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PLANO AEROVIÁRIO NACIONAL

OBJETIVOS, NECESSIDADES E INVESTIMENTOS

2018-2038

Brasília, novembro de 2018


MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, PORTOS E AVIAÇÃO CIVIL
SECRETARIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL
DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO E
GESTÃO AEROPORTUÁRIA EQUIPE DA COORDENAÇÃO DE
PLANEJAMENTO DA NAVEGAÇÃO CIVIL

Ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil Coordenador Geral de Planejamento da Navegação Civil
Valter Casimiro Silveira Antônio Marcos Ferreira de Oliveira

Secretário Nacional de Aviação Civil Coordenador de Planejamento da Navegação Aérea Civil


Dario Rais Lopes Victor Melo Freire
Diretora do Departamento de Planejamento e
Coordenadora de Desenvolvimento da Navegação Aérea Civil
Gestão Aeroportuária
Raquel Nascimento Rocha
Fabiana Todesco

Diretor do Departamento de Investimentos Chefe de divisão de Planejamento da Navegação Aérea Civil


em Aeroportos Regionais Bruno Fonseca Reis
Eduardo Henn Bernardi

Diretor do Departamento de Navegação GRUPO DE TRABALHO DE CONSOLIDAÇÃO


Aérea Civil e Capacitação DO PLANO AEROVIÁRIO NACIONAL
Thiago Pereira Pedroso
Coordenadora Geral de Serviços Aéreos Internacionais
Diretor do Departamento de Outorgas e Patrimônio
Ana Paula Cunha Machado Cavalcante
John Weber Rocha

Diretor do Departamento de Políticas Regulatórias Coordenador Geral de Patrimônio


Ronei Saggioro Glanzmann Fernando Barbelli Feitosa

Coordenador Geral de Segurança da Aviação


EQUIPE DA COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO Civil e Desempenho Aeroportuário
E ESTUDOS AEROPORTUÁRIOS Paulo Roberto Certo Fernandes Afonso

Coordenador-Geral de Planejamento e Coordenador Geral de Facilitação do Transporte Aéreo


Estudos Aeroportuários Thiago Meirelles Fernandes Pereira
Leandro Rodrigues e Silva
Coordenador de Serviços Aéreos Domésticos
Coordenador de Planejamento Aeroportuário Gustavo Pacheco Fortes Fleury
Rubem Oliveira de Paula

Coordenador, Projeto Gráfico e Diagramação Coordenadora de Capacitação e Pesquisa


Rafael Willadino Braga Olivia Monteiro Ferraz Christakou

Chefe de divisão de Estudos Aeroportuários Coordenação Orçamentária e Financeira


Marcelo Leme Vilela Marcelo Ryudi Komeno

Analista de Planejamento e Orçamento


Danielle Cavagnolle Mota Brasília, novembro de 2018

Esta publicação faz parte de um conjunto de relatórios que divulgam os resultados de trabalhos realizados no âmbito do de-
senvolvimento e aperfeiçoamento do Planejamento Aeroviário Nacional, consolidando a atividade de planejamento do setor
aéreo e da infraestrutura aeroportuária como ação contínua do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil.

É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que com o objetivo de fomentar discussões técnicas
e divulgação no setor da aviação civil.
PLANO AEROVIÁRIO NACIONAL
OBJETIVOS, NECESSIDADES E INVESTIMENTOS

2018-2038

Brasília, novembro de 2018


FOTO: JC GELLIDON
apresentação
MENSAGEM DO MINISTRO

O modo aéreo é um vetor fundamental de Aviação Civil do Ministério dos Trans-


para a implementação da Política Nacio- portes, Portos e Aviação Civil, como pelas
nal de Transportes - PNT, dado que em diversas entidades do setor, de forma in-
muitas ocasiões o avião é a única opção tegrada.
que permite o acesso ao sistema nacional
de mobilidade por uma parte não despre- O foco dado por este plano aos benefícios
zível de localidades no país. para a população, com a devida economia
de recursos públicos, evidencia o compro-
Este fato ressalta o caráter estratégico misso de toda a equipe do Ministério para
que a aviação civil tem para o Ministério com a sociedade. Essa é a maior contri-
dos Transportes, Portos e Aviação Civil, buição deste documento: a demonstração
e que, em consonância com a PNT, tem de que estamos com um olhar para o futu-
seu planejamento construído através do ro, buscando antever e solucionar proble-
diálogo e da troca de experiências en- mas antes que impactem tanto os clientes
tre os setores público e privado para a diretos do serviço como a população bra-
construção de soluções sustentáveis, sileira em geral.
harmônicas, e para a assunção das res-
ponsabilidades de cada um no alcance Por isso, registro o importante marco da
de objetivos únicos. publicação do primeiro Plano Aeroviário
Nacional para a aviação brasileira, um ins-
Neste sentido, o Plano Aeroviário Nacional trumento do Estado Brasileiro que coloca
aqui apresentado consolida um trabalho o transporte aéreo em uma trajetória de
realizado tanto pela Secretaria Nacional desenvolvimento segura e eficiente.

Valter Casimiro Silveira


Ministro de Estado dos Transportes,
Portos e Aviação Civill

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FOTO: HANSON LU
sumário PLANO AEROVIÁRIO NACIONAL 2018-2038

8 planejamento do setor

CAPÍTULO 1
UMA NOVA PROPOSTA PARA O

16 premissas e objetivos

CAPÍTULO 2
A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN

64 rede aeroportuária

CAPÍTULO 3
ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA

88 infraestrutura

CAPÍTULO 4
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA

118 fundo nacional de aviação civil


CAPÍTULO 5
FINANCIAMENTO PÚBLICO NO SETOR

124transporte de carga aérea


CAPÍTULO 6
PERSPECTIVAS PARA A EVOLUÇÃO DO

128 futuro
A AVIAÇÃO DO
CAPÍTULO 7

132considerações finais
CAPÍTULO 8

7
Diante de uma demanda por
transporte aéreo que dobrou
nos últimos dez anos é essencial
que o poder público e os demais
atores do sistema de transporte
aéreo planejem suas ações
conciliadas com as projeções
de crescimento do setor e
desenvolvimento econômico e
social do País.
CAPÍTULO 1

UMA NOVA PROPOSTA PARA O

planejamento do setor

CAPÍTULO 1
UMA NOVA PROPOSTA PARA O PLANEJAMENTO DO SETOR
O planejamento é um processo essencial Diante de uma demanda por transporte
para qualquer atividade, seja na iniciati- aéreo que dobrou nos últimos dez anos,
va privada, seja na gestão pública. Saber conforme observado na Figura 1, é es-
aonde se quer chegar e definir claramente sencial que o poder público e os demais
os objetivos e as linhas de condução das atores do sistema de transporte aéreo
ações são deveres da administração públi- planejem suas ações conciliadas com
ca. São esses conceitos que contribuem as projeções de crescimento do setor e
para eficiência na alocação dos recursos desenvolvimento econômico e social do
públicos e constroem soluções de serviços País. Com o planejamento, são antecipa-
públicos sustentáveis para a sociedade. dos problemas para que sejam elabora-
das as soluções antes que eles ocorram,
No planejamento de sistemas de trans- por exemplo, a identificação de necessi-
porte, sobressai a necessidade de um dades de expansão e melhorias nos ae-
olhar integrado entre os modos, buscan- roportos brasileiros.
do a eficiência da rede como um todo e
a disponibilização de uma infraestrutura O crescimento da demanda traz muitos
de transporte adequada às necessidades desafios para o setor que vão além do
das populações das cidades brasileiras. investimento em infraestrutura aeroportu-
Adotando essa ideia, o Plano Aeroviário ária. Afinal, fatores como a segurança e
Nacional - PAN busca integrar os planos a qualidade dos serviços são relevantes
de transporte nacionais desde seu nível para o transporte aéreo.
estratégico, onde se definem os objetivos
e as contribuições do transporte para a O Plano Aeroviário Nacional aqui apresen-
nação, até o nível operacional, onde são tado consolida as ações de planejamento
projetadas e analisadas as operações e para o setor de transporte aéreo. No en-
movimentação nas infraestruturas aero- tanto, destaca-se que a importância maior
portuárias. não é o documento e, sim, a continuidade
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FIGURA 1: EVOLUÇÃO DA MOVIMENTAÇÃO DE PASSAGEIROS NO BRASIL
EMBARQUES E DESEMBARQUES EM MILHÕES

CRESCIMENTO NO PERÍODO: 6,71% a.a.

250M 217,1
203,9 206,1
185,1

129,7
150M

50M

2008 2010 2012 2014 2016

DOMÉSTICO 143,1 181,1 195,6 180,5 6,80%a.a.


INTERNACIONAL 15,3 18,7 20,9 20,6 6,00%a.a.
TOTAL 158,4 199,8 216,6 201,3 6,71%a.a.
FONTE: ANAC, 2018 E SAC,2018

dessa atividade, como previsto nas atribui- de infraestrutura e de capacidade de ges-


ções do Ministério dos Transportes, Por- tão fez com que o poder público alterasse
tos e Aviação Civil contidas no Decreto nº a intensidade de intervenção no mercado,
9.000, de 8 de março de 2017. O históri- principalmente nos últimos 25 anos, bus-
co institucional da gestão e planejamento cando a competitividade e o desenvolvi-
do setor de transporte aéreo demonstra a mento. Após longo período de regulação
necessidade do planejamento como ati- com intervenção direta governamental, na
vidade constante para a organização das década de 90, iniciou-se um processo de
ações e estratégias dos diferentes órgãos desregulamentação do mercado que se
e alinhamento com as políticas públicas fortaleceu em 2001/2002, com a liberação
estabelecidas. total à formação de preços das tarifas, e
se solidificou a partir de 2005, com a cria-
Ao olhar o passado, nota-se que, à me- ção da Agência Nacional de Aviação Civil
dida que o transporte aéreo brasileiro se – ANAC.
expandia e se consolidava, levava o poder
público a amadurecer as atribuições de A partir daí, foram desenvolvidas políticas
gestão, o acompanhamento e a regulação e ações regulatórias voltadas à concorrên-
da atividade. A necessidade de expansão cia no setor. O impacto no crescimento da
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demanda foi significativamente perceptí- País. A Comissão é composta também
vel. Dado que a infraestrutura aeroportu- por comitês técnicos que assessoram os
ária existente já não possuía capacidade membros em assuntos relacionados, além
suficiente, o Governo Federal direcionou de pautar propostas resultantes de estu-
seus esforços para o estabelecimento de dos realizados. Nos principais aeroportos
políticas públicas para esse elemento do brasileiros, uma comissão local de Auto-
sistema. ridades Aeroportuárias - AA, formada por

CAPÍTULO 1
representantes de órgãos e entidades pú-
Em 04 de agosto de 2011, foi criada a Se- blicas e privadas, delibera e discute sobre
cretaria de Aviação Civil da Presidência da problemas do próprio aeroporto, além de
República – SAC/PR, por meio da Lei nº propor questões de âmbito nacional para

UMA NOVA PROPOSTA PARA O PLANEJAMENTO DO SETOR


12.462, de 4 de agosto de 2011. A SAC/ a CONAERO.
PR passou a atuar na formulação, coorde-
nação e supervisão das “políticas para o Essa nova estrutura de governança do
desenvolvimento do setor de aviação civil setor trouxe claramente uma maior capa-
e das infraestruturas aeroportuária e ae- cidade de coordenação e articulação dos
ronáutica civil”, conforme traz o texto da órgãos e entidades do setor, baseada em
referida Lei. decisões estratégicas, tomadas de forma
conjunta. Desde a criação da CONAERO,
Juntamente com a criação da SAC/PR, foi entraves ao atendimento de passageiros
instituída a Comissão Nacional de Auto- e cargas aéreas vêm sendo solucionados
ridades Aeroportuárias – CONAERO, por de maneira mais eficiente. O planejamento
meio do Decreto nº 7.554, de 15 de agosto do setor para os grandes eventos (Rio+20,
de 2011, com o objetivo principal de definir Jornada Mundial da Juventude, Copa das
diretrizes estratégicas para o setor de avia- Confederações, Copa do Mundo e Jogos
ção civil relacionadas à gestão do setor e Olímpicos e Paraolímpicos) e períodos de
promover a coordenação do exercício das alta demanda destaca-se como um exem-
competências dos órgãos e entidades nos plo importante na coordenação de ações
aeroportos brasileiros. conjuntas. A excelência da operação aérea
durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpi-
A CONAERO, incialmente coordenada pela cos atingiu índices de atraso e cancela-
SAC/PR e atualmente pelo Ministério dos mento abaixo de níveis internacionais.
Transportes, Portos e Aviação Civil, é um
fórum consultivo e deliberativo formado Outra significativa alteração histórica no
por membros de nove órgãos do governo setor de transporte aéreo deu-se após a
federal e convidados da indústria atuantes criação da SAC/PR, quando a mesma ló-
no setor de aviação civil que trabalham gica de abertura do mercado já observada
diretamente na gestão dos aeroportos do nos serviços aéreos teve seu início de im-
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plantação na infraestrutura aeroportuária, ção brasileira, expressos nas pesquisas de
com o fim do monopólio estatal dos ae- satisfação junto aos usuários do setor.
roportos, e com o objetivo de trazer os in-
vestimentos necessários, em curto prazo, No entanto, na medida em que as políticas
para o atendimento à demanda com cres- regulatórias aumentam a competitivida-
cimento acentuado à época. de e induzem preços mais módicos para
a população brasileira, surgem deman-
O programa federal de concessões de ae- das regionais e necessidades de acesso
roportos começou em 2011, com o aero- em localidades não cobertas pelos polos
porto de São Gonçalo do Amarante/RN. alvos das concessões aeroportuárias. O
Em fevereiro de 2012, o Governo Federal Programa de Investimento em Logística foi
realizou uma nova rodada, na qual conce- então formatado como o Programa de De-
deu os aeroportos de Brasília/DF, Guaru- senvolvimento da Aviação Regional, com
lhos/SP e Campinas/SP. Em dezembro de o objetivo de conectar o Brasil e levar de-
2012, o Governo Federal lançou o Progra- senvolvimento e serviços sociais a lugares
ma de Investimentos em Logística (PIL): distantes dos grandes centros – como é o
Aeroportos, com o objetivo de melhorar caso da Amazônia Legal. O investimento
a qualidade dos serviços e infraestrutu- do programa é oriundo do Fundo Nacional
ra aeroportuária, ampliando a oferta de da Aviação Civil – FNAC (criado pela Lei nº
transporte aéreo para a população brasi- 12.462, de 4 de agosto de 2011), compos-
leira. Como medidas desse Programa, fo- to por tributos e outorgas da aviação, para
ram concedidos os aeroportos de Galeão/ que se garanta o investimento no setor.
RJ e Confins/MG, cujos leilões ocorreram
em novembro de 2013. Na mesma época, Em sua fase inicial, foi estudada no âmbito
foram anunciados investimentos em aero- do Programa de Investimento em Logística
portos regionais. – PIL, a viabilidade técnica de aeroportos
em 270 (duzentas e setenta) localidades.
Posteriormente, em junho de 2015, foi lan- Deste universo, os que se mostraram tec-
çado o programa de investimentos em lo- nicamente viáveis passaram a uma fase
gística 2015-2018, que incluiu quatro novas mais detalhada, com a execução de estu-
concessões ao setor privado para aeropor- dos preliminares, os quais já contempla-
tos nas cidades de Fortaleza/CE, Salvador/ vam uma melhor avaliação de custos de
BA, Porto Alegre/RS e Florianópolis/SC. investimentos.
Essas ações consolidaram e aumentaram
significativamente a capacidade dos prin- A partir desta fase, passou-se para a ela-
cipais polos de origem e destino do trans- boração de anteprojetos de engenharia
porte aéreo, além do nítido incremento da voltados à adequação da infraestrutu-
qualidade dos serviços ofertados à popula- ra (reforma, ampliação ou construção de
12
aeroportos regionais) para os empreen- coacoara/CE, Santo Ângelo/RS, Vitória da
dimentos que se mostraram viáveis, de Conquista/BA e outros.
modo a compor, de forma inédita na histó-
ria da aviação civil brasileira, uma carteira Também houve a execução de programas
de projetos e estudos técnicos dos aero- que estavam voltados a sanar deficiências
portos regionais. pontuais em termos de equipamentos e
que impactavam diretamente o cumpri-

CAPÍTULO 1
A fase de estudos e anteprojetos ainda mento de exigências da ANAC, tais como
está sendo executada para vários aeropor- o programa de Carros Contra Incêndio de
tos pelo MTPA em parceria com o Banco Aeródromos (CCI), que beneficiou mais de
do Brasil, por meio de contrato firmado em 80 aeroportos, o programa com foco na

UMA NOVA PROPOSTA PARA O PLANEJAMENTO DO SETOR


meados de 2013, sendo este o responsá- Segurança da Aviação Civil contra Atos
vel pela contratação, gestão e aprovação de Interferência Ilícita – AVSEC, que en-
de todo o material técnico, em conformi- volve a aquisição de pórticos detectores
dade com os planos de investimentos de- de metal e escâneres de bagagem por
finidos pela SAC/MTPA. raios-x para os aeroportos, e o programa
em Acessibilidade dos Passageiros com a
Decorrente do processo evolutivo dos es- especificação e aquisição de rampas de
tudos, aliado à redução da disponibilidade embarque e desembarque em aeronaves,
orçamentária, bem como um melhor en- beneficiando mais de 40 aeroportos regio-
tendimento por parte da equipe técnica da nais em curto prazo.
SAC/MTPA quanto aos ganhos que seriam
obtidos com um direcionamento mais efe- Deve-se ainda destacar que o maior ga-
tivo dos investimentos, foi realizado no ano nho, entretanto, foi o impulso nas adequa-
de 2016 um processo de reavaliação de ções de infraestrutura, que permitiu que as
todo o Programa de Aviação Regional, o ações sejam planejadas e executadas de
que resultou na composição de uma Rede forma contínua, com aproveitamento efe-
de Interesse Regional com 189 aeroportos. tivo dos recursos orçamentários, tanto de
forma direta como por meio de parcerias
É importante destacar que o Programa de com Estados, Municípios, Comando da
Aviação Regional, desde seu lançamento Aeronáutica e Exército.
ao final do ano de 2012 até o primeiro se-
mestre de 2018, obteve importantes reali- Esse histórico de ações regulatórias, pro-
zações que contribuíram para a retomada gramas de concessões, investimentos ae-
do desenvolvimento da aviação regional. ropotuários e estratégias de gestão neces-
Neste período, foram executadas e entre- sitam de harmonização com as políticas
gues obras de infraestrutura relevantes, públicas e com a visão de futuro para o
tais como os aeroportos de Jijoca de Jeri- setor, de modo que elas sejam cada vez
13
mais integradas, econômicas e eficientes. eficiente. Isso é refletido nos resultados
Daí a relevância do Plano Aeroviário Nacio- que são apresentados nas seções seguin-
nal para o setor. tes, onde as simulações de cada cenário
de desenvolvimento da infraestrutura ae-
Após a instituição da SAC/PR, incumbiu roportuária considera sempre uma rede de
àquela Secretaria a atribuição de “formular transportes rodoviário, ferroviário e hidro-
e implementar o planejamento estratégico viário que alimenta a demanda da rede de
do setor de aviação civil, definindo priori- aeroportos.
dades dos programas de investimentos”,
atribuição que posteriormente passou ao Outro diferencial relevante para o PAN
Ministério dos Transportes, Portos e Avia- aqui apresentado é a análise sistêmica e
ção Civil - MTPA quando da unificação dos em rede, ou seja, a aplicação da premissa
ministérios que tratavam de que cada elemento
de infraestruturas de “ O surgimento do Ministério componente do sistema
transporte nacionais em dos Transportes, Portos e de transporte aéreo está
2016 (Lei nº 13.341, de Aviação Civil traz um marco relacionado aos demais.
29 de setembro de 2016, importante para todo o setor A importância desta
e o Decreto nº 9.000, de de transportes, pois rompe premissa é evidente,
8 de março de 2017). uma segregação institucional por exemplo, quando da
em âmbito federal que simulação de cenários
O surgimento do Minis- dificultava a convergência de de desenvolvimento da
tério dos Transportes, ações setoriais e a integração infraestrutura aeropor-
Portos e Aviação Civil do transporte.” tuária. Ao se considerar
traz um marco importante para todo o se- investimentos em novos aeroportos para a
tor de transportes, pois rompe uma segre- operação futura de voos regulares, é ne-
gação institucional em âmbito federal que cessário avaliar o impacto da migração de
dificultava a convergência de ações se- demanda de outros aeroportos próximos,
toriais e a integração do transporte. Com o que pode auxiliar na decisão sobre o in-
um Ministério único, há espaço para que vestimento. Cada decisão de intervenção
os programas, ações e estratégias go- na rede por parte do poder público gera
vernamentais sejam formuladas de forma benefícios e custos, que devem estar evi-
integrada, buscando a eficiência e com- dentes aos tomadores de decisão e ao se-
plementariedade entre os modos a favor tor de transporte aéreo.
da mobilidade interurbana da população.
Essa é uma das bases consideradas no Para a elaboração do PAN, buscou-se re-
presente Plano Aeroviário Nacional, a de ferências internacionais de planejamento
que a integração entre os modos de trans- do setor de transporte aéreo. A Organiza-
porte deve resultar em um transporte mais ção Internacional da Aviação Civil - OACI
14
(ICAO) recomenda e dá suporte técnico Um exemplo de plano nacional para a avia-
aos países (ICAO, 2018) para o desen- ção civil com uma dimensão estratégica
volvimento dos Civil Aviation Master Plan bem definida é o National Plan of Integra-
- CAMP (Plano Mestre da Aviação Civil), ted Airport Systems (NPIAS) desenvolvido
também nominados “National Civil Avia- pela Federal Aviation Administration (FAA),
tion Plan” (Plano Nacional de Aviação Civil) do U.S. Department of Transportation (FAA,
por alguns países. Segundo a IATA (IATA, 2017). O instrumento estabelece a com-

CAPÍTULO 1
2013), o CAMP é o instrumento que orien- posição da rede aeroportuária americana
ta os objetivos de todos os componentes com a função de cada aeroporto e também
do sistema de transporte aéreo para o fu- traz de forma clara os objetivos do setor,
turo. Ele contém objetivos e estratégias acompanhados de forma permanente por

UMA NOVA PROPOSTA PARA O PLANEJAMENTO DO SETOR


que garantem que as decisões tomadas indicadores de performance. O procedi-
em várias partes do sistema de aviação ci- mento garante uma avaliação contínua das
vil sejam coordenadas. ações governamentais
O plano ajuda a orga- “ Espera-se que este Plano e seus impactos como
nização a se concen- Aeroviário Nacional, cuja primeira resultados finalísticos
trar em atividades que versão é consolidada nesta no setor de transporte
são importantes para o publicação, seja de igual maneira aéreo. Espera-se que
seu sucesso e a garan- um instrumento de planejamento este Plano Aeroviário
tir que as ações sejam e acompanhamento estratégico Nacional, cuja primei-
consistentes. ”
do setor aéreo brasileiro. ra versão é consolida-
da nesta publicação,
O conceito do CAMP converge com o seja de igual maneira um instrumento de
PAN. Afinal, para que haja o planejamen- planejamento e acompanhamento estra-
to em qualquer escala, é necessário que tégico do setor aéreo brasileiro. Esta pri-
os objetivos do sistema planejado estejam meira versão, pelo pioneirismo, carece
claros e que as estratégias contidas no pla- de melhorias, sobretudo no que tange ao
no estejam em consonância com sua visão acompanhamento estratégico do setor,
estratégica. Por este motivo é que os pri- que necessita de um histórico conciso dos
meiros resultados apresentados neste do- indicadores definidos e alinhados aos ob-
cumento tratam da dimensão estratégica jetivos estratégicos. Situação que tende
do planejamento aeroviário nacional. Nela a evoluir nas próximas versões. Porém,
são estabelecidos os objetivos e as pre- o passo inicial é dado com os resultados
missas que devem ser os alvos das ações da dimensão estratégica do planejamento
dos componentes do sistema de transpor- conforme descrito na próxima seção.
te aéreo, sejam eles órgãos governamen-
tais ou entes da indústria.

15
O estabelecimento de uma visão
estratégica clara é fundamental
para o sucesso do planejamento.
Por meio dela é que são
visualizados os objetivos para o
qual todo o setor deve caminhar.
Acima de tudo, é uma forma de
avaliação permanente das ações,
principalmente governamentais,
pois quaisquer atitudes que não
encontram amparo nos objetivos
gerais do sistema não deveriam
ser alvo de esforços.

FOTO: INFRAERO
CAPÍTULO 2

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN

premissas e objetivos
Os objetivos são instrumentos importan- Nesse sentido, foi realizado um levanta-
tes para priorizar ações como, por exem- mento das fontes listadas abaixo, selecio-
plo, investimentos no setor. Esses con- nando os instrumentos estratégicos mais

CAPÍTULO 2
ceitos são respaldados pela bibliografia recentes que impactam no transporte
sobre planejamento (Lima Junio, 2003, aéreo, mesmo que indiretamente, para a
Güell, 1997; Magalhães, 2004; e Matus, consolidação de premissas que orientem
1984 e 1993; dentre outros), e compro- o estabelecimento de objetivos para o se-

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


vadamente aplicado no planejamento de tor. Foram analisados os seguintes docu-
transporte aéreo, como no já citado Na- mentos:
tional Plan of Integrated Airport Systems • Política Nacional de Aviação Civil –
(NPIAS) americano. PNAC – 2009 (Governo Federal);
• Política Nacional de Transportes – PNT
O trabalho para o estabelecimento das – 2018 (MTPA);
premissas e objetivos para o setor de • Programa de Investimentos em Logísti-
transporte aéreo brasileiro constituiu-se ca – PIL – 2011-2015 (MT);
em levantamento, análise e harmonização • Programa de Desenvolvimento da Avia-
dos preceitos que já estão estabelecidos ção Regional – PDAR - 2015 (Governo
em diferentes políticas, planos e progra- Federal);
mas que afetam diretamente ou indireta- • Plano Geral de Outorgas – PGO – 2014
mente o setor, bem como, com a realiza- (SAC/PR);
ção de workshop com órgãos e entidades • Plano Nacional de Logística - PNL -
do setor. Este trabalho, consolida e prio- 2018 (EPL);
riza os objetivos e diretrizes estratégicas • Plano Plurianual 2016 - 2019 – PPA
desses documentos, de forma a garantir (MPOG);
a integração do PAN com outros modos • Plano Nacional de Turismo – 2013 - PNT
de transporte e com setores que possuem (MTur); e
uma relação com o setor de aviação civil, • Planejamento e Gestão Estratégica da
como por exemplo, o turismo. SAC/PR - 2015 (SAC/PR);

17
Os planos e programas de governo consi- cada texto, de forma a padronizá-los em
derados estratégicos e com algum nível de macro objetivos relacionados aos elemen-
integração com o setor aviação civil foram tos de transporte e, posteriormente, sinte-
analisados para a identificação de seus tizar estes nas propostas de premissas a
objetivos, premissas e diretrizes. Como serem consideradas no PAN. Este trabalho
cada documento trata de um objeto dife- está ilustrado na Figura 2 adiante.
renciado, nem todos os objetivos, diretri-
zes ou premissas citados neles possuem As premissas são condições que não de-
relação com o setor aéreo. Logo, um pri- vem ser violadas quando da elaboração de
meiro filtro foi aplicado para selecionar os estratégias, projetos ou ações que com-
55 elementos textuais descritos no Quadro põem o plano. Os objetivos do PAN são
1, adiante, com suas respectivas fontes de consolidados com base nessas premissas
informação. e representam o que deve ser buscado pe-
las estratégias, projetos e ações planeja-
Naturalmente, os documentos desenvol- dos.
vidos no âmbito de diferentes instituições
adotam diferentes linguagens e termos Como pode ser observado na Figura 2, a
para esboçar objetivos similares. Outras análise dos documentos e planos gover-
vezes, os objetivos focam nos meios para namentais resultou em 12 (doze) premis-
alcance de um objetivo maior. Por isso, foi sas para o PAN e 9 (nove) objetivos, que
necessário buscar uma interpretação para serão detalhados nas seções a seguir.

QUADRO 1: OBJETIVOS, DIRETRIZES E PREMISSAS


RETIRADAS DOS PLANOS GOVERNAMENTAIS ESTRATÉGICOS

Objetivos, Diretrizes e Premissas retiradas dos planos governamentais Documento/ Plano

Política Nacional
A segurança.
de Aviação Civil
Política Nacional
A prestação do serviço adequado.
de Aviação Civil
Política Nacional
A proteção ao meio ambiente.
de Aviação Civil
Política Nacional
A proteção do consumidor.
de Aviação Civil
Política Nacional
O desenvolvimento da aviação civil.
de Aviação Civil

18
Objetivos, Diretrizes e Premissas retiradas dos planos governamentais Documento/ Plano

Política Nacional
A eficiência das operações da aviação civil.
de Aviação Civil
Prover um sistema acessível, eficiente e confiável para a mobilidade de pesso- Política Nacional
as e bens. de Transportes
Política Nacional
Garantir a segurança operacional em todos os modos de transportes.
de Transportes
Política Nacional
Prover uma matriz viária racional e eficiente.
de Transportes
"Promover a participação intra e interinstitucional, considerando sociedade,
Política Nacional
governo e mercado, no desenvolvimento de uma

CAPÍTULO 2
de Transportes
política de transporte integrada."
Planejar os sistemas de logística e transportes a partir de uma visão territorial, Política Nacional
integrada e dinâmica. de Transportes
Política Nacional

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


Disciplinar os papéis dos atores do Setor de Transportes do Governo Federal.
de Transportes
Dar transparência à sociedade, ao mercado e aos agentes públicos quanto às Política Nacional
ações governamentais do Setor de Transportes. de Transportes
Incorporar a inovação e o desenvolvimento tecnológico para o aperfeiçoamento Política Nacional
contínuo das práticas setoriais. de Transportes
Política Nacional
Promover a cooperação e a integração física e operacional internacional.
de Transportes
Considerar as particularidades e potencialidades regionais nos planejamentos Política Nacional
setoriais de transportes. de Transportes
Política Nacional
Atuar como vetor do desenvolvimento socioeconômico e sustentável do país.
de Transportes
Garantir a infraestrutura viária adequada para as operações de segurança e Política Nacional
defesa nacional. de Transportes
Desenvolver e integrar os modais de transporte rodoviário, ferroviário, aéreo e Programa de Investimentos
hidroviário em Logística - PIL
Melhorar a qualidade dos serviços e a infraestrutura aeroportuária para os Programa de Investimentos
usuários em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Ampliar a oferta de transporte aéreo à população brasileira.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Reconstruir a rede de aviação regional.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Garantir excelência de gestão na operação aeroportuária.
em Logística - PIL

19
Objetivos, Diretrizes e Premissas retiradas dos planos governamentais Documento/ Plano

Programa de Investimentos
Integração do território nacional.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Desenvolvimento dos polos regionais.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Fortalecimento dos centros de turismo.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Garantia de acesso às comunidades da Amazônia Legal.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Trazer mais inovação e experiência de operadores internacionais.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Incentivar o turismo.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Aperfeiçoar o transporte de cargas.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Criar novos hubs regional.
em Logística - PIL
Aumentar o acesso da população brasileira ao sistema aéreo de transporte,
com prioridade aos residentes nas regiões menos desenvolvidas do País, Programa de Desenvolvi-
considerando tanto o aumento do número de Municípios e rotas atendidos por mento da Aviação Regional
transporte aéreo regular, como o número de frequências das rotas regionais - PDAR
operadas regularmente.
Programa de Desenvolvi-
Integrar comunidades isoladas à rede nacional de aviação civil, no intuito de
mento da Aviação Regional
facilitar a mobilidade de seus cidadãos.
- PDAR
Programa de Desenvolvi-
Facilitar o acesso a regiões com potencial turístico, observado o disposto no
mento da Aviação Regional
inciso I (aumentar o acesso da população...).
- PDAR
Estímulo ao uso do transporte aéreo e ao desenvolvimento da aviação civil. Plano Geral de Outorgas
Estímulo à integração nacional e internacional, com a expansão dos serviços
de transporte aéreo doméstico e internacional, aumento do número de locali-
Plano Geral de Outorgas
dades atendidas, desenvolvimento das ligações de baixa e média densidade de
tráfego e alcance a regiões de difícil acesso.
Incentivo aos investimentos públicos e privados na aviação civil brasileira,
Plano Geral de Outorgas
pautados pela segurança jurídica nas relações contratuais.
Estímulo à eficiência nas operações da aviação civil e na gestão da infraestru-
Plano Geral de Outorgas
tura aeroportuária.
Estímulo à concorrência entre aeródromos. Plano Geral de Outorgas

20
Objetivos, Diretrizes e Premissas retiradas dos planos governamentais Documento/ Plano

Planejamento e Gestão
Promover o acesso da sociedade a um transporte aéreo seguro e de qualidade.
Estratégica da SAC-PR
Plano nacional de
Desafogar a logística rodoviária do país.
Logística - PNL
Identificar e analisar alternativas para otimizar a movimentação de cargas
Plano nacional de
com o uso da multimodalidade de transporte, buscando eficiência nos campos
Logística - PNL
tecnológico, energético, social, econômico e ambiental, entre outros.
Inclusão social e redução de desigualdades, com melhor distribuição das opor-
PPA 2016 - 2019
tunidades e do acesso a bens e serviços públicos de qualidade.
Ampliação da produtividade e da competitividade da economia, com funda-

CAPÍTULO 2
mentos macroeconômicos sólidos, sustentabilidade e ênfase nos investimentos PPA 2016 - 2019
públicos e privados, especialmente em infraestrutura.
Ampliação da atuação do Brasil no comércio internacional de bens e serviços,
agregando valor, conteúdo tecnológico, e diversificando a pauta e o destino das PPA 2016 - 2019

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


exportações brasileiras.
Investimentos na melhoria do transporte de passageiros e de carga, buscando
a integração modal, a eficiência da rede de transporte, a competitividade do
PPA 2016 - 2019
país, o desenvolvimento sustentável e a integração regional, nacional e sul-a-
mericana.
Aumentar a capacidade da rede de aeroportos do Brasil de modo a possibilitar
PPA 2016 - 2019
o processamento de 385 milhões de passageiros.
Adequar a capacidade de processamento de aeronaves, passageiros e cargas
à demanda existente e futura, por meio de intervenções nas infraestruturas PPA 2016 - 2019
aeroportuárias e medidas de gestão.
Ampliar a oferta do serviço de transporte aéreo regular de passageiros e car-
PPA 2016 - 2019
gas por meio de medidas institucionais e incentivos à concorrência.
Promover a segurança da aviação civil, ampliando a segurança operacional e a
PPA 2016 - 2019
proteção contra atos de interferência ilícita.
Promover o desenvolvimento institucional, regulatório e técnico da aviação civil
PPA 2016 - 2019
brasileira.
Aprimorar a eficiência e a segurança operacional do setor por meio do desen-
volvimento e modernização das operações de navegação aérea e da infraestru- PPA 2016 - 2019
tura aeronáutica civil.
Preparar o turismo brasileiro para os megaeventos. Plano Nacional de Turismo
Incrementar a geração de divisas e a chegada de turistas estrangeiros. Plano Nacional de Turismo
Incentivar o brasileiro a viajar pelo Brasil. Plano Nacional de Turismo

21
Premissas do PAN ção de acesso tempestivo à rede de trans-
porte interurbana de longa distância em
Aumentar a acessibilidade e a condições de mobilidade adequadas ao
conectividade da rede de transportes deslocamento.
brasileira
A premissa foca na necessidade de au- O Quadro 2 abaixo demonstra que os usu-
mentar o nível de acessibilidade e de co- ários do transporte aéreo no Norte do País
nectividade da rede de transportes brasi- utilizam mais o serviço para fins de saúde
leiras. do que nas demais regiões. Isso eviden-
cia a importância do transporte aéreo para
A acessibilidade é o elemento que sim- essa população, justificando assim que
boliza a facilidade de acesso à rede de o planejamento adote esta como uma de
transporte. Um aeroporto ou outro meio suas premissas.
que insira o usuário na rede é uma forma
de acesso. A conectividade, por sua vez, é QUADRO 2: PERCENTUAL DE VIAGEM
relacionada às opções de destino disponí- POR MOTIVO DE SAÚDE NAS REGIÕES
veis, ou seja, às conexões da rede. Nesse BRASILEIRAS
sentido, observa-se com facilidade que a Viagens por
inserção ou o desenvolvimento de novos Região motivo de saúde
(% em relação ao total)
aeroportos que operem voos regulares au-
Norte 5,25%
mentam a acessibilidade de toda a rede de
Centro-Oeste 3,08%
transporte nacional, enquanto a inserção
Sudeste 2,22%
de novas rotas aumenta o grau de conec-
Nordeste 2,20%
tividade do país.
Sul 1,63%
FONTE: SAC E EPL, 2015
A premissa também atenta à necessidade
de se aumentar o nível destes elementos
de rede em dois ambientes específicos: Em relação à necessidade de se dotar de
• a Amazônia Legal; e acessibilidade e conectividade as regiões
• as regiões com potencial turístico. com potencial turístico, trata-se de trazer
coerência aos investimentos das diferen-
É importante ressaltar a característica da tes esferas do governo neste setor. Consi-
aviação civil de proporcionar o acesso a derando que há investimentos públicos e
regiões com isolamento geográfico, como privados voltados ao turismo em várias re-
é o caso de alguns municípios pertencen- giões brasileiras, é essencial que essas re-
tes à Amazônia Legal. Devido às condi- giões sejam dotadas de opções de acesso
ções geográficas, em muitas localidades o aéreo. Por esse motivo, a identificação das
transporte aéreo passa a ser a única op- regiões em que o turismo possui impacto
22
FIGURA 2: CONSOLIDAÇÃO DAS PREMISSAS DO PAN E OBJETIVOS PARA O SETOR AÉREO
COM BASE NOS PLANOS, POLÍTICAS E PROGRAMAS NACIONAIS

PREMISSAS

DOCUMENTO/PLANO
AUMENTAR A ACESSIBILIDADE E A CONECTIVIDADE
DA REDE DE TRANSPORTES BRASILEIRA
PLANO NACIONAL
DE LOGÍSTICA INTEGRADA AUMENTAR A EFICIÊNCIA E A INTEGRAÇÃO
ENTRE OS MODOS DE TRANSPORTE
POLÍTICA NACIONAL
DE TRANSPORTES DESENVOLVER A INTEGRAÇÃO NACIONAL,
REGIONAL E INTERNACIONAL
PROGRAMA DE
INVESTIMENTOS EM DESENVOLVER E AMPLIAR A

CAPÍTULO 2
LOGÍSTICA INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE AÉREO
PLANO PLURIANUAL DESENVOLVER E AMPLIAR OS SERVIÇOS DE TRANSPORTE
2016-2019 AÉREO DE PASSAGEIROS E CARGAS
PLANO NACIONAL ESTIMULAR A DEMANDA AÉREA

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


DE TURISMO OTIMIZANDO A MATRIZ DE TRANSPORTES
PROGRAMA DE GARANTIR A PROTEÇÃO AOS CONSUMIDORES
DESENVOLVIMENTO DOS SERVIÇOS ENVOLVIDOS NO TRANSPORTE AÉREO
DA AVIAÇÃO REGIONAL
MELHORAR A QUALIDADE DOS SERVIÇOS E
PLANO GERAL INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE AÉREO
DE OUTORGAS
MINIMIZAR OS EFEITOS PREJUDICIAIS
PLANEJAMENTO E GESTÃO DA AVIAÇÃO CIVIL AO MEIO AMBIENTE
ESTRATÉGICA DA SAC-PR
PROMOVER A SEGURANÇA NA AVIAÇÃO CIVIL
POLÍTICA NACIONAL
DE AVIAÇÃO CIVIL PROMOVER O DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL,
REGULATÓRIO E TÉCNICO DA AVIAÇÃO CIVIL

PROMOVER O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

OBJETIVOS PARA O SETOR

GARANTIA DOS DIREITOS


DOS USUÁRIOS
RELACIONADOS À REDE

QUALIDADE E ACESSIBILIDADE
FACILITAÇÃO
CONECTIVIDADE
CONSERVAÇÃO DO
MEIO AMBIENTE EFICIÊNCIA
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
TÉCNICO E INSTITUCIONAL
SEGURANÇA

23
relevante para a economia foi uma tarefa compatíveis com as demandas crescentes
fundamental desenvolvida no PAN de transporte.

Os documentos que apontam para essa A premissa então orienta a retomada de


premissa são: a Política Nacional de uma visão de rede integrada, de forma a
Transportes – PNT, o Programa de Inves- identificar as potencialidades de intermo-
timentos em Logística – PIL, o PPA 2016 – dalidade, no caso da aviação civil, orien-
2019, o Programa de Desenvolvimento da tando a alocação de recursos em infraes-
Aviação Regional – PDAR, o Plano Geral trutura aeroportuária onde há conexões
de Outorgas da SAC/PR, o Planejamento potenciais com os demais modos e con-
e Gestão Estratégica da SAC-PR e o Plano siderando as redes de transporte rodovi-
Nacional de Turismo – PNT. ária, ferroviária e hidroviária como fontes
alimentadoras do sistema de transporte
Aumentar a eficiência e a integração aéreo.
entre os modos de transporte
interurbanos A necessidade de integração ocorre tanto
O crescimento e as mudanças sazonais no transporte aéreo de passageiros quan-
dos fluxos de transporte de passageiros e to no transporte de cargas. Atualmente,
de cargas, na medida em que o território cerca de 65% da carga aérea transporta-
nacional se desenvolve, fazem surgir de- da no Brasil é concentrada em somente 4
mandas por transporte interurbano que (quatro) aeroportos: Guarulhos/SP, Campi-
nem sempre são supridas com a infraes- nas/SP, Manaus/AM e Galeão/RJ (MTPA,
trutura e serviços existentes. Estes pontos 2018) e cerca de 90% da carga internacio-
de conflito são comumente chamados de nal está concentrada nos dois primeiros. A
“gargalos” do transporte. carga transportada, porém, não se destina
somente a esses locais, mas é distribuí-
A eliminação destes gargalos consta como da ao longo de todo Brasil principalmente
objetivo dos planos de transporte desde o pelo meio rodoviário. A viabilização de ou-
grande desenvolvimento da malha rodo- tros “nós” de integração nos demais aero-
viária brasileira, que ocorreu a partir dos portos brasileiros é essencial para a efici-
anos 1950. Com grandes investimentos ência logística, que implicará em redução
quase que exclusivamente na malha ro- dos custos e rapidez no transporte. Nesse
doviária, outros modos de transporte aca- sentido, é tão importante a preocupação
baram com algum grau de funcionalidade da eficiência nos deslocamentos aéreos
comprometida, principalmente pela au- quanto a eficiência no deslocamento com-
sência de conexões rodoviária-ferroviária, plementar por meio de outro(s) modo(s) de
ferroviária-hidroviária e rodoviária-aérea, transporte.

24
As ações e projetos do setor também de- O transporte aéreo tem papel fundamental
vem buscar maior eficiência econômica, na integração nacional, regional e interna-
tanto para os entes públicos envolvidos cional, pela qualidade de deslocamentos
quanto para os privados. de longa distância em
A obtenção de maior efi- “ O transporte aéreo pouco tempo, propor-
ciência econômica possi- tem papel fundamental na cionando mobilidade
bilita melhor alocação de integração nacional, regional interurbana apesar das
recursos produtivos, me- e internacional, pela qualidade distâncias. Atualmente,
lhorias na qualidade dos de deslocamentos de longa a rede de transporte
serviços e ampliação do distância em pouco tempo, aéreo regular de pas-
bem estar social. proporcionando mobilidade sageiros proporciona

CAPÍTULO 2
interurbana apesar das a conexão entre 112
Corroborando com a distâncias. ” metrópoles ou aglome-
premissa, o PAN analisa rações urbanas no país
diferentes alternativas de investimentos, e a iteração entre seus habitantes, seja por

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


de forma a selecionar as que sejam mais motivos de negócios, lazer ou vínculos fa-
eficientes e que proporcionam maior inte- miliares.
gração entre os modos, como será visto
no Capítulo 4. Os documentos que apontam para a ob-
servação desta premissa são: a Política
São documentos que apontam para a ob- Nacional de Transportes - PNT, o Progra-
servação desta premissa: a Política Nacio- ma de Investimentos em Logística - PIL, o
nal de Transportes – PNT, o Programa de PPA 2016 – 2019, o Programa de Desen-
Investimentos em Logística - PIL, o PPA volvimento da Aviação Regional – PDAR e
2016 – 2019 e o Plano Nacional de Logís- o Plano Geral de Outorgas da SAC/PR.
tica - PNL.
Desenvolver e ampliar a infraestrutura
Desenvolver a integração nacional, de transporte aéreo
regional e internacional O setor de aviação civil está em constante
A integração do território é função primária transformação, com impactos significati-
do transporte. A integração proporciona vos na demanda, que, por sua vez, geram
o desempenho das relações comerciais, necessidades de ampliação e adequação
sociais e culturais, viabiliza os fluxos per- da infraestrutura e dos serviços existentes.
tencentes às cadeias de produção e con-
sumo ao longo do país, sendo assim um A demanda por transporte aéreo dobrou
dos principais insumos para o desenvolvi- nos últimos dez anos. Em meio a este
mento econômico. crescimento, evidenciou-se a realização

25
de grandes eventos internacionais como transporte, ampliando a capacidade dos
a Jornada Mundial da Juventude (2013), terminais e sistemas de pistas dos prin-
a Copa do Mundo FIFA (2014), os Jogos cipais aeroportos brasileiros, como pode-
Olímpicos e Paraolímpicos (2016). Esses mos observar na Figura 3 a seguir.
eventos não geraram somente um impac-
to momentâneo na demanda. Observa-se que a capacidade instalada da
infraestrutura aeroportuária do Brasil, em
Como observado em outros países que já termos de capacidade de processamen-
sediaram megaeventos esportivos recen- to anual de passageiros, é suficiente para
temente, seus efeitos são sentidos antes, absorver a demanda por transporte aéreo
durante e após a realização dos eventos, regular de passageiros até o ano de 2025.
com um legado de crescimento da taxa Porém, tanto a demanda como a capaci-
de evolução do turismo internacional em dade dos aeroportos possuem uma distri-
função da evidência do país e seus atra- buição geográfica diferenciada, visto que
tivos para o mundo e da evolução das há um maior concentração de passageiros
relações internacionais (Burton, 2003). nas grandes cidades que podem levar à
Em função disso, o Governo Federal e a necessidade de ampliação de infraestru-
iniciativa privada, por meio das conces- turas específicas em um horizonte mais
sões aeroportuárias, realizaram significa- próximo, enquanto outras num horizonte a
tivos investimentos nas infraestruturas de longo prazo.

FIGURA 3: HISTÓRICO DE CAPACIDADE DOS AEROPORTOS DO BRASIL


EM MILHÕES DE PASSAGEIROS

CRESCIMENTO HISTÓRICO: 6,51% a.a. CRESCIMENTO PROJETADO: 4,6% a.a.

600

CAPACIDADE
400 LIMITE: 2025

200

2008 2018 2023 2028 2038


LIMITE DA CAPACIDADE 285 285 285 285
DEMANDA PROJETADA 216,6 257,5 318,6 537,3
FONTE: ANAC, 2018 E SAC,2018

26
É importante, ainda, que a ampliação da para o desenvolvimento econômico e so-
infraestrutura aeroportuária seja adequa- cial de qualquer país. Enquanto há garga-
da a cada tipo de demanda. O estudo das los e impactos nos fatores dessa rede de
demandas potenciais em termos de rotas transportes, o custo do transporte é alto
para cada aeroporto e, consequentemente,
propicia a estimativa de “ Observa-se que a capacidade também é alto o custo
aeronaves de projeto e instalada da infraestrutura de produção de qual-
o adequado dimensio- aeroportuária quer bem que precisa
namento da infraestru- do Brasil, em termos de ser transportado. O
tura para o tipo de liga- capa­cidade de processa­mento transporte aéreo pos-
ção predominante do anual de passageiros, é suficien­ sui sua parcela de par-

CAPÍTULO 2
aeroporto. Em outras te para absorver a demanda ticipação nesta matriz
palavras, o PAN consi- por transporte aéreo regular de e, embora não seja
dera que uma rede de passageiros até o ano de 2025. alvo do transporte de
aeroportos desenvol- ” grandes volumes de

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


vida não compreende commodities, que res-
que todos eles sejam do mesmo porte ou saltam com maior peso nos indicadores
possuam as mesmas características ope- de transporte de cargas, é adequado para
racionais. Aeroportos com baixa demanda o transporte de bens de alto valor agre-
e predominância de desejos de viagem gado, principalmente, os manufaturados
para ligações regionais necessitam de e os produtos perecíveis, relevantes para
pouco investimento para que sejam certi- as exportações.
ficados com condições de operação para
aeronaves de menor porte. O acompanha- Nas exportações, o fator de custo do
mento e a identificação das necessidades transporte no produto tem impacto acen-
de aumento da capacidade aeroportuária tuado e por isso deve-se buscar a eficiên-
são demonstrados neste documento no cia da rede. Um estudo do BID (Moreira et
Capítulo 4. al., 2010) aponta que o frete representava,
em média, cerca de 5,5% do preço do pro-
Além da demanda de transporte de pas- duto, podendo em alguns casos chegar a
sageiros, há especial atenção das ações 10%. Nos Estados Unidos, por exemplo,
governamentais voltadas a uma nova vi- esse custo varia em torno de uma média
são da matriz de transporte de cargas. de 3,7%. O valor brasileiro é tão represen-
Uma rede de transporte eficiente, que tativo que o mesmo estudo do BID conclui
maximize a mobilidade das pessoas e que uma redução de 10% nos custos de
riquezas, com baixo custo e tempo de transporte poderia impulsionar um aumen-
deslocamento, é característica essencial to de até 39% nas exportações.

27
O alto custo faz com que o preço dos pro- mento do rodoviário, no Brasil, o que se
dutos brasileiros seja menos competitivo observa é exatamente o contrário. Ou seja,
no mercado exterior. Da mesma forma, o predomínio absoluto do rodoviário. Esse
contribui para o afastamento de investi- fato posiciona o Brasil muito mais próximo
mentos estrangeiros porque as empresas de países da Europa ocidental, de peque-
acabam buscando ou- na dimensão territorial.
tros países para descen-
tralizar sua produção. “ A ineficiência da rede Adequar o tipo de carga
de transporte é facilmente com o modo de trans-
A ineficiência da rede de explicada pela alta porte é fator determi-
transporte é facilmen- concentração do modo nante para o sucesso
te explicada pela alta rodoviário na matriz de logístico. Por isso, é
concentração do modo transportes ”
brasileira. importante a etapa pré-
rodoviário na matriz de via de estudos e plane-
transportes brasileira. Quando se fala em jamento ao investimento. O investimen-
matriz de transporte no Brasil, pode-se to, por sua vez, gera a disponibilidade
dizer que essa matriz é bastante desba- da infraestrutura, essa disponibilidade
lanceada se comparada com outros paí- fomenta a demanda e a competição e re-
ses de dimensões semelhantes. Enquanto duz os preços do frete, fazendo com que
países de grandes dimensões territoriais, a matriz de transporte funcione da forma
como Estados Unidos, Canadá, China e mais eficiente. O resultado é que cada
Rússia, utilizam predominantemente os tipo de carga passa a ser transportada
modos de transporte ferroviário e aquaviá- no modo mais adequado, em termos de
rio para o transporte de cargas, em detri- tempo e custo.

FIGURA 4: HISTÓRICO DE EVOLUÇÃO DA DEMANDA POR CARGA AÉREA


MILHARES DE TONELADAS ANUAIS
1.800

1.200
DOMÉSTICA

600
INTERNACIONAL

2005 2010 2015 2017

28
Ao contrário do crescimento da demanda Desenvolver e ampliar os
pelo transporte aéreo de passageiros, a serviços de transporte aéreo
demanda pelo transporte de carga aérea de passageiros e cargas
apresenta historicamente taxas de cres- Além da necessidade de adequação das
cimento em patamares bem inferiores, infraestruturas aeroportuária e aeronáuti-
como pode ser observado na Figura 4. ca civil com a demanda de transporte de
passageiros e cargas, como exposto na
Logo, a mudança deste cenário é um de- premissa anterior, há a necessidade de
safio ainda maior para o setor. Segura- compatibilidade com os serviços ofereci-
mente envolve ações e projetos que vão dos pelas empresas de transporte aéreo,
além do investimento em infraestrutura, completando assim toda a cadeia de des-

CAPÍTULO 2
como os estudos e levantamentos para locamento.
identificação de potencialidades e de-
mandas não atendidas, além da elimina- Para que o setor aéreo continue se de-
ção de barreiras burocráticas a favor da senvolvendo, ainda que em períodos de

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


eficiência do transporte. restrição econômica, é necessário que o
mercado e poder público reavaliem as es-
Um detalhamento das estratégias volta- tratégias e busquem soluções inovadoras.
das ao transporte de carga aérea é apre-
sentado no Capítulo 6 do PAN. A Política Nacional de Aviação Civil – PNAC
já salientou dentre suas ações que bus-
O desenvolvimento da infraestrutura ae- cam o desenvolvimento da aviação civil,
ronáutica civil e a otimização do uso do a necessidade de se “estimular o desen-
espaço aéreo, de maneira coordenada volvimento das ligações de baixa e média
e harmônica, também são ações neces- densidade de tráfego”.
sárias para garantir a eficiência do setor.
Nesse sentido, o PAN também apresenta A intenção é despertar as demandas re-
estratégias voltadas ao desenvolvimento primidas que podem nortear o desenvol-
da infraestrutura aeronáutica brasileira vimento. Da mesma forma, a operação de
em seu Capítulo 4. serviços low cost (de baixo custo) surge
como oportunidade de redução de cus-
Vários planos e programas de governo tos operacionais e oferta de serviços mais
corroboram com os elementos que nor- acessíveis à população, alcançando assim
teiam essa premissa, como o Programa uma parte da demanda mais elástica e
de Investimentos em Logística - PIL, o sensível às alterações de preço. Esta pre-
PPA 2016 – 2019, o Plano Nacional de missa foi aqui incluída devido às citações
Turismo – PNT e o Plano Geral de Outor- no PPA 2016 – 2019 e na Política Nacional
gas da SAC/PR. de Aviação Civil – PNAC.
29
Estimular o desenvolvimento midores do transporte aéreo e sua tutela
econômico do setor e o aumento da pelas transportadoras proporcionaram
demanda por transporte aéreo grandes avanços na qualidade de servi-
Diferente da premissa que trata do desen- ço, alavancados principalmente desde os
volvimento e ampliação das infraestruturas anos 2010.
aeroportuária e aeronáutica civil, a presen-
te premissa busca ressaltar a importância Conforme citado no Decreto Nº 6.780, de
do planejamento contemplar ações e pro- 18 de fevereiro de 2009, que aprova a Po-
jetos que estimulem o aumento da deman- lítica Nacional de Aviação Civil (PNAC), “o
da pelo transporte aéreo. atendimento às necessidades dos consu-
midores, o respeito à sua dignidade, saúde
As ações e projetos para atendimento a e segurança, a proteção de seus interes-
esta premissa podem ocorrer no âmbito ses econômicos, bem como a transparên-
de políticas voltadas aos serviços, ao mer- cia e harmonia das relações de consumo,
cado, à sociedade ou por meio de ações constituem-se em importante marco nas
da regulação que visam o estímulo ao au- relações entre consumidores e fornecedo-
mento da demanda. O crescimento da de- res de bens e serviços”.
manda em particular é o principal elemen-
to para o aumento da receita para o setor O termo citado na PNAC possui como ob-
aéreo. Consequentemente, o aumento da jetivo orientar o desenvolvimento de nor-
receita pode proporcionar novos investi- mas específicas para o setor de aviação
mentos privados e públicos que retornam civil, contemplando os princípios do Có-
em aumento de qualidade e redução dos digo de Defesa do Consumidor, para que
custos dos serviços ofertados. sejam garantidos os direitos dos usuários
perante as particularidades do setor.
As bases orientadoras dessa premissa fo-
ram retiradas do Programa de Investimen- A proposta desta premissa está embasada
tos em Logística - PIL, do Plano Nacional num dos objetivos da Política Nacional de
de Logística - PNL e do Plano Geral de Ou- Aviação Civil (PNAC) que é “a proteção do
torgas da SAC/PR. consumidor”.

Garantir a proteção Melhorar a facilitação


aos consumidores e a qualidade dos serviços
As políticas de relações de consumo e A qualidade sempre foi uma preocupação
acesso de passageiros com deficiências e ao mesmo tempo um diferencial dos ser-
ao transporte aéreo ocuparam significativo viços aéreos. Organismos internacionais
espaço na aviação civil na última década. como a International Civil Aviation Organi-
O reconhecimento dos direitos dos consu- zation (ICAO) e Airports Council Internatio-
30
nal (ACI) acompanham o desenvolvimento tor da aviação civil. Portanto, a opinião dos
do setor, tanto em aspectos relacionados passageiros é elemento fundamental para
ao desempenho operacional dos aeropor- orientar as decisões dos agentes respon-
tos e empresas do trans- sáveis pelo transporte aé-
porte aéreo, quanto a as-
pectos qualitativos, além

No âmbito da prestação reo, que devem ter como
norte o aprimoramento
de serviços ao passageiro,
de Safety and Security. o princípio fundamental dos níveis de serviço e da
é colocar o usuário no satisfação dos usuários
Dentre os diferentes as- centro do sistema, sendo ao longo de todas as eta-
pectos que retratam nível sua satisfação vital para o pas do processo.
de serviço e qualidade no sucesso do setor da aviação

CAPÍTULO 2
setor, o Brasil atualmente
se destaca com suas em-
civil. ”
O Ministério dos Trans-
portes, Portos e Avia-
presas aéreas e aeroportos entre os mais ção Civil – MTPA e a Agência Nacional de
pontuais do mundo, como aponta a orga- Aviação Civil – ANAC realizam constantes

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


nização britânica OAG Aviation Worldwide levantamentos e avaliações da qualidade
Limited no relatório “On-time performan- dos serviços prestados pelos operadores
ce results for airlines and airports - OAG aeroportuários e empresas aéreas, como
Punctuality League” (OAG, 2016). a Pesquisa Permanente de Satisfação do
Passageiro do MTPA e a Pesquisa de Sa-
No âmbito da prestação de serviços ao tisfação de Passageiros – PSP da ANAC.
passageiro, o princípio fundamental é colo- Os resultados demonstram aumento cons-
car o usuário no centro do sistema, sendo tante da qualidade dos serviços ofertados,
sua satisfação vital para o sucesso do se- como observado na Figura 5.

FIGURA 5: HISTÓRICO DE EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DA PESQUISA MTPA

GRANDES OBRAS
5

4,36 4,36 4,32


4,26
4,15 4,17
4,08
4 3,88 3,91
3,81 3,78

3
1sem 2sem 1sem 2sem 1sem 2sem 1sem 2sem 1sem 2sem 1sem
2013 2014 2015 2016 2017 2018
31
A pesquisa do MTPA é realizada direta- 2014, foram realizados o “Prêmio Boa Via-
mente com passageiros e mede sua satis- gem edição Copa das Confederações” e
fação em 38 indicadores de qualidade dos o “Prêmio Copa do Mundo”, respectiva-
serviços oferecidos, atualmente, por 20 mente. A partir de 2015, foram realizados
aeroportos que, juntos, movimentam 87% anualmente prêmios “Aeroportos + Brasil”,
dos passageiros no País. com premiação para os operadores aero-
portuários, empresas aéreas e órgãos pú-
A pesquisa é composta por indicadores blicos que atuam no aeroporto.
que avaliam a satisfação do passageiro
com os processos e serviços aeroportu- Apesar do bom desempenho operacional
ários a ele oferecidos e também por in- dos aeroportos e empresas aéreas brasi-
dicadores que monitoram o tempo dos leiras, é necessária a manutenção de me-
processos aos quais os passageiros são didas regulatórias e políticas de incentivo
submetidos. As perguntas formuladas no para manter e elevar o padrão dos servi-
questionário contemplam os seguintes ços prestados, aproximando-se cada vez
itens: infraestrutura aeroportuária; facili- do conceito de serviço adequado constan-
dades aos passageiros; companhias aére- te na legislação:
as; órgãos públicos; e satisfação geral do
“Art. 6º, § 1º: Serviço adequado é o que
passageiro. Os resultados permitem aos
satisfaz as condições de regularidade,
gestores públicos e privados atuarem dire-
continuidade, eficiência, segurança, atu-
tamente sobre os problemas que afetam a
alidade, generalidade, cortesia na sua
experiência do usuário.
prestação e modicidade das tarifas.”

Depois de cinco anos contínuos de pes- Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.


quisa, observou-se que a satisfação ge-
ral dos passageiros teve um aumento de A Política Nacional de Aviação Civil (PNAC),
13%. O maior índice de satisfação dos aprovada pelo Decreto nº 6.780, de 18 de
passageiros foi atingido no 2º trimestre de fevereiro de 2009, prevê no item 3.5 - De-
2017, quando 92% dos entrevistados ava- senvolvimento da Aviação Civil a ação de
liaram os 15 aeroportos pesquisados nes- “acompanhar o desenvolvimento do Siste-
se período como “bons” ou “muito bons”. ma de Aviação Civil por meio de avaliação
e divulgação permanentes de indicadores”
O Governo Federal, por meio da antiga e também “assegurar a transparência e a
SAC/PR e, atualmente, pelo MTPA, pas- publicidade da atividade regulatória”.
sou a reconhecer os melhores aeroportos
do país, com base nessa pesquisa, com A inclusão desta premissa no PAN é justifi-
vista a fomentar melhorias na qualidade cada por citações em documentos como a
dos serviços aeroportuários. Em 2013 e Política Nacional de Aviação Civil – PNAC,
32
o Programa de Investimentos em Logística Apesar dos avanços tecnológicos, o cres-
- PIL, o PPA 2016 – 2019 e o Plano Geral cimento do setor aéreo coloca desafios do
de Outorgas da SAC/PR. ponto de vista ambiental. Nas últimas dé-
cadas, houve um aumento consistente no
Minimizar os efeitos número de pessoas que utilizam o trans-
prejudiciais ao meio ambiente porte aéreo para percorrer médias e lon-
A aviação civil brasileira possui amplo gas distâncias. Além dos efeitos diretos da
potencial de crescimento. Para que o de- expansão da infraestrutura aeroportuária
senvolvimento do setor ocorra de maneira na transformação do meio ambiente, o au-
sustentável, é necessário mento na frequência de
que as políticas e instru-
“ Atualmente, a aviação é voos provoca diferentes

CAPÍTULO 2
mentos de planejamento 70% mais eficiente do que impactos ambientais, os
contemplem a preocu- era na década de 1970, no quais podem ser dividi-
pação ambiental. Nesse que se refere às emissões de dos em três grandes ca-
sentido, as ações am- gases poluentes e de efeito tegorias: ruído aeronáuti-

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


bientais não devem ser
abordadas de maneira

estufa. co, emissões de gases de
efeito estufa, e emissões
isolada e sim como parte integrante das que afetam a qualidade do ar local.
estratégias de desenvolvimento do setor,
tais como: investimentos em infraestru- Nesse sentido, esforços devem ser envi-
tura; otimização das operações das em- dados no sentido de estabelecer ou fazer
presas aéreas; gestão do tráfego aéreo; e cumprir acordos com órgãos nacionais e
eficiência e estabilidade de oferta de com- internacionais que contribuam para a con-
bustíveis. servação e a manutenção do meio am-
biente, como trata a Política Nacional de
Nos últimos cinquenta anos, observou-se Aviação Civil – PNAC.
uma grande evolução tecnológica no se-
tor da aviação, com o desenvolvimento Promover a segurança
de novos motores e aeronaves cada vez A segurança na aviação civil figura como
mais eficientes no que tange ao consumo atributo essencial e a principal premissa
de combustível. A adoção de motores tur- para o setor, tanto no seu sentido de segu-
bofan reduziu o consumo de combustíveis rança operacional (safety) como quanto no
para propulsão das aeronaves e, conse- de proteção contra atos ilícitos (security).
quentemente, a emissão de poluentes. Conforme destacado na PNAC, o conceito
Atualmente, a aviação é 70% mais eficien- da segurança compreende um estado per-
te do que era na década de 1970, no que manente de garantia da integridade física
se refere às emissões de gases poluentes e patrimonial dos usuários do sistema de
e de efeito estufa. aviação civil.
33
FIGURA 6: COMPARAÇÃO DOS PARÂMETROS DE IMPLEMENTAÇÃO DOS PROTOCOLOS
DE SEGURANÇA AUDITADOS PELA ICAO NO UNIVERSAL SAFETY OVERSIGHT AUDIT
PROGRAMME – USOAP
100

90

80

70

60

ss

es
ion

ion

ion
ion

ice
sin

ne

om
lat

at

at

rv
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en

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Le

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Ae
nv
Or

tio
Ai

tI

iga
en

av
cid

rN
Ac

BRASIL ESTADOS
UNIDOS
REINO
UNIDO
MUNDO Ai FONTE: ICAO, 2018

FIGURA 7: ÍNDICE GERAL DE SEGURANÇA DO USOAP


UNIVERSAL SAFETY OVERSIGHT AUDIT PROGRAMME POR PAÍS MEMBRO DA ICAO

FONTE: ICAO, 2018

34
O Brasil destaca-se entre os países em Para suprir essa demanda, é essencial que
desenvolvimento com índices de seguran- haja a promoção e a realização de cursos
ça operacional próximos aos de países de de formação, capacitação e atualização
referência e acima da média mundial. Isso para as diversas categorias profissionais
pode ser observado nos gráficos compa- ligadas à aviação civil, além do incentivo
rativos ao lado (Figuras 6 e 7) oriundos dos e desenvolvimento de estudos e projetos
dados de auditoria de segurança opera- para o planejamento e gestão dos recur-
cional realizada pela ICAO (Universal Sa- sos humanos da aviação civil.
fety Oversight Audit Programme - USOAP)
em diferentes países. As ações e os projetos orientados por esta
premissa visam suprir demandas tanto das

CAPÍTULO 2
Perante o ótimo desempenho observado entidades públicas ligadas ao setor quanto
neste aspecto, a premissa deve orientar das empresas privadas, focando estrate-
ações específicas para a manutenção e a gicamente na melhoria dos serviços e no
elevação dos índices de segurança. Deve atendimento às demais premissas do PAN.

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


também balizar as demais premissas de A premissa é baseada em um dos objeti-
modo que qualquer ação que vá de encon- vos traçados no PPA 2016 – 2019.
tro com a segurança deva ser reavaliada.
Promover o
Documentos que apontam para a obser- desenvolvimento econômico
vação desta premissa são a Política Na- Existe uma relação positiva entre a oferta
cional de Transportes – PNT, o Programa de infraestrutura de transportes interurba-
de Investimentos em Logística - PIL, o PPA nos para a integração nacional e regional
2016 – 2019, o Planejamento e Gestão Es- e o desenvolvimento econômico local. Es-
tratégica da SAC-PR e a Política Nacional tudos desenvolvidos pelo Ministério dos
de Aviação Civil (PNAC). Transportes, Portos e Aviação Civil – MTPA,
comparando o PIB das regiões atendidas
Promover o desenvolvimento por aeroportos com um índice que mede
institucional, regulatório e técnico a oferta de infraestruturas e serviços de
A demanda crescente do setor, conforme transporte apontam uma correlação da or-
demonstrado anteriormente, enseja a par- dem de 77% entre as variáveis. Isso indica
ticipação de cada vez mais pessoas quali- que os dois elementos caminham juntos,
ficadas para garantir a qualidade e a segu- independentemente do conhecimento de
rança dos serviços aéreos. Aliado a isso, qual elemento é o gerador e qual é o re-
o setor conta com o acompanhamento sultante.
de organismos internacionais que prezam
pela conservação dos índices de desem- O fato é que existem regiões do Brasil que
penho operacional e de segurança. carecem de infraestruturas e serviços de
35
transporte interurbano. Assim, a partir de Cabe aqui uma distinção entre alguns dos
sua implantação, essa passa a contribuir objetivos traçados. O primeiro grupo, des-
com a geração de renda da região. tacado na Figura 8, apresenta objetivos re-
lacionados à rede de transportes. Ou seja,
A Política Nacional de Transportes – PNT são os objetivos para qual devem ser dire-
e o PPA 2016 – 2019 são programas que cionados os esforços de planejamento da
destacam a necessidade de consideração rede, incluindo os investimentos em infra-
dessa premissa. estrutura aeroportuária a serem desenha-
dos. Cada alteração na rede, como o início
de operação de um aeroporto por voos
Objetivos para o setor regulares, altera a configuração do atendi-
de transporte aéreo mento e, consequentemente, os níveis de
acessibilidade, conectividade, eficiência e
Os objetivos de um plano são os resulta- desenvolvimento da rede de aeroportos.
dos a serem alcançados, de modo que as
ações a serem desenvolvidas devem ser Já os demais são objetivos gerais para
orientadas a um ou à parte destes. todo o setor. Esses objetivos devem orien-
tar o desenvolvimento de políticas públi-
Após a definição das premissas, ficaram cas, projetos e ações que se materializam
claros os objetivos a serem adotados no por meio dos diversos entes do setor. Nas
PAN. Dessa forma, considerando os prin- seções seguintes, serão detalhadas algu-
cipais elementos citados em cada uma mas estratégias planejadas para alcance
das premissas, conclui-se pelos objetivos destes objetivos gerais, enquanto os ob-
exposto na Figura 8. jetivos relacionados à rede de aeroportos,
pela necessidade de detalhamento maior,
são apresentados em Capítulos separados
FIGURA 8: OBJETIVOS PARA O SETOR DE (Capítulos 3 e 4).
TRANSPORTE AÉREO
OBJETIVOS PARA O SETOR

GARANTIA DOS DIREITOS Estratégias para


DOS USUÁRIOS alcance dos objetivos
RELACIONADOS À REDE

SEGURANÇA ACESSIBILIDADE

QUALIDADE E CONECTIVIDADE Segurança


FACILITAÇÃO
EFICIÊNCIA Os dois principais aspectos da seguran-
CONSERVAÇÃO DO
ça considerados na aviação civil dizem
MEIO AMBIENTE DESENVOLVIMENTO
respeito à segurança contra atos de in-
DESENVOLVIMENTO
TÉCNICO E INSTITUCIONAL terferência ilícita (security) e a segurança
operacional (safety), que são igualmente
36
importantes para a garantia da integridade mantendo sempre o nível de segurança
física e patrimonial dos atores do sistema equivalente entre as várias medidas.
de transporte aéreo, com foco principal
nos usuários, e requerem ações e progra- A garantia das medidas de segurança de-
mas dedicados à este tema. verá ser cada vez menos baseada em pro-
cedimentos físicos, como barreiras e pro-
Tendo em vista a previsão de crescimento cedimentos de inspeção de segurança, e
da demanda do transporte aéreo, tanto de ser cada vez mais baseada em análise de
cargas quanto de passageiros, e a neces- risco, sejam elas dos passageiros ou das
sidade de aplicação eficiente de recursos, cargas.
é preciso planejar a segu-

CAPÍTULO 2
rança da aviação civil con- Hoje, as medidas de se-
tra atos de interferência “ A garantia das medidas gurança existentes no
ilícita – AVSEC de forma de segurança deverá ser Brasil tratam todos os
diferente do que é pratica- cada vez menos baseada em passageiros e todas as

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


do atualmente. procedimentos físicos, como cargas da mesma forma,
barreiras e procedimentos como se todos apresen-
As soluções de ampliar de inspeção de segurança, e tassem os mesmos ris-
constantemente e indefi- ser cada vez mais baseada cos. Assim, as medidas
nidamente as infraestru- em análise de risco, sejam físicas se tornam pouco
turas aeroportuárias e os elas dos passageiros ou das eficientes, pois, ao tra-
quantitativos de mão de cargas. ” tar todos como de alto
obra voltados à seguran- risco, deliberadamente
ça AVSEC são custosos e nem sempre criam gargalos nos processos, reduzindo
eficientes. e dificultando os fluxos de passageiros e
de cargas. Elas são também dispendiosas
Os objetivos estratégicos para AVSEC, no pois exigem aquisição de equipamentos
longo prazo, buscam a ampliação da se- cada vez mais modernos e áreas cada vez
gurança dos passageiros, das cargas e maiores para permitir a quantidade cres-
das infraestruturas aeroportuárias, sem, no cente de pessoas e cargas a serem pro-
entanto, comprometer o fluxo e os níveis cessadas.
de serviço do transporte aéreo.
As medidas físicas devem ser complemen-
Nesse contexto, se busca, em parceria tadas por medidas de análise de risco, que
com os demais órgãos e entidades res- podem ser atingidas por meio de aquisi-
ponsáveis pela AVSEC, a adoção de me- ção de informações antecipadas e uso de
didas que permitam tratar as diferentes inteligência na avaliação dos diferentes
ameaças e riscos de maneira diferenciada, riscos. Com o uso de informações ante-
37
cipadas, cruzamento delas entre diversos Deverá, portanto, ser desenvolvido um
bancos de dados e definição de parâme- mecanismo de troca de informações entre
tros de avaliação de risco, o uso de fer- os vários agentes que permita ‘conhecer’ o
ramentas de inteligência artificial permitirá que está sendo transportado. Em seguida,
uma avaliação antecipada do risco apre- deve-se buscar a troca dessas informa-
sentado por cada passageiro e por cada ções cada vez mais cedo dentro do pro-
carga e permitirá então que medidas físi- cesso, para se chegar ao ponto de aplicar
cas diferentes sejam aplicadas para cada medidas de segurança desde o momento
categoria de risco. da compra das passagens ou na manifes-
tação das cargas, passando pelos demais
Pois não é razoável tratar os grandes aero- pontos de controle que serão criados ao
portos internacionais da mesma forma que longo dos fluxos dos passageiros e das
os pequenos aeroportos regionais, ou en- cargas.
tão tratar os agentes aduaneiros da mes-
ma forma que um fornecedor eventual, ou Com a adoção dessas duas estratégias,
ainda um grande agente de cargas como os agentes envolvidos na AVSEC (opera-
um pequeno importador. dores aéreos, aeroportuários e órgãos de
segurança) poderão ser mais eficientes,
Nesse casos, não se trata de oferecer privi- oferecendo soluções diferentes para cada
légios a categorias específicas, mas reali- nível de risco sem precisar onerar todo o
zar análise de risco e buscar um tratamen- sistema de segurança e possibilitando o
to diferenciado entre os diferentes níveis aumento dos fluxos sem necessariamente
de risco identificado, sempre mantendo o com aumento dos custos.
nível de segurança equivalente entre eles.
Para a definição do melhor caminho para
Outra estratégia que deve ser buscada no se atingir esses objetivos específicos, o
campo da AVSEC é a adoção de vários setor precisará aprimorar sua coordena-
níveis ou camadas de segurança em vez ção, para que os vários agentes possam
da camada única existente hoje (canal de compartilhar uma visão comum de futuro
inspeção nos terminais). e, então, adotar medidas que trabalhem de
forma harmônica e sinérgica entre si.
Depositar toda a segurança da aviação
civil num único ponto é outra caracterís- Essa coordenação deverá ser realizada
tica que obriga que esses pontos centrais pela Secretaria Nacional de Aviação Civil,
sejam cada vez maiores e mais caros. O como representante setorial do Ministério
caminho a ser seguido é de criação de vá- dos Transportes, Portos e Aviação Civil,
rios pontos e barreiras de segurança, que tendo em vista suas competências institu-
permitam mais fluidez e eficiência. cionais, em especial as de “coordenação
38
dos órgãos e das entidades do sistema de por todos para que seja possível evoluir a
aviação civil” e “coordenar, em conjunto segurança da aviação civil para o cenário
com os órgãos e as entidades do setor, a desejado. Ou seja, o cenário em que seja
formulação de diretrizes para a segurança possível tratar as diferentes ameaças e
operacional, a facilitação do transporte aé- riscos de maneira diferenciada, mantendo
reo e a segurança da aviação civil contra sempre o nível de segurança equivalente
atos de interferência ilícita”. entre as várias medidas. Ressalta-se que
os operadores aéreos e aeroportuários
O fórum criado para essa coordenação en- também estão sendo envolvidos na elabo-
tre os órgãos, no âmbito da AVSEC, é o ração dessas diretrizes, uma vez que eles
Comitê Técnico de Segurança da Aviação são importantes nesse processo.

CAPÍTULO 2
Civil – CTSAC da Comissão Nacional das
Autoridades Aeroportuárias – CONAERO, No que tange à segurança operacional, o
que reúne todos os órgãos governamen- Comando da Aeronáutica (COMAER) e a
tais com atuação na AVSEC, bem como Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


os operadores aeroportuários e aéreos. estabeleceram o Programa Brasileiro para
Somente a partir de uma visão de futuro a Segurança Operacional (PSO-BR) como
compartilhada entre todos os agentes e da instrumento principal para orientar o de-
adoção de ações que unam os esforços é senvolvimento de ações e conceitos de
que será possível atingir os objetivos es- segurança operacional.
tratégicos propostos.
O Programa foi formulado para produção
Nesse âmbito, o CTSAC apresentou à CO- dos efeitos de acordos internacionais as-
NAERO a Minuta do Decreto do Programa sumidos pelo Brasil junto à Organização
Nacional de Segurança da Aviação Civil de Aviação Civil Internacional (ICAO) rela-
Contra Atos de Interferência Ilícita – PNAV- cionados à segurança operacional. Cada
SEC, que o aprovou. A Minuta agora segue uma das entidades, por sua vez, desenvol-
para apreciação da Presidência da Repú- vem, implantam e acompanham seus Pro-
blica. Esse Programa foi elaborado de tal gramas de Segurança Operacional Espe-
forma que permitirá, de forma flexível, a cíficos (PSOE) conforme suas respectivas
evolução da segurança da aviação civil atribuições.
para os objetivos planejados acima.
Os PSOE-ANAC estabelece metas de
Além disso, o CTSAC, em parceria com o desempenho da segurança operacional,
Comitê Técnico de Facilitação – CTFAL, já procedimentos de supervisão, da política
iniciou as discussões com os demais ór- de tratamento de violações e orienta a im-
gãos (ANAC e DPF) para as definições das plantação do Sistema de Gerenciamento
diretrizes e premissas a serem buscadas de Segurança Operacional - SGSO, tan-
39
to no que tange às ações específicas da e garante investimentos adequados para
Agência reguladora, quanto nas respon- a manutenção e evolução da segurança
sabilidades dos entes regulados. operacional nestes aeroportos. Já os ae-
roportos sob gestão da Infraero ou dele-
Destacam-se como ações já implantadas gados aos estados ou municípios, care-
nesse sentido pela ANAC, e que contri- cem de investimentos oriundos do FNAC
buem para o atual nível de segurança para a correção de não conformidades
operacional brasileiro na aviação civil, a com a regulamentação vigente ou evolu-
Instrução Normativa nº 91 de 5 de novem- ção de padrões de segurança operacio-
bro de 2015, que trata do Nível Aceitável nal, conforme alterações operacionais ou
de Desempenho da Segurança Operacio- evolução da demanda.
nal (NADSO) da aviação civil brasileira; e a
Portaria nº 215, de 4 de fevereiro de 2016, Utilizando-se de informações dos proces-
que estabelece indicadores de desempe- sos de certificação operacional de aero-
nho de segurança operacional a serem portos e de dados do programa de vigi-
acompanhados pela ANAC. lância continuada realizados pela ANAC,
bem como de orçamentos da Infraero
O PSOE-COMAER, também com foco no para seus aeroportos, foi possível estimar
gerenciamento da segurança operacional, os investimentos necessários para regula-
direciona o estabelecimento de procedi- rizar situações de segurança operacional
mentos de identificação, avaliação e ge- em um conjunto de 37 aeroportos com
renciamento de riscos na aviação como necessidades de adequações identifica-
uma das principais linhas de atuação. das pela ANAC e pela Infraero. As prin-
cipais intervenções estão relacionadas à
Ambos os instrumentos são programas sinalização horizontal e vertical, adequa-
contínuos importantes para a garantia da ções na RESA e na faixa preparada.
segurança operacional nos aeroportos,
na indústria e no espaço aéreo. Estima-se que de 2019 a 2022 são ne-
cessários R$ 896,34 milhões oriundos do
No que tange à infraestrutura aeroportu- FNAC para regularizar tais questões. Des-
ária, os aeroportos concedidos à iniciati- taca-se porém, que os aeroportos que ca-
va privada possuem a responsabilidade recem de obras para ampliação, reforma,
contratual de manter em bom estado de construção ou regularização de resistên-
funcionamento, conservação e seguran- cia de pavimentos, tiveram suas estimati-
ça os bens necessários à prestação dos vas realizadas no âmbito dos investimen-
serviços aeroportuários. Essa responsa- tos gerais em infraestrutura aeroportuária,
bilidade contribui para o nível de serviço conforme detalhado no Capítulo 3.

40
Garantia aos a transparência e harmonia das relações
direitos dos usuários de consumo. Observa-se que a política se
As relações entre consumidores e presta- estabeleceu na busca do equilíbrio entre
dores de serviços de transporte aéreo pas- consumidores e fornecedores dos bens e
saram por significativas alterações norma- serviços do transporte aéreo, reconhecido
tivas desde os anos 2000. Nessa época, que os regramentos setoriais devem con-
o Comando da Aeronáutica, impulsionado templar os princípios insculpidos no Códi-
pelas novas tendências da aviação civil, go de Defesa do Consumidor.
fez publicar a Portaria nº 676/GC-5/2000
(atualização da Portaria nº 957/1989), com Merece menção ainda a preocupação
as novas Condições Gerais de Transporte. externada no PNAC com as informações

CAPÍTULO 2
essenciais sobre o serviço fornecidas ao
Esse marco abria as portas para uma consumidor, a existência de mecanismos
nova década que se iniciaria com a libera- necessários para sua proteção, para que
ção dos preços dos serviços, disposta na não haja necessidade de recorrer à via ju-

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


Portaria nº 248, de 10 de agosto de 2001. dicial no caso de atrasos e cancelamentos.
Segundo ela, ficavam liberadas as tarifas Essas premissas estão em perfeita conso-
aéreas de passageiros, de transporte de nância com os princípios fundamentais de
carga e de malote postal, praticadas pelas proteção do consumidor enunciados pela
empresas de transporte aéreo doméstico Organização Aviação Civil Internacional
em todo o território nacional (art. 1º). Essa (ICAO, 2018).
norma depois seria ratificada e ampliada
pela Lei nº 11.182/2005, que criou a Agên- Em 2010, a ANAC iniciou a revisão dos re-
cia Nacional de Aviação Civil (ANAC), lhe gulamentos direcionados a informação so-
transferindo as competências do extinto bre serviços aéreos, assistência nos casos
Departamento de Aviação Civil (DAC) e de atrasos e cancelamentos e atendimen-
dispondo sobre as liberdades tarifária e de to, promovido respectivamente pelas Re-
oferta (arts. 48 e 49). soluções nº 138 e 141 de 2010 e nº 196 de
2011. Impulsionada pela Ação Civil Pública
Mas a Política Nacional de Aviação Civil nº 2006.61.000.028224-0, 6ª Vara Federal
(PNAC) somente estaria completa com o de São Paulo, que demandava medidas
advento do Decreto nº 6.780/2009. Espe- mais efetivas de assistência aos passagei-
cificamente em relação à proteção do con- ros, pela primeira vez, a ANAC estabelecia
sumidor, a PNAC ressalta o atendimento uma política regulatória própria das rela-
às suas necessidades, pelo respeito à sua ções de consumo. Inclusive, seu foco já
dignidade, saúde e segurança, a proteção estava em certa medida direcionado aos
de seus interesses econômicos, bem como três momentos distintos pelo qual obriga-

41
toriamente passam os passageiros, quais RE 636331), a compensação imediata por
sejam: antes do voo (direitos de informa- preterição e reembolso de despesas por
ção), durante o voo (direito de assistência) extravio de bagagens etc.
e depois do voo (direito de resolução efeti-
va dos conflitos). De outra sorte, os passageiros com defi-
ciência também presenciaram aprimora-
Importante também destacar a Resolução mento da tutela prestada por todo o Gover-
nº 400/2016, editada sob a inspiração da no Federal e em especial pelo transporte
convergência com as práticas interna- aéreo, desde a adesão completa do Brasil
cionais e liberdade na à Convenção Internacio-
prestação de serviços. “ As políticas públicas de
nal sobre os Direitos das
A medida regulatória re-
transporte objetivam tutelar
Pessoas com Deficiência
presentou a consolida-
tanto as pessoas com
e seu Protocolo Faculta-
ção das três Resoluções
deficiência como as com
tivo, de Nova York, até a
retromencionadas, a
restrição de mobilidade,
promulgação da Lei nº
ampliação do direito de
abrangendo idosos,
13.146/2015 (Estatuto da
informação e a abertura
gestantes ou pessoas com
Pessoa com Deficiência),
de novos meios de reso-
criança de colo, bem como
passando pela edição da
lução alternativa de con-
pessoas com mobilidade
Resolução nº 280/2013,
flitos, com a adesão da
reduzida temporária.” interposta para a elimi-
ANAC à plataforma Consumidor.gov.br. A nação de barreiras no serviço de trans-
medida apresenta um significativo avanço porte. Há que se reconhecer que o Brasil
às garantias dos usuários do transporte saiu de uma situação de inexistência de
aéreo. diretrizes setoriais para um delineamento
de políticas públicas e regulatórias bem
Este movimento da regulação federal foi sedimentadas, entre 2007 e 2017, deno-
essencialmente especial por significar o tando uma maturidade no arcabouço nor-
fechamento do processo de reforma regu- mativo federal.
latória inaugurado em 2010, sob os auspí-
cios dos princípios do Código de Defesa As políticas públicas de transporte objeti-
do Consumidor, conforme a orientação vam tutelar tanto as pessoas com deficiên-
setorial do transporte aéreo. Medidas sig- cia como as com restrição de mobilidade,
nificativas trazidas por esta norma foram abrangendo idosos, gestantes ou pessoas
a possibilidade de correção do nome até com criança de colo, bem como pessoas
o check-in, o cancelamento da passagem com mobilidade reduzida temporária. Por
sem ônus em até 24 horas da compra, a isso, miram nas estratégias de acessibili-
limitação da indenização por bagagem ex- dade, enquanto forma de inclusão social
traviada (na linha do decidido pelo STF no que dá oportunidade a qualquer indivíduo
42
de exercer a sua escolha. Consubstancia- posteriormente substituída pela Resolução
-se, assim, em abordagem centrada no nº 280/2013, que trata dos passageiros
cidadão e em suas condições e capaci- com necessidade de assistência especial
dades físicas, sociais e econômicas. No- (PNAE). O processo de revisão que culmi-
ta-se, não obstante, que essas políticas nou na edição da resolução em epígrafe,
têm sido direcionadas para garantir não só teve por escopo ampliar e facilitar o aten-
acessibilidade, como direito de preferência dimento a esses consumidores, fazendo
aos cidadãos. incluir, por isso, em especial, o direito à in-
formação aos passageiros que necessitam
Com efeito, duas são as Leis que dispõem de assistência especial.
sobre as políticas públicas de priorida-

CAPÍTULO 2
de e acesso: Lei nº 10.048/2000 e Lei nº A título de registro e para entendimento da
10.098/2000. Em relação aos transportes, evolução da norma que trata sobre acessi-
seus comandos são direcionados a elimi- bilidade, a Resolução ANAC nº 280/2013
nação de barreiras para seu uso. No De- foi inspirada na Lei nº 10.098/2000, no

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


creto nº 5.296/2004, que regulamenta a Decreto nº 5.296/2004, e também no De-
Lei nº 10.098/2000, acessibilidade está re- creto nº 6.949/2009, que internalizou na
lacionada em fornecer condição para utili- ordem jurídica brasileira a Convenção In-
zação, com segurança e autonomia, total ternacional sobre os Direitos das Pessoas
ou assistida, dos espaços, mobiliários e com Deficiência. Logo, esta matriz serviu
equipamentos urbanos, das edificações, de supedâneo para o estabelecimento dos
dos serviços de transporte e dos disposi- ordenamentos regulatórios.
tivos, sistemas e meios de comunicação
e informação, por pessoa com deficiência Importante destacar que a Resolução nº
ou com mobilidade reduzida. No mesmo 280/2013 não fez distinção do usuário
documento, barreiras são definidas como que necessite de uma assistência espe-
qualquer entrave ou obstáculo que limite cial, mesmo que transitória, da pessoa
ou impeça o acesso, a liberdade de mo- com deficiência ou que possua mobilida-
vimento, a circulação com segurança e a de reduzida, declarando análoga a sua si-
possibilidade de as pessoas se comunica- tuação. Vide o disposto no caput do art.3º
rem ou terem acesso à informação. Todos in verbis:
devem ter direitos, deveres e acessos, po-
rém o mais importante é o respeito às dife- “Art. 3º Para efeito desta Resolução, en-
renças pessoais. tende-se por PNAE pessoa com deficiên-
cia, pessoa com idade igual ou superior
Estabelecidas as premissas da política a 60 (sessenta) anos, gestante, lactante,
pública, a ANAC regulamentou a matéria pessoa acompanhada por criança de
inicialmente pela Resolução nº 9/2007, colo, pessoa com mobilidade reduzida

43
ou qualquer pessoa que por alguma con- programas de treinamento contínuo, para
dição específica tenha limitação na sua atendimento dos PNAE, e da formação
autonomia como passageiro.” de base de dados sobre transporte des-
ses passageiros, a ser informado à ANAC,
A definição de passageiro com necessida- sempre que exigido. Essas duas imposi-
de de assistência especial (PNAE) especi- ções permitem uma aferição dos níveis de
fica o universo de pessoas que se preten- qualidade do atendimento, bem como uma
de abranger por meio da Resolução. Para medição efetiva da quantidade de pesso-
essa definição, foram usados como marco as com deficiência incluídas no modo de
basilar os Decretos n°. 5.296/2004 e n.º transporte aéreo.
6.949/2009. A previsão de códigos para
identificação das assistências a serem É nesse contexto que os aeroportos, seja
prestadas foi mantida para facilitar a inte- pelas normas de edificação, como pelo
ração entre operadores aéreos, operado- programa de concessões para sua renova-
res aeroportuários e demais agentes que ção e expansão, vêm se tornando um am-
atuam no transporte aéreo, bem como por biente mais acessível e adaptado para in-
ser o suporte ao cumprimento dos regis- clusão das pessoas com deficiência. Isso
tros estatísticos exigidos no artigo 38 da se evidencia nas modificações e adapta-
norma. ções na sua estrutura física, voltadas à
eliminação de qualquer tipo de barreira à
Essencial mencionar que a Resolução nº circulação de qualidade. Muitas vezes, a
280/2013 também se preocupou com o solução para os problemas arquitetônicos
veículo destinado ao transporte aéreo, ao e estruturais não está na construção de
especificar, no seu ANEXO II, a configu- novos empreendimentos, mas nas adapta-
ração das Aeronaves no que diz respeito ções necessárias desses espaços ao pú-
à adequação em conformidade com as blico designado, para que possam manter
normas de acessibilidade da ABNT. Des- uma relação de autonomia e segurança
taque-se, em especial, a localização prefe- em todos os âmbitos sociais.
rencial dos assentos com braços móveis,
cadeiras de rodas de bordo, lavatório, ilu- Em relação ao acesso de pessoas com
minação e sinalização adequados, exceto deficiência, ainda cabem medidas regu-
quando a adequação for julgada imprati- latórias específicas no reconhecimento
cável pelo órgão certificador. dessa classe de consumidor, bem como a
manutenção de reiterada supervisão para
Outros pontos relevantes da norma, que que transportadoras aéreas e aeroportos
constam nos artigos 36 a 40, versam sobre promovam a eliminação de barreiras de
a obrigação impostas aos transportadores acesso. Cabe destacar real importância
aéreos e aeroportos, da manutenção de para o reconhecimento da proteção espe-
44
cífica devida às pessoas com deficiência, tativo, capturando assim as opiniões dos
enquanto grupo mais vulnerável entre os usuários sobre quais melhorias devem ser
PNAE. realizadas.

Qualidade e Facilitação A área técnica da SAC/MTPA está atuan-


Adotando a premissa da qualidade dos do junto aos membros do Comitê Técnico
serviços ofertados e a consideração de de Desempenho Operacional – CTDO da
que a opinião dos passageiros é que deve CONAERO para a definição das mudan-
orientar as decisões dos agentes respon- ças a serem implementadas na pesquisa
sáveis pelo transporte aéreo, a pesquisa de forma a torná-la mais qualitativa e mais
de satisfação e de desempenho operacio- abrangente.

CAPÍTULO 2
nal realizada pelo MTPA deve ser mantida
e aprimorada, com vistas a abarcar cada Também está no escopo da ampliação da
vez mais aeroportos e cada vez mais eta- pesquisa de satisfação a inclusão de mais
pas do processo, desde o início da via- perguntas qualitativas, o aprimoramento

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


gem até a chegada ao destino final. do embasamento estatísticos das amos-
tras coletadas, bem como a ampliação da
Com a realização da pesquisa, o Estado relação de aeroportos. O Ministério dos
Brasileiro e todo os entes do setor podem Transportes, Portos e Aviação Civil plane-
acompanhar e conhecer como está o fun- ja publicar edital de contratação de pes-
cionamento do sistema da aviação civil, quisa para mais 20 aeroportos, passan-
bem como qual é a opinião dos usuários do dos atuais 20 para 40 no total, o que
sobre ele. Isso permite que as decisões permitirá contemplar e avaliar a qualidade
estratégicas e os planos de desenvolvi- dos serviços nas infraestruturas aeropor-
mento do setor sejam pautados em da- tuárias que processam cerca de 99% dos
dos concretos e, acima de tudo, na opi- passageiros do país.
nião do passageiro.
Com a previsão da escala de crescimento
Num processo de melhoria contínua, a da aviação civil para os próximos anos, os
pesquisa deve ampliar seu caráter de fer- riscos atuais e emergentes de Facilitação
ramenta de gestão para os prestadores de do Transporte Aéreo precisam ser também
serviços no sistema, em especial os ope- abordados de forma proativa para garan-
radores aéreos e aeroportuários. Para isso, tir que essa expansão seja gerenciada e
a pesquisa deve aprimorar suas caracte- apoiada por meio da formulação de polí-
rísticas quantitativas já existentes, dando ticas públicas estratégicas, com o objetivo
mais robustez e confiabilidade aos dados de promover a adoção de todas as medi-
coletados. Em adição a isso, a pesquisa das apropriadas para facilitar o movimen-
também deve ampliar seu aspecto quali- to de aeronaves civis, tripulantes, passa-
45
geiros, bagagens, cargas, malas postais buscam melhorar a experiência do pas-
e provisões de bordo, eliminando-se os sageiro, tornando o modo de transporte
obstáculos desnecessários e reduzindo ao aéreo cada vez mais atrativo para o setor
mínimo possível os tempos de espera. produtivo.

A facilitação envolve quatro grupos princi- Essa coordenação deverá ser realizada
pais (Estado, Operadores Aéreos, Adminis- pela SAC, como representante setorial do
tradores Aeroportuários e Clientes), cada Ministério dos Transportes, Portos e Avia-
um com uma priorida- ção Civil, tendo em vis-
de um pouco diferente, ta suas competências
embora os seus interes- “ A facilitação envolve institucionais, em espe-
ses se sobreponham. quatro grupos principais cial as de “coordenação
O principal interesse (Estado, Operadores Aéreos, dos órgãos e das enti-
do Estado é o cumpri- Administradores Aeroportuários dades do sistema de
mento integral de suas e Clientes), cada um com uma aviação civil” e “coor-
normas, mediante a prioridade um pouco diferente, denar, em conjunto com
prestação de um servi- embora os seus interesses se os órgãos e as entida-
ço público ágil, eficien- sobreponham. ” des do setor, a formu-
te e seguro. O interesse lação de diretrizes para
vital dos operadores aéreos é aumentar a a segurança operacional, a facilitação do
produtividade, minimizando os custos de transporte aéreo e a segurança da aviação
atrasos operacionais e procedimentos ad- civil contra atos de interferência ilícita”.
ministrativos. Os administradores aeropor-
tuários estão interessados na facilitação O fórum ideal para essa coordenação é o
para reduzir o congestionamento nos ter- Comitê Técnico de Facilitação do Trans-
minais de passageiros e de carga. O quar- porte Aéreo – CTFAL da Comissão Na-
to grupo, os clientes do transporte aéreo, cional das Autoridades Aeroportuárias
demandam cada vez mais um serviço de – CONAERO, que reúne os órgãos gover-
qualidade, com as mínimas dificuldades e namentais pertinentes ao assunto, bem
tempos de espera. como os operadores aéreos e os adminis-
tradores aeroportuários.
Neste sentido, as medidas voltadas à Fa-
cilitação buscam abordar todos esses in- Neste contexto, há uma série de ações
teresses de maneira coordenada, por meio em andamento no âmbito do CTFAL com
do gerenciamento do desempenho do oportunidades significativas voltadas à
setor, da contenção de custos, do melhor facilitação do transporte aéreo. Os temas
uso dos recursos disponíveis e da busca principais são: desenvolvimento/aperfei-
pela eficiência. Essas medidas também çoamento de normas e regulamentos; pro-
46
moção do compartilhamento de dados/ biométrica de entrada e saída, a decla-
informações; melhor uso dos recursos, ração aduaneira eletrônica e móvel e o
especialmente os tecnológicos; e rápida cartão de embarque móvel;
adoção de processos inovadores. Esses • Remoção de barreiras que prejudicam
incluem: a confiabilidade, segurança, conforto e
facilidade de acesso ao transporte aéreo
• Incentivo à implementação das normas (usabilidade de serviços) para pessoas
e das práticas recomendadas pela Or- com necessidade de assistência espe-
ganização da Aviação Civil Internacional cial;
– OACI relacionadas à facilitação. • Coordenação do planejamento do setor
• Aperfeiçoamento contínuo do Programa de aviação civil para eventos especiais

CAPÍTULO 2
Nacional de Facilitação do Transporte de alta demanda; e
Aéreo – PROFAL. • Promoção do intercâmbio de dados/in-
• Racionalização dos pontos de inspeção formações, troca de experiências e de
ao longo da jornada do passageiro e da cooperações técnicas internacionais

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


carga, para remover gargalos e duplica- com países e entidades/organizações
ção de trabalhos, especialmente quanto internacionais, como a OACI, IATA e ACI.
à verificação manual repetida de docu-
mentos de viagem por várias partes; Acredita-se que o conjunto dessas medi-
• Maior compartilhamento de dados/in- das como estratégias voltadas ao alcance
formações entre todos os envolvidos no do objetivo estratégico de qualidade dos
ambiente aeroportuário, especialmente serviços e facilitação do transporte aéreo,
entre os órgãos de controle de fronteira; além de projetar significativos avanços
• Automatização de processos manuais nestes requisitos, impactem também nas
contemplando os padrões internacio- questões de segurança, garantia aos direi-
nais utilizados na aviação civil de forma tos dos usuários e na eficiência de todo o
a permitir a interoperabilidade global de setor.
sistemas de passageiros e de carga;
• Adoção de processamento automatiza- Conservação do Meio ambiente
do e mais rápido para processos inseri- No que tange aos impactos ao meio am-
dos no fluxo do passageiro; biente, o transporte aéreo demanda aten-
• Adoção de controle automatizado de ção especial a três principais categorias: o
fronteiras baseada em risco, a fim de ruído aeronáutico, as emissões de gases
permitir uma depuração mais rápida dos de efeito estufa e as emissões que afetam
passageiros, sejam eles brasileiros ou a qualidade do ar local. Cada tema em
estrangeiros; particular carece de análise e diferentes
• Implementação de tecnologias emer- estratégias para a minimização de seus
gentes e inovação, como a liberação impactos, como detalhado a seguir.
47
Ruído Aeronáutico (Anexo 16, volume I, da Convenção de
Os motores a jato aumentaram considera- Chicago) para os novos projetos de aero-
velmente a velocidade das aeronaves em naves e estabeleceu um cronograma de
cruzeiro. Assim reduziu-se o tempo para o metas para a supressão progressiva da
transporte de passageiros e cargas, com circulação de aviões mais ruidosos. Os fa-
vantagens significativas para os percursos bricantes de aeronaves e de motores têm
de longa distância. No entanto, o avanço investido em pesquisa e desenvolvimento
tecnológico resultou em um aumento dos de soluções para a adoção de tecnologias
níveis de ruído aeronáutico, considerado o que reduzam o ruído dos motores a jato.
poluente mais notável da aviação civil. Os Assim, a Agência Nacional de Aviação Civil
efeitos do ruído (nível de pressão acústica, – ANAC atua em consonância com as dire-
distribuição das frequências de banda lar- trizes internacionais no processo de certifi-
ga, duração do ruído) dependem de diver- cação de aeronaves no que tange a ruídos.
sos fatores, tais como: o tipo de aeronave;
a frequência dos voos em um determinado No que tange ao uso do solo, a constru-
aeroporto; os perfis de decolagem e ater- ção e a operação de aeroportos neces-
rissagem; procedimentos operacionais, sitam incorporar planejamento prévio e
como a regulagem da potência dos mo- gestão ambiental adequada. Assim, os di-
tores; utilização e localização das pistas; versos entes envolvidos nas atividades de
horários de funcionamento; e condições implantação, expansão, obras e operação
meteorológicas. das infraestruturas aeroportuárias devem
levar em conta os efeitos nocivos do ruído,
A Organização de Aviação Civil Internacio- no estabelecimento de restrições ao uso
nal – OACI recomenda uma abordagem do solo em torno dos aeródromos.
equilibrada para lidar com o ruído aero-
náutico, que busca obter o máximo de be- Em relação aos procedimentos operacio-
nefício ambiental com o mínimo de custo nais, os provedores de serviço de gestão
ao setor aéreo. Essa abordagem equilibra- e controle do tráfego aéreo devem adotar
da preconiza quatro áreas de atuação: i) a medidas para reduzir o impacto do ruído
redução de ruído na fonte, ii) o desenvol- sobre as comunidades locais vizinhas a al-
vimento de planos de controle do uso do guns aeroportos: selecionar trajetórias de
solo vizinho aos aeroportos, iii) o desenvol- voo que evitem o sobrevoo de áreas urba-
vimento de procedimentos operacionais nizadas, desviar o excedente de tráfego
de redução de ruído e iv) a imposição de para áreas desabitadas ou adotar técnicas
restrições de operação. para reduzir a potência do motor logo de-
pois da decolagem, entre outras. Deter-
Sobre a redução do ruído na fonte, a OACI minadas alterações no projeto das rotas,
aprovou padrões de certificação de ruído no uso das pistas e nos procedimentos de
48
aproximação e decolagem podem gerar Além disso, o significativo crescimento do
reduções importantes na intensidade do setor tem aumentado a preocupação inter-
impacto e na quantidade de população nacional em relação ao impacto da aviação
afetada. Desta feita, a adoção de medidas na mudança do clima. A Convenção-Qua-
coordenadas entre os órgãos de aviação dro das Nações Unidas sobre Mudança do
do governo mostra-se essencial no pro- Clima delegou à Organização de Aviação
cesso de manejo do ruído aeronáutico Civil Internacional - OACI a responsabilida-
para reduzir o impacto concentrado em de para lidar com as emissões de GEE da
certas localidades. aviação internacional. Os países membros
da OACI aprovaram em 2010 as metas de
As restrições de operação são conside- 2% ao ano de melhoria de eficiência ener-

CAPÍTULO 2
radas como o tipo de medida mais ex- gética e de crescimento neutro em carbo-
trema para lidar com a questão do ruído no a partir de 2020.
aeronáutico. Essas restrições incluem li-
mitação de operação para alguns tipos de No intuito de alcançar essas metas de re-

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


aeronaves em certos aeroportos durante dução e a estabilização das emissões de
os períodos sensíveis – pela noite ou pela GEE da aviação, o Comitê de Proteção
manhã; e a adoção de curfews, ou seja, Ambiental - CAEP da OACI propôs uma
o fechamento total do aeroporto durante cesta de medidas que inclui:
os horários mais sensíveis, permitindo-se
apenas operações de emergência. Nes- Avanços tecnológicos: melhorias aerodi-
ses casos, a capacidade operacional pro- nâmicas, uso de materiais leves e moto-
jetada para o aeroporto é substituída por res mais eficientes na fabricação de novas
padrões de capacidade determinadas por aeronaves e no retrofit de aeronaves em
parâmetros ambientais, reduzindo o apro- operação. O uso de tecnologia avançada
veitamento das infraestrutura aeroportu- nos motores, asas e aviônicos (incluindo
ária aeronáutica civil. Entende-se que as fly by wire) permite redução significativa
restrições operacionais somente devem do ruído, do consumo de combustível e,
ser usadas quando as demais medidas consequentemente, das emissões.
não forem suficientes para atingir os re-
sultados almejados. Investimento em infraestrutura aeropor-
tuária e aeronáutica: a expansão da infra-
Emissões de Gases de Efeito Estufa estrutura evita gargalos e reduz congestio-
A concentração de gases de efeito estufa namentos e o tempo de espera para pouso
– GEE na atmosfera tem crescido substan- e decolagem, o que diminui a queima des-
cialmente gerando impactos na mudança necessária de combustível fóssil. Ademais,
do clima. A aviação é responsável por 2% a construção e a ampliação da infraestru-
das emissões de origem antropogênica. tura aeroportuária, além de obedecerem
49
às leis de licenciamento ambiental, devem presenta aproximadamente 30% do custo
considerar a adoção de medidas que con- operacional, as empresas aéreas buscam
tribuam para a sustentabilidade ambiental, constantemente melhorar sua eficiência no
tais como: prédios com iluminação natural, consumo do combustível, o que contribui
uso de lâmpadas de led (na pista, terminais para a redução das emissões de GEE.
de carga e de passageiros), ar condiciona-
do com controle de acordo com o fluxo de Eficiência na gestão do tráfego aéreo:
passageiros, uso de energia solar, adoção rotas mais diretas, congestionamentos re-
de frota terrestre movida a energia elétri- duzidos e respostas eficientes em relação
ca ou biocombustível, gestão do uso da às preferências dos usuários do espaço
água e dos resíduos sólidos, dentre outros. aéreo trazem benefícios tanto à operação
Destaca-se como medida de significativo em si quanto ao meio ambiente. Assim,
impacto na redução da queima desneces- a gestão adequada do tráfego aéreo - in-
sária de combustível fóssil, a disponibiliza- cluindo procedimentos no terminal (saída,
ção de energia elétrica e ar condicionado aproximação, chegada), operações em
(400hertz) nas pontes de embarque. Essa rota, desenho e uso do espaço aéreo e
medida evita que a aeronave queime com- equipamento a bordo das aeronaves - pro-
bustível do APU em solo, durante o embar- picia maior eficiência nas operações e tem
que e desembarque de passageiros, redu- como resultado diminuição no consumo
zindo assim as emissões de GEE. de combustível e nas emissões de GEE. O
Departamento de Controle do Espaço Aé-
Melhorias operacionais: as empresas aé- reo - DECEA, tem tomado diversas medi-
reas, juntamente com o DECEA, buscam das para a otimização das operações nas
adotar diversas medidas que aumentam a áreas do espaço aéreo em rota (superior e
eficiência no consumo de combustível, tais inferior) e nas Áreas de Controle Terminal
como: otimização do peso a bordo; otimi- (TMA), em conformidade com o conceito
zação das rotas, velocidade de cruzeiro e PBN (Performance Based Navigation) da
pouso (rotas diretas, descida contínua, sis- OACI e com base na capacidade tecnoló-
tema de navegação OSA, navegação por gica a bordo das aeronaves. Entende-se
satélite- RNP); otimização do uso de moto- fundamental dar continuidade a esse pro-
res em terra (operações de táxi com a utili- cesso por meio da coordenação entre os
zação de só um motor; minimização do uso diversos atores relevantes, tanto governa-
de APU); painel de manutenção (corrige fa- mentais quanto privados.
lhas que afetam o rendimento do combus-
tível); lavagem dos motores (que permite Biocombustível para aviação: os combus-
uma combustão mais eficiente e redução tíveis renováveis possuem importante papel
da emissão de partículas PM10), dentre ou- na descarbonização da economia, especial-
tras. Tendo em vista que o combustível re- mente na redução do impacto do setor de
50
transportes na mudança do clima. Análises decidiu pela criação de uma medida de
de tendência realizadas pela OACI preveem mercado global que viabilizasse a estabili-
que, mesmo com os ganhos advindos das zação das emissões, chamada de CORSIA
melhorias de eficiência proporcionadas por - Carbon Offsetting and Reduction Sche-
medidas tecnológicas, operacionais e de in- me for International Aviation. Essa medida
fraestrutura, a única ação capaz de estabili- deve ser complementar às ações de miti-
zar as emissões de GEE da aviação é o uso gação internas à aviação e ser transitória,
dos biocombustíveis. O uso desses com- ou seja, deveria vigorar apenas enquanto
bustíveis sustentáveis já é aprovado tecnica- o uso comercial do biocombustível não for
mente como drop-in, ou seja, misturados ao viável. Durante a 39º Assembleia da OACI,
querosene tradicional, sem o CORSIA determina que

CAPÍTULO 2
a necessidade de adap- as emissões de GEE da
tação nos motores das
“ Tendo em vista a
aviação internacional que
ausência de oferta de
aeronaves. No entanto, o ultrapassarem o volume
combustíveis sustentáveis
biocombustível de aviação da média dos anos de
de aviação em escala

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


não é usado em escala 2019 e 2020 deverão ser
comercial, as medidas
comercial em decorrência
internas ao setor não serão compensadas median-
do seu elevado preço em te a compra de créditos
suficientes para estabilizar
relação ao querosene tra- de carbono no mercado
suas emissões no curto
dicional. Tendo em vista
os impactos da mudança

prazo. internacional. Cabe des-
tacar que algumas rotas
do clima e os crescentes compromissos in- (com origem e/ou destinos em países me-
ternacionais de descarbonização, torna-se nos desenvolvidos e com baixa atividade
altamente relevante o desenvolvimento de de aviação) estão isentas. Outras rotas
capacidade tecnológica relacionada a com- (com origem e/ou destino em países com
bustíveis avançados de aviação. Assim, a RTK superior a 0,5% da aviação interna-
produção de combustíveis sustentáveis em cional), tais como as rotas para Brasil e
escala comercial apresenta-se como obje- Chile, possuirão obrigação de compensa-
tivo estratégico para garantir a competitivi- ção a partir de 2027.
dade e sustentabilidade no setor aéreo no
médio e longo prazo. Emissões que Afetam
a Qualidade do Ar Local
Medidas de mercado: tendo em vista a As emissões das aeronaves que ocorrem
ausência de oferta de combustíveis sus- a altitudes inferiores a 3000 pés afetam a
tentáveis de aviação em escala comercial, qualidade do ar local. Isso ocorre notada-
as medidas internas ao setor não serão su- mente nos movimentos de aproximação
ficientes para estabilizar suas emissões no para pouso e de decolagem, nas regiões
curto prazo. Assim, a Assembleia da OACI vizinhas aos aeroportos. Os principais po-
51
luentes são: monóxido de carbono (CO), Por fim, a conservação do meio ambien-
materiais particulados (PM), óxidos nitro- te como um todo, no processo de desen-
sos (NOx) e hidrocarbonetos voláteis. volvimento sustentável da aviação, requer
ação coordenada entre agentes públicos e
A adoção de motores turbofan reduziu o privados. Isso porque, conforme descrito,
consumo de combustíveis para propul- as ações de mitigação dos impactos am-
são das aeronaves e consequentemente bientais perpassam as diversas atividades
a emissão de poluentes. A melhoria nos que compõem o setor aéreo. No escopo
combustores levou a uma redução de dessa ação coordenada, o Ministério dos
20% a 40% na emissão de NOx. Com boa Transportes, Portos e Aviação, em con-
parte da tração vinda do ar frio empurra- junto com a ANAC, coordenará grupo de
do pelo fan, uma quantidade menor de ar trabalho para a elaboração da nova edi-
é enviada para queima no combustor e, ção do Plano de Ação para a redução das
por conseguinte, menor é o consumo de Emissões de Gases de Efeito Estufa da
combustível. De fato, atualmente, apenas Aviação. Duas edições do Plano de Ação
aproximadamente 0.5% de todo o ar que já foram publicadas e contaram com a
passa pelo motor é ejetado em forma de participação de atores governamentais e
poluição. privados. A nova edição incluirá melhorias
metodológicas no que tange ao inventário
Regulações Internacionais, no âmbito da de emissões e à mensuração do impacto
OACI, buscam lidar com o problema defi- de cada uma das medidas de mitigação.
nindo padrões para reduzir as emissões na
fonte poluidora, ou seja, nos motores das Além da ação coordenada, a redução do
aeronaves. Essas regulações incentivam impacto ambiental exige planejamento de
o investimento de fabricantes de motores médio e longo prazos. A primeira etapa
e de aeronaves em pesquisa e desenvol- desse processo deve consistir na mensu-
vimento que tragam novas soluções para ração dos impactos, por meio da elabora-
o cumprimento dos padrões mínimos de ção de inventários de emissões por par-
certificação de emissões de gases poluen- te de aeroportos e empresas aéreas, por
tes e de CO2. Assim, entende-se relevante exemplo. A partir da mensuração, estraté-
a participação de representantes do go- gias podem ser planejadas para a adoção
verno brasileiro nas reuniões técnicas que de medidas efetivas do ponto de vista am-
definem esses padrões. Além disso, reco- biental que viabilizem o desenvolvimen-
menda-se a aferição da qualidade do ar lo- to sustentável do setor aéreo. Os órgãos
cal nos principais aeroportos, com o intui- governamentais, notadamente o Ministério
to de obter-se um diagnóstico da situação dos Transportes, Portos e Aviação Civil,
e propiciar um planejamento adequado de devem incentivar e promover esse plane-
medidas de mitigação. jamento, preferencialmente com a adoção
52
de métodos comuns nos processos de Para se alcançarem os níveis internacionais
mensuração de impactos. O uso de mé- exigidos para o funcionamento do setor, o
todos harmonizados per- investimento na capacita-
mite uma melhor análise
da efetividade das ações,
“ Para se alcançarem ção dos recursos huma-
nos na área é primordial.
os níveis internacionais
além da comparação e exigidos, o investimento Tanto na formação inicial
divulgação de resultados. na capacitação dos de profissionais, como na
Esse tipo de ação tem o recursos humanos na sua atualização e forma-
potencial de estimular a área é primordial. Tanto ção continuada.
conscientização, a res- na formação inicial de
ponsabilização ambiental profissionais, como na sua De modo ainda mais es-

CAPÍTULO 2
e a mudança de compor- atualização e formação pecífico quanto ao papel
tamento dos atores que
compõem o sistema de
continuada. ” da SAC/MTPA em ca-
pacitação, o Decreto nº
aviação, fundamentais ao crescimento do 9.000/2017 assim dispõe:

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


setor com respeito ao meio ambiente.
“Art. 19 -Ao Departamento de Navega-
ção Aérea Civil, Capacitação e Pesquisa
Desenvolvimento
compete:
Técnico e institucional
A aviação civil é um setor econômico que (...)
lida com demandas técnicas constantes e
VI - propor, coordenar e acompanhar a
alto nível de exigências operacionais.
execução de políticas e de projetos de
pesquisa, formação e capacitação de
Neste contexto, a legislação vigente res-
recursos humanos para a aviação civil.
salta o papel do Ministério dos Transpor-
tes, Portos e Aviação Civil – MTPA, por Destacam-se, a seguir, algumas das ações
meio da Secretaria Nacional de Aviação correntes e planejadas para alcance deste
Civil – SAC/MTPA, na promoção de medi- objetivo.
das para o desenvolvimento dos recursos
humanos do setor. Programa TREINAR
Em 2013, a então Secretaria de Aviação
Assim, cabe a SAC/MTPA a função de co- Civil da Presidência da República – SAC/
ordenar os demais integrantes do sistema PR lançou o “Programa de Treinamento
de aviação civil para o desenvolvimento de para Profissionais de Aeroportos – TREI-
um conjunto de medidas e iniciativas es- NAR”, que promove ações de capacita-
truturadas para fazer face à necessidade ção, por meio de cursos em diversas áreas
de pessoal qualificado para os entes pú- de conhecimento relacionadas à aviação
blicos e privados atuantes. civil. De 2013 a 2017, o Programa capa-
53
citou 1.879 profissionais de aeroportos anos, vieram de 180 aeroportos das cinco
regionais brasileiros em 10 cursos presen- regiões brasileiras.
ciais ofertados:
Ainda no âmbito do TREINAR, por meio de
• Curso de Bombeiro de Aeródromo com
contrato celebrado em 2018 com a Em-
habilitação de motorista de caminhão
bry-Riddle Aeronautical University – ERAU,
contra incêndio;
instituição americana especializada no en-
• Curso Básico para Gestores de Aero-
sino de aviação civil, reconhecida no ce-
portos Regionais - CBGAR;
nário mundial, o MTPA disponibiliza novos
• Curso Intermediário para Gestores de
treinamentos aos profissionais que atuam
Aeroportos Regionais - CInGAR;
em aeroportos regionais:
• Curso Básico para Gestores do Serviço
de Prevenção, Salvamento e Combate • curso “Introdução à Segurança Opera-
a Incêndio em Aeródromos Civis (SES- cional em Aeroportos Regionais”;
CINC) - CBGSESCINC; • curso “Gestão da Receita de Aeroportos
• Curso Básico de Operações Aeroportu- Regionais”
árias - COA;
Esses cursos serão na modalidade de En-
• Curso Básico de Manutenção Aeropor-
sino a Distância – EaD. Entre 2018 e 2020,
tuária – CMA;
serão ofertados o total de 360 vagas, em
• Curso de Formação de Fiscais de Pátios
6 turmas para cada curso, com até 30 alu-
e Pistas – CFP;
nos cada.
• Curso de Tarifas Aeroportuárias (EAD) –
CTA.
Dessa forma, para o ano de 2018, o Pro-
• Curso para Planejamento e Avaliação
grama TREINAR oferece 645 vagas para
dos Exercícios Simulados: ESAB, ESAIA
capacitação dos profissionais do setor.
e ESEA - CPAES;
• Curso para Elaboração de Planos e Pro-
Dada a relevância do programa para o
gramas: PSA, PCINC e PLEM – CEPP.
desenvolvimento técnico do setor, a es-
Com vistas a dar suporte ao Programa de tratégia será mantida para os horizontes
Desenvolvimento da Aviação Regional, o futuros, incluindo o aperfeiçoamento do
TREINAR se concentra em fomento à ca- programa e o acompanhamento das de-
pacitação dos aeródromos públicos civis, mandas por capacitação dos aeroportos
de pequeno e médio porte, localizados brasileiros.
fora dos grandes centros urbanos. Sendo
assim, sua atuação complementa a políti- Formação de Pilotos
ca de investimento federal na infraestrutu- Em 2015, com o lançamento do Programa
ra aeroportuária regional. Os profissionais Bolsa Piloto e do Prêmio Aviação – Conhe-
capacitados pelo Programa, nos últimos cimento e Inovação, as ações para o in-
54
centivo à capacitação se ampliaram para lhar na indústria aeronáutica. Vale ressaltar
além do programa TREINAR. que esses alunos possuem em sua forma-
ção acadêmica apenas o conteúdo teórico
O Programa Bolsa Piloto consiste na oferta sobre pilotagem de aviões, faltando-lhes
de bolsas de estudo para os cursos prá- uma parte importante, mas dispendiosa, a
ticos de piloto de avião. A edição 2015 formação prática em pilotagem de avião.
do programa deu continuidade a uma Dessa forma, o programa não só auxilia a
primeira edição do programa desenvol- indústria na formação de novos profissio-
vida em 2009. O Bolsa nais, como também atua
Piloto/2015 atendeu alu-
“ Diante da necessidade de na inclusão social e am-
nos de graduação, be- economicidade dos recursos pliação de oportunidades

CAPÍTULO 2
neficiados pelo ProUni, e públicos e da necessidade de a jovens de baixa renda.
matriculados em cursos reformular o programa Bolsa
correlacionados com a Piloto, vem desenvolvendo O MTPA, diante da ne-
aviação civil. Foram ofer- alternativas para incrementar cessidade de economi-

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


tadas 50 bolsas para o os resultados atingidos, por cidade dos recursos pú-
Curso Prático para Piloto meio de parcerias com outros blicos e da necessidade
Privado categoria Avião
com habilitação de clas-
órgãos públicos. ” de reformular o programa
Bolsa Piloto, vem desen-
se monomotor terrestre (PP-A) e 15 bolsas volvendo alternativas para incrementar os
para o Curso prático para Piloto Comercial resultados atingidos, por meio de parcerias
categoria Avião com habilitação de classe com outros órgãos públicos, a exemplo do
multimotor terrestre e habilitação de voo Ministério da Educação, e com o setor aé-
por instrumento (PC-A). Das 65 bolsas ofe- reo como um todo.
recidas 55 foram preenchidas, sendo que
42 foram alocadas para alunos de PP-A e Nesse sentido, ainda em relação à forma-
13 para bolsistas de PC-A. ção de pilotos, considerando a relevância
para os aspectos a serem considerados
O Bolsa Piloto/2015 visou auxiliar jovens no processo de reformulação do Progra-
interessados em ingressar na carreira de ma, cumpre destacar a parceria entre o
piloto, mas que não possuíam recursos fi- MMTPA e a Agência Nacional de Aviação
nanceiros para arcar com a devida forma- Civil - ANAC, celebrada em dezembro de
ção prática. Ao selecionar alunos benefici- 2017, com o objetivo de rever e atualizar
ários do ProUni e matriculados em cursos as matrizes curriculares, manuais de cur-
ligados à aviação, o programa concentra sos, banco de questões e sistemática de
seus recursos em apoiar jovens de famílias aplicação de provas. Essa necessidade de
de baixa renda que, pela escolha da gradu- revisão fora verificada nas visitas técnicas
ação, já demonstraram interesse em traba- ocorridas durante a execução do Progra-
55
ma Bolsa Piloto, juntos às escolas de avia- de de buscar soluções conjuntas para os
ção, aeroclubes e bolsistas. problemas identificados.

Outra iniciativa refere-se ao Programa para Prêmio Aviação –


o Desenvolvimento de Pilotos para a Avia- Conhecimento e Inovação
ção Civil Brasileira – PDPA, cujo início se Complementarmente, na busca de melho-
concretizou com a realização da 1ª Ofici- res práticas para incentivar o desenvolvi-
na de Inovação, com a abordagem design mento e a integração dos diversos tipos
thinking. Teve por objetivo agregar posicio- de conhecimentos, constatou-se que seria
namentos de importantes atores do setor benéfica a utilização de um concurso como
para debater e buscar soluções conjuntas outra estratégia de fomento ao desenvolvi-
para o desenvolvimento mento técnico e institu-
de políticas públicas e “ O Prêmio Aviação – cional do setor. Assim, foi
outras ações destinadas Conhecimento e Inovação firmada parceria com a
ao fomento à formação tem como objetivo estimular a Escola de Administração
da carreira de pilotos. pesquisa na área da aviação Fazendária - ESAF para
civil, bem como reconhecer a realização do Prêmio
Com objetivo de refor- e valorizar a implantação de Aviação – Conhecimento
çar a aproximação entre boas práticas na operação e Inovação.
governo, instituições e e gestão dos aeroportos
sociedade, participaram ”
brasileiros. O Prêmio Aviação – Co-
dos eventos vários ato- nhecimento e Inovação
res, como o MTPA, a ANAC, o Ministério tem como objetivo estimular a pesquisa
da Educação, a Associação Brasileira das na área da aviação civil, bem como reco-
Empresas Aéreas – ABEAR, a Associação nhecer e valorizar a implantação de boas
Brasileira de Aviação Geral – ABAG, a Uni- práticas na operação e gestão dos aero-
versidade PUC/RS, a Embraer, o Sindicato portos brasileiros.
Nacional dos Aeronautas – SNA, o Instituto
Brasileiro de Aviação – IBA, Aeroclubes e Ele constitui um espaço privilegiado para
escolas, dentre outros. a mobilização de profissionais que po-
dem, efetivamente, contribuir para o de-
Encontra-se em fase de conclusão o Rela- bate sobre os temas que concernem à
tório Final do Evento, a ser elaborado pelo melhoria do setor no Brasil. Sua criação
MTPA e ANAC, no qual são identificados busca cumprir relevante papel na inser-
os problemas do setor, bem como propos- ção do tema da aviação nas agendas de
tas de adequação de políticas públicas e pesquisas de professores, pesquisado-
iniciativas do setor privado com a finalida- res, estudantes e técnicos da sociedade,

56
bem como incentivar a formação de no- aviação, negócios aeroportuários e avia-
vos recursos humanos para o setor. ção sustentável.

Na primeira edição do concurso, Prêmio Para a categoria melhor monografia, a or-


Aviação – 2015/2016, seu público-alvo ganização entregou R$ 15 mil ao primeiro
foi graduandos ou graduados de cursos colocado, R$ 10 mil para o segundo e R$ 5
superiores, além de profissionais da área mil para o terceiro. Para as categorias Ini-
da aviação civil. Os trabalhos encaminha- ciativas de inovação e Projeto de sustenta-
dos deviam ser relacionados aos temas: bilidade aeroportuária, o 1º lugar recebeu
Gestão Aeroportuária; Indústria Aero- o valor de R$ 20 mil, o segundo R$ 15 mil
náutica; Gestão da Navegação Aérea e e o terceiro R$ 10 mil.

CAPÍTULO 2
Novas Tecnologias na Aviação Civil. Os
trabalhos puderam ser inscritos em duas As tratativas para a realização da Terceira
categorias, a saber: Categoria 1 – Melhor Edição, Prêmio Aviação – 2018/2019, en-
monografia e Categoria 2 – Iniciativas de contram-se em andamento, com a evolu-

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


Inovação. A submissão de trabalhos en- ção dos procedimentos do concurso e a
cerrou-se em fevereiro de 2016 e os pre- busca por, cada vez mais, abordar temas
miados, escolhidos por Comissão Julga- atuais e de grande relevância para o de-
dora de seis membros, foram agraciados senvolvimento do setor de transporte aé-
em maio do mesmo ano. Foram premia- reo brasileiro.
dos os três primeiros colocados em cada
categoria com valores que variam entre Advanced Master in Air Navigation
R$ 5 mil e R$ 20 mil. Outra iniciativa que merece destaque é o
Projeto “Advanced Master in Air Navigation
Em sua Segunda Edição, o Prêmio Aviação Management”, fruto de uma parceria da
– 2016/2017, contou com três categorias: SAC/MTPA com a Ecole National de l’Avia-
melhor monografia, iniciativas e inovação tion Civilie – ENAC, importante universi-
e projetos de sustentabilidade aeroportu- dade pública francesa, especializada em
ária. Disputaram a premiação, formandos aviação civil e reconhecida mundialmente,
ou graduados em qualquer área de forma- com o intuito de ministrar curso de mestra-
ção em instituições de nível superior, assim do para agentes públicos dos órgãos civis
como profissionais do setor de aviação ci- da administração pública federal que atu-
vil ou ligados à sustentabilidade ambiental. am com navegação aérea civil.
O concurso foi aberto para os temas: ges-
tão e infraestrutura aeroportuária, indústria O referido curso ofertou 50 vagas, teve seu
aeronáutica, gestão da navegação aérea, início em novembro de 2018 e se estende-
aviação regional, novas tecnologias na rá até novembro de 2020.

57
O objetivo é prover e aperfeiçoar o conhe- O uso de sistemas de posicionamento por
cimento específico na área de navegação satélite - GNSS apresenta várias vanta-
aérea civil no Brasil, por meio do desen- gens como: considerável redução de apa-
volvimento de corpo de agentes públicos relhos em solo, o que resulta em menores
do setor - MTPA, ANAC e Infraero – do- custos de investimento e manutenção;
tando-os de conhecimentos avançados e otimização do espaço aéreo; redução do
atualizados sobre o tema, bem como apre- tempo de voo e consequente economia de
sentando as melhores práticas a partir de combustível, entre outras.
outras experiências do setor. Trata-se de
uma importante estratégica para fortaleci- Importante salientar que os resultados do
mento das instituições públicas com atua- INCT beneficiarão a comunidade científi-
ção direta no setor aéreo. ca, que gerará o conhecimento e criará a
cultura de pesquisa na área; a aviação civil
Tecnologia GNSS no Suporte que fará uso, de tecnologia moderna, se-
à Navegação Aérea – gura e econômica para melhor prestação
Pesquisa e Formação dos serviços aplicados à navegação aérea,
Em 2016, o Ministério dos Transportes, combinado aos benefícios que poderão
Portos e Aviação Civil – MTPA e o Con- ser trazidos para o setor aéreo; a socieda-
selho Nacional de Desenvolvimento Cien- de em geral; e a indústria que fará uso do
tífico e Tecnológico – CNPq do Ministério conhecimento gerado para o desenvolvi-
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Co- mento e comercialização de soluções.
municações – MCTIC firmaram parceria
com vistas à criação do Programa Instituto Treinamento Forças
Nacional de Ciência e Tecnologia – INCT de Segurança Pública
denominado Tecnologia GNSS no Suporte Destaca-se também a iminente parceria
à Navegação Aérea, com vigência de 06 entre a SAC/MTPA e a Secretaria Nacional
(seis) anos. de Segurança Pública do Ministério da Se-
gurança Pública – SENASP/MSP, com vis-
O objetivo do INCT é formar recursos hu- tas à elaboração e à realização de curso de
manos, realizar pesquisas e transferir co- capacitação direcionado para servidores
nhecimento para a sociedade, na área de das Forças de Segurança Pública, tendo
monitoramento da atmosfera, em especial em vista a atuação desses servidores em
os aspectos relacionados aos efeitos do ocorrências envolvendo assuntos relacio-
Conteúdo Eletrônico Total (CET) e da cin- nados à aviação civil.
tilação ionosférica no sinal GNSS visando
aplicá-lo na navegação aérea com confia- A elaboração e o desenvolvimento de cur-
bilidade e segurança dentro do território so de capacitação, na modalidade de En-
brasileiro. sino a Distância – EaD, abrangem as áreas
58
de atuação dos órgãos de segurança, es- reo internacional. Uma vez que um grande
pecificamente, quanto às ocorrências en- contingente da geração atual de profissio-
volvendo assuntos relativos à aviação civil nais de aviação se aposentará, o acesso a
no que se refere a operações de aeronaves treinamento acessível e à educação é cada
ou objetos que colocam em risco a segu- vez mais problemática. Pode-se destacar
rança da aviação civil brasileira, tais como: os seguintes objetivos do programa:
a soltura de balões não tripulados (balões
• Levantar dados de planejamento de re-
juninos), de aeronaves não tripuladas (dro-
cursos humanos;
nes), algumas modalidades de aerodes-
• Identificar e apoiar iniciativas que atin-
porto e raio laser.
jam a próxima geração;
• Encontrar formas de harmonizar os re-

CAPÍTULO 2
Acredita-se que com essa parceria será in-
gulamentos de treinamento.
crementado significativamente o conheci-
mento das forças de segurança, de modo O programa NGAP é apoiado pelo Brasil.
a ampliar e respaldar suas ações de com- O MTPA e a ANAC têm participado dos

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


bate a práticas criminosas e irregulares do eventos realizados pela OACI com o in-
uso do espaço aérea brasileiro, permitindo tuito de desenvolver o Programa. A OACI
assim que as aeronaves venham a operar estruturou três grupos de trabalho para o
em espaço aéreo cada vez mais seguro. desenvolvimento deste programa e con-
ta com a colaboração de representantes
Perspectivas de Capacitação e de diversos Estados-Membros da Orga-
Desenvolvimento para o Setor nização. Os grupos de trabalho estão di-
Perante as projeções de crescimento da vididos em temas como: planejamento e
aviação civil no Brasil e no mundo, e com estratégias; divulgação; e implementação
a visão de que a comunidade de aviação do NGAP.
deve possuir recursos humanos suficien-
tes, qualificados e competentes para ope- Em 2017, foi realizado o 1º NGAP Global
rar, gerenciar e manter o futuro sistema Summit, realizado em Montreal. O even-
de transporte aéreo internacional, a OACI to contou com mais de 500 participantes
formatou em 2009 o programa Next Ge- representando os Estados-Membros da
neration of Aviation Professionals (NGAP) Organização, instituições de educação,
e criou uma força-tarefa para estruturá-lo. centros de treinamento, organizações in-
ternacionais, estudantes e stakeholders.
As iniciativas desse programa foram lan-
çadas para assegurar que profissionais da O evento teve como principal objetivo o
aviação qualificados e competentes este- desenvolvimento de estratégias e ferra-
jam disponíveis para operar, gerenciar e mentas para envolver e reter a próxima
manter o futuro sistema de transporte aé- geração de profissionais da aviação.
59
A acessibilidade, a conectividade, a os custos incorridos sejam maiores que
eficiência e o desenvolvimento da rede as receitas.
de transporte aéreo brasileira
Este grupo formado por quatro objetivos O Capítulo 4 do PAN apresenta as estra-
aborda temas com impactos significativos tégias para a configuração da rede de ae-
para o setor de aviação civil. São objetivos roportos, devido à necessidade de deta-
a serem buscados por todas as ações pla- lhamento do método e das considerações
nejadas pelos diversos agentes do sistema adotadas para a formulação dos cenários
e estão diretamente relacionados a rede de desenvolvimento da rede.
de transporte aéreo.
Porém, ações institucionais e regulató-
Qualquer alteração na rede de transpor- rias, como programas, decisões empre-
te aéreo impacta neste conjunto de obje- sariais, concorrência ou alterações no
tivos. Por exemplo, ao considerarmos a arcabouço legal vigente, de igual maneira
operação de um novo aeroporto com voos possuem potencial para impactar positi-
comerciais, temos evidentes os seguintes vamente ou negativamente os parâme-
impactos: tros de acessibilidade, conectividade,
• Incrementa-se a acessibilidade da po- eficiência e desenvolvimento da rede.
pulação diretamente atendida, com a Um exemplo é a política tarifária adota-
oferta de um novo ponto de acesso à da na aviação civil. Qualquer alteração
rede; ou interferência no mercado aberto que
• Incrementa-se a conectividade da rede, se formou ao longo dos últimos anos na
com mais opções de ligações entre as aviação civil brasileira e que impacte na
diferentes origens e destinos disponí- formulação de preços do setor podem
veis; gerar a supressão de rotas ou de aero-
• Há impactos na eficiência da rede, como portos com oferta de voos comerciais, e
a redução do tempo e do custo de des- portanto, impactos negativos na acessi-
locamento total dos viajantes e das car- bilidade e conectividade. Também pode
gas perante as novas opções de rotas, causar a diminuição de receitas e, conse-
incluindo a redução de tempo de acesso quentemente, o impacto na eficiência e
ao aeroporto; e na capacidade de desenvolvimento para
• Há impactos do desenvolvimento do o setor de transporte aéreo.
setor, pois se estima o crescimento da
receita para as empresas aéreas, assim Nesse sentido, ressalta-se, além das es-
como das receitas aeroportuárias e de tratégias voltadas aos investimentos em
navegação aérea. Porém, esses impac- infraestrutura aeroportuária e aeronáutica
tos podem também ser negativos caso civis detalhadas no Capítulo 4, um tema

60
que deve ser alvo das políticas, progra- brasileiras impõe obstáculos ao desenvol-
mas e regulamentos do transporte aéreo vimento do transporte aéreo no país.
voltados ao desenvolvimento da rede e
seus atributos é a participação de capital Dentre os possíveis benefícios que a elimi-
estrangeiro na aviação civil brasileira. nação dessa restrição traria ao transporte
aéreo brasileiro, destacam-se o aumen-
O Brasil é um dos países mais restritivos to da competição e desconcentração do
a investimentos estrangeiros em empresas mercado doméstico; o aumento da quan-
aéreas. O Código Brasi- tidade de rotas e cidades
leiro de Aeronáutica (Lei
nº 7.565, de 19 de de-
“ O Brasil é um dos atendidas pelo transporte
aéreo regular, bem como
países mais restritivos a

CAPÍTULO 2
zembro de 1986) determi- investimentos estrangeiros a melhor integração a
na que no máximo 20%
(vinte por cento) do capi-
em empresas aéreas. ” rotas internacionais; a
redução do preço mé-
tal com direito a voto em empresas aéreas dio de passagens; a absorção de novas

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


regulares e não regulares de transporte de práticas gerenciais e tecnologias utiliza-
passageiros, cargas e mala postal podem das em mercados desenvolvidos; o maior
pertencer a estrangeiros. O CBA estabe- acesso a fontes de financiamento, com
lece ainda que a direção de tais empresas redução dos custos operacionais; a gera-
seja confiada exclusivamente a brasileiros. ção de empregos diretos e indiretos, com
consequente aumento da renda média; e
É importante uma alteração legal que pos- o desenvolvimento da cadeia produtiva da
sibilite que o mercado doméstico seja ex- indústria aeronáutica. Portanto, impactan-
plorado por empresas aéreas constituídas do positivamente o alcance dos objetivos
sob as leis brasileiras, sem restrições de estratégicos de acessibilidade, conecti-
participação ao capital estrangeiro. Seto- vidade, eficiência e desenvolvimento do
res como mineração, óleo, gás, agricul- transporte aéreo.
tura, telecomunicações, energia elétrica,
bancos, seguros, aeroportos, portos, fer- Essa medida deve ser acompanhada, não
rovias, construção, varejo, hospitais e sa- obstante, de ações no sentido de promo-
neamento já permitem que até 100% (cem ver e garantir a adequada regulamentação
por cento) do capital com direito a voto das condições gerais de transporte aéreo –
seja detido por estrangeiros. questão que tem sido objeto da agenda re-
gulatória da Agência Nacional de Aviação
A manutenção do limite de 20% (vinte por Civil (ANAC) desde seu estabelecimento
cento) de participação de capital estrangei- em 2006. A flexibilização de regras sobre
ro com direito a voto nas empresas aéreas aspectos como o transporte de bagagens

61
despachadas e de mão e a comercializa- das rotas entre os principais aeroportos do
ção de passagens é fundamental para que Brasil mas, igualmente, de aeroportos em
as empresas aéreas ofereçam tarifas para pequenas e médias localidades.
serviços cada vez mais adaptados às ne-
cessidades de seus clientes. Isso leva a De fato, para que seja possível considerar
uma maior eficiência por parte das empre- o desenvolvimento da infraestrutura aero-
sas aéreas que, em um ambiente compe- portuária voltada à aviação regional, como
titivo, deverão oferecer serviços de melhor tratado no Capítulo 3, é necessário assu-
qualidade e menor preço. mir um cenário futuro onde há condições
favoráveis ao desenvolvimento econômico
A redução do preço das passagens aére- do setor e aos investimentos por parte das
as, contudo, não deve se dar apenas em empresas de transporte aéreo, sob o risco
virtude de maior concorrência no setor e de efetivação de programas e investimen-
da possibilidade de diferenciação de tari- tos que não geram o devido retorno à po-
fas. São necessárias políticas públicas que pulação. Assim, destaca-se a importância
possibilitem uma redução do custo opera- dessas medidas como condições funda-
cional das empresas aéreas. O custo com mentais para o desenvolvimento da rede
combustíveis – especialmente o querose- de transportes aéreo.
ne de aviação – é fortemente impactado
pela tributação de impostos como o ICMS, Outro passo importante para desenvolver
que chega a 25% (vinte e cinco por cento) a capilaridade dos serviços aéreos ofer-
em alguns dos principais estados do País. tados à população é a revisão da regula-
O estabelecimento de uma alíquota máxi- mentação de serviços aéreos buscando
ma nacional é, nesse sentido, uma impor- a adequação de modalidades de voos e
tante medida para redução do custo das portes de aeronaves à dinâmica do mer-
empresas aéreas nacionais. Esse assunto cado, permitindo, por exemplo, a parceria
também deve ser alvo das ações gover- entre empresas aéreas que operam gran-
namentais envolvendo os diferentes entes des corredores de movimentação com
impactados. empresas que podem vir a proporcionar o
papel de distribuição dessa demanda para
Cumpre destacar ainda que todas essas ligações de baixa densidade. Essas ações
medidas têm um impacto significativo so- estão em curso pela Agência Nacional de
bre a aviação regional, que opera em rotas Aviação Civil (ANAC).
e aeroportos de baixa e média densidades
de tráfego. O desenvolvimento e a melhoria De igual relevância para os objetivos do se-
da eficiência do transporte aéreo domés- tor, está o potencial e a integração da rede
tico implicará o crescimento não apenas de aeroportos voltados à aviação geral

62
brasileira. Composta por um quantitativo Dada a magnitude deste setor específico
de aeródromos consideravelmente maior e as oportunidades de complementarie-
que a rede de transporte voltada à avia- dade com a aviação civil brasileira, é ne-
ção comercial, totalizando mais de 2500 cessário que as políticas públicas a se-
aeródromos, eles possuem potencial para rem desenvolvidas para a Aviação Geral,
atendimento de demandas emergentes a exemplo de instrumentos instituídos em
ou emergenciais, ainda que não se cons- outros países como nos Estados Unidos
tituam serviços públicos. A distribuição e países da União Europeia, levem em
dessa rede por todo o território nacional consideração as principais demandas do
evidencia oportunidades de complemen- setor. Dessa forma, o MTPA iniciou uma
tos de viagens para demanda rarefeitas ou série de eventos com representantes e

CAPÍTULO 2
específicas. No entanto, o estabelecimen- operadores da Aviação Geral brasileira
to da função dessa rede complementar, para captar os entraves ao seu desenvol-
assim como políticas específicas voltadas vimento, bem como identificar as oportu-
a esse nicho do setor de transporte aéreo nidades.

A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN: PREMISSAS E OBJETIVOS


devem ser claras e objetivas, buscando
maximizar os impactos positivos para a Com a realização desses eventos e o le-
aviação como um todo. vantamento das demandas específicas
da aviação geral, foi instituído o Comitê
É importante destacar que, dentre mais de Técnico da Aviação Geral no CONAERO,
14 mil aeronaves em condições de aero- com participação de representantes das
navegabilidade cadastradas na ANAC, a operações de Aviação Geral e dos mem-
aviação geral no Brasil possui 92% dessas bros da CONAERO, para discutir os prin-
aeronaves. cipais entraves do setor e uma propos-
ta de Política Nacional específica para a
No ano de 2017, a aviação geral operou Aviação Geral.
em 2.141 aeroportos e 838 heliportos. As
regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste pos- Além disso, o PAN, conforme apresenta-
suem os maiores movimentos de pousos, do no Capítulo 3, identifica os aeródro-
decolagens e maior frota de aeronaves mos ou localidades com maior contribui-
registrada. Ainda, as projeções de cresci- ção e/ou com potencial para a Aviação
mento da aviação geral para os próximos Geral na rede de aeroportos brasileira, o
20 anos apontam uma taxa média de 2,8% que pode contribuir com ações específi-
ao ano, conforme estudos desenvolvidos cas de melhorias ou investimentos pelos
pelo MTPA. entes privados e públicos do setor.

63
Em linhas gerais, os resultados
demonstram que a demanda
por transporte aéreo crescerá
na estimativa média de 4,6%
ao ano, nos próximos 20 anos,
utilizando a expectativa otimista
de crescimento econômico no
Brasil, refletida no PIB.

FOTO: TAN KANINTHANOND


CAPÍTULO 3

ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA

rede aeroportuária
Adotando-se as premissas que embasam Projeções de demanda
o PAN, uma série de estudos, métodos e
modelos foram desenvolvidos para uma Para se traçar cenários futuros de desen-
análise sistêmica e integrada dos aeropor- volvimento da aviação civil, são necessá-
tos junto aos demais modos de transporte. rios dados de expectativas e projeções de
movimentação nos aeroportos brasileiros.
O trabalho foi desenvolvido pela Coorde- Por isso, a partir do ano de 2017, o MTPA

CAPÍTULO 3
nação Geral de Planejamento e Estudos iniciou a publicação do relatório de “Proje-
do Departamento de Planejamento e Ges- ções de demanda para os aeroportos bra-
tão Aeroportuária da Secretaria Nacional sileiros 2017-2037” (MTPA, 2017).
de Aviação Civil do Ministério dos Trans-

ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA


portes, Portos e Aviação Civil, com o auxí- O modelo adotado para as projeções per-
lio e insumos do Laboratório de Transpor- mite a simulação de diferentes cenários
tes e Logística – Labtrans da Universidade dinâmicos, pois considera o impacto que
Federal de Santa Catarina - UFSC. a operação de cada aeroporto tem nos de-
mais da rede, seja esse impacto positivo
Algumas das etapas relevantes para o en- ou negativo para ambos, como nos casos
tendimento dos resultados obtidos, serão de aeroportos próximos que captam a
descritas brevemente nas próximas se- mesma demanda.
ções. Os métodos e ferramentas adotadas
foram desenvolvidos para que o planeja- O método detalhado pode ser encontrado
mento do setor de aviação civil seja ativi- na publicação citada, no sítio eletrônico
dade constante, com embasamento téc- do MTPA, no entanto, os resultados atua-
nico e teórico, garantindo resultados com lizados para as projeções de movimenta-
sustentação técnica e com a devida ava- ção de passageiros e aeronaves a partir
liação de sensibilidade com a realidade. do ano corrente (2018), por aeroporto,
podem ser encontrados no Anexo I desta
Dessa forma todas ferramentas e méto- publicação.
dos adotados consideram cada premissa
estabelecida para o desenvolvimento do Em linhas gerais, os resultados demons-
Plano Aeroviário Nacional. tram que a demanda por transporte aéreo
65
FIGURA 9: PROJEÇÕES DE MOVIMENTAÇÃO DE PASSAGEIROS NO BRASIL
600

400

200

2004 2018 2028 2038

HISTÓRICO DE MOVIMENTAÇÃO CENÁRIO SEM INVESTIMENTOS CENÁRIO COM INVESTIMENTOS


NOS AEROPORTOS BRASILEIROS EM NOVOS AEROPORTOS EM NOVOS AEROPORTOS

crescerá na estimativa média de 4,6% ao apresenta projeções significativas de cres-


ano, nos próximos 20 anos, utilizando a cimento, principalmente após o ano de
expectativa otimista de crescimento eco- 2025. A expectativa é que no ano de 2033
nômico no Brasil, refletida no PIB. Isso a demanda represente o dobro da atual.
considerando um cenário sem políticas
públicas e novos investimentos que possi- É necessário, portanto, que a infraestrutura
bilitem a redução dos custos do setor e a aeroportuária esteja com a capacidade su-
operação de novos aeroportos com voos ficiente e que a distribuição dos aeropor-
regulares. tos pelo território nacional, associado aos
demais modos de transporte interurbano,
Ao se alterar, somente, o cenário de inves- propiciem a adequada acessibilidade, co-
timentos com ampliação da rede de aero- nectividade entre as cidades brasileiras e
portos com voos regulares, verifica-se que eficiência nos deslocamentos.
a taxa média de crescimento anual pode
chegar a 4,9%. O gráfico da Figura 9 apre- Nessa ótica, ressalta-se a importância des-
senta as projeções elaboradas. ta etapa do PAN, que demandou estudos
para que as recomendações e cenários de
Independentemente do cenário consi- desenvolvimento escolhidos demonstras-
derado, a demanda por transporte aéreo sem os devidos benefícios à sociedade.

66
Definição das Unidades
Territoriais de Planejamento

Aeroportos fazem parte da rede de deslo- o ano de 2015. A pesquisa entrevistou os


camentos interurbanos, atuando com “nós” passageiros de diferentes tipos de aeropor-
de concentração e dispersão de deman- tos objetivando, dentre outras questões, a
das local, regional, nacional e internacional identificação das origens ou destinos reais
para o deslocamento de médias a longas de sua viagem, que poderiam ser diferentes
distâncias. Dessa forma, o atendimento de dos aeroportos de embarque ou desembar-
um aeroporto não está limitado a um mu- que. O banco de dados formado por essa
nicípio, mas sim, a um conjunto de cidades pesquisa permitiu identificar as áreas de
próximas e até mesmo afastadas. Como a captação reais de cada um dos aeroportos
população brasileira é pesquisados.
altamente concentrada
nas grandes metrópoles,
“ O trabalho para a definição
A avaliação das áreas

CAPÍTULO 3
das Unidades Territoriais de
naturalmente são nelas Planejamento – UTPs, iniciou- resultantes da Pesqui-
que se concentram a se com o estudo das áreas sa Origem/Destino, em
maior parte da deman- de captação dos aeroportos ambiente SIG (Sistemas

ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA


da potencial e real pelo
transporte aéreo. As áre-
brasileiros. ” de Informações Geográ-
ficas), permitiu identificar
as de captação de aeroportos localizados que em média, 84% da demanda dos ae-
nessas metrópoles tendem a aglomerar um roportos está localizada nas aglomerações
maior número de municípios se comparado urbanas imediatamente próximas às infra-
aos demais aeroportos. estruturas aeroportuárias instaladas.

O trabalho para a definição das Unidades Em aeroportos de grande porte, esse per-
Territoriais de Planejamento – UTPs, que são centual é ainda maior, chegando a 93%, por
as regiões onde se concentram as popula- exemplo, para o Aeroporto Internacional de
ções e, consequentemente, a maior parte Guarulhos. Já os aeroportos de menor por-
da demanda por transporte aéreo, iniciou-se te, como o Aeroporto de Campina Grande -
com o estudo das áreas de captação dos PB, possuem demanda mais dispersa, con-
aeroportos brasileiros. Para isso, utilizaram- centrando cerca de 73% de sua demanda
-se os dados da pesquisa Origem/Destino na aglomeração urbana.
realizada pela Secretaria de Aviação Civil da
Presidência da República em parceria com a Utilizando-se essa informação, partiu-se
Empresa de Planejamento e Logística - EPL então para a hipótese de que, identifican-
em 65 (sessenta e cinco) aeroportos durante do potenciais aglomerações urbanas onde

67
há infraestrutura aeroportuária instalada ou Legal. Um detalhamento desse procedi-
não, é possível delimitar as Unidades Terri- mento pode ser encontrado na publicação
toriais de Planejamento para o PAN, onde se “Projeções de demanda para os aeropor-
concentrariam em média 84% da demanda tos brasileiros 2017-2037” (MTPA, 2017).
pelo transporte aéreo.
A Figura 10 demonstra as 772 (setecen-
Utilizaram-se as informações da publica- tos e setenta e duas) UTPs definidas para
ção do Instituto Brasileiro de Geografia e o PAN. Cada UTP possui um município
Estatística – IBGE, entitulado “Arranjos “sede”, que é o município indutor da inte-
populacionais e aglomerações urbanas” gração e não necessariamente onde está
(IBGE, 2015). O estudo avalia o território instalada a(s) infraestrutura(s) aeroportu-
nacional sobre a ótica de integração entre ária(s) da UTP. Uma relação contendo os
as cidades, em uma profundidade maior municípios que compõem cada UTP e a
que seu antecessor (Região de Influência identificação do município sede conside-
das Cidades - REGIC, 2007), consideran- rada é observada no Anexo II.
do aspectos socioeconômicos, culturais,
ambientais e comportamentais dos des- Os municípios não contemplados em ne-
locamentos para identificar as chamadas nhuma UTP são considerados no planeja-
“aglomerações urbanas” e os “arranjos mento do setor, porém, como a demanda
populacionais”. Considerando a conver- potencial proveniente desses é bem baixa,
gência do objetivo deste estudo do IBGE dentro de um cenário de 20 anos, não há
com a necessidade para delimitação das planejamento de municípios sede de aero-
UTPs, adotou-se o banco de dados do portos para essas regiões.
IBGE sobre aglomerações urbanas e ar-
ranjos populacionais como ponto de par- As UTPs podem ou não ser consideradas
tida para determinação das UTPs. em algum cenário de desenvolvimento
no planejamento aeroviário, ou seja, si-
Algumas complementações nos arranjos muladas como tendo uma infraestrutu-
populacionais e aglomerações urbanas fo- ra aeroportuária com operação de voos
ram realizadas com o objetivo de gerar as comerciais. Isso permite a composição e
UTPs que contemplassem todas as regi- avaliação de diferentes cenários de rede,
ões relevantes para o transporte interurba- de modo que são unidades territoriais para
no. Foram delimitadas UTPs para municí- o planejamento, onde dificilmente ter-se-ia
pios que fazem parte de regiões turísticas, um cenário considerando que cada uma
segundo o Programa de Regionalização delas atue com um aeroporto operante da
do Turismo (MTur, 2016), e áreas estraté- rede de transporte aéreo regular de passa-
gicas para a garantia da acessibilidade à geiros. Essa situação resultaria em inefici-
população, como municípios da Amazônia ência e custos insustentáveis para o setor.
68
FIGURA 10: UNIDADES TERRITORIAIS DE PLANEJAMENTO
UTPS CONSIDERADAS NO PAN

LEGENDA CAPÍTULO 3
ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA
UTPS COM VOOS REGULARES

UTPS SEM VOOS REGULARES


MUNICÍPIOS QUE NÃO
INTEGRAM UMA UTP

69
Construção da matriz Origem / Destino
de ligações potenciais para a aviação civil
A rede atual é composta por 908 ligações Devido às divergências nas formas de
aéreas da aviação comercial entre 117 ae- apresentação dos dados de cada fonte,
roportos, como podemos observar na Fi- algumas estimativas foram necessárias:
gura 11. Para a realização dos estudos e
análises da expansão da rede de aeropor- • Estimativa do volume de passageiros no
tos, é essencial o conhecimento da matriz transporte rodoviário de passageiros (in-
Origem/Destino (Matriz O/D), seja ela real terestadual e intermunicipal): com base
ou estimada. nas frequências levantadas na pesquisa
do IBGE (2017) e nas quantidades mé-
Para o presente PAN, a Matriz O/D foi es- dias de passageiros por ônibus extraídas
timada com base em vários estudos na das bases da ANTT (2018). Importante
área de transporte. Primeiramente, para a ressaltar que o valor total da estimativa e
identificação dessas potenciais ligações, os percentuais por modo se aproximam
foi necessário o entendimento da rede de de outra realizada por Yamashita et al.
deslocamentos interurbanos de pessoas (2015), na ocasião, com outras bases de
no Brasil como um todo, independente- dados e método, o que traz certa valida-
mente do modo de transporte, ou seja, as de aos valores;
necessidades de deslocamento na ótica • Estimativa do volume de passageiros no
dos usuários entre as cidades e regiões transporte hidroviário: por meio do cru-
metropolitanas brasileiras. zamento de informações de volumes de
pessoas transportadas da pesquisa rea-
Para a identificação dessas demandas, foi lizada pela ANTAQ e UFPA (2014) com o
realizada a união de dados de diferentes levantamento de frequência de embar-
fontes, como SAC & EPL, (2015), DECEA cações do IBGE (2017);
(2016), ANAC (2018), IBGE (2017), ANTT • Estimativa do volume de pessoas por
(2018), ANTAQ (2018), ANTAQ e UFPA transporte particular em veículo leve
(2014), ABCR (2018) e DENATRAN (2017). (carro de passeio): baseando-se na pro-
porção de veículos leves por ônibus
Um trabalho de harmonização entre as di- observadas nas praças de pedágio das
ferentes bases de dados para correções rodovias concedidas (ABCR, 2018), ca-
dos volumes para os mesmos anos e para librando esse valor conforme a frota por
consolidação dos fluxos por par de UTP UF (DENATRAN, 2017), a disponibilidade
foi realizado, de modo que a matriz reflita de infraestrutura rodoviária (em km de
os fluxos entre UTPs, ou seja, os fluxos rodovia por km2 de área de cada municí-
interurbanos de pessoas no Brasil. pio da UF) e a distância da ligação entre
70
FIGURA 11: LIGAÇÕES INTERURBANAS CONTEMPLADAS PELA AVIAÇÃO COMERCIAL (2018)

LEGENDA CAPÍTULO 3
ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA
MUNICÍPIOS COM VOO REGULAR

71
UTPs, por meio de modelo gravitacional Os fluxos estimados por par O/D podem
com coeficientes de impedância regio- ser observados no mapa da Figura 12 e
nalizados conforme adotados em “Pro- seu detalhamento consta no Anexo III. A
jeções de demanda para os aeroportos partir do estudo destes fluxos, e utilizan-
brasileiros 2017-2037” (MTPA, 2017); do-se de dados referentes ao perfil padrão
dos usuários de transporte aéreo prove-
Estimativas de movimentação de passa- nientes da pesquisa SAC e EPL (2015),
geiros da aviação geral e um histórico de foi determinada uma demanda para cada
demanda de voos comerciais que já ope- ligação, assim como um percentual poten-
raram mas foram cancelados nos últimos cial de migração para o transporte aéreo
10 anos, de modo a retratar desejos de caso haja a oferta do serviço. Esse percen-
viagem que já foram contemplados pelo tual varia conforme as características so-
transporte aéreo. Essas estimativas e os cioeconômicas das populações das UTPs
dados da aviação comercial provenientes de origem e de destino e da distância da
da ANAC foram considerados para o volu- ligação, podendo representar de 3% a
me do transporte aéreo. 53% do volume total da ligação. Os dados
foram utilizados para as simulações de no-
O resultado foi uma matriz de desloca- vos aeroportos, atribuindo-se uma aerona-
mentos entre as UTPs com distribuição ve de referência para a operação, um Load
por modo de transporte conforme o qua- Factor médio do sistema de transporte
dro abaixo, considerando projeções con- aéreo e uma frequência de atendimento
servadoras. hipotética adequada para cada demanda,

QUADRO 3: DISTRIBUIÇÃO MODAL DO DESLOCAMENTO DE PESSOAS ENTRE UTPS

Demanda por trans- % dos modos


Modo de transporte Subtotal* % geral
porte interurbano* coletivos
Transporte Aéreo 100,31 26% 11%
Transporte Rodoviário por
ônibus (interestadual, inter- 285,88 73% 31%
Coletivos 390,92
municipal)
Transporte Ferroviário 1,31 0% 0%
Transporte Hidroviário 3,42 1% 0%
Deslocamento por automó-
Privado 543,96 543,96 - 58%
vel particular
Total 934,88 934,88 100% 100%
*EM MILHÕES DE PESSOAS/ANO
FONTES: SAC & EPL, (2015), DECEA (2016), ANAC (2018), IBGE (2017), ANTT (2018), ANTAQ (2018), ANTAQ E UFPA (2014),
ABCR (2018), DENATRAN (2017). DADOS TRATADOS E ESTIMAVAS PARA COMPLEMENTO REALIZADOS PELO MTPA.

72
FIGURA 12: LIGAÇÕES INTERURBANAS ENTRE UTPS PARA TODOS OS MODOS DE TRANSPORTE

CAPÍTULO 3
ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA

LEGENDA

MUNICÍPIOS COM VOO REGULAR

MUNICÍPIOS SEM VOO REGULAR

73
convertendo assim os desejos de viagem cação geográfica de infraestruturas, o que
em projeções de movimentação de aero- gera custos operacionais e de manutenção
naves da aviação civil. elevados. Nesse sentido, surge a necessi-
dade de se estimar os custos e as receitas
Por meio deste estudo, foram identificadas aeroportuárias para que seja possível vis-
cerca de 4,6 mil ligações aéreas potenciais. lumbrar e, consequentemente, escolher as
Nesse universo, foram identificadas rotas opções que gerariam mais economicidade
para vários tipos de porte de aeronaves. para todo o sistema.
Observa-se que a grande maioria, pela es-
timativa de demanda e pela característica O Laboratório de Transportes e Logística
da rota (curta ou média distância), poderia da Universidade Federal de Santa Catarina
ser operada por aeronaves de até 30 pas- (LabTrans/UFSC), por meio de Acordo de
sageiros (85%, ou cerca de 4000 ligações) Cooperação com a Secretaria de Aviação
e outras têm potencial para operação de Civil da Presidência da República (SAC/
aeronaves de Categoria 3C ou superior PR), atual Ministério dos Transportes, Por-
(15%, ou cerca de 600 ligações). tos e Aviação Civil (MTPA), desenvolveu
um simulador capaz de realizar essa esti-
Este último grupo, por sua vez, possui um mativa. O simulador de custos e receitas
potencial para gerar um incremento na de- aeroportuárias considera toda a legislação
manda nacional da ordem de 8,9 milhões e arcabouço regulatório vigentes no senti-
de passageiros ao ano. No entanto, seriam do de contabilizar a operação aeroportu-
necessários investimentos públicos e pri- ária, cujo detalhamento e todos os parâ-
vados nas infraestruturas e nos serviços metros utilizados constam na publicação
envolvidos, bem como políticas públicas “Simulador de custos mínimos e receitas
com vista à redução dos custos e fomento aeroportuárias” (Labtrans e SAC, 2016).
do setor.
Por meio do simulador, foi possível estudar
os impactos da operação nos custos e re-
Desenvolvimento de modelos ceitas e, consequentemente, desenvolver
para estimativa de custos e modelos econométricos que considerem
receitas aeroportuárias os aspectos que impactam de maneira
mais significativa na rentabilidade opera-
Buscando a eficiência de toda a rede de cional. De modo geral, o porte da infraes-
transporte aéreo, é de suma importância trutura, em termos da área do Terminal de
o olhar estratégico para a sustentabilidade Passageiros (TPS) e categorias de aero-
financeira das infraestruturas aeroportuá- naves que recebe, assim como a deman-
rias. O investimento discriminado em ae- da, são os elementos que determinam em
roportos pode gerar excesso ou má alo- maior grau essa rentabilidade.
74
Dessa forma, foram desenvolvidos mode- somente em menos da metade dos aero-
los econométricos cuja variável indepen- portos atualmente com operações de voos
dente é a demanda projetada para o ae- comerciais.
roporto, para cada um
dos modelos padrão de
“ Aeroportos de médio a As ferramentas desen-
infraestruturas aeropor- pequeno porte tendem a quase volvidas foram utiliza-
tuárias considerados no sempre necessitar de subsídios das para estimar a ren-
PAN (conforme seção para cobertura dos custos tabilidade operacional
seguinte). O Anexo IV operacionais. Daí a importância dos aeroportos ope-
apresenta os modelos de alocação eficiente dos rantes na rede, assim
desenvolvidos para a investimentos. ” como para simular ope-
estimativa de rentabili- rações futuras de novas
dade operacional dos aeroportos (receitas infraestruturas, conforme as projeções de
operacionais subtraídas dos custos opera- demanda e as possibilidades de desenvol-
cionais). vimento dos aeroportos como relatado nas

CAPÍTULO 3
seções seguintes.
Da análise dos resultados do simulador
de custos e receitas operacionais, assim
como dos modelos econométricos desen- Definição de padrões de

ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA


volvidos, conclui-se que aeroportos de infraestrutura e custos de
médio a pequeno porte tendem a quase investimentos
sempre necessitar de subsídios para co-
bertura dos custos operacionais. Daí a O Fundo Nacional da Aviação Civil – FNAC
importância de alocação eficiente dos in- é uma importante fonte de recursos para
vestimentos, de modo a não gerar ônus o desenvolvimento do sistema nacional
aos operadores aeroportuários, a menos de aviação civil. As ações prioritárias para
que os ganhos para a sociedade os jus- aplicação dos recursos do fundo incluem
tifiquem. manutenção e aprimoramentos das infra-
estruturas aeroportuária e aeronáutica ci-
A título de exemplo, estima-se que um ae- vil. O FNAC é uma espécie de garantia de
roporto com uma infraestrutura adequada investimentos no setor, já que seus recur-
para a operação de aeronaves categoria sos só podem ser investidos na aviação
3C (como um ATR72), com um terminal de brasileira.
passageiros de aproximadamente 2.800
m2, necessita de uma demanda mínima de Além dos recursos do FNAC, as conces-
150 mil passageiros ao ano para que a re- sões aeroportuárias também preveem in-
ceita gerada seja suficiente para cobrir os vestimentos privados nos respectivos con-
custos operacionais, realidade observada tratos, com o objetivo de garantir os níveis
75
de serviço adequados aos passageiros premissa de que haja interesse de opera-
nos principais aeroportos brasileiros. ção das empresas aéreas nas oportunida-
des de disponibilização de infraestruturas
Independentemente da fonte de recursos, adequadas, e com as projeções benéficas
dada a evolução da demanda em cada para a sociedade.
aeroporto, são necessários investimentos
para ampliação da capacidade de pista, Para a estimativa dos custos médios com
pátio, sistema de taxi, terminal de passa- investimentos em infraestrutura aeropor-
geiros e estacionamento de veículos, den- tuária, iniciou-se um levantamento das
tre outros componentes relevantes da in- informações disponíveis nos Estudos de
fraestrutura. Viabilidade Técnica, Estudos Preliminares
e Anteprojetos desenvolvidos no âmbi-
Além disso, aeródromos que atualmente to do Programa de Desenvolvimento da
possuem foco de operação na aviação ge- Aviação Regional, pela Secretaria Nacional
ral podem vir a compor a futura rede de de Aviação Civil do Ministério dos Trans-
aeroportos voltados à aviação comercial. portes, Portos e Aviação Civil nos últimos
Nestes casos, também demandam investi- anos.
mentos em infraestrutura e equipamentos
para a adequação às normas regulamen- Com base nas informações acima, mais
tadas pela ANAC. as realizadas pela Universidade Federal de
Santa Catarina – UFSC, foi desenvolvida
Para uma análise abrangente das pos- uma ferramenta capaz de estimar os cus-
sibilidades de desenvolvimento da rede tos de adequação, ampliação, alteração de
de aeroportos brasileira, o método ado- categoria ou construção de aeródromos,
tado no PAN considera tanto os benefí- focando-se nos elementos de maior rele-
cios gerados, por meio da estimativa de vância financeira para os investimentos: a
indicadores relacionados aos objetivos pista de pouso e decolagem (PPD), o pá-
estratégicos do setor, quanto os custos tio de aeronaves, o sistema de taxiway, o
envolvidos, compondo assim uma análi- terminal de passageiros (TPS) e o estacio-
se custo-benefício das possibilidades de namento externo para veículos. Os custos
evolução desta rede. unitários considerados encontram-se no
Anexo V.
Sobressai daí a necessidade de uma esti-
mativa inicial do custo necessário para se O método adotado considera que os
adequar, ampliar ou construir cada aero- aeródromos demandam investimentos
porto considerado no PAN. Dessa forma, partindo do pressuposto de estarem em
é possível avaliar esse valor em conjunto condições de receberem voos regulares,
com os benefícios previstos, adotando a na hipótese de adequação da infraestru-
76
tura para aeronaves de categorias supe- tentes ou potenciais para os aeroportos
riores ou na hipótese de ampliações de considerados no PAN.
capacidade para atender a demanda.
Os modelos de infraestrutura, com as prin-
Nessas hipóteses, avaliam-se as condi- cipais características para o cálculo dos
ções da infraestrutura atual do aeródromo investimentos e da capacidade, constam
e identificam-se quais tipos de interven- no Quadro 4.
ções são necessárias em cada elemento
do lado ar (PPD, pátio ou taxiway) ou do Pelas análises realizadas, observou-se
lado terra (TPS ou estacionamento para que para aeroportos com capacidade aci-
veículos) para que o aeródromo respeite ma do modelo 7 (acima de 4.500.000 pas-
o pressuposto de operação de voos re- sageiros ao ano), devido à complexidade
gulares. Como consequência, e utilizan- operacional e de soluções de projetos de
do-se dos custos médios, calculam-se engenharia, não existe aderência a esse
os investimentos necessários. procedimento adotado para aeroportos de

CAPÍTULO 3
menor porte. Portanto, para esses casos,
Ressalta-se que todo o procedimento é foi desenvolvido um modelo econométri-
dinâmico, dado que qualquer alteração co baseado nos dados históricos de in-
na rede de aeroportos impacta na de- vestimentos dos aeroportos concedidos.

ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA


manda, consequentemente nos custos de Observou-se correlação (R2 de 0,67) entre
investimentos em infraestrutura necessá- o montante de investimentos realizados e
rios. Cada cenário de desenvolvimento, a área total do TPS.
então, pode apresentar valores diferentes
de investimentos necessários para cada Dessa forma, foi possível utilizar o mode-
aeroporto. lo econométrico associado à demanda
projetada para grandes estruturas aero-
Com o objetivo de parametrizar as es- portuárias, calculando-se a área do TPS
timativas de evolução da infraestrutura (conforme método apresentado na seção
aeroportuária, foram adotados 7 (sete) “Cálculo de capacidades aeroportuárias)
modelos (classe) de infraestrutura adequa- requerida para atendimento à demanda.
dos a diferentes realidades de operação, O modelo econométrico e as respectivas
de forma que a ferramenta de simulação estatísticas constam no Anexo VI.
desenvolvida aloque a infraestrutura mais
econômica capaz de atender à maior par- Para a validação do método e modelo
te da demanda para cada localidade, seja desenvolvidos, foram comparados os
em termos do volume de passageiros, seja resultados aos valores de investimentos
em termos de movimento e do modelo de previstos para a nova rodada de conces-
aeronaves adequados para as rotas exis- sões aeroportuárias, provenientes dos
77
78
QUADRO 4: CARACTERÍSTICAS DOS MODELOS DE INFRAESTRUTURAS AEROPORTUÁRIAS CONSIDERADOS PARA EVOLUÇÃO DOS
AEROPORTOS NO PLANO AEROVIÁRIO NACIONAL
Classe da infraestrutura
1 2 3 4 5 6 7
no PAN
Cessna 208
Aeronave representativa EMB-710C EMB-110P1 ATR72-600 A319 B737-800 A330
(Caravan)
CRA 1A 1B 3B 3C 4C 4C 4E
Pax mínimo (pax/ano) 0 5001 19001 60001 125001 300001 2000001
Pax máximo (pax/ano) 5000 19000 60000 125000 300000 2000000 4500000
Pax hora-pico (pax/hora) 10 38 120 162,5 390 1000 2250
Comprimento da PPD (m) 1000 1000 1500 1500 1800 2200 2500
Largura da PPD (m) 18 23 30 30 45 45 45
Acostamento (m) 0 0 0 0 0 0 7,5
Comprimento do Pátio (m) 164 164 200 215 167 245 544
Largura do Pátio (m) 50 50 50 70 90 90 125
Tipo de Pista de taxi Ortogonal Ortogonal Ortogonal Ortogonal Paralela Parcial Paralela Total Paralela Total
Largura da pista de taxi (m) 7,5 10,5 10,5 25 25 25 44
Distância do eixo da PPD ao
37,5 42 62 93 168 168 182,5
eixo da taxilane de pátio (m)
Área do TPS (m2) 380 380 1440 2880 5760 17000 38250
Área de Veículos (m2) 297 621 1593 3078 6858 46413 87210
PCN do pavimento flexível 5/F/C/Y/T 9/F/C/Y/T 12/F/C/Y/T 14/F/B/Y/T 40/F/B/X/T 45/F/B/X/T 70/F/B/X/T
PCN do pavimento rígido 5/R/C/Y/T 9/R/C/Y/T 12/R/C/Y/T 14/R/B/Y/T 43/R/B/X/T 51/R/B/X/T 68/R/B/X/T
estudos dos PMIs dos 13 aeroportos alvo de capacidade estática dos terminais de
da concessão. A comparação resultou passageiros.
em uma média de erro de -1%, sendo o
maior erro observado em um dos lotes, Adotou-se que instalações com movimen-
de 7%, o que demonstra a adequabilida- tação anual de até 1 milhão de passagei-
de dos procedimentos, mesmo se tratan- ros exigem um dimensionamento de 9,5
do de estimativa inicial. m² por passageiro e, por sua vez, acima
de 1 milhão de passageiros é recomendo
Ressalta-se que, para fins de efetivação de o fator de 14 m² por passageiro. Assim,
investimentos, são necessários estudos, dividindo-se a área do terminal pelo fator
projetos de engenharia e levantamentos por passageiro, é estimada a capacidade
detalhados, nos moldes do executado no de processamento dos aeroportos.
Programa de Desenvolvimento da Aviação
Regional. Nesse contexto, ao identificar a classe de
infraestrutura (Quadro 4) atual do aeropor-

CAPÍTULO 3
Para os aeroportos concedidos foram to, conjuntamente com a sua projeção de
considerados como investimentos futu- demanda, é possível identificar a neces-
ros os previstos nos Planos de Gestão da sidade de investimentos ao longo do pe-
Infraestrutura – PGI acompanhados pela ríodo em análise, de 2018 a 2038, assim

ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA


ANAC para cada concessão. Nesse con- como qual deveria ser a respectiva classe
texto, assumiu-se a garantia de atendi- de infraestrutura do aeroporto para aten-
mento às demandas futuras e aos níveis der a demanda em 2038.
de serviço pelas concessionárias.
Para a conversão do fluxo de passageiros
anual projetado para cada aeroporto para
Cálculo das capacidades a quantidade de passageiros em uma hora
aeroportuárias pico típica (TPHP), adotaram-se os per-
centuais variáveis recomendados pela FAA
Como um importante parâmetro para (Ashford et al. 2011).
a análise de investimentos necessários
para a evolução da infraestrutura ae- Já para as capacidades de pista, adota-
roportuária, a Universidade Federal de ram-se os valores declarados pelo Depar-
Santa Catarina, por meio do Laboratório tamento de Controle do Espaço Aéreo -
de Transportes e Logística (Labtrans), de- DECEA transformados em Annual Service
senvolveu ferramenta baseada nos con- Volume – ASV, e para a simulação de no-
ceitos de Nível de Serviço preconizados vos aeroportos, valores médios estimados
no Airport Development Reference Ma- baseados em aeroportos com infraestrutu-
nual (IATA, 2014) para gerar a estimativa ra e condições similares.
79
Composição do banco de todas as infraestruturas. A relação de ae-
dados para o PAN ródromos e aeroportos considerados nes-
te PAN consta no Anexo VII.
O Plano Aeroviário Nacional – PAN foi
construído com informações de diferentes Os aeródromos de Cajazeiras-PB (SJZA),
fontes. Os dados foram tratados e relacio- Casa Branca-SP (SSCB) e Cláudio-MG
nados, compondo uma base de informa- (SWUD) vieram a compor o cadastro de
ções abrangente sobre o transporte aéreo aeródromos públicos da ANAC durante o
brasileiro. período de construção do PAN. Por este
motivo, essas infraestruturas não foram
Para possibilitar a simulação de aeropor- consideradas nas análises. Porém, os
tos nas diferentes UTPs consideradas e, municípios cujos aeródromos estão ins-
com isso, ampliar as possibilidades de talados fazem parte das UTPs do PAN, o
atendimento para a população brasileira, que permitiu a consideração de seu aten-
foram reunidas informações da infraes- dimento na rede. Destaca-se ainda, que a
trutura aeroportuária além dos aeródro- cada versão futura do PAN, serão atuali-
mos públicos constantes no cadastro de zados os cadastros com as informações
aeródromos públicos da ANAC (ANAC, mais recentes, permitindo o acompanha-
2018). À essa relação foram adicionados mento do mercado.
aeródromos e aeroportos previstos ou
considerados no Programa de Investimen- As informações sobre a infraestrutura dos
tos em Logística (PIL) e os constantes nos aeroportos, necessárias para a avaliação
Planos Aeroviários Estaduais (PAEs). das capacidades e condições atuais de
operação, foram compostas por dados da
Considerou-se também a possibilidade de Empresa Brasileira de Infraestrutura Aero-
novos aeroportos nas UTPs que não pos- portuária – INFRAERO, ANAC (2018), das
suem infraestrutura aeroportuária instala- Concessionárias Aeroportuárias e AISWEB
da ou prevista. No total, o banco de dados (DECEA, 2018), por levantamentos realiza-
do PAN é formado por 911 (novecentos e dos pela Universidade Federal de Santa
onze) possibilidades de aeroportos na rede Catarina e pelas projetistas contratadas
aeroportuária permitindo simular qualquer pelo Banco do Brasil no âmbito do Progra-
combinação entre eles. ma da Aviação Regional.

Enfatiza-se que a intenção do banco de Para os dados dos municípios brasileiros,


dados é possibilitar a simulação de dife- relevantes para as projeções de demanda
rentes cenários para a escolha das mais e cálculo de indicadores de benefício-cus-
vantajosas alternativas de desenvolvimen- to, utilizaram-se dados socioeconômicos
to da rede e não a operação simultânea de do IBGE e do IPEA. Foram utilizados da-
80
dos do IPEA, por exemplo, para a identi- de uma matriz rodoviária desenvolvida
ficação de regiões que possuem um PIB pelo Labtrans da Universidade Federal de
turístico predominante perante outras ati- Santa Catarina; dados de sistemas online
vidades (IPEA, 2018), de modo a direcio- e colaborativos de roteirização que con-
nar a modelagem da demanda potencial sideram informações de deslocamentos
de forma diferenciada para essas regiões, reais de deslocamentos (como Gmaps®
conforme método descrito e OpenStreeetMap); da-
na publicação “Projeções
de demanda para os ae-
“ Para a classificação dos da pesquisa “Ligações
Rodoviárias e Hidroviárias
dos aeroportos por
roportos brasileiros 2017- função na rede, 2016” do IBGE (2017); e do
2037” (MTPA, 2017). considerou-se o Transporte Ferroviário Inte-
potencial de ganhos restadual de Passageiros
As estimativas de cresci- que cada aeroporto (ANTT, 2017).
mento do PIB considera- para com os objetivos
das no PAN, também ne- do setor aéreo. ” Outros dados também utili-

CAPÍTULO 3
cessárias como variáveis zados no desenvolvimento
de entrada nos modelos de projeções de do PAN são citados e detalhados ao lon-
demanda, são provenientes do Boletim go desta publicação, quando necessária a
Focus (BCB, 2018), adotando-se as proje- sua explicação.

ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA


ções mais otimistas de crescimento eco-
nômico do mês de maio de 2018.
Método de classificação da
Uma base de dados que represente a in- rede de aeroportos
fraestrutura rodoviária, hidroviária e
ferroviária atualmente existente e ope- A rede de aeroportos do Brasil considera-
rante no Brasil foi também desenvolvida, da no PAN segue uma classificação ma-
de modo a se obter os tempos médios de tricial, por função na rede e por porte
deslocamentos entre os municípios brasi- de operação, ou seja, cada aeroporto é
leiros. classificado de duas maneiras distintas. A
classificação por função tem como obje-
O objetivo é traçar de forma dinamica os tivo identificar a função de cada aeropor-
cenários de acesso das populações aos to na rede em razão da sua contribuição
aeroportos, fazendo com que o PAN seja para com os objetivos do setor, citados no
desenvolvido considerando a integração Capítulo 2. A classificação por porte, por
entre os diferentes modos de transporte e sua vez, tem como objetivo dimensionar a
a complementariedade deles para o trans- necessidade da infraestrutura aeronáutica
porte interurbano de longa distância. Para civil, principalmente, de equipamentos de
este trabalho, foram consolidados dados auxílio a navegação aérea.
81
FIGURA 13: CLASSIFICAÇÃO DOS AEROPORTOS POR FUNÇÃO E NÍVEL DE CONTRIBUIÇÃO
PARA OS OBJETIVOS DO SETOR

ME MPL
CO
TR EM
METRO-

OP EN

NÍVEL DE CONTRIBUIÇÃO PARA OS OBJETIVOS DO SETOR


POLITANO

OL TA
ITA RE
PRIMÁRIO

NO S
S
METROPOLITANO
CAPITAL REGIONAL

CO
REGIONAIS PRIMÁRIOS (A)

MP
RE EME
GIO NT
L
NA ARE
L S
REGIONAIS SECUNDÁRIOS (B)

Para a classificação dos aeroportos por de transporte interurbano e situam-se nos


função na rede, considerou-se o potencial maiores polos concentradores de deman-
de ganhos que cada aeroporto (existente da e população do Brasil.
ou não na UTP) para com os objetivos do
setor aéreo. Dessa forma, estabeleceu-se De modo a identificar objetivamente es-
um hierarquia de grupos de aeroportos, ses aeroportos, adotou-se a classificação
conforme Figura 13, nos quais devam re- constante em “Regiões de influência das
ceber maior foco das políticas públicas do cidades - REGIC” (IBGE, 2007), onde os
setor. principais centros urbanos brasileiros são
denominados como Metrópoles, Capital
Definiu-se os grupos “Metropolitanos”, regional, Centro sub-regional ou Centro de
em vista da notável diferenciação de ope- Zona.
ração e de contribuição dos aeroportos
que operam nas grandes metrópoles bra- Para a distinção entre os grupos “ae-
sileiras dos demais. Essas infraestruturas roportos metropolitanos primários”,
consolidam as ligações troncais da rede “metropolitanos de capital regional” ou
82
QUADRO 5: CRITÉRIOS E DEFINIÇÕES PARA A CLASSIFICAÇÃO DE AEROPORTOS
METROPOLITANOS

Classe Definição Subclasse Definição Critérios


Aeroportos que atendem
• Atende uma metrópole, se-
as grandes metrópoles
gundo REGIC (IBGE, 2007)
Primário brasileiras, formando
• Aeródromo “Classe III ou
a rede estruturante de
superior”, conforme ANAC
aeroportos do País.
• Atende uma capital regio-
Aeródromo que Aeroportos que atendem nal A ou B, segundo REGIC
de Capital
atende as metró- as principais capitais (IBGE, 2007)
Regional
Metropolitano poles e grades regionais brasileiras. • Aeródromo “Classe III ou
capitais regionais superior”, conforme ANAC
do País Possui papel comple-
• Está na mesma UTP de um
mentar nas regiões já
aeroporto metropolitano

CAPÍTULO 3
atendidas com aeroportos
Primário ou de Capital
Complementar Primários. Voltados a co-
Regional A
nexões regionais, aviação
• Com operação da aviação
geral ou como aeroporto
comercial ou Aviação Geral

ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA


alternativo.

“metropolitanos complementares”, apli- Benefício-Custo, com os valores norma-


cou-se os critérios do Quadro 5. lizados e com pesos estabelecidos por
meio de Processo de Análise Hierárquica
Para a subclassificação dos grupos “Re- (Analytic Hierarchy Process – AHP) (Saaty,
gionais”, foi desenvolvido um conjunto de 1980 e 2005) aplicada junto a especialistas
indicadores para representar os objetivos do setor. Os valores dos pesos considera-
com impacto direto da rede de aeroportos: dos também constam no Anexo VIII.
acessibilidade, conectividade, eficiência e
desenvolvimento. Os indicadores utiliza- Esse Índice Geral de Benefício-Custo é o
dos para representar esses objetivos estão valor considerado para subdividir os aero-
dispostos na Figura 14 e as suas descri- portos em grupos de contribuição para os
ções e métricas constam no Anexo VIII. objetivos do setor: A, B, C e D, cujos dois
primeiros possuem relevância suficiente
Por sua vez, para possibilitar a compara- para vir a compor alternativas de desen-
ção entre os resultados, os indicadores volvimento para a rede de aeroportos com
foram agrupados em um Índice Geral de operação de voos comerciais, e portanto,
83
FIGURA 14: INDICADORES REPRESENTATIVOS DOS OBJETIVOS DO SETOR DE TRANSPORTE
AÉREO RELACIONADOS À REDE DE AEROPORTOS
OBJETIVOS RELACIONADOS À REDE DE AEROPORTOS
ACESSIBILIDADE CONECTIVIDADE EFICIÊNCIA DESENVOLVIMENTO
• População até 60 min • Conexões comerciais • Tempo de • Sustentabilidade
• População até 120 min atuais deslocamento econômica dos
• Conexões comerciais • Investimento / aeroportos
• Cobertura populacional
na Amazônia Legal potenciais passageiro • Receita para o
mercado
• Cobertura dos pólos
turísticos • Demanda potencial

são o grupo alvo de aeroportos regionais: viabilidade de algum e, consequentemen-


“aeroportos regionais primários (A)” e te, a ineficiência da rede e da alocação dos
“aeroportos regionais secundários (B)”. recursos públicos.
O grupo “C” possui caráter complemen-
tar na rede e, por isso, foram considera- Para esta análise, foram estabelecidos
dos como relevantes para a aviação geral. critérios de seleção das melhores opções
Os aeroportos e aeródromos constantes dentre aeroportos concorrentes em regi-
neste grupo são denominados “regionais ões com demanda insuficiente para ope-
complementares”. ração de mais de um aeroporto:

A separação destes grupos é dinâmica, • Aeroportos com operação comercial ou


conforme os resultados de todos os ae- da aviação geral são preferenciais em
roportos da rede em uma distribuição de relação a novos aeroportos e não ope-
quebras naturais (jenks). rantes;
• Aeroportos regionais primários (grupo
Após a classificação conforme os concei- A) são preferenciais em relação aos de-
tos aplicados e os valores do Índice Geral mais;
de Benefício-Custo, a rede de aeroportos • Aeroportos com maior demanda poten-
passa por uma avaliação de concorrência, cial são preferenciais em relação a seus
de modo a identificar situações de confli- concorrentes; e
to e sobreposições, como nos casos de • Aeroportos com melhor infraestrutura
aeroportos muito próximos onde o inves- existente (configurações e tamanho de
timento por parte do poder público em pista, pátio e TPS) são preferenciais em
ambos poderia gerar uma situação de in- relação a seus concorrentes.

84
FIGURA 15: REDE DE REFERÊNCIA PARA DESENVOLVIMENTO DA AVIAÇÃO CIVIL E REDE
COMPLEMENTAR

CAPÍTULO 3
ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA
CLASSIFICAÇÃO Nº
METROPOLITANO PRIMÁRIO 16
METROPOLITANO DE CAPITAL REGIONAL 12
METROPOLITANO COMPLEMENTAR 22
REGIONAL PRIMÁRIO 84
REGIONAL SECUNDÁRIO 55
REGIONAL COMPLEMENTAR 508

85
Após a análise de concorrência, chega-se mesmo indicador, aeroportos que operem
a uma rede composta por 697 aeropor- aviação regular e aviação geral.
tos, cuja distribuição por classe consta no
mapa da Figura 15. Sobre a Unidade Aeronáutica de Aeropor-
tos, consiste no somatório de passageiros
O grupo de aeroportos Metropolitanos e processados (embarque e desembarque)
Regionais, excluindo os Complementares, com peso 1 e o número de movimentos
constitui a “Rede de Referência” para de- de aeronaves (pousos e decolagens) com
senvolvimento da aviação civil”, com re- peso 4. Assim, UAA=Pax+4xMov . Após
sultados detalhados no próximo Capítulo. normalização de todas as UAAs, cria-se a
UAA Referência – UAA% – para cada ae-
Os grupos de aeroportos Complementa- roporto.
res (Metropolitanos complementares e Re-
gionais complementares), constitui a rede Finalmente, ordena-se os aeroportos de
com foco na aviação geral e devem ser forma decrescente à sua UAA Referência
alvos de ações específicas por parte do e classifica-se os aeroportos conforme
poder público e privado, embasadas em “Ranking Aeronáutico” a seguir:
uma política para o desenvolvimento da
aviação geral. • Grande HUB (UAA% > 1%);
• Médio HUB (UAA% entre 0,25% e 1%);
No que tange à classificação dos aero- • Pequeno HUB (UAA% entre 0,05% e
portos por porte, utilizada para subsi- 0,25%);
diar as necessidades de infraestrutura • Local (UAA% abaixo de 0,05% com mo-
aeronáutica civil no PAN, dispôs-se de vimentação registrada pelo DECEA); e
metodologia análoga à categorização • Latente (UAA% para aeroportos sem
de aeroportos norte-americanos do Na- movimentação registrada pelo DECEA)
tional Plan of Integrated Airport Systems
(NPIAS)1, utilizando o conceito de Unidade Os resultados dessa classificação por por-
Aeronáutica de Aeroporto (UAA)2, que alia te nos aeroportos considerados no PAN
isonomia e universalidade aos aeropor- constam no Anexo XI. Este Ranking Aero-
tos nacionais, buscando agregar, em um náutico , esboçado na Figura 16, se torna
essencial para diretrizes de níveis mínimos
de segurança operacional desejáveis e,
1 https://www.faa.gov/airports/planning_capacity/ consequentemente, exigência de infraes-
passenger_allcargo_stats/categories/ trutura aeronáutica correspondente, como
2 A categorização dos aeroportos no NPIAS con- apresentado no Capítulo 5.
sidera apenas a movimentação de passageiros,
enquanto para o planejamento da navegação aé-
rea considerou-se também a movimentação de
aeronaves.
86
FIGURA 16: REDE DE REFERÊNCIA CLASSIFICADA POR PORTE

CAPÍTULO 3
ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA
CLASSIFICAÇÃO Nº
GRANDE HUB 20
MÉDIO HUB 18
PEQUENO HUB 29
LOCAL 508
LATENTE 122

87
Como parte fundamental do PAN,
o presente capítulo apresenta
uma estimativa de necessidade
de investimentos em infraestrutura
aeroportuária e aeronáutica civil na
rede de aeroportos brasileira para
os próximos 20 anos, com vista a
atender os objetivos estratégicos
do setor, principalmente, quanto a
segurança, qualidade e facilitação,
acessibilidade, conectividade,
eficiência e desenvolvimento do
setor de transporte aéreo.

FOTO: INFRAERO
CAPÍTULO 4

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA

infraestrutura
Desenvolvimento da
infraestrutura aeroportuária civil

Rede de referência para • Interesse das companhias aéreas: o


desenvolvimento da aviação civil mercado altera seu planejamento de
No Capítulo 3, foi apresentado a metodolo- novas bases, suas frequências de aten-
gia e o processo de definição do grupo de dimento, conexões, ou mesmo frota de
aeroportos que constitui a “Rede de Refe- aeronaves com certa dinâmica, atenden-
rência” para desenvolvimento da aviação do as suas estratégias empresariais. Es-

CAPÍTULO 4
civil, no qual maximiza os benefícios para sas ações, as vezes, são limitadas pela
os objetivos estratégicos do setor e mini- infraestrutura disponível e operacional
miza os custos. A Figura 17 apresenta a – homologada/certificada pela ANAC.
distribuição espacial dos 167 aeroportos Portanto, a operação das empresas aé-

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA


que compõe essa rede e a lista completa reas pode vir a alterar os vetores de de-
consta no Anexo IX. senvolvimento da rede de aeroportos.
• Priorização e condições de assunção
O objetivo dessa rede não é determinar ou dos Estados e Prefeituras: O MTPA
restringir a evolução de qualquer aeropor- acompanha junto aos Estados e Prefei-
to no território brasileiro, mas sim, orientar turas as condições locais para assunção
o poder público e a iniciativa privada nas das responsabilidades de gestão aero-
direções que trariam maiores ganhos para portuária, bem como as prioridades de
o setor como um todo. investimentos segundo a ótica estadual
ou municipal. Os aeroportos regionais
Pois no processo de investimentos público são delegados a estes entes por meio
e privado em infraestrutura aeroportuária, de convênio de delegação. Logo, é ne-
existem outros fatores relevantes nas eta- cessário que haja condições institucio-
pas de execução, como: nais adequadas e compatibilidade no

89
FIGURA 17: REDE DE REFERÊNCIA PARA DESENVOLVIMENTO DA AVIAÇÃO CIVIL

CLASSIFICAÇÃO Nº
METROPOLITANO PRIMÁRIO 16
METROPOLITANO DE CAPITAL REGIONAL 12
REGIONAL PRIMÁRIO 84
REGIONAL SECUNDÁRIO 55

90
planejamento aeroportuário, bem como Restrições ambientais e inviabilidade: Al-
no uso do solo no entorno. guns aeroportos podem apresentar res-
• Custos das obras: Os custos das obras trições para seu desenvolvimento, como
podem apresentar varia- aqueles inseridos em áre-
ções significativas entre
“ O PAN apresenta a as de proteção ambiental.
a estimativa inicial traça- “Rede de Referência” Em outros casos, os cus-
da no presente PAN, os como visão de futuro, tos totais envolvidos, com
Estudos de Viabilidade mas também trabalha as obras, compensações
Técnica, os Estudos Pre- com cenários de ambientais e desapropria-
liminares, os Anteproje- desenvolvimento ções, somam um montante
tos, Projetos Básicos e considerando algumas que pode indicar inviabili-
Executivos. Portanto, no informações preliminares dade perante os benefícios
processo de decisão de de restrições ou projetados para aquela in-
investimento numa de- inviabilidade ambiental.
” fraestrutura, levando, as-
terminada infraestrutura sim, à necessidade de es-
aeroportuária haverá a necessidade de tudar novas alternativas para a região.
mais estudos e levantamentos de infor-
mações locais. Por estas razões, o PAN apresenta a
• Desapropriações: Muitos projetos de- “Rede de Referência” como visão de futu-

CAPÍTULO 4
mandam expansão das aéreas patri- ro, mas também trabalha com cenários de
moniais dos sítios aeroportuários, prin- desenvolvimento considerando algumas
cipalmente, para atender aos requisitos informações preliminares de restrições ou

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA


de operações por instrumento (precisão inviabilidade ambiental, bem como, com
ou não precisão) quanto às faixas de uma análise de aderência aos projetos em
pista de pouso e decolagem e RESA andamento pela SAC/MTPA, em conjunto
(Runway End Safety Area). Nos casos com os Estados e Prefeituras.
de novos aeroportos a necessidade
de área é mais relevante e com maio- Como o método adotado é baseado na
res impactos na região. Essas questões análise em rede, ao se considerar diferen-
devem ser tratadas junto aos Estados e tes formatos de atendimento, por meio de
Prefeituras. Em alguns casos, os custos opções de aeroportos, alteram-se todos os
sociais e econômicos de todo processo resultados, visto que a demanda é redistri-
de desapropriação podem tornar inviá- buída e, consequentemente, os valores dos
vel o aeroporto, gerando a necessidade indicadores considerados são alterados,
de estudos com outras alternativas para bem como podem gerar a alteração de sua
a região. função perante os objetivos do setor.

91
Cenário 0 Além dessas considerações, foram acres-
Uma alternativa sempre utilizada em ava- centadas à rede um conjunto de 15 aero-
liações de cenários é o “nada a fazer”. O portos que estão com investimentos em
Cenário 0 (zero), além de representar as andamento pelo MTPA em parceria com
atuais condições de atendimento da rede os Estados e Municípios, bem como ae-
de aeroportos operantes de voos comer- roportos que estão em vias de início de
ciais, possibilita projetar o comportamento operações das empresas aéreas com voos
futuro da demanda em uma hipótese de comerciais.
ausência de investimentos para viabilizar
novas infraestruturas aeroportuárias. Como consequência dessa reconfigura-
ção espacial da rede de aeroportos, uma
Este cenário, apresentado na Figura 18, nova avaliação da rede foi realizada, de
possui 117 aeroportos com oferta de modo que, com os mesmos critérios, fo-
voos comerciais e é utilizado como base ram selecionadas novas alternativas de
para comparação das demais propostas atendimento para as regiões com restri-
do PAN. ções, bem como, foram excluídas loca-
lidades em vista do atendimento dessas
Cenário de desenvolvimento 2 regiões com a inclusão de outros aero-
Tendo em vista os fatores apresentados portos. Como resultado, o Cenário de
anteriormente, foi elaborado o Cenário de Desenvolvimento 2 apresenta 164 ae-
Desenvolvimento 2, com base na “Rede roportos, conforme a Figura 19, a lista
de Referência”. completa consta no Anexo X.

Dessa forma, foi identificado aeroportos Considerações sobre os


(ou municípios com novos aeroportos) cenários e comparações
com indicação de inviabilidade ambien- Os cenários de desenvolvimento apresen-
tal e de altos custos de desapropriação. tados tem como objetivo nortear o proces-
Essas informações foram obtidas junto so de planejamento de investimentos pois
ao “Programa de Investimentos em Ae- esboça as condições de maiores benefí-
roportos Regionais”, que possui con- cios à sociedade, com custos módicos ao
trato com o Branco do Brasil S.A. para poder público, corroborando com o alcan-
a contratação e elaboração de Estudos ce dos objetivos estratégicos do setor. No
de Viabilidade Técnica, os Estudos Pre- entanto, entende-se que qualquer outra
liminares e os Anteprojetos para os ae- configuração pode ocorrer devido a outros
roportos regionais lançado pelo Governo fatores externos, como por exemplo, os
Federal em 2012. explicitados anteriormente que dependem

92
de decisões de outras esferas administra- Em relação à acessibilidade para a popu-
tivas ou privadas. lação brasileira, chegou-se aos resultados
dos indicadores para cada Cenário (Figura
Para uma comparação entre os cenários, 20). Observa-se que a população da Ama-
será apresentado os resultados obtidos zônia Legal tende a ser mais beneficiada
em relação aos indicadores dos objetivos em uma rede de aeroportos próxima à
estratégicos: acessibilidade, conectivida- “Rede de Referência”, com a disponibi-
de, eficiência e desenvolvimento do setor lidade de acesso a mais 2,2 milhões de
de transporte aéreo. pessoas residentes em seus municípios.

FIGURA 20: INDICADORES DE ACESSIBILIDADE POR CENÁRIO

COBERTURA NA AMAZÔNIA LEGAL

ATUAL REFERÊNCIA CENÁRIO 2

22,3 Min +2,2 Min +2,0 Min

CAPÍTULO 4
COBERTURA TURÍSTICA

ATUAL REFERÊNCIA CENÁRIO 2

15 UPTs +9 UTPs +13 UTPs

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA


60 GANHO POPULACIONAL EM 60 MIN

ATUAL REFERÊNCIA CENÁRIO 2

125,0 Mi +6,7 Mi +10,3 Mi

120 GANHO POPULACIONAL EM 120 MIN

ATUAL REFERÊNCIA CENÁRIO 2

180,8 Mi +12,0 Mi +12,9 Mi

93
FIGURA 18: CENÁRIO ATUAL DE ATENDIMENTO DA REDE DE AEROPORTOS BRASILEIRA
CENÁRIO 0

CLASSIFICAÇÃO Nº
METROPOLITANO PRIMÁRIO 16
METROPOLITANO DE CAPITAL REGIONAL 12
REGIONAL PRIMÁRIO 62
REGIONAL SECUNDÁRIO 27

94
FIGURA 19: CENÁRIO DE DESENVOLVIMENTO 2 DA REDE DE AEROPORTOS BRASILEIRA
CENÁRIO DE DESENVOLVIMENTO 2

CLASSIFICAÇÃO Nº CAPÍTULO 4
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA

METROPOLITANO PRIMÁRIO 16
METROPOLITANO DE CAPITAL REGIONAL 12
REGIONAL PRIMÁRIO 72
REGIONAL SECUNDÁRIO 64

95
Destaca-se que o Cenário de desenvolvi- A eficiência da rede de deslocamentos
mento 2 projeta maiores valores de aces- interurbanos pode ser medida pelo tempo
sibilidade para a cobertura de regiões de viagem, pois possui correlação direta
(UTPs) turísticas e para a oferta de acesso com custo. Portanto, o custo logístico de
à população em geral, devido ao maior nú- transporte diminui quando a rede de ae-
mero de aeroportos nesta hipótese. roportos permite pontos de acesso que
minimiza os tempos totais (intermodal) de
Em relação à conectividade esperada deslocamento.
para a rede, o acréscimo de aeroportos
potencializa rotas que no cenário atu- Nesse sentido, o indicador demonstra-
al são atendidas por outros modos de do nos mapas da Figura 22 apresenta os
transporte. resultados dos tempos médios de deslo-
camento de cada município para os aero-
Considerando a segurança, economicida- portos que o atendem. Observa-se que,
de e rapidez possibilitadas pelo transporte em comparação com o Cenário 0, a “Rede
aéreo, projetam-se ganhos de até 73% no de Referência” e o Cenário de Desenvol-
número de conexões comerciais ofertadas vimento 2 apresentam, visivelmente, uma
pelo transporte aéreo no Cenário de desen- redução dos tempos de viagem até os ae-
volvimento com um maior número de aero- roportos, sobretudo nos municípios das
portos (Cenário de desenvolvimento 2). Regiões Norte e Nordeste, como reflexo
da implantação de novos aeroportos re-
O valor retrata um potencial máximo, con- gionais.
siderando inclusive a operação por aero-
naves de menor porte (categorias inferio- Em termo de desenvolvimento do setor
res a 3C) e sua materialização depende de transporte aéreo, a Figura 23 apresen-
bastante das estratégias empresariais das ta uma estimativa do potencial de acrésci-
companhias aéreas e do aperfeiçoamento mo da receita para as companhias aérea
do ambiente regulatório do setor. para os cenários.

FIGURA 21: INDICADORES DE POTENCIAL DE CONECTIVIDADE POR CENÁRIO

NÚMERO DE CONEXÕES POTENCIAIS

ATUAL REFERÊNCIA CENÁRIO 2

908 +457 +663

96
FIGURA 22: TEMPOS MÉDIOS DE DESLOCAMENTO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS PARA OS
AEROPORTOS, POR CENÁRIO

CENÁRIO
ATUAL

TEMPO EM HORAS
0,0 - 1,4
1,5 - 2,4
2,5 - 5,4
5,5 - 11,4
+11,5

CENÁRIO DE CENÁRIO DE
REFERÊNCIA DESENVOLVIMENTO 2

CAPÍTULO 4
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA
A demanda por transporte aéreo no Brasil é Para viabilizar os ganhos projetados na
atendida, em grande parte, pela atual ofer- “Rede de Referência” e no Cenário de
ta de serviços dos aeroportos nas grandes desenvolvimento 2, é necessário que
aglomerações urbanas. Porém, projeta-se haja investimento na infraestrutura aero-
uma demanda reprimida na “Rede de Re- portuária, para garantir que as demandas
ferência” de até 3,6 milhões de passagei- sejam atendidas com o nível de serviço
ros ao ano com os investimentos e a oferta adequado e para manter os padrões de
de novas rotas nos aeroportos regionais segurança operacional conforme a regu-
da referida rede. lação vigente.

97
FIGURA 23: INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO DO SETOR DE TRANSPORTE AÉREO
POR CENÁRIO

RECEITA PARA O MERCADO


TOTAL ATUAL (2017) REFERÊNCIA CENÁRIO 2

R$ 64,1Bi +525 Mi +1.128 Mi

ADICIONAL NA DEMANDA

TOTAL ATUAL (2017) REFERÊNCIA CENÁRIO 2

209,7 Mi +3,60 Mi +3,26 Mi

O Cenário de Desenvolvimento 2, como função da previsão da demanda superar


mostrado anteriormente, apresenta maio- as capacidades aeroportuárias ao longo
res ganhos de acessibilidade e de conec- dos próximos 20 anos, incluindo nesse
tividade, pelo maior número de aeropor- grupo, os aeroportos concedidos.
tos considerados, mas também exige um
maior montante de investimentos em rela- A distribuição dos investimentos ao longo
ção aos demais. Porém, a variação entre dos anos, no que tange aos recursos do
os cenários traçados é pequena. Em mé- FNAC, é uma variável que depende da dis-
dia, conclui-se que a infraestrutura aero- ponibilidade orçamentária, da capacidade
portuária brasileira necessitará de investi- de execução e gestão, do nível de maturi-
mentos da ordem de R$ 22,6 bilhões nos dade dos estudos preliminares e projetos
próximos 20 anos (Figura 24), dos quais R$ de engenharia, de questões ambientais,
6,76 bilhões já estão previstos nos contra- patrimoniais, judiciais e outros.
tos de concessão e a outra parte, em torno
de 16 bilhões, deverá ser viabilizada com Nesse contexto, é importante analisar os
recursos do FNAC, para os aeroportos da possíveis impactos no setor no caso dos
Infraero e demais operadores (Figura 24). investimentos necessários não ocorre-
rem, com vista a evitar situações similares
Importante ressaltar, que estima-se um do passado, como o período de 2010 a
montante, da ordem de R$ 12 bilhões, 2012, quando foi verificado problemas re-
como necessário para os aeroportos que, lacionados à capacidade nos aeroportos
atualmente, possuem voos comerciais em brasileiros.

98
FIGURA 24: INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS EM 20 ANOS
POR CENÁRIO

INVESTIMENTO POR CATEGORIA (20 ANOS)

FONTE TOTAL ATUAL REFERÊNCIA CENÁRIO 2

REGIONAIS R$ 9,19 Bi R$ 10,75 Bi R$ 11,02 Bi

METROPOLITANOS R$ 7,79 Bi R$ 11,84 Bi R$ 11,87 Bi


TOTAL R$ 16,99 Bi R$ 22,59 Bi R$ 22,89 Bi

INVESTIMENTO POR FONTE (20 ANOS)

FONTE TOTAL ATUAL REFERÊNCIA CENÁRIO 2

FNAC (INFRAERO) R$ 7,47 Bi R$ 8,78 Bi R$ 8,77 Bi

CONCEDIDOS R$ 3,89 Bi R$ 6,76 Bi R$ 6,76 Bi

CAPÍTULO 4
FNAC (OUTROS) R$ 5,61 Bi R$ 7,04 Bi R$ 7,35 Bi

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA


A aproximação das capacidades de pista As colunas à esquerda apresentam o
e de terminais de passageiros são alguns Cenário 0, somente com investimentos
dos gatilhos considerados no PAN para a previstos nos aeroportos concedidos. Ou
projeção dos investimentos necessários, seja, é a expectativa futura caso não ha-
assim como a necessidade de adequa- jam investimentos em infraestrutura aero-
ções de infraestrutura para aeronaves de portuária além dos já estabelecidos em
maior porte conforme a previsão de de- contratos de concessões. Já as colunas
manda. à direita, apresentam a situação dos ae-
roportos com a previsão de investimen-
As Figuras a seguir apresentam os com- tos na Rede de referência para desen-
portamentos das capacidades e restrições volvimento da aviação civil. Observa-­se,
operacionais possíveis ao longo dos próxi- simbolizados pelos pontos em vermelho
mos 20 anos, para pistas de pouso e de- e em laranja nos mapas, os aeroportos
colagens (Figura 25) e terminais de passa- com necessidades de adequação ou am-
geiros (Figura 26). pliação de infraestrutura.

99
FIGURA 25: CAPACIDADES DE PISTA NO CENÁRIO 0 E NA REDE DE REFERÊNCIA
CENÁRIO CENÁRIO DE
ATUAL REFERÊNCIA

CAPACIDADE DE PISTA CAPACIDADE DE PISTA


EM 2018 EM 2018

CENÁRIO CENÁRIO DE
ATUAL REFERÊNCIA

CAPACIDADE DE PISTA CAPACIDADE DE PISTA


EM 2028 EM 2028

CENÁRIO CENÁRIO DE
ATUAL REFERÊNCIA

CAPACIDADE DE PISTA CAPACIDADE DE PISTA


EM 2038 EM 2038

SEM PROBLEMAS POSSIBILIDADE DE PROBLEMAS RESTRIÇÕES OPERACIONAIS PROBLEMAS


DE CAPACIDADE OU RESTRIÇÃO OPERACIONAL EM HORIZONTE PRÓXIMO A SEREM SANADAS DE CAPACIDADE
100
FIGURA 26: CAPACIDADES DE TPS NO CENÁRIO 0 E NA REDE DE REFERÊNCIA
CENÁRIO CENÁRIO DE
ATUAL REFERÊNCIA

CAPACIDADE DE TPS CAPACIDADE DE TPS


EM 2018 EM 2018

CENÁRIO CENÁRIO DE
ATUAL REFERÊNCIA

CAPÍTULO 4
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA
CAPACIDADE DE TPS CAPACIDADE DE TPS
EM 2028 EM 2028

CENÁRIO CENÁRIO DE
ATUAL REFERÊNCIA

CAPACIDADE DE TPS CAPACIDADE DE TPS


EM 2038 EM 2038

SEM PROBLEMAS POSSIBILIDADE DE PROBLEMAS RESTRIÇÕES OPERACIONAIS PROBLEMAS


DE CAPACIDADE OU RESTRIÇÃO OPERACIONAL EM HORIZONTE PRÓXIMO A SEREM SANADAS DE CAPACIDADE
101
Os estudos realizados no PAN apontam que permite estudar outros tipos de ex-
alguns aeroportos não concedidos que, ploração e investimentos junto à iniciativa
independentemente do cenário projetado, privada, como por exemplo, por meio de
demandariam investimentos em infraes- subsídios cruzados na configuração de
truturas de grande porte e complexa ope- diferentes lotes de aeroportos, como nos
ração para os próximos 20 anos, exigindo moldes da rodada de concessões aero-
que sejam realizados estudos aprofunda- portuárias atualmente em andamento.
dos com alternativas para operação e in-
vestimentos futuros. São eles: o Aeroporto No entanto, os aeroportos regionais, na
Internacional de Belém/PA (SBBE); o Ae- maioria dos casos, operam com baixa
roporto Santa Genoveva em Goiânia/GO demanda. Consequentemente, as recei-
(SBGO); o Aeroporto Cataratas em Foz do tas aeroportuárias e aeronáuticas não são
Iguaçu/PR (SBFI); o Aeroporto de Nave- suficientes para cobrir os custos operacio-
gantes/SC (SBNF); o Aeroporto de Porto nais, ou seja, opera com déficit operacio-
Seguro/BA (SBPS); o Aeroporto Santos nal. Na Figura 27 evidencia-se que os in-
Dumont no Rio de Janeiro/RJ (SBRJ); e o vestimentos previstos, apesar dos ganhos
Aeroporto de Congonhas em São Paulo à sociedade, geram custos operacionais
(SBSP). que precisam ser subsidiados para a ga-
rantia da disponibilidade de infraestrutura
Este grupo de 7 aeroportos necessita cer- adequada. Observa-se que no cenário atu-
ca de R$ 5,5 bilhões em investimentos al já existe essa necessidade, que tende
segundo as estimativas do PAN, o que a crescer com o aumento do número de
representaria 36% do total previsto prove- aeroportos regionais com oferta de voos
niente do FNAC. A título de comparação, comerciais.
destaca-se que a outra parte dos recursos
necessários do FNAC, cerca de R$ 10,7 O olhar sobre a rentabilidade isolada de
bilhões (ou 64%), seriam suficientes para cada aeroporto reforça a solução de sub-
os investimentos em infraestrutura em 135 sídios cruzados no sistema, seja por meio
aeroportos não concedidos. da operação da empresa pública (Infraero),
seja por meio de concessões à iniciativa
Esses sete aeroportos possuem deman- privada. Caso não se reforce um dos dois
da suficiente para gerar rentabilidade nos modelos, as operações das infraestruturas
próximos 20 anos. As estimativas realiza- menores, mesmo com ganhos sociais, tor-
das no PAN, considerando uma operação nam-se insustentáveis.
em custos mínimos, apontam considerável
resultado operacional positivo para o con- Os estudos realizados no PAN apontam
junto. Além deles, existem outros aeropor- possibilidades de configurações de lotes
tos com perspectivas de rentabilidade, o que distribuem a rentabilidade e reduzem
102
FIGURA 27: RESULTADO OPERACIONAL DE RENTABILIDADE
DOS AEROPORTOS BRASILEIROS, POR CENÁRIO
a necessidade de recursos para operação
CENÁRIO
ATUAL e investimentos públicos.

Além do estudo de alternativas de subsí-


dios, em hipóteses de restrições orçamen-
tárias, é essencial que se trabalhe com a
priorização de investimentos como ação
para maximizar os resultados a curto pra-
zo, com economia de recursos.

59 RENTÁVEIS Considerando isso, destaca-se que alguns


52 SUBSIDIADOS
aeroportos, atualmente, sem oferta de voos
comerciais permanecem nos resultados
CENÁRIO DE
REFERÊNCIA tanto da “Rede de Referência” como no
Cenário de Desenvolvimento 2. Isso ocor-
re porque as regiões onde estão instalados

CAPÍTULO 4
ou previstos possuem relevância conside-
rável para os objetivos do setor, expresso
por meio dos resultados dos indicadores
em relação aos demais. Isso justifica o

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA


acompanhamento atento por parte do po-
der público e o desenvolvimento de ações
53 RENTÁVEIS para viabilizar ou garantir a manutenção e a
114 SUBSIDIADOS
operação dessas infraestruturas.

CENÁRIO DE
DESENVOLVIMENTO 2 Nesse sentido, a recomendação deste Pla-
no é que o grupo de 28 aeroportos regio-
nais sem oferta de voos comerciais que
constam em ambos os cenários simulados
sejam alvos prioritários dos investimentos
dentro dos respectivos grupos de impor-
tância para os objetivos do setor. Os mu-
nicípios onde se situam a indicação de tais
aeroportos estão listados na Figura 28, na
55 RENTÁVEIS
interseção de todos os cenários estudados
109 SUBSIDIADOS
no PAN.
103
FIGURA 28: MUNICÍPIOS DE LOCALIZAÇÃO DOS AEROPORTOS SEM OFERTA DE VOOS
COMERCIAIS POR CENÁRIO

REFERÊNCIA
CENÁRIO 2
IGUAPE-SP
ALMEIRIM-PA
EM COMUM PATOS-PB
BOM JESUS-PI LINHARES-ES
PICOS-PI TUCURUÍ-PA
CONFRESA-MT SÃO BORJA-RS
JUÍNA-MT TARAUACÁ-AC
SERRANOS-MG UMUARAMA-PR
BREVES-PA MANICORÉ-AM
COSTA RICA-MS GUARAPUAVA-PR
MAUÉS-AM JACAREACANGA-PA
XIQUE-XIQUE-BA PARAGOMINAS-PA
SALINAS-MG NOVO PROGRESSO-PA
COSTA MARQUES-RO BARREIRINHAS-MA
PORANGATU-GO GUAJARÁ-MIRIM-RO
BONFINÓPOLIS DE MINAS-MG NOVA OLINDA DO NORTE-AM
TANGARÁ DA SERRA-MT BOM JESUS DA LAPA-BA
GOVERNADOR NUNES FREIRE-MA ANGRA DOS REIS-RJ
SÃO FÉLIX DO XINGU-PA SANTO ANTÔNIO DO IÇÁ-AM
SÃO RAIMUNDO NONATO-PI ARIQUEMES-RO
BARRA DO CORDA-MA PRIMAVERA DO LESTE-MT
URBANO SANTOS-MA ITAPERUNA-RJ
DIAMANTINA-MG VÁRZEA DA PALMA-MG
JEQUITINHONHA-MG CAÇADOR-SC
SOBRAL-CE SANTA VITÓRIA-MG
MONTALVÂNIA-MG REGISTRO-SP
BALSAS-MA REDENÇÃO-PA
NOVA VENÉCIA-ES GUARUJÁ-SP
IGUATU-CE CAPELINHA-MG
TOMÉ-AÇU-PA UBATUBA-SP
JAÍBA-MG ITAPEVA-SP
CORDEIRO-RJ ZÉ DOCA-MA
ILHABELA-SP ARACATI-CE
BURITIS-RO RESENDE-RJ
ANORI-AM SOUSA-PB
BORBA-AM 28
PARATY-RJ
22 19

INVESTIMENTO NECESSÁRIO

R$ 1,31Bi R$ 1,04Bi R$ 1,71Bi


APENAS NA REFERÊNCIA (22) INTERSECÇÃO (28) APENAS NO CENÁRIO 2 (19)
MÉDIA DE R$ 59 MI POR AERÓDROMO MÉDIA DE R$ 37 MI POR AERÓDROMO MÉDIA DE R$ 90 MI POR AERÓDROMO

Entende-se que qualquer aeroporto pre- Análise da capacidade aeroportuária


sente ou não nos cenários simulados pode em São Paulo
vir a compor a rede ou ser alvo de investi- Dos cenários futuros simulados no PAN,
mentos, desde que justificados os ganhos observou-se que, com os investimentos
à sociedade, mas, destaca-se, que os aqui adequados na expansão e na manutenção
relacionados possuem potencial significa- da infraestrutura aeroportuária, é possível
tivo para a evolução do setor de transporte solucionar previamente a maior parte dos
aéreo, conforme a metodologia e a avalia- problemas de capacidade resultantes do
ção já explicitada neste PAN. crescimento da demanda por transporte
104
FIGURA 29: ÁREAS DE CAPTAÇÃO DOS TRÊS PRINCIPAIS AEROPORTOS COM OFERTA DE
VOOS COMERCIAIS EM SÃO PAULO.

CAPÍTULO 4
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA
aéreo. Porém, cabe um olhar mais detalha- o ano de 2018 com mais de 72 milhões de
do nos aeroportos que atendem a região passageiros (embarque e desembarque).
metropolitana de São Paulo, visto que a
região, como principal centro econômico e Os três aeroportos atendem a uma região
de negócios do país, é também a principal formada por 291 municípios, e suas áre-
origem e destino das viagens por transpor- as de captação ultrapassam as divisas
te aéreo domésticas e internacionais. dos estados ofertando os serviços aéreos
a 17% da população brasileira localizada
Os três aeroportos de São Paulo que atu- nessa área, como podemos observar na
almente ofertam voos regulares - Aeropor- Figura 29.
to de Congonhas (SBSP), Aeroporto Inter-
nacional de São Paulo/Guarulhos (SBGR) As projeções de demanda realizadas no
e Viracopos em Campinas (SBKP) - con- PAN indicam que a magnitude do trans-
centram atualmente 36% da demanda por porte aéreo na região tende a crescer ain-
transporte aéreo nacional e devem finalizar da mais nos próximos anos. A demanda
105
potencial na região deve ultrapassar 180 portuários, transformados em Annual Ser-
milhões de passageiros ao ano em 2038, vice Volume – ASV.
ou seja, o equivalente ao número de pas-
sageiros processados nos aeroportos de Estima-se que os aeroportos de Guarulhos
todo Brasil no ano de 2011, ou 89% da e Congonhas atinjam suas capacidades de
demanda observada em 2017. movimento de aeronaves nos sistemas de
pistas de pousos e decolagens em 2022 e
Dada a relevância deste hub doméstico e 2020, respectivamente, e que o aeropor-
internacional, é essencial uma análise da to Viracopos tenha capacidade suficiente
capacidade aeroportuária perante a de- para absorver a demanda nos moldes da
manda crescente nesta região de São Pau- distribuição de voos atual, considerando
lo. Nesse contexto, avaliou-se o impacto ainda o investimento para a implantação
da demanda nas capacidades de pistas da segunda pista em 2026.
de pousos e decolagens e de Terminal de
Passageiros (TPS), buscando identificar Porém, é razoável considerar que em si-
as situações que demandem intervenções tuação de saturação dos aeroportos loca-
adicionais, simular cenários para avaliar lizados mais próximos aos centros gera-
possíveis impactos na região e buscar so- dores de demanda (SBGR e SBSP), haja
luções para problemas de capacidade. transferência de voos para o aeroporto
de Campinas, para o atendimento da de-
Considerando o exposto, adotou-se ini- manda da região de São Paulo por parte
cialmente uma projeção de demanda ba- das empresas aéreas. Considerando essa
seada na atual distribuição de voos entre distribuição de voos de maneira mais ho-
os três aeroportos e os investimentos pre- mogênea entre os três aeroportos, optou-
vistos no Cenário 0, ou seja, somente os -se por avaliar a capacidade agregada dos
investimentos estabelecidos nos contratos três aeroportos em função da demanda
das Concessões Aeroportuárias (SBGR e potencial para toda a região de São Paulo.
SBKP). Esta seria uma representação de O resultado pode ser observado no gráfico
como se comportaria a infraestrutura se da Figura 31.
nenhuma intervenção for realizada além
das já compactuadas, mas com o cresci- Observa-se que no caso da transferência
mento da demanda para o horizonte futuro. de voos para Viracopos, a capacidade dos
Temos então os resultados dos Gráficos a três aeroportos somadas não seria sufi-
seguir para as capacidades de pistas de ciente para absorver a demanda a partir de
pousos e decolagens de cada aeroporto, 2022, incialmente, mesmo com a segunda
considerando valores estabelecidos pelo pista em Viracopos a partir de 2027. O que
DECEA e declarados pelos Gestores aero- leva à necessidade de avaliarmos alterna-

106
FIGURA 30: CAPACIDADES DE PISTA E RESPECTIVAS DEMANDAS DOS TRÊS
AEROPORTOS DE SÃO PAULO

600
SBGR
GUARULHOS

400

200

2018 2028 2038


600

SBSP
CONGONHAS
400

CAPÍTULO 4
200

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA


2018 2028 2038
600

SBKP
CAMPINAS
400

200

2018 2028 2038


DEMANDA DEMANDA DEMANDA CAPACIDADE
SBGR SBSP SBKP ANUAL

107
FIGURA 31: ANÁLISE DAS DEMANDAS E CAPACIDADES DE PISTA AGREGADAS DOS
AEROPORTOS DE SÃO PAULO

1.200

800

400

2018 2028 2038

DEMANDA DEMANDA DEMANDA CAPACIDADE


SBGR SBSP SBKP ANUAL

tivas para ampliar a capacidade aeroportu- Destaca-se também importante projeto


ária da região. de revisão da Área de Controle Terminal
São Paulo (TMA-SP) em desenvolvimen-
Simulações foram realizadas no PAN para to pelo Departamento de Controle do
desenvolver cenários que consigam ab- Espaço Aéreo (DECEA), que têm como
sorver a demanda projetada, consideran- meta ampliar a capacidade de processa-
do também ações que estão em curso mento de aeronaves em todos os aero-
pelos órgãos e entidades do setor perante portos da região, com fluidez, eficiência e
as projeções de demanda futura para a re- segurança. A título de exemplo, almeja-se
gião. que a capacidade do Aeroporto de Guaru-
lhos aumente de 52 movimentos na hora
A concessionária do aeroporto de Guaru- pico, para 60 movimentos, possibilitando
lhos e a Infraero, na figura de operadora da mais de 350 mil movimentos ao ano para
torre de controle do aeroporto de Guaru- aquela aeroporto.
lhos, por exemplo, possuem projetos es-
pecíficos para aumento da eficiência e Considerou-se também nas simulações de
aproveitamento da PPD. um cenário capaz de absorver a deman-

108
da futura, a migração de voos da avia- Guarulhos (SBGR) ou a construção de
ção geral para outros aeroportos, como um novo aeroporto na região de São
Campo de Marte (SBMT), Jundiaí (SBJD) Paulo são propostas que envolvem altos
e o aeródromo estadual de Campinas/ custos, principalmente, com desapropria-
Amarias (SDAM). Essas infraestruturas ções. No entanto, os estudos realizados
possuem capacidade para absorver as de- neste PAN indicam que, caso não sejam
mandas adicionais da Aviação Geral em si- adotadas, será necessário uma série de
tuações de saturação dos movimentos de medidas operacionais que aumentem a
aeronaves nas pistas de pousos e decola- capacidade dos sistemas de pistas de
gens para os aeroportos com operação de pousos e decolagens em 25% em Gua-
voos comerciais. rulhos (SBGR), ou seja, uma operação que
permita uma ampliação de 60 para, no mí-
Ainda, destaca-se que o Aeroporto de Vi- nimo 75 movimentos de pousos ou deco-
racopos (SBKP) possuía em seu EVETEA lagens na hora pico.
inicial a previsão de um sistema de pis-
tas formado por quatro pistas de pousos Outra opção estudada para aumentar
e decolagens. Apesar de não constarem o aproveitamento da infraestrutura é a
no escopo de projetos de curto prazo da migração de voos de conexão desses
Concessão vigente, a terceira e quarta pis- aeroportos para outros. Embora haja

CAPÍTULO 4
tas do aeroporto continuam sendo opções um aproveitamento de parte da deman-
para atender a demanda futura da região da com origem e destino em São Paulo
de São Paulo. com a demanda de conexões, entende-

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA


-se como possível transferir parte dos
Considerando todas as alternativas expos- voos internacionais e domésticos que de-
tas, ainda assim há previsão de problemas mandam conexões para outros aeropor-
de capacidade nos aeroportos da região tos com condições similares de oferta e
de São Paulo, próximo ao ano de 2034, o capilaridade para os usuários, mas com
que requer que o poder público e demais capacidade para ampliar suas operações.
entes do setor iniciem a discussão, o es- Essa hipótese, porém, está intimamente
tudo e o detalhamento de outras alternati- ligada às estratégias de operação das
vas, como um novo aeroporto na região, empresas aéreas nacionais e internacio-
a terceira pista no Aeroporto Internacio- nais e impactam também nas receitas ae-
nal de São Paulo/Guarulhos (SBGR) ou roportuárias.
soluções de aumento do aproveitamen-
to operacional das infraestruturas. Essas e outras soluções devem ser deta-
lhadas e avaliadas em uma análise de
A consideração de uma terceira pista no custo-benefício mais detalhada. De for-
Aeroporto Internacional de São Paulo/ ma geral, as simulações apontam que, so-
109
FIGURA 32: CENÁRIO DE AMPLIAÇÃO DA CAPACIDADE DE PISTAS E
APROVEITAMENTO NOS AEROPORTOS DE SÃO PAULO

1.200

800

400

2018 2028 2038


DEMANDA DEMANDA DEMANDA CAPACIDADE
SBGR SBSP SBKP ANUAL

mente nos cenários com a união da maior demanda, teríamos também necessidades
parte das soluções aqui elencadas, é pos- de ampliação dos Terminais de Passagei-
sível obter uma capacidade aeroportuária ros (TPS).
suficiente para absorver a demanda, como
podemos observar na Figura 32. Isso im- De forma análoga à análise realizada para
plicaria na necessidade de investimentos o sistema de pistas de pousos e decola-
em infraestrutura aeroportuária (lado ar) da gens, temos que a capacidade agregada
ordem de R$ 1,3 bilhão em novas pistas de TPS dos três aeroportos não seria sufi-
de pousos e decolagens em Viracopos, ciente para atender a demanda a partir do
Guarulhos ou num novo aeroporto, sem ano de 2024, quando a demanda projetada
considerar os custos com aquisição patri- superaria os 92 milhões de passageiros –
monial, desapropriações e terraplanagens, atual capacidade declarada agregada dos
além dos investimentos previstos para a aeroportos – conforme Figura 33.
segunda pista em Viracopos.
Para que seja possível atender a deman-
Em um cenário onde a capacidade de mo- da projetada, soluções operacionais como
vimentos de aeronaves para a região de a transferência de conexões para outros
São Paulo seja suficiente para atender a aeroportos possuem baixo impacto. É ne-
110
FIGURA 33: ANÁLISE DAS DEMANDAS E CAPACIDADES DE TPS AGREGADAS DOS
AEROPORTOS DE SÃO PAULO

180.000

120.000

60.000

2018 2028 2038


DEMANDA DEMANDA DEMANDA CAPACIDADE
SBGR SBSP SBKP ANUAL

CAPÍTULO 4
cessário que haja o investimento na am- estratégias com melhores impactos para a
pliação das infraestruturas existentes ou população atendida e para o setor.

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA


no desenvolvimento de novos aeroportos.
A área total dos TPS dos três aeroportos Os estudos realizados também apon-
soma atualmente 450 mil m2, enquanto es- tam que há uma perda na demanda por
tima-se a necessidade de 980 mil m2 de transporte aéreo em São Paulo em virtude
área de TPS disponível na região para que da migração de voos dos aeroportos de
haja o atendimento da demanda até 2038, Congonhas e Guarulhos para Viracopos.
de cerca de 180 milhões de passageiros, Em razão das atuais condições de aces-
sem perda nos níveis de serviço. sibilidade entre os aeroportos, e conside-
rando o modelo gravitacional adotado no
Considerando os cenários mais favoráveis, PAN, estima-se que, em média, 6% dos
estima-se a necessidade de investimentos passageiros deixariam de utilizar o trans-
da ordem de R$ 3,8 bilhões em Terminais porte aéreo quando acrescido o tempo e
de Passageiros para os aeroportos da re- os custos de deslocamentos associados
gião de São Paulo, cabendo a necessidade à esse trecho (de São Paulo à Campinas).
de estudos de viabilidade e analises custo- Portanto, é necessário que esta questão
-benefício detalhadas para encaminhar as também seja alvo de estudos e políticas
111
públicas específicas para aproveitamento ço aéreo. Nesse contexto, a Política Na-
dessa demanda. cional de Aviação Civil – PNAC, aprovada
pelo Decreto nº 6.780, de 18 de fevereiro
Dentro das diferentes alternativas para de 2009, tem como diretrizes assegurar
desenvolvimento e aproveitamento da in- um serviço aéreo – seja público ou priva-
fraestrutura aeroportuária da região de do – amplo, seguro, eficiente, econômico,
São Paulo, fica evidente que uma futura moderno, concorrencial, sustentável e pre-
operação só é viável na região com os es- visível, preocupado com o meio ambiente
forços combinados entre todos os entes e com o consumidor, devendo buscar ser
envolvidos com o planejamento, gestão e isonômico, disponível, pontual e regular.
operação do transporte aéreo. Apesar da Diretrizes que estão alinhadas com as pre-
necessidade de investimentos para am- missas e objetivos estratégicos do PAN.
pliação de infraestrutura, totalizando cerca
de R$ 5,1 bilhões em pistas de pousos e A PNAC traça diretrizes sobre eficiência
decolagens e TPS, as ações operacionais e aperfeiçoamento por meio de avanços
apresentam menor custo de implantação tecnológicos:
e geram resultados igualmente relevantes
para o sistema. “2.6.A EFICIÊNCIA DAS OPERAÇÕES
DA AVIAÇÃO CIVIL
Nesse contexto, o Ministério do Trans-
A eficiência das operações da aviação
portes, Portos e Aviação Civil (MTPA), a
civil beneficia a todos e é um objetivo a
Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)
ser perseguido. Para tanto, o aperfeiçoa-
e o Departamento de Controle do Espaço
mento da navegação aérea, a otimização
Aéreo (DECEA) devem articular-se com os
do uso do espaço aéreo e da infraestru-
operadores aeroportuários e companhias
tura aeroportuária civil, de maneira coor-
aéreas de forma constante para a busca
denada e harmônica, e a melhoria dos
de uma operação eficiente e segura nesta
métodos, processos e práticas de ges-
região, que é o principal hub doméstico e
tão, devem ser continuamente buscados.
internacional do Brasil.
O grande beneficiário dos avanços tec-
nológicos deverá ser o gerenciamento
Desenvolvimento da moderno e dinâmico do tráfego aéreo,
infraestrutura aeronáutica civil capaz de minimizar as limitações im-
postas ao usuário do espaço aéreo.
A infraestrutura aeronáutica civil que tem Sem comprometimento da segurança,
como papel primordial o Sistema de Prote- o usuário deverá ser capaz de aderir ao
ção ao Voo, visa à regularidade, segurança seu perfil de voo conforme planejado e
e eficiência do fluxo de tráfego no espa- solicitado”.

112
Dessa forma, o papel da navegação aérea • Aumentar a segurança operacional em
no Plano Aeroviário Nacional – PAN é apri- solo e no ar;
morar o nível de segurança da aviação civil • Aperfeiçoar a infraestrutura aeronáutica
brasileira com auxílios e informações aos civil com critérios técnico-operacionais;
aeronavegantes, baseado em diretrizes • Racionalizar gargalos operacionais e fi-
que busquem garantir um transporte mais nanceiros;
seguro e eficiente aos usuários do sistema
e à sociedade como um todo que se be- As diretrizes emitidas pela ICAO (Interna-
neficia, mesmo que de forma indireta, do tional Civil Aviation Organization) para o
transporte aéreo. Para tanto, as principais desenvolvimento da aviação civil global
ações voltadas à navegação aérea são: estão ancoradas em objetivos estratégi-
cos3, dos quais destacam-se:
• Buscar o constante aperfeiçoamento da
infraestrutura aeronáutica civil a fim de • Capacidade e eficiência: aumentar a
melhorar as condições de segurança; e capacidade e melhorar a eficiência do
• Estabelecer indicadores internacional- sistema global de aviação civil, focado
mente consolidados que acompanhem principalmente em melhorar a infraes-
a evolução histórica da aviação e crie trutura aeronáutica civil e desenvolver
grau de comparabilidade com outros novos procedimentos para otimizar o

CAPÍTULO 4
países. desempenho do sistema de aviação.
• Segurança operacional: perseguir o
Trata-se, portanto, de um cenário desejá- aprimoramento global da segurança

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA


vel, no qual os responsáveis pelo setor, de operacional da aviação civil.
forma conjunta, deverão envidar esforços • Desenvolvimento econômico do
para alcançá-lo. Assim sendo, os investi- Transporte Aéreo: promover o desen-
mentos do MTPA deverá se dar em aero- volvimento de um sistema de aviação
portos civis públicos abertos ao tráfego e civil economicamente viável.
certificados, em via de certificação reque- • Proteção do Meio Ambiente: minimizar
rida, ou cujo investimento auxilie o aero- os efeitos adversos ao meio ambiente
porto a se certificar. causados pelas atividades da aviação
civil.
Para um transporte aéreo seguro, dis-
ponível, sustentável e com capacidade Percebe-se que todos os objetivos estra-
para atender à demanda da sociedade, tégicos recomendados internacionalmente
tem-se como foco o aprimoramento da também são objetivos considerados no
infraestrutura aeronáutica civil, com os
objetivos de: 3 https://www.icao.int/about-icao/Council/Pages/
Strategic-Objectives.aspx

113
PAN. Portanto, o plano de desenvolvimen- que aqueles com maior maturidade opera-
to da infraestrutura aeronáutica nacional cional expõem uma maior quantidade de
deve estar alinhado a essas diretrizes. Em passageiros e tripulantes a riscos e, por-
adição, dentre os principais princípios para tanto, devem ser tratados com maior se-
políticas de navegação aérea emanados veridade. Por isso, adotou-se como base
pela Organização Inter- para dimensionamento
nacional de Aviação Civil da infraestrutura aero-
(ICAO) no Global Air Navi- “ Tão importante quanto o
náutica civil requerida a
diagnóstico da infraestrutura
gation Plan 2016, encon- classificação por porte
aeronáutica brasileira atual, é
tra-se a segurança opera- de aeroportos, conforme
planejar e investir em bases
cional (Aviation safety is exposto no Capítulo 3 e
coerentes e objetivas, que
the highest priority ).
4
com resultados no Anexo
permitam a não discriminação
XI, que consolidam um
dos aeroportos nacionais
Nesse contexto, tão im- “Ranking Aeronáutico”
para fins de provisão de
portante quanto o diag- para o PAN. De forma
nóstico da infraestrutura
segurança operacional. ” complementar ao porte
aeronáutica brasileira do aeroporto, previu-se
atual, é planejar e investir em bases co- critérios por meio dos quais determinados
erentes e objetivas, que permitam a não indicadores alertarão grau de exposição a
discriminação dos aeroportos nacionais risco excepcional, tornando desejáveis ní-
para fins de provisão de segurança opera- veis de segurança mais severos em alguns
cional. Traduz-se tal objetivo na aplicação casos, dentre eles:
racional dos recursos públicos para a mo-
dernização da infraestrutura aeronáutica • Meteorologia adversa – Indicadores
civil, provendo os aeroportos, numa escala de condições meteorológicas adversas
gradativa de severidade e de exposição que afete ao menos 1% das operações
ao risco, de equipamentos que permitam regulares de pouso ou decolagem, se-
a aplicação de procedimentos cada vez gundo as fontes regulamentares ofi-
mais precisos, bem como de informações ciais de informação, no período de um
aeronáuticas adequadas. ano civil. Pretende-se, para o cálculo
deste indicador a partir de 2019, incluir
Entende-se, dessa forma, que a escala de as informações de condições meteo-
infraestrutura aeronáutica civil disponível rológicas adversas, segundo METAR5,
em um aeroporto deve acompanhar o seu que afetem ao menos 0,5% do perí-
grau de maturidade operacional, uma vez odo operacional do aeroporto, adi-

4 ICAO. Global Air Navigation Plan (2016-2030). 5 Meteorological Aerodrome Report: informe me-
DOC. 9750-AN/963 Fifth Edition – 2016. teorológico regular de aeródromo.
114
QUADRO 6: OPERAÇÃO DESEJADA CONFORME A CLASSIFICAÇÃO

Classificação Operação Desejada

1 Grande HUB IFR Precisão


2 Meteorologia Adversa Médio Hub IFR Precisão
3 Médio HUB IFR Não-precisão
4 Meteorologia Adversa Pequeno HUB IFR Não-precisão
5 Alto índice de incidente IFR Não-precisão
6 Pequeno HUB IFR Não-precisão
7 Meteorologia Adversa IFR Não-precisão
8 Isolamento VFR noturno com Informação Meteorológica
9 Movimentos regulares consolidados VFR noturno com Informação Meteorológica
10 Locais VFR
11 Latente VFR
*TRATA-SE DE CENÁRIO DESEJÁVEL, A DEPENDER DE CADA PROJETO DA POSSIBILIDADE OU VIABILIDADE DE PROJETO,
DESAPROPRIAÇÃO, OBRAS DE ADAPTAÇÕES COM A POSSIBILIDADE DE CERTIFICAÇÃO AEROPORTUÁRIA.

cionalmente ao critério estabelecido, • Aeroportos locais consolidando mo-

CAPÍTULO 4
segundo fonte oficial do provedor de vimentos regulares – Aeroportos não
informação meteorológica, no mesmo classificados como grande, médio ou
período relativo. pequeno hub, mas que estejam em fase

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA


• Isolamento – Aeroportos cuja possibili- de consolidação de demanda por voos
dade de abastecimento ou com distân- regulares, traduzido por pelo menos 3
cia ao seu alternado igual ou superior a frequências (pares de voos) regulares
150 quilômetros (GCD), considerando semanais em três anos consecutivos.
aeroportos com mais de 1.000 movi-
mentos anuais, registrados pelo DECEA. Finalmente, os critérios ordinários e ex-
• Índice de incidente – Apresentar índi- cepcionais estão atrelados a determinados
ce de incidente, cujo motivo principal ou grupos de aeroportos que devem apresen-
contribuinte esteja vinculado à informa- tar estruturas de auxílio à navegação aérea
ção aeronáutica6, igual ou superior a 5 desejáveis segundo o “Ranking Aeronáu-
ocorrências nos últimos 10 anos ou 3 tico”, formando uma malha de referência
ocorrências nos últimos 5 anos. aeronáutica conforme o Quadro acima.

6 De acordo com dados oficiais do Centro de In-


vestigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuti-
cos, CENIPA.
115
Para fins de dimensionar os investimen- car por conta dos operadores aeroportuá-
tos necessários em infraestrutura aero- rios e do provedor do serviço ATS.
náutica civil, levou-se em consideração
o status atual de serviços prestados por A partir das necessidades traçadas esti-
cada aeroporto e o serviço a ser presta- mou-se a necessidade de R$ 230,21 mi-
do no futuro, dado a previsão de demanda lhões em investimentos de infraestrutura
do PAN. Assim sendo, o aeronáutica civil neces-
orçamento vai desde a sários para a operação
instalação completa de “ O orçamento vai desde futura nos aeroportos
equipamentos para ae- a instalação completa considerados nos cená-
roportos não existentes de equipamentos para rios de desenvolvimen-
até expansão de infraes- aeroportos não existentes até to da aviação civil. Além
trutura e equipamentos expansão de infraestrutura disso, cerca de R$ 1,27
para os devidos auxílios e equipamentos para bilhões seriam necessá-
e informações, nos ca- os devidos auxílios e rios para reposição de
sos de aeroportos que informações. ” equipamentos nos de-
atualmente encontram- mais aeroportos da rede,
-se em determinado nível de prestação de totalizando R$ 1,50 bilhões de investi-
informações e sofrerá uma mudança, por mentos em infraestrutura aeronáutica
exemplo, de VFR para IFR não-precisão. civil em 530 aeroportos brasileiros para
Em alguns casos, foi considerada a cons- os próximos 20 anos.
trução física de AFIS ou Torre, e os auxílios
luminosos para operação noturna. Resta salientar que as classificações e in-
dicações do PAN são dinâmicas, visto a
Outra premissa considerada para a esti- dinamicidade também da operação dos
mativa de investimentos, dado o horizonte aeródromos brasileiros. Logo, é previs-
de 20 anos do PAN, foi a possibilidade de ta a revisão constante das diretrizes nas
substituição de equipamentos que vierem próximas versões do PAN, assim como a
a se tornar descontinuados, obsoletos ou incorporação de novos aeródromos que,
inservíveis. Para tais casos, não se consi- porventura, venham a compor a rede ope-
dera construções civis, mas somente equi- rante de voos comerciais ou aviação geral.
pamentos. Os custos consideram valores
de mercado dos equipamentos, além da Importante ressaltar que, em que pese a
premissa de viabilidade dos projetos, que previsão de investimentos para desenvol-
o investimento será apenas de capital, não vimento da infraestrutura aeronáutica civil
se considerando operação, que deverá fi- por parte do poder público, não há restri-

116
ções aos operadores aeroportuários, aos alcançando cada vez mais localidades e
provedores de serviços de navegação incorporando as modernas tecnologias
aérea (ANSP) ou aos operadores aéreos que propiciem maior segurança à comuni-
que desejam investir em equipamentos dade aeronáutica.
e tecnologias que os permitam oferecer
aos aeronavegantes níveis se segurança Revela-se igualmente importante o imple-
operacional além daqueles recomenda- mento de indicadores internacionalmente
dos ao respectivo ranking aeronáutico do consolidados e comparáveis para que se
aeroporto. acompanhe grau de evolução da navega-
ção aérea no Brasil, em especial, indica-
Portanto, objetiva-se criar um mecanismo dores7 sugeridos pela Organização Inter-
natural de crescimento e sustentabilidade nacional de Aviação Civil (ICAO) no Global
da infraestrutura aeronáutica no Brasil, de Air Navigation Plan 2016 para critérios
forma que quanto maior for a probabilida- como safety, emissões de gases nocivos
de do aeroporto de exposição ao risco do ao meio ambiente, custo-benefício e capa-
ponto de vista de movimentação de aero- cidade.
naves e passageiros, mais severas as re-
comendações de equipamentos e tecno- Finalmente, para o implemento da políti-
logias para prover informações precisas e ca proposta, é indispensável a discussão

CAPÍTULO 4
apoiar as operações aéreas. com a comunidade aeronáutica quanto
aos ganhos previstos e discussões entre
Sugere-se, também, a revisão periódica o DECEA e operadores aeroportuários en-

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA


dos critérios de forma que os indicadores volvidos sobre a sustentabilidade opera-
acompanhem a evolução natural da avia- cional dos projetos.
ção civil brasileira. Deseja-se que o pla-
nejamento aeronáutico nacional sempre
atinja a universalização da infraestrutura,

7 ICAO. Global Air Navigation Plan (2016-2030). DOC. 9750-AN/963 Fifth Edition – 2016. p.25.
https://www.icao.int/airnavigation/Documents/GANP-Potential_Performance_Indicators.pdf

117
O Fundo Nacional de Aviação
Civil - FNAC, fundo de
natureza contábil e financeira,
foi constituído em 2011 com
o objetivo de concentrar
recursos destinados ao
desenvolvimento e ao fomento
do setor de aviação civil e das
infraestruturas aeroportuária e
da aeronáutica civil.

FOTO: KIWIHUG
CAPÍTULO 5

FINANCIAMENTO PÚBLICO NO SETOR

fundo nacional da aviação civil

FINANCIAMENTO PÚBLICO NO SETOR: FUNDO NACIONAL DA AVIAÇÃO CIVIL


Devido à natureza e o objetivo do FNAC, é • Parcela da Tarifa de Embarque Interna-
importante analisar a atual situação e pro- cional (TEI) – previsto no art. 1º da Lei nº
jeções do Fundo como principal fonte de 9.825, de 23 de agosto de 1999;
financiamento público do desenvolvimen- • Outorgas de infraestrutura aeroportuá-
to da infraestrutura considerada no PAN. ria;
• Rendimentos de suas aplicações finan-
Constituem recursos do FNAC (art. 63 da ceiras; e
Lei nº 12.462/2011): • Outros que lhe forem atribuídos.

• Adicional das Tarifas Aeroportuária O FNAC vem aumentando seus recursos


(Ataero) - previsto no art. 1º da Lei nº desde sua criação, entre 2012 e 2017,
7.920, de 12 de dezembro de 1989, o como pode ser observado na Figura 34 a
qual foi extinto desde 1º de janeiro de seguir.
2017;

CAPÍTULO 5
FIGURA 34: RECEITA ARRECADADA NO FNAC DE 2012 A 2017
EM BILHÕES DE REAIS

9,70 Bi
10

6
3,95 Bi
4 2,70 Bi
2,59 Bi

2 1,21 Bi
2,79 Bi

2012 2013 2014 2015 2016 2017


FONTE: TESOURO GERENCIAL

119
FIGURA 35: RECEITA ARRECADADA NO leão/RJ, Confins/MG, Fortaleza, Salvador,
FNAC POR TIPO DE FONTE Porto Alegre e Florianópolis). Observa-se
que o pagamento das contribuições ao
10% sistema, por meio de outorga fixa e vari-
APLICAÇÕES
FINANCEIRAS ável, por parte dos concessionários repre-
11% sentou aproximadamente 60% (Figura 35)
PARCELA TEI
dos recursos arrecadados pelo Fundo en-
tre os anos de 2012 a 2017.

19% O significativo incremento no valor arreca-


60%
OUTORGA
ATAERO
dado em 2017 justifica-se pela reprogra-
(FIXA E VARIÁVEL)
mação no cronograma de pagamento das
outorgas fixas dos aeroportos de Brasí-
lia, Guarulhos, Galeão e São Gonçalo do
Amarante.

No intuito de ampliar e fortalecer a intera- Ressalta-se que o Ataero foi extinto em ja-
ção entre o Estado e a iniciativa privada neiro de 2017 e que, a fim de manter equilí-
para a viabilização de uma infraestrutura brio econômico e financeiro dos contratos
moderna, ágil e competitiva, foram conce- das concessões realizadas até 2016, esse
didos dez grandes aeroportos entre 2011 e adicional foi substituído por uma contri-
2017 (São Gonçalo do Amarante/RN, Bra- buição mensal, recolhida na forma de ou-
sília/DF, Guarulhos/SP, Viracopos/SP, Ga- torga. Tanto os recursos provenientes do

FIGURA 36: EVOLUÇÃO DO SUPERÁVIT DO FNAC


EM BILHÕES DE REAIS

10
8,05 Bi
8

4
1,88 Bi 1,23 Bi
2 0,86 Bi
0,49 Bi 0,38 Bi

2012 2013 2014 2015 2016 2017


FONTE: TESOURO GERENCIAL E SIAFI

120
extinto Ataero como da Parcela da TEI são Desenvolvimento e Gestão - MP e pelo
derivados das tarifas cobradas pelos Ope- Ministério da Fazenda – MF, respectiva-
radores Aeroportuários. mente.

Apesar de, ao final de 2017, o FNAC A Figura 37 compara a evolução, entre os


possuir saldo superior a R$ 12,9 bilhões, anos de 2012 a 2017, das receitas arreca-

FINANCIAMENTO PÚBLICO NO SETOR: FUNDO NACIONAL DA AVIAÇÃO CIVIL


conforme exposto na Figura 36, a utiliza- dadas, os limites de empenho concedidos
ção desses valores fica sujeita aos limi- pelo Governo Federal e os investimentos
tes orçamentários e financeiros estabe- realizados no setor (despesas empenha-
lecidos pelo Ministério do Planejamento, das) com os recursos do FNAC.

FIGURA 37: EVOLUÇÃO DE RECEITAS E LIMITE DE EMPENHO DO FNAC


EM BILHÕES DE REAIS

10

CAPÍTULO 5
2012 2013 2014 2015 2016 2017

TOTAL EMPENHADO ARRECADAÇÃO LIMITE DE


INVESTIMENTO FNAC EMPENHO

FONTE: TESOURO GERENCIAL E SIAFI

Observa-se que os investimentos (despe- Observa-se que a maior parte das des-
sas empenhadas) foram em torno de 99% pesas empenhadas está relacionada ao
dos limites de empenho concedidos ao Aporte de Capital à Infraero visando a par-
FNAC. A Figura 38 apresenta a distribui- ticipação da empresa nas Sociedades de
ção dos investimentos (despesas empe- Propósito Específico (SPE) dos aeroportos
nhadas) realizados, no período de 2012 a concedidos de Brasília, Campinas, Gua-
2017, por destinação. rulhos, Galeão e Confins. Depois vem os

121
FIGURA 38: DESPESAS EMPRENHADAS NO Juazeiro do Norte e Campina Grande), do
FNAC POR DESTINAÇÃO Bloco 3 (Aeroportos de Alta Floresta, Cuia-
EM BILHÕES DE REAIS
bá, Rondonópolis e Sinop) e do Bloco 4
(Aeroportos de Vitória e Macaé). Adicional-
mente, foram utilizadas as taxas de cresci-
4,65 Bi mento do PIB, de passageiros, de cargas
INFRAERO
e de aeronaves do PAN, bem como as pro-
jeções contidas no site do Banco Central
do Brasil (BCB, 2018), para a Selic, para o
3,85 Bi IPCA e para a cotação do dólar. A memória
APORTE SPEs de cálculo da projeção do FNAC realizada
consta no Anexo XII desta publicação.
1,28 Bi
AEROPORTOS
0,24 Bi REGIONAIS Dessa forma, estima-se uma arrecadação
CAPACITAÇÃO /
PLANEJAMENTO / de recursos do FNAC no valor em torno de
GESTÃO
FONTE: TESOURO GERENCIA
R$ 143,6 bilhões e uma necessidade de
recursos para investimentos em infraes-
trutura no setor, segundo as metodologias
investimentos em infraestrutura, aquisição apresentadas neste PAN, no valor total de
de equipamentos e à modernização das R$ 18,5 bilhões (13% da arrecadação)
instalações dos aeroportos administrados para os próximos 20 anos. Para os valo-
pela Infraero. res de investimentos estão previstos R$
16 bilhões em infraestrutura aeroportuária,
Dentre as principais estratégias apontadas R$ 1,50 bilhão em infraestrutura aeronáu-
no PAN, destaca-se a necessidade de in- tica civil e R$ 896 milhões para correções
vestimentos em infraestrutura aeroportuá- e adequações de não conformidades re-
ria e aeronáutica civil para atender a de- lacionadas à segurança operacional nos
manda conforme os cenários simulados. aeroportos.
Para possibilitar a análise da necessidade
de investimentos em relação aos recursos Para a projeção da necessidade desses
do FNAC, foi estimado a arrecadação dos recursos do FNAC por ano, para o período
recursos do fundo para os próximos 20 de 20 anos, foi utilizado a seguinte meto-
anos. dologia: priorização dos investimentos por
grupos de aeroportos segundo a classifi-
A projeção dos recursos considerou os cação da rede, ou seja, Metropolitanos Pri-
atuais aeroportos concedidos e as con- mários, Metropolitanos de Capital Regio-
cessões a realizar do Bloco 2 (Aeroportos nal, Regionais A e, depois, Regionais B do
de Recife, Maceió, Aracajú, João Pessoa, Cenário de desenvolvimento 2 (Figura 39).
122
FIGURA 39: HISTÓRICO E PROJEÇÕES DE RECEITAS E DE DESEMBOLSOS NO FNAC
EM BILHÕES DE REAIS

12

10

FINANCIAMENTO PÚBLICO NO SETOR: FUNDO NACIONAL DA AVIAÇÃO CIVIL


6

2 1,36 Bi 1,13 Bi 1,27 Bi


0,53 Bi

2012 2016 2020 2024 2028 2032 2036

RECEITA RECEITA
HISTÓRICO DE APORTE INVESTIMENTOS SEM NOVAS LIMITE DE
INVESTIMENTOS SPEs PREVISTOS NO PAN COM CONCESSÕES EMPENHO
CONCESSÕES EM 2032

Portanto, observa-se que a estimativa de tes de despesas por órgão, estabelecida


arrecadação dos recursos do FNAC é bem pela Emenda Constitucional nº 95/2016.
superior a estimativa de necessidades de
recursos para o desenvolvimento da infra- Para os próximos 5 anos, segundo o Pla-
estrutura do setor de aviação civil para os no Aeroviário Nacional, os investimen-
próximos 20 anos. Entretanto, para viabi- tos necessários por tipo de investimento

CAPÍTULO 5
lizar os desembolsos estimados, deve-se com recursos do FNAC, está disposto no
atentar para a regra de definição dos limi- Quadro 7.

QUADRO 7: INVESTIMENTOS PREVISTOS PARA OS PRÓXIMOS 5 ANOS


EM BILHÕES

2019 2020 2021 2022 2023


Investimentos em infraestrutura
R$ 0,636 Bi R$ 1,057 Bi R$ 1,057 Bi R$ 1,057 Bi R$ 1,057 Bi
aeroportuária
Investimentos em infraestrutura
R$ 0,075 Bi R$ 0,075 Bi R$ 0,075 Bi R$ 0,075 Bi R$ 0,075 Bi
aeronáutica civil
Investimentos em resolução de não
conformidades e regularização de R$ 0,224 Bi R$ 0,224 Bi R$ 0,224 Bi R$ 0,224 Bi
certificação operacional
Total R$ 0,936 Bi R$ 1,356 Bi R$ 1,356 Bi R$ 1,356 Bi R$ 1,132 Bi

123
O modo de transporte aéreo
possui características que o
tornam a melhor opção de
transporte em longas distâncias
para determinados tipos de
carga, principalmente, as de
alto valor agregado, em vista da
rapidez, da confiabilidade e da
segurança contra atos ilícitos.

FOTO: GRU AIRPORT


CAPÍTULO 6

PERSPECTIVAS PARA A EVOLUÇÃO DO

transporte de carga aérea


O custo do transporte no Brasil é alto em planejamento para identificação dos rumos
comparação com outros países de dimen- do desenvolvimento do setor, subsidiando

PERSPECTIVAS PARA A EVOLUÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGA AÉREA


sões similares e, consequentemente, au- assim a tomada de decisão e ações por
menta o custo de produção e de exporta- parte do poder público e privado.
ção dos bens do país. Um estudo do BID
em 2010 (Mesquita et al, 2010) aponta que Segundo Alves (2007), a carga aérea pode
o frete representava, em média, cerca de ser agrupada em três conjuntos: i) ma-
5,5% do preço do produto, podendo em las postais, sendo os materiais rotulados
alguns casos chegar a 10%. Nos Estados como correspondências que são levados
Unidos, por exemplo, esse custo varia em e distribuídos vias estações postais e en-
torno de uma média de 3,7%. O valor bra- tregadores, excluindo-se encomendas e
sileiro é tão representativo, que o mesmo cargas; ii) encomendas expressas (cou-
estudo do BID conclui que uma redução rier), sendo principalmente remessas que
de 10% nos custos de transporte poderia demandam entregas velozes, serviços
impulsionar um aumento de até 39% nas expressos que atendam materiais como
exportações. documentos, amostras e pequenas en-
comendas; e iii) carga propriamente dita

CAPÍTULO 6
O alto custo faz com que os preços dos (bens), encaixando-se nessa classificação
produtos brasileiros sejam menos compe- materiais que, em sua maioria, têm volu-
titivos no mercado exterior. Da mesma for- mes e dimensões superiores aos outros
ma, contribui para o afastamento de inves- supracitados.
timentos estrangeiros que preferem optar
por outros países para descentralizar sua Observa-se a relevância na utilização do
produção. transporte aéreo em itens como produtos
eletrônicos e artigos de moda, ou seja, pro-
Adequar o tipo de carga com o modo de dutos sensíveis a desvalorizações tecnoló-
transporte é fator singular para o sucesso gicas e de tendências. Do mesmo modo,
de toda a infraestrutura de transporte. Por a reestruturação das cadeias logísticas,
isso, é importante a etapa de estudos e visando atender o rápido crescimento da

125
indústria de e-commerce, oferece novas de 4,9% em relação ao volume movimen-
áreas e oportunidades para a atuação e tado em 2015 (ANAC, 2017), em um mon-
expansão do mercado de carga aérea, tante que havia decrescido 8,9% de 2014
como apontam análises da Boeing (2016). para 2015.

Apesar do potencial para desenvolvimento Esse resultado está associado à dinâmica


do transporte de carga aérea, o país apre- do mercado de transporte aéreo de car-
senta alguns entraves a serem superados, gas, o qual é influenciado, em termos ma-
a começar pela má distribuição geográfi- croeconômicos, principalmente pelo cres-
ca, visto que o transporte de cargas está cimento do Produto Interno Bruto (PIB).
altamente concentrado em poucas regi- No entanto, ao contrário do mercado de
ões. No Brasil, 67% das cargas aéreas são transporte aéreo de passageiros, é pouco
processadas nos aeroportos de Guaru- sensível aos estímulos de marketing e pou-
lhos, Viracopos, Manaus e Galeão. co sujeito, em curto prazo, a variações de
tarifas (por exemplo, reduções de fretes).
Em 2016, o mercado de transporte aéreo
de cargas no Brasil registrou movimenta- Segundo as projeções de demanda atua-
ção de 988 mil toneladas, dos quais 41% lizadas, utilizando a metodologia exposta
foram cargas domésticas e 59% cargas na publicação “Projeções de demanda
internacionais. Isso representa uma queda para os aeroportos brasileiros 2017-2037”

FIGURA 40: HISTÓRICO E PROJEÇÕES DE CRESCIMENTO DA MOVIMENTAÇÃO DE CARGA


AÉREA NO BRASIL
2.200

2.000

1.600

1.200

800

400

2004 2018 2028 2038


HISTÓRICO HISTÓRICO PROJEÇÃO PROJEÇÃO
INTERNACIONAL DOMÉSTICO INTERNACIONAL DOMÉSTICA

126
(MTPA, 2017), o transporte de carga aérea complexidade tecnológica). Entende-se
doméstica crescerá em média 3,2% a.a, e que a demanda por esse tipo de produto
a carga aérea internacional em média de possui um menor dinamismo frente aos
2,1% , no período de 2018 a 2038 , con- produtos de maior conteúdo tecnológico
forme Figura 40. (predominantes nas importações), o que
acarreta menor volume demandado por
Segundo a referida publicação, em 2016, o transporte aéreo.
Brasil transacionou cerca de 583 mil tone-
ladas de cargas aéreas com outros países. Em vista da relevância econômica do
Desse total, 321 mil toneladas foram im- transporte de carga aérea (doméstica e
portadas e 262 mil foram enviadas a outras internacional) no país, projetos voltados

PERSPECTIVAS PARA A EVOLUÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGA AÉREA


nações pelo modo aéreo. Além disso, um para melhorias da eficiência e da seguran-
total de 406 mil toneladas circularam no ça no processamento da carga aérea es-
transporte de carga aérea doméstico. Para tão sendo implementados pelos órgãos e
o ano de 2038, projeta-se 983 mil tonela- entidades do setor, por meio dos Comitês
das de carga aérea para o comércio exte- Técnicos da CONAERO.
rior e 787 mil toneladas de carga aérea do-
méstica. A estimativa é que a carga aérea Além disso, está previsto para a próxima
internacional cresça 45% nos próximos 20 versão do PAN, a realização de estudos
anos, enquanto a carga aérea doméstica mais detalhados para a identificação das
se desenvolva mais, acumulando 82% de necessidades, das demandas e das ten-
crescimento ao final da série projetada. dências de desenvolvimento de setores
produtivos e transportadores específicos,
No entanto, a exportação tende a continu- como a carga de e-commerce, que cres-
ar representando a menor parte da carga ce em grande patamares no mundo todo.
aérea transportada. A explicação para o Esses estudos são objeto da cooperação

CAPÍTULO 6
volume reduzido de carga aérea enviada do MTPA com a Universidade federal de
a outros países encontra-se nas caracte- Santa Catarina – UFSC, para que o PAN
rísticas dos produtos enviados, ou seja, a possa traçar cenários de desenvolvimento
pauta exportadora brasileira, por via aérea, e investimentos em infraestrutura para o
tem em mais da metade de sua composi- transporte de carga aérea.
ção de produtos perecíveis e outros pro-
dutos industrializados (itens como tecidos,
calçados, peças e equipamentos de baixa

127
Com o avanço do
desenvolvimento de drones
(veículos aéreos não tripulados),
o mercado de empresas
voltadas à fabricação de
soluções de transporte aéreo
vem-se desenvolvendo
significativamente pelo mundo.

FOTO: KALEB KENDALL


CAPÍTULO 7

A AVIAÇÃO DO

futuro
Há um nítido crescimento de pesquisas e os entre aglomerações urbanas próximas.
protótipos de aeronaves de pequeno porte Porém, há estudos que projetam seus usos
com capacidade de transporte de pesso- como alternativas de transporte em médias
as em curtas e médias distâncias, predo- distâncias (Sun at al. 2018) e, consequen-
minantemente com propulsões elétricas temente, o desenvolvimento tecnológico
e aeronaves de pequeno porte que não tende a aperfeiçoar o alcance das aerona-
demandam grandes infraestruturas para ves, caso dos modelos híbridos - elétrico e
pousos e decolagens (Vertical Take Off and combustão (Friedrich e Robertson, 2015).
Landing – VTOL). Dessa forma, abrem-se Além disso, estão sendo desenvolvidos
novas possibilidades de uso desses equi- modelos de aeronaves cargueiras que uti-
pamentos como alternativas de mobilidade lizam gás para elevação e deslocamento
urbana e regionais. que pretendem diminuir drasticamente o
valor do frete aéreo, transportando tone-
Esses equipamentos contam com as mais ladas de carga para qualquer região do
variadas formas, características opera- mundo.

A AVIAÇÃO DO FUTURO
cionais e capacidades para transporte de
pessoas. Embora ainda não estejam dis- É de extrema importância que haja o acom-
ponibilizados em escala industrial, estudos panhamento do poder público nas tendên-
e projeções atuais apontam que veremos cias tecnológicas para a consideração no
um crescimento de seus usos nos próxi- planejamento de médio e longo prazo, es-
mos anos, devido à mobilidade trazida por pecialmente daqueles responsáveis pelas

CAPÍTULO 7
essas soluções e o baixo custo operacio- políticas públicas e pela regulação técni-
nal (Kim e Song, 2018; e Choi e Hampton, ca do setor. Ao se vislumbrar essas novas
2018). formas de transporte aéreo no futuro e a
ampliação do uso pela sociedade, será ne-
Vislumbra-se que o crescimento dessas cessária uma realidade diferente de inves-
tecnologias impactarão, em curto prazo, timentos em infraestrutura. Isso porque, se
o transporte de curta distância, como os mantidas as tendências de crescimento de
voltados à mobilidade nas metrópoles e soluções de pouso e decolagem verticais,

129
FIGURA 41: AERONAVES E PROTÓTIPOS VOLTADOS À MOBILIDADE URBANA

IMAGENS DE DIVULGAÇÃO (AIRBUS, UBER/EMBRAER, OPENER)


o uso do espaço voltado ao lado ar dos senvolvimento do marco regulatório ine-
aeroportos tende a necessitar de revisão e, rente a qualquer tipo de atividade de trans-
da mesma forma, criam-se oportunidades porte e mobilidade, principalmente no que
para novos pontos de acesso com baixos diz respeito às seguintes questões:
custos de implantação e impacto ambien-
tal. Essas alternativas podem representar • Definição clara das responsabilidades e
soluções para regiões onde a implantação das competências de cada agente pú-
de aeroportos “tradicionais” se mostram blico e dos operadores de aeronaves,
inviáveis por questões de custos ou de im- sobretudo nas áreas urbanas;
pactos ambientais. • Requisitos para garantir a segurança da
operação – altura de voo, velocidade de
Contudo, apesar da tendência de desen- voo, condições meteorológicas aceitá-
volvimento e de experiências urbanas em veis para voo, locais de decolagem e
diferentes locais do mundo, uma lacuna pouso pré-definidos e suas característi-
permanece aberta para a viabilidade e im- cas físicas, rotas, monitoramento e con-
plementação desse tipo de mobilidade, trole das aeronaves durante operação
principalmente no Brasil. Trata-se do de- (inclusive as não tripuladas – voltadas

130
ao transporte de bens), cadastro dos cance e uso no transporte interurbano em
fornecedores de aeronaves e seus ope- momento futuro. Por isso, uma das áreas
radores, etc.; que deve se desenvolver tecnológica e ra-
• Modelo de precificação da tarifa des- pidamente no sentido de acompanhar a
sa alternativa de mo- crescente demanda de
bilidade urbana, que
competiria com so-
“ Cada país, observando aeronaves deste tipo é o
controle do espaço aé-
seu arranjo institucional,
luções de transporte a morfologia de suas reo. Com a quantidade
como taxi ou serviços cidades e seus aspectos de projetos de aerona-
de transporte parti- socioeconômicos e culturais ves VTOL, imagina-se,
cular por aplicativos: deverá passar por esse tipo a título de exemplo, que
sem regulação, price
cap, revenue cap, mo-
de debate.” a número de aeronaves
controladas sobrevoando
delos de receita combinada (single till todo o território dos Estados Unidos pode-
considerando o uso das aeronaves para rá estar localizada apenas no espaço aé-
transportes de bens além de mobilidade reo de uma só cidade, no futuro.
de pessoas, bem como outras ativida-
des comerciais possíveis), tarifa mínima, Para tanto, o Ministério dos Transportes,
bandas tarifárias, tarifa fixa, etc.; e Portos e Aviação Civil (MTPA) tem iniciado
• Securitização do modelo de negócio, discussões e debates no sentido de acom-
dentre outros aspectos. panhar as tecnologias e soluções adotadas
no mundo para fomentar a discussão no
Para viabilizar e implementar essa alterna- âmbito nacional, de modo a desenvolver
tiva como soluções de mobilidade urbana as políticas públicas e a auxiliar o estabe-

A AVIAÇÃO DO FUTURO
nas grandes cidades, várias experiências lecimento do marco regulatório com ante-
no mundo estão se iniciando e, consequen- cedência, evitando impactos negativos na
temente, as questões acima vêm à tona. segurança e no desenvolvimento da avia-
ção civil brasileira. Nesse sentido, foi rea-
Cada país, observando seu arranjo insti- lizado pelo MTPA em 13 de novembro de
tucional, a morfologia de suas cidades e 2018 um primeiro Seminário sobre o “Fu-

CAPÍTULO 7
seus aspectos socioeconômicos e cultu- turo da Aviação”, no qual foram debatidas
rais deverá passar por esse tipo de debate as tendências de avanços tecnológicos e,
e construção para implementação da mo- com isso, auxiliar o processo de absorção
bilidade urbana por aeronaves de peque- dessa realidade à gestão e operação dos
no porte em suas cidades, em um primeiro transportes aéreos.
momento, com possível expansão do al-

131
O Plano Aeroviário Nacional -
PAN é um importante marco
para o setor de transporte aéreo
brasileiro. Além de cumprir
a previsão legal, atende às
recomendações da Organização
de Aviação Civil Internacional
(OACI) quanto à necessidade
de os países estruturarem suas
ações voltadas à aviação civil
em planos estratégicos.

FOTO: BRENT COX


CAPÍTULO 8

considerações finais
Se inicia com esta publicação um ciclo ferramentas e modelos foram desenvolvi-
propício à evolução das técnicas e dos dos pelo MTPA para possibilitar análises
modelos de planejamento aplicados, com da rede aeroportuária e desenvolver cená-
o intuito de promover cada vez mais evo- rios possíveis de desenvolvimento para o
lução à aviação civil brasileira. setor. Dentre elas, destaca-se a projeção
de demanda para os próximos 20 anos,
As premissas e os objetivos estratégicos a identificação de rotas potenciais para o
adotados no PAN tiveram como base a transporte aéreo a partir da análise de uma
Política Nacional de Aviação Civil (PNAC), matriz de intermodal de transportes inte-
a Política Nacional de Transportes (PNT) e rurbanos, a modelagem de custos e recei-
demais documentos que tratam de plane- tas aeroportuárias e a estimativa de inves-
jamento de transporte. Os objetivos estra- timentos necessários para a infraestrutura
tégicos são: aeroportuária, aeronáutica civil e seguran-
• segurança; ça operacional nos aeroportos brasileiros.
• garantia aos direitos dos usuários;
• qualidade e facilitação; O PAN apresenta uma nova classificação
• conservação do meio ambiente; para rede de aeroportos do Brasil, sendo
• desenvolvimento técnico e institucional; essa classificação matricial, por função
• acessibilidade; na rede e por porte de operação, ou seja,

A AVIAÇÃO DO FUTURO
• conectividade; cada aeroporto é classificado de duas ma-
• eficiência; e neiras distintas.
• desenvolvimento do setor de transporte
aéreo. A classificação por função tem como
objetivo identificar a função de cada ae-
Para a elaboração do PAN foi feito um ex- roporto na rede em razão da sua contri-
CAPÍTULO 7

tenso levantamento de dados e informa- buição para com os objetivos estratégi-


ções sobre a infraestrutura aeroportuária e cos do setor A classificação por porte,
aeronáutica civil do país, e uma série de depende do processamento de aerona-

133
ves e passageiros, por sua vez, tem como mento e desenvolvimento da aviação civil
objetivo dimensionar a necessidade da no Brasil.
infraestrutura aeronáutica civil, principal-
mente, de equipamentos de auxílio a na- Foi realizada uma análise focada na Área
vegação aérea. terminal de São Paulo (TMA-SP), principal
mercado do setor, com 36% da deman-
Com base nessa classificação da rede da de passageiros (embarque e desem-
de aeroportos e na análise de cenários barque) do país. Observou-se que, num
foi possível identificar o cenário de médio prazo,
avanço da demanda e a
necessidade de aumen-
“Na próxima edição do haverá a necessidade de
maiores capacidades de
PAN serão agregadas
to de capacidade do se- melhorias para aumentar processamento de aero-
tor. Dessa forma, o PAN a precisão das análises naves e passageiros na
estima uma necessidade e, consequentemente, a região. Estima-se no PAN
de investimentos da or- qualidade dos resultados.
dem de R$ 25,5 bilhões
” a necessidade de inves-
timentos adicionais, nos
para os próximos 20 anos. Destes, R$ aeroportos da TMA-SP, de cerca de R$ 5,1
22,9 bilhões destinam-se para a infraes- bilhões em pistas de pousos e decolagens
trutura aeroportuária, R$ 1,8 bilhão para e TPS para absorver uma demanda proje-
infraestrutura aeronáutica, e 896 milhões tada para 2038, que se aproxima do valor
para segurança operacional. total do Brasil observado nos dias de hoje
(180 milhões de passageiros).
Analisando as fontes dos recursos para
os investimentos, observa-se que R$ 6,76 Destaca-se também o conjunto de ações,
bilhões estão previstos nos contratos de programas, políticas e regulações elenca-
concessão aeroportuária, enquanto os de- dos como estratégicos para o alcance dos
mais R$ 18,7 seriam oriundos do Fundo objetivos do transporte aéreo. Sabe-se
Nacional de Aviação Civil, que possui uma que somente o investimento em infraestru-
projeção de arrecadação de recursos na tura não garante a operação e a qualida-
ordem de R$ 143,6 bilhões, para os próxi- de dos serviços ofertados, evidenciando a
mos 20 anos. necessidade do poder público e da iniciati-
va privada de se engajarem no alcance de
Portanto, o setor de aviação civil é um todos os objetivos estratégicos.
setor autossustentável, com capacidade
financeira de manter, investir e operar a Na próxima edição do PAN, em desen-
infraestrutura necessária para o cresci- volvimento pelo MTPA, serão agregadas

134
melhorias para aumentar a precisão das
análises e, consequentemente, a qualida-
de dos resultados. Uma delas é o uso de
uma nova matriz Origem/Destino de des-
locamentos interurbanos obtida por meio
de big data da telefonia móvel. As infor-
mações permitirão traçar um cenário bem
fiel dos desejos de viagem interurbanos da
população brasileira e, com isso, subsidiar
melhor o planejamento dessas viagens.

Além disso, estão previstas melhorias nos


estudos voltados ao transporte de carga
aérea, como a identificação de demandas
não atendidas e de tendências de evolu-
ção do e-commerce no plano, além das
necessidades de investimentos em infra-
estrutura para esse segmento.

Por fim, destaca-se que os resultados es-


perados nos objetivos estratégicos do se-
tor de transporte aéreo serão monitorados
por meio de indicadores, com o intuito de
gerar uma série histórica para análise críti-
ca das estratégias adotadas, em um ciclo
de planejamento e acompanhamento que
conduza a melhorias permanentes.

135

FOTO: IMRAN
lista de anexos
Anexos Descrição

Anexo I Projeções de demanda - Cenário 0


Anexo II Unidades Territoriais de Planejamento
Anexo III Matriz de deslocamentos interurbanos intermodal
Anexo IV Estatísticas dos modelos de estimativa de rentabilidade de aeroportos
Anexo V Custos médios de investimento considerados no PAN
Anexo VI Modelo econométrico para estimativa de investimentos em grandes estruturas aeroportuárias
Anexo VII Relação de aeródromos considerados no PAN
Anexo VIII Indicadores para classificação da rede de aeroportos
Anexo IX Rede de referência para desenvolvimento da aviação civil
Anexo X Cenário de Desenvolvimento 2
Anexo XI Classificação de aeródromos por porte - Ranking Aeronáutico
Anexo XII Memória de Cálculo da projeção de receitas do FNAC

Arquivos disponíveis em www.transportes.gov.br

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