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1. EFICIÊNCIA DE MERCADO1
Como você já sabe, mercado é, em uma definição econômica simples, o encontro entre
ofertantes e demandantes de certo produto ou serviço, seja em local determinado, seja por
comunicação eletrônica ou por outros meios.
Você deve se lembrar também que, em economias chamadas “economias de mercado”, a oferta
e a demanda se ajustam de modo a determinar o preço e a quantidade de equilíbrio . Dessa maneira, o
mercado aloca de maneira satisfatória os seus recursos escassos. Mas fica aí uma dúvida: no equilíbrio
de mercado, os preços e quantidades são realmente os desejáveis?
Inicia-se aqui o estudo da economia do bem-estar, que envolve a análise de como a alocação
dos recursos escassos afeta o bem-estar econômico. Sem dúvida, produtores e consumidores se
beneficiam por participarem do mercado, uma vez que aqueles conseguem vender aí seus produtos e
estes conseguem aí os bens e serviços cujo consumo consideram necessários. Mas, reformulando a
pergunta feita acima, é possível dizer que o equilíbrio de mercado maximiza o bem-estar econômico de
uma sociedade?
Surgem aqui dois conceitos importantes para ajudar-nos a responder a essa pergunta: o de
excedente do consumidor e o de excedente do produtor.
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Esse texto é baseado em MANKIW, Gregory. Introdução à Economia. Cap. 7, 14, 15, 16 e 17.
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Tomemos como exemplo as preferências de três compradores diferentes, Cláudia, Maísa e Pedro,
por um prato de sushi. Considere que, ao se perguntar a cada um deles quanto estariam dispostos a
pagar por um prato de sushi, eles respondam, respectivamente, Disposição para
Consumidor Pagar
que estariam dispostos a pagar R$50, R$30 e R$20 (observe o
Cláudia R$50
quadro ao lado). A noção de excedente do consumidor leva em Maísa R$30
conta essa disposição para pagar por um determinado produto Pedro R$20
Preço
R$50
Disposição para pagar de Cláudia
Demanda
0 1 2 3 Quantidade
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ATENÇÃO: Essa é apenas uma representação didática da situação apresentada, visto que há apenas três consumidores aqui
representados. Você viu em textos anteriores que as curvas de oferta e demanda são normalmente representadas por retas
(ou curvas), e não por meio de escadas. Isso porque elas representam a oferta e a demanda agregadas, ou seja, de todos os
produtores e consumidores desse mercado (e não de apenas alguns, como nesse exemplo). Portanto, continue utilizando
retas (ou curvas) para representar a oferta e a demanda em um dado mercado!
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Vimos acima que podemos calcular o excedente do consumidor por meio da diferença entre a
disposição para pagar e o valor efetivamente Preço
Preço: R$30
pago por um produto. Graficamente, também
podemos medir o valor desse excedente por R$50
Analisemos agora qual o excedente do consumidor ao preço de R$20. Veja o gráfico a seguir.
Nesse gráfico, está representada uma
Preço
situação em que o preço do prato de sushi é Preço: R$20
Preço
A
Excedente do Consumidor
para o preço P1
P1
B C
Demanda
Q1 Quantidade
adquirir esse produto, caso seja comercializado ao preço P 2. Temos, assim, que o excedente do
consumidor para os novos compradores corresponde à área quadriculada no gráfico, correspondente à
área do triângulo CEF. Desse modo, temos que o excedente do consumidor total a um preço P 2 equivale
ao somatório das áreas do triângulo ABC, do retângulo BCED e do triângulo CEF, ou simplesmente à área
do triângulo maior ADF.
Como vimos acima, o excedente do consumidor mede objetivamente o benefício que o consumidor
recebe ao adquirir um bem, de acordo com o seu próprio ponto de vista. O excedente do consumidor é,
portanto, uma medida do bem-estar econômico, e quanto maior o seu valor, maior o benefício aos
consumidores desse mercado.
Para melhor visualizar essa situação, vamos construir um gráfico que a ilustre. Observe abaixo.
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O custo de produção inclui o lucro “normal”, ou seja, a remuneração suficiente para manter os produtores no mercado.
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Preço
Oferta
0 1 2 3 Quantidade
Da mesma forma que o excedente do consumidor, o excedente do produtor também pode ser
calculado por meio do gráfico. Teremos, desse modo, que o excedente do produtor equivale à área do
polígono determinado pela curva de oferta e um determinado preço de comercialização. Assim, temos
que o valor mínimo para que haja excedente do produtor é igual ao menor custo de produção dentre os
três restaurantes (R$10). Portanto, acima de R$10 existe excedente do produtor para quaisquer preços
determinados. Vamos proceder agora à análise gráfica do excedente do produtor.
Ao preço de R$15, temos que há dois
Preço
Oferta restaurantes dispostos a ofertar seus produtos no
mercado: Mestre Cuca e Saboroso. Entretanto, o
R$20
excedente do produtor para o Saboroso é igual a
R$15 Preço: R$15 zero, visto que, a esse preço, o preço ao qual o
prato de sushi é comercializado é igual ao seu
R$10 custo de produção. Portanto, nessa situação o
excedente do produtor total diz respeito apenas
ao excedente do produtor do restaurante Mestre
0 1 2 3 Quantidade
Cuca. Assim, o excedente do produtor do
restaurante Mestre Cuca é igual à área sombreada no gráfico, ou seja, igual a R$5. Analogamente,
analisemos agora qual será o excedente do produtor ao preço de R$20.
Conforme o gráfico ao lado, ao preço de R$20 todos os produtores estariam dispostos a ofertar
seus pratos de sushi no mercado (embora o restaurante Natural não possua excedente do produtor, visto
que seus custos de produção seriam iguais ao seu preço de comercialização). Assim, temos que o
excedente do produtor total, ao preço de R$20, seria igual à soma do excedente do produtor do
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R$20
restaurante Saboroso (sombreado mais escuro no
gráfico ao lado). Nessa situação, temos que, ao
R$15 Preço: R$20 preço de R$20, o excedente do produtor total é
igual a R$10 + R$5 = R$15.
R$10
Preço
0 1 2 3 Quantidade Oferta
P1
B C
Excedente do Produtor
para o preço P1
A
Q1 Quantidade
Do mesmo modo que podemos mensurar o excedente do consumidor em um mercado maior por
meio das relações estabelecidas entre preço e quantidade no gráfico que representa a curva de
demanda, conforme mostrado acima, podemos também calcular o valor do excedente do produtor por
meio das relações entre preço e quantidade no gráfico que representa a curva de oferta agregada.
Temos, portanto, que o excedente do produtor ao preço P 1 é igual à área delimitada pela curva de oferta
e esse preço, ou seja, corresponde à área do triângulo ABC.
Dessa maneira, o excedente do produtor mede objetivamente o benefício que o produtor recebe ao
vender um bem, de acordo com o seu próprio ponto de vista. O excedente do produtor também é, portanto,
uma medida do bem-estar econômico, e quanto maior o seu valor, maior o benefício aos produtores desse
mercado.
Como o valor pago pelos compradores é igual ao valor recebido pelos vendedores, esses dois
valores irão se anular na fórmula do excedente total descrita acima, e teremos, assim, que:
Logo,
Dessa maneira, temos que o excedente total do mercado corresponde à diferença entre a
disposição para pagar e os custos de produção.
Um mercado é considerado eficiente quando a alocação de recursos maximiza o excedente
total e seu resultado, para a sociedade, é o maior possível. Entretanto, isso não significa que esse
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compradores é menor que o custo para os produtores. Pelo gráfico, percebe-se que a quantidade Q que
será comercializada é inferior à quantidade de equilíbrio (uma vez que, a esse preço, os ofertantes
desejam vender uma quantidade menor do produto). O excedente total, portanto, corresponde à soma
das áreas dos trapézios representadas no gráfico (e é, claramente, menor que aquele em uma situação
de equilíbrio de mercado). Em ambas as situações, não temos uma situação de eficiência de mercado.
Assim, é a quantidade de equilíbrio que maximiza a soma dos excedentes do produtor e do
consumidor.
Quando os mercados não são perfeitamente competitivos, um único comprador ou vendedor (ou
um pequeno grupo) pode controlar os preços, e essa capacidade de influenciar os preços é chamada de
poder de mercado. O poder de mercado pode resultar em ineficiência, porque pode manter preços e
quantidades fora do ponto de equilíbrio. Passaremos agora à discussão acerca das estruturas de
mercado existentes, que dizem respeito à forma de organização dos mercados, começando pela já
mencionada estrutura de concorrência perfeita.