Você está na página 1de 18

UNIVERSIDADE DE ARARAQUARA (UNIARA)

DEPARTAMENTO DE CIENCIAS HUMANAS


FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

LÍVIA MARIA ZAGO

PLANOS DIRETORES: PROCESSOS E APRENDIZADOS.


Resumo dos capítulos: O Plano Diretor na luta pelo direito à cidade e Plano Diretor de Franca, São Paulo.

Araraquara
2023
2

LÍVIA MARIA ZAGO

PLANOS DIRETORES: PROCESSOS E APRENDIZADOS.


Resumo dos capítulos: O Plano Diretor na luta pelo direito à cidade e Plano Diretor de Franca, São Paulo.

Trabalho apresentado para a Disciplina Planejamento Urbano e Regional II, pelo Curso
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Araraquara (UNIARA), ministrada pela
Prof.ª Salua Kairuz Manoel.

Araraquara
2023
3
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................................................................3
2 O PLANO DIRETOR NA LUTA PELO DIREITO À CIDADE..........................................................................................................................3
3 PLANO DIRETOR DE FRANCA, SÃO PAULO................................................................................................................................................8
4 CONCLUSÕES FINAIS........................................................................................................................................................................................16
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................................................................................17
4
1 INTRODUÇÃO

A busca pelo direito à cidade é um tema central nas discussões sobre desenvolvimento urbano e políticas urbanas em todo
o mundo. No livro "Planos Diretores: Processos e Aprendizados", os autores se debruçam sobre essa questão, apresentando
análises detalhadas dos desafios e oportunidades relacionados aos Planos Diretores no contexto brasileiro.
Nesta análise, exploraremos como esse capítulo contribui para nossa compreensão das complexas dinâmicas urbanas e
como os Planos Diretores desempenham um papel fundamental na promoção do direito à cidade.
No capítulo Plano Diretor de Franca, São Paulo, os autores Gisela Cunha Viana Leonelli, Tomás Moreira e Weber Sutti
examinam a jornada singular de Franca na formulação e implementação de seu Plano Diretor. Esta análise explorará em detalhes
as estratégias, desafios e conquistas apresentadas neste capítulo, com o objetivo de compreender como Franca abordou questões
críticas relacionadas ao planejamento urbano, expansão da cidade e qualidade de vida de seus habitantes. Ao fazê-lo,
destacaremos a importância desse estudo de caso no contexto mais amplo das políticas urbanas brasileiras e nas lições que
podem ser aprendidas para o desenvolvimento sustentável de cidades em todo o país.

2 O PLANO DIRETOR NA LUTA PELO DIREITO À CIDADE

O início do século XXI marcou uma fase de transformações significativas na abordagem da política urbana nos municípios
brasileiros. Essas mudanças resultaram de décadas de esforços de grupos dedicados à causa da Reforma Urbana. Entre diversas
inovações, uma das iniciativas mais cruciais na busca por uma reformulação da política urbana no Brasil foi a ampla mobilização
para a criação de Planos Diretores, apesar deste não ser um conceito novo.
Nas décadas de 1960 e 1970, o Brasil testemunhou uma grande onda de criação de planos diretores em suas cidades
grandes e médias, em grande parte financiados pelo Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU). Esses planos
5
diretores frequentemente foram considerados como abordagens que não envolviam a participação da comunidade e apresentavam
propostas que eram vistas como irrealizáveis e ineficazes, muitas vezes permanecendo esquecidas.
O movimento nacional pela reforma urbana impulsionou o debate sobre o Plano Diretor, especialmente durante a
campanha que antecedeu a Constituição de 1988. Após negociações, a Emenda Popular da Reforma Urbana resultou no capítulo
de política urbana na Constituição, dando ao Plano Diretor um papel estratégico na definição da função social da propriedade
urbana e regulamentação do desenvolvimento urbano por leis municipais, antes não obrigatórias.
Mesmo após serem aprovados em lei, a aplicação dos Planos Diretores enfrentou desafios em diversos aspectos. Além da
oposição política e da resistência do mercado imobiliário, surgiram obstáculos técnicos e legais. Houve progressos significativos na
esfera jurídica e legislativa, notavelmente com a criação de uma lei nacional que estava em processo de elaboração desde 1990,
sob o Projeto de Lei no 5.788/90, destinado a fornecer essa regulamentação necessária. Após mais de uma década de discussões
e revisões no Congresso, o projeto resultou no Estatuto da Cidade (Lei Federal no 10.257/01).
Este Estatuto, aprovado em 10 de julho de 2001, estabeleceu diretrizes e ferramentas para assegurar o cumprimento da
função social da propriedade. Tanto o Estatuto da Cidade quanto a Constituição, ao introduzirem uma nova ordem jurídica-
urbanística no Brasil, redefiniram a importância do Plano Diretor municipal.
6
Figura 1 – Estatuto da Cidade.

Fonte: https://www.planalto.gov.br/
7
Figura 2 – Estatuto da Cidade.

Fonte: https://www.planalto.gov.br/
8
Figura 3 – SERFHAU

Fonte: https://www2.camara.leg.b
9
Figura 4 – Constituição Federal de 1988.

Fonte: https://www.planalto.gov.br/

3 PLANO DIRETOR DE FRANCA, SÃO PAULO

No início do século XIX, Franca teve sua gênese associada à atividade comercial de sal e à criação de animais,
conquistando destaque na região. Com a migração dos emboabas para São Paulo após o esgotamento das minas de Ouro Preto,
Franca começou a consolidar-se gradualmente. Esse processo de crescimento teve como principais fundamentos a exploração
agropastoril e o comércio.
10
O ponto de virada significativo ocorreu na segunda metade do século XIX, quando a cultura do café foi introduzida na
região e os ramais da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro foram construídos em 1886, marcando o início da expansão da zona
urbana.
Na década de 1950, Franca testemunhou o surgimento de polarizações políticas entre a elite industrial e os proprietários
de terras. Ambos os grupos almejavam consolidar seu poder político e influência na configuração do território.
Nos anos 1960, Franca já abrigava uma população de 68.027 habitantes, porém, enfrentava graves deficiências na
prestação de serviços urbanos. Um exemplo disso é que 20% das residências não tinham acesso a água potável, 44% não
contavam com sistema de esgoto, apenas metade das ruas estava pavimentada e 38% dos domicílios não tinham coleta de lixo.
Somente no final dos anos 1980, essa situação começou a ser revertida com substanciais investimentos da SABESP (Companhia
Estadual de Saneamento) e do governo municipal.
Em 1998, quando teve início o planejamento do Plano Diretor, Franca já contava com uma estrutura de participação
estabelecida, incluindo o Orçamento Participativo em seu segundo ano de implementação. A eleição de Gilmar Dominici em 1996,
com o apoio do Secretário de Planejamento Mauro Ferreira, que tinha vínculos históricos com o movimento pela Reforma Urbana,
desempenhou um papel fundamental na viabilização do projeto.
A desigualdade social em Franca se manifesta principalmente nos indicadores de renda e educação do município. Além
disso, a falta de acesso a diversos bairros periféricos dificulta que muitos moradores tenham acesso aos serviços e ao comércio da
cidade.
A maioria das figuras políticas em Franca tem mantido laços estreitos com o poder econômico desde os primórdios da
cidade, usando a política como instrumento para a consolidação de seus interesses.
Até o começo dos anos 1970, não existiam leis específicas em Franca que regulassem o uso e ocupação do solo. No
entanto, em 1969, a Lei Orgânica dos Municípios estabeleceu que nenhum auxílio financeiro ou empréstimo seria concedido pelo
Estado a municípios que não tivessem um Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado até 31 de dezembro de 1971. Assim,
11
Franca aprovou o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) em 1971, embora os trabalhos tenham começado em 1967,
antes da lei orgânica de 1969.
O PDDI salientou pela primeira vez a necessidade de conter a expansão horizontal da cidade e associou o problema das
voçorocas de Franca com o crescimento urbano desordenado, enfatizando a importância do adensamento das áreas já
urbanizadas. No entanto, na prática, a cidade optou por não controlar a expansão da mancha urbana, atendendo aos interesses
dos empreendedores imobiliários, resultando em uma expansão excessivamente horizontal.
A cidade já contava com uma infraestrutura bastante adequada, sem situações precárias nos assentamentos
habitacionais, como favelas ou cortiços. O desafio habitacional estava principalmente relacionado à moradia de baixa qualidade
nas áreas periféricas, impulsionada pela flexibilidade nas normas de parcelamento do solo.
A discussão sobre a necessidade de aproveitar os vazios urbanos e controlar a expansão urbana levou à proposta de um
macrozoneamento baseado em considerações ambientais, que foi aceito pela sociedade civil. Isso serviu como meio de
conscientização, explicando a relação entre o custo de manutenção da infraestrutura urbana e dos equipamentos públicos em uma
malha urbana não planejada e constantemente em expansão.
O Plano Diretor de Franca se destaca por sua objetividade e qualidade, refletida tanto em sua estrutura concisa quanto na
definição clara de objetivos e eixos estratégicos. O texto do Projeto de Lei começa com a definição da função social da
propriedade, entendida como o direito de todo cidadão às condições básicas de vida. É importante ressaltar que Franca, uma
cidade média do interior paulista, elaborou seu Plano Diretor com o princípio norteador da função social da cidade e da
propriedade nos anos de 1997 e 1998, quatro anos antes da aprovação do Estatuto da Cidade. No entanto, a participação da
sociedade na etapa de diagnóstico e definição dos eixos do Plano Diretor de Franca foi limitada.
Em 2002, o Plano Diretor passou por novas alterações, incluindo questões relacionadas ao parcelamento do solo. Embora
tenha sido apresentada a obrigatoriedade de elaboração de leis complementares, esta não foi cumprida dentro do prazo,
12
especialmente no que diz respeito às Leis de Uso e Ocupação do Solo, de Parcelamento e do Código de Obras e Edificações. A
única lei aprovada foi a do Plano Viário.
Um dos pontos fortes do processo do Plano Diretor de Franca foi a clara identificação de objetivos e temas prioritários,
desde a análise do território. Isso incluiu o combate aos vazios urbanos, a necessidade de limitar a expansão horizontal.
13
Figura 5 - Mapa geral da Cidade de Franca em extensão.

Fonte: https://www.franca.sp.gov.br/
14
Figura 6 - Mapa 4 - Vegetação - conforme LC 50/2003.

Fonte: https://www.franca.sp.gov.br/
15
Figura 7 - Mapa 1-A - Perímetro da Área Urbana e Expansão Urbana - conforme LC 50/2003.

Fonte: https://www.franca.sp.gov.br/
16
Figura 8 - Mapa de Expansão Urbana conforme LC 324/2019.

Fonte: https://www.franca.sp.gov.br/
17
4 CONCLUSÕES FINAIS

Em conclusão, o capítulo "O Plano Diretor na luta pelo direito à cidade" aborda a importância do Plano Diretor como uma
ferramenta essencial na busca pelo direito à cidade. O capítulo destaca como o Plano Diretor desempenha um papel fundamental
na gestão urbana e no desenvolvimento das cidades, influenciando diretamente a qualidade de vida dos habitantes e a distribuição
equitativa dos recursos urbanos.
No capítulo, também são abordados exemplos práticos de como o Plano Diretor pode ser utilizado para enfrentar desafios
urbanos, como a especulação imobiliária, a segregação espacial e a degradação ambiental. Os autores demonstram como a
formulação de políticas urbanas sólidas e inclusivas, por meio do Plano Diretor, pode contribuir para uma cidade mais justa,
sustentável e acessível para todos os seus habitantes.
O capítulo "Plano Diretor de Franca, São Paulo" analisa o caso específico da cidade de Franca, São Paulo, e seu processo
de elaboração e implementação do Plano Diretor. O capítulo destaca como Franca enfrentou desafios urbanos e buscou soluções
por meio deste plano estratégico.
Aborda como o Plano Diretor de Franca buscou abordar questões como o crescimento desordenado, a especulação
imobiliária e a preservação de áreas verdes e recursos naturais. Além disso, destaca a importância da participação da comunidade
local na formulação do plano, visando garantir que as necessidades e preocupações dos cidadãos fossem consideradas.
18
REFERÊNCIAS

CYMBALISTA, Renato; SANTORO, Paula Freire. Planos Diretores: processos e aprendizados. Pólis 51. Instituto Pólis, 2009.

Você também pode gostar