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2018-2038
Ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil Coordenador Geral de Planejamento da Navegação Civil
Valter Casimiro Silveira Antônio Marcos Ferreira de Oliveira
Esta publicação faz parte de um conjunto de relatórios que divulgam os resultados de trabalhos realizados no âmbito do de-
senvolvimento e aperfeiçoamento do Planejamento Aeroviário Nacional, consolidando a atividade de planejamento do setor
aéreo e da infraestrutura aeroportuária como ação contínua do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil.
É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que com o objetivo de fomentar discussões técnicas
e divulgação no setor da aviação civil.
PLANO AEROVIÁRIO NACIONAL
OBJETIVOS, NECESSIDADES E INVESTIMENTOS
2018-2038
5
FOTO: HANSON LU
sumário PLANO AEROVIÁRIO NACIONAL 2018-2038
8 planejamento do setor
CAPÍTULO 1
UMA NOVA PROPOSTA PARA O
16 premissas e objetivos
CAPÍTULO 2
A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PAN
64 rede aeroportuária
CAPÍTULO 3
ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA
88 infraestrutura
CAPÍTULO 4
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA
128 futuro
A AVIAÇÃO DO
CAPÍTULO 7
132considerações finais
CAPÍTULO 8
7
Diante de uma demanda por
transporte aéreo que dobrou
nos últimos dez anos é essencial
que o poder público e os demais
atores do sistema de transporte
aéreo planejem suas ações
conciliadas com as projeções
de crescimento do setor e
desenvolvimento econômico e
social do País.
CAPÍTULO 1
planejamento do setor
CAPÍTULO 1
UMA NOVA PROPOSTA PARA O PLANEJAMENTO DO SETOR
O planejamento é um processo essencial Diante de uma demanda por transporte
para qualquer atividade, seja na iniciati- aéreo que dobrou nos últimos dez anos,
va privada, seja na gestão pública. Saber conforme observado na Figura 1, é es-
aonde se quer chegar e definir claramente sencial que o poder público e os demais
os objetivos e as linhas de condução das atores do sistema de transporte aéreo
ações são deveres da administração públi- planejem suas ações conciliadas com
ca. São esses conceitos que contribuem as projeções de crescimento do setor e
para eficiência na alocação dos recursos desenvolvimento econômico e social do
públicos e constroem soluções de serviços País. Com o planejamento, são antecipa-
públicos sustentáveis para a sociedade. dos problemas para que sejam elabora-
das as soluções antes que eles ocorram,
No planejamento de sistemas de trans- por exemplo, a identificação de necessi-
porte, sobressai a necessidade de um dades de expansão e melhorias nos ae-
olhar integrado entre os modos, buscan- roportos brasileiros.
do a eficiência da rede como um todo e
a disponibilização de uma infraestrutura O crescimento da demanda traz muitos
de transporte adequada às necessidades desafios para o setor que vão além do
das populações das cidades brasileiras. investimento em infraestrutura aeroportu-
Adotando essa ideia, o Plano Aeroviário ária. Afinal, fatores como a segurança e
Nacional - PAN busca integrar os planos a qualidade dos serviços são relevantes
de transporte nacionais desde seu nível para o transporte aéreo.
estratégico, onde se definem os objetivos
e as contribuições do transporte para a O Plano Aeroviário Nacional aqui apresen-
nação, até o nível operacional, onde são tado consolida as ações de planejamento
projetadas e analisadas as operações e para o setor de transporte aéreo. No en-
movimentação nas infraestruturas aero- tanto, destaca-se que a importância maior
portuárias. não é o documento e, sim, a continuidade
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FIGURA 1: EVOLUÇÃO DA MOVIMENTAÇÃO DE PASSAGEIROS NO BRASIL
EMBARQUES E DESEMBARQUES EM MILHÕES
250M 217,1
203,9 206,1
185,1
129,7
150M
50M
CAPÍTULO 1
representantes de órgãos e entidades pú-
Em 04 de agosto de 2011, foi criada a Se- blicas e privadas, delibera e discute sobre
cretaria de Aviação Civil da Presidência da problemas do próprio aeroporto, além de
República – SAC/PR, por meio da Lei nº propor questões de âmbito nacional para
CAPÍTULO 1
A fase de estudos e anteprojetos ainda mento de exigências da ANAC, tais como
está sendo executada para vários aeropor- o programa de Carros Contra Incêndio de
tos pelo MTPA em parceria com o Banco Aeródromos (CCI), que beneficiou mais de
do Brasil, por meio de contrato firmado em 80 aeroportos, o programa com foco na
CAPÍTULO 1
2013), o CAMP é o instrumento que orien- posição da rede aeroportuária americana
ta os objetivos de todos os componentes com a função de cada aeroporto e também
do sistema de transporte aéreo para o fu- traz de forma clara os objetivos do setor,
turo. Ele contém objetivos e estratégias acompanhados de forma permanente por
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O estabelecimento de uma visão
estratégica clara é fundamental
para o sucesso do planejamento.
Por meio dela é que são
visualizados os objetivos para o
qual todo o setor deve caminhar.
Acima de tudo, é uma forma de
avaliação permanente das ações,
principalmente governamentais,
pois quaisquer atitudes que não
encontram amparo nos objetivos
gerais do sistema não deveriam
ser alvo de esforços.
FOTO: INFRAERO
CAPÍTULO 2
premissas e objetivos
Os objetivos são instrumentos importan- Nesse sentido, foi realizado um levanta-
tes para priorizar ações como, por exem- mento das fontes listadas abaixo, selecio-
plo, investimentos no setor. Esses con- nando os instrumentos estratégicos mais
CAPÍTULO 2
ceitos são respaldados pela bibliografia recentes que impactam no transporte
sobre planejamento (Lima Junio, 2003, aéreo, mesmo que indiretamente, para a
Güell, 1997; Magalhães, 2004; e Matus, consolidação de premissas que orientem
1984 e 1993; dentre outros), e compro- o estabelecimento de objetivos para o se-
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Os planos e programas de governo consi- cada texto, de forma a padronizá-los em
derados estratégicos e com algum nível de macro objetivos relacionados aos elemen-
integração com o setor aviação civil foram tos de transporte e, posteriormente, sinte-
analisados para a identificação de seus tizar estes nas propostas de premissas a
objetivos, premissas e diretrizes. Como serem consideradas no PAN. Este trabalho
cada documento trata de um objeto dife- está ilustrado na Figura 2 adiante.
renciado, nem todos os objetivos, diretri-
zes ou premissas citados neles possuem As premissas são condições que não de-
relação com o setor aéreo. Logo, um pri- vem ser violadas quando da elaboração de
meiro filtro foi aplicado para selecionar os estratégias, projetos ou ações que com-
55 elementos textuais descritos no Quadro põem o plano. Os objetivos do PAN são
1, adiante, com suas respectivas fontes de consolidados com base nessas premissas
informação. e representam o que deve ser buscado pe-
las estratégias, projetos e ações planeja-
Naturalmente, os documentos desenvol- dos.
vidos no âmbito de diferentes instituições
adotam diferentes linguagens e termos Como pode ser observado na Figura 2, a
para esboçar objetivos similares. Outras análise dos documentos e planos gover-
vezes, os objetivos focam nos meios para namentais resultou em 12 (doze) premis-
alcance de um objetivo maior. Por isso, foi sas para o PAN e 9 (nove) objetivos, que
necessário buscar uma interpretação para serão detalhados nas seções a seguir.
Política Nacional
A segurança.
de Aviação Civil
Política Nacional
A prestação do serviço adequado.
de Aviação Civil
Política Nacional
A proteção ao meio ambiente.
de Aviação Civil
Política Nacional
A proteção do consumidor.
de Aviação Civil
Política Nacional
O desenvolvimento da aviação civil.
de Aviação Civil
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Objetivos, Diretrizes e Premissas retiradas dos planos governamentais Documento/ Plano
Política Nacional
A eficiência das operações da aviação civil.
de Aviação Civil
Prover um sistema acessível, eficiente e confiável para a mobilidade de pesso- Política Nacional
as e bens. de Transportes
Política Nacional
Garantir a segurança operacional em todos os modos de transportes.
de Transportes
Política Nacional
Prover uma matriz viária racional e eficiente.
de Transportes
"Promover a participação intra e interinstitucional, considerando sociedade,
Política Nacional
governo e mercado, no desenvolvimento de uma
CAPÍTULO 2
de Transportes
política de transporte integrada."
Planejar os sistemas de logística e transportes a partir de uma visão territorial, Política Nacional
integrada e dinâmica. de Transportes
Política Nacional
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Objetivos, Diretrizes e Premissas retiradas dos planos governamentais Documento/ Plano
Programa de Investimentos
Integração do território nacional.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Desenvolvimento dos polos regionais.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Fortalecimento dos centros de turismo.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Garantia de acesso às comunidades da Amazônia Legal.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Trazer mais inovação e experiência de operadores internacionais.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Incentivar o turismo.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Aperfeiçoar o transporte de cargas.
em Logística - PIL
Programa de Investimentos
Criar novos hubs regional.
em Logística - PIL
Aumentar o acesso da população brasileira ao sistema aéreo de transporte,
com prioridade aos residentes nas regiões menos desenvolvidas do País, Programa de Desenvolvi-
considerando tanto o aumento do número de Municípios e rotas atendidos por mento da Aviação Regional
transporte aéreo regular, como o número de frequências das rotas regionais - PDAR
operadas regularmente.
Programa de Desenvolvi-
Integrar comunidades isoladas à rede nacional de aviação civil, no intuito de
mento da Aviação Regional
facilitar a mobilidade de seus cidadãos.
- PDAR
Programa de Desenvolvi-
Facilitar o acesso a regiões com potencial turístico, observado o disposto no
mento da Aviação Regional
inciso I (aumentar o acesso da população...).
- PDAR
Estímulo ao uso do transporte aéreo e ao desenvolvimento da aviação civil. Plano Geral de Outorgas
Estímulo à integração nacional e internacional, com a expansão dos serviços
de transporte aéreo doméstico e internacional, aumento do número de locali-
Plano Geral de Outorgas
dades atendidas, desenvolvimento das ligações de baixa e média densidade de
tráfego e alcance a regiões de difícil acesso.
Incentivo aos investimentos públicos e privados na aviação civil brasileira,
Plano Geral de Outorgas
pautados pela segurança jurídica nas relações contratuais.
Estímulo à eficiência nas operações da aviação civil e na gestão da infraestru-
Plano Geral de Outorgas
tura aeroportuária.
Estímulo à concorrência entre aeródromos. Plano Geral de Outorgas
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Objetivos, Diretrizes e Premissas retiradas dos planos governamentais Documento/ Plano
Planejamento e Gestão
Promover o acesso da sociedade a um transporte aéreo seguro e de qualidade.
Estratégica da SAC-PR
Plano nacional de
Desafogar a logística rodoviária do país.
Logística - PNL
Identificar e analisar alternativas para otimizar a movimentação de cargas
Plano nacional de
com o uso da multimodalidade de transporte, buscando eficiência nos campos
Logística - PNL
tecnológico, energético, social, econômico e ambiental, entre outros.
Inclusão social e redução de desigualdades, com melhor distribuição das opor-
PPA 2016 - 2019
tunidades e do acesso a bens e serviços públicos de qualidade.
Ampliação da produtividade e da competitividade da economia, com funda-
CAPÍTULO 2
mentos macroeconômicos sólidos, sustentabilidade e ênfase nos investimentos PPA 2016 - 2019
públicos e privados, especialmente em infraestrutura.
Ampliação da atuação do Brasil no comércio internacional de bens e serviços,
agregando valor, conteúdo tecnológico, e diversificando a pauta e o destino das PPA 2016 - 2019
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Premissas do PAN ção de acesso tempestivo à rede de trans-
porte interurbana de longa distância em
Aumentar a acessibilidade e a condições de mobilidade adequadas ao
conectividade da rede de transportes deslocamento.
brasileira
A premissa foca na necessidade de au- O Quadro 2 abaixo demonstra que os usu-
mentar o nível de acessibilidade e de co- ários do transporte aéreo no Norte do País
nectividade da rede de transportes brasi- utilizam mais o serviço para fins de saúde
leiras. do que nas demais regiões. Isso eviden-
cia a importância do transporte aéreo para
A acessibilidade é o elemento que sim- essa população, justificando assim que
boliza a facilidade de acesso à rede de o planejamento adote esta como uma de
transporte. Um aeroporto ou outro meio suas premissas.
que insira o usuário na rede é uma forma
de acesso. A conectividade, por sua vez, é QUADRO 2: PERCENTUAL DE VIAGEM
relacionada às opções de destino disponí- POR MOTIVO DE SAÚDE NAS REGIÕES
veis, ou seja, às conexões da rede. Nesse BRASILEIRAS
sentido, observa-se com facilidade que a Viagens por
inserção ou o desenvolvimento de novos Região motivo de saúde
(% em relação ao total)
aeroportos que operem voos regulares au-
Norte 5,25%
mentam a acessibilidade de toda a rede de
Centro-Oeste 3,08%
transporte nacional, enquanto a inserção
Sudeste 2,22%
de novas rotas aumenta o grau de conec-
Nordeste 2,20%
tividade do país.
Sul 1,63%
FONTE: SAC E EPL, 2015
A premissa também atenta à necessidade
de se aumentar o nível destes elementos
de rede em dois ambientes específicos: Em relação à necessidade de se dotar de
• a Amazônia Legal; e acessibilidade e conectividade as regiões
• as regiões com potencial turístico. com potencial turístico, trata-se de trazer
coerência aos investimentos das diferen-
É importante ressaltar a característica da tes esferas do governo neste setor. Consi-
aviação civil de proporcionar o acesso a derando que há investimentos públicos e
regiões com isolamento geográfico, como privados voltados ao turismo em várias re-
é o caso de alguns municípios pertencen- giões brasileiras, é essencial que essas re-
tes à Amazônia Legal. Devido às condi- giões sejam dotadas de opções de acesso
ções geográficas, em muitas localidades o aéreo. Por esse motivo, a identificação das
transporte aéreo passa a ser a única op- regiões em que o turismo possui impacto
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FIGURA 2: CONSOLIDAÇÃO DAS PREMISSAS DO PAN E OBJETIVOS PARA O SETOR AÉREO
COM BASE NOS PLANOS, POLÍTICAS E PROGRAMAS NACIONAIS
PREMISSAS
DOCUMENTO/PLANO
AUMENTAR A ACESSIBILIDADE E A CONECTIVIDADE
DA REDE DE TRANSPORTES BRASILEIRA
PLANO NACIONAL
DE LOGÍSTICA INTEGRADA AUMENTAR A EFICIÊNCIA E A INTEGRAÇÃO
ENTRE OS MODOS DE TRANSPORTE
POLÍTICA NACIONAL
DE TRANSPORTES DESENVOLVER A INTEGRAÇÃO NACIONAL,
REGIONAL E INTERNACIONAL
PROGRAMA DE
INVESTIMENTOS EM DESENVOLVER E AMPLIAR A
CAPÍTULO 2
LOGÍSTICA INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE AÉREO
PLANO PLURIANUAL DESENVOLVER E AMPLIAR OS SERVIÇOS DE TRANSPORTE
2016-2019 AÉREO DE PASSAGEIROS E CARGAS
PLANO NACIONAL ESTIMULAR A DEMANDA AÉREA
QUALIDADE E ACESSIBILIDADE
FACILITAÇÃO
CONECTIVIDADE
CONSERVAÇÃO DO
MEIO AMBIENTE EFICIÊNCIA
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
TÉCNICO E INSTITUCIONAL
SEGURANÇA
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relevante para a economia foi uma tarefa compatíveis com as demandas crescentes
fundamental desenvolvida no PAN de transporte.
24
As ações e projetos do setor também de- O transporte aéreo tem papel fundamental
vem buscar maior eficiência econômica, na integração nacional, regional e interna-
tanto para os entes públicos envolvidos cional, pela qualidade de deslocamentos
quanto para os privados. de longa distância em
A obtenção de maior efi- “ O transporte aéreo pouco tempo, propor-
ciência econômica possi- tem papel fundamental na cionando mobilidade
bilita melhor alocação de integração nacional, regional interurbana apesar das
recursos produtivos, me- e internacional, pela qualidade distâncias. Atualmente,
lhorias na qualidade dos de deslocamentos de longa a rede de transporte
serviços e ampliação do distância em pouco tempo, aéreo regular de pas-
bem estar social. proporcionando mobilidade sageiros proporciona
CAPÍTULO 2
interurbana apesar das a conexão entre 112
Corroborando com a distâncias. ” metrópoles ou aglome-
premissa, o PAN analisa rações urbanas no país
diferentes alternativas de investimentos, e a iteração entre seus habitantes, seja por
25
de grandes eventos internacionais como transporte, ampliando a capacidade dos
a Jornada Mundial da Juventude (2013), terminais e sistemas de pistas dos prin-
a Copa do Mundo FIFA (2014), os Jogos cipais aeroportos brasileiros, como pode-
Olímpicos e Paraolímpicos (2016). Esses mos observar na Figura 3 a seguir.
eventos não geraram somente um impac-
to momentâneo na demanda. Observa-se que a capacidade instalada da
infraestrutura aeroportuária do Brasil, em
Como observado em outros países que já termos de capacidade de processamen-
sediaram megaeventos esportivos recen- to anual de passageiros, é suficiente para
temente, seus efeitos são sentidos antes, absorver a demanda por transporte aéreo
durante e após a realização dos eventos, regular de passageiros até o ano de 2025.
com um legado de crescimento da taxa Porém, tanto a demanda como a capaci-
de evolução do turismo internacional em dade dos aeroportos possuem uma distri-
função da evidência do país e seus atra- buição geográfica diferenciada, visto que
tivos para o mundo e da evolução das há um maior concentração de passageiros
relações internacionais (Burton, 2003). nas grandes cidades que podem levar à
Em função disso, o Governo Federal e a necessidade de ampliação de infraestru-
iniciativa privada, por meio das conces- turas específicas em um horizonte mais
sões aeroportuárias, realizaram significa- próximo, enquanto outras num horizonte a
tivos investimentos nas infraestruturas de longo prazo.
600
CAPACIDADE
400 LIMITE: 2025
200
26
É importante, ainda, que a ampliação da para o desenvolvimento econômico e so-
infraestrutura aeroportuária seja adequa- cial de qualquer país. Enquanto há garga-
da a cada tipo de demanda. O estudo das los e impactos nos fatores dessa rede de
demandas potenciais em termos de rotas transportes, o custo do transporte é alto
para cada aeroporto e, consequentemente,
propicia a estimativa de “ Observa-se que a capacidade também é alto o custo
aeronaves de projeto e instalada da infraestrutura de produção de qual-
o adequado dimensio- aeroportuária quer bem que precisa
namento da infraestru- do Brasil, em termos de ser transportado. O
tura para o tipo de liga- capacidade de processamento transporte aéreo pos-
ção predominante do anual de passageiros, é suficien sui sua parcela de par-
CAPÍTULO 2
aeroporto. Em outras te para absorver a demanda ticipação nesta matriz
palavras, o PAN consi- por transporte aéreo regular de e, embora não seja
dera que uma rede de passageiros até o ano de 2025. alvo do transporte de
aeroportos desenvol- ” grandes volumes de
27
O alto custo faz com que o preço dos pro- mento do rodoviário, no Brasil, o que se
dutos brasileiros seja menos competitivo observa é exatamente o contrário. Ou seja,
no mercado exterior. Da mesma forma, o predomínio absoluto do rodoviário. Esse
contribui para o afastamento de investi- fato posiciona o Brasil muito mais próximo
mentos estrangeiros porque as empresas de países da Europa ocidental, de peque-
acabam buscando ou- na dimensão territorial.
tros países para descen-
tralizar sua produção. “ A ineficiência da rede Adequar o tipo de carga
de transporte é facilmente com o modo de trans-
A ineficiência da rede de explicada pela alta porte é fator determi-
transporte é facilmen- concentração do modo nante para o sucesso
te explicada pela alta rodoviário na matriz de logístico. Por isso, é
concentração do modo transportes ”
brasileira. importante a etapa pré-
rodoviário na matriz de via de estudos e plane-
transportes brasileira. Quando se fala em jamento ao investimento. O investimen-
matriz de transporte no Brasil, pode-se to, por sua vez, gera a disponibilidade
dizer que essa matriz é bastante desba- da infraestrutura, essa disponibilidade
lanceada se comparada com outros paí- fomenta a demanda e a competição e re-
ses de dimensões semelhantes. Enquanto duz os preços do frete, fazendo com que
países de grandes dimensões territoriais, a matriz de transporte funcione da forma
como Estados Unidos, Canadá, China e mais eficiente. O resultado é que cada
Rússia, utilizam predominantemente os tipo de carga passa a ser transportada
modos de transporte ferroviário e aquaviá- no modo mais adequado, em termos de
rio para o transporte de cargas, em detri- tempo e custo.
1.200
DOMÉSTICA
600
INTERNACIONAL
28
Ao contrário do crescimento da demanda Desenvolver e ampliar os
pelo transporte aéreo de passageiros, a serviços de transporte aéreo
demanda pelo transporte de carga aérea de passageiros e cargas
apresenta historicamente taxas de cres- Além da necessidade de adequação das
cimento em patamares bem inferiores, infraestruturas aeroportuária e aeronáuti-
como pode ser observado na Figura 4. ca civil com a demanda de transporte de
passageiros e cargas, como exposto na
Logo, a mudança deste cenário é um de- premissa anterior, há a necessidade de
safio ainda maior para o setor. Segura- compatibilidade com os serviços ofereci-
mente envolve ações e projetos que vão dos pelas empresas de transporte aéreo,
além do investimento em infraestrutura, completando assim toda a cadeia de des-
CAPÍTULO 2
como os estudos e levantamentos para locamento.
identificação de potencialidades e de-
mandas não atendidas, além da elimina- Para que o setor aéreo continue se de-
ção de barreiras burocráticas a favor da senvolvendo, ainda que em períodos de
CAPÍTULO 2
setor, o Brasil atualmente
se destaca com suas em-
civil. ”
O Ministério dos Trans-
portes, Portos e Avia-
presas aéreas e aeroportos entre os mais ção Civil – MTPA e a Agência Nacional de
pontuais do mundo, como aponta a orga- Aviação Civil – ANAC realizam constantes
GRANDES OBRAS
5
3
1sem 2sem 1sem 2sem 1sem 2sem 1sem 2sem 1sem 2sem 1sem
2013 2014 2015 2016 2017 2018
31
A pesquisa do MTPA é realizada direta- 2014, foram realizados o “Prêmio Boa Via-
mente com passageiros e mede sua satis- gem edição Copa das Confederações” e
fação em 38 indicadores de qualidade dos o “Prêmio Copa do Mundo”, respectiva-
serviços oferecidos, atualmente, por 20 mente. A partir de 2015, foram realizados
aeroportos que, juntos, movimentam 87% anualmente prêmios “Aeroportos + Brasil”,
dos passageiros no País. com premiação para os operadores aero-
portuários, empresas aéreas e órgãos pú-
A pesquisa é composta por indicadores blicos que atuam no aeroporto.
que avaliam a satisfação do passageiro
com os processos e serviços aeroportu- Apesar do bom desempenho operacional
ários a ele oferecidos e também por in- dos aeroportos e empresas aéreas brasi-
dicadores que monitoram o tempo dos leiras, é necessária a manutenção de me-
processos aos quais os passageiros são didas regulatórias e políticas de incentivo
submetidos. As perguntas formuladas no para manter e elevar o padrão dos servi-
questionário contemplam os seguintes ços prestados, aproximando-se cada vez
itens: infraestrutura aeroportuária; facili- do conceito de serviço adequado constan-
dades aos passageiros; companhias aére- te na legislação:
as; órgãos públicos; e satisfação geral do
“Art. 6º, § 1º: Serviço adequado é o que
passageiro. Os resultados permitem aos
satisfaz as condições de regularidade,
gestores públicos e privados atuarem dire-
continuidade, eficiência, segurança, atu-
tamente sobre os problemas que afetam a
alidade, generalidade, cortesia na sua
experiência do usuário.
prestação e modicidade das tarifas.”
CAPÍTULO 2
mentos de planejamento 70% mais eficiente do que impactos ambientais, os
contemplem a preocu- era na década de 1970, no quais podem ser dividi-
pação ambiental. Nesse que se refere às emissões de dos em três grandes ca-
sentido, as ações am- gases poluentes e de efeito tegorias: ruído aeronáuti-
90
80
70
60
ss
es
ion
ion
ion
ion
ice
sin
ne
om
lat
at
at
rv
at
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rN
Ac
BRASIL ESTADOS
UNIDOS
REINO
UNIDO
MUNDO Ai FONTE: ICAO, 2018
34
O Brasil destaca-se entre os países em Para suprir essa demanda, é essencial que
desenvolvimento com índices de seguran- haja a promoção e a realização de cursos
ça operacional próximos aos de países de de formação, capacitação e atualização
referência e acima da média mundial. Isso para as diversas categorias profissionais
pode ser observado nos gráficos compa- ligadas à aviação civil, além do incentivo
rativos ao lado (Figuras 6 e 7) oriundos dos e desenvolvimento de estudos e projetos
dados de auditoria de segurança opera- para o planejamento e gestão dos recur-
cional realizada pela ICAO (Universal Sa- sos humanos da aviação civil.
fety Oversight Audit Programme - USOAP)
em diferentes países. As ações e os projetos orientados por esta
premissa visam suprir demandas tanto das
CAPÍTULO 2
Perante o ótimo desempenho observado entidades públicas ligadas ao setor quanto
neste aspecto, a premissa deve orientar das empresas privadas, focando estrate-
ações específicas para a manutenção e a gicamente na melhoria dos serviços e no
elevação dos índices de segurança. Deve atendimento às demais premissas do PAN.
SEGURANÇA ACESSIBILIDADE
CAPÍTULO 2
rança da aviação civil con- Hoje, as medidas de se-
tra atos de interferência “ A garantia das medidas gurança existentes no
ilícita – AVSEC de forma de segurança deverá ser Brasil tratam todos os
diferente do que é pratica- cada vez menos baseada em passageiros e todas as
CAPÍTULO 2
Civil – CTSAC da Comissão Nacional das
Autoridades Aeroportuárias – CONAERO, No que tange à segurança operacional, o
que reúne todos os órgãos governamen- Comando da Aeronáutica (COMAER) e a
tais com atuação na AVSEC, bem como Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)
40
Garantia aos a transparência e harmonia das relações
direitos dos usuários de consumo. Observa-se que a política se
As relações entre consumidores e presta- estabeleceu na busca do equilíbrio entre
dores de serviços de transporte aéreo pas- consumidores e fornecedores dos bens e
saram por significativas alterações norma- serviços do transporte aéreo, reconhecido
tivas desde os anos 2000. Nessa época, que os regramentos setoriais devem con-
o Comando da Aeronáutica, impulsionado templar os princípios insculpidos no Códi-
pelas novas tendências da aviação civil, go de Defesa do Consumidor.
fez publicar a Portaria nº 676/GC-5/2000
(atualização da Portaria nº 957/1989), com Merece menção ainda a preocupação
as novas Condições Gerais de Transporte. externada no PNAC com as informações
CAPÍTULO 2
essenciais sobre o serviço fornecidas ao
Esse marco abria as portas para uma consumidor, a existência de mecanismos
nova década que se iniciaria com a libera- necessários para sua proteção, para que
ção dos preços dos serviços, disposta na não haja necessidade de recorrer à via ju-
41
toriamente passam os passageiros, quais RE 636331), a compensação imediata por
sejam: antes do voo (direitos de informa- preterição e reembolso de despesas por
ção), durante o voo (direito de assistência) extravio de bagagens etc.
e depois do voo (direito de resolução efeti-
va dos conflitos). De outra sorte, os passageiros com defi-
ciência também presenciaram aprimora-
Importante também destacar a Resolução mento da tutela prestada por todo o Gover-
nº 400/2016, editada sob a inspiração da no Federal e em especial pelo transporte
convergência com as práticas interna- aéreo, desde a adesão completa do Brasil
cionais e liberdade na à Convenção Internacio-
prestação de serviços. “ As políticas públicas de
nal sobre os Direitos das
A medida regulatória re-
transporte objetivam tutelar
Pessoas com Deficiência
presentou a consolida-
tanto as pessoas com
e seu Protocolo Faculta-
ção das três Resoluções
deficiência como as com
tivo, de Nova York, até a
retromencionadas, a
restrição de mobilidade,
promulgação da Lei nº
ampliação do direito de
abrangendo idosos,
13.146/2015 (Estatuto da
informação e a abertura
gestantes ou pessoas com
Pessoa com Deficiência),
de novos meios de reso-
criança de colo, bem como
passando pela edição da
lução alternativa de con-
pessoas com mobilidade
Resolução nº 280/2013,
flitos, com a adesão da
reduzida temporária.” interposta para a elimi-
ANAC à plataforma Consumidor.gov.br. A nação de barreiras no serviço de trans-
medida apresenta um significativo avanço porte. Há que se reconhecer que o Brasil
às garantias dos usuários do transporte saiu de uma situação de inexistência de
aéreo. diretrizes setoriais para um delineamento
de políticas públicas e regulatórias bem
Este movimento da regulação federal foi sedimentadas, entre 2007 e 2017, deno-
essencialmente especial por significar o tando uma maturidade no arcabouço nor-
fechamento do processo de reforma regu- mativo federal.
latória inaugurado em 2010, sob os auspí-
cios dos princípios do Código de Defesa As políticas públicas de transporte objeti-
do Consumidor, conforme a orientação vam tutelar tanto as pessoas com deficiên-
setorial do transporte aéreo. Medidas sig- cia como as com restrição de mobilidade,
nificativas trazidas por esta norma foram abrangendo idosos, gestantes ou pessoas
a possibilidade de correção do nome até com criança de colo, bem como pessoas
o check-in, o cancelamento da passagem com mobilidade reduzida temporária. Por
sem ônus em até 24 horas da compra, a isso, miram nas estratégias de acessibili-
limitação da indenização por bagagem ex- dade, enquanto forma de inclusão social
traviada (na linha do decidido pelo STF no que dá oportunidade a qualquer indivíduo
42
de exercer a sua escolha. Consubstancia- posteriormente substituída pela Resolução
-se, assim, em abordagem centrada no nº 280/2013, que trata dos passageiros
cidadão e em suas condições e capaci- com necessidade de assistência especial
dades físicas, sociais e econômicas. No- (PNAE). O processo de revisão que culmi-
ta-se, não obstante, que essas políticas nou na edição da resolução em epígrafe,
têm sido direcionadas para garantir não só teve por escopo ampliar e facilitar o aten-
acessibilidade, como direito de preferência dimento a esses consumidores, fazendo
aos cidadãos. incluir, por isso, em especial, o direito à in-
formação aos passageiros que necessitam
Com efeito, duas são as Leis que dispõem de assistência especial.
sobre as políticas públicas de priorida-
CAPÍTULO 2
de e acesso: Lei nº 10.048/2000 e Lei nº A título de registro e para entendimento da
10.098/2000. Em relação aos transportes, evolução da norma que trata sobre acessi-
seus comandos são direcionados a elimi- bilidade, a Resolução ANAC nº 280/2013
nação de barreiras para seu uso. No De- foi inspirada na Lei nº 10.098/2000, no
43
ou qualquer pessoa que por alguma con- programas de treinamento contínuo, para
dição específica tenha limitação na sua atendimento dos PNAE, e da formação
autonomia como passageiro.” de base de dados sobre transporte des-
ses passageiros, a ser informado à ANAC,
A definição de passageiro com necessida- sempre que exigido. Essas duas imposi-
de de assistência especial (PNAE) especi- ções permitem uma aferição dos níveis de
fica o universo de pessoas que se preten- qualidade do atendimento, bem como uma
de abranger por meio da Resolução. Para medição efetiva da quantidade de pesso-
essa definição, foram usados como marco as com deficiência incluídas no modo de
basilar os Decretos n°. 5.296/2004 e n.º transporte aéreo.
6.949/2009. A previsão de códigos para
identificação das assistências a serem É nesse contexto que os aeroportos, seja
prestadas foi mantida para facilitar a inte- pelas normas de edificação, como pelo
ração entre operadores aéreos, operado- programa de concessões para sua renova-
res aeroportuários e demais agentes que ção e expansão, vêm se tornando um am-
atuam no transporte aéreo, bem como por biente mais acessível e adaptado para in-
ser o suporte ao cumprimento dos regis- clusão das pessoas com deficiência. Isso
tros estatísticos exigidos no artigo 38 da se evidencia nas modificações e adapta-
norma. ções na sua estrutura física, voltadas à
eliminação de qualquer tipo de barreira à
Essencial mencionar que a Resolução nº circulação de qualidade. Muitas vezes, a
280/2013 também se preocupou com o solução para os problemas arquitetônicos
veículo destinado ao transporte aéreo, ao e estruturais não está na construção de
especificar, no seu ANEXO II, a configu- novos empreendimentos, mas nas adapta-
ração das Aeronaves no que diz respeito ções necessárias desses espaços ao pú-
à adequação em conformidade com as blico designado, para que possam manter
normas de acessibilidade da ABNT. Des- uma relação de autonomia e segurança
taque-se, em especial, a localização prefe- em todos os âmbitos sociais.
rencial dos assentos com braços móveis,
cadeiras de rodas de bordo, lavatório, ilu- Em relação ao acesso de pessoas com
minação e sinalização adequados, exceto deficiência, ainda cabem medidas regu-
quando a adequação for julgada imprati- latórias específicas no reconhecimento
cável pelo órgão certificador. dessa classe de consumidor, bem como a
manutenção de reiterada supervisão para
Outros pontos relevantes da norma, que que transportadoras aéreas e aeroportos
constam nos artigos 36 a 40, versam sobre promovam a eliminação de barreiras de
a obrigação impostas aos transportadores acesso. Cabe destacar real importância
aéreos e aeroportos, da manutenção de para o reconhecimento da proteção espe-
44
cífica devida às pessoas com deficiência, tativo, capturando assim as opiniões dos
enquanto grupo mais vulnerável entre os usuários sobre quais melhorias devem ser
PNAE. realizadas.
CAPÍTULO 2
nal realizada pelo MTPA deve ser mantida
e aprimorada, com vistas a abarcar cada Também está no escopo da ampliação da
vez mais aeroportos e cada vez mais eta- pesquisa de satisfação a inclusão de mais
pas do processo, desde o início da via- perguntas qualitativas, o aprimoramento
A facilitação envolve quatro grupos princi- Essa coordenação deverá ser realizada
pais (Estado, Operadores Aéreos, Adminis- pela SAC, como representante setorial do
tradores Aeroportuários e Clientes), cada Ministério dos Transportes, Portos e Avia-
um com uma priorida- ção Civil, tendo em vis-
de um pouco diferente, ta suas competências
embora os seus interes- “ A facilitação envolve institucionais, em espe-
ses se sobreponham. quatro grupos principais cial as de “coordenação
O principal interesse (Estado, Operadores Aéreos, dos órgãos e das enti-
do Estado é o cumpri- Administradores Aeroportuários dades do sistema de
mento integral de suas e Clientes), cada um com uma aviação civil” e “coor-
normas, mediante a prioridade um pouco diferente, denar, em conjunto com
prestação de um servi- embora os seus interesses se os órgãos e as entida-
ço público ágil, eficien- sobreponham. ” des do setor, a formu-
te e seguro. O interesse lação de diretrizes para
vital dos operadores aéreos é aumentar a a segurança operacional, a facilitação do
produtividade, minimizando os custos de transporte aéreo e a segurança da aviação
atrasos operacionais e procedimentos ad- civil contra atos de interferência ilícita”.
ministrativos. Os administradores aeropor-
tuários estão interessados na facilitação O fórum ideal para essa coordenação é o
para reduzir o congestionamento nos ter- Comitê Técnico de Facilitação do Trans-
minais de passageiros e de carga. O quar- porte Aéreo – CTFAL da Comissão Na-
to grupo, os clientes do transporte aéreo, cional das Autoridades Aeroportuárias
demandam cada vez mais um serviço de – CONAERO, que reúne os órgãos gover-
qualidade, com as mínimas dificuldades e namentais pertinentes ao assunto, bem
tempos de espera. como os operadores aéreos e os adminis-
tradores aeroportuários.
Neste sentido, as medidas voltadas à Fa-
cilitação buscam abordar todos esses in- Neste contexto, há uma série de ações
teresses de maneira coordenada, por meio em andamento no âmbito do CTFAL com
do gerenciamento do desempenho do oportunidades significativas voltadas à
setor, da contenção de custos, do melhor facilitação do transporte aéreo. Os temas
uso dos recursos disponíveis e da busca principais são: desenvolvimento/aperfei-
pela eficiência. Essas medidas também çoamento de normas e regulamentos; pro-
46
moção do compartilhamento de dados/ biométrica de entrada e saída, a decla-
informações; melhor uso dos recursos, ração aduaneira eletrônica e móvel e o
especialmente os tecnológicos; e rápida cartão de embarque móvel;
adoção de processos inovadores. Esses • Remoção de barreiras que prejudicam
incluem: a confiabilidade, segurança, conforto e
facilidade de acesso ao transporte aéreo
• Incentivo à implementação das normas (usabilidade de serviços) para pessoas
e das práticas recomendadas pela Or- com necessidade de assistência espe-
ganização da Aviação Civil Internacional cial;
– OACI relacionadas à facilitação. • Coordenação do planejamento do setor
• Aperfeiçoamento contínuo do Programa de aviação civil para eventos especiais
CAPÍTULO 2
Nacional de Facilitação do Transporte de alta demanda; e
Aéreo – PROFAL. • Promoção do intercâmbio de dados/in-
• Racionalização dos pontos de inspeção formações, troca de experiências e de
ao longo da jornada do passageiro e da cooperações técnicas internacionais
CAPÍTULO 2
radas como o tipo de medida mais ex- gética e de crescimento neutro em carbo-
trema para lidar com a questão do ruído no a partir de 2020.
aeronáutico. Essas restrições incluem li-
mitação de operação para alguns tipos de No intuito de alcançar essas metas de re-
CAPÍTULO 2
a necessidade de adap- as emissões de GEE da
tação nos motores das
“ Tendo em vista a
aviação internacional que
ausência de oferta de
aeronaves. No entanto, o ultrapassarem o volume
combustíveis sustentáveis
biocombustível de aviação da média dos anos de
de aviação em escala
CAPÍTULO 2
e a mudança de compor- atualização e formação pecífico quanto ao papel
tamento dos atores que
compõem o sistema de
continuada. ” da SAC/MTPA em ca-
pacitação, o Decreto nº
aviação, fundamentais ao crescimento do 9.000/2017 assim dispõe:
CAPÍTULO 2
neficiados pelo ProUni, e públicos e da necessidade de a jovens de baixa renda.
matriculados em cursos reformular o programa Bolsa
correlacionados com a Piloto, vem desenvolvendo O MTPA, diante da ne-
aviação civil. Foram ofer- alternativas para incrementar cessidade de economi-
56
bem como incentivar a formação de no- aviação, negócios aeroportuários e avia-
vos recursos humanos para o setor. ção sustentável.
CAPÍTULO 2
Novas Tecnologias na Aviação Civil. Os
trabalhos puderam ser inscritos em duas As tratativas para a realização da Terceira
categorias, a saber: Categoria 1 – Melhor Edição, Prêmio Aviação – 2018/2019, en-
monografia e Categoria 2 – Iniciativas de contram-se em andamento, com a evolu-
57
O objetivo é prover e aperfeiçoar o conhe- O uso de sistemas de posicionamento por
cimento específico na área de navegação satélite - GNSS apresenta várias vanta-
aérea civil no Brasil, por meio do desen- gens como: considerável redução de apa-
volvimento de corpo de agentes públicos relhos em solo, o que resulta em menores
do setor - MTPA, ANAC e Infraero – do- custos de investimento e manutenção;
tando-os de conhecimentos avançados e otimização do espaço aéreo; redução do
atualizados sobre o tema, bem como apre- tempo de voo e consequente economia de
sentando as melhores práticas a partir de combustível, entre outras.
outras experiências do setor. Trata-se de
uma importante estratégica para fortaleci- Importante salientar que os resultados do
mento das instituições públicas com atua- INCT beneficiarão a comunidade científi-
ção direta no setor aéreo. ca, que gerará o conhecimento e criará a
cultura de pesquisa na área; a aviação civil
Tecnologia GNSS no Suporte que fará uso, de tecnologia moderna, se-
à Navegação Aérea – gura e econômica para melhor prestação
Pesquisa e Formação dos serviços aplicados à navegação aérea,
Em 2016, o Ministério dos Transportes, combinado aos benefícios que poderão
Portos e Aviação Civil – MTPA e o Con- ser trazidos para o setor aéreo; a socieda-
selho Nacional de Desenvolvimento Cien- de em geral; e a indústria que fará uso do
tífico e Tecnológico – CNPq do Ministério conhecimento gerado para o desenvolvi-
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Co- mento e comercialização de soluções.
municações – MCTIC firmaram parceria
com vistas à criação do Programa Instituto Treinamento Forças
Nacional de Ciência e Tecnologia – INCT de Segurança Pública
denominado Tecnologia GNSS no Suporte Destaca-se também a iminente parceria
à Navegação Aérea, com vigência de 06 entre a SAC/MTPA e a Secretaria Nacional
(seis) anos. de Segurança Pública do Ministério da Se-
gurança Pública – SENASP/MSP, com vis-
O objetivo do INCT é formar recursos hu- tas à elaboração e à realização de curso de
manos, realizar pesquisas e transferir co- capacitação direcionado para servidores
nhecimento para a sociedade, na área de das Forças de Segurança Pública, tendo
monitoramento da atmosfera, em especial em vista a atuação desses servidores em
os aspectos relacionados aos efeitos do ocorrências envolvendo assuntos relacio-
Conteúdo Eletrônico Total (CET) e da cin- nados à aviação civil.
tilação ionosférica no sinal GNSS visando
aplicá-lo na navegação aérea com confia- A elaboração e o desenvolvimento de cur-
bilidade e segurança dentro do território so de capacitação, na modalidade de En-
brasileiro. sino a Distância – EaD, abrangem as áreas
58
de atuação dos órgãos de segurança, es- reo internacional. Uma vez que um grande
pecificamente, quanto às ocorrências en- contingente da geração atual de profissio-
volvendo assuntos relativos à aviação civil nais de aviação se aposentará, o acesso a
no que se refere a operações de aeronaves treinamento acessível e à educação é cada
ou objetos que colocam em risco a segu- vez mais problemática. Pode-se destacar
rança da aviação civil brasileira, tais como: os seguintes objetivos do programa:
a soltura de balões não tripulados (balões
• Levantar dados de planejamento de re-
juninos), de aeronaves não tripuladas (dro-
cursos humanos;
nes), algumas modalidades de aerodes-
• Identificar e apoiar iniciativas que atin-
porto e raio laser.
jam a próxima geração;
• Encontrar formas de harmonizar os re-
CAPÍTULO 2
Acredita-se que com essa parceria será in-
gulamentos de treinamento.
crementado significativamente o conheci-
mento das forças de segurança, de modo O programa NGAP é apoiado pelo Brasil.
a ampliar e respaldar suas ações de com- O MTPA e a ANAC têm participado dos
60
que deve ser alvo das políticas, progra- brasileiras impõe obstáculos ao desenvol-
mas e regulamentos do transporte aéreo vimento do transporte aéreo no país.
voltados ao desenvolvimento da rede e
seus atributos é a participação de capital Dentre os possíveis benefícios que a elimi-
estrangeiro na aviação civil brasileira. nação dessa restrição traria ao transporte
aéreo brasileiro, destacam-se o aumen-
O Brasil é um dos países mais restritivos to da competição e desconcentração do
a investimentos estrangeiros em empresas mercado doméstico; o aumento da quan-
aéreas. O Código Brasi- tidade de rotas e cidades
leiro de Aeronáutica (Lei
nº 7.565, de 19 de de-
“ O Brasil é um dos atendidas pelo transporte
aéreo regular, bem como
países mais restritivos a
CAPÍTULO 2
zembro de 1986) determi- investimentos estrangeiros a melhor integração a
na que no máximo 20%
(vinte por cento) do capi-
em empresas aéreas. ” rotas internacionais; a
redução do preço mé-
tal com direito a voto em empresas aéreas dio de passagens; a absorção de novas
61
despachadas e de mão e a comercializa- das rotas entre os principais aeroportos do
ção de passagens é fundamental para que Brasil mas, igualmente, de aeroportos em
as empresas aéreas ofereçam tarifas para pequenas e médias localidades.
serviços cada vez mais adaptados às ne-
cessidades de seus clientes. Isso leva a De fato, para que seja possível considerar
uma maior eficiência por parte das empre- o desenvolvimento da infraestrutura aero-
sas aéreas que, em um ambiente compe- portuária voltada à aviação regional, como
titivo, deverão oferecer serviços de melhor tratado no Capítulo 3, é necessário assu-
qualidade e menor preço. mir um cenário futuro onde há condições
favoráveis ao desenvolvimento econômico
A redução do preço das passagens aére- do setor e aos investimentos por parte das
as, contudo, não deve se dar apenas em empresas de transporte aéreo, sob o risco
virtude de maior concorrência no setor e de efetivação de programas e investimen-
da possibilidade de diferenciação de tari- tos que não geram o devido retorno à po-
fas. São necessárias políticas públicas que pulação. Assim, destaca-se a importância
possibilitem uma redução do custo opera- dessas medidas como condições funda-
cional das empresas aéreas. O custo com mentais para o desenvolvimento da rede
combustíveis – especialmente o querose- de transportes aéreo.
ne de aviação – é fortemente impactado
pela tributação de impostos como o ICMS, Outro passo importante para desenvolver
que chega a 25% (vinte e cinco por cento) a capilaridade dos serviços aéreos ofer-
em alguns dos principais estados do País. tados à população é a revisão da regula-
O estabelecimento de uma alíquota máxi- mentação de serviços aéreos buscando
ma nacional é, nesse sentido, uma impor- a adequação de modalidades de voos e
tante medida para redução do custo das portes de aeronaves à dinâmica do mer-
empresas aéreas nacionais. Esse assunto cado, permitindo, por exemplo, a parceria
também deve ser alvo das ações gover- entre empresas aéreas que operam gran-
namentais envolvendo os diferentes entes des corredores de movimentação com
impactados. empresas que podem vir a proporcionar o
papel de distribuição dessa demanda para
Cumpre destacar ainda que todas essas ligações de baixa densidade. Essas ações
medidas têm um impacto significativo so- estão em curso pela Agência Nacional de
bre a aviação regional, que opera em rotas Aviação Civil (ANAC).
e aeroportos de baixa e média densidades
de tráfego. O desenvolvimento e a melhoria De igual relevância para os objetivos do se-
da eficiência do transporte aéreo domés- tor, está o potencial e a integração da rede
tico implicará o crescimento não apenas de aeroportos voltados à aviação geral
62
brasileira. Composta por um quantitativo Dada a magnitude deste setor específico
de aeródromos consideravelmente maior e as oportunidades de complementarie-
que a rede de transporte voltada à avia- dade com a aviação civil brasileira, é ne-
ção comercial, totalizando mais de 2500 cessário que as políticas públicas a se-
aeródromos, eles possuem potencial para rem desenvolvidas para a Aviação Geral,
atendimento de demandas emergentes a exemplo de instrumentos instituídos em
ou emergenciais, ainda que não se cons- outros países como nos Estados Unidos
tituam serviços públicos. A distribuição e países da União Europeia, levem em
dessa rede por todo o território nacional consideração as principais demandas do
evidencia oportunidades de complemen- setor. Dessa forma, o MTPA iniciou uma
tos de viagens para demanda rarefeitas ou série de eventos com representantes e
CAPÍTULO 2
específicas. No entanto, o estabelecimen- operadores da Aviação Geral brasileira
to da função dessa rede complementar, para captar os entraves ao seu desenvol-
assim como políticas específicas voltadas vimento, bem como identificar as oportu-
a esse nicho do setor de transporte aéreo nidades.
63
Em linhas gerais, os resultados
demonstram que a demanda
por transporte aéreo crescerá
na estimativa média de 4,6%
ao ano, nos próximos 20 anos,
utilizando a expectativa otimista
de crescimento econômico no
Brasil, refletida no PIB.
rede aeroportuária
Adotando-se as premissas que embasam Projeções de demanda
o PAN, uma série de estudos, métodos e
modelos foram desenvolvidos para uma Para se traçar cenários futuros de desen-
análise sistêmica e integrada dos aeropor- volvimento da aviação civil, são necessá-
tos junto aos demais modos de transporte. rios dados de expectativas e projeções de
movimentação nos aeroportos brasileiros.
O trabalho foi desenvolvido pela Coorde- Por isso, a partir do ano de 2017, o MTPA
CAPÍTULO 3
nação Geral de Planejamento e Estudos iniciou a publicação do relatório de “Proje-
do Departamento de Planejamento e Ges- ções de demanda para os aeroportos bra-
tão Aeroportuária da Secretaria Nacional sileiros 2017-2037” (MTPA, 2017).
de Aviação Civil do Ministério dos Trans-
400
200
66
Definição das Unidades
Territoriais de Planejamento
CAPÍTULO 3
das Unidades Territoriais de
naturalmente são nelas Planejamento – UTPs, iniciou- resultantes da Pesqui-
que se concentram a se com o estudo das áreas sa Origem/Destino, em
maior parte da deman- de captação dos aeroportos ambiente SIG (Sistemas
O trabalho para a definição das Unidades Em aeroportos de grande porte, esse per-
Territoriais de Planejamento – UTPs, que são centual é ainda maior, chegando a 93%, por
as regiões onde se concentram as popula- exemplo, para o Aeroporto Internacional de
ções e, consequentemente, a maior parte Guarulhos. Já os aeroportos de menor por-
da demanda por transporte aéreo, iniciou-se te, como o Aeroporto de Campina Grande -
com o estudo das áreas de captação dos PB, possuem demanda mais dispersa, con-
aeroportos brasileiros. Para isso, utilizaram- centrando cerca de 73% de sua demanda
-se os dados da pesquisa Origem/Destino na aglomeração urbana.
realizada pela Secretaria de Aviação Civil da
Presidência da República em parceria com a Utilizando-se essa informação, partiu-se
Empresa de Planejamento e Logística - EPL então para a hipótese de que, identifican-
em 65 (sessenta e cinco) aeroportos durante do potenciais aglomerações urbanas onde
67
há infraestrutura aeroportuária instalada ou Legal. Um detalhamento desse procedi-
não, é possível delimitar as Unidades Terri- mento pode ser encontrado na publicação
toriais de Planejamento para o PAN, onde se “Projeções de demanda para os aeropor-
concentrariam em média 84% da demanda tos brasileiros 2017-2037” (MTPA, 2017).
pelo transporte aéreo.
A Figura 10 demonstra as 772 (setecen-
Utilizaram-se as informações da publica- tos e setenta e duas) UTPs definidas para
ção do Instituto Brasileiro de Geografia e o PAN. Cada UTP possui um município
Estatística – IBGE, entitulado “Arranjos “sede”, que é o município indutor da inte-
populacionais e aglomerações urbanas” gração e não necessariamente onde está
(IBGE, 2015). O estudo avalia o território instalada a(s) infraestrutura(s) aeroportu-
nacional sobre a ótica de integração entre ária(s) da UTP. Uma relação contendo os
as cidades, em uma profundidade maior municípios que compõem cada UTP e a
que seu antecessor (Região de Influência identificação do município sede conside-
das Cidades - REGIC, 2007), consideran- rada é observada no Anexo II.
do aspectos socioeconômicos, culturais,
ambientais e comportamentais dos des- Os municípios não contemplados em ne-
locamentos para identificar as chamadas nhuma UTP são considerados no planeja-
“aglomerações urbanas” e os “arranjos mento do setor, porém, como a demanda
populacionais”. Considerando a conver- potencial proveniente desses é bem baixa,
gência do objetivo deste estudo do IBGE dentro de um cenário de 20 anos, não há
com a necessidade para delimitação das planejamento de municípios sede de aero-
UTPs, adotou-se o banco de dados do portos para essas regiões.
IBGE sobre aglomerações urbanas e ar-
ranjos populacionais como ponto de par- As UTPs podem ou não ser consideradas
tida para determinação das UTPs. em algum cenário de desenvolvimento
no planejamento aeroviário, ou seja, si-
Algumas complementações nos arranjos muladas como tendo uma infraestrutu-
populacionais e aglomerações urbanas fo- ra aeroportuária com operação de voos
ram realizadas com o objetivo de gerar as comerciais. Isso permite a composição e
UTPs que contemplassem todas as regi- avaliação de diferentes cenários de rede,
ões relevantes para o transporte interurba- de modo que são unidades territoriais para
no. Foram delimitadas UTPs para municí- o planejamento, onde dificilmente ter-se-ia
pios que fazem parte de regiões turísticas, um cenário considerando que cada uma
segundo o Programa de Regionalização delas atue com um aeroporto operante da
do Turismo (MTur, 2016), e áreas estraté- rede de transporte aéreo regular de passa-
gicas para a garantia da acessibilidade à geiros. Essa situação resultaria em inefici-
população, como municípios da Amazônia ência e custos insustentáveis para o setor.
68
FIGURA 10: UNIDADES TERRITORIAIS DE PLANEJAMENTO
UTPS CONSIDERADAS NO PAN
LEGENDA CAPÍTULO 3
ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA
UTPS COM VOOS REGULARES
69
Construção da matriz Origem / Destino
de ligações potenciais para a aviação civil
A rede atual é composta por 908 ligações Devido às divergências nas formas de
aéreas da aviação comercial entre 117 ae- apresentação dos dados de cada fonte,
roportos, como podemos observar na Fi- algumas estimativas foram necessárias:
gura 11. Para a realização dos estudos e
análises da expansão da rede de aeropor- • Estimativa do volume de passageiros no
tos, é essencial o conhecimento da matriz transporte rodoviário de passageiros (in-
Origem/Destino (Matriz O/D), seja ela real terestadual e intermunicipal): com base
ou estimada. nas frequências levantadas na pesquisa
do IBGE (2017) e nas quantidades mé-
Para o presente PAN, a Matriz O/D foi es- dias de passageiros por ônibus extraídas
timada com base em vários estudos na das bases da ANTT (2018). Importante
área de transporte. Primeiramente, para a ressaltar que o valor total da estimativa e
identificação dessas potenciais ligações, os percentuais por modo se aproximam
foi necessário o entendimento da rede de de outra realizada por Yamashita et al.
deslocamentos interurbanos de pessoas (2015), na ocasião, com outras bases de
no Brasil como um todo, independente- dados e método, o que traz certa valida-
mente do modo de transporte, ou seja, as de aos valores;
necessidades de deslocamento na ótica • Estimativa do volume de passageiros no
dos usuários entre as cidades e regiões transporte hidroviário: por meio do cru-
metropolitanas brasileiras. zamento de informações de volumes de
pessoas transportadas da pesquisa rea-
Para a identificação dessas demandas, foi lizada pela ANTAQ e UFPA (2014) com o
realizada a união de dados de diferentes levantamento de frequência de embar-
fontes, como SAC & EPL, (2015), DECEA cações do IBGE (2017);
(2016), ANAC (2018), IBGE (2017), ANTT • Estimativa do volume de pessoas por
(2018), ANTAQ (2018), ANTAQ e UFPA transporte particular em veículo leve
(2014), ABCR (2018) e DENATRAN (2017). (carro de passeio): baseando-se na pro-
porção de veículos leves por ônibus
Um trabalho de harmonização entre as di- observadas nas praças de pedágio das
ferentes bases de dados para correções rodovias concedidas (ABCR, 2018), ca-
dos volumes para os mesmos anos e para librando esse valor conforme a frota por
consolidação dos fluxos por par de UTP UF (DENATRAN, 2017), a disponibilidade
foi realizado, de modo que a matriz reflita de infraestrutura rodoviária (em km de
os fluxos entre UTPs, ou seja, os fluxos rodovia por km2 de área de cada municí-
interurbanos de pessoas no Brasil. pio da UF) e a distância da ligação entre
70
FIGURA 11: LIGAÇÕES INTERURBANAS CONTEMPLADAS PELA AVIAÇÃO COMERCIAL (2018)
LEGENDA CAPÍTULO 3
ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA
MUNICÍPIOS COM VOO REGULAR
71
UTPs, por meio de modelo gravitacional Os fluxos estimados por par O/D podem
com coeficientes de impedância regio- ser observados no mapa da Figura 12 e
nalizados conforme adotados em “Pro- seu detalhamento consta no Anexo III. A
jeções de demanda para os aeroportos partir do estudo destes fluxos, e utilizan-
brasileiros 2017-2037” (MTPA, 2017); do-se de dados referentes ao perfil padrão
dos usuários de transporte aéreo prove-
Estimativas de movimentação de passa- nientes da pesquisa SAC e EPL (2015),
geiros da aviação geral e um histórico de foi determinada uma demanda para cada
demanda de voos comerciais que já ope- ligação, assim como um percentual poten-
raram mas foram cancelados nos últimos cial de migração para o transporte aéreo
10 anos, de modo a retratar desejos de caso haja a oferta do serviço. Esse percen-
viagem que já foram contemplados pelo tual varia conforme as características so-
transporte aéreo. Essas estimativas e os cioeconômicas das populações das UTPs
dados da aviação comercial provenientes de origem e de destino e da distância da
da ANAC foram considerados para o volu- ligação, podendo representar de 3% a
me do transporte aéreo. 53% do volume total da ligação. Os dados
foram utilizados para as simulações de no-
O resultado foi uma matriz de desloca- vos aeroportos, atribuindo-se uma aerona-
mentos entre as UTPs com distribuição ve de referência para a operação, um Load
por modo de transporte conforme o qua- Factor médio do sistema de transporte
dro abaixo, considerando projeções con- aéreo e uma frequência de atendimento
servadoras. hipotética adequada para cada demanda,
72
FIGURA 12: LIGAÇÕES INTERURBANAS ENTRE UTPS PARA TODOS OS MODOS DE TRANSPORTE
CAPÍTULO 3
ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA
LEGENDA
73
convertendo assim os desejos de viagem cação geográfica de infraestruturas, o que
em projeções de movimentação de aero- gera custos operacionais e de manutenção
naves da aviação civil. elevados. Nesse sentido, surge a necessi-
dade de se estimar os custos e as receitas
Por meio deste estudo, foram identificadas aeroportuárias para que seja possível vis-
cerca de 4,6 mil ligações aéreas potenciais. lumbrar e, consequentemente, escolher as
Nesse universo, foram identificadas rotas opções que gerariam mais economicidade
para vários tipos de porte de aeronaves. para todo o sistema.
Observa-se que a grande maioria, pela es-
timativa de demanda e pela característica O Laboratório de Transportes e Logística
da rota (curta ou média distância), poderia da Universidade Federal de Santa Catarina
ser operada por aeronaves de até 30 pas- (LabTrans/UFSC), por meio de Acordo de
sageiros (85%, ou cerca de 4000 ligações) Cooperação com a Secretaria de Aviação
e outras têm potencial para operação de Civil da Presidência da República (SAC/
aeronaves de Categoria 3C ou superior PR), atual Ministério dos Transportes, Por-
(15%, ou cerca de 600 ligações). tos e Aviação Civil (MTPA), desenvolveu
um simulador capaz de realizar essa esti-
Este último grupo, por sua vez, possui um mativa. O simulador de custos e receitas
potencial para gerar um incremento na de- aeroportuárias considera toda a legislação
manda nacional da ordem de 8,9 milhões e arcabouço regulatório vigentes no senti-
de passageiros ao ano. No entanto, seriam do de contabilizar a operação aeroportu-
necessários investimentos públicos e pri- ária, cujo detalhamento e todos os parâ-
vados nas infraestruturas e nos serviços metros utilizados constam na publicação
envolvidos, bem como políticas públicas “Simulador de custos mínimos e receitas
com vista à redução dos custos e fomento aeroportuárias” (Labtrans e SAC, 2016).
do setor.
Por meio do simulador, foi possível estudar
os impactos da operação nos custos e re-
Desenvolvimento de modelos ceitas e, consequentemente, desenvolver
para estimativa de custos e modelos econométricos que considerem
receitas aeroportuárias os aspectos que impactam de maneira
mais significativa na rentabilidade opera-
Buscando a eficiência de toda a rede de cional. De modo geral, o porte da infraes-
transporte aéreo, é de suma importância trutura, em termos da área do Terminal de
o olhar estratégico para a sustentabilidade Passageiros (TPS) e categorias de aero-
financeira das infraestruturas aeroportuá- naves que recebe, assim como a deman-
rias. O investimento discriminado em ae- da, são os elementos que determinam em
roportos pode gerar excesso ou má alo- maior grau essa rentabilidade.
74
Dessa forma, foram desenvolvidos mode- somente em menos da metade dos aero-
los econométricos cuja variável indepen- portos atualmente com operações de voos
dente é a demanda projetada para o ae- comerciais.
roporto, para cada um
dos modelos padrão de
“ Aeroportos de médio a As ferramentas desen-
infraestruturas aeropor- pequeno porte tendem a quase volvidas foram utiliza-
tuárias considerados no sempre necessitar de subsídios das para estimar a ren-
PAN (conforme seção para cobertura dos custos tabilidade operacional
seguinte). O Anexo IV operacionais. Daí a importância dos aeroportos ope-
apresenta os modelos de alocação eficiente dos rantes na rede, assim
desenvolvidos para a investimentos. ” como para simular ope-
estimativa de rentabili- rações futuras de novas
dade operacional dos aeroportos (receitas infraestruturas, conforme as projeções de
operacionais subtraídas dos custos opera- demanda e as possibilidades de desenvol-
cionais). vimento dos aeroportos como relatado nas
CAPÍTULO 3
seções seguintes.
Da análise dos resultados do simulador
de custos e receitas operacionais, assim
como dos modelos econométricos desen- Definição de padrões de
CAPÍTULO 3
menor porte. Portanto, para esses casos,
Ressalta-se que todo o procedimento é foi desenvolvido um modelo econométri-
dinâmico, dado que qualquer alteração co baseado nos dados históricos de in-
na rede de aeroportos impacta na de- vestimentos dos aeroportos concedidos.
CAPÍTULO 3
Para os aeroportos concedidos foram to, conjuntamente com a sua projeção de
considerados como investimentos futu- demanda, é possível identificar a neces-
ros os previstos nos Planos de Gestão da sidade de investimentos ao longo do pe-
Infraestrutura – PGI acompanhados pela ríodo em análise, de 2018 a 2038, assim
CAPÍTULO 3
cessárias como variáveis zados no desenvolvimento
de entrada nos modelos de projeções de do PAN são citados e detalhados ao lon-
demanda, são provenientes do Boletim go desta publicação, quando necessária a
Focus (BCB, 2018), adotando-se as proje- sua explicação.
ME MPL
CO
TR EM
METRO-
OP EN
OL TA
ITA RE
PRIMÁRIO
NO S
S
METROPOLITANO
CAPITAL REGIONAL
CO
REGIONAIS PRIMÁRIOS (A)
MP
RE EME
GIO NT
L
NA ARE
L S
REGIONAIS SECUNDÁRIOS (B)
CAPÍTULO 3
atendidas com aeroportos
Primário ou de Capital
Complementar Primários. Voltados a co-
Regional A
nexões regionais, aviação
• Com operação da aviação
geral ou como aeroporto
comercial ou Aviação Geral
84
FIGURA 15: REDE DE REFERÊNCIA PARA DESENVOLVIMENTO DA AVIAÇÃO CIVIL E REDE
COMPLEMENTAR
CAPÍTULO 3
ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA
CLASSIFICAÇÃO Nº
METROPOLITANO PRIMÁRIO 16
METROPOLITANO DE CAPITAL REGIONAL 12
METROPOLITANO COMPLEMENTAR 22
REGIONAL PRIMÁRIO 84
REGIONAL SECUNDÁRIO 55
REGIONAL COMPLEMENTAR 508
85
Após a análise de concorrência, chega-se mesmo indicador, aeroportos que operem
a uma rede composta por 697 aeropor- aviação regular e aviação geral.
tos, cuja distribuição por classe consta no
mapa da Figura 15. Sobre a Unidade Aeronáutica de Aeropor-
tos, consiste no somatório de passageiros
O grupo de aeroportos Metropolitanos e processados (embarque e desembarque)
Regionais, excluindo os Complementares, com peso 1 e o número de movimentos
constitui a “Rede de Referência” para de- de aeronaves (pousos e decolagens) com
senvolvimento da aviação civil”, com re- peso 4. Assim, UAA=Pax+4xMov . Após
sultados detalhados no próximo Capítulo. normalização de todas as UAAs, cria-se a
UAA Referência – UAA% – para cada ae-
Os grupos de aeroportos Complementa- roporto.
res (Metropolitanos complementares e Re-
gionais complementares), constitui a rede Finalmente, ordena-se os aeroportos de
com foco na aviação geral e devem ser forma decrescente à sua UAA Referência
alvos de ações específicas por parte do e classifica-se os aeroportos conforme
poder público e privado, embasadas em “Ranking Aeronáutico” a seguir:
uma política para o desenvolvimento da
aviação geral. • Grande HUB (UAA% > 1%);
• Médio HUB (UAA% entre 0,25% e 1%);
No que tange à classificação dos aero- • Pequeno HUB (UAA% entre 0,05% e
portos por porte, utilizada para subsi- 0,25%);
diar as necessidades de infraestrutura • Local (UAA% abaixo de 0,05% com mo-
aeronáutica civil no PAN, dispôs-se de vimentação registrada pelo DECEA); e
metodologia análoga à categorização • Latente (UAA% para aeroportos sem
de aeroportos norte-americanos do Na- movimentação registrada pelo DECEA)
tional Plan of Integrated Airport Systems
(NPIAS)1, utilizando o conceito de Unidade Os resultados dessa classificação por por-
Aeronáutica de Aeroporto (UAA)2, que alia te nos aeroportos considerados no PAN
isonomia e universalidade aos aeropor- constam no Anexo XI. Este Ranking Aero-
tos nacionais, buscando agregar, em um náutico , esboçado na Figura 16, se torna
essencial para diretrizes de níveis mínimos
de segurança operacional desejáveis e,
1 https://www.faa.gov/airports/planning_capacity/ consequentemente, exigência de infraes-
passenger_allcargo_stats/categories/ trutura aeronáutica correspondente, como
2 A categorização dos aeroportos no NPIAS con- apresentado no Capítulo 5.
sidera apenas a movimentação de passageiros,
enquanto para o planejamento da navegação aé-
rea considerou-se também a movimentação de
aeronaves.
86
FIGURA 16: REDE DE REFERÊNCIA CLASSIFICADA POR PORTE
CAPÍTULO 3
ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDE AEROPORTUÁRIA
CLASSIFICAÇÃO Nº
GRANDE HUB 20
MÉDIO HUB 18
PEQUENO HUB 29
LOCAL 508
LATENTE 122
87
Como parte fundamental do PAN,
o presente capítulo apresenta
uma estimativa de necessidade
de investimentos em infraestrutura
aeroportuária e aeronáutica civil na
rede de aeroportos brasileira para
os próximos 20 anos, com vista a
atender os objetivos estratégicos
do setor, principalmente, quanto a
segurança, qualidade e facilitação,
acessibilidade, conectividade,
eficiência e desenvolvimento do
setor de transporte aéreo.
FOTO: INFRAERO
CAPÍTULO 4
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA
infraestrutura
Desenvolvimento da
infraestrutura aeroportuária civil
CAPÍTULO 4
civil, no qual maximiza os benefícios para sas ações, as vezes, são limitadas pela
os objetivos estratégicos do setor e mini- infraestrutura disponível e operacional
miza os custos. A Figura 17 apresenta a – homologada/certificada pela ANAC.
distribuição espacial dos 167 aeroportos Portanto, a operação das empresas aé-
89
FIGURA 17: REDE DE REFERÊNCIA PARA DESENVOLVIMENTO DA AVIAÇÃO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO Nº
METROPOLITANO PRIMÁRIO 16
METROPOLITANO DE CAPITAL REGIONAL 12
REGIONAL PRIMÁRIO 84
REGIONAL SECUNDÁRIO 55
90
planejamento aeroportuário, bem como Restrições ambientais e inviabilidade: Al-
no uso do solo no entorno. guns aeroportos podem apresentar res-
• Custos das obras: Os custos das obras trições para seu desenvolvimento, como
podem apresentar varia- aqueles inseridos em áre-
ções significativas entre
“ O PAN apresenta a as de proteção ambiental.
a estimativa inicial traça- “Rede de Referência” Em outros casos, os cus-
da no presente PAN, os como visão de futuro, tos totais envolvidos, com
Estudos de Viabilidade mas também trabalha as obras, compensações
Técnica, os Estudos Pre- com cenários de ambientais e desapropria-
liminares, os Anteproje- desenvolvimento ções, somam um montante
tos, Projetos Básicos e considerando algumas que pode indicar inviabili-
Executivos. Portanto, no informações preliminares dade perante os benefícios
processo de decisão de de restrições ou projetados para aquela in-
investimento numa de- inviabilidade ambiental.
” fraestrutura, levando, as-
terminada infraestrutura sim, à necessidade de es-
aeroportuária haverá a necessidade de tudar novas alternativas para a região.
mais estudos e levantamentos de infor-
mações locais. Por estas razões, o PAN apresenta a
• Desapropriações: Muitos projetos de- “Rede de Referência” como visão de futu-
CAPÍTULO 4
mandam expansão das aéreas patri- ro, mas também trabalha com cenários de
moniais dos sítios aeroportuários, prin- desenvolvimento considerando algumas
cipalmente, para atender aos requisitos informações preliminares de restrições ou
91
Cenário 0 Além dessas considerações, foram acres-
Uma alternativa sempre utilizada em ava- centadas à rede um conjunto de 15 aero-
liações de cenários é o “nada a fazer”. O portos que estão com investimentos em
Cenário 0 (zero), além de representar as andamento pelo MTPA em parceria com
atuais condições de atendimento da rede os Estados e Municípios, bem como ae-
de aeroportos operantes de voos comer- roportos que estão em vias de início de
ciais, possibilita projetar o comportamento operações das empresas aéreas com voos
futuro da demanda em uma hipótese de comerciais.
ausência de investimentos para viabilizar
novas infraestruturas aeroportuárias. Como consequência dessa reconfigura-
ção espacial da rede de aeroportos, uma
Este cenário, apresentado na Figura 18, nova avaliação da rede foi realizada, de
possui 117 aeroportos com oferta de modo que, com os mesmos critérios, fo-
voos comerciais e é utilizado como base ram selecionadas novas alternativas de
para comparação das demais propostas atendimento para as regiões com restri-
do PAN. ções, bem como, foram excluídas loca-
lidades em vista do atendimento dessas
Cenário de desenvolvimento 2 regiões com a inclusão de outros aero-
Tendo em vista os fatores apresentados portos. Como resultado, o Cenário de
anteriormente, foi elaborado o Cenário de Desenvolvimento 2 apresenta 164 ae-
Desenvolvimento 2, com base na “Rede roportos, conforme a Figura 19, a lista
de Referência”. completa consta no Anexo X.
92
de decisões de outras esferas administra- Em relação à acessibilidade para a popu-
tivas ou privadas. lação brasileira, chegou-se aos resultados
dos indicadores para cada Cenário (Figura
Para uma comparação entre os cenários, 20). Observa-se que a população da Ama-
será apresentado os resultados obtidos zônia Legal tende a ser mais beneficiada
em relação aos indicadores dos objetivos em uma rede de aeroportos próxima à
estratégicos: acessibilidade, conectivida- “Rede de Referência”, com a disponibi-
de, eficiência e desenvolvimento do setor lidade de acesso a mais 2,2 milhões de
de transporte aéreo. pessoas residentes em seus municípios.
CAPÍTULO 4
COBERTURA TURÍSTICA
93
FIGURA 18: CENÁRIO ATUAL DE ATENDIMENTO DA REDE DE AEROPORTOS BRASILEIRA
CENÁRIO 0
CLASSIFICAÇÃO Nº
METROPOLITANO PRIMÁRIO 16
METROPOLITANO DE CAPITAL REGIONAL 12
REGIONAL PRIMÁRIO 62
REGIONAL SECUNDÁRIO 27
94
FIGURA 19: CENÁRIO DE DESENVOLVIMENTO 2 DA REDE DE AEROPORTOS BRASILEIRA
CENÁRIO DE DESENVOLVIMENTO 2
CLASSIFICAÇÃO Nº CAPÍTULO 4
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA
METROPOLITANO PRIMÁRIO 16
METROPOLITANO DE CAPITAL REGIONAL 12
REGIONAL PRIMÁRIO 72
REGIONAL SECUNDÁRIO 64
95
Destaca-se que o Cenário de desenvolvi- A eficiência da rede de deslocamentos
mento 2 projeta maiores valores de aces- interurbanos pode ser medida pelo tempo
sibilidade para a cobertura de regiões de viagem, pois possui correlação direta
(UTPs) turísticas e para a oferta de acesso com custo. Portanto, o custo logístico de
à população em geral, devido ao maior nú- transporte diminui quando a rede de ae-
mero de aeroportos nesta hipótese. roportos permite pontos de acesso que
minimiza os tempos totais (intermodal) de
Em relação à conectividade esperada deslocamento.
para a rede, o acréscimo de aeroportos
potencializa rotas que no cenário atu- Nesse sentido, o indicador demonstra-
al são atendidas por outros modos de do nos mapas da Figura 22 apresenta os
transporte. resultados dos tempos médios de deslo-
camento de cada município para os aero-
Considerando a segurança, economicida- portos que o atendem. Observa-se que,
de e rapidez possibilitadas pelo transporte em comparação com o Cenário 0, a “Rede
aéreo, projetam-se ganhos de até 73% no de Referência” e o Cenário de Desenvol-
número de conexões comerciais ofertadas vimento 2 apresentam, visivelmente, uma
pelo transporte aéreo no Cenário de desen- redução dos tempos de viagem até os ae-
volvimento com um maior número de aero- roportos, sobretudo nos municípios das
portos (Cenário de desenvolvimento 2). Regiões Norte e Nordeste, como reflexo
da implantação de novos aeroportos re-
O valor retrata um potencial máximo, con- gionais.
siderando inclusive a operação por aero-
naves de menor porte (categorias inferio- Em termo de desenvolvimento do setor
res a 3C) e sua materialização depende de transporte aéreo, a Figura 23 apresen-
bastante das estratégias empresariais das ta uma estimativa do potencial de acrésci-
companhias aéreas e do aperfeiçoamento mo da receita para as companhias aérea
do ambiente regulatório do setor. para os cenários.
96
FIGURA 22: TEMPOS MÉDIOS DE DESLOCAMENTO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS PARA OS
AEROPORTOS, POR CENÁRIO
CENÁRIO
ATUAL
TEMPO EM HORAS
0,0 - 1,4
1,5 - 2,4
2,5 - 5,4
5,5 - 11,4
+11,5
CENÁRIO DE CENÁRIO DE
REFERÊNCIA DESENVOLVIMENTO 2
CAPÍTULO 4
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA
A demanda por transporte aéreo no Brasil é Para viabilizar os ganhos projetados na
atendida, em grande parte, pela atual ofer- “Rede de Referência” e no Cenário de
ta de serviços dos aeroportos nas grandes desenvolvimento 2, é necessário que
aglomerações urbanas. Porém, projeta-se haja investimento na infraestrutura aero-
uma demanda reprimida na “Rede de Re- portuária, para garantir que as demandas
ferência” de até 3,6 milhões de passagei- sejam atendidas com o nível de serviço
ros ao ano com os investimentos e a oferta adequado e para manter os padrões de
de novas rotas nos aeroportos regionais segurança operacional conforme a regu-
da referida rede. lação vigente.
97
FIGURA 23: INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO DO SETOR DE TRANSPORTE AÉREO
POR CENÁRIO
ADICIONAL NA DEMANDA
98
FIGURA 24: INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS EM 20 ANOS
POR CENÁRIO
CAPÍTULO 4
FNAC (OUTROS) R$ 5,61 Bi R$ 7,04 Bi R$ 7,35 Bi
99
FIGURA 25: CAPACIDADES DE PISTA NO CENÁRIO 0 E NA REDE DE REFERÊNCIA
CENÁRIO CENÁRIO DE
ATUAL REFERÊNCIA
CENÁRIO CENÁRIO DE
ATUAL REFERÊNCIA
CENÁRIO CENÁRIO DE
ATUAL REFERÊNCIA
CENÁRIO CENÁRIO DE
ATUAL REFERÊNCIA
CAPÍTULO 4
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA
CAPACIDADE DE TPS CAPACIDADE DE TPS
EM 2028 EM 2028
CENÁRIO CENÁRIO DE
ATUAL REFERÊNCIA
CAPÍTULO 4
ou previstos possuem relevância conside-
rável para os objetivos do setor, expresso
por meio dos resultados dos indicadores
em relação aos demais. Isso justifica o
CENÁRIO DE
DESENVOLVIMENTO 2 Nesse sentido, a recomendação deste Pla-
no é que o grupo de 28 aeroportos regio-
nais sem oferta de voos comerciais que
constam em ambos os cenários simulados
sejam alvos prioritários dos investimentos
dentro dos respectivos grupos de impor-
tância para os objetivos do setor. Os mu-
nicípios onde se situam a indicação de tais
aeroportos estão listados na Figura 28, na
55 RENTÁVEIS
interseção de todos os cenários estudados
109 SUBSIDIADOS
no PAN.
103
FIGURA 28: MUNICÍPIOS DE LOCALIZAÇÃO DOS AEROPORTOS SEM OFERTA DE VOOS
COMERCIAIS POR CENÁRIO
REFERÊNCIA
CENÁRIO 2
IGUAPE-SP
ALMEIRIM-PA
EM COMUM PATOS-PB
BOM JESUS-PI LINHARES-ES
PICOS-PI TUCURUÍ-PA
CONFRESA-MT SÃO BORJA-RS
JUÍNA-MT TARAUACÁ-AC
SERRANOS-MG UMUARAMA-PR
BREVES-PA MANICORÉ-AM
COSTA RICA-MS GUARAPUAVA-PR
MAUÉS-AM JACAREACANGA-PA
XIQUE-XIQUE-BA PARAGOMINAS-PA
SALINAS-MG NOVO PROGRESSO-PA
COSTA MARQUES-RO BARREIRINHAS-MA
PORANGATU-GO GUAJARÁ-MIRIM-RO
BONFINÓPOLIS DE MINAS-MG NOVA OLINDA DO NORTE-AM
TANGARÁ DA SERRA-MT BOM JESUS DA LAPA-BA
GOVERNADOR NUNES FREIRE-MA ANGRA DOS REIS-RJ
SÃO FÉLIX DO XINGU-PA SANTO ANTÔNIO DO IÇÁ-AM
SÃO RAIMUNDO NONATO-PI ARIQUEMES-RO
BARRA DO CORDA-MA PRIMAVERA DO LESTE-MT
URBANO SANTOS-MA ITAPERUNA-RJ
DIAMANTINA-MG VÁRZEA DA PALMA-MG
JEQUITINHONHA-MG CAÇADOR-SC
SOBRAL-CE SANTA VITÓRIA-MG
MONTALVÂNIA-MG REGISTRO-SP
BALSAS-MA REDENÇÃO-PA
NOVA VENÉCIA-ES GUARUJÁ-SP
IGUATU-CE CAPELINHA-MG
TOMÉ-AÇU-PA UBATUBA-SP
JAÍBA-MG ITAPEVA-SP
CORDEIRO-RJ ZÉ DOCA-MA
ILHABELA-SP ARACATI-CE
BURITIS-RO RESENDE-RJ
ANORI-AM SOUSA-PB
BORBA-AM 28
PARATY-RJ
22 19
INVESTIMENTO NECESSÁRIO
CAPÍTULO 4
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA
aéreo. Porém, cabe um olhar mais detalha- o ano de 2018 com mais de 72 milhões de
do nos aeroportos que atendem a região passageiros (embarque e desembarque).
metropolitana de São Paulo, visto que a
região, como principal centro econômico e Os três aeroportos atendem a uma região
de negócios do país, é também a principal formada por 291 municípios, e suas áre-
origem e destino das viagens por transpor- as de captação ultrapassam as divisas
te aéreo domésticas e internacionais. dos estados ofertando os serviços aéreos
a 17% da população brasileira localizada
Os três aeroportos de São Paulo que atu- nessa área, como podemos observar na
almente ofertam voos regulares - Aeropor- Figura 29.
to de Congonhas (SBSP), Aeroporto Inter-
nacional de São Paulo/Guarulhos (SBGR) As projeções de demanda realizadas no
e Viracopos em Campinas (SBKP) - con- PAN indicam que a magnitude do trans-
centram atualmente 36% da demanda por porte aéreo na região tende a crescer ain-
transporte aéreo nacional e devem finalizar da mais nos próximos anos. A demanda
105
potencial na região deve ultrapassar 180 portuários, transformados em Annual Ser-
milhões de passageiros ao ano em 2038, vice Volume – ASV.
ou seja, o equivalente ao número de pas-
sageiros processados nos aeroportos de Estima-se que os aeroportos de Guarulhos
todo Brasil no ano de 2011, ou 89% da e Congonhas atinjam suas capacidades de
demanda observada em 2017. movimento de aeronaves nos sistemas de
pistas de pousos e decolagens em 2022 e
Dada a relevância deste hub doméstico e 2020, respectivamente, e que o aeropor-
internacional, é essencial uma análise da to Viracopos tenha capacidade suficiente
capacidade aeroportuária perante a de- para absorver a demanda nos moldes da
manda crescente nesta região de São Pau- distribuição de voos atual, considerando
lo. Nesse contexto, avaliou-se o impacto ainda o investimento para a implantação
da demanda nas capacidades de pistas da segunda pista em 2026.
de pousos e decolagens e de Terminal de
Passageiros (TPS), buscando identificar Porém, é razoável considerar que em si-
as situações que demandem intervenções tuação de saturação dos aeroportos loca-
adicionais, simular cenários para avaliar lizados mais próximos aos centros gera-
possíveis impactos na região e buscar so- dores de demanda (SBGR e SBSP), haja
luções para problemas de capacidade. transferência de voos para o aeroporto
de Campinas, para o atendimento da de-
Considerando o exposto, adotou-se ini- manda da região de São Paulo por parte
cialmente uma projeção de demanda ba- das empresas aéreas. Considerando essa
seada na atual distribuição de voos entre distribuição de voos de maneira mais ho-
os três aeroportos e os investimentos pre- mogênea entre os três aeroportos, optou-
vistos no Cenário 0, ou seja, somente os -se por avaliar a capacidade agregada dos
investimentos estabelecidos nos contratos três aeroportos em função da demanda
das Concessões Aeroportuárias (SBGR e potencial para toda a região de São Paulo.
SBKP). Esta seria uma representação de O resultado pode ser observado no gráfico
como se comportaria a infraestrutura se da Figura 31.
nenhuma intervenção for realizada além
das já compactuadas, mas com o cresci- Observa-se que no caso da transferência
mento da demanda para o horizonte futuro. de voos para Viracopos, a capacidade dos
Temos então os resultados dos Gráficos a três aeroportos somadas não seria sufi-
seguir para as capacidades de pistas de ciente para absorver a demanda a partir de
pousos e decolagens de cada aeroporto, 2022, incialmente, mesmo com a segunda
considerando valores estabelecidos pelo pista em Viracopos a partir de 2027. O que
DECEA e declarados pelos Gestores aero- leva à necessidade de avaliarmos alterna-
106
FIGURA 30: CAPACIDADES DE PISTA E RESPECTIVAS DEMANDAS DOS TRÊS
AEROPORTOS DE SÃO PAULO
600
SBGR
GUARULHOS
400
200
SBSP
CONGONHAS
400
CAPÍTULO 4
200
SBKP
CAMPINAS
400
200
107
FIGURA 31: ANÁLISE DAS DEMANDAS E CAPACIDADES DE PISTA AGREGADAS DOS
AEROPORTOS DE SÃO PAULO
1.200
800
400
108
da futura, a migração de voos da avia- Guarulhos (SBGR) ou a construção de
ção geral para outros aeroportos, como um novo aeroporto na região de São
Campo de Marte (SBMT), Jundiaí (SBJD) Paulo são propostas que envolvem altos
e o aeródromo estadual de Campinas/ custos, principalmente, com desapropria-
Amarias (SDAM). Essas infraestruturas ções. No entanto, os estudos realizados
possuem capacidade para absorver as de- neste PAN indicam que, caso não sejam
mandas adicionais da Aviação Geral em si- adotadas, será necessário uma série de
tuações de saturação dos movimentos de medidas operacionais que aumentem a
aeronaves nas pistas de pousos e decola- capacidade dos sistemas de pistas de
gens para os aeroportos com operação de pousos e decolagens em 25% em Gua-
voos comerciais. rulhos (SBGR), ou seja, uma operação que
permita uma ampliação de 60 para, no mí-
Ainda, destaca-se que o Aeroporto de Vi- nimo 75 movimentos de pousos ou deco-
racopos (SBKP) possuía em seu EVETEA lagens na hora pico.
inicial a previsão de um sistema de pis-
tas formado por quatro pistas de pousos Outra opção estudada para aumentar
e decolagens. Apesar de não constarem o aproveitamento da infraestrutura é a
no escopo de projetos de curto prazo da migração de voos de conexão desses
Concessão vigente, a terceira e quarta pis- aeroportos para outros. Embora haja
CAPÍTULO 4
tas do aeroporto continuam sendo opções um aproveitamento de parte da deman-
para atender a demanda futura da região da com origem e destino em São Paulo
de São Paulo. com a demanda de conexões, entende-
1.200
800
400
mente nos cenários com a união da maior demanda, teríamos também necessidades
parte das soluções aqui elencadas, é pos- de ampliação dos Terminais de Passagei-
sível obter uma capacidade aeroportuária ros (TPS).
suficiente para absorver a demanda, como
podemos observar na Figura 32. Isso im- De forma análoga à análise realizada para
plicaria na necessidade de investimentos o sistema de pistas de pousos e decola-
em infraestrutura aeroportuária (lado ar) da gens, temos que a capacidade agregada
ordem de R$ 1,3 bilhão em novas pistas de TPS dos três aeroportos não seria sufi-
de pousos e decolagens em Viracopos, ciente para atender a demanda a partir do
Guarulhos ou num novo aeroporto, sem ano de 2024, quando a demanda projetada
considerar os custos com aquisição patri- superaria os 92 milhões de passageiros –
monial, desapropriações e terraplanagens, atual capacidade declarada agregada dos
além dos investimentos previstos para a aeroportos – conforme Figura 33.
segunda pista em Viracopos.
Para que seja possível atender a deman-
Em um cenário onde a capacidade de mo- da projetada, soluções operacionais como
vimentos de aeronaves para a região de a transferência de conexões para outros
São Paulo seja suficiente para atender a aeroportos possuem baixo impacto. É ne-
110
FIGURA 33: ANÁLISE DAS DEMANDAS E CAPACIDADES DE TPS AGREGADAS DOS
AEROPORTOS DE SÃO PAULO
180.000
120.000
60.000
CAPÍTULO 4
cessário que haja o investimento na am- estratégias com melhores impactos para a
pliação das infraestruturas existentes ou população atendida e para o setor.
112
Dessa forma, o papel da navegação aérea • Aumentar a segurança operacional em
no Plano Aeroviário Nacional – PAN é apri- solo e no ar;
morar o nível de segurança da aviação civil • Aperfeiçoar a infraestrutura aeronáutica
brasileira com auxílios e informações aos civil com critérios técnico-operacionais;
aeronavegantes, baseado em diretrizes • Racionalizar gargalos operacionais e fi-
que busquem garantir um transporte mais nanceiros;
seguro e eficiente aos usuários do sistema
e à sociedade como um todo que se be- As diretrizes emitidas pela ICAO (Interna-
neficia, mesmo que de forma indireta, do tional Civil Aviation Organization) para o
transporte aéreo. Para tanto, as principais desenvolvimento da aviação civil global
ações voltadas à navegação aérea são: estão ancoradas em objetivos estratégi-
cos3, dos quais destacam-se:
• Buscar o constante aperfeiçoamento da
infraestrutura aeronáutica civil a fim de • Capacidade e eficiência: aumentar a
melhorar as condições de segurança; e capacidade e melhorar a eficiência do
• Estabelecer indicadores internacional- sistema global de aviação civil, focado
mente consolidados que acompanhem principalmente em melhorar a infraes-
a evolução histórica da aviação e crie trutura aeronáutica civil e desenvolver
grau de comparabilidade com outros novos procedimentos para otimizar o
CAPÍTULO 4
países. desempenho do sistema de aviação.
• Segurança operacional: perseguir o
Trata-se, portanto, de um cenário desejá- aprimoramento global da segurança
113
PAN. Portanto, o plano de desenvolvimen- que aqueles com maior maturidade opera-
to da infraestrutura aeronáutica nacional cional expõem uma maior quantidade de
deve estar alinhado a essas diretrizes. Em passageiros e tripulantes a riscos e, por-
adição, dentre os principais princípios para tanto, devem ser tratados com maior se-
políticas de navegação aérea emanados veridade. Por isso, adotou-se como base
pela Organização Inter- para dimensionamento
nacional de Aviação Civil da infraestrutura aero-
(ICAO) no Global Air Navi- “ Tão importante quanto o
náutica civil requerida a
diagnóstico da infraestrutura
gation Plan 2016, encon- classificação por porte
aeronáutica brasileira atual, é
tra-se a segurança opera- de aeroportos, conforme
planejar e investir em bases
cional (Aviation safety is exposto no Capítulo 3 e
coerentes e objetivas, que
the highest priority ).
4
com resultados no Anexo
permitam a não discriminação
XI, que consolidam um
dos aeroportos nacionais
Nesse contexto, tão im- “Ranking Aeronáutico”
para fins de provisão de
portante quanto o diag- para o PAN. De forma
nóstico da infraestrutura
segurança operacional. ” complementar ao porte
aeronáutica brasileira do aeroporto, previu-se
atual, é planejar e investir em bases co- critérios por meio dos quais determinados
erentes e objetivas, que permitam a não indicadores alertarão grau de exposição a
discriminação dos aeroportos nacionais risco excepcional, tornando desejáveis ní-
para fins de provisão de segurança opera- veis de segurança mais severos em alguns
cional. Traduz-se tal objetivo na aplicação casos, dentre eles:
racional dos recursos públicos para a mo-
dernização da infraestrutura aeronáutica • Meteorologia adversa – Indicadores
civil, provendo os aeroportos, numa escala de condições meteorológicas adversas
gradativa de severidade e de exposição que afete ao menos 1% das operações
ao risco, de equipamentos que permitam regulares de pouso ou decolagem, se-
a aplicação de procedimentos cada vez gundo as fontes regulamentares ofi-
mais precisos, bem como de informações ciais de informação, no período de um
aeronáuticas adequadas. ano civil. Pretende-se, para o cálculo
deste indicador a partir de 2019, incluir
Entende-se, dessa forma, que a escala de as informações de condições meteo-
infraestrutura aeronáutica civil disponível rológicas adversas, segundo METAR5,
em um aeroporto deve acompanhar o seu que afetem ao menos 0,5% do perí-
grau de maturidade operacional, uma vez odo operacional do aeroporto, adi-
4 ICAO. Global Air Navigation Plan (2016-2030). 5 Meteorological Aerodrome Report: informe me-
DOC. 9750-AN/963 Fifth Edition – 2016. teorológico regular de aeródromo.
114
QUADRO 6: OPERAÇÃO DESEJADA CONFORME A CLASSIFICAÇÃO
CAPÍTULO 4
segundo fonte oficial do provedor de vimentos regulares – Aeroportos não
informação meteorológica, no mesmo classificados como grande, médio ou
período relativo. pequeno hub, mas que estejam em fase
116
ções aos operadores aeroportuários, aos alcançando cada vez mais localidades e
provedores de serviços de navegação incorporando as modernas tecnologias
aérea (ANSP) ou aos operadores aéreos que propiciem maior segurança à comuni-
que desejam investir em equipamentos dade aeronáutica.
e tecnologias que os permitam oferecer
aos aeronavegantes níveis se segurança Revela-se igualmente importante o imple-
operacional além daqueles recomenda- mento de indicadores internacionalmente
dos ao respectivo ranking aeronáutico do consolidados e comparáveis para que se
aeroporto. acompanhe grau de evolução da navega-
ção aérea no Brasil, em especial, indica-
Portanto, objetiva-se criar um mecanismo dores7 sugeridos pela Organização Inter-
natural de crescimento e sustentabilidade nacional de Aviação Civil (ICAO) no Global
da infraestrutura aeronáutica no Brasil, de Air Navigation Plan 2016 para critérios
forma que quanto maior for a probabilida- como safety, emissões de gases nocivos
de do aeroporto de exposição ao risco do ao meio ambiente, custo-benefício e capa-
ponto de vista de movimentação de aero- cidade.
naves e passageiros, mais severas as re-
comendações de equipamentos e tecno- Finalmente, para o implemento da políti-
logias para prover informações precisas e ca proposta, é indispensável a discussão
CAPÍTULO 4
apoiar as operações aéreas. com a comunidade aeronáutica quanto
aos ganhos previstos e discussões entre
Sugere-se, também, a revisão periódica o DECEA e operadores aeroportuários en-
7 ICAO. Global Air Navigation Plan (2016-2030). DOC. 9750-AN/963 Fifth Edition – 2016. p.25.
https://www.icao.int/airnavigation/Documents/GANP-Potential_Performance_Indicators.pdf
117
O Fundo Nacional de Aviação
Civil - FNAC, fundo de
natureza contábil e financeira,
foi constituído em 2011 com
o objetivo de concentrar
recursos destinados ao
desenvolvimento e ao fomento
do setor de aviação civil e das
infraestruturas aeroportuária e
da aeronáutica civil.
FOTO: KIWIHUG
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 5
FIGURA 34: RECEITA ARRECADADA NO FNAC DE 2012 A 2017
EM BILHÕES DE REAIS
9,70 Bi
10
6
3,95 Bi
4 2,70 Bi
2,59 Bi
2 1,21 Bi
2,79 Bi
119
FIGURA 35: RECEITA ARRECADADA NO leão/RJ, Confins/MG, Fortaleza, Salvador,
FNAC POR TIPO DE FONTE Porto Alegre e Florianópolis). Observa-se
que o pagamento das contribuições ao
10% sistema, por meio de outorga fixa e vari-
APLICAÇÕES
FINANCEIRAS ável, por parte dos concessionários repre-
11% sentou aproximadamente 60% (Figura 35)
PARCELA TEI
dos recursos arrecadados pelo Fundo en-
tre os anos de 2012 a 2017.
No intuito de ampliar e fortalecer a intera- Ressalta-se que o Ataero foi extinto em ja-
ção entre o Estado e a iniciativa privada neiro de 2017 e que, a fim de manter equilí-
para a viabilização de uma infraestrutura brio econômico e financeiro dos contratos
moderna, ágil e competitiva, foram conce- das concessões realizadas até 2016, esse
didos dez grandes aeroportos entre 2011 e adicional foi substituído por uma contri-
2017 (São Gonçalo do Amarante/RN, Bra- buição mensal, recolhida na forma de ou-
sília/DF, Guarulhos/SP, Viracopos/SP, Ga- torga. Tanto os recursos provenientes do
10
8,05 Bi
8
4
1,88 Bi 1,23 Bi
2 0,86 Bi
0,49 Bi 0,38 Bi
120
extinto Ataero como da Parcela da TEI são Desenvolvimento e Gestão - MP e pelo
derivados das tarifas cobradas pelos Ope- Ministério da Fazenda – MF, respectiva-
radores Aeroportuários. mente.
10
CAPÍTULO 5
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Observa-se que os investimentos (despe- Observa-se que a maior parte das des-
sas empenhadas) foram em torno de 99% pesas empenhadas está relacionada ao
dos limites de empenho concedidos ao Aporte de Capital à Infraero visando a par-
FNAC. A Figura 38 apresenta a distribui- ticipação da empresa nas Sociedades de
ção dos investimentos (despesas empe- Propósito Específico (SPE) dos aeroportos
nhadas) realizados, no período de 2012 a concedidos de Brasília, Campinas, Gua-
2017, por destinação. rulhos, Galeão e Confins. Depois vem os
121
FIGURA 38: DESPESAS EMPRENHADAS NO Juazeiro do Norte e Campina Grande), do
FNAC POR DESTINAÇÃO Bloco 3 (Aeroportos de Alta Floresta, Cuia-
EM BILHÕES DE REAIS
bá, Rondonópolis e Sinop) e do Bloco 4
(Aeroportos de Vitória e Macaé). Adicional-
mente, foram utilizadas as taxas de cresci-
4,65 Bi mento do PIB, de passageiros, de cargas
INFRAERO
e de aeronaves do PAN, bem como as pro-
jeções contidas no site do Banco Central
do Brasil (BCB, 2018), para a Selic, para o
3,85 Bi IPCA e para a cotação do dólar. A memória
APORTE SPEs de cálculo da projeção do FNAC realizada
consta no Anexo XII desta publicação.
1,28 Bi
AEROPORTOS
0,24 Bi REGIONAIS Dessa forma, estima-se uma arrecadação
CAPACITAÇÃO /
PLANEJAMENTO / de recursos do FNAC no valor em torno de
GESTÃO
FONTE: TESOURO GERENCIA
R$ 143,6 bilhões e uma necessidade de
recursos para investimentos em infraes-
trutura no setor, segundo as metodologias
investimentos em infraestrutura, aquisição apresentadas neste PAN, no valor total de
de equipamentos e à modernização das R$ 18,5 bilhões (13% da arrecadação)
instalações dos aeroportos administrados para os próximos 20 anos. Para os valo-
pela Infraero. res de investimentos estão previstos R$
16 bilhões em infraestrutura aeroportuária,
Dentre as principais estratégias apontadas R$ 1,50 bilhão em infraestrutura aeronáu-
no PAN, destaca-se a necessidade de in- tica civil e R$ 896 milhões para correções
vestimentos em infraestrutura aeroportuá- e adequações de não conformidades re-
ria e aeronáutica civil para atender a de- lacionadas à segurança operacional nos
manda conforme os cenários simulados. aeroportos.
Para possibilitar a análise da necessidade
de investimentos em relação aos recursos Para a projeção da necessidade desses
do FNAC, foi estimado a arrecadação dos recursos do FNAC por ano, para o período
recursos do fundo para os próximos 20 de 20 anos, foi utilizado a seguinte meto-
anos. dologia: priorização dos investimentos por
grupos de aeroportos segundo a classifi-
A projeção dos recursos considerou os cação da rede, ou seja, Metropolitanos Pri-
atuais aeroportos concedidos e as con- mários, Metropolitanos de Capital Regio-
cessões a realizar do Bloco 2 (Aeroportos nal, Regionais A e, depois, Regionais B do
de Recife, Maceió, Aracajú, João Pessoa, Cenário de desenvolvimento 2 (Figura 39).
122
FIGURA 39: HISTÓRICO E PROJEÇÕES DE RECEITAS E DE DESEMBOLSOS NO FNAC
EM BILHÕES DE REAIS
12
10
RECEITA RECEITA
HISTÓRICO DE APORTE INVESTIMENTOS SEM NOVAS LIMITE DE
INVESTIMENTOS SPEs PREVISTOS NO PAN COM CONCESSÕES EMPENHO
CONCESSÕES EM 2032
CAPÍTULO 5
lizar os desembolsos estimados, deve-se com recursos do FNAC, está disposto no
atentar para a regra de definição dos limi- Quadro 7.
123
O modo de transporte aéreo
possui características que o
tornam a melhor opção de
transporte em longas distâncias
para determinados tipos de
carga, principalmente, as de
alto valor agregado, em vista da
rapidez, da confiabilidade e da
segurança contra atos ilícitos.
CAPÍTULO 6
O alto custo faz com que os preços dos (bens), encaixando-se nessa classificação
produtos brasileiros sejam menos compe- materiais que, em sua maioria, têm volu-
titivos no mercado exterior. Da mesma for- mes e dimensões superiores aos outros
ma, contribui para o afastamento de inves- supracitados.
timentos estrangeiros que preferem optar
por outros países para descentralizar sua Observa-se a relevância na utilização do
produção. transporte aéreo em itens como produtos
eletrônicos e artigos de moda, ou seja, pro-
Adequar o tipo de carga com o modo de dutos sensíveis a desvalorizações tecnoló-
transporte é fator singular para o sucesso gicas e de tendências. Do mesmo modo,
de toda a infraestrutura de transporte. Por a reestruturação das cadeias logísticas,
isso, é importante a etapa de estudos e visando atender o rápido crescimento da
125
indústria de e-commerce, oferece novas de 4,9% em relação ao volume movimen-
áreas e oportunidades para a atuação e tado em 2015 (ANAC, 2017), em um mon-
expansão do mercado de carga aérea, tante que havia decrescido 8,9% de 2014
como apontam análises da Boeing (2016). para 2015.
2.000
1.600
1.200
800
400
126
(MTPA, 2017), o transporte de carga aérea complexidade tecnológica). Entende-se
doméstica crescerá em média 3,2% a.a, e que a demanda por esse tipo de produto
a carga aérea internacional em média de possui um menor dinamismo frente aos
2,1% , no período de 2018 a 2038 , con- produtos de maior conteúdo tecnológico
forme Figura 40. (predominantes nas importações), o que
acarreta menor volume demandado por
Segundo a referida publicação, em 2016, o transporte aéreo.
Brasil transacionou cerca de 583 mil tone-
ladas de cargas aéreas com outros países. Em vista da relevância econômica do
Desse total, 321 mil toneladas foram im- transporte de carga aérea (doméstica e
portadas e 262 mil foram enviadas a outras internacional) no país, projetos voltados
CAPÍTULO 6
volume reduzido de carga aérea enviada do MTPA com a Universidade federal de
a outros países encontra-se nas caracte- Santa Catarina – UFSC, para que o PAN
rísticas dos produtos enviados, ou seja, a possa traçar cenários de desenvolvimento
pauta exportadora brasileira, por via aérea, e investimentos em infraestrutura para o
tem em mais da metade de sua composi- transporte de carga aérea.
ção de produtos perecíveis e outros pro-
dutos industrializados (itens como tecidos,
calçados, peças e equipamentos de baixa
127
Com o avanço do
desenvolvimento de drones
(veículos aéreos não tripulados),
o mercado de empresas
voltadas à fabricação de
soluções de transporte aéreo
vem-se desenvolvendo
significativamente pelo mundo.
A AVIAÇÃO DO
futuro
Há um nítido crescimento de pesquisas e os entre aglomerações urbanas próximas.
protótipos de aeronaves de pequeno porte Porém, há estudos que projetam seus usos
com capacidade de transporte de pesso- como alternativas de transporte em médias
as em curtas e médias distâncias, predo- distâncias (Sun at al. 2018) e, consequen-
minantemente com propulsões elétricas temente, o desenvolvimento tecnológico
e aeronaves de pequeno porte que não tende a aperfeiçoar o alcance das aerona-
demandam grandes infraestruturas para ves, caso dos modelos híbridos - elétrico e
pousos e decolagens (Vertical Take Off and combustão (Friedrich e Robertson, 2015).
Landing – VTOL). Dessa forma, abrem-se Além disso, estão sendo desenvolvidos
novas possibilidades de uso desses equi- modelos de aeronaves cargueiras que uti-
pamentos como alternativas de mobilidade lizam gás para elevação e deslocamento
urbana e regionais. que pretendem diminuir drasticamente o
valor do frete aéreo, transportando tone-
Esses equipamentos contam com as mais ladas de carga para qualquer região do
variadas formas, características opera- mundo.
A AVIAÇÃO DO FUTURO
cionais e capacidades para transporte de
pessoas. Embora ainda não estejam dis- É de extrema importância que haja o acom-
ponibilizados em escala industrial, estudos panhamento do poder público nas tendên-
e projeções atuais apontam que veremos cias tecnológicas para a consideração no
um crescimento de seus usos nos próxi- planejamento de médio e longo prazo, es-
mos anos, devido à mobilidade trazida por pecialmente daqueles responsáveis pelas
CAPÍTULO 7
essas soluções e o baixo custo operacio- políticas públicas e pela regulação técni-
nal (Kim e Song, 2018; e Choi e Hampton, ca do setor. Ao se vislumbrar essas novas
2018). formas de transporte aéreo no futuro e a
ampliação do uso pela sociedade, será ne-
Vislumbra-se que o crescimento dessas cessária uma realidade diferente de inves-
tecnologias impactarão, em curto prazo, timentos em infraestrutura. Isso porque, se
o transporte de curta distância, como os mantidas as tendências de crescimento de
voltados à mobilidade nas metrópoles e soluções de pouso e decolagem verticais,
129
FIGURA 41: AERONAVES E PROTÓTIPOS VOLTADOS À MOBILIDADE URBANA
130
ao transporte de bens), cadastro dos cance e uso no transporte interurbano em
fornecedores de aeronaves e seus ope- momento futuro. Por isso, uma das áreas
radores, etc.; que deve se desenvolver tecnológica e ra-
• Modelo de precificação da tarifa des- pidamente no sentido de acompanhar a
sa alternativa de mo- crescente demanda de
bilidade urbana, que
competiria com so-
“ Cada país, observando aeronaves deste tipo é o
controle do espaço aé-
seu arranjo institucional,
luções de transporte a morfologia de suas reo. Com a quantidade
como taxi ou serviços cidades e seus aspectos de projetos de aerona-
de transporte parti- socioeconômicos e culturais ves VTOL, imagina-se,
cular por aplicativos: deverá passar por esse tipo a título de exemplo, que
sem regulação, price
cap, revenue cap, mo-
de debate.” a número de aeronaves
controladas sobrevoando
delos de receita combinada (single till todo o território dos Estados Unidos pode-
considerando o uso das aeronaves para rá estar localizada apenas no espaço aé-
transportes de bens além de mobilidade reo de uma só cidade, no futuro.
de pessoas, bem como outras ativida-
des comerciais possíveis), tarifa mínima, Para tanto, o Ministério dos Transportes,
bandas tarifárias, tarifa fixa, etc.; e Portos e Aviação Civil (MTPA) tem iniciado
• Securitização do modelo de negócio, discussões e debates no sentido de acom-
dentre outros aspectos. panhar as tecnologias e soluções adotadas
no mundo para fomentar a discussão no
Para viabilizar e implementar essa alterna- âmbito nacional, de modo a desenvolver
tiva como soluções de mobilidade urbana as políticas públicas e a auxiliar o estabe-
A AVIAÇÃO DO FUTURO
nas grandes cidades, várias experiências lecimento do marco regulatório com ante-
no mundo estão se iniciando e, consequen- cedência, evitando impactos negativos na
temente, as questões acima vêm à tona. segurança e no desenvolvimento da avia-
ção civil brasileira. Nesse sentido, foi rea-
Cada país, observando seu arranjo insti- lizado pelo MTPA em 13 de novembro de
tucional, a morfologia de suas cidades e 2018 um primeiro Seminário sobre o “Fu-
CAPÍTULO 7
seus aspectos socioeconômicos e cultu- turo da Aviação”, no qual foram debatidas
rais deverá passar por esse tipo de debate as tendências de avanços tecnológicos e,
e construção para implementação da mo- com isso, auxiliar o processo de absorção
bilidade urbana por aeronaves de peque- dessa realidade à gestão e operação dos
no porte em suas cidades, em um primeiro transportes aéreos.
momento, com possível expansão do al-
131
O Plano Aeroviário Nacional -
PAN é um importante marco
para o setor de transporte aéreo
brasileiro. Além de cumprir
a previsão legal, atende às
recomendações da Organização
de Aviação Civil Internacional
(OACI) quanto à necessidade
de os países estruturarem suas
ações voltadas à aviação civil
em planos estratégicos.
considerações finais
Se inicia com esta publicação um ciclo ferramentas e modelos foram desenvolvi-
propício à evolução das técnicas e dos dos pelo MTPA para possibilitar análises
modelos de planejamento aplicados, com da rede aeroportuária e desenvolver cená-
o intuito de promover cada vez mais evo- rios possíveis de desenvolvimento para o
lução à aviação civil brasileira. setor. Dentre elas, destaca-se a projeção
de demanda para os próximos 20 anos,
As premissas e os objetivos estratégicos a identificação de rotas potenciais para o
adotados no PAN tiveram como base a transporte aéreo a partir da análise de uma
Política Nacional de Aviação Civil (PNAC), matriz de intermodal de transportes inte-
a Política Nacional de Transportes (PNT) e rurbanos, a modelagem de custos e recei-
demais documentos que tratam de plane- tas aeroportuárias e a estimativa de inves-
jamento de transporte. Os objetivos estra- timentos necessários para a infraestrutura
tégicos são: aeroportuária, aeronáutica civil e seguran-
• segurança; ça operacional nos aeroportos brasileiros.
• garantia aos direitos dos usuários;
• qualidade e facilitação; O PAN apresenta uma nova classificação
• conservação do meio ambiente; para rede de aeroportos do Brasil, sendo
• desenvolvimento técnico e institucional; essa classificação matricial, por função
• acessibilidade; na rede e por porte de operação, ou seja,
A AVIAÇÃO DO FUTURO
• conectividade; cada aeroporto é classificado de duas ma-
• eficiência; e neiras distintas.
• desenvolvimento do setor de transporte
aéreo. A classificação por função tem como
objetivo identificar a função de cada ae-
Para a elaboração do PAN foi feito um ex- roporto na rede em razão da sua contri-
CAPÍTULO 7
133
ves e passageiros, por sua vez, tem como mento e desenvolvimento da aviação civil
objetivo dimensionar a necessidade da no Brasil.
infraestrutura aeronáutica civil, principal-
mente, de equipamentos de auxílio a na- Foi realizada uma análise focada na Área
vegação aérea. terminal de São Paulo (TMA-SP), principal
mercado do setor, com 36% da deman-
Com base nessa classificação da rede da de passageiros (embarque e desem-
de aeroportos e na análise de cenários barque) do país. Observou-se que, num
foi possível identificar o cenário de médio prazo,
avanço da demanda e a
necessidade de aumen-
“Na próxima edição do haverá a necessidade de
maiores capacidades de
PAN serão agregadas
to de capacidade do se- melhorias para aumentar processamento de aero-
tor. Dessa forma, o PAN a precisão das análises naves e passageiros na
estima uma necessidade e, consequentemente, a região. Estima-se no PAN
de investimentos da or- qualidade dos resultados.
dem de R$ 25,5 bilhões
” a necessidade de inves-
timentos adicionais, nos
para os próximos 20 anos. Destes, R$ aeroportos da TMA-SP, de cerca de R$ 5,1
22,9 bilhões destinam-se para a infraes- bilhões em pistas de pousos e decolagens
trutura aeroportuária, R$ 1,8 bilhão para e TPS para absorver uma demanda proje-
infraestrutura aeronáutica, e 896 milhões tada para 2038, que se aproxima do valor
para segurança operacional. total do Brasil observado nos dias de hoje
(180 milhões de passageiros).
Analisando as fontes dos recursos para
os investimentos, observa-se que R$ 6,76 Destaca-se também o conjunto de ações,
bilhões estão previstos nos contratos de programas, políticas e regulações elenca-
concessão aeroportuária, enquanto os de- dos como estratégicos para o alcance dos
mais R$ 18,7 seriam oriundos do Fundo objetivos do transporte aéreo. Sabe-se
Nacional de Aviação Civil, que possui uma que somente o investimento em infraestru-
projeção de arrecadação de recursos na tura não garante a operação e a qualida-
ordem de R$ 143,6 bilhões, para os próxi- de dos serviços ofertados, evidenciando a
mos 20 anos. necessidade do poder público e da iniciati-
va privada de se engajarem no alcance de
Portanto, o setor de aviação civil é um todos os objetivos estratégicos.
setor autossustentável, com capacidade
financeira de manter, investir e operar a Na próxima edição do PAN, em desen-
infraestrutura necessária para o cresci- volvimento pelo MTPA, serão agregadas
134
melhorias para aumentar a precisão das
análises e, consequentemente, a qualida-
de dos resultados. Uma delas é o uso de
uma nova matriz Origem/Destino de des-
locamentos interurbanos obtida por meio
de big data da telefonia móvel. As infor-
mações permitirão traçar um cenário bem
fiel dos desejos de viagem interurbanos da
população brasileira e, com isso, subsidiar
melhor o planejamento dessas viagens.
135
FOTO: IMRAN
lista de anexos
Anexos Descrição
136
137
138