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UNIVERSIDADE PAULISTA
2016
10º Semestre
Limeira – São Paulo
Resumo:
Figura 7: Palacete da Família Barros Silva, atual Palacete Levy na década de 1910
Fonte: QUEIROZ, 2007, p. 100
Figura 15: Conjunto Habitacional Parque Real, antes ocupado pela favela.
Fonte: http://epaulistano.com.br/real-parque---fotos.html. Acesso em 10 de Janeiro
de 2016
OU – Operação Urbana
ZM – Zona Mista
1. INTRODUÇÃO 1
2. METODOLOGIA 2
3. RESULTADOS 3
4. DISCUSSÃO 26
5. CONCLUSÕES 44
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 55
7. ANEXO 58
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre presente na minha vida, me sustentar e guiar todos
os meus passos.
A professora Arkana Kelly Silva Costa por ter me feito refletir mais sobre a
requalificação, reurbanização, revitalização, sem essa reflexão esse trabalho não teria
surgido.
1
2. METODOLOGIA
2
3. RESULTADOS
3
As terras dessa região eram conhecidas por tribos indígenas que as utilizavam
para a cultivação de sementes como mandioca e milho, pois era solo muito fértil. Na
região foram criadas grandes fazendas de engenho, uma de destaque nesse período
era a Fazenda Ibicaba. Fundada por Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, em 1815.
Na região utilizavam mão-de-obra escrava substituída por colonos de Portugal e
Alemanha, a partir do fim da escravidão, para trabalharem nessas fazendas.
4
região. Até os anos de 1820 a cana-de-açúcar era predominante e a partir de 1830
começa a surgir o cultivo do café.
O cultivo nessa época ainda era feito em algumas fazendas pelos escravos,
porém, na Fazenda Ibicaba a mão de obra escrava começou a ser substituída pela de
imigrantes europeus na lavoura do café. Esses imigrantes deram origem às primeiras
colônias de imigrantes particulares no estado de São Paulo.
5
quatro alojamentos prontos para recebê-los. (HEFLINGER, 2012. p.67,83). Além
desses também vieram colonos da Suíça, sendo que, até 1857, somente na Fazenda
Ibicaba já eram 912 colonos de diversos países.
6
Figura 4: Foto de colonos no Pires de Limeira.
Fonte: Um pouco da história de Limeira, 2012, p.126
7
Figura 5: Packing House de laranja, Estação Ferroviária de Limeira.
Fonte: Um pouco da história de Limeira, 2012, p.192
8
3.3 – A urbanização de Limeira
9
Limeira que no início apresentava um traçado xadrez, teve como vias
estruturadoras da cidade: a estrada que ligava o Morro Azul até Campinas; as pontes
dos rios Jaguari e Atibaia; além da linha férrea. O desenvolvimento da cidade
aconteceu a partir da área central, o com destaque para a Rua do Comércio (atual
Rua Doutor Trajano de Barros Camargo) que concentrava comerciantes, prestadores
de serviço e os marcos arquitetônicos da cidade como a Igreja Matriz e a Casa de
Câmara e Cadeia. Os moradores mais ilustres da cidade construíram suas casas
neste eixo viário.
Figura 7: Palacete da Família Barros Silva, atual Palacete Levy na década de 1910
Fonte: QUEIROZ, 2007, p. 100
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Camargo passaram a figurar como pontos importantes do centro de Limeira, que tinha
como construção principal a Igreja Matriz. Casas de aluguel também passaram a
adensar a área central, aumentando em poucos anos a expansão de terra urbanizada
e fortalecendo a região central da cidade.
11
Figura 9: Principais vias de acesso e evolução urbana de Limeira
Fonte: QUEIROZ, 2007, p.147
13
mulas e demorava muito para chegar aos portos de São Paulo e Rio de Janeiro. Para
agilizar o escoamento de produtos, os Barões dos Cafezais da região solicitaram ao
Governo da Província que a linha férrea, que já chegava até Campinas, fosse
expandida até Limeira e Rio Claro.
14
Figura 11: Pátio da Estação Ferroviária
Fonte: MANFREDINI, 2010, p. 198
15
Figura 12: Machina São Paulo ao fundo na década de 1920
Fonte: MANFREDINI, 2010, p.248
Após alguns anos trabalhando na Indústria Machina São Paulo fundaram suas
próprias fábricas que também se destacaram na cidade, como a Machina Zaccaria
(1925) e a Machina D’Andréa (1934). Destacavam-se: a Café Kühl (1920), a Indústria
de Papel Santa Cruz, Citrosuco (1963), Freios Vargas (1945), Indústrias de Roda
Fumagalli (1947), Mastra Escapamentos (1967), Cerâmica Batistella (1947), Burigotto,
Galzerano, Brigatto e Companhia União de Açúcar (1953) que possuía 400
funcionários e fechou sua unidade de Limeira em 2007.
16
Maxion Fumagalli, entre outras. Limeira ainda é circundada pelas rodovias
Bandeirantes, Washington Luiz e Anhanguera.
Em 1982 foi inaugurado o Terminal Rodoviário de Limeira que hoje opera com
33 empresas de ônibus com linhas intermunicipais e interestaduais e fica ao lado do
Terminal de Transporte Urbano da cidade e ao lado da Estação Ferroviária,
contribuindo no desenvolvimento econômico da cidade, ligando Limeira ao restante
do país.
Uma das fábricas mais antigas de joias da cidade é a Cardoso Joias que
começou com uma pequena empresa em 1945 e inaugurou em 1950 sua fábrica.
Outra de destaque em Limeira é a Galle Joias Folheadas fundada há mais de 35 anos.
Dados do polo de fabricantes revelam que 61% da produção da produção brasileira
de peças de folheados e insumos é produzida em Limeira.
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Entender o desenvolvimento espacial e social de Limeira é importante para
compreender os atuais problemas urbanos enfrentados pelo município, somente
entendendo um pouco mais sobre o desenvolvimento da cidade é que poderemos
verificar como a falta de diretrizes urbanísticas acarretaram para ociosidade do Centro
Baixo de Limeira.
Em 1988 foi promulgada a atual Constituição Federal, nela os artigos 182 e 183
tratam da política urbana determinando a função social da cidade, a gestão
democrática do município e o direito à moradia. Mesmo o capítulo dedicado a política
urbana era muito vago sobre como as cidades brasileiras poderiam e deveriam
proceder, após anos de discussão, em 2001 foi promulgada a Lei Federal 10.257 que
criou o Estatuto da Cidade, que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição de
1988.
18
população, possam buscar crescimento sustentável e ordenado, de forma justa para
todos. A urbanista Raquel Rolnik diz em sua publicação na revista Polis em 2003:
19
município. Os dispositivos que constam no Estatuto da Cidade só poderão ser
utilizados pelos municípios caso estejam regulamentados no Plano Diretor
Para isso o Estatuto da Cidade traz instrumentos e diretrizes que podem ser
regulamentados pelo poder público na Lei Orgânica Municipal e no Plano Diretor para
trazer benefícios para a população local, demais usuários e município como um todo.
Destacam-se dois desses instrumentos
21
É esperada uma transformação nas áreas escolhidas para aplicação da
operação urbana, com um melhor aproveitamento das áreas, da infraestrutura local,
dos equipamentos e do adensamento populacional, permitindo o uso mais adequado
para a população local e valorizando essas áreas antes desvalorizadas.
22
Do capítulo IV do Plano Diretor, que trata dos Instrumentos de Política Urbana,
merecem destaque:
23
O Plano Diretor estabelece o valor à ser aplicado pela Outorga Onerosa do
Direito de Construir, estipulando em 10%(dez por cento) do valor de mercado, sobre
a parte que for edificada além do limite estabelecido para a zona. Fica a cargo da
prefeitura estabelecer as condições, determinando:
I- A fórmula de cálculo para a cobrança;
II- Os casos passíveis de isenção do pagamento da outorga;
III- A contrapartida do beneficiário.
24
II- A regularização de construções, reformas ou ampliações executadas em
desacordo com a legislação vigente.
25
proposta da aplicação da OUC, os títulos serão adquiridos em leilão ou utilizados no
pagamento das obras necessárias à própria operação.
4. DISCUSSÃO
26
contemporânea. São Paulo é um dos polos e uma megalópole, está localizada a 148
km de Limeira, o município possui uma população segundo dados do Censo de 2010
(IBGE) de 11.253.503 habitantes, e é a maior cidade populacional do país, alguns dos
problemas enfrentados pelo município: a segregação espacial e urbana, êxodo
industrial de algumas regiões, evasão dos moradores de outros estados, entre tantos
outros problemas comuns em municípios desenvolvidos.
27
4.2 – Operação Urbana Consorciada Faria Lima
28
Figura 13: Area de abragencia da Operação urbana Faria Lima
Fonte: ANGELI, 2011, p.51
29
A Operação Urbana Faria Lima foi a primeira a utilizar títulos de CEPAC como
meio de contrapartida, em 2004 foram estipulados 650.000 mil títulos, porém, esse
número foi ampliado para 1.000.000 em 2011. Como previsto na legislação vigente,
os recursos oriundos com a venda dos títulos deverão ser aplicados na área da
Operação Urbana. Os recursos obtidos foram, em sua maior parte, utilizados para
pagamentos das desapropriações para a expansão viária da Avenida Brigadeiro Faria
Lima.
Embora títulos de CEPAC tenham sido vendidos seus recursos não foram
suficientes para concluir todas as obras que haviam sido planejadas. A prefeitura
detém parte desses títulos como uma reserva para que seja utilizada posteriormente.
O investidor que adquire uma quantidade de títulos é quem determina aonde esse
potencial construtivo será utilizado, podendo ser em qualquer um dos setores
destinados à operação urbana. Cada setor tem a sua legislação especifica que
determina os coeficientes que serão adotados, tipos de usos permitidos que possam
ser aplicados.
Figura 14: Controle de estoque de área de construção adicional da Operação urbana Faria Lima
Fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/desenvolvimento_urbano/sp_urbani
smo/arquivos/oufl/ouc_faria_lima_estoque_geral_31_05_2016.pdf
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A região da operação urbana Faria Lima é um local de bairros residenciais de
alto padrão e bem adensada, dotada de boa infraestrutura, as obras propostas para a
melhoria do local aumentam a utilização desses equipamentos, o adensamento e do
uso do solo.
Figura 15: Conjunto Habitacional Parque Real, antes ocupado pela favela.
Fonte: http://epaulistano.com.br/real-parque---fotos.html. Acesso em 10 de Janeiro de 2016
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Figura 16: Conjunto Habitacional Parque Real.
Fonte: http://epaulistano.com.br/real-parque---fotos.html. Acesso em 10 de Janeiro de 2016
32
Portuguesa; Pátio do Collegio, Teatro Municipal; Edifício Martinelli; Mosteiro São
Bento; MASP; e COPAN. Além de ter significativa presença de serviços e comércios,
é uma zona de uso misto residencial, mudando em função de um aumento na
migração para outras regiões de São Paulo.
Visando melhorias para essa região em 1997 foi promulgada a lei 12.349 que
tratava da Operação Urbana Centro, essa revitalização inclui áreas que compunham
a antiga Operação Urbana Anhangabaú pela lei 11.090 de 1990, que não alcançou a
totalidade de seus objetivos, fazem parte dessa operação as regiões do Centro Velho
e Centro Novo, e parte do centro histórico: Glicério, Brás, Bexiga, Vila Buarque e Santa
Ifigênia, uma área de 662,90 ha.
33
Desestímulo à permanência e a proibição de instalação de novos
estabelecimentos de comércio atacadista de cereais, de madeiras e de
frutas na área da Operação Urbana.
34
- Hotéis (S2.5):
Os imóveis classificados como Z8-200, dos já tombados e dos que vierem a ser
tombados pelo Poder Público na vigência da lei da operação urbana e contidos dentro
da área de intervenção, será admitida a transferência do seu potencial construtivo,
35
pelo seu valor equivalente, para outros imóveis localizados dentro ou fora do perímetro
da Operação Urbana Centro, observadas as seguintes condições:
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Para estimular a adesão à Operação Urbana Centro a prefeitura de São Paulo
concedeu isenção no pagamento de contrapartida num período de 36 meses de
vigência da lei para as propostas apresentadas que atendessem as novas propostas
dentro da área da Operação Urbana, e para os imóveis que se encontravam
adjacentes da área de especial interesse e que apresentassem alguma proposta,
tendo os seguintes limites e nos casos:
IV. A isenção sofrerá redução anual gradativa de 20% (vinte por cento) nos
anos subsequentes ao terceiro ano de vigência da lei, passando a 80%
(oitenta por cento) do valor da contrapartida financeira no quarto ano, 60%
(sessenta por cento) no quinto, 40% (quarenta por cento) no sexto, 20%
(vinte por cento) no sétimo, até ser definitivamente extinta completando o
sétimo ano.
A região da Água Branca é uma área privilegiada, na zona oeste de São Paulo,
pela proximidade de importantes rodovias brasileiras, como a Castelo Branco,
Anhanguera e Bandeirantes, além de possuir uma boa infraestrutura local.
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A Operação Urbana Água Branca já constava no Plano Diretor de 1991, anos
antes da primeira lei tratando da operação ser aprovada. A lei 11.774/1995 foi alterada
pela lei 15.893/2013, pretendendo uma melhor adequação ao Estatuto da Cidade e
ao Plano Diretor Estratégico de São Paulo, passando a ser classificada como
Operação Urbana Consorciada. A proposta atende parcialmente aos bairros da Água
Branca, Perdizes e Barra Funda, por não atender a toda a região ela foi dividida em
setores e subsetores, abrangendo uma área de 540 ha.
Para analise dessa operação deve-se considerar a lei 15.893/2013 que revogou
a lei anterior. A Operação Urbana Consorciada Água Branca é a que apresenta mais
objetivos e diretrizes de todas as operações hoje em andamento em São Paulo. Se
destacam desses objetivos:
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Promover o desenvolvimento da região;
Implantar um conjunto de melhoramentos viários visando ligações de longo
percurso e a reestruturação do viário local, hoje fragmentado;
Melhorar sistema de macro e micro drenagem da região, diminuindo problemas
com inundações;
Implantar equipamentos de interesse da comunidade;
Implantar espaços públicos;
Promover a adequação do conjunto de infraestrutura necessárias para dar
suporte ao adensamento populacional proposto e ao desenvolvimento
econômico e aumento de empregos na região;
Promover o incremento das atividades econômicas;
Melhorar as condições de acesso e mobilidade da região, especialmente por
meio de transportes coletivos, por meio de corredores de ônibus e transportes
não motorizados, e oferecer conforto, acessibilidade universal e segurança
para pedestres e ciclistas;
Aumentar a quantidade de áreas verdes e os equipamentos públicos,
melhorando a qualidade, o dinamismo e a vitalidade dos espaços públicos;
Promover melhorias das condições de habitabilidade e salubridade das
moradias subnormais do perímetro da Operação Urbana Consorciada e em seu
perímetro expandido;
Produzir unidades habitacionais de interesse social, promover regularização
fundiária e obras de reurbanização para o atendimento da demanda
habitacional de interesse social existente no perímetro da Operação Urbana
Consorciada e em seu perímetro expandido;
Promover a diversificação da produção imobiliária, visando à oferta de
unidades habitacionais para diferentes faixas de renda e composições
familiares;
Incentivar o parcelamento e a ocupação de glebas vazias e subutilizadas,
garantindo a destinação de áreas públicas e de áreas para implantação de
programas habitacionais;
Constituir centralidades ao longo dos eixos, de modo a concentrar a
verticalização e conformar referências funcionais e visuais;
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Promover a instalação de usos de comércio e serviços de âmbito local;
40
Figura 20: Fórum Criminal da Barra Funda
Fonte: http://www.construbase.com.br/areas-de-atuacao/construcoes/forum-criminal.php
41
Pela lei 11.774/1995 foram oferecidos 300.000 (trezentos mil) títulos de CEPAC
para uso residencial e 900.000 (novecentos mil) títulos para uso não residencial, com
a nova lei de 2013 a quantidade de títulos de CEPAC foram alterados, subindo de
1.200.000 (hum milhão e duzentos mil) para 2.190.000 (dois milhões e cento e noventa
mil), sendo 1.605.000 (hum milhão, seiscentos e cinco mil) para uso residencial e
585.000 (quinhentos e oitenta e cinco mil) para uso não residencial. Essa alteração
aumentou mais de 500% o potencial para o adensamento da operação urbana para
uso residencial, também houve aumento no incremento voltado para as áreas
institucionais. Isso viabiliza empreendimentos voltados para todas as classes sociais
e diversas faixas de renda, assim como a reurbanização das favelas que compõem a
área que abrange a Operação Urbana Água Branca.
forma apresentada no Estatuto da Cidade, porém cada operação tem a uma lei
específica que aprova e regulamenta a OUC.
As OUCs Água Branca e Faria Lima, ambas com leis de 1995 foram revisadas
para se adequar ao Estatuto da Cidade, e a OUC Centro foi reformulada a partir da
OUC Anhangabaú de 1991. Essas operações consorciadas buscam a requalificação
urbana dessas áreas permitindo assim uma melhoria na qualidade de vida daqueles
que residem, trabalham e que por ali transitam, como também a valorização das áreas
degradadas e subutilizadas.
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- Incentivos urbanísticos: é estabelecido um limite de área adicional de construção,
após a identificação das áreas com potencial transformação e que apresentem
interesse do mercado imobiliário para investimento;
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parte desses recursos estão sendo utilizados na reforma emergencial dos
conjuntos habitacionais da Comunidade Água Branca.
Assim como nas outras duas operações urbanas a OUC Centro tem como
objetivo a moradia, para isso busca incentivar o aproveitamento adequado os
imóveis, requalificar espaços e edifícios ociosos, incentivar o uso habitacional
da região, porém até agora a prefeitura municipal de São Paulo realizou apenas
algumas requalificações como: a Requalificação Urbana da Praça Franklin
Roosevelt, Reurbanização do Parque Dom Pedro II e entorno, e a remodelação
da Praça do Patriarca.
5. CONCLUSÕES
Limeira, assim como a maioria das cidades brasileiras, não estava preparada
para o adensamento urbano associado ao êxodo rural em busca de trabalho. O
município que no início de sua consolidação se preocupava com os acessos para o
escoamento de sua produção agrícola hoje se preocupa com acessos para o
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escoamento da demanda atual de veículos que no início do século XX era mínimo,
esse é apenas um dos problemas enfrentados pela cidade atualmente.
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Exemplificando, na região da Água Branca, em São Paulo, um bairro
relativamente próximo da área central, onde havia muitos terrenos vagos antes
ocupados por indústrias, local dotado de infra-estrutura. A prefeitura de São Paulo
aprovou a OU (Operação Urbana) Água Branca em maio de 1995 com o objetivo de
revitalizar a região através de parcerias público-privadas, usando o pagamento de
CEPACs como contrapartida pela realização de obras públicas. Para isso a prefeitura
elaborou um programa de obras, que identificou as necessidades de cada caso e
como seriam feitas essas obras. Um dos objetivos instituído pela lei da OU era a
melhoria do sistema de drenagem da região da Água Branca, parte desse objetivo foi
alcançado em 2006 com o rebaixamento da calha do rio Tietê e o alargamento das
margens, medida essa que amenizou os problemas de enchentes da região.
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Ferreira de Camargo em 1900, a casa está abandonada e completamente degradada,
pela ação do tempo e pelo vandalismo.
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Outro problema enfrentado por Limeira é a falta de moradia, decorrente do
aumento da população que saltou de 128 mil em 1976 para 230 mil pessoas em 1996.
Segundo dados levantados pela Fundação João Pinheiro no ano de 2010 o déficit
habitacional em Limeira era de 4.644 moradias, a Prefeitura Municipal, prevê que até
o ano de 2020 esse número salte para 5.602 moradias.
A OUC Faria Lima tinha como principais objetivos a melhoria do fluxo viário e a
produção de habitações de interesse social, o recurso financeiro utilizado veio através
da venda de CEPAC como pagamento de contrapartida pelo potencial construtivo
adicional e da outorga onerosa do direito de construir. Parte desses recursos foi
destinada à construção do Conjunto Habitacional Real Parque, na região que antes
abrigava uma favela do mesmo nome. Além de diminuir o déficit habitacional do
município, a intervenção urbana pode proporcionar uma qualidade de vida melhor aos
habitantes da região, que até então não possuíam as condições básicas de
saneamento para uma moradia digna, direito garantido na Constituição Federal de
1988.
48
A área central de Limeira é o núcleo patrimonial do município, pois sua
arquitetura conta sua história, desde seu início agrícola passando por período
ferroviarista e posteriormente de industrialização, refletindo hoje nos grandes lotes
subqualificados. Construções de valor histórico estão se perdendo pela falta de
manutenção e investimentos, recursos esses que poderiam vir através da aplicação
da operação urbana consorciada, que consta no Plano Diretor de Limeira desde 2009.
Nesse sentido a capital do Estado de São Paulo com a aplicação de diversas
operações serve como parâmetro de análise, conhecendo os sucessos e dificuldades
de uma intervenção urbana em diversas áreas do planejamento urbano.
49
Figura 24: Residência abandonada no Baixo Centro de Limeira
Fonte: Acervo pessoal da Autora
50
- Habitações de Interesse Social: São Paulo enfrenta vários problemas quanto à
moradia, entre eles as comunidades em sub-habitações, na região central da cidade
é possível ver moradias sem função, prédios invadidos, tomados em função de sua
ociosidade. A Operação Urbana Consorciada Faria Lima revitalizou a favela Real
Parque com a construção de conjunto habitacional para os moradores do local;
Limeira não possui favelas, mas já teve em sua história casos de invasões de terras,
locais que hoje estão consolidados com infraestrutura necessária. Como demonstrado
Limeira possui um déficit habitacional, e segundo dados da Prefeitura de Limeira
somente na área central de Limeira esse déficit é de 1.184 unidades habitacionais,
nessa área há vazios urbanos com potencial construtivo como demonstrado na figura
26, locais atraentes e com toda infraestrutura necessária. A prefeitura possui no Plano
Diretor da cidade diretrizes para aplicação de instrumentos urbanísticos na área do
Baixo Centro e do Vale do Tatu, que incluem entre outras a operação urbana
consorciada, que possibilitaria os recursos para a construção de habitação de
interesse social contribuindo para a qualidade de vida dos moradores da cidade, assim
como em São Paulo.
51
- Terrain Vague: Assim como na Água Branca, o Baixo Centro de Limeira foi local de
passagem de mercadoria para escoamento pela ferrovia, desenvolvendo-se no
entorno da ferrovia, passando a concentrar parte das indústrias. Com o surgimento
das rodovias e a mudança do meio de transporte das mercadorias, algumas dessas
industrias mudaram-se para locais mais próximos a rodovia, deixando seus antigos
galpões sem uso e abandonados, gerando grandes terrain vague. Como exemplos
importantes de terrain vague citamos a Machina São Paulo, importante indústria
limeirense, localizada na Avenida Campinas, importante via municipal, atualmente
seus galpões estão sendo subutilizados pela prefeitura da cidade; outro exemplo é o
terreno antes ocupado pela fábrica da Companhia União dos Refinadores, seus
galpões foram desmontados restando apenas as edificações no local.
- Infraestrutura: Limeira assim como as regiões da Água Branca, Faria Lima e Centro
de São Paulo tem grande potencial construtivo, porém Limeira não utiliza todo
potencial. É na região do Baixo Centro que estão os terminais rodoviário intermunicipal
e o terminal municipal de transporte público e fica a 5 km da rodovia Anhanguera, mas
é uma região que possui tem barreiras físicas, são elas a linha férrea e o Vale do
Ribeirão Tatu.
52
5.2 Considerações Finais
A requalificação urbana vista nas OUC de São Paulo nos mostram que esse é
um mecanismo que pode trazer melhorias para o município de Limeira, tanto
urbanisticamente como financeiramente, pensando-se na hipótese de futuros usos de
comércios e serviços para a área. A região central comercial de Limeira se expandiu
para a porção Sul, deixando o baixo centro estagnado, são variadas as possibilidades
que proporcionariam novos usos e trariam mais recursos aos cofres municipais.
53
Esta pesquisa aponta que a ausência de propostas para Limeira não se justifica
por problemas na legislação, ou de realidade em que não se aplicariam instrumentos
urbanísticos, contribuindo para pesquisas futuras que investiguem outras
possibilidades para o desinteresse de ambas partes em eventual parceria público-
privada.
54
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
CAMPOS F., Candido Matta, Reinvente seu bairro, São Paulo, Editora 34, 2003,
222p
JACOBS, Jane, Morte e vida das Grandes cidades, São Paulo, Martins Fontes:
2000, 510p
55
Limeira, São Paulo, Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/
dtbs/saopaulo/limeira.pdf>. Acesso em 25 de Novembro de 2015
QUEIROZ, A. N., Limeira: produção da cidade e do seu tecido urbano, São Paulo,
2007. Dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
ROLNIK, Raquel. A cidade e a lei. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP, 2003.
56
Reconstituição do traçado da "estrada dos Goiases" no trecho da atual mancha
urbana de Campinas. Por: Pedro Francisco Rossetto, 2006. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
S010147142006000200006>. Acesso em 26 de Outubro de 2015
VILLAÇA, Flávio, O espaço intra-urbano no Brasil, São Paulo, Studio Nobel, 1998,
376p
VILLAÇA, Flávio, Reflexões Sobre as Cidades Brasileiras, São Paulo, Studio Nobel,
2012, 296p.
57
7. ANEXO
58