Você está na página 1de 32

EDITAL FAPERJ N.

16/2014
PROGRAMA DE APOIO E_16/2014 - CONTEMPLADOS - INCT/FAPERJ - Bolsas TCT – 2018 NO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Projeto de pesquisa – TCT 5


Treinamento e Capacitação Técnica 5

PROCESSO E-26/200.575/2019

Gestão das águas e do saneamento básico no âmbito da governança


metropolitana: o caso da Região Metropolitana do Rio de Janeiro

VINICIUS DOS REIS SOARES


Bolsista

SERGIO DE AZEVEDO
Orientador

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE - UENF

Rio de Janeiro
Março de 2022

1
Introdução
O presente relatório apresenta as atividades desenvolvidas pelo bolsista de Treinamento e
Capacitação Técnica 5 - FAPERJ, Vinicius dos Reis Soares, voltadas para o projeto de pesquisa
“Gestão das águas e do saneamento básico no âmbito da governança metropolitana: o caso da
Região Metropolitana do Rio de Janeiro”, sendo coordenado no âmbito nacional pelo Observatório
das Metrópoles (INCT-CNPq).
A pesquisa se situa no campo que procura construir interfaces entre gestão de recursos
hídricos e gestão de serviços de saneamento e planejamento e gestão metropolitanos.
Planejamento e gestão, pela ótica dos regimes urbanos são os temas que associam as diferentes
pesquisas desenvolvidas pelo Observatório das Metrópoles.
A questão do acesso aos serviços de saneamento e da qualidade dos recursos hídricos na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) vem ganhando cada vez maior visibilidade na mídia:
no debate em torno do não cumprimento das metas relacionada à recuperação das águas da Baía
de Guanabara; na disputa recente com São Paulo em torno das águas do Paraíba do Sul, das quais
deriva o Guandu que abastece 80% da Região Metropolitana do Rio de Janeiro; os conflitos em torno
do abastecimento do leste metropolitano; nos cenários relacionados às mudanças climáticas, a
possível escassez hídrica e a questão da segurança hídrica; as perspectivas de ampliação da
participação privada na prestação dos serviços, proposta pelo governo federal no caso da CEDAE e
as articulações políticas e econômicas, relacionadas à essa privatização; a nova estrutura de gestão
cooperativa, adotada a partir da aprovação da lei 10/ 2015 (que institui a governança
metropolitana) em dezembro de 2018 e do Pano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado
da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Todos esses novos temas que se somam à questão que tem pouco espaço na mídia e nas
agendas de pesquisa atuais: a desigualdade histórica no acesso à água e ao saneamento da
população das regiões metropolitanas, sobretudo a que marca as diferenças entre núcleo e as
periferias metropolitanas.
Os temas serão analisados de forma associada à temática dos regimes urbanos, desenvolvida
pelo núcleo Rio de Janeiro e por outros núcleos do Observatório das Metrópoles. As análises em
torno dos regimes urbanos buscam responder a três questões básicas: Quem decide? Como
decidem? Como os padrões de decisões se transformam? Soma-se ainda à essa questão a discussão
da financeirização na gestão de serviços públicos, dentro de um padrão de crescimento econômico
e acumulação de capital no qual a produção do lucro se dá crescentemente através de canais

2
financeiros ao invés de ser pela via do comércio e da produção de commodities. Esse processo se
faz dentro de um movimento no capitalismo, em simultâneo à globalização e à predominância do
pensamento neoliberal, em que o lucro das instituições financeiras cresce mais rapidamente que o
das corporações não financeiras
A agenda neoliberal incorporada à política de saneamento básico tem como característica a
desterritorialização dos mercados financeiros, acompanhada da ampliação da participação privada
na prestação dos serviços; o desenvolvimento de uma gestão orientada por uma lógica de negócios
ou de mercado, em sintonia com as estratégias para a geração de lucro privado. Nesse sentido os
investidores começaram a explorar novas fronteiras para o investimento de capital e a água surge
como uma possível nova fronteira a ser explorada, com o forte potencial de transformar a água, não
na perspectiva de atender a população, mas visando ganhos para empresas privadas. O processo
não ocorre sem resistência; em regimes democráticos, movimentos sociais e sindicais colocaram
barreiras a essas mudanças. No cenário internacional, observam-se plebiscitos e remunicipalizações
em disputa pela garantia de uma lógica de serviço público.
Essas questões serão respondidas à partir de uma análise situada no campo da gestão das
águas e do saneamento, na escala metropolitana e na escala municipal.

1. Objetivos gerais
A pesquisa busca analisar e avaliar a gestão das águas e do saneamento básico na Região
Metropolitana do Rio de Janeiro em três dimensões: política, ambiental e técnica.

1.1. Objetivos específicos


I) Identificar os atores chaves na gestão das águas urbanas e como se constroem relações entre eles
(coalizões e conflitos) e o referencial discursivo que orienta essas coalizões

II) Caracterizar a atuação dos agentes relacionados à gestão das águas (gestores públicos estaduais
e municipais, órgãos de controle da política pública - Conselhos Municipais e Comitês de Bacia-,
movimentos sociais, empresas privadas) em torno dos seguintes aspectos: (a) mudanças nas
práticas e organização da governança; (b) natureza da coalizão de interesses em torno da
governança; (c) os meios através dos quais as coalizões são criadas e operadas e (d) as agendas
pretendidas por essas coalizões.

3
(III) Caracterizar as políticas municipais de saneamento básico, através dos PMSBs, e de outros
programas e ações e sua relação com as ações desenvolvidas em território metropolitano pela
Companhia Estadual de Saneamento Básico.

(IV) Acompanhar os processos de privatização ou de PPPs na gestão do saneamento básico,


contribuindo para a discussão da financeirização nas políticas urbanas

2. Objetivos alcançados e resultados obtidos

Ao longo do período como bolsista de TCT 5 da FAPERJ, os objetivos propostos foram


alcançados, em conformidade com o cronograma definido no Plano de Trabalho, com a realização
das seguintes atividades.

2.1 – Revisão bibliográfica referente ao referencial teórico:

A análise do fenômeno da financeirização nas políticas urbanas partiu do estudo de Klink e


Souza (2017), no qual os autores abordam a relevância desse conceito para a compreensão das
questões brasileiras em relação ao campo do planejamento urbano-metropolitano.
Para a compreensão das especificidades da financeirização no campo da gestão das águas e
do saneamento urbano, autores como Pryke e Allen (2019), Loftus, March e Nash (2016), Britto e
Rezende (2017), Bayliss (2014) e Bakker (2007) trazem importantes contribuições quanto aos
mecanismos que relacionam os interesses do capital financeiro de natureza privada aos serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário.

2.2 – Levantamento de dados sobre saneamento básico e gestão das águas na região
metropolitana do Rio de Janeiro:

Os dados acerca dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário dos


municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro – RMRJ, referente ao ano de 2020, publicados
no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS, foram utilizados para a
caracterização da situação atual da prestação desses serviços na RMRJ.
Até o ano de 2020 a Companhia Estadual de Águas e Esgotos – CEDAE, do Rio de Janeiro, era
a principal prestadora desses serviços na região metropolitana, atendendo 19 municípios, sendo
que em 7 destes a companhia fornece apenas o abastecimento de água. O município de Niterói tem
4
ambos os serviços prestados por empresa privada, a Águas de Niterói S/A. Enquanto o município de
Guapimirim tem somente o serviço de abastecimento de água fornecido por uma empresa privada,
a Fontes da Serra Saneamento de Guapimirim Ltda, e não possui prestador de serviço de esgoto.
Outros dois municípios, Rio de Janeiro e São João de Meriti, possuem apenas os serviços de
esgotamento sanitário privatizados. No Rio de Janeiro, a maior parte desse serviço é prestado pela
própria CEDAE, atendendo 65% da população, enquanto a empresa Fab Zona Oeste S.A. atende 20%
aproximadamente. Já em São João de Meriti a empresa Concessionária Águas de Meriti LTDA é a
única prestadora do serviço de esgotamento sanitário. Os demais municípios onde a CEDAE atende
exclusivamente com o abastecimento de água, tem os serviços de esgoto sob responsabilidade da
prefeitura.
O Quadro 1, a seguir, detalha as características dos prestadores dos serviços em cada
município. O Quadro 2 apresenta a composição acionária dos principais prestadores dos serviços de
saneamento na RMRJ, sendo possível perceber a presença das duas maiores empresas privadas do
setor – Saneamento Ambiental Águas do Brasil e AEGEA Saneamento e Participações S.A. – cujos
acionistas majoritários são principalmente grandes construtoras e fundos de investimentos,
respectivamente.

5
Quadro 1 – Características dos prestadores de serviços de saneamento dos municípios da RMRJ referente ao ano de 2020. (FONTE: SNIS, 2021)
MUNICÍPIO NOME DO PRESTADOR DE SERVIÇOS SIGLA ABRANGÊNCIA NATUREZA JURÍDICA DO PRESTADOR DE SERVIÇOS SERVIÇOS
Belford Roxo Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água e Esgotos

Cachoeiras de Autarquia Municipal de Água e Esgoto de Cachoeiras de Macacu AMAE Local Autarquia Água e Esgoto
Macacu Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água
Duque de Caxias Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água e Esgotos
Guapimirim Fontes da Serra Saneamento de Guapimirim Ltda FSSG Local Empresa privada Água
Itaboraí Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água e Esgotos
Itaguaí Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água e Esgotos
Japeri Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água
Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água
Magé
Prefeitura Municipal de Magé PMM Local Administração pública direta Esgotos
Maricá Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água e Esgotos
Mesquita Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água e Esgotos
Nilópolis Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água e Esgotos
Niterói Águas de Niterói S/A CAN Local Empresa privada Água e Esgoto
Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água e Esgotos
Nova Iguaçu
Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu PMNI Local Administração pública direta Esgotos
Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água
Paracambi
Prefeitura Municipal de Paracambi PMP Local Administração pública direta Esgoto
Queimados Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água e Esgotos
Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água
Rio Bonito
Prefeitura Municipal de Rio Bonito PMRB Local Administração pública direta Esgoto
Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água e Esgotos
Rio de Janeiro
Fab Zona Oeste S.A. FABZO Local Empresa privada Esgoto
São Gonçalo Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água e Esgotos
Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água
São João de Meriti
Concessionária Águas de Meriti LTDA AM Local Empresa privada Esgoto
Seropédica Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água e Esgotos
Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAE Regional Sociedade de economia mista com administração pública Água
Tanguá
Prefeitura Municipal de Tanguá PMT Local Administração pública direta Esgotos

6
Quadro 2 – Composição acionária das empresas prestadoras de serviço de saneamento da RMRJ.

PRESTADOR NATUREZA JURÍDICA ACIONISTAS

Governo Estadual do RJ [majoritário 99% das ações]; Consórcio formado


Sociedade de
Companhia Estadual de por: BANCO FATOR S.A. (empresa líder); CONCREMAT ENGENHARIA E
economia mista com
Águas e Esgotos TECNOLOGIA S.A.; e VERNALHA GUIMARÃES & PEREIRA ADVOGADOS
administração pública
ASSOCIADOS.

Grupo Águas do Brasil (formado pelas empresas Developer S.A. (Grupo


Carioca Engenharia, Queiroz Galvão Participações-Concessões S.A., Trana
Fab Zona Oeste S.A. Empresa privada
Construções Ltda. e Construtora Cowan S.A) e BRK Ambiental (Brookfield
Business Partners LP, com 70% e FI-FGTS, com 30%)

Grupo Águas do Brasil - Saneamento Ambiental Águas do Brasil (SAAB) é


formado pelas empresas Developer S.A. (Grupo Carioca Engenharia,
Águas de Niterói S/A Empresa privada
Queiroz Galvão Participações-Concessões S.A., Trana Construções Ltda. e
Construtora Cowan S.A)

AEGEA SANEAMENTO E PARTICIPACOES S.A., formada por: Grua


Concessionária Águas de Investimentos S.A. (55,28%), FIP 100% Saneamento (11,92%), GIC (Atlantic
Empresa privada
Meriti LTDA Investco S.À.R.L.) (21,45%), IFC - Corporação Financeira Internacional -
Grupo Banco Mundial (6,00%) e FIP IFC GIF (5,35%)

Fontes da Serra Saneamento


Empresa privada Emissão S.A./Grupo Inassa
de Guapimirim Ltda

No entanto, até esse momento a participação do setor privado ainda era muito pequena
quando analisamos o tamanho dos serviços prestados por cada concessionária evidenciando a
hegemonia da CEDAE principalmente em relação ao abastecimento de água, como pode ser visto
na Figura 1 a seguir.

2.500.000,00

2.000.000,00

1.500.000,00

Água Produzida
1.000.000,00
Água Faturada

Esgoto Coletado
500.000,00
Esgoto Tratado

Esgoto Faturado
-
AM AMAE CAI CAN CEDAE FABZO FSSG PMP PMRB

Figura 1 – Água e esgoto produzida, coletado, tratado e faturados (m³) para cada concessionária de saneamento da
RMRJ referente a 2020. (FONTE: SNIS, 2021)

7
Apesar da hegemonia da CEDAE em termos quantitativos, ao analisarmos os índices de
atendimento urbano dos serviços em cada município, destaca-se o município de Niterói atendido
pela empresa Águas de Niterói – controlada pelo grupos Água do Brasil – com quase 100% da
população urbana abastecida com água e de esgoto tratado, conforme representado na Figura 2.

120

100

80

60

40
Atendimento urbano
20 de água
Atendimento urbano
de esgoto
-

120

100

80

60

40
Esgoto coletado
20
Esgoto tratado

Figura 2 – (a) Índices de atendimento de água e esgoto (%) dos municípios da RMRJ referente a 2020 (b) Índices de
coleta e tratamento de esgoto referente a água consumida (%) dos municípios da RMRJ referente a 2020. (FONTE: SNIS,
2021)

Os baixos índices de atendimento, principalmente de esgoto, apresentados pela maior parte


dos municípios indicam a enorme carência de saneamento na região metropolitana do Rio de
Janeiro, especialmente entre os municípios do entorno, mas também da capital. A Figura 3, adiante,
demonstra o lento ritmo de evolução das redes de abastecimento e esgotamento sanitário desde a
promulgação da Política Nacional de Saneamento Básico em 2007, evidenciando a falta de atenção

8
dada pelos órgãos governamentais a este direito fundamental. Também neste caso, percebe-se que
a mudança de rota mais significativa na evolução da rede se deu a partir da concessão de parte do
serviço do esgotamento da capital ao setor privado em 2011, quando a empresa FAB Zona Oeste
assumiu a coleta e o tratamento do esgoto da Área de Planejamento 5 [AP5] que abrange a zona
oeste da cidade. É importante destacar que a variação nos dados dos municípios do entorno entre
2009 e 2010 se dá em função da maior disponibilização dos dados e não devido à ampliação da rede
de fato.

1.400 3.000.000

1.200 2.500.000
1.000
2.000.000
800
1.500.000
600
1.000.000
400

200 500.000

0 0
km 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Economias residenciais capital Economias residenciais entorno


Extensão da rede na capital [km] Extensão da rede no entorno [km]

8.000 2.500.000
7.000
2.000.000
6.000
5.000 1.500.000
4.000
3.000 1.000.000

2.000
500.000
1.000
- 0
km 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Economias residencias na capital Economias residencias no entorno
Extensão da rede na capital [km] Estensão da rede no entorno [km]

Figura 3 – (a) Evolução da extensão da rede de abastecimento de água [km] e das economias residenciais ligadas à rede
entre os anos 2007 e 2020; (b) evolução da extensão da rede de coleta de esgoto [km] e das economias residenciais
ligadas à rede entre os anos 2007 e 2020 [Fonte: SNIS, 2021]

O SNIS é a principal e mais completa fonte de informações sobre saneamento básico no


Brasil em nível nacional, e sua implantação e evolução constitui uma conquista importante para a
sociedade brasileira. No entanto, faz-se necessária a validação e o detalhamento desses dados para

9
que seja possível uma análise minuciosa e precisa da situação do saneamento básico em cada parte
do país. Nesse sentido, foi realizado o levantamento de informações complementares disponíveis
em diversos planos, estudos e pesquisas publicados relacionados ao saneamento da RMRJ. A relação
detalhada dos documentos analisados é apresentada no Quadro 3. A análise desses documentos
teve como foco a compilação dos dados referentes à infraestrutura de abastecimento de água e
coleta e tratamento de esgoto, com o objetivo de estruturar uma base dados geoespaciais acerca
do saneamento da RMRJ. Atualmente esses dados sobre a infraestrutura encontram-se dispersos
em diversas fontes, impossibilitando uma visão de conjunto, e assim comprometendo uma
investigação aprofundada sobre o assunto, já que a região metropolitana é composta
majoritariamente por sistemas integrados extremamente complexos. Sendo assim, a compilação
realizada constitui um banco de dados inédito e completo acerca do saneamento da RMRJ
(considerando os dados publicados), e será disponibilizado através do Sistema de Informações
Geográficas do Observatório das Metrópoles na internet, podendo ser acessado gratuitamente por
qualquer usuário.
A Figura 4 demonstra a dimensão da base de dados constituída pelo Observatório das
Metrópoles, a partir da quantidade de Estações de Tratamento de Esgotos registradas em seu banco
de dados. Destaca-se sobretudo a deficiência de informações apresentadas nos Planos Municipais
de Saneamento Básico, que juntos registram apenas cerca de 30% das informações existentes.

SIG Observatório das Metrópoles


SIG PSAM [PSAM, 2022]
ICMS-Ecológica [INEA, 2019]
Atlas dos Esgotos [ANA, 2017]
PRH-BG [CBH-BG, 2020]
PMSBs [Pref. Munic. 2011-2021]
PERHI-RJ [CERH, 2014]
MPRJ em Mapas/PSAM [SEA, 2021]
PRH Guandu [CBH-GUANDU, 2017] Ativa
ZO Mais website [ZO MAIS, 2021] Inativa

0 50 100 150 200

Figura 4 – Quantidade de Estações de Tratamento de Esgotos [ETEs] registradas na base de dados do Observatório das
Metrópoles em comparação com as fontes pesquisadas, de acordo com a situação da operação [ativa ou inativa].

10
Quadro 3 – Estudos e planos relacionados ao saneamento analisados.

ESTUDO RESPONSÁVEL ANO ABRANGÊNCIA

Atlas Esgotos Agência Nacional de Águas 2017 Nacional

PDUI - Plano Estratégico de Desenvolvimento


Câmara Metropolitana do RJ 2017 RMRJ
Urbano Integrado da RMRJ

PSAM - Programa de Saneamento Ambiental


Entorno baía de
dos Municípios do Entorno da Baía de Secretaria Estadual do Ambiente/RJ 2012
Guanabara
Guanabara
Região hidrográfica do
Plano de Recursos Hídricos do Guandu Comitê Guandu 2017
Guandu
Plano de Recursos Hídricos da Baía de Região hidrográfica da
Comitê de bacia da Baía de Guanabara 2020
Guanabara (diagnóstico) baía de Guanabara

Plano Estadual de Recursos Hídricos Conselho Estadual de Recursos Hídricos 2014 Estado do RJ

ICMS Ecológico Secretaria Estadual do Ambiente/RJ 2019 Estado do RJ

PMSB Belford Roxo Prefeitura Municipal 2017 Município

PMSB Cachoeiras de Macacu Prefeitura Municipal 2013 Município

PMSB Duque de Caxias Prefeitura Municipal 2017 Município

PMSB Guapimirim Prefeitura Municipal 2013 Município

PMSB Itaboraí Prefeitura Municipal 2014 Município

PMSB Itaguaí Prefeitura Municipal 2019 Município

PMSB Magé Prefeitura Municipal 2014 Município

PMSB Maricá Prefeitura Municipal 2015 Município

PMSB Mesquita Prefeitura Municipal 2019 Município

PMSB Nilópolis Prefeitura Municipal Município

PMSB Niterói Prefeitura Municipal 2020 Município

PMSB Nova Iguaçu Prefeitura Municipal 2017 Município

PMSB Petrópolis Prefeitura Municipal 2014 Município

PMSB Rio Bonito Prefeitura Municipal Município

PMSB Rio de Janeiro Prefeitura Municipal 2011 Município

PMSB São Gonçalo Prefeitura Municipal 2015 Município

PMSB São João de Meriti Prefeitura Municipal 2012 Município

PMSB Tanguá Prefeitura Municipal 2013 Município

A partir do banco de dados desenvolvido, foram elaborados dois mapas contendo a


distribuição das infraestruturas de água e esgoto no território, apresentados a seguir.

11
12
13
2.3 – Levantamento de informações sobre as políticas municipais de saneamento básico nos
municípios metropolitanos

As informações acerca das políticas municipais de saneamento aprovadas pelos municípios


da RMRJ, bem como a situação de sua implementação em cada município, foram coletadas e
sistematizadas, tendo por base a pesquisa MUNIC – Saneamento 2018 do IBGE, e atualizadas com
base em informações disponibilizadas pelas Prefeituras Municiais, a Secretaria Estadual do
Ambiente – SEA/RJ e os prestadores dos serviços de saneamento básico da região.
Conforme apresentado na Figura 7, a implantação de uma política municipal de saneamento
bem como de seus principais instrumentos ainda é extremamente deficitária na RMRJ. Somente
cerca de metade dos municípios possuem uma política aprovada, três quartos não possuem
conselho municipal e 90% não tem fundo municipal de saneamento. A elaboração de planos de
saneamento encontram-se em situação relativamente melhor, muito provavelmente devido à
obrigatoriedade e ao prazo estabelecido pelo governo federal, conforme será abordado mais
detalhadamente a seguir.

Não EM ELABORAÇÃO
23% 23%

Sim
54% CONCLUÍDO
14% APROVADO
63%

Em elaboração
23%

Sim
Sim
Sim, em conjunto 9%
com outras políticas
14%

Não
Não 91%
73%

Figura 7 – Situação da implementação das Políticas Municipais de Saneamento Básico dos Municípios da RMRJ. (a)
Política Municipal (b) Plano Municipal (c) Conselho Municipal (d) Fundo Municipal. (FONTE: MUNIC – Saneamento IBGE,
2018)

14
2.4 – Acompanhamento da elaboração/revisão de Planos Municipais de Saneamento Básico.

Dentre os 21 municípios da RMRJ, somente 9 concluíram os planos municipais de


saneamento integralmente, ou seja, contemplando os quatro serviços determinados pela legislação:
abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana e resíduos sólidos. Duque de
Caxias possui um plano que abrange água, esgoto e drenagem, e outros 7 municípios possuem
planos apenas para água e esgoto. No entanto, 13 municípios estão com os planos desatualizados
por terem sido aprovados há mais de quatro anos, conforme determina a lei federal. Além disso,
Queimados, Seropédica, Japeri e Paracambi, ainda não possuem seus planos municipais de
saneamento básico concluídos, e suas respectivas prefeituras informam que estão em processo de
elaboração. Essa situação evidencia a precariedade da capacidade de planejamento municipal dos
serviços de saneamento básico na RMRJ. A Figura 8 apresenta graficamente a situação dos PMSBs
da RMRJ e o Quadro 4 detalha essas informações para cada município.
O prazo que estabelece a existência de plano de saneamento básico como condição de
acesso aos recursos orçamentários da União ou aos recursos de financiamento geridos ou
administrados por órgão ou entidade da administração pública federal, quando destinados a
serviços de saneamento básico, foi prorrogado pela quarta vez pelo governo federal, através do
Decreto 10.203, de 22 de janeiro de 2020, para 31 de dezembro de 2022. A prorrogação do prazo
diminuiu a pressão para que os municípios que ainda não desenvolveram seus planos o fizessem,
tendo em vista que o prazo anterior era 31 de dezembro de 2019. Esse fato associado às dificuldades
impostas pela pandemia de coronavírus, provavelmente contribuíram para que as prefeituras de
Japeri, Paracambi, Queimados e Seropédica continuassem adiando a elaboração do plano.
As atividades referentes a elaboração ou revisão dos planos municipais de saneamento
básico dos municípios integrantes da RMRJ foi monitorada ao longo do período da pesquisa, no
entanto, somente o município de Niterói desenvolveu atividades relacionadas à elaboração e o
município do Rio de Janeiro iniciou a revisão do seu PMSB. Além do acompanhamento da
elaboração dos PMSBs foi realizado o acompanhamento da elaboração do estudo de “Atualização e
Complementação do Plano de Recursos Hídricos da Baía de Guanabara e dos Sistemas Lagunares de
Maricá e Jacarepaguá” mediante a participação nas oficinas virtuais realizadas pela RHA Engenharia
– empresa contratada para realização do estudo – em parceria com AGEVAP – agência de bacia – e
o Comitê de Bacia da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara, onde foram discutidos os aspectos
relacionados ao diagnóstico do PRH.

15
Figura 8 – Situação da elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico para cada município da RMRJ [Fonte:
elaboração própria com base em dados das Prefeituras e do PSAM]

A ausência e a incompletude do plano não são as únicas deficiências encontradas no


planejamento do saneamento da RMRJ. A partir do levantamento detalhado sobre a infraestrutura
de saneamento existente realizado ao longo da pesquisa, conforme citado anteriormente, foi
realizada uma avalição qualitativa dos PMSBs de cada município. O Quadro 5 resume essa avaliação
a cerca do diagnóstico do serviço de esgotamento sanitário com base em quatro componentes
considerados essenciais para a compreensão da situação atual do funcionamento desse serviço: [i]
delimitação dos sistemas ou bacias de esgotamento; [ii] descrição e localização da rede de coleta
de esgotos; [iii] descrição e localização das Estações de Tratamento de Esgotos; [iv] identificação do
corpo hídrico de lançamento dos efluentes. Com base nesses critérios pode-se perceber que
somente os planos de Duque de Caxias, Mesquita e Niterói apresentam um diagnóstico
minimamente satisfatório dos serviços de coleta e tratamento de esgotos.

16
Quadro 4 – Situação dos Planos Municipais de Saneamento Básico dos Municípios da RMRJ. (FONTE: MUNIC – Saneamento IBGE, 2018)
NOME MUNIC SITUAÇÃO ATUALIZAÇÃO INSTRUMENTO NUM DATA_ANO
Belford Roxo APROVADO DESATUALIZADO Lei 1555 2017 Água, Esgoto, Drenagem e Resíduos Sólidos
Cachoeiras de Macacu APROVADO PARCIALMENTE DESATUALIZADO Lei 1991 2013 Água e Esgoto
Duque de Caxias APROVADO PARCIALMENTE DESATUALIZADO Lei 2881 2017 Água, Esgoto e Drenagem
Guapimirim APROVADO PARCIALMENTE DESATUALIZADO Lei 806 2013 Água e Esgoto
Itaboraí APROVADO PARCIALMENTE DESATUALIZADO Decreto 58 2014 Água e Esgoto
Itaguaí APROVADO ATUALIZADO Lei 3842 2020 Água, Esgoto, Drenagem e Resíduos Sólidos
Japeri - - - - - -
Magé APROVADO PARCIALMENTE DESATUALIZADO Lei 2221 2014 Água e Esgoto
Maricá APROVADO DESATUALIZADO Lei 2660 2015 Água, Esgoto, Drenagem e Resíduos Sólidos
Mesquita APROVADO ATUALIZADO Decreto 2771 2020 Água, Esgoto, Drenagem e Resíduos Sólidos
Nilópolis CONCLUÍDO - Não regulamentado Água, Esgoto, Drenagem e Resíduos Sólidos
Niterói APROVADO ATUALIZADO Decreto 13669 2020 Água, Esgoto, Drenagem e Resíduos Sólidos
Nova Iguaçu APROVADO PARCIALMENTE DESATUALIZADO Lei 11102 2017 Água e Esgoto
Paracambi - - - - -
Queimados EM ELABORAÇÃO - - - - -
Rio Bonito APROVADO DESATUALIZADO Decreto 326 2015 Água e Esgoto
Rio de Janeiro EM REVISÃO DESATUALIZADO Decreto 34.290 2011 Água e Esgoto
Rio de Janeiro APROVADO DESATUALIZADO Decreto 41.173 2015 Drenagem
Rio de Janeiro EM REVISÃO DESATUALIZADO Decreto 42.605 2016 Resíduos Sólidos
São Gonçalo APROVADO DESATUALIZADO Decreto 274 2015 Água, Esgoto, Drenagem e Resíduos Sólidos
São João de Meriti APROVADO DESATUALIZADO Lei 1852 2012 Água, Esgoto, Drenagem e Resíduos Sólidos
Seropédica - - - - - -
Tanguá APROVADO PARCIALMENTE DESATUALIZADO Decreto 132 2013 Água e Esgoto

17
Quadro 5 – Avaliação qualitativa dos planos municipais de saneamento básico dos municípios da RMRJ quanto ao
diagnóstico da situação dos sistemas de coleta e tratamento de esgotos.

MUNICÍPIO DIAGNOSTICO ANO SISTEMAS ETEs REDE LANÇAMENTO

Belford Roxo Sim 2014 Insuficiente Insuficiente Insuficiente Não aborda

Cachoeiras de Macacu Sim 2013 Inexistente Inexistente Inexistente Inexistente

Duque de Caxias Sim 2017 Satisfatório Satisfatório Satisfatório Não aborda

Guapimirim Sim 2013 Inexistente Inexistente Inexistente Inexistente

Itaboraí Sim 2014 Não aborda Insuficiente Insuficiente Insuficiente

Itaguaí Sim 2016 Insuficiente Satisfatório Insuficiente Insuficiente

Japeri - - - - - -

Magé Sim 2013 Insuficiente Insuficiente Insuficiente Insuficiente

Maricá Sim 2015 Não aborda Insuficiente Insuficiente Não aborda

Mesquita Sim 2017 Satisfatório Satisfatório Satisfatório Satisfatório

Nilópolis Sim 2013 Não aborda Satisfatório Insuficiente Não aborda

Niterói Sim 2020 Satisfatório Satisfatório Satisfatório Satisfatório

Nova Iguaçu Sim 2013 Insuficiente Insuficiente Insuficiente Insuficiente

Paracambi - - - - - -

Petrópolis Sim

Queimados Sim 2017 Insuficiente Insuficiente Insuficiente Insuficiente

Rio Bonito Sim 2013 Não aborda Inexistente Satisfatório Inexistente

Rio de Janeiro Sim 2011 Insuficiente Insuficiente Insuficiente Não aborda

São Gonçalo Sim 2014 Insuficiente Insuficiente Insuficiente Insuficiente

São João de Meriti Sim 2014 Insuficiente Insuficiente Satisfatório Insuficiente

Seropédica - - - - - -

Tanguá Sim Insuficiente Insuficiente Satisfatório Insuficiente

18
2.5 – Acompanhamento dos processos de privatização e PPPs associados ao saneamento básico:

Durante todo o período da pesquisa foi realizado o acompanhamento dos processos de


privatizações e PPPs no setor de saneamento, na RMRJ. A CEDAE, principal empresa concessionária
dos serviços de saneamento dentre os municípios da RMRJ, entrou oficialmente em processo de
privatização a partir da aprovação da Lei estadual 7.529, em março de 2017, quando a Assembleia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro – ALERJ autorizou o poder executivo a alienar a totalidade
das ações da empresa, bem como utilizar as ações como garantia a contratação de crédito no valor
de 3,5 bilhões, enquanto a alienação não fosse efetivada. Isso ocorreu em consequência do acordo
de recuperação fiscal firmado pelo governo estadual com a União, onde a venda dos ativos da
empresa foi dada como contrapartida ao refinanciamento das dívidas entre o estado e o governo
federal. Desde então, a privatização da empresa passou a enfrentar resistência na ALERJ, tendo
passado por diversos reveses, envolvendo discordâncias entre os poderes executivo, legislativo e
judiciário do Estado do RJ. A empresa seguiu arrolada no regime de recuperação fiscal do estado,
chegou a ter parte de suas ações dada como garantia de empréstimo junto ao banco BNP Paribas
com vencimento no final de 2020, no valor inicial de 2,9 bilhões e quitada pelo governo federal no
valor de 4,3 bilhões, o que corresponde à aproximadamente 285% da SELIC ou 35% acima do IPCA
no período.
Em função da resistência enfrentada pelo poder executivo à venda da companhia, o governo
do estado apresentou em 2020 uma proposta de concessão ao setor privado de parte dos serviços
prestados pela empresa, conciliando, por hora, a manutenção da empresa pública e a privatização
do saneamento no estado do RJ. A projeto foi desenvolvido pelo Consórcio Fator/Concremat/VG&P,
a partir de contratação do BNDES no âmbito do programa de desestatizações do banco, pelo valor
de 6,8 milhões de reais.
A proposta apresentada estabeleceu para os municípios da RMRJ atendidos pelos sistemas
integrados Guandu, Lages e Imunana-Laranjal, a concessão somente dos serviços de gestão dos
reservatórios e distribuição de água (downstream), mantendo a captação, tratamento e adução de
água (upstream) sob responsabilidade da CEDAE, que se mantem como “produtora” de água. Dessa
maneira, o Governo do Estado também adia, por enquanto, o projeto de venda das ações da
empresa. Nos demais municípios e no interior do estado os serviços seriam concedidos
integralmente, incluindo captação, tratamento e distribuição. Em todos os municípios a concessão

19
inclui o serviço de esgotamento sanitário, incluindo coleta e tratamento, a exceção dos casos onde
este serviço já se encontre concedido ao setor privado, como no caso da Zona Oeste da capital.
A concessão dos serviços foi dividida em quatro blocos de municípios, dado que a CEDAE
detém a concessão de água de 64 municípios do ERJ, incluindo a capital e a maior parte dos
municípios da RMRJ, excluindo Niterói, Guapimirim e Petrópolis que já tem os serviços de água e
esgoto privatizados. Cada um dos 4 blocos de concessão compreendem uma parte do município do
Rio de Janeiro, além de municípios da RMRJ e do interior do estado. De acordo com Hélio Cabral
(2019), ex-presidente da CEDAE demitido em função da crise da qualidade da água do Guandu em
fevereiro de 2020, essa divisão busca possibilitar o subsídio cruzado, de modo que quem ficar
responsável pelos serviços em cada um deles, levará “o filé e o osso”. Os municípios que compõem
cada bloco estão apresentados na Figura 9 a seguir.

Figura 9 – Blocos para concessão dos serviços de saneamento segundo estudo do BNDES.

A proposta de concessão baseada no estudo do BNDES, bem como os planos Metropolitano


e Municipais de Saneamento realizados no âmbito desse mesmo estudo, foram objeto de três
audiências públicas realizadas virtualmente ao longo de 2020, nos meses de junho, julho e agosto,
em meio à pandemia de coronavírus. No dia 29 de dezembro de 2020, foi publicado o edital de
licitação das concessões dos 4 blocos. O primeiro leilão aconteceu em 30 de abril de 2021, no qual
o consórcio liderado pela AEGEA arrematou os blocos 1 e 4, nos valores de R$ 8,2 bilhões [ágio de
103%] e R$ 7,2 bilhões [ágio de 187%]. Já a empresa Iguá arrematou o bloco 2 pelo valor de R$ 7,28
bilhões [ágio de 129%]. Em novo leilão, realizado em 29 de dezembro do mesmo ano, o bloco 3 foi
arrematado pela Águas do Brasil por R$ 2,2 bilhões [ágio de 90%], totalizando R$ 24,9 bilhões, que
de acordo com o governo estadual serão destinados à despoluição da Baía de Guanabara (R$ 2,6
bi), da Bacia do Guandu (R$ 2,9 bi) e do Complexo Lagunar da Barra da Tijuca (R$ 250 mi). Além
20
disso, estão previstos R$ 354 milhões em investimentos em favelas do Rio. Dessa maneira, todos os
municípios da RMRJ passam a ter os serviços de distribuição de água, coleta e tratamento de esgotos
concedidos a empresas privadas por um período de 35 anos. A abrangência dos prestadores de
serviços de água e esgoto na RMRJ após a transferência da concessão da CEDAE está representada
na Figura 10.

Figura 10 - Empresas prestadoras dos serviços de água e esgoto em cada município da RMRJ. [Fonte: CEDAE, 2022]

É importante destacar o que representa essa concessão para o setor privado em termos
quantitativos. De acordo com dados do jornal Valor Econômico, apenas 6 de 23 empresas do setor
de água e saneamento que aparecem entre as mil maiores empresas do país são privadas. As 6
maiores empresas de saneamento do país ainda são controladas pelo estado – SABESP, CEDAE,
COPASA, SANEPAR, EMABASA e CORSAN -, enquanto as empresas que estão assumindo os serviços
no estado do RJ, AEGEA, SAAB e Iguá ocupavam as 7ª, 13ª e 18ª posições respectivamente em 2020.
Conforme pode ser visto na Figura 11, a receita liquida da CEDAE em 2020 corresponde a mais de
120% das receitas liquidas dessas três empresas privadas somadas. Isso significa que essas empresas
têm um potencial de dobrar de tamanho a partir dessa concessão.
Em 2020 a CEDAE teve um prejuízo de cerca de 250 milhões, no entanto este parece ter sido
um ano atípico impactado pela pandemia do coronavírus, já que desde 2012 a empresa vinha
apresentando crescimento constante da receita e da margem líquidas, com uma margem líquida
média de aproximadamente 10% no período. Já em 2019 a margem líquida chegou a 16,7% e o lucro
líquido foi de mais de um bilhão de reais.

21
CEDAE SABESP
19000 90,0

17000 80,0

15000 70,0

13000 60,0

11000 50,0

9000 40,0

7000 30,0
20,9
17,8 17,0 17,2 17,6 18,7
5000 15,3 16,7 20,0
11,2
8,2 8,9 8,1
4,7 6,1 5,9 4,6 5,5
3000 10,0
-4,2
1000 0,0
-1000 -10,0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

COPASA SANEPAR
6000 70,0
5000 60,0
4000 50,0
3000 40,0
2000 13,7 11,2 14,6 15,3 21,4 22,9 20,8 30,0
7,7 10,8 13,0 12,2 15,8 17,0 16,1 18,0 17,7
1000 20,0
-0,3
0 0,5 10,0
-1000 0,0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

AEGEA SAAB
3000 70,0
2500 60,0
2000 50,0
40,0
1500 25,9
19,1 30,0
1000 17,7
14,8 16,7 15,4 16,5 17,3 18,7
11,5 11,6 10,4 10,3 13,1 20,0
7,2 8,7 7,8 8,4
500 10,0
0 0,0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
IGUA
1000 70
RECEITA LIQ. LUCRO LIQ.
800
50 MARGEM LIQ.
600
400 30
200 5,3 5,0
2,4 -0,6 10
0
-200 -10
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Figura 11 – Receita, lucro e margem líquidos das principais empresas do setor de saneamento no Brasil [Fonte: Valor
Econômico, 2022]

22
2.6 – Levantamento de informações sobre financiamentos para a política de saneamento

O financiamento constitui um dos principais gargalos à expansão das políticas de


saneamento devido ao alto custo do investimento em infraestrutura, necessário à expansão dos
serviços. Tal argumento é frequentemente utilizado como justificativa para a privatização ou o
estabelecimento de parcerias público-privadas no setor. No entanto, o investimento efetivamente
realizado ainda se encontra distante da real disponibilidade de recursos disponível, devido a não
priorização desse setor por parte dos governantes. Em função disso, foi realizado o levantamento
das fontes de financiamento para o saneamento na RMRJ, a fim de comparar com os investimentos
realizados. A Figura 12 apresenta a arrecadação anual das principais fontes de financiamento
estaduais diretamente relacionadas ao saneamento disponíveis para investimento e a Figura 13 o
total de investimentos em água e esgoto realizados na RMRJ.

2.000
1.750
1.500
1.250
Milhões [R$]

1.000
750
500 FECAM
250 FUNDRHI
CEDAE
0
-250
-500
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Figura 12 – Arrecadação anual das principais fontes de recursos estaduais [FECAM - Fundo Estadual de Conservação
Ambiental e Desenvolvimento Urbano; FUNDRHI - Fundo Estadual de Recursos Hídricos/RH Baía de Guanabara e RH
Guandu; Lucro Líquido da CEDAE] disponíveis para investimento em saneamento na RMRJ [em milhões R$]. [Fonte:
INEA/SEA/CEDAE, 2022]

1.000

750
Milhões [R$]

500

250 Água
Esgoto
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Figura 13 – Total de investimentos em abastecimento de água e esgotamento sanitário nos municípios da RMRJ [em
milhões R$]. [Fonte: SNIS, 2021]

23
Outro aspecto importante a ser analisado é o investimento realizado por cada prestador de
saneamento na região, em relação ao seu faturamento, conforme apresentado na Figura 14. Nesse
caso é evidente o baixo investimento realizado pela CEDAE, que mesmo apresentado lucro líquido
médio de 380 milhões, investiu somente cerca de 3,3% da receita operacional direta incluindo os
investimentos não onerosos realizados pelo estado, enquanto as empresas Águas de Niterói e Zona
Oeste Mais investiram 3,2% e 9,10% respectivamente de recursos próprios. O investimento com
recursos onerosos também é bem menos significativo no caso da CEDAE, a empresa Zona Oeste
Mais, por exemplo, que iniciou a operação do serviço nesse mesmo período investiu cerca 32% da
receita utilizando recursos emprestados de terceiros.

45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10% Recursos Prórpios
5% Recursos onerosos
Recursos não onerosos
0%
CAN CEDAE FABZO

Figura 14 – Investimento total realizado em saneamento em relação à receita operacional direta dos prestadores no
período de 2012-2020. [Fonte: SNIS, 2021]

Ao analisarmos os investimentos realizados por município podemos perceber um


investimento em abastecimento mais significativo nos municípios da baixada fluminense e em
Maricá. Já o investimento em esgoto foi mais significativo no Rio de Janeiro, em Niterói e em
Mesquita. As Figuras 15 e 16 apresentam os investimentos relativos à receita e à população,
respectivamente, em cada município.

24
Maricá
Queimados
Seropédica
Nilópolis
Nova Iguaçu
Magé
Belford Roxo
Tanguá
Japeri
Mesquita
Duque de Caxias
Rio Bonito
São Gonçalo
Niterói
Rio de Janeiro
São João de Meriti
Guapimirim
Itaguaí
Paracambi
Itaboraí Esgoto
Cachoeiras de Macacu
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 110%

Figura 15 – Investimento em água e esgoto em relação à receita operacional direta dos prestadores em cada município
realizado no período de 2007-2020. [Fonte: SNIS, 2021]

Nilópolis
Seropédica
Maricá
Queimados
Nova Iguaçu
Niterói
Rio de Janeiro
Belford Roxo
Mesquita
Duque de Caxias
São Gonçalo
Rio Bonito
Magé
Japeri
São João de Meriti
Tanguá
Itaguaí
Guapimirim
Paracambi
Itaboraí Água [R$/hab.]
Cachoeiras de Macacu Esgoto [R$/hab.]
- 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00

Figura 16 – Investimento em água e esgoto em relação à população de cada município [R$/habitante] realizado no
período de 2007-2020. [Fonte: SNIS, 2021]

25
2.7- Levantamento de estruturas tarifárias, modelos de tarifas sociais e impactos das tarifas na
renda familiar

Os valores de referência das tarifárias praticadas pelos principais prestadores de serviço de


saneamento na RMRJ foram levantados e sistematizados até o ano de 2021, com base nas
informações disponibilizadas pelas empresas em seus sítios eletrônicos. Além disso, foi realizado
um levantamento da distribuição espacial dos valores praticados pela CEDAE, que possui duas
tarifas de referência (A e B), de acordo com o município e o bairro da cidade do Rio de Janeiro. No
Mapa 3 está representada a distribuição espacial das tarifas assim como a evolução dos valores e
taxas de reajustes aplicadas das tarifas referenciais de água (TRA) de cada concessionária no período
de 2015 a 2021, em comparação com a inflação medida pelo IPCA.
Em 2013 a TRA da CAN era a mais alta, R$ 2,22/m³, e a da CEDAE para a área B – que
contempla parte dos bairros da Capital e os demais municípios do estado – era a mais baixa, R$
1,89/m³. Já em 2021, a TRA mais alta foi a da CEDAE para a área A – que contempla a maior parte
dos municípios da capital –, no valor de R$ 5,00/m³, e as mais baixas são a da CAN e a tarifa B da
CEDAE no mesmo valor de R$ 4,37/m³. A CEDAE cobra ainda uma tarifa mínima para quem consome
até 0,5m³/dia, o que corresponde a cerca de 15m³ e um total de R$ 59,70 (área A) e R$ 52,32 (área
B) por mês, conforme valores de outubro de 2019. A empresa oferece também um Tarifa Social no
valor de R$ 18,45, o que pode representar uma economia de até 69%. Contudo existe um limite de
acesso à tarifa social da CEDAE.
No Rio de Janeiro, a CEDAE tem uma tarifa social para favelas e conjuntos habitacionais. Os
decretos estaduais nos 7296 e 7297, de 1984, permitiram a ligação das favelas à rede pública de
água da cidade e a cobrança de uma tarifa especial para esses assentamentos populares. A
Resolução 25/02, da antiga Secretaria Estadual de Recursos Hídricos – atual Secretaria de Meio
Ambiente – inclui os Conjuntos Habitacionais no Decreto Estadual no 25.438/99, que reduz o valor
da tarifa social, criada em 1984, pelo Decreto 7297. Para os Conjuntos Habitacionais obterem a tarifa
social, o administrador deve apresentar declaração da Caixa Econômica Federal, da Cehab, do BNH
ou de qualquer outra Cooperativa voltada para a habitação popular, afirmando que a sua construção
se destina a moradores com renda familiar de até cinco salários mínimos. Devem ser apresentados,
ainda, o Estatuto de Constituição do Condomínio, a Ata da Assembleia que elegeu o Síndico, os
documentos pessoais do síndico (identidade e CPF) e a conta da CEDAE. Além destes documentos,
o consumo médio de água per capta do Conjunto deve ser de 200 litros por dia por morador.
Recentemente CEDAE estendeu à tarifa social aos moradores de habitação popular destinada a
26
famílias de baixa renda em terrenos cedidos por órgãos públicos Federais, Estaduais e Municipais e
Imóveis em áreas de interesse social para residências até 50m² e comércios até 30m², situados em
loteamentos irregulares, posse, periferia de favelas e áreas de risco.
Em 2020, ano marcado pela crise relacionada à pandemia de coronavírus, com graves
consequências sanitárias e econômicas para a população, a CEDAE adotou algumas medidas de
caráter social em relação à cobrança da tarifa. No que diz respeito à inadimplência, foi suspenso o
corte do abastecimento e a negativação de débitos dos seus clientes desde o início da pandemia (CEDAE,
2020a). Além disso, foi suspensa a cobrança para clientes da tarifa social e pequenos comerciantes por
três meses (maio, junho e julho) (CEDAE, 2020b). Além disso, não houve reajuste da tarifa em 2020 por
parte da CEDAE, enquanto as concessionárias privadas mantiveram o reajuste, de cerca de 7%, no caso
da Águas de Niterói, o que superou a inflação no período em mais de 50%.
Contudo podemos verificar que a tarifa da CEDAE subiu cerca de 90% acima da inflação no
período de 2014 a 2021, e a da Concessionária Águas de Niterói – CAN atingiu cerca de 80%. Apesar
da variação total no período entre as duas concessionárias ser similar, é notória a diferença nas
trajetórias das curvas dos preços. A CEDAE apresentou um reajuste bem acima dos demais índices
no período entre 2016 – ano em que o governo estadual decretou estado de calamidade pública em
função da crise fiscal e também quando se iniciaram as tentativas de privatização da empresa – e
2019. Já em 2020, ano em que começou a pandemia de COVID-19 e o acesso ao saneamento como
direito fundamental à sobrevivência foi colocado no primeiro plano do debate público e quando a
maior parte da população passava por sérias dificuldades financeiras, a empresa não reajustou a
tarifa. No entanto, já no ano seguinte, no bojo da privatização, a tarifa sofreu reajuste de quase 10%
apenas um mês antes da nova concessionária assumir a cobrança.
Uma das principais preocupações relacionadas à privatização se refere à possibilidade de
aumento da tarifa por parte das empresas privadas em detrimento da capacidade de pagar dos
usuários, restringindo o acesso ao saneamento por parte dos mais pobres. Em função disso,
realizamos uma simulação do histórico de reajustes baseado nos critérios estabelecidos nos
contratos das novas concessionárias. O gráfico apresentado no Mapa 3 demonstra que, no período
entre 2015 e 2021, o reajuste baseado nos critérios contratuais atuais teria resultado em uma
variação no valor da tarifa aproximadamente 20% inferior ao reajuste praticado pela CEDAE e pela
CAN no período, e cerca de 40% acima da inflação.

27
7,00 70%

6,00 60%

5,00 50%

4,00 40% CEDAE (A)


CEDAE (B)
3,00 30% CAN
CEDAE
2,00 20%
CAN
1,00 10% CEDAE (privat.)
28
IPCA
0,00 0%
[R$] 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
2.8 Outras atividades desenvolvidas
2.8.1 Participação em reuniões

Em função das restrições impostas pelas medidas de controle da pandemia de


coronavírus no país, as atividades do Observatório das Metrópoles – Núcleo Rio de
Janeiro mantiveram-se a distância ao longo de todo o período desde março de 2020. No
entanto, estabeleceu-se uma rotina de reuniões semanais do núcleo, além das reuniões
de cada grupo de pesquisa através de plataformas virtuais.

2.8.2 Monitoria

No segundo semestre de 2020, o Observatório das Metrópoles organizou uma


disciplina envolvendo todos os núcleos da rede, ofertada simultaneamente em diversos
programas de pós-graduação de diferentes universidades no país, com o tema “As
metrópoles e a ordem urbana brasileira: os desafios do direito à cidade”. A disciplina contou
a participação de diversos pesquisadores nacionais e internacionais, e foi dividida em dois
módulos onde cada aula abordava um tema específico relacionado às pesquisas
desenvolvidas pelo Observatório. A Aula 9, “Gestão das Águas, Desigualdades e Direito à
Cidade”, foi ministrada pelas professoras doutoras Ana Lúcia Britto e Suyá Quintslr, do
IPPUR/UFRJ, no dia 19/11/2020, onde participei como monitor.

4. Dificuldades encontradas

O período entre março de 2020 até o final da vigência da bolsa foi marcado pelas
dificuldades impostas pela pandemia de coronavírus. No âmbito pessoal, o estresse
ocasionado pelo confinamento, a preocupação com a própria saúde e de amigos e
familiares, além do sofrimento ocasionado pelo falecimento de muitas pessoas
queridas, impuseram enormes desafios para o desenvolvimento normal de todas as
atividades. Além disso, o fato de as atividades terem sido desenvolvidas dentro da
própria residência com recursos próprios, impôs também dificuldades técnicas para o
desenvolvimento dos trabalhos, tendo em vista que algumas atividades da pesquisa
requerem o uso de computadores de alta capacidade e um acesso adequado à internet,
o que nem sempre foi possível.
29
Além disso, há a dificuldade do acesso aos dados requisitados pela pesquisa, pois
em diversos casos estes não são disponibilizados em formatos adequados à análise da
área de interesse da pesquisa, necessitando longo trabalho de sistematização. Os
sucessivos adiamentos que resultaram na não realização do censo nacional dentro do
período da pesquisa também impactou significativamente o seu desenvolvimento
conforme planejado, tendo em vista que a divulgação dos dados censitários atualizados
teria contribuído substancialmente para o aprofundamento da análise da situação do
saneamento básico na RMRJ.
Deve ser considerado ainda como uma dificuldade para o desenvolvimento
adequado das pesquisas a lacuna proporcionada pela pandemia na realização de
reuniões, audiências públicas, fóruns e congressos presenciais sobre o tema do
saneamento.

5. Realização do projeto dentro do prazo

Todas as atividades do projeto foram realizadas de acordo com o cronograma


estabelecido no plano de trabalho. O cronograma atualizado contendo as atividades
realizadas é apresentando a seguir.

30
No. ATIVIDADES ANO 1 ANO 2 ANO 3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1 Aprofundamento do referencial teórico da
X X X X X X X X X X X X X X X
pesquisa/ atualização revisão bibliográfica
2 Levantamento de dados sobre
saneamento básico e gestão das águas na X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
RMRJ
3 Levantamento de informações sobre as
X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
políticas municipais de saneamento básico
4 Acompanhamento da elaboração/revisão
de Planos Municipais de Saneamento X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
Básico
5 Acompanhamento dos processos de
privatização e PPPs associados ao X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
saneamento
6 Levantamento de informações sobre
financiamentos para a política de X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
saneamento
7 Levantamento de estruturas tarifárias,
X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
modelos de tarifas sociais
8 Organização e análise dos dados e
X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
informações levantadas
9 Redação dos relatórios parciais da
X X X X X X
pesquisa
10 Redação do relatório final da pesquisa X X X X X X

x Atividade já realizada
x Atividade que será realizada

31
6. Referências Bibliográficas

BAKKER, K. The “commons” versus the “commodity”: Alter‐globalization, anti‐privatization and the
human right to water in the global south. Antipode, v. 39, n. 3, p. 430-455, 2007.

BAYLISS, K. The financialization of water. Review of Radical Political Economics, v. 46, n. 3, p. 292-307,
2014.

BRASIL. Balanço Execução dos Empreendimentos da Carteira PAC - DEZ-2018. (Disponível em:
http://pac.gov.br/sobre-o-pac/documentos-tecnicos

BRITTO, A. L.; REZENDE, S. C. A política pública para os serviços urbanos de abastecimento de água e
esgotamento sanitário no Brasil: financeirização, mercantilização e perspectivas de resistência. Cadernos
Metrópole, v. 19, n. 39, p. 557-581, 2017.

BRITTO, A. L. A gestão do saneamento ambiental: entre o mercado e o direito. Rio de Janeiro:


Transformações na Ordem Urbana. Rio de Janeiro: Letra Capital, p. 484-514, 2015.

CONEN; SEA. Estudo Regional de Saneamento Básico. Parte I: caracterização e diagnóstico. SEA. Rio de
Janeiro, p.219. s/d.

IBGE. Pesquisa de Informações Básicas Municipais – MUNIC: Saneamento Básico, 2017 (disponível em:
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/educacao/10586-pesquisa-de-informacoes-basicas-
municipais.html?=&t=downloads)

KLINK, J.; DE SOUZA, M. Financeirização: conceitos, experiências e a relevância para o campo do


planejamento urbano brasileiro. Cadernos Metrópole, v. 19, n. 39, p. 379-406, 2017.

LOFTUS, A.; MARCH, H.; NASH, F. Water Infrastructure and the Making of Financial Subjects in the South
East of England. Water Alternatives, v. 9, n. 2, 2016.
MMA. Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima. Vol. 2 […]. Brasília: MMA, 2016.

PDUI. Produto 18: Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do
Rio de Janeiro – Tomo I. Disponível em: < https://www.modelarametropole.com.br/wp-
content/uploads/2018/09/Produto-18-Tomo-1.pdf>. Acesso em 20 mai. 2019.

PRYKE, M.; ALLEN, J. Financialising urban water infrastructure: Extracting local value, distributing value
globally. Urban Studies, v. 56, n. 7, p. 1326-1346, 2019.

QUINTSLR, S. A (re)Produção da Desigualdade Ambiental na Metrópole: conflitos pela água, ‘crise


hídrica’ e macrossistema de abastecimento no Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Planejamento Urbano
e Regional), UFRJ, 2018.

SNIS. Série histórica. Disponível em: <http://app4.cidades.gov.br/serieHistorica/>. Acesso em: 10 fev.


2022.

_____________________________
Vinicius dos Reis Soares

______________________________
Sergio de Azevedo

32

Você também pode gostar