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ACORDA BRASIL!

Todos os dias, lamentável e perigosamente, somos bombardeados com notícias e medidas


as mais estapafúrdias, respectivamente engendradas e atinentes ao notívago e insano
governo que tomou posse em janeiro próximo passado, configurando fatos nebulosos e
aberrantes, tanto protagonizados por ministros e correligionários mais influentes – e
dentre estes pelos próprios familiares agora palacianos -, quanto e principalmente pelo
despreparado e autoritário presidente da República, alcunhado “Mito”. Fujão dos debates,
pois que frouxo e despreparado; rude das idéias, pois que medíocre político e débil
militar; desagradavelmente arrogante e sem estatura moral, pois que já bastam os seus
imbróglios caseiros! Eis, algo impensável até pouco tempo atrás, o então mandatário
desta nação de gente tão laboriosa quão sofrida!

Para além das insanidades e do danoso atraso que tais medidas e fatos ensejam neste
conturbado presente, não há dúvida que muito tempo haverá de se gastar e que profícuas
ações serão evidentemente necessárias para se recuperar as preocupantes perdas
auferidas e ainda por auferir, sobretudo no campo social, oportunizando-se dias mais
amenos e relações mais amistosas para o povo brasileiro. Tal quadro de calamidades tanto
mais preocupa quanto mais se evidencia o estado letárgico de boa parte da sociedade
brasileira ante a tantos despautérios! E aqui especialmente aludo, com firme reprovação,
ao silêncio – omisso ou inescrupulosamente movido por interesses mesquinhos – da dita
classe média, cujos integrantes, diante de outros vacilos políticos e desacertos
econômicos envidados por pretéritos governos, manifestavam-se imediata e rudemente
sua revolta, vociferavam histericamente suas reprovações cotidianas! Panelas e apitos
soavam, sem regras, os seus sons reivindicatórios. Esperneava-se em cada esquina,
padaria, frigorífico, posto, ou nas filas dos hospitais e nas de promessas de emprego. E
hoje, ainda que os números sejam absurdamente mais dramáticos que os de ontem, que
a precarização da maioria dos serviços básicos destinados à cidadania configure-se numa
crua realidade, que as taxas de desemprego tenham alcançado patamares astronômicos
e, sobretudo, que as formas autoritárias de gestão estejam já em pleno curso,
inacreditavelmente impera aquele contraditório “cala boca”, a conivência, a
permissividade e se dá, vergonhosamente, a covarde busca pelos esconderijos! Quanta
hipocrisia! Quanto descalabro!

Tal letargia é mesmo assustadora para o futuro deste país reconhecidamente continental,
pois que, de certo modo, silencia e faz vistas grossas ao irresponsável resgate da
penumbra dos setores ultra-direitistas, comumente raivosos, contumazes usuários do
modo velhaco de se fazer política (encetado pelas togas maculadas e pelos coturnos
sanguinários), portanto os arautos dos regimes discricionários, os quais hoje - após tantos
anos de lutas e conquistas em prol das liberdades e da vigência do Estado Democrático de
Direito – se sentem inacreditavelmente revigorados para expressarem suas faces
tenebrosas e disseminarem seus vis sentimentos fascistas e racistas, tendo como aliados,
ainda, os aquinhoados e já numerosos agrupamentos religiosos extorsionários, a
alcunhada bancada da bala, os que contaminam perversamente as terras e os incorrigíveis
corruptos entreguistas das nossas riquezas minerais e vegetais, enfim todos irmanados à
grandiosa corja subserviente ao grande capital e indutora de inaceitáveis violências. E
lembrar que impensavelmente a arma foi o endeusado ícone e que os chamados facks
news constituíram-se nos instrumentos basilares para o alcance ao poder do falso
“Messias”!

O tão propalado discurso salvacionista hoje atrelado à premente Reforma da Previdência,


portanto a inconsistente verborréia gasta pelos políticos propineiros vinculados às mais
deletérias castas do grande capital e reverberada diuturnamente pelos anelados canais
midiáticos, é mais um dos golpes inescrupulosos que falsa e sorrateiramente se deseja
abater sobre a sociedade brasileira, em especial sobre as categorias menos favorecidas.
Não se nega absolutamente a necessidade de mudanças profícuas nas diversas
modalidades e formas de cobrança para o imperativo equilíbrio das contas
previdenciárias! Inaceitável, entretanto, é a reforma que se intenta aplicar! Injusto é
repassar aos que percebem menos e trabalham mais os altos custos dos históricos
rombos e famigerados desvios cometidos neste relevante setor da administração pública,
malversações financeiras executadas por seguidas e desastrosas administrações e que, no
mesmo desafinado compasso, aumente-se a carga de trabalho para longos anos que até
podem vir a ultrapassar a chamada primeira velhice! Será o aposentar-se para tão
somente morrer! Absurdo é não serem taxadas, de imediato e com rigor, as grandes
fortunas e cinicamente sejam perdoadas as volumosas sonegações!

Relevante ressaltar que, tanto quanto carece o Brasil de uma justa requalificação dos
custos previdenciários, também “são para ontem” as imprescindíveis reformas tributária e
política! Aliás, diga-se de passagem, acaso boa parte das escandalosas benesses
concedidas aos vários representantes dos poderes republicanos constituídos (Executivo,
Legislativo e Judiciário) fossem abolidas, portanto se extintas fossem as abjetas
mordomias - sobretudo num país, como o nosso, em que tão elevadas são as taxas de
desemprego e que os serviços essenciais ao cidadão são verdadeiramente precários! -
certamente uma considerável soma do dito dinheiro público seria carreada para mais
dignos empreendimentos. Fechadas as comportas dos desperdícios, quantas moradias,
obras de saneamento básico, requalificação de estradas, escolas e postos de saúde e
contratações de profissionais especializados seriam envidados? Necessário refletir!

Por fim, a mais preocupante ação política que este (des) governo tem sinalizado direciona-
se ao campo educacional, à imprescindível educação pública e de qualidade! O objetivo,
em não sendo possível militarizá-la, é torná-la mais precária do que já é nos campos dos
ensinos fundamental e médio e, sem zelos, macular o quanto possível, demonizando-o
até, o ensino superior, através da censura dos conteúdos, da perseguição ideológica aos
professores, da lavagem cerebral dos estudantes, ou através do proposital sucateamento
das suas estruturas e do irresponsável contingenciamento de verbas! Uma nação em que
o seu povo seja devidamente instruído e tenha pleno discernimento crítico acerca da sua
história e possa, com altivez, defender seus ideais e verbalizar, com sapiência, suas
proposições, evidentemente não agrada àqueles que não dispõem da necessária
capacidade de governança e buscam, desesperadamente, a manutenção dos seus poderes
por intermédio da coerção, da escorcha, da mentira, da chantagem, do medo e do uso
criminoso da força!

Acorda Brasil!
Roberto Dantas.

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