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Amplificadores Operacionais

Prof. João Roberto Gabbardo

1 - Caracteristicas de amplificadores
Serão discutidas as caracteristicas ideais que os amplificadores deveriam possuir.

1.1 - Resistência de entrada e resistência de saída de um amplificador

Vamos considerar o modelo de um aplificador sendeo alimentado por uma fonte de sinal real e conectado
uma carga,sendo representado na Figura 1.1.

Figura 1.1 – Modelo de um amplificador com fonte de sinal real e carga

Na Figura 1.1, Vs é a fonte ideal de sinal, Rs resistência em série da fonte de sinal, R1 representa a
resistência de entrada do amplificador, Vo a tensão de saída ideal, RT é a resistência de saída do
amplificador e RL a resistência de carga.

Mantendo a tensão da fonte de sinal de entrda constante e variando a resistênica de carga, obtém-se um
gráfico de tensão,corrente e potência na carga tal como o da Figura 1.2.

Figura 1.2 – Variação da tensão, corrente e potência na carga para a condição de Vi constante variando
RL

1
Podemos observar que no ponto A onde a resistência de saída do amplificador RT é igual à
resistência da carga RL, obtém-se a máxima transferênica de potência.

 Essa situação é denominada de casamento de impedância.

No entanto, veremos que essa situação não é a que mais interessa nos circuitos com amplificadores
operacionais.

Do circuito da Figura 1 obtermos a seguinte equação:

Equação 1.1

E se estipularmos na equação anterior uma certa porcentagem de tensão sobre R1, poderemos
estabelecer a relação entre R1 e Rs para obter esse percentual. Por exemplo:

Para VR1 = 90% de Vs,

Obtemos:

( )

E assim:

E para VR1 = 99% de Vs:

( )

E assim:

2
A partir dessa análise, conclui-se que:

Ou seja:

 Quanto maior for a resistência de entrada do amplificador R1, maior será a proporção da tensão
do gerador Vs aplicada sobre R1.

E assim, para minimizar a atenuação do sinal aplicado na entrada do amplificador, é necessário que a
resistência de entrada dele seja muito alta (idealmente infinita) em relação à resistênica da fonte de sinal.

E para o lado da carga tem-se a a seguinte equação:

Equação 1.2

Significando que para se obter a máxima tensão sobre a carga, é necessário que a resitência de saída do
amplifcador RT seja muito baixa.

Supondo RT = 0:

Assim, a Equação 2 nos diz que teremos sobre RL exatamente a tensão de saída ideal do amplificador Vo
desde que a resistênica de saída RT seja nula.

E nessa condição a corrente iL é limitada pelo valor de RL.

Evidentemente existe um valor máximo de iL que pode ser fornecido pelo amplificador.

 Note que não estamos preocupados com a máxima transferência de potênica, mas sim com a
máxima transferênica de tensão sobre RL.

Na maioria das aplicações dos AOPs esta situação é mais útil.

Em resumo:

 Para se obter a máxima tensão possível do gerador de sinal na entrada do amplificador, a


resistênica de entrada do amplificador deve ser a maior possível (idealmente infinita).

 Para se obter a máxima tensão possível do amplificador na resistência de carga, a


resistência de saída do amplificador deve ser a menor possível (idealmente igual a zero).

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2 - Amplificadores Diferenciais
O amplificador diferencial (AD) é importante no estudo dos amplificadores operacionais (AO), pois ele é o
primeiro estágio de um AO estabelecendo algumas de suas principais características.

Por definição um AD é um circuito que tem duas entradas nas quais são aplicadas duas tensões v1 e v2 e
uma saída vs.

 O Amplificador Diferencial é um circuito eletrônico capaz de receber dois sinais ao mesmo


tempo e fornecer uma saída com o resultado que será a diferença amplificada destes sinais.

Se considerarmos a condição ideal, se v1 = v2 a saída será nula, isto é, um AD é um circuito que amplifica
só a diferença entre duas tensões rejeitando os sinais de entrada quando estes forem iguais. A Figura 2.1
mostra a representação em diagrama de blocos do amplificador diferencial.

vi1
vo

vi2

Figura 2.1 – Diagrama em blocos do amplificador diferencial.

No caso ideal vo  Ad  Vd  Ad (V1  V2 )

Onde:

Ad = Ganho diferencial de tensão

Vd = vi1 – vi2 = sinal diferença ou sinal erro

Se vi1 = vi2 então Vd = 0 e, portanto, vo = 0

 Na pratica existirá sempre uma pequena tensão na saída quando v1 = v2 (situação a qual é
chamada de modo comum).

No caso de um AD real a expressão da tensão de saída em função das entradas é dada por:

vs  Ad  Vd  Ac  Vc

Onde (por definição):

(vi1  vi 2 )
VC  que é o sinal em modo comum e Ac = ganho em modo comum.
2

 Está claro pelo exposto que, no caso de um AD ideal, o valor de Ac = 0.

Os valores de Ad e Ac dependem dos componentes usados na construção do AD, como veremos a


seguir.

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No circuito da Figura 2.2-a temos um amplificador diferencial discreto tendo uma fonte de corrente
constante nos emissores dos transistores e com dois sinais senoidais v1 e v2 aplicados em suas
entradas.

Na Figura 2.2-b foi adicionado um nível médio E ao sinal da entrada 1, e na entrada 2 substituiu-se o
sinal senoidal por uma tensão contínua de valor igual ao nível médio E.

Vamos admitir que os transistores sejam iguais e que a fonte de corrente é ideal (Ie1 + Ie2 = IO =
constante).

RC1 IC1 IC2 RC1 IC1 IC2 RC2 VCC


RC2 VCC
Vo Vo

Vo1 Vo2 Vo1 Vo2


Q1 Q2 Q1 Q2
VBE VBE
VBE VBE Vi2
vi2 IE1 IE2 E
vi1 IE1 IE2
Vi1 v1 = VM1∙sen∙(ωt)
E IO
IO

(a) (b)

Figura 2.2 – Amplificador diferencial discreto com fonte de corrente constante nos emissores

Consideremos a Figura 2-b com a tensão na entrada 2 sendo constante (V2 = E) e a tensão na entrada 1
como sendo igual a:

vi1 = E + [VM1 ∙ sen(ωt)]

Isto é, uma tensão alternada senoidal com amplitude de pico VM e um nível médio E volts.

 Quando v1 = E (passagem por zero da tensão senoidal), os dois transistores conduzirão a mesma
corrente (IE1 = IE2 = IE/2), pois admitimos inicialmente transistores idênticos.

Nessas condições, a tensão CC (quiescente) do coletor de cada transistor será igual a:

RC  I O
Vo1  Vo 2  VCC 
2

E, portanto, a tensão CC entre os coletores valerá:

Vo  Vo1  Vo 2  0

 Também vamos admitir que as correntes de base sejam desprezíveis, significando que IC1 = IE1 e
IC2 = IE2. Logo:

5
 Quando vi1 > vi2 o transistor Q1 conduzirá mais que Q2 e, portanto, IC1 aumentará, diminuindo
Vo1 (não esqueça que. ).

 E, por força da fonte de corrente, IC2 diminuirá (não esqueça que IO = IE1 + IE2 = constante, se IE1
aumentar, IE2 deve diminuir) e assim Vo2 irá aumentar.

 Quando vi1 < vi2 o transistor Q1 conduzirá menos que Q2 e, portanto, IC1 diminuirá, aumentando
Vo1 (não esqueça que. ).

 E por força da fonte de corrente, IC2 aumentará (não esqueça que IE = IE1 + IE2 = constante, se IE1
diminuir, IE2 deve aumentar) diminuindo Vo2.

Da Figura 2-b e, considerando que os transistores são idênticos e que a fonte de corrente é ideal,
podemos concluir que:

O ganho diferencial de tensão, considerando a saída nos coletores, é igual a:

Vo1 pico Vo 2 pico


Ad    sendo que Vo1pico = Vo2pico e o sinal negativo indica a defasagem de 180° do sinal
VM 1 VM 1
na saída.

Onde:

Vo1pico é o valor de pico da saída 1, Vo2pico o valor de pico da saída 2


VM1 é o valor de pico da entrada 1.

 Se a saída for tomada entre os coletores a amplitude do sinal será duas vezes maior.

Vamos supor que seja aplicado ao circuito mostrado na Figura 2.3 um sinal senoidal V1 com 50mV de
pico com nível médio igual a zero e V2 esteja aterrada, isto é, V2 = 0.

 Também vamos admitir um ganho diferencial de tensão Ad = 80

RC1 IC1 IC2 RC2


4kΩ 4kΩ VCC = 10,5V
vo
vo1 vo2
Q1 Q2
VBE VBE

IE1 IE2 vi2


vi1

IO = 2 mA

Figura 2.3 – Amplificador diferencial com sinal senoidal aplicado em somente uma entrada

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A Figura 2.4 mostra as principais formas de onda do circuito:

0.00m

vi1

10.50
6.50
2.50

vo1

10.50
6.50
2.50

vo2

8.00
0.00
- 8.00

vo = vo1 - vo2

Figura 2.4 – Formas de onda do amplificador diferencial discreto.

Dos gráficos da Figura 2.4 podemos tirar as seguintes conclusões:

1) Se o sinal na saída 1, vC1, está defasado de 180º em relação à entrada1, vi1, e o sinal na saída 2, vC2,
está em fase com a entrada 1.

 Assim se considerarmos a saída do amplificador no coletor de Q2, a entrada 1 será chamada de


não-inversora (+) e a entrada 2 será chamada de inversora (-).

 Observe também que o gráfico vo = vo1 - vo2 apresenta uma senóide onde a tensão média se
anula bem como tem o dobro da amplitude em relação aos gráficos vo1 e vo2.

2) Se os sinais vi1 e vi2 aplicados às entradas estiverem defasados de 180°, teremos nas saídas um sinal
que é a soma dos sinais de entrada multiplicada pelo ganho diferencial (desprezando-se o ganho de
modo comum).

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3) Se for aplicado o mesmo sinal nas entradas, pela mesma razão anterior, teremos idealmente na saída
um sinal com amplitude igual a zero. A figura 2.5 mostra essa situação.

RC1 IC1 IC2 RC2 VCC


vo
vo1 vo2

VBE VBE
Vi1 IE1 IE2

vi1 = VM1∙sen∙ωt
IO
E

Figura 2.5 – Amplificador diferencial com o mesmo sinal aplicado às duas entradas.

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2.1 - Amplificador diferencial com fonte de corrente simples
Serão efetuadas as análises em CC e CA do amplificador diferencial com fonte de corrente simples.

A figura 2.6 mostra a configuração a ser utilizada bem como a simbologia do amplificador diferencial com
duas saídas.

Figura 2.6 - Amplificador diferencial com fonte de corrente simples e simbologia.

 Neste circuito a fonte -VEE junto com RE simula a fonte de corrente.

2.1.1 - Polarização CC
Para se analisar a polarização CC, as entradas devem estar com um potencial de 0V. Ambos os
emissores estão conectados ao resistor RE, sendo este o motivo que faz com que a corrente IE seja
constante.

 Se os transistores forem perfeitamente iguais, as correntes em cada emissor serão também iguais
à metade da corrente IE.

Para efetuar a análise, será usado o circuito mostrado na Figura 2.7.

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Figura 2.7 – Análise CC do amplificador diferencial.
Observe que a fonte de corrente ideal foi substituída pela fonte de corrente formada pelo resistor de
emissor RE em série com a fonte de tensão -VEE.

 Assim a corrente IO é a corrente no resistor de emissor RE.

O valor de IE é calculado através da malha base - emissor:

VBE  I O RE  VEE  0

VEE  VBE VEE  0,7


IO  
RE RE

Considerando-se Q1 = Q2 e como estamos desprezando as correntes de base, as correntes de coletores


são iguais às dos emissores, ou seja:

I E1  I E 2  IC1  IC 2  IC

E assim tem=se:

IO
I E1  I E 2  I C 1  I C 2  I C 
2

Como a tensão nos coletores é a tensão de alimentação menos as quedas de tensão nos resistores dos
coletores:

VC1  VC 2  VCC  IC RC

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2.1.2 - Análise CA do circuito
Vamos efetuar a análise das configurações possíveis para o amplificador diferencial. Que são:

1. Terminação Simples: é quando um sinal é aplicado numa entrada e a outra é conectada a terra;

2. Terminação Dupla: é quando dois sinais de fases opostas são aplicados nas duas entradas;

3. Modo Comum: é quando um mesmo sinal é aplicado nas duas entradas ou então dois sinais com
o mesmo potencial e defasagem 0º entre si é aplicado nas duas entradas.

A figura 2.8-a mostra o circuito do amplificador diferencial com sinais aplicados em ambas as entradas e
a figura 2.8-b o modelo correspondente CA completo para as análises a serem efetuadas.

(a)

11
(b)

Figura 2.8 – (a) Circuito do amplificador diferencial e (b) modelo CA completo para o circuito.

2.1.2.1 - Ganho de tensão CA com terminação simples.

Nessa análise uma das entradas é aterrada (Vi2) e considera-se o sinal de saída em somente um dos
coletores (Vo1). Deseja-se encontrar o ganho de tensão (AV) do amplificador. A Figura 2.9-a mostra o
circuito do amplificador nessas condições e a figura 2.9-b o modelo CA.

(a)

12
+
_

(b)

Figura 2.9 – (a) circuito do amplificador diferencial para Vi2 = 0 e sinal de saída no coletor de Q1 e (b)
modelo CA correspondente.

Considerando-se que Q1 = Q2 e assim:

I b1   I b 2  I b
1  2  
ri1  ri 2  ri

 Sendo que ri1 e ri2 são as resistências de entrada dos transistores


A Figura 2.10 mostra o circuito equivalente para a entrada Vi1:

+
Vri1
_
_
Vri2
+

Figura 2.10 – Circuito equivalente para a entrada Vi1.

Admitindo-se que RE seja muito elevado (RE ≈ ∞) e, do circuito equivalente a equação de malha será:

E como Ib 2   Ib1 :

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 Vi  I b1  ri1   I b1   ri 2  0

( )

Das condições anteriores de que Q1 = Q2 onde I b1   I b 2  I b e também ri1  ri 2  ri :

E assim:

Vi
Ib 
2ri

A resistência de entrada é obtida multiplicando-se a resistência dinâmica de emissor por β:

ri    re
Logo:

Vi
Ib 
2  re

Sabendo que a corrente de base se relaciona com a corrente de emissor pelo fator β:

Vi V
IC    Ib    i
2  re 2  re

A tensão de saída é dada pelo produto da corrente de coletor pela resistência de coletor:

Sendo que por definição o ganho de tensão é dado pela razão entre a tensão de saída e a tensão de
entrada:

Resulta em:

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Lembrando novamente que no caso do amplificador diferencial com terminação simples aplica-se sinal
somente a uma das entradas.

E assim temos que:

2.1.2.2 - Ganho de tensão CA com terminação dupla.

Nessa análise são aplicadas tensões CA em ambas as entradas. Para essa situação, o ganho denomina-
se de ganho de tensão diferencial (Ad) do amplificador, o qual desejamos encontrar.

A Figura 11 mostra o circuito equivalente CA do amplificador para as entradas.

+ +
Vri1 Vri2
_ _

Figura 2.11 – Circuito equivalente para as entradas Vi1 e Vi2.

Usando-se a leis das malhas:

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 Vi1  I b1ri  I b 2ri  Vi 2  0

E como Ib 2   Ib1 :

 Vi1  I b1ri  ( I b 2 ri )  Vi 2  0

 Vi1  I b1ri  I b 2ri  Vi 2  0

E fazendo ri1  ri 2  ri bem como I b 2   I b1  I b :

 Vi1  2I b ri  Vi 2  0

2I b ri  Vi1  Vi 2

Como a tensão diferencial de entrada é dada por Vd  Vi1  Vi 2 tem-se:

Vd
Ib 
2ri

Sabendo que a corrente de base se relaciona com a corrente de emissor pelo fator β:

Vi V
IC    Ib    d
2  re 2  re

As tensões de saída Vo1 e Vo2 são iguais, de modo que:

Vo1  Vo 2
E tal como no caso do amplificador com terminação simples, a tensão de saída é dada pelo produto da
corrente de coletor pela resistência de coletor, sendo que as correntes de coletor são iguais:

IC1  IC 2  IC
Logo:

Vo1  Vo2  IC  RC

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A tensão de saída é dada pelo produto da corrente de coletor pela resistência de coletor:

Vd
Vo1  Vo 2  I C1  RC   RC
2  re

Como o ganho diferencial é dado por definição como a tensão de saída V o1 dividida pela tensão
diferencial de entrada é dada por Vd  Vi1  Vi 2 vem que:

Vo1
Ad 
Vd

Ou então:

E assim temos que:

2.1.2.3 - Ganho em modo comum

Na operação em modo comum aplica-se o mesmo sinal em ambas as entradas, ou seja, Vi1 = Vi2 tal como
mostra a Figura 2.12-a e a figura 2.12-b mostra o modelo AC correspondente.

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(a)

+ +
Vri1
_
_

+
VRE
_
(b)

Figura 2.12 – (a) circuito do amplificador diferencial para entradas em modo comum. (b) modelo AC
correspondente.

Nessa análise, o resistor de emissor (RE) deverá ser considerado. Dessa maneira, usando-se a lei
das malhas, a tensão de entrada é:

Vi  I b  ri  2(  1) I b  RE

E a tensão de saída é:

Vo1  IC  RC

Sabendo que I c    I b tem-se que:

Vo1    Ib  RC

Assim:

Vo1   I b  RC   I b R C
Ac   
Vi I b  ri  2(   1) I b  RE I b ri  2  1  RE 

  RC
Ac 
ri  2(   1)  RE

Porém como ri    re o ganho de modo comum será:

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A equação pode ser simplificada admitindo-se β ≈ (β + 1) e que RE >> re:

  RC   RC
Ac  
  re  2(   1)  RE   re  2    R E

  RC RC
Ac  
 (re  2 RE ) re  2 RE

Não há sentido em se efetuar uma análise considerando as saídas nos dois coletores como no caso da
terminação dupla pois IC1 será igual a IC2 e consequentemente as tensões de coletor serão iguais.

Este fato é evidenciado na Figura 2.12, onde as correntes em ambos coletores são especificadas como
sendo IC.

Assim o ganho em modo comum obtido anteriormente vale para os casos de amplificadores diferenciais
com terminação simples e dupla.

2.1.3 - Razão de Rejeição de Modo Comum – Common Mode Rejection Ratio


(CMRR)
A qualidade de um amplificador diferencial é dada pela razão entre o ganho diferencial (A d) e o ganho em
modo comum (Ac). Essa razão é denominada de Razão de Rejeição de Modo Comum ou em inglês
Commom Mode Rejection Ratio abreviada como CMRR. Ou seja:

Ad
CMRR 
Ac

 Um bom amplificador diferencial deve possuir Ad >> Ac.

 A rejeição em modo comum (Ad / Ac) pode ser melhorada reduzindo-se Ac (idealmente a 0).

Para se melhorar o funcionamento do amplificador diferencial é preciso que se aumente o valor de RC


RC
para aumentar o ganho diferencial pois Ad 
2  re

Mas também é necessário aumentar o de RE para diminuir o ganho em modo comum, pois como foi
visto:

19
  RC R
Ac   C
ri  2(   1)  RE 2  RE

 Mas aumentando o valor de RC e RE haverá uma modificação na polarização dos transistores,


e, consequentemente afetará o funcionamento do amplificador.

Para melhorar o funcionamento e ao mesmo tempo não afetar o desempenho substituem-se os resistores
por fontes de corrente, tal como o da Figura 2.2-a repetido abaixo na Figura 2.13.

RC1 IC1 IC2 RC2 VCC


vo
vo1 vo2
Q1 Q2
VBE VBE

IE1 IE2 v2
v1

IO

Figura 2.13 - Amplificador diferencial com fonte de corrente constante.

2.2 - Considerações Adicionais Sobre o Amplificador diferencial com fonte de


corrente simples.
Na prática, os transistores nunca serão iguais e a fonte de corrente não será ideal. Como já foi visto
anteriormente, uma forma de implementar uma fonte de corrente simples é colocando-se um resistor
comum aos emissores em série com uma fonte de tensão. A Figura 2.14 mostra o circuito de um AD
prático com essa topologia.

20
Figura 2.14 – Amplificador diferencial real.

2.2.1 - Análise CC
Tal como já foi analisado anteriormente, o valor da fonte de corrente é calculado fazendo-se V1 = V2 = 0
(condições quiescentes), resultando:

VEE  Vbe
IO 
RE

No caso em que a tensão VEE seja muito maior que a tensão Vbe (pelo menos 10 vezes) podemos
desprezar Vbe e assim:

VEE
IO 
RE
Considerando os transistores iguais:
IO
I C1  I C 2 
2

E também, conforme foi deduzido anteriormente, para o amplificador com terminação dupla o ganho
diferencial é:

Vo1 Vo 2 Vo1 Vo 2 R
Ad      c
Vd Vd (Vi1  Vi 2 ) (Vi1  Vi 2 ) 2  re

E o ganho de modo comum:

21
RC
Ac 
2  RE

Como é desejável um Ac com o menor valor possível, estaríamos tentados então a aumentar RE ao
máximo possível, mas isso provocaria uma diminuição nas correntes de polarização e assim diminuindo o
ganho.

Para manter o mesmo valor de corrente, se RE aumentar, devemos aumentar proporcionalmente VEE, o
que na prática não é possível.

 Uma solução é substituir RE por um transistor que simula uma alta resistência sem que seja
necessário um valor alto de VCC. Desta forma se obtém um valor de Ac muito baixo.

O circuito da Figura 2.15 é chamado de amplificador diferencial com polarização por espelho de
corrente, sendo muito usado em circuitos integrados.

vo

vo1 vo2

Figura 2.15 – Amplificador diferencial com polarização por espelho de corrente.

2.3 - Amplificador diferencial com realimentação.


O circuito da Figura 2.15 tem um ganho instável por que o valor de re não é o mesmo para transistores do
mesmo tipo e também varia com a temperatura.

Uma forma de contornar o problema é aplicar a técnica da realimentação ao circuito como mostra a
Figura 2.16. Neste circuito a realimentação existente através de RE1 e RE2 diminui o ganho, mas o deixa
estável, isto é, se os transistores forem trocados ou a temperatura variar, o valor do ganho não muda.

22
VCC

RC1 RC2
vo
vo1 vo2

RE1’ RE2’
vi1 vi2
IO/2 IO/2
IE RE

-VEE
Figura 2.16 - Amplificador diferencial com realimentação.

2.3.1 - Análise CC
Como em geral a diferença entre as resistências dinâmicas dos emissores não é muito grande, temos
que:

RE’ = RE1’ = RE2’

O cálculo do valor da corrente IO é obtida da mesma forma que no caso anterior, ou seja, fazendo-se V1 =
V2 = 0 (condições quiescentes) e através a malha base-emissor, tal como mostra a Figura 2.17.
VCC

RC1 RC2
vo
vo1 vo2
VB1 = 0V VB2 = 0V

RE’ RE’

IO/2 IO/2
IO RE

-VEE
Figura 2.17 – Análise em corrente contínua do amplificador diferencial com realimentação
Assim tem-se:

IO
VBE   RE ' RE  I O  VEE  0
2

Isolando-se IE:

23
2.3.2 - Análise CA do circuito
2.3.2.1 – Ganho de tensão CA

O ganho de tensão CA é obtido aplicando-se tensões CA nas entradas do amplificador usando-se o


modelo CA do circuito e considerando a saída nos coletores dos transistores conforme a Figura 2.18.

24
+ +
+ Vri1 Vri2 +
_ _ _ _

+ RE1’ - + RE2’ -
VRE1’ VRE2’

Figura 2.18 – Modelo CA para o amplificador diferencial com realimentação para determinação do ganho
diferencial

Admitindo-se que RE seja muito elevado (RE ≈ ∞), pela lei das malhas temos:

( ) ( )

Sendo:

I b 2   I b1

ri1  ri 2  ri

1   2  

RE1  RE 2  RE '

Substituindo na equação da malha:

( ) ( )( ) ( )

( ) ( )

Coletando os termos:

 Vi1  2I b1  ri  2(1   ) I b1  RE 'Vi 2  0

2I b1[ri  2(1   )  RE ' ]  Vi1  Vi 2

25
Vi1  Vi 2
I b1 
2[ri  (1   )  RE ' ]

Como ri    re

Vi1  Vi 2
I b1 
2[   re  (1   )  RE ' ]

Se   (1   )

Vi1  Vi 2 Vi1  Vi 2
I b1  
2(   re    RE ' ) 2 (re  RE ' )

I C1
E sabendo que I b1  temos:

I C1 Vi1  Vi 2

 2 (re  RE ' )

Vi1  Vi 2
I C1 
2(re  RE ' )

Como Vo1  I C1  RC1 vem:

Vi1  Vi 2
Vo1  RC1
2(re  RE ' )

Vo1 Vo1
Sabendo que o ganho diferencial é dado por Ad   temos:
Vd Vi1  Vi 2
Vi1  Vi 2
RC1
2re  RE ' RC1
Ad  
Vi1  Vi 2 2re  RE '

E assim, considerando RC1 = RC2 = RC o ganho para o amplificador diferencial com realimentação é dado
por:

26
Se RE’ >> re as variações em re provocadas pela troca de transistor ou variação na temperatura serão
encobertas por RE’ e, desta forma, a equação do ganho diferencial poderá ser simplificada para:

2.3.2.2 – Ganho em modo comum

Para a obtenção do ganho em modo comum aplica-se o mesmo sinal em ambas as entradas, ou seja, Vi1
= Vi2 tal como mostra a Figura 2.19.

1
+ +
Vri
- -

+ RE1’ - RE2’
VRE’1 +
VRE
-

Figura 2.19 - Modelo CA para o amplificador diferencial com realimentação para determinação do ganho
em modo comum

Nessa análise, o resistor de emissor RE deverá ser considerado. Dessa maneira, usando-se a lei das
malhas:

( ) ( )

Sendo

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

Como Vo  I C  RC e I C    I b tem-se:

27
E sendo bem como :

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( )

Se   (1   ) teremos:

  RC
Ac 
  re    ( RE '2 RE )

E, portanto, o ganho de modo comum será:

Novamente se RE’ >> re as variações em re provocadas pela troca de transistor ou variação na


temperatura serão encobertas por RE e desta forma a equação de ganho de modo comum poderá ser
simplificada para:

Conclusões:

Observamos que as equações do ganho diferencial e de modo comum são mais genéricas do que
aquelas para o caso do amplificador diferencial com realimentação.

 Se os resistores de realimentação forem nulos, obtém-se as respectivas equações para o caso do


amplificador sem realimentação.

Fórmulas para os amplificadores diferenciais discretos:

Análise em corrente contínua


Tensão de saída Vo1  Vo 2  Ad  Vd  Ad (Vi1  Vi 2 )

28
Tensão em modo comum (Vi1  Vi 2 )
Vc 
2
Tensão de saída completa Vo1  Vo 2  Ad  Vd  Ac  Vc
Sem resistor de VEE  VBE VEE  0,7
Corrente no resistor da realimentação IO  
fonte de corrente dos RE RE
emissores (RE) Com resistor de VEE  VBE VEE  0,7
IO  
realimentação RE ' RE '
 RE  RE
2 2
Correntes de emissor e coletor IO
I E1  I E 2  I C 1  I C 2  I C 
2
Tensão de coletor VC1  VC 2  VCC  IC RC

Análise em corrente alternada


Tensão de saída Ganho diferencial Ganho em modo comum
RC
Terminação vo1  AV  Vi AV 
simples 2  re   RC R
Ac   C
  re  2(  1)  RE 2  RE
vo1  vo 2  Ad  Vd  Ad (Vi1  Vi 2 ) RC
Terminação dupla Ad 
2  re
RC R RC RC
Ad   C Ac  
Terminação dupla vo1  vo 2  Ad  Vd  Ad (Vi1  Vi 2 ) 2(re  RE ' ) 2  RE ' re  RE '2RE RE '2RE
com realimentação

Exercícios

1. Para o amplificador diferencial da Figura 2.20, pede-se:

29
a) Corrente de polarização IO
b) As correntes IE1, IE2, IC1, IC2, Vo1, Vo2 e VO em condições quiescentes (Vi1 = Vi2 = 0)
c) Ganho diferencial
d) Desenhe os gráficos de Vi1, Vi2, Vo1, Vo2 e Vo se Vi1 = 20 mVp, senoidal e Vi2 = 0.

vo1 vo2

vo

Figura 2.20 – Circuito para o exercício 1.

Solução:
VEE  Vbe (12  0,7)
a) com Vi1 = Vi2 = 0 IO    5,14mA
RE 2k 2

IO 5,14mA
b) IC1 = IC2 = IE1 = IE2 = IE =   2,57mA
2 2

Vo1  VCC  RC1I C1  12  2200  2,57mA  6,35V  Vo 2

Portanto Vs = Vs1 – Vs2 = 0

RC 26mV 26mV
c) Ad  re    10,12
2  re IE 2,57mA
RC 2200
Portanto Ad    108,70
2  re 2 10,12

d) Se Vi1 = 20mVp e Vi2 = 0 Vd = Vi1 – Vi2 = Vi1

Como Vo1  Ad  (Vi1  Vi 2 )  108,7  20mV  2,17V p e com fase invertida em relação à entrada.
2. Para o amplificador diferencial da Figura 2.21, pede-se:

a) Corrente de polarização IO
b) As correntes IE1, IE2, IC1, IC2, Vo1, Vo2 e Vo em condições quiescentes (Vi1 = Vi2 = 0)

30
c) Ganho diferencial
d) Desenhe os gráficos de Vi1, Vi2, Vo1, Vo2 e V0 se Vi1 = 40 mVp, senoidal e Vi2 = 20mVp senoidal.

Vo Form
New
Form
New
Subs

Form

Figura 2.21 – Circuito para o exercício 2

31
3. Para o amplificador diferencial da Figura 2.22 pede-se:

a) IO, IE1, IE2, IC1. IC2, Vo1 e Vo2 em condições quiescentes (Vi1 = Vi2 = 0)
b) Ganho diferencial
c) Desenhe os gráficos de Vi1, Vi2, Vo1, Vo2 e V0 se Vi1 = 100mVp, senoidal.

vo1 vo2

vo

Figura 2.22 – Circuito para o exercício 3.

Solução:

32
VEE  Vbe (12  0,7)
a) I O    5mA
RE ' (50  2200)
 RE
2
I O 5mA
IC1 = IC2 = IE1 = IE2 = IE =   2,5mA
2 2

Vs1  Vs 2  VCC  I C1RC1  12  2k 2  2,5mA  6,5V (Em condições quiescentes)

RC 26mV 26mV
b) Ad  re    10,4
2  (re  RE ' ) IE 2,5mA
RC 2200
Portanto Ad    9,96
2  (re  RE ' ) 2  (10,4  100)

c) Vi1 = 100 mV Vi2 = 0 V Vi1 – Vi2 = 100mV = 0,1V

Portanto Vo1  Ad  (V1  V2 )  9,96  0,1V  0,996  1V e defasado 180° em relação a Vi1.

Vo 2  Ad  (V1  V2 )  9,96  0,1V  1V e em fase com Vi1.


4. Para o amplificador diferencial da Figura 2.23 pede-se:

a) IO, IE1, IE2, IC1. IC2, Vo1 e Vo2 em condições quiescentes (Vi1 = Vi2 = 0)
b) Ganho diferencial e ganho de modo comum.
c) Desenhe os gráficos de Vi1, Vi2, Vo1, Vo2 e Vo se Vi1 = 15mVp, senoidal.

Vo

Figura 2.23 – Circuito para o exercício 4

33
5. Para o amplificador diferencial da Figura 2.24 pede-se:

a) IO, IE1, IE2, IC1, IC2, Vo1 e Vo2 e Vo em condições quiescentes (Vi1 = Vi2 = 0)
b) Ganho diferencial e ganho de modo comum.
c) Desenhe os gráficos de Vi1, Vi2, Vo1, Vo2 e Vo se Vi = 20mVp, senoidal.

RC1 RC2
Vo Vo
1 2
Vo

R3

Figura 2.24 – Circuito para o exercício 5.

34
3 - Amplificadores Operacionais

3.1 - Diagrama interno básico

A figura 3.1 apresenta o diagrama interno básico de um amplificador operacional.

Figura 3.1 – Diagrama interno básico de um amplificador operacional

Estágio diferencial de entrada - formado por um amplificador diferencial (Q1 e Q2) e uma fonte de
corrente constante (Q4, R7 e o díodo Zener "Z1").

35
A fonte de corrente constante garante a estabilidade do circuito minimizando o efeito da temperatura
sobre o ponto quiescente de cada transístor (Q1 e Q2). A função de Q1 e Q2 é fornecer uma tensão CC
diferencial e amplificada para o estágio seguinte. A figura 3.2 mostra em destaque o estágio diferencial de
entrada.

Figura 3.2 – Estágio diferencial de entrada


Estágio deslocador de nível e Amplificador Intermediário – Representado por "Q3", tem a função de
proporcionar maior ganho de sinal, bem como ajustar em um referencial "zero" o nível de tensão CC
proveniente do estágio anterior. Este ajuste é importante para não alterar a referência de saída do
operacional, principalmente quando em operação com corrente alternada. A figura 3.3 mostra o estágio
deslocador de nível em destaque.

Figura 3.3 – Estágio deslocador de nível

Estágio Acionador de Saída - Este estágio deve proporcionar uma baixa impedância de saída e
suficiente corrente para alimentar a carga especificada para o operacional. Evidente que a impedância de
entrada deste estágio precisa ser alta para não carregar o estágio anterior.
Normalmente, utiliza-se uma configuração do tipo seguidor de tensão para este estágio (Q5 e Q6) e para
a saída geralmente transistores complementares, neste exemplo "Q7" e "Q8". A figura 3.4 mostra o
estágio acionador de saída em destaque.

36
Figura 3.4 – Estágio acionador de saída

A Figura 3.5-a mostra o esquema interno simplificado do LM 741, um amplificador operacional comercial
e a 3.5-b o diagrama interno completo

(a) Diagrama interno simplificado do LM 741

37
(a) Diagrama interno simplificado do LM 741

Figura 3.5 – Diagramas interno simplificado e completo do amplificador Operacional LM 741


3.2 - Representação de um Amplificador Operacional
Um Amp. Op. pode ser entendido como um circuito amplificador de alto ganho, onde a entrada é
representada por uma resistência de alto valor e a saída por uma fonte de tensão controlada e uma
resistência em série. A figura 3.6-a representa a simbologia do amplificador operacional e a figura 6-b o
modelo equivalente.

(a) Simbologia (b) Modelo

Figura 3.6 - Representação e modelo de um amplificador operacional

Resistência de entrada: Ri
Tensão de saída: Vth = Av (V1 – V2)
Resistência de saída: Ro = Rth

Para um 741, Av = 100.000; Ro = 75Ω.

38
3.2.1 - Características dos Amplificadores Operacionais

Av = Ganho de Tensão Diferencial ou Ganho de Malha Aberta. É o ganho do amplificador operacional


quando são aplicados sinais diferenciais em suas entradas. Idealmente é infinito.

VO
AV 
V1  V2

Normalmente dado em dB (decibéis). Para um 741, Av = 100 dB.

Para calcular o ganho de tensão em dB basta fazer: Av(dB) = 20 log |Av|, que no caso do
741, será:

Av(dB) = 20 log 100.000 = 20 log 105 = 20 × 5 log 10 = 100dB

AMC = Ganho em Modo Comum. É o ganho do amplificador operacional quando aplicamos o mesmo
sinal em suas entradas. Idealmente é zero.

Rin = Resistência de Entrada. É a resistência de entrada do amplificador operacional e idealmente é


infinita. Na prática deseja-se que apresente o maior valor possível.

Entradas com TJB: Rin 1MΩ


Entradas com FET: Rin 1012Ω

Ro = Resistência de Saída. É a resistência de saída do amplificador operacional e idealmente é zero.


Na prática deseja-se que apresente o menor valor possível.

Normalmente Ro 100Ω. O valor ideal para Ro seria 0Ω, mas traria problemas para o CI quando
ocorresse curto-circuito na saída.

CMRR = Razão de Rejeição de Modo Comum (Commom Mode Rejection Ratio). É definido como a razão
entre o ganho diferencial e o ganho de modo comum e é a propriedade do amplificador operacional
rejeitar sinais idênticos aplicados simultaneamente nas suas entradas.

AV
CMRR 
AMC

Input Offset Voltage = Tensão de Off-Set de entrada. É a tensão que deve ser aplicada entre as
entradas do amplificador operacional, ou em uma entrada quando a outra é aterrada para se ter a tensão
de saída Vo nula.

Trata-se da compensação das diferenças entre as tensões Vbe dos transistores de entrada. O fato dos
transistores de entrada não serem idênticos provoca um desbalanceamento interno do qual resulta uma
tensão na saída mesmo quando as entradas são aterradas, ou seja, uma tensão de offset de saída Vo
(offset).

Input Bias Current = Corrente de Polarização da Entrada. É o valor médio das correntes nas entradas
dos amplificadores operacionais.

39
Idealmente deveria ser zero, e para o 741 o valor típico de IB é de 80 nA. Para o LF351 é de 50 pA.

Input Current Offset = Corrente de Offset de Entrada. É a diferença entre as correntes nas duas
entradas do Amp Op quando a tensão de saída é nula (VO = 0).

Idealmente deveria ser nula. Para o 741é de 20 nA.

SR = Slew Rate. Taxa de Inclinação (variação). É a taxa máxima de variação da tensão de saída por
unidade de tempo. É expresso em Volts por microssegundos (V/µs). Em termos gerais, o valor do SR
fornece a velocidade de resposta. Quanto maior o SR, melhor será o amplificador.

O Amp. OP. 741 possui SR = 0,5 V/µs, o LF351 possui SR = 13 V/µs e o LM318 possui SR = 70 V/µs.

Um sinal senoidal aplicado à entrada produzirá um correspondente sinal senoidal na saída. Assim o
SR pode ser calculado usando-se a seguinte equação:

SR  2    f  Vp

Convém frisar que VP é a amplitude máxima ou valor de pico do sinal senoidal de saída e f é a
frequência máxima do sinal.

A equação anterior estabelece que, em função do SR (determinado pelo fabricante), o projetista deverá
estabelecer um comprometimento entre as variáveis f e VP, ou seja, para f fixado ter-se-á um valor
máximo de VP e vice-e-versa. Caso não se observe esse fato, o sinal de saída poderá sofrer uma
distorção acentuada, conforme mostra a figura 6 a seguir (para o caso de um sinal senoidal).
A figura 3.7 mostra a distorção na saída causada pelo slew rate a um sinal aplicado na entrada.

Figura 3.7 – Efeito do slew rate na saída do amplificador operacional para um sinal senoidal na entrada

Saturação = quando um Amp. Op. Atingir na saída um nível de tensão fixo a partir do qual não se pode
mais variar sua amplitude, dizemos que o Amp. Op. Atingiu a saturação. Idealmente os valores de

40
saturação seriam ± ∞. Na prática o nível de saturação é relativamente próximo de ± VCC. A figura 3.8-a
mostra os níveis de saturação do amplificador operacional e a figura 3.8-b o efeito causado onde o sinal
senoidal teve os seus picos ceifados.

(a) Níveis de saturação (b) Sinal senoidal com os picos ceifados

Figura 3.8 – Efeitos da saturação

Drift = É o efeito do deslocamento do ponto quiescente em função da temperatura. A variação de


corrente é representada por ΔI/Δt e seu valor é fornecido em nA/°C. A variação de tensão é representada
por ΔV/Δt e seu valor e fornecido em µV/°C.

Band Width (BW) = Banda Passante. É a faixa de frequências para a qual o ganho do amplificador é
1
igual ou menor que  0,707 ou – 3dB do ganho nominal ou em frequências médias. Para o 741,
2
sem realimentação, BW = 10 Hz. Com realimentação negativa, o ganho nominal diminui, mas a BW
aumenta.

Frequência de ganho unitário (fT) = é a frequência para a qual o ganho do amplificador não
realimentado é igual a 1, ou seja, igual a 0 dB. Para o 741 a fT = 1MHz.

A figura 3.9 mostra o gráfico denominado de “ganho de tensão em malha aberta versus frequência”
(Open loop voltage gain as function of frequency) e demonstra que o ganho do Amp. Op se reduz à
medida que a frequência aumenta.

41
Avo(max)

Curva em malha fechada


para AVf = 10

fC fS fT

Figura 3.9 – Ganho de tensão em malha aberta versus frequência

Ele permite verificar que o produto “ganho versus largura de faixa” é sempre uma constante igual à
frequência de ganho unitário fT.

PGL  Avf  BW  fT

No gráfico anterior, verifica-se que na frequência de transição que é 1 MHz, o ganho é 0db ou igual a 1.

Caso o ganho seja aumentado para 20 dB ou 10 vezes, haverá uma redução da largura de banda que
será:

fT 1.000.000
BW    100.000  100kHz
Avf 10

Significando que a máxima frequência possível para um ganho de 10 vezes será 100 kHz, a qual é
denominada de frequência de corte superior fS.

Rise Time = Tempo de subida. É o tempo gasto pelo sinal de saída para variar de 10% a 90% de seu
valor final. Para o 741 o rise time é na ordem de 0,3 µs.

O rise time está relacionado com a largura de faixa da seguinte maneira:

0,35
BW ( MHz) 
Tr ( s)

42
A figura 3.10 demonstra como o rise time pode ser medido.

Figura 3.10 – Rise time e overshoot na saída de um amplificador operacional

Overshoot = Sobrepassagem ou sobredisparo. É o valor dado em porcentagem de quanto o nível de


tensão de saída foi ultrapassado durante a resposta transitória do circuito, ou seja, antes de atingir o
seu estado permanente. Para o 741 é na ordem de 5%.

A figura 10 também indicada o ponto de overshoot. Convém frisar que o overshoot é um fenômeno
prejudicial, principalmente quando se trabalha com sinais de baixo nível.

Seja VO o valor do nível estabilizado da tensão de saída do OP e seja VOVS o valor da “sobrepassagem”
ou overshoot em relação ao nível VO, temos então:

VOVS
%VOVS   100
VO

3.3 - Sistema genérico com realimentação negativa


A realimentação consiste em aplicar na entrada de um sistema uma parcela ou amostra do sinal de saída
juntamente com o sinal de entrada.

E de acordo com a polaridade ou fase desta amostra do sinal de saída aplicado à entrada em relação à
polaridade ou fase do sinal de entrada, podemos ter dois tipos de realimentação:

 Realimentação positiva: quando a polaridade ou fase da amostra do sinal de saída é a mesma


do sinal de entrada.

43
 Realimentação negativa: quando a polaridade ou fase da amostra do sinal de saída é inversa à
do sinal de entrada.

A Figura 3.11-a mostra um sistema genérico com realimentação positiva e a Figura 11-b um sistema
genérico com realimentação negativa.

(a) (b)

Figura 3.11 - Sistemas genéricos com realimentação (a) positiva e (b) negativa

Em ambas figuras temos que:

- Vi é o sinal de entrada

- Vo é o sinal de saída

- Avo é o ganho em malha aberta do sistema

- β é o fator de realimentação

- Ve é o sinal de erro

- Vf é o sinal realimentado na entrada

A realimentação negativa é majoritariamente empregada nas aplicações lineares com os amplificadores


operacionais. Já a realimentação positiva é empregada nas aplicações não lineares e osciladores com
amplificadores operacionais, e será estudada posteriormente.

Assim, a partir da Figura 3.11-b verificamos que:

Também:

E:

44
Substituindo a Equação3.2 na Equação3.1, temos:

Substituindo a Equação 3.3 na Equação 3.4, temos

Rearranjando a Equação 3.5:

( )

( )

E assim:

A relação denomina-se ganho em malha fechada e será representada por Avf.

Logo:

A Equação 3.7 é conhecida por Equação de Black devido a Harold S. Black, o qual desenvolveu a teoria
da realimentação negativa em 1927 na Bell Laboratories.

Para a situação onde o ganho em malha aberta Avo → temos que:

Logo:

45
Ou seja, o ganho em malha fechada pode ser controlado através do circuito de realimentação
negativa, sendo esse um dos grandes méritos da realimentação negativa.

3.4 - Modos de operação do Amplificador Operacional


O amplificador operacional pode oberar basicamente de três nodos:

A – Sem realimentação

Este modo é também denominado de operação em malha aberta. A Figura 3.11 apresenta um circuito
com o amplificador operacional em malha aberta.

Figura 3.11- Circuito de amplificador operacional em malha aberta

Nessa condição, o ganho do circuito é o próprio ganho de tensão diferencial Av que é especificado nas
folhas de dados, não havendo controle sobre ele. Porém essa forma de operação é muito útil nas
aplicações não lineares dos OPs.

B – Com realimentação positiva

Conforme definido anteriormente, a realimentação consiste em aplicar na entrada do sistema uma


parcela do sinal de saída juntamente como sinal de entrada.

Por essa razão é denominada de operação em malha fechada. A Figura 3.12 mostra um circuito de
amplificador operacional com realimentação positiva.

46
Figura 3.12 – Circuito de amplificador operacional com realimentação positiva

Observe que a saída é reaplicada na entrada não inversora do operacional através de um resistor de
realimentação Rf.

Um inconveniente da realimentação positiva é que pode levar o circuito à instabilidade. No entanto a


realimentação positiva é empregada em circuitos osciladores e nas aplicações não lineares.

C – Com realimentação negativa

A realimentação negativa é amplamente empregada nas aplicações lineares dos amplificadores


operacionais, sendo que a Figura 3.13 mostra um circuito de amplificador operacional com realimentação
negativa.

Figura 3.13 – Circuito de amplificador operacional com realimentação positiva

Este modo de operação é também em malha fechada sendo que o ganho agora é o de malha fechada e
pode ser controlado pelo projetista.

3.5 - Conceito de Curto Circuito Virtual e Terra Virtual


Para explicar os conceitos de “curto-circuito” virtual e “terra virtual” vamos empregar um circuito com um
modelo simples de amplificador operacional, tal como mostra a Figura 3.14.

47
Figura 3.14 – Circuito empregando modelo simplificado de amplificador operacional

Onde:

Ri é a Resistência de entrada
IB1 e IB2 a correntes de polarização das entradas
FTCT é a fonte de tensão controlada por tensão
Avo é o ganho de tensão em malha aberta
Vd = Vb – Va é a tensão diferencial de entrada
Ro é a resistência de saída

Para a nossa análise vamos admitir que a resistência de entrada Ri seja infinita, ou seja:

Por consequência as correntes de polarização IB1 e IB2 serão nulas, ou seja:

Assim, aplicando a lei das correntes de Kirchhoff no nó a temos:

Sendo :

( )

( )( ) [ ( ) ]

( ) ( )

48
( ) ( )

Calculando o limite de Vb quando Avo tende a infinito temos como resultado:

Esse resultado só é possível graças à realimentação negativa a qual tende a igualar os potenciais dos
pontos a e b quando o ganho em malha aberta tende a infinito.

A equação 3.9 indica que a diferença de potencial entre os pontos a e b é nula, independentemente
dos valores de tensão de V1 e V2.

 Devido a esse fato, dizemos que entre as entradas inversora e não-inversora de um OP


realimentado negativamente existe um curto-circuito virtual.

No caso particular da entrada não-inversora estar ligada a terra, o potencial da entrada inversora será
nulo por consequência da Equação 3.9.

 Esta situação é denominada de terra virtual, o qual é um caso particular do curto-circuito virtual

O termo curto-circuito virtual é usado para a situação onde tem-se tensão igual entre dois pontos
distintos, mas não flui corrente entre eles como ocorreria em um curto circuito real.

Em realidade o ganho de um amplificador operacional não é infinito e temos a tensão da entrada não
inversora tendendo ao valor da entrada inversora.

4 - Aplicações lineares dos amplificadores operacionais


4.1 - Amplificador inversor

49
A característica principal deste amplificador é que a o sinal de saída estará sempre invertido em relação à
entrada. Isso significa que um sinal de corrente contínua aplicado na entrada aparecerá com
polaridade invertida na saída e um sinal de corrente alternada aplicado na entrada aparecerá com a
fase invertida na saída.

A figura 4.1 mostra o circuito para a configuração para o circuito amplificador inversor.

Figura 4.1– Amplificador inversor

Aplicando-se a LKC (lei de Kirchhoff das correntes) no nó a, tem-se:

Vi  Va Vo  Va
 0
Ri Rf
Mas usando-se o conceito de curto circuito virtual onde Va  Vb e assim Va  0 :
Vi  0 Vo  0
 0
Ri Rf
Vi Vo
 0
RI R f
Vo V
 i
Rf Ri

E assim:
Rf
Vo   Vi
Ri
Vo
Mas como o ganho de tensão é AV  tem-se:
Vi
Rf
AV   Onde o sinal negativo expressa a inversão de polaridade ou de fase.
Ri

4.2 - Amplificador não inversor

Nessa configuração, não haverá inversão do sinal de saída em relação à entrada, ou seja, um sinal de
corrente contínua aplicado na entrada aparecerá com a mesma polaridade na saída e um sinal de

50
corrente alternada aplicado na entrada aparecerá com a mesma fase na saída. A figura 4.2 mostra o
circuito para a configuração para o circuito amplificador não inversor.

Figura 4.2 – Amplificador não inversor

Aplicando-se a LKC (Lei de Kirchhoff das Correntes) no nó a, tem-se:

0  Va Vo  Va
 0
Ri Rf
 Va Vo  Va
 0
Ri Rf
Mas usando-se o conceito de curto circuito virtual onde Va  Vb e assim Va  Vi :
 Vi Vo  Vi
 0
Ri Rf
 R f Vi  Ri Vo  Vi   0

 R f Vi  RiVo  RiVi  0

RiVo  Vi Ri  R f   0

RiVo  Vi Ri  R f 

Vo  Vi
R  R 
i f

Ri
 Rf 
Vo  Vi 1  
 Ri 
Vo
Mas como o ganho de tensão é AV 
Vi

51
Rf
AV  1 
Ri

Observa-se que na configuração não inversor o ganho do amplificador nunca será menor do que 1.

4.3 - Considerações práticas sobre a tensão de offset

Conforme já foi definido anteriormente, o Amp Op apresenta uma tensão de offset de saída V o(offset)
mesmo quando as entradas são aterradas.

Para cancelar a tensão Vo(offset), o fabricante dos Amp Op costuma fornecer dois terminais, aos quais se
conecta um potenciômetro. O cursor do potenciômetro é levando a um dos pinos de alimentação para
prover o cancelamento dessa tensão.

O cancelamento de Vo(offset), através do potenciômetro, se dá devido ao fato de os pinos citados


estarem conectados ao estágio diferencial de entrada do Amp Op, permitindo, assim, o balanceamento
das correntes de coletor dos transístores desse estágio.

Esse balanceamento permitirá o cancelamento da pequena diferença de tensão existente entre os


valores de VBE dos transistores de entrada, denominada de tensão de offset de entrada, Vi(offset) a qual é
amplificada produzindo a tensão de offset de saída.

O valor de Vi(offset) é fornecido pelos fabricantes e está na ordem de milivolts. No manual do fabricante
esse parâmetro vem denominado como input offset voltage.

A figura 4.3 mostra as extremidades do potenciômetro conectado aos pinos de balanceamento dos Amp
Ops 741 e 351, e o cursor conectado à alimentação negativa.

Figura 4.3 – Balanceamento de offset dos amplificadores operacionais 741 e 351

4.3.1 - Balanceamento externo

52
Quando o Amp Op não possui os terminais para o ajuste de balanceamento, ele deverá ser feito através
de circuitos resistivos externos.

Na figura 4.4 tem-se o circuito utilizado para fazer a compensação de offset para a configuração inversora

Figura 4.4 – Compensação de offset para a configuração inversora

No circuito, o resistor ajustável P1 permite ajustar a tensão de compensação de offset.

Como regra prática usa-se:

Sendo que

O valor de R4 é tipicamente 100kΩ

E o resistor ajustável P1 deve estar na faixa de 10kΩ a 47kΩ.

E na figura 4.5 tem-se o circuito utilizado para fazer a compensação de offset para a configuração não-
inversora.

53
Figura 4.5 – Compensação de offset para a configuração não inversora

Novamente, no circuito o resistor ajustável P1 permite ajustar a tensão de compensação de offset.

Como regra prática usa-se:

R4 >> (RA+RB) // Rf

RA << RB

O resistor ajustável P1 deve estar na faixa de 10kΩ a 100kΩ

E devemos tomar cuidado que o ganho do amplificador não-inversor agora será dado por:

( )

4.3.2 – Redução simples da tensão de offset

54
Como pode ser visto, os circuitos de compensação externa de offset para os OPs sem terminais
específicos para compensação de offset são um tanto complicados e ainda é necessário usar resistores
de precisão.

No entanto a tensão de offset poderá ser reduzida, mas não anulada, de uma forma mais simples que
consiste na adição de um resistor de equalização Re na entrada inversora ou na não inversora
dependendo da configuração escolhida.

A Figura 4.6-a mostra a adição do resistor de equalização na configuração inversora e a Figura 4.6-b
mostra a adição do resistor de equalização na configuração não inversora.

(a) (b)

Figura 4.6 – Adição do resistor de equalização nas configurações (a) inversora e (b) não-inversora

Para obter a expressão que permite calcular o resistor de equalização vamos empregar a configuração
inversora, tal como mostra a Figura 4.7 Porém ficará evidente que a expressão é válida para ambas as
configurações.

Th

Figura 4.7 – Circuito para obtenção do resistor de equalização Re

Para tanto, iremos aplicar o teorema de Thevenin na entrada inversora do amplificador, o que resulta em:

55
E

Assumindo que as correntes de polarização das entradas IB1+ e IB2+ são praticamente iguais, obtém-se
também praticamente a mesma tensão nas entradas inversora e não inversora se:

 Observe que nos circuitos de balanceamento externo de offset essa técnica foi empregada para
reduzir a tensão externa necessária para a compensação de offset.

4.4 - Relação entre a tensão de offset de entrada e a tensão de offset de saída

Conforme explicitado anteriormente, a tensão de offset de saída Vi(offset) é ocasionada pela tensão de
offset de entrada Vi(offset).

 Porém os fabricantes somente fornecem a nas folhas de dados a tensão de offset de entrada
Vi(offset).

 No entanto é possível determinar a tensão de offset de saída a partir da tensão de offset de


entrada.

A expressão que relaciona a tensão de offset de entrada e offset de saída pode ser encontrada a partir do
circuito mostrado na Figura 4.6.

Rf

R1 b

Vd AV Vo

Vi(offset) a

Re

Figura 4.6 – Circuito para a obtenção da relação entra a tensão de offset de entrada e a tensão de offset
de saída

Observamos que:

( )

56
E sabendo que:

( )

( ( ) )

( )

( )

( ) ( )

( )
( )

( )

Portanto:

( )

Como a tensão de offset de saída é obtida aplicando-se o mesmo potencial em ambas as entradas do
circuito amplificador, ela é válida tanto para configuração inversora quanto não inversora.

57
4.5 - Seguidor de Tensão

O circuito seguidor de tensão constitui uma das aplicações mais comuns do amplificador
operacional. Na literatura inglesa este circuito é designado por buffer.

Se no amplificador não-inversor fizermos Ri = ∞ (circuito aberto) e Rf = 0 (curto circuito) teremos:

 R   0
Vo  Vi 1  f   Vi 1  
 Ri   

E apesar de termos novamente uma indeterminação matemática, aplicando-se novamente o conceito de


limite tal como no caso da definição de curto-circuito virtual, tem-se que a razão 0/∞ pode ser igualada a
zero.

E assim:

Vo  Vi  1
Vo
Av  1
Vi
Significando que o sinal na saída do amplificador terá a mesma amplitude e fase do sinal aplicado na
entrada. A Figura 4.7 mostra a configuração do seguidor de tensão ou buffer.

Figura 4.7 – Seguidor de tensão ou buffer

Este circuito apresenta uma altíssima impedância de entrada e uma baixíssima impedância de saída e
apresenta diversas aplicações tais como:

a) Isolador de estágios
b) Reforçador de corrente
c) Casador de impedâncias

Dos circuitos com Amp Op, o seguidor de tensão é o que apresenta características mais próximas
das ideais, em termos das impedâncias de entrada e saída.
Em alguns casos, um seguidor de tensão pode receber um sinal através de uma resistência em série,
colocada no terminal não inversor (Rs). Nesse caso, para que se tenha um balanceamento do ganho das
correntes, é usual a colocação de outro resistor de mesmo valor na malha de realimentação (Rf).

58
Na Figura 4.8 é mostrada a configuração onde devemos ter Rs = Rf, o que implica em Av =1.

Figura 4.8 – Seguidor de tensão com a adição de resistores de entrada e realimentação

Das aplicações citadas anteriormente, a de casador de impedância ocorre quando deseja-se conectar
um gerador de sinais a um amplificador que possua baixa impedância de entrada, conforme ilustra a
Figura 4.8.

Figura 4.8 – Buffer efetuando o casamento de impedâncias entre um gerador de sinais e um amplificador
de baixa impedância de entrada.

 Quando as amplitudes dos sinais envolvidos são relativamente altas (na ordem de volts), não é
necessário colocar Ro, já que o erro produzido pelo desbalanceamento não será apreciável.

59
4.6 - Amplificador somador inversor

O amplificador somador permite obter na sua saída a soma de sinais tanto em corrente contínua ou
alternada, multiplicados por um ganho, mas invertendo a polaridade dos sinais em corrente contínua
e a fase dos sinais em corrente alternada em relação à entrada.

A figura 4.9 mostra a configuração de um amplificador somador inversor com 3 entradas, sendo possível
ter mais entradas.

Figura 4.9 – Amplificador somador inversor com 3 entradas

Aplicando a LKC (Lei de Kirchhoff das Correntes) no nó a, temos:

V1 V2 V3 Vo
   0
R1 R2 R3 R f

Vo V V V
 1  2  3
Rf R1 R2 R3

E assim:

V V V 
Vo   R f  1  2  3 
 R1 R2 R3 

60
4.7 - Amplificador somador não inversor

Se quisermos efetuar a soma de sinais de corrente contínua e/ou corrente alternada multiplicadas por um
ganho porém sem inversão de polaridade ou fase na saída, recorrermos ao amplificador somador não
inversor. A Figura 4.10 mostra um amplificador somador não inversor com 3 entradas, sendo possível ter
mais entradas.

Figura 4.10 - Amplificador somador não inversor com 3 entradas

Aplicando a LKC (Lei de Kirchhoff das Correntes) no nó b, temos:

V1  Vb V2  Vb V3  Vb
  0
R1 R2 R3

Separando os termos a partir dos denominadores:

V1 Vb V2 Vb V3 Vb
     0
R1 R1 R2 R2 R3 R3

E agora reagrupando os termos a partir dos numeradores:

V1 V2 V3 Vb Vb Vb
    
R1 R2 R3 R1 R2 R3

 1 1 1  V1 V2 V3
Vb        e isolando Vb:
 R1 R2 R3  R1 R2 R3

V1 V2 V3
 
R1 R2 R3
Vb 
1 1 1
 
R1 R2 R3

61
A partir da equação do ganho do amplificador não inversor:

Vo R
Av   1 f
Vb Ri
 Rf 
Vo  1    Vb
 Ri 

E assim:
V1 V2 V3
 
 R f  R1 R2 R3
Vo  1   
 R i 
1 1 1
 
R1 R2 R3

Para tornar a expressão da tensão de saída mais simples, pode-se usar o conceito do inverso da
1
resistência 
 , a qual é denominada por condutância e simbolizada pela letra G, de modo que:
R
1 1 1
G1  , G2  e G3  e então:
R1 R2 R3
 R  V  G  V2  G2  V3  G3
Vo  1  f   1 1
 Ri  G1  G2  G3

62
4.8 - Amplificador diferencial ou subtrator

Conforme sabemos, o amplificador operacional apresenta na saída a subtração dos sinais presentes nas
suas entradas. O amplificador diferencial permite obter na sua saída uma subtração ponderada dos
sinais aplicados às suas entradas. O circuito do amplificador diferencial é apresentado na Figura 4.11.

Figura 4.11 – Amplificador diferencial ou subtrator

Para se obter a tensão na saída será necessário aplicar o teorema da superposição. Assim para se
obter a tensão Vo’ “mata-se” a tensão V2 aterrando-a, conforme mostra a Figura 4.12.

Figura 4.12 – Entrada V1 aterrada

Como impedância de entrada do operacional é muito maior do que a associação em paralelo de R3 com
R4 (idealmente infinita), então a entrada não inversora do operacional está efetivamente aterrada.

63
Assim o circuito vira um amplificador inversor e:

R2
Vo '  V1 
R1
E para se obter a tensão Vo’’ mata-se a tensão V1 tal como mostra a Figura 4.13.

Figura 4.13 – Entrada V2 aterrada

Agora tem-se um amplificador não inversor, onde a tensão Vb da entrada não inversora é dada pelo
divisor de tensão formado por R3 e R4:

R4
Vb  V2 
R3  R4
E usando-se a equação do ganho do amplificador não inversor:

Vo ' ' R
Av   1 2
Vb R1
 R 
Vo ' '  1  2   Vb
 R1 
 R  R4
Vo ' '  1  2   V2 
 R1  R3  R4

E assim como Vo = Vo’ + Vo’’ chega-se a:

 R4   R  R
Vo  V2     1  2   V1  2
 R3  R4   R1  R1

64
Se fizermos R3 = R1 e R4 = R2 como se mostra na Figura 4.14, chegamos a um caso particular muito útil
do amplificador subtrator:

Figura 4.14 – Caso especial do amplificador subtrator onde R3 = R1 e R4 = R2

E substituindo na equação que fornece a tensão de saída:

 R2   R  R
Vo  V2     1  2   V1  2
 R1  R2   R1  R1
 R2   R1  R2  R
Vo  V2        V1  2
 R1  R2   R1  R1
R2 R
Vo  V2   V1  2
R1 R1

E assim:

Vo 
R2
V2  V1 
R1

65
4.9 - Amplificador de Instrumentação

Amplificador de Instrumentação

É um tipo especial de OP que nos permite obter algumas características muito especiais, tais como:

a) Resistência de entrada extremamente alta.


b) Resistência de saída menor que a dos OPs comuns.
c) CMRR superior a 100dB.
d) Ganho de tensão em malha aberta muito superior a dos OPs comuns.
e) Tensão de OFFSET de entrada muito baixa.
f) DRIFT extremamente baixo.

A Figura 4.15 mostra um amplificador de instrumentação construído com amplificadores operacionais:

I1
I
I2

Figura 4.15 – Amplificador de instrumentação

Como pode ser observado, o amplificador de instrumentação é composto por três amplificadores
operacionais, sendo que dois operacionais na configuração não inversora formam o estágio de entrada,
onde as entradas não inversoras compartilham o resistor R, o qual permite ajustar o ganho. O terceiro
amplificador do estágio de saída está na configuração especial de amplificador diferencial ou subtrator.

Aplicando a lei das malhas à malha formada por V4 – R1 – R – R1 – V3:

V4  V3  I1 R1  IR  I 2 R1

E considerando a corrente nas entradas inversoras sendo nula (I- = 0), temos que:

I  I1  I 2

66
Logo:

V4  V3  IR1  IR  IR1

V4  V3  I R  2R1 

A corrente I é dada por:

Mas por espelho de tensão temos VB = V2 e VA = V1:

V2  V1
I
R

Assim:

V4  V3 
V2  V1  R  2R 
1
R

 2R 
V4  V3  1  1 V2  V1 
 R 

E como a equação do ganho no caso especial do amplificador subtrator é:

VO 
RO
V4  V3 
R2
Temos finalmente:

RO  2 R1 
VO  1  V2  V1 
R2  R 

67
Tabela-resumo

Configuração Equação do ganho ou tensão de saída


Amplificador Inversor Rf
Vo   Vi
RI
Amplificador não inversor  Rf 
Vo  Vi 1  
 Ri 
Somador inversor V V V V 
Vo   R f  1  2  3  ...  n 
 R1 R2 R3 Rn 
Somador não inversor  R  V  G  V2  G2  V3  G3  ...  Vn  Gn
Vo  1  f   1 1
 Ri  G1  G2  G3  ...  Gn
Subtrator  R4   R  R
Vo  V2     1  2   V1  2
 R3  R4   R1  R1
Subtrator – caso especial
Vo 
R2
V2  V1 
R1
Amplificador de RO  2 R1 
instrumentação VO  1  V2  V1 
R2  R 

68
5 - Amplificador inversor generalizado

Podemos substituir os resistores de um amplificador inversor por duas impedâncias genéricas Z 1 e Zf de


acordo com a Figura 5.1, que, por sua vez, podem ser associações de resistores e capacitores, resistores
e indutores ou mesmo resistores, capacitores e indutores embora em circuitos envolvendo operacionais
os indutores sejam raramente utilizados.

Figura 5.1 – Amplificador inversor generalizado

Para o circuito da Figura 5.1, podemos escrever uma relação semelhante à do amplificador inversor, ou
seja:

Vo Z
Avf    f (Equação do ganho)
Vi Zi

Lembremo-nos que as impedâncias são resistências cujo valor ôhmico varia com a frequência.

69
5.1 - Diferenciador

O circuito mostrado na Figura 5.2 mostra o diferenciador elementar implementando assim a operação
matemática de diferenciação. Isso significa que apresenta uma saída proporcional à taxa de variação do
sinal de entrada.

Figura 5.2 – Diferenciador elementar

A tensão de saída é obtida aplicando-se a lei dos nós:

i  if  0
Sendo que a corrente if no resistor Rf é:

vo
if 
Rf

E a corrente i no capacitor é:
dvi
iC
dt

Dessa maneira, substituindo as expressões das correntes na equação nodal tem-se:

dvi vo
C  0
dt R f

vo dv
 C i
Rf dt

E assim:
dvi
vo   R f C
dt

 Devemos observar que o sinal de “-“ na equação anterior significa que o sinal na saída estará com
fase invertida (contrafase) em relação ao sinal de entrada.

70
Como primeiro exemplo de operação do circuito, podemos aplicar um sinal triangular simétrico na entrada
de um diferenciador e a sua saída apresentará um sinal retangular conforme a Figura 5.3:

Figura 5.3 – Sinal triangular aplicado à entrada de um circuito diferenciador elementar e forma de onda
quadrada resultante na saída

A amplitude da forma de onda quadrada na saída do diferenciador é obtida a partir da forma de onda de
entrada triangular, a qual e composta por um segmento de reta ascendente e um segmento de reta
descendente. Tomando-se o segmento ascendente, a partir da equação da reta:

v  At  B

Em t  0 :

v  V p

Assim:

 Vp  A  0  B

B  V p

T
Em t 
2

v  Vp

71
Assim:

T
Vp  A  B
2
V p  A    V p 
T
2
AT
 2V p
2
4V p
A
2

Substituindo A e B na equação da reta:

4V p
vi (t )  t  Vp
T

E a partir da equação da tensão de saída do diferenciador:

d  4V p 
vo   R f C   t  V p 
dt  T 

Chegando-se então a:

 4V p 
Vop   R f C  
 T 

V pp
A equivalência com a amplitude representada na Figura 27 vem do fato que V p  e assim:
2
 V pp 
4 
   R f C  pp 
2V
Vop   R f C  2  T 
 T   
 
 
E assim:
V 
vop  R f C 
pp 
T 
 2

72
Outro exemplo consiste em aplicar um sinal retangular na entrada do diferenciador e teremos na saída
uma série de pulsos agudos (spikes) na saída, conforme a Figura 5.4:

Figura 5.4 – Onda quadrada aplicada à entrada de um circuito diferenciador e forma de onda impulsiva de
saída

O ganho do circuito é especificado para um sinal senoidal aplicado à entrada, e, para essa situação o
capacitor de entrada é substituído por sua reatância capacitiva XC.

Assim, considerando a Equação do ganho para o amplificador inversor generalizado dada anteriormente:

Rf
Avf  
XC
1 Rf
Como X C  vem: Avf     j 2fR f C
j 2fC 1
j 2fC
Em módulo temos:

Avf  2fR f C

Se observarmos a equação anterior, podemos constatar que o ganho é diretamente proporcional à


frequência do sinal aplicado, o que torna o diferenciador muito sensível às variações de frequência.
Isso significa que o diferenciador elementar apresenta sérias desvantagens:

 Instabilidade de ganho;
 Sensibilidade a ruídos;
 Processo de saturação muito rápido.

73
Felizmente é possível contornar estes problemas com a adição de um resistor ao circuito, tornando-o de
uso prático.

5.2 - Diferenciador prático

Com a adição de um resistor em série com o capacitor de entrada eliminam-se algumas das
inconveniências do diferenciador elementar e se dá estabilidade ao circuito, conforme mostra a Figura
5.5.

Figura 5.5 – Circuito diferenciador prático

 O resistor Re na entrada não inversora serve para minimizar o efeito da tensão de offset na saída.

E agora considerando um sinal senoidal na entrada:

 Rf  Rf  R f / R1
Avf   
R1 
1  1  1 1
R1 1  
j 2fC  j 2fCR1  j 2fCR1

Em módulo temos:
R f / R1
Avf 
2
 1 
1   
 2fCR 1

Notemos, pela equação anterior, que o ganho se estabiliza em um valor dado por Rf/R1 (em módulo)
quando a frequência tende a infinito.

Logo, em altas frequências, o diferenciador se comporta como um amplificador inversor.

74
Outro aspecto importante é que os ruídos de alta frequência não têm uma ação muito acentuada no
circuito anterior. Na prática podemos estabelecer um valor de frequência para a qual o circuito se
comporta como um diferenciador e como se comporta predominantemente como amplificador inversor.
Vamos denominar esta frequência de fL, sendo dada por:
1
fL 
2R1C

Seja f a frequência do sinal aplicado, e assim:

 Se f < fL → o circuito tende a atuar como diferenciador


 Se f > fL → o circuito tende a atuar como amplificador inversor de ganho Avf = -Rf/R1

Convém ressaltar que as duas situações anteriores são tanto mais verdadeiras quanto mais nos
distanciarmos de fL nos dois sentidos.

E as condições de projeto do diferenciador prático para uma saída mais precisa são dadas pelas
seguintes relações:

(a) R1C ≤ T/10


(b) Rf ≈ 10×R1

Significando que a constante de tempo formada pelo resistor e o capacitor de entrada deve ser muito
menor (pelo menos 10 vezes) que o período do sinal aplicado e a estabilização do ganho em altas
frequências deverá ficar em torno de 10.

 A condição (a) é fundamental e deve ser aplicada, porém, a condição (b) é opcional e pode
não ser adequada ao projeto.

75
5.3 - Integrador

O circuito, mostrado na Figura 5.6, mostra o integrador elementar, implementando assim operação
matemática de integração.

Figura 5.6 – Circuito integrador elementar

A tensão de saída é obtida aplicando-se a lei dos nós:

i  if  0

Sendo que a corrente i no resistor Ri é:

vi
i
R1

E a corrente if no capacitor é dada pelo valor do capacitor C é dada por:

dvo
iC
dt

Dessa maneira, substituindo as expressões das correntes na equação nodal tem-se:

vi dv
C o  0
R1 dt
dvo v
C  i
dt R1
vi
dvo   dt
R1C

Integrando-se ambos os lados da equação:

vo t vi
vo ( 0 )
dvo   
t0 R1C
dt

76
1 t
R1C t 0
vo  vo (0)   vi dt

E assim, a tensão de saída é dada por:

1 t
R1C t 0
vo   vi dt  vo (0)

 O termo vo(0) corresponde a uma tensão inicial que poderá estar previamente armazenada no
capacitor de modo que ele irá se carregar ou descarregar a partir desse valor de tensão.

O circuito efetua somas de tensões ao longo de um intervalo de tempo que é o equivalente à operação
matemática da integração pela soma da tensão de entrada que ficou armazenada no capacitor no
instante de tempo anterior com a tensão de entrada no instante de tempo atual armazenando o
resultado no capacitor sucessivamente com o passar do tempo.

Caso seja necessário garantir que o capacitor estará completamente descarregado antes de se utilizar o
integrador, pode-se colocar uma chave em paralelo com o capacitor, conforme a Figura 5.7.

Figura 5.7 - Circuito integrador com chave para descarregar o capacitor de integração

 A chave deverá ser fechada para descarregar o capacitor e reaberta no início do processo de
integração.

Como exemplo de operação do circuito da Figura 5.7, podemos aplicar um sinal retangular simétrico na
entrada do integrador da Figura 5.8 e a sua saída apresentará um sinal triangular conforme a figura 32:

77
Figura 5.8 – Forma de onda quadrada aplicada à entrada do circuito integrador e forma de onda triangular
resultante na saída

Vamos obter o valor da tensão de pico.

A partir da equação da tensão de saída do integrador:

1 t
R1C t 0
vo   vi dt  vo (0)

Vamos efetuar uma integração ao longo do intervalo t = 0 até t = T/2.

Sabendo que a tensão no instante de tempo t = 0 (início do intervalo de integração) é vop, a tensão no
instante t = T/2 (fim do intervalo de integração) é -vop e que a tensão de entrada vi = vp, temos:

1 T2
R1C 0
 vop   v p dt  vop

vp T 2

R1C 0
 2vop   dt  vop

vp
 2vop   t T0 2
R1C
vp T
 2vop   
R1C 2
V pT
Vop 
4 R1C

78
Entrada senoidal

Agora para um sinal senoidal aplicado na entrada do circuito da figura 30 e, novamente substituindo o
capacitor por sua reatância capacitiva, temos:

1
X j 2fC 1
Avf   C   
R1 R1 j 2fR1C

Em módulo temos:

1
Avf 
2fR1C

 Notemos que, nesse caso, o ganho é inversamente proporcional à frequência, ou seja, o


circuito não é tão sensível a ruídos de alta frequência quanto o diferenciador.

A equação anterior mostra que em baixas frequências o ganho aumenta consideravelmente,


tendendo a infinito quando a frequência tende a zero. De maneira análoga ao que fizemos para o
diferenciador, será apresentado um circuito que permite estabilizar o ganho em baixas frequências para o
integrador.

79
5.4 - Integrador prático

Com a adição de um resistor em paralelo com o capacitor de realimentação eliminam-se algumas


das inconveniências do integrador elementar e se dá estabilidade ao circuito, conforme mostra a Figura
5.9.

Figura 5.9 – Circuito integrador prático

Considerando a Equação do ganho para vi senoidal:

1
Rf 
j 2fC
1
Rf 
j 2fC R f / Ri
Avf   
R1 1  j 2fR f C

Em módulo temos:

R f / R1
Avf 
1  2fR f C 
2

Verifica-se que o ganho irá se estabilizar em um valor igual a Rf/R1 (em módulo) quando a
frequência é nula. Podemos observar um comportamento dual do circuito, ou seja, em altas frequências
ele trabalha como integrador e em baixas frequências como amplificador inversor.

80
Na prática podemos estabelecer um valor de frequência para a qual o circuito se comporta como um
integrador e como se comporta predominantemente como amplificador inversor. Vamos denominar esta
frequência de fL, sendo dada por:

1
fL 
2R f C

Seja f a frequência do sinal aplicado, e assim:

 Se f < fL → o circuito tende a atuar como amplificador inversor de ganho Avf = -Rf/R1
 Se f > fL → o circuito tende a atuar como integrador

Convém ressaltar que as duas situações anteriores são tanto mais verdadeiras quanto mais nos
distanciarmos de fL nos dois sentidos.

E as condições de projeto do integrador prático para uma saída mais precisa são dadas pelas seguintes
relações:

(a) R1C ≥ T/10


(b) Rf ≈ 10×R1

Significando que a constante de tempo formada pelo resistor e o capacitor de entrada deve ser muito
maior (pelo menos 10 vezes) que o período do sinal aplicado (T) e a estabilização do ganho em altas
frequências e deverá ficar em torno de 10.

 A condição (a) é fundamental e deve ser aplicada. A condição (b) apesar de permitir ótima
estabilidade ao circuito, pode ser considerada opcional no projeto do integrador prático.

81
Lista de exercícios

1) Apresente as definições para as seguintes características de um amplificador operacional, citanso a


condição ideal e a real.

a) Ad e sua expressão.

b) AMC

c) Rin

d) RO

e) CMRR e sua expressão.

f)VOS

g) Input Bias Current

h) Input Current Offset

i) SR

j) Drift

k) fT

l) Rise time

m) Overshoot
2) Represente o gráfico da distorção causada na saída de um amplificador operacional para uma seníde
aplicada à sua entrada.

3) Suponha um amplificador operacional cujas tensões de alimentação são Vcc = 14V e Vee = -14V.
Represente os gráficos de:
a) Os níveis de saturação deste amplificador operacional.
b) Supondo que o ganho seja unitário, a tensão de saída para um sinal senoidal de entrada com 20 volts
de pico.

4) Para um amplificador operacional onde fT = 5MHz, deseja-saber qual será a largura de banda se o
ganho em malha fechada for 20.

5) Em um amplificador operacional configurado com ganho de malha fechada igual a 20 determinou-se


que a largura de banda foi de 40kHz. Qual é a fT deste operacional?

82
6) Para o amplificador e a forma de onda aplicada à sua entrada mostrados abaixo, represente a forma
de onda na sua saída demonstrando os cálculos que permitem obter a sua amplitude.
vi
2,5

10kΩ
vi
25kΩ 2,0
vo

1,5

vo t

83
7) Projete um amplificador não inversor cujo o ganho seja 16, considerando o resistor de realimentação é
de 15k e que seja aplicado à sua entrada um sinal senoidal abaixo. Represente o circuito, os cálculos
para obtenção do resistor de entrada, a forma de onda na saída e os cálculos necessários para obtenção
de sua amplitude.
vi
t
-0,2

-0,3

-0,4
vo

84
8) Para o amplificador e sua forma de onda de saída representados abaixo, tendo um ganho de tensão
de -20, calcule resistor de realimentação e represente a forma de onda de entrada demonstrando os
cálculos para obter a sua amplitude.
vi

vi
15kΩ vo

vo

t
-3

-6

-9

85
9) Calcule os resistores necessários para um circuito de um amplificador somador inversor com duas entradas que
apresente o sinal de saída vo conforme figura abaixo. O ganho para a entrada v1 é de -5 vezes e para a entrada v2
de -8 vezes, sendo que o resistor de realimentação é 40kΩ. Demonstre os cálculos, represente as respectivas
formas de onda nas entradas e desenhe o circuito com os valores dos componentes.
v1

v2

vo

-2 t

-4

-6

86
10) Para o amplificador as formas de onda de entrada representados abaixo, tendo um ganho de tensão
de -0,2 para a entrada v1 e -0,5 para a entrada v2 sendo o valor do resistor de realimentação 10k, calcule
os resistores das entradas e represente a forma de onda de saída demonstrando os cálculos para obter a
sua amplitude.
v1

v1 t
-6
10k
v2
vo
-9

-12

v2

-3,2

vo

87
11) Para o amplificador as formas de onda de entrada representados abaixo, represente o sinal na saída.
2k
v1 vi
5k 1,5
v2

vo
1,0
2k

6k 0,5

v2 t

-5

Vo

88
12) Calcule os resistores necessários para um circuito de um amplificador subtrator tendo duas entradas com um
ganho de 8 vezes, represente a forma de onda de saída a partir das formas de onda nas entradas mostradas
abaixo, demonstrando todos os cálculos e desenhe o circuito com os valores dos resistores calculados.
v1

0,5

v2

-2

vo

89
6 - Circuitos osciladores

Conceito

Osciladores são circuitos eletrônicos que geram sinais de corrente alternada a partir de uma tensão
contínua de alimentação, sem a necessidade de um sinal externo.

Classificação

Quanto ao princípio de funcionamento:

a) Osciladores realimentados: utilizam um elo de realimentação positiva entre a saída e a entrada de um


amplificador, tal como mostra a Figura 1.

Amplificador

A
eo

Elo de realimentação

Figura 1 – Oscilador realimentado

b) Osciladores de resistência negativa: utilizam dispositivos tais como o diodo túnel que apresentam em
um determinado trecho de sua curva característica uma resistência incremental negativa. A Figura 2-a
mostra um circuito de oscilador com diodo túnel e a Figura 2-b a curva característica V-I.

(a) (b)

Figura 2 – (a) Oscilador com diodo túnel e (b) Curva característica V x I do diodo túnel

90
c) Osciladores de relaxação: utilizam dispositivos como tiristores (SCR, UJT, PUT) ou lâmpadas neón,
que apresentam características de disparo. A Figura 3 mostra um oscilador de relaxação usando um
DIAC.

Saída

Figura 3 - Oscilador de relaxação usando DIAC

Quanto à frequência de operação

a) Osciladores de audiofrequência: geram sinais compreendidos na faixa de alguns hertz até centenas de
quilohertz. Utilizam geralmente elementos RC.

b) Osciladores de radiofrequência: geram sinais de frequência superior a algumas dezenas de quilohertz


até a faixa de SHF (3-30GHz) e EHF (30-300GHz). Utilizam circuitos sintonizados (tanque) LC,
cristais, ressoadores helicoidais, linhas de transmissão ou cavidades ressonantes.

Quanto à forma de onda

Os tipos básicos de forma de onda dos osciladores são:

a) Senoidal: obtida de osciladores realimentados.

b) Quadrada: obtida pelo ceifamento de onda senoidal ou pelo uso de multivibradores.

c) Triangular: obtida pela integração da onda quadrada.

O estudo a seguir tratará basicamente dos osciladores empregando amplificadores operacionais para a
faixa de audiofrequência gerando formas de onda senoidal, quadrada e triangular.

91
7 - Osciladores realimentados senoidais
Para a compreensão dos osciladores realimentados senoidais, é necessário analisar primeiramente o
funcionamento de um amplificador realimentado, como mostra o diagrama de blocos de um amplificador
realimentado da Figura 4.

+
A
ei +
ei’ eo

ef β

Figura 4 – Diagrama em blocos de um amplificador realimentado

Através da análise do diagrama da Figura 4, é possível deduzir-se a expressão do ganho A’ de um


amplificador realimentado. Por definição, o ganho é a razão entre a amplitude do sinal na saída pela
amplitude do sinal na entrada, ou seja:

A' s  
eo
Equação 1
ei

Onde eo representa a tensão de saída do amplificador realimentado e ei a tensão de entrada.

Da Figura 4, percebe-se que a tesão na entrada do bloco amplificador, ei’, é a soma da tensão de entrada
com a tensão de realimentação ef:

e'i  ei  e f Equação 2

Essa tensão também pode ser expressa por:

eo
e' i  Equação 3
As 

A tensão de realimentação, ef, é igual ao produto da taxa de realimentação β, pela tensão de saída eo:

e f   s   eo Equação 4

92
Substituindo as Equações 3 e 4 na Equação 2:

 ei   s   eo
eo
As 

eo
  s   eo  ei
As 

 1 
eo    s   ei
 As  

eo 1  A
 ei
A

eo A

ei 1   s As 

Substituindo-se esta última expressão na Equação 1 resulta:

A' s  
A
1   s As 
Equação 5

Analisando-se a equação 5, chega-se à conclusão que A’ depende do produto “β(s)∙A(s)”, onde:

e
e As  
eo
 s  
eo e'i

Assim:

e f eo
 s   As   
eo ei

E portanto:

ef
 s   As  
e' i

Este produto é conhecido como “ganho de malha fechada”, sendo notado como:

Ls    s  As 

93
Existem cinco possibilidades para o ganho em malha fechada:

1) Se β(s)∙A(s) é negativo, tem-se realimentação negativa e A’ é menor que A.

A realimentação negativa é comumente empregada para estabilizar o ganho de circuitos amplificadores e


assim esta possibilidade não permite que se tenha oscilações na saída do circuito

2) Se β(s)∙A(s) é igual a zero, tem-se β também igual a zero, e, portanto, não existe realimentação (A =
A’).

Este é o caso de amplificadores sem realimentação.

3) Se β(s)∙A(s) é positivo, mas inferior à unidade, tem-se realimentação positiva e A’ é maior que A.

Nesta situação o oscilador começa oscilando, porém a amplitude das oscilações diminuirá gradualmente
até cessarem as oscilações, tal como mostra a Figura 5.

Figura 5 - Amplitude de saída diminuindo para β(s)∙A(s) < 1

4) Se β(s)∙A(s) é positivo, mas superior à unidade, tem-se realimentação positiva e A’ é maior que A.

Nesta situação o oscilador começa oscilando, porém a amplitude das oscilações aumentará
gradualmente até que a saída sature, tal como mostra a Figura 6.

94
Figura 6 - Amplitude de saída aumentando para β(s)∙A(s) > 1
5) Se β(s)∙A(s) for igual à unidade em uma frequência em particular ω0, o ganho do amplificador torna-
se infinito, ou seja, haverá tensão de saída sem a existência de tensão de entrada.

( ) ( ) ( )

Ou seja:

Fisicamente, isto implica que o circuito de realimentação fornece sozinho toda a tensão necessária para
estabelecer a saída eo sem a necessidade de um sinal ei aplicado externamente.

7.1 - Critério de Barkhausen

Para haver oscilação senoidal é necessário que a possibilidade 4 seja atendida:

( ) ( )

Mas também:

( )

Assim o circuito oscilará espontaneamente.

Estas duas condições são conhecidas como Critério de Barkahusen.

Este critério que pode ser enunciado como: Na frequência de oscilação ω0 o ganho de malha deve ter
módulo unitário e fase 0°.

Considerações práticas

Sabemos que as características do circuito sofrem alterações por efeito de temperatura, temperatura,
varrições da tensão de alimentação, etc. Desta forma, para se construir um oscilador senoidal devemos
utilizar algum mecanismo de controle de ganho do amplificador.

95
 São duas as preocupações básicas:

1) Garantir que o circuito sempre oscilará. Para isso, devemos garantir um ligeiramente maior que a
unidade na frequência ω0. Ou seja:

  A 1

O problema é que atendendo essa condição, haverá distorção na forma de onda na saída. Assim:

2) Garantir que β∙A seja unitário quando a amplitude do sinal de saída atingir um valor desejado:

  A |v  1
o

Assim, a amplitude do sinal de saída irá aumentar (em módulo) até atingir o valor estipulado, evitando a
distorção.

Controle de amplitude não linear

A estabilização da tensão de saída é efetuada usando-se um controle de amplitude não linear, ou seja,
um circuito que tenha elementos não lineares em sua composição. Este circuito efetua o controle de
amplitude forçando o produto β∙A ser igual a 1 para um determinado valor de amplitude de saída.

Existem três formas básicas para implementar o sistema não linear de limitação do ganho.

1) Aproveitando as não linearidades dos elementos ativos do circuito, tais como transistores ou
amplificadores operacionais. As oscilações crescem até que se estabilizam quando provocam a entrada
no ponto de operação não linear do dispositivo ativo.

2) Pelo uso de um circuito limitador. Permite-se que as oscilações cresçam a até o limite pré-definido.
Quando o limitador entra em funcionamento a amplitude mantém-se estável. O limitador de ganho deve
ser suave, ou seja, não deve diminuir o ganho de uma forma abrupta para minimizar a distorção não-
linear.

3) Utilizar um elemento cuja resistência pode ser controlada pela amplitude de onda de saída. É possível
colocar este elemento no circuito de realimentação de forma a garantir que a resistência determine o
ganho de malha da forma pretendida. Os diodos, cuja resistência varia ao longo de sua curva
característica e JFETs, operando na região ôhmica, são comumente utilizados para implementar um
elemento cuja resistência é controlada por tensão.

96
8 - Topologias de osciladores senoidais na faixa de audiofrequência

Há varias topologias possíveis de circuitos de osciladores senoidais para a faixa de audiofrequência, tais
como:

 Oscilador de Deslocamento de Fase ou de Rotação de Fase;

 Oscilador Ponte de Wien;

 Oscilador Duplo T;

 Oscilador Ponte T;

 Oscilador em Quadratura;

 Oscilador de Filtro Ativo Sintonizado.

Há outras topologias possíveis, mas todas elas fazem uso de filtros que são projetados para operar
na frequência ω0 de saída do oscilador.

Oscilação inicial

Vimos que pela possibilidade 5, que garantindo β∙A = 1, não há a necessidade de uma entrada no circuito
onde se possa injetar um sinal para dar início às oscilações, porém se não houver nenhum sinal presente
no circuito, não haverá maneira de se iniciarem as oscilações visto que o oscilador opera amplificando
um sinal aplicado ao elemento ativo e este é realimentado à entrada do amplificador via circuito de
realimentação.

A explicação para o início das oscilações sem que haja um sinal de entrada é a presença de ruído no
circuito oscilador, que pode ser tanto o ruído térmico, ou seja, a agitação dos elétrons causada pela
temperatura nos semicondutores e fiação, o ruído captado do ambiente ou mesmo o ruído impulsivo
causado pelo rebote dos contatos da chave de alimentação, ao se energizar o circuito.

A componente do ruído que está na frequência do filtro será aplicada na entrada do amplificador e assim
aumentada até atingir a amplitude estipulada pelo controle de amplitude.

A seguir serão analisadas as topologias de 3 tipos de osciladores senoidais na faixa de audiofrequência.

97
8.1 - Oscilador de Deslocamento de Fase ou de Rotação de Fase

O oscilador de deslocamento de fase ou rotação de fase deve o seu nome ao uso de células defasadoras
compostas por um resistor e um capacitor (ou células RC) na rede de realimentação do oscilador. Devido
à facilidade de se obter um amplificador que proporcione uma defasagem entre a entrada e a saída de
180°, opta-se por uma defasagem total das células também de 180°.

Uma célula RC ideal permite obter uma defasagem de 0° a 90°, o que permitiria usar 2 células, mas na
prática não é possível obter a defasagem de 90° por célula, assim torna-se necessário utilizar no mínimo
3 células.

Embora possam ser usadas quantidades maiores de células, a configuração mais comum é a com 3
células, tal como mostra a Figura 7.
Realimentação

𝛽 𝐴=1 Saída
 180°

Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3

Figura 7 – Oscilador por deslocamento de fase

Nesta configuração, também é usual que se estabeleça uma defasagem de 60° por célula. A Figura 8
mostra uma célula RC onde a tensão na saída está adiantada de 60° em relação à entrada.

98
Entrada Saída

Saída
Entrada

adiantamento
Estágio único

Figura 8 - Célula RC onde a tensão de saída está adiantada 60° em relação à entrada
Assim, ao se associar em série as três células se obtém uma defasagem total de 180° entre a tensão na
entrada e na saída do circuito resultante, tal como mostra a Figura 9.

Entrada Saída

Entrada
Saída

Três estágios

Figura 9 – Associação de 3 células RC com defasagem individual de 60°, resultando uma defasagem
total de 180° entre a tensão de entrada e a de saída.

Vamos encontrar a função de transferência de um circuito composto por três células RC em série.
Admitindo que os capacitores possuem o mesmo valor, isto é, C1 = C2 = C3 = C bem como os resistores
também são iguais, ou seja, R1 = R2 = R3 = R.

99
vi vo

TH1
Figura 10 – Circuito defasador com três células RC onde os capacitores são iguais e os resistores
também são iguais.

Aplicando teorema de Thèvenin para simplificar o circuito formado pela tensão de entrada e primeira
célula RC, como também está indicado na Figura 10:

Thèvenin 1:
R R sCR
vTH 1  vi   vi   vi 
1 sCR  1 sCR  1
R
sC sC
1 R
R
1 sC R
Z TH 1  R //   sC 
sC R  1 sCR  1 sCR  1
sC sC
Substituindo-se o a tensão de entrada e a primeira célula RC pelo equivalente de Thèvenin resulta no
circuito da Figura 11.

ZTH1

vTH1
vo

TH2
Figura 11 – Circuito resultante após a substituição da tensão de entrada e a primeira célula RC pelo
equivalente de Thèvenin

Apesar de se ter obtido um circuito formado por duas malhas ou dois nós, ainda é mais vantajoso aplicar
novamente o teorema de Thèvenin tal como indica a Figura 11 para se obter uma simplificação maior.

R R R
vTH 2  vTH 1   vi  
R
1
 ZTH 1 sCR  1 R  1  R
sC sC sCR  1

sCR R sCR sCRsCR  1


vTH 2  vi    vi  
sCR  1 sCsCR  1R  sCR  1  sCR sCR  1 sCR2  3sCR  1
sCsCR  1

100
vTH 2  vi 
sCR2
sCR2  3sCR  1

 R 1   sCR  sCR  1
   R  sCR  1sC   R
 1   sCR  1 sC   
Z TH 2   Z TH 1   // R  
 sC  R
1
1
R
sCR  sCR  1  sCR sCR  1
sCR sC sCR  1sC

ZTH 2 
2sCR  1R 
2sCR  1R
sCR  sCR  1  sCR  sCR sCR  3sCR  1
2 2

Substituindo-se o segundo equivalente de Thèvenin, obtém-se o circuito da Figura 12.

ZTH2

vTH2
vo

Figura 12 – Circuito equivalente após a substituição do segundo equivalente de Thèvenin

vo  vTH 2 
R
 vi 
sCR
2

R
R  Z TH 2 
1 sCR2  3sCR  1 R  2sCR  1R  1
sC sCR2  3sCR  1 sC

vo  vi 
sCR 
2

R
sCR  3sCR  1 sCRsCR  3sCR  1 2sCR  1sCR  sCR2  3sCR  1
2 2

sCsCR  3sCR  1
2

sCR2 sCRsCR  3sCR  1


2
vo  vi  
sCR2  3sCR  1 sCR3  3sCR2  sCR  2sCR2  sCR  sCR2  3sCR  1

101
vo

sCR 3
 H s 
vi sCR  6sCR2  5sCR  1
2

Agora fazendo-se s  j vem:

vo

 j  3

 j RC 
3

vi  j  RC   6 j  RC   j 5RC  1  j RC   6RC 2  j5RC  1


3 3 2 2 3

Para se obter a função de transferência da rede de realimentação na forma canônica, iremos multiplicar o
numerador e o denominador por j:

 j RC  RC 
3 3
vo j
  
vi  j RC   6RC   j5RC  1 j RC   6 j RC 2  5RC  j
3 2 2

vo

RC  3
 H  j 
vi   
RC   5RC  j 1  6RC 2
3
 Equação 6

Para encontrarmos a frequência de oscilação e o ganho do circuito, vamos aplicar o critério de


Barkahusen.

Determina-se a frequência de oscilação do circuito usando o ângulo de fase da função de transferência


da rede de realimentação e fazendo ω = ω0:

 1  60 RC 2 
H  j0   tg
0
1 1
 tg  
0 RC 3  0 RC   50 RC 
3

Como a rotação de fase da rede de realimentação deve ser de 180° temos que:

1  60 RC 
2
 tg H  j 
0 RC 3  50 RC

1  60 RC 
2
 tg 180
0 RC 3  50 RC

1  60 RC 
2

0
0 RC 3  50 RC

E assim:

102
1
0  Equação 7
6  RC

E para encontrar o ganho do circuito, sabemos que a rotação de fase nula deve ocorrer em ω = ω0, assim
substituímos a Equação 7 na Equação 6:

3 3
 1   1 
  RC   
H  j    6 RC    6
 1 
3
1    1    1 
2 3
5
  RC   5   RC   j 1  6  RC     
 6 RC  6 RC    6 RC    6  6

1 1 1 1 1
H  j  
6 6
2
  
6 6
2
   6
1 1

5 1  1  1 5
6 6  
2
6 
 

6  6  5  6
2

H  j   
1
29
Assim, para compensar a atenuação da rede de realimentação o ganho do amplificador deve ser igual a
29. O sinal negativo significa que o amplificador deve ser um inversor e assim providenciando os 180°
restantes para satisfazer o critério de rotação de fase total nula.
Podem ser empregados amplificadores transistorizados nos osciladores, no entanto é mais prático utilizar
amplificadores operacionais que apresentam melhores características e tornam o projeto mais simples.
Um circuito de oscilador por rotação de fase com amplificador operacional sem controle de amplitude é
mostrado na Figura 13. Com C1 = C2 = C3 = 1nF, R1 = R2 = R3 = 10kΩ, Rf = 290kΩ tem-se f0 = 6,5kHz.

vo

Figura 13 - Oscilador por rotação de fase com amplificador operacional

O resistor Rf é calculado para que o ganho inicial de tensão do amplificador seja 29. Normalmente o
resistor Rf é composto de uma associação série de um resistor fixo e um resistor ajustável (trim-pot),
sendo o valor ajustado inicialmente para obter um ganho maior que 29, propiciando o início das
oscilações e depois o trim-pot é cuidadosamente reajustado diminuindo o seu valor de modo a se obter a
menor distorção possível da senóide de saída.

103
É possível um outro arranjo alternativo para o oscilador por rotação de fase, onde o resistor da terceira
célula RC está conectado diretamente à entrada inversora do amplificador operacional, tal como mostra a
Figura 14.

vo

Figura 14 - Oscilador por rotação de fase com amplificador operacional com o resistor da terceira célula
RC conectado à entrada inversora do amplificador operacional

Devido a propriedade de curto circuito virtual entre as entradas do amplificador operacional, o resistor R1
está efetivamente conectado a terra.

Tal como no circuito da Figura 15, os capacitores C1, C2 e C3 possuem os mesmos valores, bem como
R1, R2 também possuem os mesmos valores. Com C1 = C2 = C3 = 10nF, R1 = R2 = R3= 5,6kΩ tem-se
f0 = 1,14kHz.

Para o resistor Rf, Aplica-se a mesma regra do circuito anterior, assim Rf = 170kΩ

Porém variações dos valores dos componentes ocasionados pela temperatura podem fazer com que a
amplitude do sinal de saída varie bem como o circuito pare de oscilar. Torna-se então vantajoso utilizar
um circuito de controle automático da amplitude do tipo limitador suave, tal como mostra a Figura 15.

104
+VCC = 9V

vo

-VEE = -9V
Figura 15 - Oscilador por deslocamento com limitador suave para estabilização da amplitude

Uma vez que o resistor Rf tenha sido ajustado para que o circuito comece a oscilar, a ação de limitação é
efetuada da seguinte forma: R1 e R2 bem como R4 e R3 são somadores resistivos, somando a tensão de
saída do oscilador com as tensões de alimentação. Se a tensão de saída aumentar negativamente até
que o valor da tensão resultante no catodo de D1 faça ele entrar em condução, o resistor R2 fica em
paralelo com Rf diminuindo o ganho do amplificador. Semelhantemente, se a tensão de saída aumentar
positivamente até que o valor da tensão resultante no anodo de D1 faça ele entrar em condução, o
resistor R3 fica em paralelo com Rf diminuindo o ganho do amplificador.

Como os diodos apresentam uma curva de condução exponencial, a transição entre os ganhos é suave,
o que contribui para a redução da distorção. A transição gradual entre os ganhos é a origem do nome
“limitador suave”.

Para os valores dos componentes e tensões de alimentação do limitador e considerando VD = 0,7V, a


amplitude de saída fica limitada teoricamente a v0 = 3,93V de pico. Mas como a tensão de início de
condução dos diodos é menor do que 0,7V, o valor da tensão de saída é um pouco menor do que esse
valor. Para os valores dos componentes da rede de defasagem tem-se f0 = 1,14kHz.

Este circuito limitador de amplitude pode também ser utilizado no oscilador por deslocamento de fase da
Figura 13.
Iremos analisar agora uma topologia de um oscilador por rotação de fase que emprega três capacitores e
dois resistores na rede de defasamento. A Figura 16 mostra o circuito correspondente.

105
vo

Figura 16 – Oscilador por deslocamento de fase com a rede de defasamento composta por três
capacitores e dois resistores.

Nesse arranjo duas redes de defasagem RC são formadas por C1, R1 e C2, R2 e a terceira rede é
formada pelo capacitor C3 com a impedância de entrada do amplificador operacional. Admitindo uma
impedância de entrada ideal infinita, tem-se uma defasagem de 90° proporcionada por esta rede e
consequentemente as outras duas células RC devem providenciar defasagens de 45° cada uma obtendo-
se a defasagem total de 180°.

Para encontrar a frequência de oscilação e o valor do ganho do amplificador deste oscilador, é


necessário utilizar uma abordagem diferente da que foi empregada no caso anterior onde o produto
β(s)∙A(s) era somente a função de transferência da rede de defasagem. Porém nesta topologia não se
pode desconsiderar o amplificador.

Assim, para obter a função de transferência correspondente a β(s)∙A(s), abre-se a malha de


realimentação positiva e se aplica um sinal na entrada dela, que será denominado de vt. Tal como no
caso anterior, assume-se que na rede de defasagem os capacitores possuem o mesmo valor bem como
os resistores. A Figura 16 mostra o circuito resultante para se efetuar a análise.

if
vo
vr vt

Figura 17 – Circuito do oscilador com a malha de realimentação aberta e sendo aplicada uma tensão vt
na entrada do circuito.

A forma de análise mais vantajosa para obter a função de transferência β(s)∙A(s) é a lei das malhas.
Assim:

106
Malha 1:

I1  RI1  I 2   0
1
 vt 
sC

 1 
 R   I1  RI 2  vt
 sC 

Malha 2:

RI 2  I1   I 2  R I 2  I 3   0
1
sC

 1 
 RI1   2 R   I 2  RI 3  0
 sC 

Malha 3:

R I 3  I 2  
1
I3  0
sC

 1 
 RI 2   R   I 3  0
 sC 

Estamos interessados somente na corrente I3 que é a corrente na entrada do amplificador. Resolvendo


pela regra de Kramer vem:

R 2  vt R 2  vt
I3  
 1  
2
1  2 1   2 2R 1  1  2R 2
R   2R    2R  R    R    2 R    2 R 3

 sC   sC   sC   sC sC 2  sC  sC

R 2  vt R 2  vt
I3  
4R 2 2R R2 2R 1 2R 2 1
2R3       2 R 3

sC sC  sC sC  sC 
2 2 3
sC sC  
3 4

3R 2
sC 2 sC
I3 
R 2  vt

sC  R 2  vt 3

1  4sC  3sC  R 2 3sCR   4sC  1


2 2

sC 3

De acordo com o sentido arbitrado para as correntes no circuito da Figura 16:

107
vr  i f  R f
E também devido ao sentido arbitrado para as correntes na entrada inversora do operacional:

i3  i f

Logo:

vr  i3  R f

 sC  R 2 R f  sC  R 2 R f
3 3

vr   vt   vt
3sCR   4sC  1  
2
1
sCR 3sCR   4
 sCR 
 sC RR f
 H s 
vr

vt 3sCR  1  4
sCR

Fazendo-se s  j vem:

  jC  RR f  2C 2 RR f
2
vr
   A  H ( j ) Equação 8
vt 3 jRC  1  4  1 
4 j 3RC  
jRC  RC 

Vamos aplicar o critério de Barkhausen para a determinação da frequência de oscilação e do ganho do


amplificador.

Para determinar a frequência de oscilação do circuito, usamos o ângulo de fase da função de


transferência da rede de realimentação em ω = ω0:

 1 
 30 RC 
0 RC 
H  j0   tg 1 2 2
0
 tg 1  
0 C RR f  4 
 
1
30 RC 
0 RC
 tg H  j 
4

Como a rotação de fase da rede de realimentação deve ser de 180°, temos que:

108
1
30 RC 
0 RC
 tg 180
4

Logo:

1
0  Equação 9
3  RC

A função de transferência não permite encontrar diretamente o valor da atenuação da rede de


realimentação. Porém obtém-se diretamente o fator de ganho, o qual é definido pelos resistores Rf e R.

Para tanto, vamos usar o critério de Barkhausen o qual estabelece que o módulo de H(jω) deve ser
unitário na frequência ω = ω0:

02 RC 2 R f
H ( j ) | 0  1
4

4 4
Rf  
 RC 2
2
0
1
RC 2
3RC 
2

E portanto:

R f  12  R

Ou seja, para o circuito oscilar, o valor de Rf deve ser idealmente 12 vezes maior do que o valor dos
resistores R. Observe que a malha de realimentação garante uma defasagem de 180° entre o sinal
aplicado à sua entrada e a saída, assim o amplificador deve providenciar os 180° restantes para a
rotação em malha fechada ser zero. Por essa razão é obrigatório o uso de um amplificador inversor no
oscilador.

109
A Figura 18 mostra o oscilador por deslocamento de fase com três capacitores e 2 resistores na malha de
realimentação já incorporando o circuito limitador para estabilização da amplitude.

Para os valores dos componentes da rede de realimentação tem-se f0 = 1,1kHz.

+VCC = 9V

vo

-VEE = -9V

Figura 18 - Oscilador por deslocamento de fase com três capacitores e 2 resistores na malha de
realimentação e circuito limitador para estabilização da amplitude

O controle automático de amplitude é o mesmo dos osciladores anteriores.

8.2 - Oscilador Ponte de Wien

110
O nome deste oscilador provém do fato que emprega na malha de realimentação uma variante da ponte
de Wheatstone desenvolvida Max Wien em 1891 para medição de capacitâncias. Para tanto, dois
resistores da ponte de Wheatstone são substituídos por duas impedâncias, sendo uma impedância
formada por uma associação em paralelo de um capacitor e um resistor e a outra impedância por uma
associação série de um capacitor e um resistor. A Figura 19 mostra a configuração original da ponte de
Wien.

Cs
Rs Ra
vo
vi

Rp Rb
Cp

Figura 19 – Circuito da ponte de Wien

A Figura 20 mostra o oscilador senoidal ponte de Wien.

vo

Figura 20 – Oscilador Ponte de Wien

No circuito da Figura 20, Rf e R1 correspondem aos resistores os resistores Ra e Rb, respectivamente.


Nesta disposição, a impedância formada por RS e CS constitui um filtro passa-altas e a impedância
formada RP e CP constitui um filtro passa-baixas. Assim, o resultado é que a malha de realimentação
positiva torna-se um filtro passa-faixa. O ganho do circuito é definido pelos resistores Rf e R1.

111
Vamos obter a função de transferência da rede de realimentação positiva, a qual está representada na
Figura 21.

vi vo

Figura 21 – Rede de realimentação positiva

Definamos Zs como a impedância formada pela associação em série de Rs e Cs:

1 sC R  1
Z S  RS   S S
sCS sCS

Definamos Zp como a impedância formada pela associação em paralelo de Rp e Cp:

1 RP
RP 
1 sCP sCP RP
Z P  RP //   
sCP R  1 sC R
P P  1 sCP RP  1
P
sCP sCP
A tensão de saída pode ser obtida aplicando-se a regra do divisor de tensão formado por Zs e Zp:

RP RP
ZP sCP RP  1 sCP RP  1
vo  vi   vi   vi 
ZS  ZP sC R
S S  1

RP sC R
S S  1sCP  1  sCS RP
sCS sCP RP  1 sCS sCP RP  1

sCS RP sCS RP
vo  vi   vi  2
sCS RS  1sCP  1  sCS RP s CS CP RS RP  sCS RS  CP RP  CS RP   1

Para o oscilador em ponte de Wien faz-se Rs = Rp = R e Cs = Cp = C. Assim a função de transferência é


dada por:

vo sCR
  H ( s)
vi sCR  3sCR  1
2

Vemos que o denominador da função de transferência apresenta um zero na origem. Já o denominador é


uma equação de segundo grau, e as raízes desta equação fornecem os polos da função de transferência.

112
Assim vamos fatorar o denominador para encontrar as raízes:

s1, 2 
 3RC  3RC 2  4RC 2
2RC 
2

Onde

3 5
s1 
2 RC

E
3 5
s2 
2 RC

Portanto a função de transferência toma a forma:

sRC
H ( s) 
 3  5  3 5 
s   s  
 
2 RC  2 RC 

Assim os polos da função estão localizados em:

3 5
p1 
2 RC
E
3 5
p2  .
2 RC

Para facilitar a localização dos polos e zeros com valores numéricos, vamos admitir R = 1Ω e C = 1F:

3 5
p1  = 381,966 rad/s = 60,792 mHz
2

E
3 5
p2  = 2,618 rad/s = 416,673 mHz
2

113
A Figura 22 mostra os gráficos de magnitude em decibéis e fase em graus de H(s) para R = 1Ω e C = 1F.

|H(s)|db

f(Hz)
H(s)°

f(Hz)
Figura 22 – Gráficos de magnitude e fase de H(s) para R = 1Ω e C = 1F

Agora fazendo-se s  j na função de transferência:

jRC jRC
H ( j )  
 jRC   3 jRC  1
2

jRC  jRC  3 
1 

 jRC 

1
H ( j )  Equação 10
 1 
3  j RC  
 RC 

Vamos aplicar o critério de Barkhausen para a determinação da frequência de oscilação e do ganho do


amplificador.

114
Para determinar a frequência de oscilação do circuito, usamos o ângulo de fase da função de
transferência da rede de realimentação e fazendo ω = ω0:

 1 
 0 RC 
0 RC 
H ( j0 )  tg 1  tg 1 
0

1  3 
 
1
0 RC 
0 RC
 tg H ( j0 )
3

Como a rede de realimentação é um filtro passa-faixa, na frequência central a rotação de fase é 0°.
Assim:

1
0 RC 
0 RC
 tg 0
3

1
0 RC 
0 RC
0
3

Logo:

1
0 RC  0
0 RC
1
0 RC 
0 RC
1
0  Equação 11
RC

E para encontrar o ganho do circuito, sabemos que a rotação de fase nula deve ocorrer em ω = ω 0.
Substituindo a Equação 11 na Equação 10:

1
H ( j0 ) 
 
 1 1 
3 j   RC  
 RC 1
 RC 

 RC 

H  j0  
1
3

115
1
A atenuação da função de transferência em decibéis é: | H  j  |db  20 logH s   20 log  = - 9,542
 3
dB

1 1
Para R = 1 Ω e C = 1 F a frequência de oscilação é: 0    1 rad/s = 159,155 mHz
RC 1  1

Estes valores estão ressaltados no gráfico de magnitude e fase da função de transferência da Figura 22.

Para compensar a atenuação da rede de realimentação, o ganho do amplificador deve ser igual a 3. O
sinal positivo significa que o amplificador não deve introduzir defasagem para satisfazer o critério de
rotação de fase total nula.

Como estamos usando amplificadores operacionais, devemos empregar a topologia não-inversora que
não defasa o sinal na saída em relação à entrada. O ganho do amplificador não-inversor é dado por:

Rf
AV  1  .
Ri

E para ter um ganho igual a 3, o resistor de realimentação Rf deve ser o dobro do resistor de entrada Ri.

A Figura 23 apresenta o circuito de um oscilador ponte de Wien sem circuito de controle automático de
amplitude. R4 em série com R5 formam o resistor de realimentação e R3 é o resistor de entrada.

Aumenta-se o valor de R5 até que o circuito entre em oscilação, sendo que amplitude é limitada somente
pelo início da saturação do amplificador operacional. Ajustando-se cuidadosamente R5 o ceifamento
pode ser reduzido a níveis insignificantes. Para os valores da rede de realimentação f0 = 1kHz.

vo

116
Figura 23 – Oscilador ponte de Wien sem circuito de controle automático de amplitude

Porém os amplificadores operacionais são sensíveis às variações de temperatura e flutuações das


tensões de alimentação, sendo que resistores e capacitores também são influenciados pela temperatura,
o ganho pode variar fazendo que a amplitude do sinal na saída também varie. Esse problema é evitado
com o uso de circuitos de controle automático de amplitude que estabilizam a amplitude de saída.

A Figura 24 mostra um controle automático de amplitude simples empregando dois diodos em paralelo
com o resistor de realimentação. Ajusta-se o trim-pot até que o circuito entre em oscilação e quando a
amplitude de cada um dos semiciclos o sinal atinge o limiar de condução do diodo correspondente, este
começa a conduzir e reduz o ganho do amplificador, estabilizando a amplitude de pico do sinal na saída.

vo

Figura 24 – Oscilador ponte de Wien com controle automático de amplitude empregado diodos

Esta técnica de limitação resulta tipicamente em uma distorção harmônica total (THD) na seóide de saída
de 1% a 2%. Porém a amplitude máxima pico a pico é limitada ao valor da tensão de início de condução
dos diodos que é aproximadamente 500mV.

Se forem utilizados LEDs ao invés diodos, obtém-se uma amplitude de 2V de pico.

117
Podem ser também empregados diodos Zener ao invés de diodos e LEDs em paralelo com a rede de
realimentação, porém a sua disposição é diferente, tal como mostra a Figura 25 e, nesse caso, a tensão
de pico de saída corresponde à tensão do diodo Zener. A tensão dos diodos 1N5229 é 3,9V.

vo

Figura 25 - Oscilador ponte de Wien com controle automático de amplitude empregado diodos Zener

Os circuitos de controle automático de amplitude apresentados anteriormente fazem uso de diodos que
são elementos não lineares e assim também são denominados de controle de amplitude automático
gerado por distorção.

Há a possibilidade de implementar controles automáticos de amplitude lineares, e para tanto usam-se


elementos tais como uma lâmpada ou um termistor do tipo NTC no lugar do resistor de realimentação.

Esse tipo de controle de amplitude funciona da seguinte forma:

Quando a tensão de saída aumenta, devido ao aumento da potência, a temperatura do filamento ou do


NTC também aumentam ocasionando a diminuição das suas resistências.

A diminuição da resistência do filamento ou do NTC ocasiona a redução do ganho do amplificador e


consequentemente a tensão de saída.

118
Uma solução mais sofisticada para o controle de amplitude linear consiste em usar um FET operando
como resistor controlado por tensão, como mostra a Figura 26.

vo

Figura 26 – Controle automático de amplitude empregando JFET

Este controle automático de amplitude aproveita a região linear dos FETs, a qual também é denominada
de região ôhmica ou região de resistência controlada por tensão da curva de saída dos transistores de
efeito de campo. A Figura 27 mostra as curvas características de saída de um JFET canal N.

Figura 27 – Curvas características de um JFET canal N

119
No gráfico da Figura 27:

ID é a corrente de dreno;
VDS é a tensão entre dreno e fonte;
VGS a tensão entre a porta e fonte;
VP é tensão de pinch off ou de constrição, que corresponde à tensão VGS onde ID = 0;
IDSS é a corrente de saturação de dreno para VGS = 0V.

Se a região linear for expandida para uma tensão entre o dreno e a fonte (VDS) máxima de 0,5V, tal como
mostra a Figura 28, verificamos que estes trechos das curvas são praticamente lineares.

Figura 28 – Expansão da região linear

A resistência entre o dreno e a fonte RDS de um FET é dada por:

VDS
RDS 
I DS

Onde VDS é a tensão entre o dreno e fonte e IDS é a corrente entre o dreno e a fonte.

120
As curvas nos mostram que para VGS = 0V tem-se a mínima resistência RDS e à medida que a tensão VGS
torna-se mais negativa, maior é o valor de RDS.
Agora podemos efetuar a análise do controle automático de amplitude da Figura 26. Como pode ser visto
no circuito, o JFET Q1 em série com o trim-pot R4 e o resistor R3 determinam o ganho do amplificador
operacional, o qual é dado por:

R3
AV  1 
R3  R4  RDS 

Sendo que o FET Q1 atua como resistor controlado por tesão. A tensão de controle é obtida a partir do
valor de pico negativo do sinal da saída do oscilador através do circuito formado pela associação série do
resistor R5 com o diodo D1 e o capacitor C3 em paralelo com o resistor R6, que configuram um
retificador de tensão negativa com filtro capacitivo conectado à porta de Q1.

Quando o circuito é energizado, considerando que o capacitor C3 está descarregado, a tensão VGS é nula
significando que a resistência RDS é muito baixa.

Ajustando-se corretamente o trim-pot R4, o circuito começa a oscilar e gera um sinal cuja amplitude
aumenta até um valor de amplitude de pico determinado. A essa amplitude está associado um
correspondente valor negativo da tensão de controle VGS, uma resistência RDS e um ganho do
amplificador.

Se a tensão de saída tender subir, a tensão VGS torna-se mais negativa, a resistência RDS diminui
reduzindo o ganho do amplificador juntamente com a amplitude do sinal na saída.

E se a tensão de saída tender a reduzir, a tensão VGS torna-se menos negativa, a resistência RDS
aumenta incrementando o ganho do amplificador juntamente com a amplitude do sinal na saída.

A amplitude do sinal na saída depende das características da tensão de constrição do FET empegado.
Para o 2N3823, estes valores estão entre 2,7 a 7 volts pico-a-pico.

As constantes de tempo de carga e descarga do controle automático de amplitude são dadas


respectivamente por  C  R5  C3 e  D  R6  C 3 .

É importante observar que a constante de tempo de descarga  D  R6  C3 deve ser longa em


comparação com o período da senóide para se obter baixa distorção. Para o circuito em questão:

 D  1106 100 109  100 103  100 ms

1
f0   1061,03 Hz
2   15 103 10 109

1
T0   942,48 10 6  942,48 μs
1061,03

121
Se os componentes da ponte de Wien estiverem bem casados, a distorção harmônica total (THD) da
senóide na saída pode ser menor que 0,1%

8.3 - Oscilador duplo T

O nome deste oscilador vem do fato que emprega na malha de realimentação por uma rede composta
por resistores e capacitores, cujo arranjo se assemelha a dois T’s unidos nas extremidades da barra
superior, tal como mostra a Figura 29.

vi vo

Figura 29 – Rede de realimentação duplo T

De forma semelhante ao circuito ponte Wien, o circuito ponte T é composto por um filtro passa baixas que
é formado pelos resistores R1, R2 e C2 e um filtro passa altas, formado pelos capacitores C, C2 e R3. No
entanto diferentemente da ponte Wien que é um filtro passa-faixas, a rede de realimentação duplo T é um
filtro rejeita faixa de alta seletividade (em inglês notch filter), ou seja, possui uma faixa de rejeição muito
estreita.

Se fizermos R1 = R2 = R e R3 = R/2 bem como C1 = C2 = C e C3 = 2C a rede torna-se balanceada, tal


como mostrado na Figura 30:

C vb C
R
vi vo

R va R

2C

Figura 30 – Rede duplo T balanceada

122
Com estes valores para os capacitores e os resistores, a frequência central da seção passa-altas e da
seção passa-baixas coincidem. E em relação às defasagens, a seção passa-altas adianta o sinal em 90°
na sua frequência central enquanto a seção passa baixas atrasa o sinal em 90° na sua frequência
central, e sendo as duas iguais, o resultando é o cancelamento do sinal nesta frequência.

A razão do balanceamento é que a rede duplo T neste arranjo é que ela pode ser considerada como
quatro redes RC tipo L onde os resistores são iguais e o mesmo ocorre para os capacitores. A figura 31
mostra este arranjo, onde tem-se duas redes tipo L conectadas pelo lado dos capacitores formando o T
superior e duas redes tipo L conectadas pelo lado dos resistores formando o T inferior.

vi vo

Figura 31 – Rede duplo T formada por redes L

Lembremo-nos que os osciladores anteriores empregaram um filtro passa-altas e um filtro passa-faixa na


rede de realimentação cujas frequência de corte e frequência central, respectivamente, era as
frequências de oscilação a serem realimentadas para o amplificador. As redes podiam defasar ou não o
sinal, mas sempre impunham um grau de atenuação ao sinal realimentado. Assim, caso necessário, o
amplificador deveria acrescentar uma defasagem adicional, mas sempre deveria ter um ganho que
possibilitasse satisfazer o critério de Barkausen.

O fato da rede duplo T ser um filtro rejeita-faixa exige uma abordagem diferente do que foi feito
anteriormete na análise de funcionamento do oscilador.

Vamos obter a função de transferência da rede de realimentação duplo T da Figura 24. Aplicando a lei
dos nós em va e vb:

Nó va:

va  vi v v v
 a  a o 0
R 1 R
2sC
va  vi v  vo
 2sCva  a 0
R R

va  vi  2sCRva  va  vo  0

123
2va 1  2sCR  vi  vo  0

vi  vo
va 
1 2sCR
Equação 12

Nó vb:

vb  vi vb vb  vo
  0
1 R 1
sC 2 sC

sCvb  vi    sCvb  vo   0
2vb
R

sCRvb  vi   2vb  sCRvb  vo   0

2sCRvb  sCRvi  v0   2vb  0

2vb 1  sCR  sCRvi  v0 

sCRvi  v0 
vb 
21  sCR
Equação 13

A terceira equação necessária para a resolução é encontrada aplicado a lei dos nós entre o nó de saída
vo e os nós va e vb:

vo  va vo  vb
 0
R 1
sC
vo  va
 sCvo  vb   0
R

vo  va  sCRvo  vb   0

vo 1  sCR  va  sCRvb  0

vo 1  sCR  va  sCRvb

va  sCRvb
vo  Equação 14
1  sCR

124
Substituindo a Equação 12 e a Equação 13 na Equação 14:

vi  vo  sCRvi  vo 
 sCR  
21  sCR   21  sCR  
vo 
1  sCR

vi  vo  sCR  vi  vo 
2

21  sCR 
vo 
1  sCR

  
v 1  sCR  vo 1  sCR 
vo  i
2 2

21  sCR
2


21  sCR vo  vi 1  sCR  vo 1  sCR
2 2
  2

 2

vo 21  sCR  1  sCR
2
 v 1  sCR 
i
2

1  sCR
2
vo

vi 21  sCR2  1  sCR2 
1  sCR
2
vo


vi 2 1  2sCR  sCR2  1  sCR2 
1  s 2 RC 
2
 H s 
vo
 2
vi s RC 2  4sRC  1

Observamos que tanto no numerador quanto no denominador da função de transferência temos


equações de segundo grau. Após fatorar os polinômios para encontrar as raízes, a função de
transferência toma a forma a seguir:

 j  j 
s   s  
H s    RC  RC 
 4  12  4  12 
s   s  
 2 RC  2 RC 
  

125
4  12
De acordo com as magnitudes, tem-se um polo em , um par de zeros complexos em j1 e outro
2 RC
4  12
polo em .
2 RC

Para facilitar a localização dos polos e zeros com valores numéricos, vamos admitir R = 1Ω e C = 1F:

j
z1  = j rad/s = j159,155 mHz
11

j
z2   = - j rad/s = - j159,155 mHz
11

4  12
p1  = 267,949 mrad/s = 42,645 mHz
2  11

4  12
p2  = 3,732 rad/s = 593,974 mHz
2 1 1

A Figura 32 mostra os gráficos de magnitude em decibéis e fase em graus de H(s) para R = 1Ω e C = 1F.

|H(s)|db

f(Hz)
H(s)°

f(Hz)
126
Figura 32 - Gráficos de magnitude em decibéis e fase em graus de H(s) para R = 1Ω e C = 1F.

Agora fazendo-se s  j na função de transferência:

1   j  RC 
2 2
H  j  
 j  RC 2  4 jRC  1
2

1   2 RC 
2
H  j  
1   2 RC   j 4RC
2

1
Fazendo-se 0  :
RC

2

1   
H  j    0 
2
 
1     j 4 
 0   0 

127
E quando ω = ω0, verifica-se que H(jω) é idealmente zero, ou seja, se for aplicado um sinal na entrada da
rede duplo T, a sua amplitude será nula nesta frequência. No gráfico de magnitude da Figura 25, tem-se
em ω = ω0 a máxima atenuação proporcionada pelo filtro de -83,999dB ou 6,3110-5 vezes.

Também observe que no gráfico de fase da Figura 25 em ω = ω0, ocorre uma variação do ângulo de fase
de -90° para 90° na frequência central, de modo que a defasagem é nula nesta frequência.

Porém a questão ainda em aberto é: como um filtro rejeita faixa pode ser utilizado em um oscilador,
sendo que a teoria de funcionamento dos osciladores descrita anteriormente estabeleceu que a
frequência do oscilador é justamente a que deve ser realimentada?

A resposta a esta pergunta é obtida analisando-se a topologia convencional do oscilador duplo T


mostrada na Figura 33:

C C

vo
R R

2C Rf
R1

Figura 33 – Oscilador duplo T na topologia convencional


Observe que o circuito possui dois caminhos de realimentação:

a) Realimentação negativa através da rede duplo T.


Realimentação positiva através dos resistores Rf e R1.

A rede duplo T, conforme foi descrito anteriormente, por ser um filtro rejeita-faixa, atenua fortemente a
frequência para a qual foi calculada mas permite que as outras frequências passem, sendo injetadas na
entrada inversora.

O divisor resistivo formado por Rf e R1, no entanto, permite que todas as frequências, inclusive a
frequência central da rede duplo T, sejam injetadas na entrada não inversora.

Como o amplificador operacional efetua a subtração entre os sinais aplicados às suas entradas, a
consequência é que devido ao cancelamento das demais frequências, somete a frequência central da
rede duplo T é efetivamente amplificada.

128
Para essa topologia não é possível aplicar o critério de Barkausen para a determinação da frequência de
oscilação e o ganho do amplificador. No entanto, pelo que foi exposto na explicação do funcionamento do
circuito é evidente que a frequência de oscilação é dada pela frequência central da rede duplo T, ou seja:

1
0 
RC

Em relação ao ganho, lembremo-nos que um oscilador inicia as suas oscilações devido à captação de
ruído. Como em geral o ruído possui baixa amplitude, e portanto também a frequência de oscilação, não
pode haver muita atenuação adicional no ruído a ser injetado na entrada não-inversora. Assim usa-se
uma regra prática para o divisor de tensão formado por Rf e R1 onde Rf deve ser pelo menos dez vezes
maior do que R1, ou seja:

Rf  10  R1

Para o caso de não se usar um circuito de controle automático de amplitude, atribui-se um valor fixo para
R1 enquanto Rf é composto por uma associação em série de um resistor fixo com um resistor ajustável,
cujo valor total inicial esteja um pouco abaixo 10  R1. O resistor ajustável tem o seu valor aumentado até
que as oscilações iniciem e depois reduzido cuidadosamente de modo que as oscilações se sustentem
com a mínima distorção.

A Figura 34 mostra um oscilador duplo T na topologia convencional com circuito de controle automático
de amplitude com diodos em paralelo com a rede duplo T onde a frequência de oscilação é de 1KHz.

129
vo

Figura 34 – Oscilador duplo T na topologia convencional com circuito de controle automático de amplitude
empregando diodos

A partir do início das oscilações, o sinal na saída do oscilador aumenta gradativamente de amplitude, e,
tal como explicado anteriormente, a frequência de oscilação é fortemente atenuada pela rede duplo T.

No entanto a partir do momento que a amplitude do sinal de saída for suficiente elevada para que os
diodos em paralelo com a rede comecem a conduzir, eles irão formar um caminho alternativo para o sinal
de frequência ω0 que passa a ser aplicado à entrada inversora do amplificador. Ocorre então o
cancelamento parcial do sinal com frequência ω0 e a consequente redução de sua amplitude na saída do
oscilador.

Esse é um processo dinâmico que é controlado pelo limiar de condução dos diodos: sempre que a
amplitude de saída aumentar, os diodos conduzirão mais e assim o aumento da realimentação negativa
ocasiona a redução da amplitude na saída.

Agora será apresentada uma topologia alternativa para o oscilador duplo T.

130
No circuito anterior, foi empregada uma configuração particular da rede duplo T onde os valores dos
componentes foram escolhidos de modo a proporcionar o balanceamento da rede. Assim obtém-se a
menor largura de banda e máxima atenuação possível na frequência central devido ao cancelamento
proporcionado pelas defasagens da seção passa-baixas de -90° e da seção passa-altas de +90° nesta
frequência.

Para as considerações a seguir, vamos nos referir à rede duplo T mostrada na Figura 35 abaixo.

vi vo

Figura 35 – Rede duplo T

No caso geral para valores quaisquer dos componentes do filtro duplo T pode-se se provar que:

1 1

2 C1 C 2
A frequência central da seção passa-altas (C1, R3, C2) é dada por f 0 
2 R1  R 2  C 2

1 1
E a frequência central da seção passa-baixas (R1, C3, R2) é dada por f 0 
2 C1  C 2  R3R1  R 2

Note que se R1 = R2 = R e R3 = R/2 bem como C1 = C2 = C e C3 = 2C ambas as equações resultam


em:

1
f0 
2RC

Porém se as condições de R1 = R2 = R e R3 = R/2 bem como C1 = C2 = C e C3 = 2C, a rede deixa de


ser balanceada. Assim, as frequências centrais e, consequentemente, as defasagens das seções passa-
altas e passa-baixas também não coincidem.

As consequências são o alargamento da faixa de rejeição (diminuição da seletividade) e a diminuição da


atenuação nesta faixa.

131
Vamos estudar um caso de desbalanceamento específico da rede duplo T com a seguinte relação para
os componentes:

R1  R2  R e R3  x  R

C1  C 2  C e C3  y  C

Os fatores de ponderação x e y possibilitam obter duas condições distintas para o valor da defasagem
imposto pela rede na frequência central:

1
Se x  e y  2 a rede está balanceada com máxima atenuação e defasagem nula na frequência
2
central tal como apresentado anteriormente.

1 1 1
Se x  e y  2 ou x  e y  2 ou mesmo x  e y  2 a rede está desbalanceada, com redução
2 2 2
da atenuação e defasagem de -180° na frequência central.

A Figura 36 apresenta os gráficos de magnitude e fase para resistores R1 = R2 = 1Ω e x = 0,4 resultando


em R3 = 0,4Ω. Os capacitores são C1 = C2 = 1F e y =2 resultando em C3 = 2F.

|H(s)|db

f(Hz)
H(s)°

f(Hz)
Figura 36 - Gráficos de magnitude e fase da rede duplo T para x = 0,4 e y = 2

132
A Figura 37 apresenta os gráficos de magnitude e fase para resistores R1 = R2 = 1Ω e x = 0,5 resultando
em R3 = 0,5Ω. Os capacitores são C1 = C2 = 1F e y = 2,4 resultando em C3 = 2,4F.

|H(s)|db

f(Hz)
H(s)°

f(Hz)
Figura 37 - Gráficos de magnitude e fase da rede duplo T para x = 0,5 e y = 2,4

133
A Figura 38 apresenta os gráficos de magnitude e fase para resistores R1 = R2 = 1Ω e x = 0,4 resultando
em R3 = 0,4Ω. Os capacitores são C1 = C2 = 1F e y = 2,4 resultando em C3 = 2,4F.

|H(s)|db

f(Hz)
H(s)°

f(Hz)
Figura 38 - Gráficos de magnitude e fase da rede duplo T para x = 0,4 e y = 2,4

Efetuando a comparação das figuras anteriores com a Figura 32, confirmamos o que foi exposto para o
desbalanceamento especificado para a rede duplo T:

a) Com um desvio de 20% dos valores de R3 e C3, a atenuação de 84dB para a rede simétrica reduziu-
se para valores em torno de 30dB e largura de banda ficou maior. Quanto menor for o valor de R3 e
maior o valor de C3, menor será a atenuação na frequência central e maior será a largura de banda.

b) Para a rede simétrica a frequência central é 159Hz porém sofre um deslocamento dependendo da
maneira que é efetuado o desbalanceamento.

c) A defasagem da rede simétrica na frequência central é de 0° enquanto que com a rede desbalanceada
é de -180°.

Existem outras relações envolvendo mais componentes e que permitem obter os mesmos resultados. No
entanto do ponto de vista prático, é interessante ter a máxima quantidade de componentes com os
mesmos valores.

134
Isto permite optar pelo desbalanço da rede através do resistor R3 ou do capacitor C3 porém como é
mais difícil encontrar capacitores variáveis, novamente a questão prática se impõe e o desbalanço da
rede é efetuado com um fator de ponderação x < 0,5 para R3, mantendo se y = 2 para C3.

Uma vez que é possível também obter um defasamento de 180° com a rede duplo T, o critério de
Barkhausen torna-se válido. A Figura 39 mostra o circuito de um oscilador duplo T onde o desbalanço da
rede é proporcionado pela associação em série do resistor R3 e o resistor varável R5. A frequência de
oscilação é 1KHz.

vo

Figura 39 – Oscilador duplo T com a rede de realimentação desbalanceada

Uma vez que a rede seja desbalanceada sendo (R3 + R5) < 0,5  R1, ela permite que haja em sua saída
uma pequena quantidade de sinal na frequência central e defasada de 180° em relação à entrada.

A defasagem de 180° restante é proporcionada pelo amplificador e assim o circuito oscila. O


potenciômetro R5 deve ser ajustado de modo que a oscilação seja fracamente sustentada, procedimento
este um tanto crítico. No circuito anterior, empregando um amplificador operacional do tipo 741 ou outro
qualquer que não possua saída rail-to-rail, a amplitude máxima do sinal senoidal é limitada pelo início da
saturação do amplificador operacional.

Para uma alimentação de VCC = +9V e VEE = -9V a amplitude do sinal é aproximadamente 5Vpp. A
distorção harmônica total (THD) da senóide na saída é menor do que 1%.

135
O uso de um controle automático de amplitude evita a dependência das características de saturação do
amplificador operacional e ainda reduz a distorção do sinal na saída. A Figura 40 mostra um oscilador
duplo T com rede de realimentação desbalanceada e o controle automático de amplitude empregando um
diodo.

vo

Figura 40 - Oscilador duplo T com rede de realimentação desbalanceada com controle automático de
amplitude empregando diodo

Como pode ser visto na figura, o sinal de saída é realimentado da saída do amplificador para a entrada
inversora por dois caminhos:

a) Através da rede duplo T, onde sofre uma defasagem de 180° tal como no circuito anterior.

b) Pelo divisor resistivo formado pelo resistor R6 em série com o potenciômetro R7 e o diodo D1, não
sofrendo defasagem por este caminho.

Quando a tensão na saída do divisor resistivo aumentar e atingir o limite de condução do diodo, tem-se
sinal aplicado à entrada inversora com a mesma fase do sinal presente na saída do oscilador. Como o
sinal proveniente da rede duplo T está defasado 180° em relação ao do diodo, ocorre o cancelamento
parcial na entrada inversora do amplificador e consequentemente reduzindo a tensão na saída.

136
Tabela Resumo

Oscilador Rede defasadora Amplificador Ganho Frequência

Rf
AV   1
vi vo
Inversor Ri 0 
6  RC
H  j0   
1
29
R f  29  Ri
Rotação de
fase

Rf 1
vi vo
Inversor AV   0 
Ri 3  RC
R f  12  Ri

Rf
AV  1 
vi vo Ri
Não inversor 1
0 
H  j0  
Ponte de 1 RC
Wien 3
R f  2  Ri

R
vi vo
1
Inversor R f  10  Ri 0 
RC

2C

Duplo T

xR 1
vi vo
Inversor Não se aplica 0 
RC

2C
Sendo
x>2

137

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