardava como fato gerador a atividade exercida
pelos contribuintes, e não o serviço prestado ou posto à disposição do contribuinte pelo ente público
no exercício do seu poder de polícia – requisito necessário para a instituição de uma taxa, nos termos
do artigo 145, II da Constituição Federal.
Outro tópico discutido nessa ação foi a indicação genérica do sujeito passivo da indigitada
taxa, sem a correta menção de quais atividades seriam consideradas potencialmente poluidoras ou
utilizadoras de recursos ambientais, aptas a gerar a obrigação do pagamento da TFA.
Por fim, mais uma inconstitucionalidade foi argumentada: ausência de definição de alíquotas
ou critério a ser utilizado para o cálculo do valor devido, desrespeitando, neste caso, o princípio da
isonomia, já que dispensa mesmo tratamento a contribuintes de expressão econômica variada.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Em face da relevância da instituição de uma exação desse naipe, voltada para o atendimento
de políticas de natureza ambiental, o então relator da referida Ação Direita de Inconstitucionalidade,
o Ministro Ilmar Galvão, sugeriu que nova lei fosse promulgada, suprimindo os correspondentes
vícios.
Assim, em dezembro do ano 2000, veio a lume a Lei nº. 10.165, que instituiu a chamada
Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA. Nesta (que da mesma forma que a anterior,
alterava o artigo 17 da Lei nº. 6.938/81), o fato gerador passou a ser o “exercício regular do poder de
polícia conferido ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA, para controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de
recursos naturais”.
Com a consequente revogação dos dispositivos da Lei 9.960/00, a ADIn 2.178-8 acabou por
perder seu objeto, sendo julgada prejudicada na forma do artigo 21, IX, do Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal, em 14 de janeiro de 2001.
Como dito anteriormente, a Lei nº. 10.165/00 foi promulgada, com vistas a afastar as
inconstitucionalidades apontadas na Lei nº. 9.960//00. Assim, a Taxa de Fiscalização Ambiental –
9
TFA, adquiriu novas características e passou a ser denominada como Taxa de Controle e
Fiscalização Ambiental – TCFA.
De acordo com o novel diploma legal, o fato gerador da TCFA é o exercício regular do
poder de polícia conferido ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA para controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e
utilizadoras de recursos naturais.
Percebe-se que o sujeito ativo, nesse caso, é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Já os sujeitos passivos serão todos aqueles que exercerem
as atividades constantes do Anexo VIII daquela Lei.
Este anexo VIII traz um rol de atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos
ambientais, são elas: 1 – extração e tratamento de minerais; 2- indústria de produtos minerais não
metálicos, 3 – indústria metalúrgica; 4 – indústria mecânica; 5 – indústria de material elétrico,
eletrônico e comunicações; 6 – indústria de material de transporte; 7 – indústria de madeira; 8 –
indústria de papel e celulose; 9 – indústria de borracha; 10 – indústria de couros e peles; 11 – indústria
têxtil, de vestuário, calçados e artigos feitos de tecidos; 12 – indústria de produtos de matéria plástica;
13 – indústria de fumo; 14 – indústrias diversas; 15 – indústria química; 16 – indústria de produtos
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
alimentares e bebidas; 17 – serviços de utilidade; 18 – transporte, terminais, depósitos e comércio;
19 – turismo; e 20 –uso de recursos naturais.
Há, ainda, uma obrigação acessória a todos os sujeitos passivos. De acordo com a lei, todos
deverão entregar até o dia 31 de março de cada ano, um relatório das atividades exercidas no
ano anterior, cujo modelo será definido pelo IBAMA, para o fim de colaborar com os procedimentos
de controle e fiscalização.
Caso tal obrigação seja descumprida, há ainda a previsão de aplicação de uma multa
equivalente a vinte por cento da TCFA devida, sem prejuízo da exigência desta taxa.
A data de pagamento do referido tributo será sempre no último dia útil de cada trimestre do
ano civil, nos valores fixados no anexo IX da lei, e o recolhimento deverá ser efetuado em conta
bancária vinculada ao IBAMA, por intermédio de documento próprio de arrecadação, até o quinto dia
útil do mês subsequente.
De acordo com a lei, caso a TCFA não seja recolhida nos prazos e nas condições
estabelecidas, será cobrada com acréscimo de juros de mora de 1% ao mês, multa de mora de 20%
e encargo de 20% calculado sobre o total do débito inscrito em Dívida Ativa.
10
Há previsão de isenção do pagamento da TCFA às entidades públicas federais,
distritais, estaduais e municipais, às entidades filantrópicas, àqueles que praticam agricultura
de subsistência e às populações tradicionais.
Vale lembrar que, caso o estabelecimento exerça mais de uma atividade sujeita à fiscalização,
pagará a taxa relativamente a apenas uma delas, pelo valor mais elevado.
Por fim, tendo em vista que muitos estabelecimentos já haviam pago a chamada Taxa
de Fiscalização Ambiental – TFA, restou prevista a possibilidade de compensação com o valor
devido a título de TCFA, até o limite de sessenta por cento e relativamente ao mesmo ano.
Contudo, valores recolhidos ao Estado, ao Município e ao Distrital Federal a qualquer outro título,
tais como taxas ou preços públicos de licenciamento e venda de produtos, não constituem crédito
para compensação com a TCFA.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
de poder de polícia, representado nas metas, competências e instrumentos da
Política Nacional de Meio Ambiente, abarcando muito mais atividades do que apenas
a fiscalização in locu dos estabelecimentos submetidos à tributação. A cobrança da
taxa pelo exercício do poder de polícia não se confunde com a taxa decorrente da prestação
de serviço público e guarda perfeita sintonia com as regras dos artigos 77 e 78 do CTN. O
artigo 23, CF, é norma de competência comum, o que afasta a alegação de competência
exclusiva de órgão estadual - ou municipal - no exercício do poder de polícia em relação a
atividades potencialmente poluidoras do meio ambiente. TANTO OS ESTADOS COMO OS
MUNICÍPIOS PODERÃO, NOS LIMITES DE SUAS COMPETÊNCIAS, EXERCER O
PODER DE POLÍCIA INERENTE AO MEIO AMBIENTE, EXIGINDO PARA TANTO O
PAGAMENTO DE EXAÇÃO, QUE NÃO SE CONFUNDE COM A EXIGÊNCIA DA TCFA
NO ÂMBITO FEDERAL. NÃO OCORRE BITRIBUTAÇÃO. Não se admite que a TCFA
utilize base de cálculo de imposto, porquanto a taxa não é instituída considerando-
se somente o capital da empresa, mas também incide o tributo em função do porte
da pessoa jurídica e sua atividade-fim. Não há infringência aos artigos 154, I, e 145, §
2º, da Constituição Federal, bem como ao artigo 77 do CTN. O cálculo do valor da
TCFA não apresenta qualquer ofensa ao princípio da isonomia tributária. Tendo a
natureza jurídica de taxa, a TCFA não exige, para a respectiva instituição, o requisito
constitutivo formal de lei complementar, bastando a lei ordinária, editada pelo ente político
incumbido de executar o poder de polícia a que se refere a cobrança, que no caso é o
IBAMA, de competência legislativa da União Federal. Apelação não provida.
Além disso, entende o STJ que, à míngua de previsão legal, a TFCA não pode ser
recolhida na sistemática do SIMPLES: 11
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA. TAXA DE CONTROLE E
FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL - TCFA. NATUREZA JURÍDICA DA EXAÇÃO
QUESTIONADA DEFINIDA PELO STF, POR OCASIÃO DO JULGAMENTO DO RE
416.601/DF. INCLUSÃO DA TAXA REFERIDA NA SISTEMÁTICA DE ARRECADAÇÃO
SIMPLIFICADA (SIMPLES). DESCABIMENTO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO NAS LEIS
9.317/96 E LC 123/2006.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
(REsp 1242940/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 23/10/2012, DJe 26/10/2012)
6. INCENTIVOS GOVERNAMENTAIS
Parágrafo único - As entidades e órgãos referidos no " caput " deste artigo deverão fazer
constar dos projetos a realização de obras e aquisição de equipamentos destinados ao
controle de degradação ambiental e à melhoria da qualidade do meio ambiente.
Art. 13. O Poder Executivo incentivará as atividades voltadas ao meio ambiente, visando:
7. PRINCÍPIOS DO EQUADOR
O QUE SÃO
São critérios mínimos para a concessão de crédito, que asseguram que os projetos
financiados sejam desenvolvidos de forma socialmente e ambientalmente responsável.
ORIGEM
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
promoveram, em Londres, um encontro de altos executivos para discutir experiências com
investimentos em projetos, envolvendo questões sociais e ambientais em mercados emergentes, nos
quais nem sempre existe legislação rígida de proteção do ambiente.
Em 2003, dez dos maiores bancos no financiamento internacional de projetos (ABN Amro,
Barclays, Citigroup, Crédit Lyonnais, Crédit Suisse, HypoVereinsbank (HVB), Rabobank, Royal Bank
of Scotland, WestLB e Westpac), responsáveis por mais de 30% do total de investimentos em todo
o mundo, lançaram as regras dos Princípios do Equador na sua política de concessão de crédito.
OBJETIVO
CONTEÚDO
PASSO-A-PASSO
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Em síntese, somente se concederá empréstimo a projeto que possua Plano de Gestão
Ambiental, devendo estar focado na mitigação, planos de ação, monitoramento e gerenciamento de
riscos e planejamento, levando-se em conta a seguinte classificação:
Caso o tomador deixe de cumprir uma das cláusulas sociais e ambientais, o financiador
trabalhará junto a ele, na busca de soluções para que tal cláusula seja cumprida.
Em um primeiro momento, o objetivo principal das salvaguardas era fazer com que os
projetos financiados não causassem prejuízos ao meio ambiente e fossem socialmente
responsáveis.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
mais claras e fáceis de serem seguidas, mas não necessariamente mais fáceis de serem cumpridas,
pois serão mais restritivas.
Efetivamente a nova versão dos Princípios do Equador prevê critérios mais rigorosos,
principalmente na análise da população atingida pelo projeto financiado, além da redução do valor
de enquadramento do projeto, que passa de US$ 50 milhões para US$ 10 milhões.
RESULTADO
O Brasil conta com a adesão de seus principais bancos de capital nacional. Das
entidades atuantes no país, seguem a lógica dos princípios do equador: Bradesco, Banco do 15
Brasil, Itaú/Itaú BBA/Unibanco, Caixa Econômica Federal e Santander.
Fonte: http://www.institutoatkwhh.org.br/compendio/?q=node/41
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Inquérito Civil Apreensão de Bens
Zoneamento Ambiental Fechamento de Estabelecimentos
Criação de Unidades de Conservação Outros
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental:
nos termos da Resolução CONAMA 01/88, este Cadastro tem como objetivo proceder ao
registro, com caráter obrigatório, de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à
consultoria técnica sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de
equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras. É administrado pelo IBAMA, nos termos do artigo 17, I da Lei
No. 6.938/81. Existe ainda o CADASTRO NACIONAL DE ENTIDADES AMBIENTALISTAS
- CNEA, criado pela Resolução CONAMA 06/89.
8.1.1. CONCEITO
De acordo com o artigo 2º do Decreto 4.297/02 (Regulamenta o art. 9o, inciso II, da Lei no
6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico
do Brasil – ZEE), se trata de um “instrumento de ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO a ser
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas,
estabelecendo medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade
ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o
desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população”. Ainda, de acordo
com o artigo 3º do regulamento, o zoneamento tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada,
as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que,
direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e
dos serviços ambientais dos ecossistemas.
Trata-se de instrumento por intermédio do qual o meio ambiente natural “solo” é planejado,
em caráter abstrato (sem atingir um particular específico), para implementação de uma gestão que
resguarde o binômio meio ambiente/desenvolvimento sustentável5. Assim, delimita-se
geograficamente o solo de acordo com a destinação que o Poder Público, motivadamente, lhe
pretenda conferir, estabelecendo regimes especiais geograficamente delimitados de uso,
gozo e fruição da propriedade.
5Guarda fortes semelhanças com as limitações administrativas, apesar das finalidades divergirem. Estas visam
efetivamente a impor limites ao exercício de direitos. O zoneamento visa a gerir geograficamente o território,
ainda que, para atingir tal fim, limite direitos.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Percebe-se, assim, que o zoneamento constitui técnica de planejamento adotado pela
Administração Pública, com vistas ao estabelecimento da melhor convivência social possível. Falar
em zoneamento ambiental, então, traz a ideia de regulação de espaços onde serão desenvolvidas
as mais diversas atividades pelos indivíduos, com o fim de harmonizar o desempenho dessas
atividades com a preservação ambiental.
Diversas são as formas como o Poder Público institui os diversos zoneamentos. Tendo em
vista a competência comum em matéria ambiental, inúmeros são os diplomas normativos que
veiculam matéria de zoneamento. Tanto pode ser estabelecido em um Plano Diretor de um
Município como em uma legislação nacional, como a Lei nº 9.985/00, que estabelece uma
espécie de espaços territoriais especialmente protegidos, as unidades de conservação.
Tendo em vista que o zoneamento guarda estreita relação com os princípios da função
socioambiental da propriedade, da prevenção, da precaução, do poluidor pagador, do usuário 19
pagador, da participação informada, do acesso equitativo e da integração, pode-se afirmar que tal
instrumento é de fundamental importância para o Direito Ambiental. O exemplo mais elucidativo desta
relevância está no zoneamento ambiental industrial que classifica quatro espécies de zonas visando
o disciplinamento de atividades industriais em locais críticos de poluição. As quatro divisões são
as zonas de uso estritamente industrial, zonas de uso predominantemente industrial, zonas
de uso diversificado e zonas de reserva ambiental. Há de se apontar que o intuito do
disciplinamento desta matéria é a necessidade de controle da poluição causada pelas
indústrias e de mantê-las afastadas de centros populacionais habitacionais, além de preservar
recursos naturais da direta exposição aos resíduos emanados dessas atividades.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
IMPEDE SUA UTILIZAÇÃO. DIREITO A INDENIZAÇÃO. O PROPRIETARIO QUE OBTEM
LICENÇA PARA CONSTRUÇÃO, DEMOLE A EDIFICAÇÃO QUE EXISTIA NO IMOVEL,
FAZ SONDAGENS NO TERRENO E PREPARA O INICIO DA OBRA COM A
COLOCAÇÃO DE TAPUMES, TEM DIREITO A INDENIZAÇÃO, SE TUDO ISSO FICA
PREJUDICADO POR ZONEAMENTO SUPERVENIENTE QUE LHE IMPEDE DE
CONSTRUIR EM CARATER PERMANENTE E SO LHE PERMITE FAZE-LO EM
CARATER PROVISORIO, COM RESTRIÇÕES, UMA DELAS A DE QUE NÃO SERA
INDENIZADO PELAS RESPECTIVAS DESPESAS QUANDO SOBREVIER A
DESAPROPRIAÇÃO PREVISTA; ANULAÇÃO DA PROPRIEDADE, CARACTERIZANDO
DESDE LOGO A DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E
PROVIDO EM PARTE.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
O que acontece se uma determinada região onde havia indústrias instaladas,
devidamente autorizadas pelo Poder Público, passar a ser considerada como de preservação
ambiental ou área residencial?
Para Paulo de Bessa Antunes, somente poderá o Poder Público obstar as atividades dessas
indústrias se efetivar a desapropriação, já que o ato jurídico perfeito não pode ser atacado, nem se
ferir o direito adquirido que elas tinham de ali permanecer.
As regras de higiene, de poluição etc., podem perfeitamente ser alteradas pelo Poder Público,
com incidência imediata sobre quem já estava instalado. HÁ DE SE AFERIR QUAL O TIPO DE
ALTERAÇÃO LEGAL FOI PROMOVIDO, SE REGRAS DE CONDUTA E FUNCIONAMENTO OU
SE REGRAS FULMINANTES DO PRÓPRIO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE ANTES INSTALADA. AS
REGRAS DE CONDUTA PODEM PERFEITAMENTE SER EXIGIDAS SEM QUE SURJA DIREITO
À INDENIZAÇÃO. Já as regras acerca do exercício da atividade podem acabar por fulminar o direito
de propriedade, implicando em verdadeira desapropriação indireta. 21
8.1.5. ZONEAMENTO INDUSTRIAL – LEI Nº 6.803/80
Essa lei dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas
de poluição.
Art . 1º Nas áreas críticas de poluição a que se refere o art. 4º do Decreto-lei nº 1.413, de
14 de agosto de 1975, as zonas destinadas à instalação de indústrias serão definidas em
esquema de zoneamento urbano, aprovado por lei, que compatibilize as atividades
industriais com a proteção ambiental.
§ 1º As zonas de que trata este artigo serão classificadas nas seguintes categorias:
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
SUBMETIDAS À INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTOS ESPECIAIS DE CONTROLE E,
NOS CASOS MAIS GRAVES, À RELOCALIZAÇÃO.
III - manter, em seu contorno, anéis verdes de isolamento capazes de proteger as zonas
circunvizinhas contra possíveis efeitos residuais e acidentes;
I - não saturadas;
II - em vias de saturação;
III - saturadas;
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Art . 6º O grau de saturação será aferido e fixado em função da área disponível para uso
industrial da infra-estrutura, bem como dos padrões e normas ambientais fixadas pela
Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA e pelo Estado e Município, no limite das
respectivas competências.
Art. 8º A implantação de indústrias que, por suas características, devam ter instalações
próximas às fontes de matérias-primas situadas fora dos limites fixados para as zonas de
uso industrial obedecerá a critérios a serem estabelecidos pelos Governos Estaduais, 23
observadas as normas contidas nesta Lei e demais dispositivos legais pertinentes.
VI - horários de atividade.
Art . 10. Caberá aos Governos Estaduais, observado o disposto nesta Lei e em outras
normas legais em vigor:
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
I - aprovar a delimitação, a classificação e a implantação de zonas de uso estritamente
industrial e predominantemente industrial;
II - definir, com base nesta Lei e nas normas baixadas pela SEMA, os tipos de
estabelecimentos industriais que poderão ser implantados em cada uma das categorias de
zonas industriais a que se refere o § 1º do art. 1º desta Lei;
III - instalar e manter, nas zonas a que se refere o item anterior, serviços permanentes de
segurança e prevenção de acidentes danosos ao meio ambiente;
Art . 11. Observado o disposto na Lei Complementar nº 14, de 8 de junho de 1973, sobre a
competência dos Órgãos Metropolitanos, compete aos Municípios:
I - as regiões críticas que estão exigindo reforma agrária com progressiva eliminação
dos minifúndios e dos latifúndios;
a) a posição geográfica das áreas, em relação aos centros econômicos de várias ordens,
existentes no país;
II - programar a ação dos órgãos governamentais, para desenvolvimento do setor rural, nas
regiões delimitadas como de maior significação econômica e social.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Art. 45. A fim de completar os trabalhos de zoneamento serão elaborados pelo Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária levantamentos e análises para:
Art. 46. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá levantamentos, com utilização,
nos casos indicados, dos meios previstos no Capítulo II do Título I, para a elaboração do
cadastro dos imóveis rurais em todo o país, mencionando:
c) da localização geográfica;
d) da área com descrição das linhas de divisas e nome dos respectivos confrontantes;
26
e) das dimensões das testadas para vias públicas;
f) do valor das terras, das benfeitorias, dos equipamentos e das instalações existentes
discriminadamente;
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
c) os sistemas de contrato de trabalho, com discriminação de arrendatários, parceiros e
trabalhadores rurais;
b) dos limites máximos permitidos de áreas dos imóveis rurais, os quais não excederão a
seiscentas vezes o módulo médio da propriedade rural nem a seiscentas vezes a área
média dos imóveis rurais, na respectiva zona;
e) dos limites mínimos de produtividade agrícola para confronto com os mesmos índices
obtidos em cada imóvel nas áreas prioritárias de reforma agrária.
§ 6º No caso de imóvel rural em comum por força de herança, as partes ideais, para os fins
desta Lei, serão consideradas como se divisão houvesse, devendo ser cadastrada a área
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
que, na partilha, tocaria a cada herdeiro e admitidos os demais dados médios verificados
na área total do imóvel rural.
Art. 1º. Como parte integrante da Política Nacional para os Recursos do Mar - PNRM e
Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA, fica instituído o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro - PNGC.
Art. 2º. Subordinando-se aos princípios e tendo em vista os objetivos genéricos da PNMA,
fixados respectivamente nos arts. 2º e 4º da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, o PNGC
visará especificamente a orientar a utilização nacional dos recursos na Zona Costeira, de
forma a contribuir para elevar a qualidade da vida de sua população, e a proteção do seu
patrimônio natural, histórico, étnico e cultural.
Parágrafo único. Para os efeitos desta lei, considera-se Zona Costeira o espaço
geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis
ou não, abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre, que serão definida pelo
Plano.
Art. 3º. O PNGC deverá prever o zoneamento de usos e atividades na Zona Costeira e
dar prioridade à conservação e proteção, entre outros, dos seguintes bens: 28
I - recursos naturais, renováveis e não renováveis; recifes, parcéis e bancos de algas;
ilhas costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuarinos e lagunares, baías e
enseadas; praias; promontórios, costões e grutas marinhas; restingas e dunas;
florestas litorâneas, manguezais e pradarias submersas;
Art. 4º. O PNGC será elaborado e, quando necessário, atualizado por um Grupo de
Coordenação, dirigido pela Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do
Mar - SECIRM, cuja composição e forma de atuação serão definidas em decreto do Poder
Executivo.
§ 2º O Plano será aplicado com a participação da União, dos Estados, dos Territórios e dos
Municípios, através de órgãos e entidades integradas ao Sistema Nacional do Meio
Ambiente - SISNAMA.
Art. 5º. O PNGC será elaborado e executado observando normas, critérios e padrões
relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, estabelecidos pelo
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
CONAMA, que contemplem, entre outros, os seguintes aspectos: urbanização; ocupação e
uso do solo, do subsolo e das águas; parcelamento e remembramento do solo; sistema
viário e de transporte; sistema de produção, transmissão e distribuição de energia;
habitação e saneamento básico; turismo, recreação e lazer; patrimônio natural, histórico,
étnico, cultural e paisagístico.
§ 2º Normas e diretrizes sobre o uso do solo, do subsolo e das águas, bem como limitações
à utilização de imóveis, poderão ser estabelecidas nos Planos de Gerenciamento Costeiro,
Nacional, Estadual e Municipal, prevalecendo sempre as disposições de natureza mais
restritiva.
Art. 7º. A degradação dos ecossistemas, do patrimônio e dos recursos naturais da Zona
Costeira implicará ao agente a obrigação de reparar o dano causado e a sujeição às
penalidades previstas no art. 14 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, elevado o limite
máximo da multa ao valor correspondente a 100.000(cem mil) Obrigações do Tesouro
Nacional - OTN, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Art. 9º. Para evitar a degradação ou o uso indevido dos ecossistemas, do patrimônio e dos
recursos naturais da Zona Costeira, o PNGC poderá prever a criação de unidades de
conservação permanente, na forma da legislação em vigor.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Art. 10. As praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre,
livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos
considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por
legislação específica.
§ 1º. Não será permitida a urbanização ou qualquer forma de utilização do solo na Zona
Costeira que impeça ou dificulte o acesso assegurado no caput deste artigo.
§ 3º. Entende-se por praia a área coberta e descoberta periodicamente pelas águas,
acrescida da faixa subseqüente de material detrítico, tal como areias, cascalhos, seixos e
pedregulhos, até o limite onde se inicie a vegetação natural, ou, em sua ausência, onde
comece um outro ecossistema.
8.1.8. CLASSIFICAÇÃO
a) Zoneamento ambiental urbano: implementado por meio do Plano Diretor, obrigatório nos
Municípios com mais de vinte mil habitantes. Visa a equacionar o território para determinada
destinação de caráter urbano, tendo por base a discriminação necessária entre as diversas
atividades humanas reclamando cada uma um espaço particular, com a necessária promoção do
ambiente ecológico.
30
b) Zoneamento ambiental rural ecológico-econômico: visa a racionalizar a ocupação dos
espaços rurais e direcionar as atividades do agronegócio, para que elas respeitem ao meio ambiente.
Art. 9º-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por
instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão
integrante do Sisnama, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para
preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão
ambiental.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
II - objeto da servidão ambiental;
Art. 9º-B. A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, temporária ou perpétua.
Art. 9º-C. O contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão ambiental deve ser
averbado na matrícula do imóvel.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
III - os direitos e deveres do proprietário instituidor e dos futuros adquirentes ou sucessores;
a) Relevância natural;
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
b) Caráter oficial (instituído por lei ou por decreto);
c) Delimitação territorial;
d) Objetivo conservacionista;
Os estudos de impacto ambiental foram previstos na Convenção das Nações Unidas para o
Meio Ambiente – Declaração do Rio de Janeiro /92, no princípio 17:
A avaliação de impacto ambiental, como instrumento nacional, deve ser empreendida para
as atividades planejadas que possam vir a ter impacto negativo considerável sobre o meio
ambiente, e que dependam de uma decisão de autoridade nacional competente.
Estudos ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais
relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento,
apresentado como subsídio para a análise da licença requerida.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e/ou biológicas
do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia humana que, direta ou
indiretamente, afetem:
c) A biota;
Trata-se de instrumentos formais que precedem a licença ambiental, dela fazendo parte,
sendo de inteira responsabilidade do interessado no empreendimento a sua elaboração,
assim como os custos, sempre que pretender realizar alguma das atividades para cujo exercício a
lei os exija.
34
No caso brasileiro existe, como regra, a obrigatoriedade do prévio estudo de impacto
ambiental para a implantação de projetos potencial ou efetivamente poluidores. Tal exigência
encontra-se prevista no art. 225, § 1º da CRFB. Todavia, a experiência jurídica nacional demonstra
que a norma constitucional tem suscitado muitas dúvidas e divergências no que se refere à sua
correta compreensão.
Sabe-se, outrossim, que a constitucionalização dos Estudos de Impacto Ambiental não foi
acompanhada de uma legislação ordinária apta a concretizar a determinação constitucional no plano
da prática diária administrativa. Em verdade, a norma constitucional é considerada aberta e necessita
que o Poder Executivo defina os parâmetros e critérios capazes de estabelecer, com certa margem
de segurança, qual é o conceito de atividade que efetiva ou potencialmente possa ser causadora de
significativa degradação ambiental. Atualmente, com a finalidade de suprir eventual lacuna
legislativa, a matéria encontra-se regulada por resoluções administrativas do CONAMA.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
legislação nacional dava conta do surgimento do estudo de impacto ambiental, que teria vindo
à lume através da edição do Decreto-Lei nº 1.413/75.
Já a partir deste novel conjunto de leis, as empresas que tencionassem instalar seus parques
industriais deveriam, primeiramente, providenciar equipamentos capazes de diminuir ou impedir a
poluição produzida por suas atividades. Neste ponto, o vetusto Decreto reclamava uma avaliação ou
estudo dos impactos ambientais que pudessem atingir o meio ambiente a ser explorado.
Para as empresas que já estivessem em operação, o Decreto em questão presumia que estas
observassem a nova legislação, o que não impedia fiscalização do empreendimento. Além disso,
para as empresas instaladas que não estivessem cumprindo com o DL, far-se-ia necessária
adequação à nova ordem normativa.
A Lei nº 6.938/81 representou, em certa medida, uma mudança qualitativa no sistema legal
de proteção ambiental, pois buscou criar um sistema estruturado e organicamente coerente de
medidas a serem adotadas para o alcance dos objetivos fixados já a partir do DL 1.413 de 1975.
35
Vale lembrar que a Lei nº 6.938/1981 elevou a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) à categoria
de instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Outrossim, é importante ressaltar
que, mesmo com a Lei nº 6.938/1981, os arts. 9º e 10º da Lei nº 6.803/1980 ainda continuam em
vigor, eis que completamente coerentes com a Lei nº 6.938 de 1981.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Além disso, a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA coloca-se como mecanismo de
realização do desenvolvimento sustentável.
Tendo em vista que qualquer projeto de desenvolvimento interfere no meio ambiente, mas,
igualmente, sendo certo que o crescimento socioeconômico é um imperativo, deve haver
mecanismos que conciliem tais fatores, minimizando os impactos ecológicos negativos. Um desses
mecanismos é a AIA.
Importante não incidir no equívoco reducionista de entender a AIA como apenas o EIA.
A AIA pode ser implementada tanto para projetos que envolvam execução física de obras e processo
de transformação como para políticas e planos que contemplem diretrizes programáticas, limitadas
ao campo das ideias, neste caso denominada Avaliação Ambiental Estratégica. Já o EIA é apenas
uma ferramenta do licenciamento ambiental.
O EIA é um dos instrumentos da PNMA, previsto no art. 225, § 1º, IV, CR/88 e no art. 9º, III,
da PNMA. A PNMA concedeu ao CONAMA a competência para estabelecer normas e critérios
para o licenciamento (e não para licenciar) de atividade efetiva ou potencialmente poluidora.
Não invade a competência dos Estados o estabelecimento dessas normas, desde que gerais,
já que a competência para legislar sobre meio ambiente é concorrente.
6Nos termos da Resolução CONAMA 237/97, a AIA, por ela denominada de “Estudos Ambientais”, é gênero
do qual são espécies todos os estudos para análise da licença ambiental, tais como: relatório ambiental, plano e
projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação
de área degradada e análise preliminar de risco. Essas outras espécies de Estudos Ambientais (ou AIAs), poderão
ser requisitadas na hipótese de não se exigir o EIA.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Esse órgão assim o fez, por meio da Resolução CONAMA 001/86 – a qual regulamenta o
EIA, sendo exigido como condição de licenciamento em obras, atividades ou empreendimentos
potencialmente causadores de significativa degradação ambiental.
O EIA pode ser definido como a análise prévia das prováveis modificações ambientais
em decorrência da implantação de uma obra ou atividade potencialmente nociva. Entretanto,
existe outro conceito trazido pela Resolução nº 1/86 do CONAMA, anotando que é o estudo
(procedimento administrativo) que visa a antecipar “qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, que, direta ou indiretamente, afetem a saúde, segurança e
o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente, e a qualidade dos recursos ambientais”, com o escopo de permitir seja
verificada a viabilidade ambiental de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação,
bem assim as medidas mitigatórias que deverão ser adotadas visando à redução do
mencionado impacto.
O EIA deve:
a) Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos
do projeto;
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
d) Identificar e avaliar os impactos ambientais do projeto;
Lembrar que o art. 69-A da Lei nº 9.605/98 estabelece que é crime apresentar ou elaborar,
no licenciamento ambiental, laudo ou relatório ambiental falso ou enganoso, seja total ou
parcialmente, inclusive por omissão.
Já o RIMA é o documento final que reúne os dados do EIA, apresentado ao órgão ou entidade
de meio ambiente, geralmente do Estado-membro no qual se localiza ou se pretende localizar a
atividade. Por ser documento final, deve ser elaborado após encerrado o EIA. Ele sistematiza os
estudos realizados, trazendo de forma concatenada todas as informações obtidas, as
discussões da equipe multidisciplinar, suas conclusões e as propostas decorrentes dos
levantamentos efetuados na fase de estudo, inclusive quanto a “alternativas tecnológicas e
38
de localização do projeto”.
O art. 2° da Resolução nº 1/86 estabelece o rol das atividades ou obras cujo licenciamento
não prescindem da realização do EIA. Paulo de Barros defende que “somente para as atividades
expressamente enumeradas pelo CONAMA podem tais instrumentos ser exigidos, face a sujeição
da Administração Pública ao princípio da legalidade”.
Entretanto, esse parece não ser (e não é) o melhor entendimento. Essa Resolução
estabeleceu, na verdade, um mínimo obrigatório, que pode ser ampliado, jamais reduzido. Há,
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
nessas atividades abaixo listadas, verdadeira presunção absoluta7 de que são potencialmente
causadoras de significativa degradação do meio ambiente.
Assim, poderão todos os entes aumentar este rol em suas legislações. Entretanto, o que não
pode, acredito, é haver a imposição da realização do EIA sem expressa previsão normativa que o
determine.
Serão exigidos tanto para obras públicas quanto particulares. São as seguintes as hipóteses
EXEMPLIFICATIVAS de exigência:
b) Ferrovias;
d) Aeroportos;
i) Extração de minérios;
k) Aterros sanitários;
m) Distritos industriais;
o) Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a 10 toneladas por
dia;
7 Edis Milaré advoga que, segundo a Resolução CONAMA nº 237/97, a presunção é apenas relativa.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
q) Instalações nucleares, centrais nucleares e outros reatores nucleares.
A competência para traçar regras básicas para a realização do EIA/RIMA é, como visto, do
CONAMA. O ente público responsável pela exigência do EIA/RIMA será aquele responsável pelo
licenciamento ambiental da atividade. No estado federativo, “o ponto fundamental que deve ser
considerado é que o licenciamento é basicamente uma atividade a ser exercida pelo Poder Público
estadual. As autoridades federais somente podem atuar em casos definidos ou supletivamente à
autoridade estadual. Os Municípios poderão complementar, no que couber, as exigências dos órgãos
estaduais para atender necessidades locais” (Paulo de Bessa Antunes. Direito Ambiental. 2ª ed.
Lúmen Júris, 1998).
Um dos critérios primordiais que foi estabelecido para o licenciamento e análise do EIA/RIMA
é o da área de influência direta do projeto.
Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos para tramitação
dos processos de licenciamento.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Vale lembrar que, quando um órgão dispensa o EIA, ou determina a sua realização por
julgar presentes as suas características, este ato administrativo será vinculado. Inexiste
discricionariedade administrativa na interpretação concreta de impacto ambiental
significativo para fins de o ente ambiental exigir ou não o EIA. Além da doutrina majoritária,
há diversas decisões dos Tribunais Regionais Federais. Em face disso, pode ser afirmado
que, no mérito deste ato, é possível a interferência do poder judiciário através, por exemplo,
de uma ação civil pública.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
pelo IEMA no procedimento de licenciamento, suspendem-se os efeitos do Parecer
nº 453/2011/CONJUR/MME, da Portaria de Lavra nº 81/2011 e da Licença de
Operação - LO nº 52/2011 e, por falta de título de lavra válido, determina-se a
paralisação imediata da atividade, sob pena de multa diária de cinco mil reais,
devendo ainda a empresa agravada, juntamente
com seu sócio administrador, providenciar a elaboração do EIA-RIMA às próprias
expensas e apresentá-lo ao órgão ambiental competente, bem como recuperar a
área degradada integralmente e de acordo com a solução técnica exigida pelo IEMA,
que, de seu turno, deverá encaminhar a solução técnica à empresa no prazo
estipulado no voto e exigir, em relação ao DNPM nº 896.847/1995, o EIA/RIMA para
concessão de licença ambiental para extração mineral na área a que se refere o
procedimento em tela. Ao DNPM, determina-se que se
abstenha de emitir qualquer título minerário em favor da empresa agravada no
procedimento supracitado, enquanto não forem cumpridas todas as exigências do
órgão ambiental competente para a recuperação da área.
- O periculum in mora está presente no alto potencial lesivo da atividade praticada
pela empresa, na existência de fortes indícios de lavra ilegal durante anos, na falta
de EIA-RIMA visando à preservação e restauração do meio ambiente e na
necessidade urgente de se recuperar a área degradada, a fim de evitar a
irreversibilidade dos danos já causados e a repetição da atividade nociva.
- Recurso parcialmente provido, para antecipar em parte os efeitos da tutela.
Prejudicados os embargos de declaração opostos pelo IEMA e pelo MPF apontando,
respectivamente, omissão e contradição no Acórdão do agravo interno interposto
contra a decisão que, antecipando parcialmente os efeitos da tutela recursal,
reconheceu a necessidade do EIA-RIMA no licenciamento em questão, mas não
determinou a paralisação da atividade nem a reparação dos danos causados ao meio
ambiente. (TRF-2 – AG: 0014578532012402000 RJ, Rel. Sergio Schwaitzer,
Julgamento: 20/03/2017, Turma Especializada)
43
8.4.7. PROCEDIMENTO
Existia uma disposição da Resolução CONAMA 01/86 que dizia que a equipe técnica
multidisciplinar não poderia estar vinculada ao proponente do projeto. Por este dispositivo, ela não
podia estar vinculada a ele, para garantia de sua autonomia. No entanto, em um grave retrocesso,
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
este dispositivo foi expressamente revogado por um dispositivo da Resolução CONAMA 237/97.
Assim, tornou-se possível esta atuação vinculada, até mesmo por empregados do proponente do
projeto. Isso gera uma quebra da autonomia da equipe multidisciplinar, que age de acordo com os
interesses daquele que lhe emprega e que busca o empreendimento.
Deve ser dada publicidade ao EIA e ao RIMA, por disposição constitucional. Entretanto, a
publicidade deve dar o devido respeito às matérias de sigilo industrial; não obstante, cabe ao
requerente invocar e demonstrar que o sigilo deve ser preservado.
Nem sempre elas ocorrerão. Elas serão obrigatórias apenas se previstas na lei do ente
ou se ocorrer as seguintes hipóteses previstas na Resolução nº 9/87, do CONAMA: 44
a) Requeridas pelo Ministério Público;
b) Requerida por entidade civil com assento no Conselho Estadual do Meio Ambiente –
COSEMA;
Vale ainda conhecer dois importantes julgados tradicionais do STF sobre este assunto. O
primeiro deles foi o caso da ADI 1.505, na qual a Constituição do Espírito Santo dispunha que a
audiência pública deveria ser autorizada por uma comissão da Assembleia Legislativa daquele
Estado, algo atípico que não vem previsto no modelo federal.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
consubstancia ato do Poder de Polícia – ato da Administração Pública – entenda-se
ato do Poder Executivo (ADI 1.505, de 24.11.2004).
As conclusões do EIA não vinculam o órgão ambiental8. Isso é óbvio, já que o EIA/RIMA é
elaborado no interesse do empreendedor que solicita a licença. O que é vinculativo é sua feitura, nas
hipóteses em que a lei ou a Administração o exigirem. O objetivo do estudo é orientar a decisão da
Administração e informá-la sobre as consequências ambientais de um determinado
empreendimento. Para acolher ou deixar de acolher as diretrizes do EIA/RIMA, o órgão
ambiental deverá fundamentar a sua decisão. Não se exige do órgão ambiental que faça um
estudo de impacto paralelo ou um contraestudo, mas que aprecie em profundidade o estudo do
impacto apresentado.
Certo é que o EIA/RIMA não pode vincular a Administração, já que ele será elaborado pelo
particular, em interesse próprio. Ele é apenas subsídio para a análise pelo órgão competente, que
deve cuidar de seu teor, verificando se realmente confere com a realidade e tomando as conclusões
sobre o licenciamento prévio do empreendimento.
Cabe somente à Administração fixar o prazo para se manifestar sobre o EIA/RIMA, o qual,
em qualquer caso, será contado a partir de seu recebimento pelo órgão competente.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
A licença ambiental é a outorga concedida pelo Poder Público a quem pretende exercer uma
atividade potencialmente nociva ao meio ambiente. Assim, todo aquele que pretender construir,
instalar, ampliar e colocar em funcionamento estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, deverá requerer perante o órgão
público competente a licença ambiental.
O licenciamento ambiental é plurifuncional, pois podem ser apontadas diversas funções por
ele exercidas:
9 Em relação a ser processo ou procedimento, notem que a lei disse ser procedimento. Recordem-se da
substancial diferença, por exemplo, no direito processual penal, onde, administrativamente, temos o inquérito
que é procedimento (onde não se admite contraditório e ampla defesa) e, judicialmente, temos o processo
(onde vigora contraditório e ampla defesa). Assim, é possível que o legislador tenha desejado informar logo de
início que, no licenciamento ambiental, haverá discricionariedade (e não simples ato vinculado de
concessão da licença uma vez cumpridos os requisitos) com um contraditório ou ampla defesa
mitigada ou inexistente, cujo pano de fundo será a proteção do meio ambiente.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
a) Objetiva o controle de atividades potencialmente poluentes, procurando uma atuação
sustentável, para prevenir danos;
1. Existem atividades e obras que terão importância ao mesmo tempo para a Nação e
para os Estados e, nesse caso, pode até haver duplicidade de licenciamento.
3. Não merece relevo a discussão sobre ser o Rio Itajaí-Açu estadual ou federal. A
conservação do meio ambiente não se prende a situações geográficas ou referências
históricas, extrapolando os limites impostos pelo homem. A natureza desconhece fronteiras
políticas. Os bens ambientais são transnacionais. A preocupação que motiva a presente
causa não é unicamente o rio, mas, principalmente, o mar territorial afetado. O impacto será
considerável sobre o ecossistema marinho, o qual receberá milhões de toneladas de
detritos.
4. Está diretamente afetada pelas obras de dragagem do Rio Itajaí-Açu toda a zona costeira
e o mar territorial, impondo-se a participação do IBAMA e a necessidade de prévios
EIA/RIMA. A atividade do órgão estadual, in casu, a FATMA, é supletiva. Somente o estudo
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
e o acompanhamento aprofundado da questão, através dos órgãos ambientais públicos e
privados, poderá aferir quais os contornos do impacto causado pelas dragagens no rio, pelo
depósito dos detritos no mar, bem como, sobre as correntes marítimas, sobre a orla
litorânea, sobre os mangues, sobre as praias, e, enfim, sobre o homem que vive e depende
do rio, do mar e do mangue nessa região.
Por fim, o licenciamento há de ser previsto em lei do ente, ou deve haver previsão legal para
que norma infralegal o preveja, já que a Administração deve agir sob o manto da legalidade.
As licenças são, no Direito Administrativo, atos tradicionalmente tidos por vinculados. No caso
da licença ambiental, há forte controvérsia sobre o assunto. Isso porque a análise administrativa do
atendimento dos requisitos necessários para se obter a licença é fase, apesar de técnica, dotada de
algum grau de discricionariedade para se chegar à conclusão da viabilidade ambiental ou não do
procedimento.
Parece que, não obstante isso, a maior parte da doutrina tende a considerá-la como um ato
vinculado. Sendo o empreendimento ou a atividade ambientalmente viável, não há como se denegar
a licença ambiental.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Essa vinculação, entretanto, é totalmente especial. Por exemplo: a licença pode ser
revogada no futuro, se houver modificação das condições fáticas (está sujeita à cláusula
rebus sic stantibus); quando o Poder Executivo demora inescusavelmente no procedimento
de concessão da licença, o Poder Judiciário, se provocado (via MS ou lei ordinária), não
concede a licença ambiental, antes fixa prazo para que isso seja feito.
Parte da doutrina entende que o termo licença estaria sendo empregado sem o rigor técnico-
jurídico, devendo, no caso, ser entendido como autorização. Essa é a posição de Paulo Affonso
Leme Machado10, Toshio Mukai e de Vladimir Passos de Freitas.
De outro lado, Édis Milaré11 entende que a licença ambiental se trata de verdadeira
licença, uma vez que a capacidade decisória da Administração se resume ao reconhecimento formal
de que os requisitos ambientais para o exercício do direito de propriedade (empreendimento
ou atividade) estão preenchidos. É preciso, na lição de Milaré, diferenciar a licença ambiental da
licença tradicional, de modo a considerá-las apenas parentes e não irmãs gêmeas. Entendem como
licença mesmo: Antônio Inagê de Oliveira e William Freite. Paulo de Bessa Antunes entende
que é sui generis.
A licença ambiental tem uma estabilidade temporal, que não se confunde com a 50
precariedade das autorizações e nem com a definitividade das licenças tradicionais. Garante-
se, no lapso temporal da licença, a inalterabilidade das regras impostas no momento da outorga,
salvo se o interesse público recomendar o contrário.
10 PAULO AFFONSO LEME MACHADO (2002, p. 258): “A CF utilizou o termo ‘autorização’ em seu Título. VII
– Da Ordem Econômica e Financeira, dizendo no artigo 170, parágrafo único: ‘É assegurado a todos o livre
exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos
casos previstos em lei’. Dessa forma, razoável é concluir que o sistema de licenciamento ambiental passa a
ser feito pelo sistema de autorizações, conforme entendeu o texto constitucional”
[
11 “[...] pelo dito, podemos apontar alguns traços que distinguem a licença ambiental das licenças
administrativas. Uma primeira peculiaridade pode ser enxergada no desdobramento da licença ambiental em
trens subespécies de licença – licença prévia, licença de instalação e licença de operação,–, destinadas a
melhor detectar, monitorar, mitigar e, quando possível, conjurar a danosidade ambiental.
[...]
Uma segunda tem a ver com a exigência de alguma forma de avaliação prévia de impactos, que se
consubstanciará num EIA-RIMA, sempre que a obra ou atividade a ser licenciada puder causar significativa
degradação do ambiente. Uma terceira, e talvez a mais importante, é que a licença ambiental não assegura ao
seu titular a manutenção do status quo vigorante ao tempo de sua expedição, sujeita que se encontra a prazos
de validade, obrigando a renovação com exigências supervenientes a vista do estado da técnica, cuja evolução
é rapidíssima, e da própria alteração das características, ambientais de determinada época e de determinado
local”. (2005, p. 539-540):
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Por conta dessa possibilidade de revogação/anulação da autorização/licença no prazo de sua
validade, há a discussão sobre se haveria direito à indenização ou não. O STJ e o STF têm sido
casuísticos, observando, principalmente, o estado das obras.
Importante o julgado abaixo, que dispõe sobre o controle judicial da dispensa da licença.
3. Nas razões recursais, a parte recorrente sustenta ter havido violação aos arts. 535 do
51
Código de Processo Civil (CPC) - ao argumento de que o acórdão é omisso -, 5º da Lei de
Introdução ao Código Civil (atual Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), 54, §
3º, da Lei n. 9.605/98, 1º da Lei n. 11.105/05, 8º, inc. I, da Lei n. 6.938/81, entre diversos
outros - uma vez que o princípio da precaução deveria ter sido observado na espécie.
1. Não viola o artigo 535 do CPC, tampouco nega prestação jurisdicional, acórdão que,
mesmo sem ter examinado individualmente cada um dos argumentos trazidos pelo vencido,
adota fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia, conforme
ocorreu no caso em exame.
6. Quer dizer: salvo em casos excepcionalíssimos (como, por exemplo, o consagrados atos
nitidamente políticos), todo e qualquer ato é, a princípio, controlável pelo Judiciário.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
discricionariedade administrativa. Se isso é correto em face de alguns atos, trata-se
de conclusão inteiramente inadequada em face de outros. É que A SIMPLES
UTILIZAÇÃO DE CONCEITOS INDETERMINADOS NÃO É SUFICIENTE PARA
CONFERIR A QUALQUER ESCOLHA ADMINISTRATIVA A CORREÇÃO. AO
CONTRÁRIO, A UTILIZAÇÃO DESTE TIPO DE TÉCNICA DE CONSTRUÇÃO
NORMATIVA TEM POR ESCOPO POSSIBILITAR QUE A ADMINISTRAÇÃO
IDENTIFIQUE, NA ANÁLISE CASUÍSTICA, QUAL É A MELHOR ESCOLHA -
QUE, POR SER A MELHOR, É ÚNICA.
10. Nesse contexto de idéias, o acórdão recorrido merece reforma: não para asseverar que,
na hipótese, o EIA/Rima é pura e simplesmente de realização compulsória, mas para que
o Tribunal Regional avalie o agravo de instrumento interposto para dizer se concorda ou
não com a necessidade de realização do estudo de impacto ambiental no caso concreto
(em lugar do RCA), como sustenta o MPF, afastando-se a conclusão de que os aportes do
Ibama na esfera administrativo-ambiental não são sindicáveis em face do Judiciário.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
O IBAMA possui duas ordens de competência: originária, para obras com significativo impacto
ambiental de âmbito nacional, por exemplo, o art. 225, § 4º, da CR, ou regional, por exemplo, quando
possa atingir mais de um Estado ou uma região geográfica; e supletiva, determinadora de sua
atuação no caso de inexistência ou inércia do órgão estadual, ou estadual e municipal, ou de
inépcia de seu licenciamento. A supletividade da atuação do IBAMA, prevista no art. 15 da LC nº
140/201112, limita-se a atender aspectos secundários do licenciamento. Não pode o órgão federal
discordar da licença concedida pelo órgão estadual e, na vigência desta, embargar obras, etc.
Isso só deve ocorrer se o órgão federal demonstrar que a licença estadual está eivada de vício.
12
Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas de licenciamento
e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a
União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua criação;
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, o Estado deve
desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação; e
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no Município, a União
deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes federativos.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente,
por um único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos
termos desta Lei Complementar.
Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele que
possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível
com a demanda das ações administrativas a serem delegadas (parágrafo único do art. 5°)
Prevê, ainda, o art. 13, § 3° da LC 140 que os valores alusivos às taxas de licenciamento
ambiental e outros serviços afins devem guardar relação de proporcionalidade com o custo e a
complexidade do serviço prestado pelo ente federativo
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Atividades ou empreendimentos:
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país
limítrofe;
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma
continental ou na zona econômica exclusiva;
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação
instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
LICENCIAMENTO e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
FEDERAL f) de caráter militar, salvo os previstos no preparo e emprego das Forças
(IBAMA) Armadas
g) os relativos à material radioativo ou energia nuclear; ou
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a
partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a
participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e
natureza da atividade ou empreendimento (ou seja, licenciar o que for
determinado por ato do Poder Executivo, por proposição da Comissão
Tripartite Nacional).
A competência para licenciamento pelo Estado é residual, cabendo-lhe
aquilo que não for conferido à União ou ao Município (art. 8º, XIV), in verbis:
a) (é ação administrativa do Estado) promover o licenciamento ambiental
de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais,
efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de
LICENCIAMENTO
causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o;
ESTADUAL
Cabe, ainda, ao Estado: 55
b) promover o licenciamento ambiental de atividades ou
empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de
conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção
Ambiental (APAs);
Atividades ou empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local,
conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de
LICENCIAMENTO
Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e
MUNICIPAL
natureza da atividade;
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município,
exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
Ação do ente federado que substitui o outro ente que não tenha
ATUAÇÃO SUPLETIVA capacidade técnica de promover o licenciamento e fiscalização. A União
poderá substituir Estados, DF e Municípios. Os Estados, o Município.
ATUAÇÃO Apoio técnico, científico, administrativo ou financeiro dado por um ente,
SUBSIDIÁRIA após solicitação, ao originariamente detentor da atribuição.
A lei permite a delegação entre entes, via convênio, tanto das atribuições
POSSIBILIDADE DE
de licenciamento quanto de ações administrativas pontuais, desde que o
DELEGAÇÃO
delegado tenha órgão ambiental capacitado.
LICENCIAMENTO EM
Será feito pelo ente instituidor, exceto nas APA´s.
UC
LICENCIAMENTO EM
Dependerá da localização geográfica da APA.
APA
LICENCIAMENTO EM
Cabe ao órgão estadual (Novo Código Florestal)
APP
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
É atribuição comum de todos os entes. O que a lei faz é dispor que cabe
ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização lavrar auto de
FISCALIZAÇÃO infração, prevalecendo o seu ato em caso tal. Porém, nos casos de
iminência ou perigo de degradação, todos os entes podem/devem fazer
cessar ou mitigar o ato.
Observações Importantes
Para o licenciamento estadual há dois critérios: o residual, que deve ser orientado pela
regra geral da lei, qual seja, o da localização geográfica do empreendimento ou atividade, e o
do ente instituidor da unidade de conservação – se instituída pelo Estado, é desse ente o
licenciamento na área (que não se aplica às APAs);
56
Para o licenciamento municipal há dois critérios: permanece o do impacto ambiental
local e o do ente instituidor das unidades de conservação (que não se aplica às APAs);
Note que, segundo a LC 140, quem vai definir o que é “impacto de âmbito local”, para
fins de licenciamento, é o Conselho Estadual de Meio Ambiente. Para Paulo de Bessa Antunes
(em palestra proferida no Recife em agosto/2012), isso é inconstitucional, pois órgão administrativo
do Estado estaria definindo competências municipais, o que viola a Constituição (definição de
competências no Estado Federal é atribuição da Constituição e não órgãos administrativos de um
único ente).
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Em relação às APAs, temos uma regra diversa da do ente instituidor, que é a regra para as
unidades de conservação. A regra da LC 140 diz que quem institui a unidade de conservação deve
licenciar os empreendimentos na área, excetuando-se as APAs. No caso das APAs, o critério é a
regra geral da Lei Complementar para as demais atividades, ou seja, o da localização
geográfica do empreendimento ou atividade: no limite do município o impacto é local; em se
limitando ao estado a competência é estadual; em mais de um estado é federal. Simples, não?
Lembre-se, entretanto, que isso não exclui a competência da União em relação aos casos de sua
exclusividade (APA em país fronteira com país limítrofe, APA em terra indígena, mar territorial, zona
econômica exclusiva, atividades nucleares em APA...).
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
a) Licença Prévia – LP: concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento
ou da atividade. Serve para atestar a viabilidade ambiental do projeto e aprovar a sua
concepção, estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas
fases de sua implementação. Pode ou não ser precedida de EIA/RIMA, dependendo do impacto
ambiental a ser gerado pela atividade. Deve ser instruída com certidão da Prefeitura atestando a sua
compatibilidade com o uso do solo (conforme estabelecido no Plano Diretor). Não autoriza qualquer
alteração física no empreendimento proposto, tais como corte de árvores, aterros, obras.
A implementação pelo empreendedor dos requisitos da licença concedida não o faz ingressar
automaticamente na fase da licença posterior. Esta deve ser requerida e concedida de forma
autônoma.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Veja, no entanto, que com a LC nº 140/11, que definiu as atribuições de cada ente, poderá a
legislação local definir outra nomenclatura e outros tipos de licenças, visto que a esfera de atuação
de cada qual é bem diferenciada.
Após formalmente admitido o requerimento, deve ser emitido o parecer técnico conclusivo,
que é a opinião fundamentada e final feita pelo órgão ambiental competente, manifestando-se a favor 59
ou contra o pedido. Quando exigido, deverá ser prolatado, também, parecer jurídico, que se trata
da manifestação acerca da legalidade do pedido de licenciamento.
Após a prolação do parecer técnico, será deferida ou indeferida a licença ambiental. CASO O
ATO ADMINISTRATIVO DE CONCESSÃO OU NÃO DE LICENÇA SEJA CONTRÁRIO AOS
PARECERES, DEVERÁ HAVER A DEVIDA FUNDAMENTAÇÃO. Se não houver, o ato
administrativo será não motivado; logo, viciado e passível de controle administrativo e judicial.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
§ 1º - A contagem do prazo previsto no caput deste artigo será suspensa durante a
elaboração dos estudos ambientais complementares ou preparação de esclarecimentos
pelo empreendedor.
§ 2º - Os prazos estipulados no caput poderão ser alterados, desde que justificados e com
a concordância do empreendedor e do órgão ambiental competente.
Então, o licenciamento que comportar EIA/RIMA e/ou audiência pública tem prazo de 12
meses para finalizar. Quando não presentes estes instrumentos ambientais, se abrevia para 6
meses. Raramente elas respeitam este prazo, motivo pelo qual merece atenção o parágrafo primeiro
do art. 14.
É bom lembrar que esse licenciamento ambiental é um “vai e vem” danado. O empreendedor
pede algo, o Poder Público faz exigência, o empreendedor para e formula o EIA e o RIMA. Então,
quando o processo está com o empreendedor, esse prazo é paralisado, o processo volta, esse prazo
é retomado. Então, na verdade, é um ano contado apenas quando o processo está na mão do
Poder Público. Quando alguma fase do processo de licenciamento ambiental depender do
empreendedor, obviamente o prazo não é contado. Então não se pode falar em um ano corrido, mas
sim de um ano (ou seis meses) de trabalho do Poder Público em cima do licenciamento ambiental.
Pode parecer pouco, mas não é, um ano realmente é extremamente suficiente para tal. O grande
problema é a ineficiência administrativa.
60
Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos para tramitação
dos processos de licenciamento.
[...]
Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas
de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no
Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um
daqueles entes federativos.
O procedimento simplificado está previsto no art. 12, § 1º, da Resolução CONAMA nº 237/97,
podendo ser aplicado para os empreendimentos que tenham pequeno potencial de impacto
ambiental, desde que seja aprovado pelos Conselhos Ambientais.
Art. 12 [...]
Previsto no art. 12, § 2º, da Resolução CONAMA nº 237/97, é o procedimento único passível
de ser observado para diversos pequenos empreendimentos e atividades similares e vizinhas,
ou ainda, para aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados, previamente, pelo
órgão governamental competente, desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de
empreendimentos ou atividades.
Art. 12 [...]
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de
licença, especificando-os no respectivo documento, levando em consideração os seguintes
aspectos:
I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo
cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento
ou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos.
§ 1º - A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão ter os prazos de validade
prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos máximos estabelecidos nos incisos I e
II
As licenças ambientais não possuem prazos de validade ilimitados, devendo elas ser
renovadas periodicamente. Os prazos são os seguintes:
Quanto à renovação, esta poderá ser feita por prazo inferior ou superior ao previamente
concedido pelo órgão ambiental, desde que seja por decisão motivada em que se verifique o
desempenho ambiental da atividade exercida durante a vigência da licença anterior.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Ela deverá ser requerida em até 120 dias antes do final do prazo de validade da licença
que se quer renovar. Caso obedecida essa regra, até que sobre ela se decida o órgão ambiental,
ficará automaticamente prorrogada LC nº 140/11:
Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos para tramitação
dos processos de licenciamento.
[...]
A posição majoritária hoje, em que pese acima tenha sido dito sobre natureza de
autorização, é enxergar a licença ambiental como uma licença realmente; uma licença
abraçada por características próprias de um ramo do direito. Uma licença que, em razão de
princípios, precisa ter um prazo de validade, e enquanto a validade estiver em andamento, ela
está licenciada.
Se o empreendedor recebe uma licença de operação por dez anos, o Poder Público só pode
fazer qualquer tipo de alteração passado o prazo de dez anos, quer dizer, não se lhe permite fazer
uma reavaliação a qualquer hora; se assim pudesse, seria autorização. Se ele recebe um prazo de
operação por seis anos, qualquer nova tecnologia tem que esperar o prazo de seis anos para ser
exigível, ou então deve o Poder Público negociar, tendo que convencer o empresário a já fazer uso
de uma nova tecnologia, o que obviamente é perfeitamente possível. Mas, enquanto a licença está
funcionando, ela tem a natureza de licença, não se podendo alterar o que foi definido. Então ela está
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
licenciada, que é a posição esmagadora no direito ambiental. É uma licença com prazo determinado,
mas enquanto o prazo estiver em andamento, a atividade está licenciada, não é autorização, não
admitindo revogação a qualquer momento.
Entretanto, sempre deverá ser obedecido o devido processo administrativo para impor
o gravame ao empreendedor, sendo este uma garantia constitucional, cláusula pétrea e direito
fundamental.
64
A jurisprudência do STF (RE 105634) e do STJ (REsp 103298/PR) vem realizando distinção
sobre o cabimento ou não de indenização em razão da revogação de licença conforme o estado das
obras. Assim, na hipótese de concessão de licença prévia, em que ainda não se cogita do início
das obras, não caberia qualquer indenização diante da revogação da licença, porquanto o
titular teria mera expectativa de direito quanto à futura instalação e operação da atividade.
O início da obra gera direito adquirido à sua continuidade pela legislação em que foi
aprovado o projeto, e, mais que isso, o só ingresso do projeto em conformidade com a legislação
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
vigente assegura ao requerente a sua aplicação. Todavia, se houver prazo legal para a conclusão
da obra e esta, embora aprovada e iniciada tempestivamente, não se concluir na vigência da licença,
o primeiro alvará somente poderá ser renovado com adaptação da construção às novas imposições
legais.
Uma vez obtida regularmente licença ambiental para a prática de determinada atividade, é
possível dizer que o beneficiário do ato possui direito adquirido à execução da atividade licenciada?
Com efeito, na literalidade do art. 1º, II, da Resolução CONAMA nº 237/97, licença ambiental
é o “ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições
e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou
jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos
recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental”.
“A licença ambiental não assegura ao seu titular a manutenção do status quo vigorante ao
tempo de sua expedição, sujeita que se encontra a prazos de validade, obrigando à
renovação com exigências superveniente à vista do estado da técnica, cuja evolução é
rapidíssima, e da própria alteração das características ambientais de determinada época e
de determinado local.”
“Pode ocorrer que a licença ambiental tenha o regime jurídico similar ou idêntico ao da
autorização administrativa, em razão da possibilidade de alteração ulterior do interesse
ambiental, da certa margem de discricionariedade e da presença constante de conceitos 66
abertos na legislação ambiental (conceitos jurídicos e ajurídicos indeterminados), muitos
ligados a outras ciências (como não poderia deixar de ser, dado o caráter multidisciplinar
do Direito Ambiental), a exemplo da biologia, engenharia florestal e oceanografia. (...) Mas
é certo que a licença ambiental não gera direito adquirido ao seu titular, podendo a
qualquer momento ter o seu regime jurídico alterado, a exemplo da incidência de
nova legislação mais restritiva, ou da descoberta de impactos negativos não
previstos anteriormente. Ou seja, inexiste direito adquirido de poluir.”. (in Direito Ambiental
Esquematizado, Editora Método).
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
8.5.13. CASOS DE RETIRADA DA LICENÇA AMBIENTAL
Trata-se de crime de perigo abstrato, formal, já que não exige efetiva poluição ao meio
ambiente.
Esse Cadastro Técnico foi criado pela Lei nº 7.804/89, que inseriu o art. 9º, XII, da Lei nº
6.938/81.
Esse registro deve ser feito para que a União possa acompanhar as atividades
potencialmente poluidoras e aquelas utilizadoras da fauna e da flora, não se confundindo com o
licenciamento ambiental. Assim, ele não confere qualquer direito ao registrado.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).