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SÃO PAULO
2020
Sumário
1. Definição do problema 2
2. Quais são as causas do problema 2
2.1 Elemento histórico e socioeconômico 3
3. Cenário atual 4
3.1 Percepção da população 5
3.2 Dados sobre o público 5
3.3 Dados sobre o sistema 7
4. Cenário ideal 14
4.1 Modelo ideal 14
4.2 Cenário Possível 15
4.3 Protótipo e exemplos bem sucedidos 19
5. Cenário Político Atual 20
5.1 Pandemia de Covid-19 (até 02/08/2020) 20
5.2 Mudanças de Metas (2017-2020) e Eleições Municipais (2020) 21
5.3 Perspectiva Atual: Considerações Gerais sobre Mobilidade 21
6. Atores do Problema Público 22
7. Agenda 23
8. Poder, Esfera e Instituições 23
8.1 Quais são os poderes com mais influência na resolução do problema público 24
8.1 Esfera Municipal 24
8.2 Esfera Estadual 24
8.3 Esfera Federal 25
9. “Proposta: Plano de Ação de Conscientização e Mobilização” 25
9.1 Sociedade Civil Organizada: Associações e ONGs 26
9.2 Empresas do Setor de Mobilidade 26
9.3 Tomadores de Decisão: Vereadores e Prefeito 27
2
1. Definição do problema
A cidade de São Paulo sempre foi uma referência no cenário nacional, especialmente
político e econômico, e por isso sempre foi também um pólo populacional. O crescimento
demográfico acentuado e a falta de planejamento urbano constituem conjuntamente a origem
da questão da mobilidade. A expansão do mapa habitacional é um efeito do aumento da
população e a falta de moradia regular proporcionalmente a esse aumento. A cidade teve
alguns momentos e elementos que produziram situações críticas e a falta de ação de
1
Espraiamento urbano é a distribuição das moradias, e portanto das zonas habitacionais, ao longo do território de
uma cidade.
2
Movimento pendular é caracterizado pelo deslocamento casa-trabalho-casa.
3
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2018/09/18/paulistano-demora-quase-3-horas-por-dia-no-transito-e-
88-dos-pedestres-se-sentem-inseguros-diz-pesquisa.ghtml
3
A cidade de São Paulo está entre as primeiras vilas fundadas no período colonial e por
isso uma das mais antigas do Brasil, sendo também uma das cidades mais influentes, seja
pela concentração de grupos de destaque como os missionários jesuítas e também grandes
produtores agrícolas e exploradores da época.
Durante o período colonial e imperial a região metropolitana, e o estado de São Paulo,
se destacaram especialmente pela atividade econômica muito dedicada à extração e
posteriormente a agricultura. Nesse período o estado recebeu uma grande quantidade de
imigrantes estrangeiros, especialmente italianos, que formaram bairros como Mooca e
Bexiga, e alemães, que povoaram a região sul da Região Metropolitana, formando bairros
como Santo Amaro e Parelheiros.
Já no século XX, especialmente após o período da república velha São Paulo recebeu
uma grande quantidade de indústrias formando pequenos pólos regionais como a região do
ABCD, Guarulhos e Santo Amaro na zona sul. Nesse período houve um novo fluxo
migratório e a cidade recebeu muito migrantes brasileiros, oriundos de estados mais pobres,
que vinham em busca de oportunidades nessas novas indústrias que se estabeleciam ou se
desenvolviam no município e seus limítrofes.
O fluxo migratório significativo e o crescimento demográfico da cidade como um
pólo regional natural ocasionaram um aumento acentuado, estabelecendo uma curva
demográfica incompatível com o desenvolvimento habitacional e urbano. O crescimento
populacional gerou o crescimento urbano desordenado, pois em função da oferta defasada de
moradia para os migrantes ou mesmo acordos de uso e ocupação de terras, a população
passou a ocupar regiões cada vez mais distantes do município, chegando inclusive a zona de
serra e ocupações indígenas. Esse movimento de ocupação suburbana é o principal elemento
que definiu as características do espraiamento urbano no município de São Paulo.
Hoje o território está densamente ocupado e tem sua estrutura urbano consolidada
com distritos dormitório no subúrbio, ou seja, na região periférica, e distritos comerciais e
empregatícios mais centralizados.
4
http://smul.prefeitura.sp.gov.br/historico_demografico/tabelas/pop_evo.php
3. Cenário atual
O transporte na cidade de São Paulo recebeu grandes investimentos à partir dos anos
2000 quando se o iniciou o programa de aumento da infraestrutura de transportes,
especialmente do transporte sobre trilhos, batizado de “Expansão São Paulo”, que incluía
uma parceria entre os governos municipal e estadual numa série de ações conjuntas. Esse
programa proporcionou uma evolução significativa nas operadoras dos trens e do metrô
paulista, em especial um sensível aumento da frota com a aquisição de novos trens, passando
de cerca de menos de duzentas composições para mais de quatrocentas e cinquenta atuais 4, o
que gerou grande impacto na mobilidade da região metropolitana, por serem esses modais de
alta capacidade.
Em contrapartida, a população da cidade cresce cerca de 8% em média a cada década 5
e a maior parte se concentra nas regiões periféricas 6, o que faz com que a expansão no
sistema de transporte não produza impacto real significativo, considerando que a evolução
parte de um cenário com oferta reprimida e a evolução do metrô e do trem nos últimos vinte
anos foi de menos de 15%.
Como o sistema evolui apenas para corrigir a oferta e não consegue balancear
adequadamente a demanda, os gestores governamentais e agora privados têm grande
dificuldade para manter a qualidade do serviço e uma relação custo-benefício interessante, o
que produz uma percepção negativa da população.
4
Dados disponibilizados pelas próprias empresas.
5
IBGE.
6
Portal G1/ 2006.
5
As duas últimas gestões municipais incluíram nos planos de metas e estratégias planos
para melhoria do cenário da mobilidade como um todo, considerando as melhores práticas no
mundo sobre o tema, pensando desde transporte ativo, transporte de média e alta capacidade,
pedestres, até questões de habitação, zoneamento e edificações, porém desses planos pouco
ou quase nada foi realmente executado.
7
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45177144
6
8
http://www.capital.sp.gov.br/arquivos/pdf/plano-de-metas/metas_novo.pdf
9
https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-regulatorio/plano-diretor/estrategias-ilustradas/
8
A meta “Qualificar a vida urbana dos bairros” do Plano Diretor Estratégico prevê:
A meta “Assegurar o direito à moradia digna para quem precisa” do Plano Diretor Estratégico
prevê:
O plano de ação do governo municipal está baseado em eixos de transformação a partir das
principais vias da cidade e das áreas de interesse, e prevê ações específicas por região e por
eixo.
9
Apesar de a cidade possuir uma cobertura considerada boa da rede de ônibus, ainda
possui poucos corredores exclusivos para ônibus e nenhum no modelo BRT, itens
considerados essenciais para o transporte rápido, de média capacidade e com custo reduzido,
oferecendo como alternativa uma quantidade razoável de faixas exclusivas, que apresentam,
porém, características de uso específicas como horário reduzido de exclusividade e menor
velocidade média.
10
evolução muito tímida se comparada com as grandes cidades da América Latina como
Cidade do México e Santiago.
nos últimos 20 anos, porém algumas regiões são consideradas mal atendidas pela rede de
terminais, pois se encontram distantes de pontos relevantes de conexão. As regiões mais bem
atendidas pela rede de terminais são as conectadas pelo corredor da avenida Santo Amaro na
zona sul.
4. Cenário ideal
exemplo, ficaram famosos em filmes, com cenários incluindo ônibus – os famosos ônibus de
dois andares -, trens e metrôs. Apesar de tamanho similar, com ambas cidades com por volta
de 1.500 km², São Paulo12 possui quase o triplo da população de Londres 13. Por outro lado,
Tóquio, é uma cidade famosa por seus trens balas extraordinárias, no entanto, 80% da
população que trabalha mora em uma distância de até 1 quilômetro de uma estação de
metrô14.
Agora, considerando um modelo de transporte coletivo que não supre a demanda de
tal região, são necessárias formas diferentes em ação para que a população de milhões de
habitantes aumente sua produtividade e qualidade de vida. Dito isso, entendemos que o
modelo ideal inclui uma junção de transportes coletivos pesados para suprir regiões de
altíssima demanda e, transportes coletivos responsivos a demandas menores e mais voláteis,
como regiões remotas, de morros e mais distantes dos centros.
4.2 Cenário Possível
Considerando a necessidade quase que intrínseca de se relacionar um modelo
moderno, responsivo às necessidades da população da capital e menor custo possível – dado
que a maior parte dos recursos para a mobilidade da cidade são municipais, apesar de possuir
possibilidade de auxílios federais -, consideramos o Bus Rapid Train (BRT) como a melhor
opção de investimento na mobilidade urbana pelo município de São Paulo, dado ao seu baixo
custo quando comparado com outros modelos de transporte coletivo como Veículo Leve
sobre Trilhos (VLT) e metrô, para isso utilizamos como base uma pesquisa publicada no
Jornal of Engineering and Technology Innovation (INOVAE)15.
Apesar da cidade de São Paulo possuir corredores preferenciais, estes corredores
eventualmente encontram-se em contato com o transporte individual de passageiros,
caminhões, motos, pessoas, acidentes, e outros; diminuindo sua eficácia, diferente do BRT,
que não possui contato com o restante do trânsito ou pedestres e possui eixos de conexão
diretos entre terminais, similar as estações de metrô e trem.
Em adicional, o modelo BRT possui vias específicas para seu transporte, fortalecidas
de modo que não se desgastam com o peso do transporte diário, diferente das vias públicas,
se adaptando para a necessidade individual de sua via, inclusive em regiões de recorrentes
modelos-de-mobilidade-urbana.ghtml.
12
CIDADE DE SÃO PAULO. Dados e Fatos. Disponível em:
http://cidadedesaopaulo.com/v2/pqsp/dados-e-fatos/?lang=pt.
13
TRUST FOR LONDON. Population of London. Disponível em:
https://www.trustforlondon.org.uk/data/population-over-time/.
14
FAR AND WIDE. Cities with the Best Public Transportation, Ranked. Disponível em:
https://www.farandwide.com/s/public-transit-systems-ranked-c5d839d8a48d4da3.
15
REIS, João Gilberto, et all. In: Bus Rapid Transit como solução para o transporte público de passageiros na
cidade de São Paulo. São Paulo: Jornal of Engineering and Technology Innovation (INOVAE), 2013. 16
páginas. Disponível em: http://revistaseletronicas.fmu.br/index.php/inovae/article/view/337/475. Acesso em
20/08/2020.
15
alagamentos, como é o caso do único BRT de São Paulo, o Expresso Tiradentes, conforme
mapa abaixo. Por último, os BRT, diferentemente das vias ferroviárias e metroviárias, se
adaptam facilmente a sua demanda, sendo altamente responsivo durante períodos de crise,
como a atual pandemia pelo novo coronavírus.
Com tais custos, foi possível calcular o custo por passageiro, de acordo com a
população que seria atendida pela via e, comparar com o custo do quilômetro de metrô para a
mesma linha, conforme comparativo abaixo.
17
METROCPTM. Após 45 anos, metrô de São Paulo chegará à marca simbólica de 100 km de extensão.
Disponível em: https://www.metrocptm.com.br/apos-45-anos-metro-de-sao-paulo-chegara-a-marca-simbolica-
de-100-km-de-extensao/. Acesso em 20/08/2020.
18
METROCPTM. Com demanda em alta, linhas de metrô transportam mais de 5.3 milhões de pessoas por dia.
Disponível em: https://www.metrocptm.com.br/com-demanda-em-alta-linhas-de-metro-ja-transportam-mais-de-
53-milhoes-de-pessoas-por-dia/. Acesso em 20/08/2020.
19
ESTADÃO. “Prefeitura de SP planeja “corredores verdes” em 113 km de vias do centro.” Priscila Mengue.
Disponível em: https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,prefeitura-de-sp-planeja-corredores-verdes-em-
113-km-de-vias-do-centro,70003135513. Acesso em 20/08/2020.
17
Por fim, dada a não obstrução de vias com trânsito, acidentes, pedestres e outros, foi
calculado que o trajeto por passageiro seria reduzido em até 26 minutos por viagem, podendo
chegar, portanto, a 52 minutos ganhos considerando o deslocamento pendular.
Durante a pesquisa, o único empecilho encontrado foi a capacidade de passageiros por
hora, que no sistema BRT foi de 56% da capacidade do metrô - 45.000 passageiros no BRT -,
no entanto, entende-se que para locais específicos que possuam essa demanda, tal qual é o
caso do trajeto em foco – 15.000 passageiros/hora/sentido entre o Terminal Santo Amaro-
Praça das Bandeiras -, o sistema BRT seja o mais aconselhado, principalmente considerando
as dificuldades orçamentárias não somente brasileiras, mas também paulistanas. Conforme
aconteça o desenvolvimento do país e da região, projetos mais elaborados e custosos, como
VLT e metrô, poderão ser aderidos, o que não se defende, é que o sistema de transporte
coletivo careça desenvolvimento, o que pode ser um dos motivos impedindo que a economia
se desenvolva.
Em adicional, atualmente, a cidade de São Paulo opera o transporte público de ônibus
por meio de consórcios, ou seja, empresas que se auxiliam com o objetivo de operar um
mesmo negócio. Desse modo, na cidade de São Paulo diversas empresas operam – com a
licença da prefeitura - com a operação de ônibus por regiões diferentes, mas em conjunto em
relação à locais, demandas, horários e valores – todas sob o guarda-chuva da SP Trans
(Secretaria Municipal de Transportes) – conforme abaixo20:
Tabela 1 Consórcios municipais
Área 1 - Noroeste Santa Brígida, Gato Preto, Norte Buss, Spencer
Área 2 - Norte Sambaíba, Norte Buss, Spencer
Área 3 - Nordeste Metrópole Paulista, Transunião, Upbus
Área 4 - Leste Ambiental, AlliBus, Pêssego, Express
Área 5 - Sudeste Via Sudeste, Transunião, Move Bus
Área 6 - Sul Viação Grajaú, Mobibrasil, Transwolff, A2
Área 7 – Sudoeste Campo Belo, Metrópole Paulista, Gatusa, KBPX, Transwolff
Área 8 – Oeste Transppass, Gato Preto, Transcap, Alfa Rodobus
Área 9 - Centro Sem empresa específica; atendida por todas
20
WIKIPEDIA. São Paulo Transporte. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_Transp
orte
18
21
MOOVIT. Mobibrasil. Acesso em: https://moovitapp.com/index/pt-br/transporte_p%C3%BAblico-lines-Sao_
Paulo-242-853639.
22
GLOBO. Prefeitura de SP assina nova licitação de ônibus após 6 anos de contratos emergenciais. Disponível
em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/09/06/prefeitura-de-sp-assina-nova-licitacao-de-onibus-apos
-6-anos-de-contratos-emergenciais.ghtml.
23
DIARIO DO TRANSPORTE. Prefeitura de SP publica esclarecimentos à concessão de terminais de ônibus e
confirma concorrência para 16 de abril. Disponível em: https://diariodotransporte.com.br/2020/04/14/prefeitura-
de-sp-publica-esclarecimentos-a-concessao-de-terminais-de-onibus-e-confirma-concorrencia-para-16-de-abril/.
19
sentida em todo o mundo, à medida que líderes urbanos interessados em BRTs “podem se dar
ao luxo de uma grande quantidade de dados e lições aprendidas”, diz Cuperstein.” 24
24
PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Curitiba BRT. Disponível em: https://mip.pmi.org/curitiba-brt.
Acesso em 20/08/2020.
25
https://covid.saude.gov.br/
26
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/
20200801_boletim_covid19_diario_completo.pdf
20
27
http://www.saopaulo.sp.leg.br/blog/boletim-da-camara-analisa-o-impacto-da-pandemia-do-novo-coronavirus-
nas-financas-do-municipio/
21
7. Agenda
8.1 Quais são os poderes com mais influência na resolução do problema público
Em uma perspectiva inicial, o problema da mobilidade urbana - com foco no
deslocamento pendular - tende a ser uma questão do executivo e legislativo. Esse ponto se dá
devido a necessidade de aprovação e execução de leis, decretos e outras diretrizes públicas, as
quais tenham por finalidade o melhoramento da rede de transporte e da realidade de
deslocamentos diários da população - em termos dos seus reflexos e causas sociais, políticas,
econômicas e ambientais.
Contudo, eventuais casos de corrupção e desvio de verbas - assim como outras
atividades suspeitas - podem recair na área de ação do poder judiciário.
28
https://www.politize.com.br/mobilidade-urbana-no-municipio/
23
29
As responsabilidades sobre o monitoramento da qualidade do serviço, definições de tarifas e concessões de
benefícios continuam a serem do prefeito.
30
Fonte: Metrô - Observatório da Demanda - Dados do 4o trimestre de 2018.
31
Enquanto isso, 57% dos passageiros são atendidos por ônibus do município de São Paulo (SPTRANS) e de
outros municípios.
32
Fonte:https://www.zuldigital.com.br/politica-nacional-de-mobilidade-urbana/#:~:text=A%20Pol%C3%ADtica
%20Nacional%20de%20Mobilidade%20Urbana%20(PNMU)%20%C3%A9%20uma%20lei,implantarem
%20planos%20de%20mobilidade%20urbana.
24
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