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Educação a Distância

Amanda Amorim Costa e Silva

Curso Técnico em Multimeios Didáticos


Educação a Distância
2017
EXPEDIENTE

Professor Autor
Amanda Amorim Costa e Silva

Design Instrucional
Deyvid Souza Nascimento
Renata Marques de Otero
Terezinha Mônica Sinício Beltrão

Revisão de Língua Portuguesa


Eliane Azevedo

Diagramação
Klébia Carvalho

Coordenação
Annara Perboire

Coordenação Executiva
George Bento Catunda

Coordenação Geral
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação


Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação
(Rede e-Tec Brasil).

Dezembro, 2017
Catalogação na fonte
Bibliotecário Hugo Carlos Cavalcanti, CRB4-2129

S586e
Silva, Amanda Amorim Costa e.
Educação a Distância: Curso Técnico em Multimeios
Didáticos: Educação a distância / Amanda Amorim Costa e
Silva. – Recife: Secretaria Executiva de Educação Profissional
de Pernambuco, 2017.
45 p.: il.

Inclui referências bibliográficas.

1. Ensino a distância. 2. Tecnologia educacional. I. Silva,


Amanda Amorim Costa e. II. Título.

CDU – 37.018.43
Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 4

1.Competência 01 | Compreender o Conceito de EaD como Modalidade de Ensino, suas


Especificidades, Definições e Evolução ao Longo do Tempo ................................................................. 5

1.1 Processo histórico da EaD no mundo .........................................................................................................5

1.2 Processo histórico da EaD no Brasil ......................................................................................................... 10

1.3 Características da EaD .............................................................................................................................. 15

1.4 Definições de EaD .................................................................................................................................... 18

2.Competência 02 | Conhecer as Regras de Convivência para Participação em Comunidades Virtuais


e as Ferramentas de Comunicação: Emoticons, Netiqueta, Clareza, Citações e Diretrizes de Feedback
.............................................................................................................................................................. 21

2.1 Conhecendo os membros da comunidade .............................................................................................. 21

2.2 Comunicando normas de convívio e trabalho – a netiqueta ................................................................... 23

2.2.1 Normas para participação em fóruns ................................................................................................... 24

2.2.2 Regras gerais para a escrita de atividades a serem enviadas diretamente ao professor ..................... 27

2.3 O problema do plágio............................................................................................................................... 28

2.4 Interação, colaboração e cooperação ...................................................................................................... 29

3.Competência 03 | Participar de Atividades de Ambientação no Ambiente Virtual de Aprendizagem


e Experimentar seus Recursos e Ferramentas ..................................................................................... 33

3.1 Alguns dados sobre o moodle .................................................................................................................. 33

3.2 Ferramentas mais utilizadas .................................................................................................................... 34

3.3 Ferramentas como recursos para avaliação da aprendizagem online..................................................... 40

Referências ........................................................................................................................................... 44

Minicurrículo do Professor ................................................................................................................... 45


Introdução

Bem-vindo à disciplina Educação a Distância (EaD).

Desde a popularização da internet, a oferta de cursos a distância tem aumentado ano após ano,
particularmente na Educação Profissional e no Ensino Superior, tanto no Brasil como no resto do
mundo. De fato, cada vez mais a EaD é percebida como uma forma democrática e flexível de
oferecer acesso à educação a um público muito diversificado e que, por variadas razões, não pode
se deslocar para as instituições formais de ensino.

Se você já concluiu os módulos anteriores desse curso, sabe por experiência o que é um curso a
distância, mas será que você conhece as origens desse modo de fazer educação? Sabe como ele se
desenvolveu ao longo do tempo? Conhece as características que tornam a EaD diferente da
educação presencial?

Nessa disciplina, vamos explorar as questões acima e conheceremos também:

 O que são (e para que servem) as normas de convivência e trabalho em um curso a


distância.
 Quais as ferramentas virtuais (chat, fórum, questionário etc.) empregadas na EaD.
 Como identificar quais dessas ferramentas são os instrumentos de avaliação mais adequados
em função do tipo de aprendizagem que se pretende avaliar.

Como futuro Técnico em Multimeios Didáticos, dominar as informações e habilidades acima


citadas faz parte de sua caminhada. Então, vamos em frente?

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Competência 01

1. Competência 01 | Compreender o Conceito de EaD como Modalidade


de Ensino, suas Especificidades, Definições e Evolução ao Longo do
Tempo

Durante essa semana, vamos explorar conteúdos muito importantes para o seu processo de
formação. Vamos conhecer o que é a educação a distância (EaD), quais as suas principais
caraterísticas, como ela se desenvolveu ao longo do tempo no Brasil e no mundo. O que surgiu de
novo? O que ficou para trás? Você vai perceber que, em nosso século, cada vez mais se consolidam
novos caminhos para a aprendizagem, fortemente apoiados em tecnologias digitais.

1.1 Processo histórico da EaD no mundo

Alguns autores situam o surgimento da educação a distância na antiguidade, referindo-se às cartas


escritas por São Paulo no século I d.C. para as comunidades cristãs existentes na Ásia Menor com a
finalidade de ensinar-lhes como viver de forma cristã em um contexto social que não lhes era
favorável. O uso das cartas era uma forma de substituir a pregação face a face pelo equivalente a
distância, tendo como base a tecnologia de comunicação disponível na época.

É no século XVIII, entretanto, que encontramos as primeiras


iniciativas para se oferecer serviços educacionais a distância de
uma forma que nos parece mais familiar. Em 1728 o professor
Gauleb Philips publicou um anúncio na Gazeta de Boston com
o objetivo de comercializar materiais de ensino por
correspondência para aqueles que quisessem aprender
taquigrafia (um método de escrita abreviada) a partir de lições
enviadas semanalmente para as residências dos cursistas.

Mas foi apenas cem anos depois, ou seja, em meados do


século XIX, que o ensino por correspondência se firmou como a primeira geração de educação a

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Competência 01

distância no mundo. Naquela época, em todas as áreas industrializadas, existiam iniciativas de


ensino por correspondência que utilizavam os serviços dos correios e as ferrovias. Contudo, tais
iniciativas se desenvolveram longe do setor público, pois os pioneiros da EaD eram quase que
exclusivamente empresários e instituições privadas, e o ensino por correspondência visava
principalmente à formação profissional em um mundo em crescente processo de industrialização.

Naquele contexto, todo o material instrucional era enviado por correspondência aos estudantes
que deveriam postar de volta os exames respondidos e, então, aguardar as respostas dos
professores. Todo o relacionamento entre o estudante e a instituição/professor como pedidos de
informações, pagamentos e reclamações era realizado por correspondência. Vale destacar, ainda,
que esse tipo de ensino favoreceu a educação das mulheres que, em sua maioria, não tinham
acesso às escolas formais. A norte-americana Anna Eliot Ticknor fundou, em 1873, a Society to
Encourage Studies at Home, uma das primeiras escolas a distância dos Estados Unidos com o
objetivo de ajudar mulheres a estudarem em casa com materiais enviados por correspondência.

A segunda geração de educação a distância teve início nas primeiras décadas do século XX. Por
aquele período, as principais tecnologias educacionais utilizadas na EaD ainda eram os materiais
impressos enviados por correios e ferrovias, mas mudanças importantes passaram a acontecer nos
“bastidores” dos cursos a distância, pois começaram a surgir métodos para o desenvolvimento de
cursos e, como veremos, aumentou o número de profissionais a trabalhar na produção de um curso
em parceria com os professores.

Essa segunda geração de EaD começou a se desenvolver


justamente no período em que aconteceram as duas guerras
mundiais. Você deve se lembrar, que nós vimos, na disciplina de
Design Instrucional, que por essa época começaram a surgir
estudos científicos sobre a aprendizagem, devido às preocupações
com o aperfeiçoamento dos treinamentos militares. Então passam
a ser desenvolvidos métodos para a criação de cursos e
treinamentos. Os estudos científicos sobre a aprendizagem e o

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Competência 01

desenvolvimento de métodos de ensino continuam a ganhar força após a Segunda Guerra, e a


crescente complexidade desses novos processos educacionais acabaram por fazer surgir outros
profissionais que passaram a trabalhar junto com os professores ao longo do processo de
planejamento e desenvolvimento de um curso como o designer instrucional e os desenvolvedores
de conteúdos.

A partir de meados da década de 1960, emergiu a terceira geração


de educação a distância. A principal marca dessa terceira geração
foi o uso da televisão e do rádio como recursos pedagógicos e,
mais tarde, de fitas cassete e VHS. O material impresso não
desapareceu, mas passou a ser suplementado pelos materiais
veiculados por meios audiovisuais. Em verdade, o rádio já era
utilizado na EaD desde os anos de 1930, mas foi a partir da década
de 1960 que a radiodifusão e a televisão educativas massificaram-se de fato. Surgiram, ainda, as
grandes universidades abertas como a Universidade Aberta do Reino Unido (Open University) que
abriu sua primeira turma de estudantes em 1970. Nessa geração da EaD, a participação do setor
público já foi bastante presente.

Vale a pena destacar que a introdução das mídias audiovisuais


na EaD, particularmente o rádio e a televisão, provocaram
mudanças relacionadas à organização dos ambientes em que
ocorreram a aprendizagem. No ensino por correspondência
que caracterizava as primeiras gerações de EaD, a
aprendizagem se dava principalmente em casa, de forma
individual com base nos materiais impressos recebidos pelo
estudante. Com a introdução do rádio e da televisão,
começaram a surgir, em alguns cursos, os polos de estudo nos
quais os estudantes podiam, caso preferissem, reunirem-se
para ouvir ou assistir aos programas educativos nos horários programados, reproduzindo em certa
medida o conhecido ambiente da sala de aula da educação presencial.

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Competência 01

Desde o início da década de 1990 tivemos a quarta


geração de educação a distância. Sua marca foi o uso
crescente da informática e tecnologias digitais nos
processos de ensino/aprendizagem. Nesse contexto, a
comunicação de duas vias (professor/aluno e
aluno/professor) em tempo real (que até então era um
privilégio da educação presencial) passou a ser possível
também na EaD graças às tecnologias de chat, videoconferência e webconferência. Pôde-se
perceber, ainda, que os meios utilizados nas gerações anteriores de EaD, como o texto e os
audiovisuais convergiram, progressivamente, para as mídias digitais e passaram a ser integrados
todos em um mesmo ambiente virtual online.

O surgimento dessa quarta geração da EaD se deu em um contexto social e econômico no qual a
informação passou a ser considerada o mais importante bem que um profissional pode possuir. A
informação sempre foi um recurso importante no mundo do trabalho, afinal, para se produzir
qualquer mercadoria ou se oferecer qualquer serviço necessário ter informação. Mas, o que
defendem alguns autores, é que nos dias atuais a informação não é utilizada apenas para se criar
produtos, mas para se criar novas informações e novas tecnologias de informação e comunicação.
Hoje, existe todo um mercado que vive pura e simplesmente da informação. Daí o termo
“sociedade informacional” para se referirem à sociedade em que vivemos hoje.

Abaixo, você encontra um quadro que sintetiza as características de cada geração de EaD.

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Competência 01

1ª Geração de 2ª Geração de 3ª Geração 4ª Geração de


EaD EaD de EaD EaD
(a partir de (a partir das (a partir de (a partir da
meados século primeiras meados década de
XIX) décadas século década de 1990)
XX) 1960)

Uso de material Cursos a Permanência Uso de


impresso distância do material computadores
enviado por continuam a ser impresso. (e outros
correspondência. realizados dispositivos
principalmente digitais) e
por Consolidação internet.
Pouca correspondência. da televisão,
participação do do rádio e
setor público. outros Convergência
Surgimento de recursos de todas as
outros audiovisuais mídias e
O ambiente de profissionais no processo materiais para
estudos é como designers pedagógico o formato
basicamente a instrucionais e em EaD. digital.
residência. desenvolvedores
que passam a
trabalhar junto Setor público Comunicação
com o professor bastante de duas vias
na produção de presente. em tempo
cursos. real a
distância.
A residência é
O ambiente de o principal
estudos é ambiente de A residência é
basicamente a estudos, mas o principal
residência. surgem polos ambiente de
de estudo em estudos, mas
grupo os polos
semelhantes presenciais
às salas de ainda são
aula. utilizados em
vários cursos.

Quadro 1 – Principais características de cada geração de educação a distância


Fonte: o autor

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Competência 01

É importante destacarmos que, ao longo do tempo, as gerações de EaD foram convivendo umas
com as outras, ou seja, as gerações anteriores não desapareceram. Ainda hoje há cursos que
utilizam os correios, materiais impressos e a televisão. Também é importante informarmos que nem
todos os autores que escrevem sobre a EaD concordam com a classificação da educação a distância
em quatro gerações. Alguns vão defender um número maior ou menor de gerações, ou vão
classificar as diferentes formas de se fazer EaD ao longo do tempo de outras maneiras, sem falar em
gerações. Nesse material, adotamos as quatro gerações descritas por Lopes e Farias (2013), mas
você pode conhecer outros olhares sobre o tema em outras fontes.

Para conhecer outras análises sobre o processo histórico da EaD, consulte:


• Educação a Distância sem Segredos, livro de Rita Guarezi e Márcia Matos,
publicado pela IBPEX (2009).
• Prática Pedagógica, Aprendizagem e Avaliação em Educação a Distância, livro de
Iolanda Cortelazzo, publicado pela IBPEX (2013).

1.2 Processo histórico da EaD no Brasil

Ao estudar o desenvolvimento da EaD no Brasil, adotaremos um recorte diferente daquele que


utilizamos para estudar o desenvolvimento da EaD no mundo. Nossa EaD pode ser melhor
compreendida quando organizamos sua história em três períodos: inicial, intermediário e
moderno. Essa é a organização proposta por Lopes e Farias (2013) e que será adotada em nosso
material.

É importante percebermos que as transições entre os diferentes períodos acima citados não são
muito exatas, pois uma das características da educação a distância brasileira é justamente a
fragmentação das iniciativas e sua descontinuidade, ou seja, há uma diversidade de projetos e
programas com diferentes propostas educativas para a EaD ao longo do tempo (muitos deles
capitaneados por governos), com períodos de duração muito curtos. Então, torna-se difícil
identificar “pontos de virada” na EaD brasileira que possam ser considerados divisores de águas
entre os três períodos.

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Competência 01

De toda forma, podemos considerar que o período inicial começa na primeira década do século XX
com a chegada das escolas internacionais no ano de 1904. Na verdade, já em fins do século XIX
circulavam anúncios em jornais nos quais professores particulares ofereciam cursos de datilografia
a distância, mas foi a chegada das escolas internacionais que costumava ser considerada por alguns
estudiosos como o marco definidor da origem da EaD no Brasil. Essas escolas eram filiais de
instituições educacionais norte-americanas que ofereciam ensino por correspondência,
particularmente cursos de formação profissional em Eletrônica e Engenharia. Até os anos 1980,
alguns desses cursos ainda eram muito comuns no Brasil como os da International School e da
Oxford School.

Em 1923, foi criada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro pelo intelectual brasileiro Edgard Roquette-
Pinto. A rádio era coordenada por membros da Academia Brasileira de Ciências e sua programação
era fundamentalmente educativa. A atividade da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro marcou a
transição entre o período inicial da EaD no Brasil e o período intermediário. Com essa transição,
nossa EaD deixou de ser uma iniciativa apenas de professores particulares e de escolas
internacionais e passou a ser também capitaneada por grupos consistentes de educadores e
instituições nacionais que tinham o claro objetivo de utilizar a radiodifusão como forma de ampliar
o acesso à educação em nosso país.

Na programação educativa, palestras para senhoras, ‘histórias morais’ para crianças,


conselhos médicos e de higiene, além de informações úteis relativas à agricultura.
Professores do Museu Nacional e outras instituições e membros da Academia Brasileira de
Ciências, em grande maioria sócios da Rádio Sociedade, exploravam esse novo meio de
comunicação para irradiar cursos e palestras científicas, sobre temas de física, química,
história natural, botânica etc. Muitos cursos tinham sua síntese publicada nas revistas Radio
e Electron. (Fonte: Site sobre a história da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, disponível em:
http://www.fiocruz.br/radiosociedade/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=33)

A rádio foi muito exitosa em seu objetivo de oferecer educação à população em geral, chegando
mesmo a receber visitas de cientistas ilustres em passagem pelo Brasil como Albert Einstein e Marie
Curie. Por muitos anos funcionou em uma escola superior mantida pelo governo e, em 1936,
passando por dificuldades financeiras, a rádio (que não tinha fins lucrativos) foi doada ao então
Ministério da Educação e Saúde.

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Competência 01

Outras instituições importantes que surgiram no período intermediário da educação a distância no


Brasil foram o Instituto Rádio Técnico Monitor, em 1939, também conhecido como Instituto
Monitor, e o Instituto Universal Brasileiro, em 1941. Desde aquela época, essas instituições
ofereceram cursos por correspondência, particularmente cursos profissionalizantes e supletivos, em
todo o território brasileiro. Hoje, oferecem seus cursos tanto por correspondência quanto online.

Em 1947, surgiu a Universidade do Ar (Unar), criada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem


Comercial (Senac). Até 1961, quando deixou de existir, a Unar ofereceu educação a distância via
rádio para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, utilizando principalmente os sistemas das
rádios Tupi e Difusora de Ondas Curtas. O uso da radiodifusão conseguia levar informação a
populações que moravam em cidades muito distantes e, às vezes, nem sabiam ler.

A Unar transmitia aulas temáticas sobre assuntos de interesse público e cursos de formação
profissional com a presença de professores nos estúdios das rádios, a partir dos quais orientavam os
estudantes a distância sobre a execução das lições. Ainda no período intermediário da EaD no
Brasil, podemos citar o surgimento do Movimento Educacional de Base (MEB), em 1956, uma
iniciativa da igreja católica que utilizava a radiodifusão (entre outros recursos) e tinha como
objetivo alfabetizar jovens e adultos das populações de baixa renda. O MEB deixou de existir em
1964.

Durante as décadas de 1960 e 1970, o uso do rádio na EaD brasileira permaneceu forte, mas
surgiram também as TVs educativas, como a TV Cultura (1967). Em meio às inovações tecnológicas
daqueles anos, muitas foram as iniciativas em EaD no Brasil, quase todas ligadas aos governos. Não
há como citar todas essas experiências, pois muitas tiveram vidas curtas, contudo, vale destacar o
Projeto Logos do Ministério da Educação – MEC que capacitou cerca de 35 mil professores em
quase todo o Brasil entre 1977 e 1991. É digna de nota, também, a criação do Telecurso 2º Grau
(1978) e do Telecurso 1º Grau (1981) pela Fundação Roberto Marinho. Desde que foram criados, os
telecursos são veiculados pela televisão e seu público-alvo são jovens e adultos que não concluíram
a Educação Básica na idade prevista. Atualmente, os programas chamam-se apenas Telecurso®.

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Competência 01

O período moderno da EaD no Brasil é marcado pelo surgimento de grandes organizações


educacionais ligadas à educação a distância como a Associação Brasileira de Tecnologia Educacional
(ABT), em 1971, e a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), em 1995. Tais
instituições, sem fins lucrativos e constituídas fundamentalmente por educadores, marcaram de
forma decisiva a educação a distância no Brasil por incentivarem a discussão, a investigação, a
organização e a difusão dos conhecimentos sobre a EaD.

Também é marca desse terceiro período o início da oferta de cursos superiores a distância no Brasil.
O primeiro desses cursos foi a Licenciatura Plena em Educação Básica oferecida pela Universidade
Federal do Mato Grosso (UFMT), a partir de 1995, baseada fundamentalmente em material
impresso, com o objetivo de formar professores que já lecionavam nos anos iniciais do Ensino
Fundamental (antigas 1ª a 4ª séries), mas não tinham formação em nível superior.

A aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 foi também um acontecimento


importante para a EaD brasileira recente, pois ela trata a educação a distância como uma
modalidade integrada ao sistema regular de ensino, podendo ser utilizada tanto no Ensino
Fundamental quanto no Ensino Superior. Vinte anos após a aprovação da LDB, foi criada a
Universidade Aberta do Brasil (UAB) pelo Governo Federal. A UAB organizou, fortaleceu e
impulsionou a oferta de cursos superiores em nosso país por meio das instituições públicas de
Ensino Superior. Nesse contexto, já estamos falando de educação a distância baseada
fundamentalmente no uso da internet e dispositivos digitais.

Abaixo, você encontra um quadro que sintetiza as características de cada período da EaD no Brasil.

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Competência 01

Período Inicial Período Período Moderno


(a partir de 1904) Intermediário (a partir do
(a partir de meados surgimento de
da década de 1920) grandes instituições
ligadas à EaD no
Brasil)

Cursos oferecidos Criação da Rádio Surge a Associação


por professores Sociedade do Rio de Brasileira de
particulares ou Janeiro (1923). Tecnologia
instituições Educacional (ABT)
estrangeiras (1971).
utilizando material Criação do Instituto
impresso enviado Rádio Técnico
por correspondência. Monitor (1939). Surge a Associação
Brasileira de
Educação a Distância
Criação do Instituto (ABED) (1995).
Universal Brasileiro
(1941).
A UFMT oferece a
Licenciatura Plena
Criação da em Educação Básica,
Universidade do Ar primeiro curso
(Unar) (1947). superior na
modalidade EaD no
Surgem as TVs Brasil (1995).
educativas na década
de 1960. A Lei de Diretrizes e
Bases da Educação
de 1996 reconhece a
EaD como
modalidade
integrada ao sistema
formal de ensino.

É criada a
Universidade Aberta
do Brasil (UAB)
(2006).
Quadro 2 – Principais fatos em cada período da educação a distância no Brasil
Fonte: o autor

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Competência 01

Para conhecer outras análises sobre o processo histórico da EaD, consulte:


 Educação a Distância sem Segredos, livro de Rita Guarezi e Márcia Matos, publicado
pela IBPEX (2009).
 Prática Pedagógica, Aprendizagem e Avaliação em Educação a Distância, livro de
Iolanda Cortelazzo, publicado pela IBPEX (2013).

1.3 Características da EaD

Nos tópicos anteriores, você viu que a EaD está em permanente processo de transição, pois as
tecnologias de informação e comunicação nas quais ela se baseia se transformam de maneira mais
acentuada e rápida do que as tecnologias comumente empregadas na educação presencial (livros
impressos, cadernos e lousa).

Por conta das mudanças nas tecnologias que dão suporte à EaD (e que permitem que ela seja
possível), ela não é um processo educacional muito bem definido pelos seus pesquisadores. Na
disciplina de Design Instrucional, aprendemos a diferenciar de maneira básica as modalidades de
educação presencial e a distância. Nas próximas linhas tentaremos ir um pouco além para
conhecermos de forma mais detalhada quais as características da EaD.

Separação espacial e temporal

Estudantes e professores, na educação a distância, não


compartilham o mesmo espaço físico durante a maior
parte do processo de ensino/aprendizagem. Além dessa
separação espacial, também há separação temporal,
uma vez que a maior parte das interações acontece de
forma assíncrona (em tempo atrasado) através de
tecnologias como fóruns e e-mails, embora também
possa haver interação síncrona (em tempo real) por chat ou vídeo/webconferência, por exemplo.

15
Competência 01

Essa separação espaçotemporal reduz as barreiras para o acesso à educação, pois não há exigência
de se cumprir horários rígidos nem de se frequentar estabelecimentos de ensino. Logo, a
modalidade EaD é considerada uma modalidade educacional mais aberta, ou seja, que pode ser
oferecida a parcelas mais amplas da população. Adicionalmente, a flexibilização de tempo e espaço
tende a respeitar mais os diferentes ritmos de aprendizagem, permitindo que os estudantes
avancem de acordo com seus ritmos e necessidades.

Também é possível considerar que a EaD é mais econômica para a instituição que a oferece e para
os estudantes. A instituição economiza os custos referentes à aquisição e manutenção de espaços
físicos, enquanto que o estudante não precisa ter gastos de locomoção, hospedagem e alimentação
para realizar um curso oferecido por uma instituição distante.

Uso massivo das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e técnicas autoinstrucionais

Para compensar a distância espacial e temporal, há uso


intensivo de tecnologias de informação e comunicação
para viabilizar a comunicação em duas vias ou
“bidirecional” (aluno/professor e professor/aluno). Os
materiais didáticos também são planejados e
desenvolvidos de modo a suprir a ausência de
intervenção direta e constante do professor, ou seja, os
materiais precisam estar baseados em técnicas
autoinstrucionais que compensem o menor apoio
externo.

16
Competência 01

Estrutura organizacional complexa

Embora existam cursos em EaD oferecidos por professores


isolados, é mais comum que cursos a distância sejam
ofertados por instituições ou organizações que montam uma
estrutura bastante complexa para desenvolver e
implementar seus cursos. Normalmente, tal estrutura
envolve um núcleo para produção de materiais didáticos
com diversos profissionais envolvidos (conteudistas,
designers instrucionais, produtores de mídias,
programadores etc.), sistemas de orientação pedagógica e técnica aos estudantes, sistemas de
comunicação, equipe gestora etc.

Autoaprendizagem

Na modalidade EaD, a aprendizagem acontece de forma mais


individualizada e independente, ainda que a interação social
com os colegas e formadores também aconteça e seja um
fator que busque favorecer a aprendizagem. A
autoaprendizagem requer níveis elevados de disciplina e
autonomia, pois o estudante definirá o melhor horário e o
melhor local para estudar, bem como o ritmo no qual se sente
mais confortável. Em outras palavras, o estudante passa a ser
o centro do processo de ensino.

Por isso mesmo a EaD é uma modalidade educacional mais indicada para jovens e adultos, e o
planejamento de cursos nessa modalidade precisa levar em consideração a Andragogia, ou seja, os
princípios mais adequados à educação de adultos.

17
Competência 01

1.4 Definições de EaD

Você sabia que existem diferentes definições sobre educação a distância? Apesar disso, existem
dois pontos em comum entre as várias definições que são:

a) O entendimento de que estudantes e professores estão fisicamente separados.


b) São utilizadas tecnologias diferenciadas (cartas, telefone, radiodifusão, televisão, internet
etc.) para intermediar a comunicação entre estudantes e professores, bem como para
favorecer o processo de ensino/aprendizagem.

Apesar desses dois pontos de convergência, as definições sobre EaD variam em outros aspectos.
Vejamos algumas das definições atualmente aceitas:

EaD é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional, que substitui a interação


pessoal, em sala de aula, entre professor e aluno como meio preferencial de ensino pela
ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e pelo apoio de uma organização
tutorial de modo a propiciar a aprendizagem autônoma dos estudantes. (García Aretio em
Educación a Distância ,1994).

Perceba que Aretio enfatiza, logo de início, a tecnologia comunicacional que precisa ser empregada
na EaD, por isso ele se refere à modalidade como um sistema tecnológico de comunicação
bidirecional. Para esse autor, esse sistema tecnológico tem dois papéis: 1) substituir a interação
pessoal típica da sala de aula (que deixa de existir no contexto da EaD), e 2) cumprir as funções
pedagógicas daquela interação (promover a aprendizagem). Aqui, ressalta-se a importância dos
materiais e procedimentos didáticos que são empregados, em conjunto, no processo pedagógico a
distância. E, somando-se a isso, uma organização tutorial que visa apoiar e favorecer a
aprendizagem autônoma dos estudantes.

EaD é uma forma sistematicamente organizada de autoestudo, na qual o aluno se instrui a


partir do material de estudo que lhe é apresentado. O acompanhamento e a supervisão do
sucesso do estudante são levados a cabo por um grupo de professores. Isso é possível pela
aplicação de meios de comunicação capazes de vencer longas distâncias. (Geoge Dohmem
em Distance Education International Perspectives , 1967)

18
Competência 01

Dohmem traz uma definição mais sucinta. Para o autor, o primeiro aspecto a ser ressaltado é o
caráter de autoestudo presente no processo pedagógico em EaD, pautado no material de estudo
oferecido pelo curso, cabendo aos professores acompanhar e supervisionar o sucesso do
estudante pelos meios de comunicação empregados. Meios estes capazes de vencer longas
distâncias.

Educação a distância é um método de transmitir conhecimentos, competências e atitudes


que é racionalizado pela aplicação de princípios organizacionais e de divisão do trabalho,
bem como pelo uso intensivo de meios técnicos, especialmente com o objetivo de
reproduzir material de ensino de alta qualidade, o que torna possível instruir um grande
número de estudantes, ao mesmo tempo, onde quer que eles vivam. É uma forma
industrializada de ensino e aprendizagem. (Otto Peters em A Educação aa em Transição
(2009)

Peters ressalta diversos aspectos da EaD em sua definição. A princípio, ele ressalta que o processo
pedagógico em EaD trabalha conhecimentos, competências e atitudes, ou seja, ele faz questão de
destacar que é possível formar pessoas a distância em vários aspectos, pois diversos tipos de
aprendizagem podem acontecer a distância. Por outro lado, ao utilizar o termo transmitir
conhecimentos, o autor pode dar a entender que cabe ao estudante apenas receber o que lhe é
transmitido, sugerindo uma atitude passiva por parte de quem aprende.

Outro aspecto importante da definição apresentada por Peters é a aplicação de princípios


organizacionais e a divisão do trabalho no processo de desenvolvimento e implementação da EaD.
Você deve lembrar que quando estudamos o processo histórico da educação a distância, vimos que
em determinado momento surgem outros profissionais que passam a trabalhar junto ao professor
como os designers e os desenvolvedores devido à complexidade que a EaD ganha na medida em
que passa a ser organizada de forma mais científica e metódica. É a esse aspecto mais profissional
da EaD que Peters se refere ao falar em princípios organizacionais e divisão de trabalho.

Peters ainda ressalta o emprego de tecnologias, particularmente na produção e reprodução de


materiais didáticos de alta qualidade, ou seja, materiais didáticos que precisam atender às
especificidades (comunicacionais, espaciais e temporais) da educação a distância. Materiais esses
que são capazes de levar educação a uma grande população de estudantes geograficamente

19
Competência 01

dispersos. Para o autor, todas essas exigências tornam a EaD um processo educacional de caráter
industrial, em contraposição ao trabalho mais artesanal que caracteriza a educação presencial na
qual um professor sozinho escolhe os materiais, ministra suas aulas e faz o acompanhamento
pedagógico dos estudantes.

Existem muitas outras definições de EaD, e nenhuma delas está certa ou errada. São visões mais ou
menos diferentes sobre um mesmo fenômeno. Alguns autores tentam entender a educação a
distância contrastando-a com a educação presencial, outros procuram analisar a EaD em si, sem
compará-la com outros modos de fazer educação. Ambos são pontos de vista legítimos, com
possibilidades e limitações.

Para conhecer mais definições de EaD, consulte:


• O Que e o Quem da EaD, Livro de Luís Lopes e Adriano Faria, publicado pela IBPEX
(2013)

Para aprofundarmos os estudos da semana temos videoaulas muito interessantes disponíveis na


plataforma. Vamos assistir?

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Competência 02

2. Competência 02 | Conhecer as Regras de Convivência para


Participação em Comunidades Virtuais e as Ferramentas de
Comunicação: Emoticons, Netiqueta, Clareza, Citações e Diretrizes de
Feedback

Estudantes, tutores e professores em um curso a distância formam, em última instância, uma


comunidade de aprendizagens, e seus membros têm diferentes papéis a desempenhar, a depender
de suas responsabilidades no contexto do grupo. Dois elementos são essenciais ao bom
funcionamento de qualquer comunidade: comunicação e normas de convívio, ou seja, as pessoas
precisam se comunicar umas com as outras para que a comunidade tenha vida, e essa comunicação
se dá dentro de certas regras que procuram favorecer o bom andamento da comunidade e evitar
situações desagregadoras.

Nesse capítulo, vamos conhecer algumas dessas regras e quais as boas práticas comunicacionais
que contribuem para o desenvolvimento saudável da comunidade de aprendizagem que constitui a
turma de um curso a distância. Adicionalmente, conheceremos quais os tipos de vínculos mais
comuns que podem ser estabelecidos entre os seus membros, vínculos que podem ir da interação
simples à cooperação, passando pela colaboração.

2.1 Conhecendo os membros da comunidade

Você já deve ter percebido que muitos professores


gostam de iniciar suas disciplinas na EaD com uma
atividade que promova a interação e o conhecimento
mútuo entre os estudantes. Em geral, essas atividades
objetivam dar a cada aluno a oportunidade de construir
alguma intimidade com os colegas, além de favorecer a
exploração das ferramentas de comunicação presentes no ambiente em um contexto de
descontração antes de elas serem utilizadas para fins didáticos.

21
Competência 02

Ademais, dedicar tempo ao desenvolvimento de relações dentro do grupo logo no início do curso
ajuda a criar o sentimento de pertencimento à comunidade e o espírito de colaboração entre os
participantes, deixando-os mais à vontade uns com os outros. Esses fatores só tendem a favorecer o
sucesso do grupo ao longo da jornada de aprendizagem que se inicia.

Por isso, é sempre recomendado que se comece um curso ou disciplina com uma atividade de
interação social, normalmente realizada em um fórum. Na maioria dos cursos, essa atividade é
criada com o nome “Fórum de Apresentações” ou “Fórum de Boas-Vindas” e oferece um espaço
para as apresentações pessoais e os primeiros diálogos. Contudo, deve-se ter em mente que no
ambiente online, esse tipo de interação nem sempre acontece espontaneamente. Se na sala de aula
presencial os estudantes acabam aproximando-se naturalmente ao longo das semanas, no
ambiente virtual raramente essa aproximação acontece sem um “empurrãozinho”.

Logo, os estudantes devem ser convidados a participar da atividade de socialização e, para vencer a
barreira da timidez, alguns estudantes podem necessitar de uma estrutura para fazer sua
apresentação pessoal. Assim, o convite para a participação no fórum pode vir acompanhado de
algumas orientações como:

“Informe seu nome, a cidade em que mora, se você exerce alguma profissão e expresse suas
expectativas em relação a essa disciplina”.

Outras variações dessa atividade podem solicitar informações mais pessoais como “Aponte três
caraterísticas de sua personalidade que você considera que podem ajudá-lo ao longo do curso”, ou
“Mencione três habilidades que você ainda não desenvolveu completamente, mas pretende
desenvolvê-las participando desse curso”. Se os estudantes sabem o tipo de informação que se
espera que ofereçam nas apresentações, é mais provável que se sintam confortáveis em iniciar a
atividade.

22
Competência 02

2.2 Comunicando normas de convívio e trabalho – a netiqueta

Como já foi dito, toda convivência é regida por normas. Isso quer dizer que existem coisas que
podem ser feitas dentro de um ambiente de convivência e coisas que devem ser evitadas, ou que
são, de fato, proibidas. Nem sempre essas normas de convivência estão escritas em algum lugar. Ao
entrar num restaurante, num shopping ou ir à praça, você não precisa pedir para conhecer as
normas de convivência desses ambientes. Isso quer dizer que certas normas são tácitas, ou seja, nós
as conhecemos sem que elas precisem ser apresentadas em um manual. São normas que
aprendemos ao longo da vida, observando como as pessoas se comportam, percebendo as coisas
que elas evitam fazer em certos lugares, sem falar que eventualmente levamos um ou outro
beliscão na infância ao fazermos o que não é permitido em certas ocasiões.

Contudo, há situações em que as normas de convivência para


certos ambientes precisam estar escritas e sua apresentação
deve ser explícita, não dá para ir aprendendo aos pouquinhos de
forma indireta. As normas de convívio de uma comunidade
virtual de aprendizagens costumam estar nessa categoria, pois a
convivência online facilmente abre espaço para muitos mal-
entendidos que podem comprometer o bom andamento e a
unidade de uma comunidade. Tornar conhecidas as suas normas
de convivência, diminui os riscos de acontecerem problemas de
relacionamento entre os seus integrantes.

Certamente, todos nós já cometemos gafes online, seja por e-mail, nas redes sociais, em chats. Eu e
você já fizemos algo que não devíamos e acabamos passando por alguma situação embaraçosa,
afinal, estamos todos aprendendo a lidar com essa dimensão virtual do cotidiano. Dimensão que vai
se transformando junto com as tecnologias digitais. Por isso, é importante que ao adentrarmos em
uma turma de estudantes na EaD, conheçamos as normas que regem a convivência e o trabalho
naquele contexto.

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Competência 02

Apesar das plataformas serem virtuais, existem pessoas de verdade do outro lado da tela e é
preciso que tenhamos o mínimo de etiqueta, ou bons modos, ao lidarmos com elas. Daí vem o
termo netiqueta, os bons modos a serem adotados no convívio social via internet. O mínimo de
netiqueta ajuda a evitar muitos problemas, tão comuns na comunicação online que envolve pessoas
com diferentes hábitos culturais e com diferentes usos da linguagem.

Em geral, todo curso oferecido na modalidade a distância tem


uma seção de documentos dentre os quais está presente o seu
código de normas de convivência e trabalho, sua netiqueta. Esse
código enumera um conjunto de comportamentos aceitáveis
dentro do ambiente, comunica de quais formas as contribuições
dos estudantes devem acontecer ao longo do processo
pedagógico e alerta para outro conjunto de práticas que são, no
mínimo, desaconselhadas no âmbito daquela comunidade. Em poucas palavras, essas normas
apontam o que é esperado, o que é aceito e o que não se deve fazer em matéria de
comportamento online.

Embora cada curso ou instituição tenha a liberdade de definir as normas de convívio e trabalho de
sua preferência, existe certo consenso em torno de algumas regras básicas que podem variar um
pouco na forma como são apresentadas de um curso para outro, mas que, no fundo, são resumidas
nas normas que oferecemos a seguir.

2.2.1 Normas para participação em fóruns

Expondo ideias e opiniões

O propósito de se utilizar fóruns de discussão na EaD é o de promover a troca de ideias e opiniões


de forma amigável e colaborativa através de uma comunicação baseada principalmente na língua
escrita. Ainda que também possam ser postadas figuras e fotos, em geral é o texto escrito que
predomina em um fórum. Não é possível, por exemplo, ver a expressão no rosto do interlocutor ou

24
Competência 02

ouvir seu tom de voz enquanto escreve. Vê-se apenas o texto, o que pode gerar desentendimentos.
Por isso, é necessário ter cuidado especial com as palavras.

Existem formas de expor argumentos em fóruns que são mais eficientes do que outras para
desencadear e manter debates sadios. Algumas introduções que podem ajudar a apresentar ideias
de forma amigável são:

“Na minha visão...”


“Eu penso que é importante considerarmos esse ponto...”

Use expressões que deixem claro que você apresenta um ponto de vista, não o único ponto de vista
possível. Isso sinaliza para os outros participantes que há abertura de sua parte para a troca de
informações.

Discordando (ou “a arte de oferecer um bom feedback”)

Inevitavelmente haverá discordâncias durante as discussões. Nem todas as pessoas pensam da


mesma forma sobre os mesmos assuntos e a discordância pode enriquecer o debate e contribuir
para o processo de aprendizagem, mas para que isso aconteça é preciso saber dar um feedback
adequado. Feedback é uma palavra inglesa que significa “retorno”, “volta”, ou seja, dar feedback é
dar um retorno, mostrar uma reação. Esse retorno pode ser negativo (como uma bronca) ou
positivo (como um elogio ou uma crítica construtiva).

Para dar um feedback positivo (que mantém a discussão saudável), é importante saber expressar
discordâncias com gentileza, de maneira a não ofender as pessoas com as quais se está debatendo.
É impossível afastar completamente a possibilidade de alguém se sentir ofendido, mas o uso
cuidadoso das palavras pode diminuir esse risco. Vejamos alguns exemplos de formas bastante
adequadas de apresentar discordâncias em um fórum:

25
Competência 02

“Embora eu entenda seu ponto de vista, não concordo totalmente com ele porque...”
“É verdade que..., mas você já considerou o fato de que...?”

O grande segredo para dar um feedback positivo num contexto de discordância é expressar a
divergência de opiniões mostrando respeito pelo ponto de vista do outro. Isso mantém o debate em
alto nível.

Solucionando conflitos

Eventualmente, alguém se sentirá ofendido. Na maioria das vezes, o sentimento de ofensa é


resultado de mal-entendidos, pois raramente as pessoas têm o desejo de ofender deliberadamente.
Mas se um membro da comunidade considera que alguém se dirigiu a ele de forma inapropriada, as
normas da comunidade devem aconselhá-lo a não responder de imediato. Ele pode contatar a
tutoria ou o professor e expor a situação em mensagem privada.

Regras adicionais para a participação nos fóruns

• O fórum virtual é um meio de comunicação informal, mas é importante considerar as regras


da ortografia e da gramática ao escrever. É recomendável evitar o uso de gírias e
abreviações (vc, tbm, flw, vlw etc.), pois elas podem comprometer a clareza das mensagens
para uma parte dos estudantes, professores e tutores. O uso moderado de emoticons (ex: ,
 etc.) ou de imagens e links (para páginas ou vídeos) relacionados ao tema é permitido.

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Competência 02

• Ao utilizar material de terceiros em discussões, deve-se identificar o nome do autor e da

obra junto à ideia apresentada, particularmente se frases e parágrafos escritos por terceiros

forem reproduzidos palavra por palavra (copiados e colados) na mensagem.

• Deve-se evitar a postagem de mensagens que fujam ao foco das discussões.


• O uso de caixa alta (LETRAS MAIÚSCULAS) deve ser realizado com critério, pois palavras
inteiras escritas dessa forma são percebidas como gritos por parte de quem recebe o texto,
sugerindo que aquele que o escreveu estava exaltado.
• Ao responder a uma mensagem específica em um fórum, é recomendável que se utilize o
recurso da resposta direta à mensagem. Assim, a resposta ficará aninhada logo abaixo da
mensagem à qual se refere. Isso ajuda a manter a coerência ao longo da discussão.
• Não se deve utilizar termos inapropriados (palavrões) ou expressões e anedotas
preconceituosas de qualquer natureza (racistas, sexistas, homofóbicas, que tenham
conteúdo de intolerância religiosa ou que sejam hostis às pessoas com deficiências).

2.2.2 Regras gerais para a escrita de atividades a serem enviadas diretamente ao professor

• A escrita utilizada nas atividades a serem enviadas aos professores ou tutores (redações,
relatórios, resumos etc.) devem seguir as regras tradicionais da escrita (ortografia e
gramática), ou seja, sem emoticons, gírias e abreviações utilizadas em chats e redes sociais
(vc, tbm, flw, vlw etc.).
• É importante preocupar-se com a clareza do texto, de maneira que ele possa ser
compreendido sem dificuldades. Não é fácil transformar ideias em palavras com exatidão,
por isso é essencial organizar bem as ideias antes de escrevê-las ou alguém terminará com
um monte de palavras que, juntas, não fazem muito sentido. Antes de enviar uma atividade
em forma de texto ao professor, deve-se fazer um rascunho com antecedência, revisá-lo,
verificar se o texto está claro e fazer as modificações necessárias até considerá-lo adequado.
• Ao utilizar material de terceiros em redações, relatórios etc., deve-se informar o nome do
autor e da obra junto à ideia apresentada, particularmente se frases e parágrafos escritos

27
Competência 02

por terceiros forem reproduzidos palavra por palavra. (No próximo tópico – O Problema do
Plágio - veremos mais detalhes sobre esse tipo norma).

2.3 O problema do plágio

O plágio, que é a prática de utilizar material produzido por


terceiros (na íntegra ou parcialmente) sem indicar o autor
original, é um dos problemas que têm sido discutidos tanto
na EaD quanto na educação presencial. Atualmente, com a
grande quantidade de fontes de informações disponíveis na
internet, sem falar nas pessoas que vendem trabalhos e
monografias online, utilizar o trabalho de terceiros como se
fosse próprio torna-se uma prática cada vez mais comum,
embora existam muitos softwares desenvolvidos para se
identificar plágio em trabalhos escolares e acadêmicos, o
que ajuda a “pegar” os plagiadores em flagrante.

De toda forma, às vezes o plágio não resulta de má-fé. Alguns alunos realmente não sabem como
indicar a autoria da informação que estão usando, por isso é fundamental que entre as normas de
trabalho de um curso exista a orientação de que toda informação de terceiros deve ser
referenciada, ou seja, é importante indicar a fonte da informação (autor e obra). No capítulo
anterior desse Caderno de Estudos, tivemos o cuidado de apontar o autor e a obra de cada uma das
definições de EaD que estudamos. Vamos rever um exemplo:

EaD é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional, que substitui a interação


pessoal, em sala de aula, entre professor e aluno como meio preferencial de ensino pela
ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e pelo apoio de uma organização
tutorial de modo a propiciar a aprendizagem autônoma dos estudantes. (García Aretio em
Educación a Distancia , 1994).

Em geral, escrever o nome do autor, da obra e (quando possível) indicar o ano da publicação junto
ao trecho reproduzido é suficiente para o estudante cumprir a norma de indicar a autoria de
terceiros ao realizar atividades em um curso que não seja de nível superior. Já em cursos de

28
Competência 02

graduação ou pós-graduação, o estudante precisa seguir as normas da Associação Brasileira de


Normas Técnicas - ABNT para fazer essa referência dentro dos critérios estabelecidos para aquele
nível de ensino ou seguir as normas próprias da instituição de ensino.

Quaisquer que sejam as normas para a citação de autores e obras, elas devem estar escritas em um
documento que também faz parte da documentação básica oferecida pela instituição no início do
curso através do ambiente virtual. Isso evita que os estudantes incorram em plágio
inadvertidamente.

Para conhecer em detalhes como fazer citações de acordo com as normas da ABNT,
acesse o link:
http://www.desc.eng.uerj.br/como_fazer_citacoes

2.4 Interação, colaboração e cooperação

No capítulo anterior, estudamos as diversas gerações de EaD e os


meios de informação e comunicação utilizados em cada uma
delas. No atual capítulo, temos abordado questões relacionadas
especificamente à geração mais recente de educação a distância,
aquela que acontece em comunidades virtuais de aprendizagem
mediadas pelas tecnologias de um ambiente virtual.

Vale a pena, então, aprofundarmos um pouco mais a discussão a


respeito das relações que acontecem nessa comunidade de
aprendizagem, para além das normas de convivência e trabalho.
Afinal, uma comunidade não se estabelece apenas porque o
professor assim deseja, todos os envolvidos precisam querer,
comprometer-se, compartilhar valores e propósitos. São essas atitudes que constroem uma
comunidade.

29
Competência 02

Você deve perceber que a EaD contemporânea, essa que acontece em ambientes virtuais,
diferencia-se fortemente de outros modelos, não apenas porque utiliza tecnologias digitais, não se
trata apenas disso. A EaD baseada em comunidades virtuais apoiadas em plataformas digitais se
diferencia também pelo tipo de envolvimento social que ela proporciona aos seus membros. Note
que na educação a distância baseada em materiais impressos ou mesmo em CD-ROM, a principal
relação que existe é aquela que o estudante estabelece com os materiais, pois a relação com o
professor só se dá por meio de cartas ou telefone, ou seja, é uma relação muito distante, muito
diferente daquela que é oportunizada por um ambiente virtual.

Da mesma forma, a relação aluno-aluno modifica-se completamente quando comparamos os


antigos modelos de EaD com os mais recentes. De fato, a relação aluno-aluno, na EaD, praticamente
só começa a existir com o surgimento dos ambientes virtuais de aprendizagem. Como interagir com
outros estudantes num processo educacional baseado em materiais impressos ou em CD-ROM? Os
estudantes escreverão cartas uns aos outros? Trocarão telefonemas? Desconhecemos cursos que
tenham adotado tais práticas.

Observando cuidadosamente a história da EaD, percebemos que os estudantes só começaram a se


relacionar uns com os outros quando surgiram os polos de estudo presenciais nos quais eles se
reuniam para ouvir à transmissão dos programas de rádio ou assistir aos programas veiculados pela
televisão em horários específicos. Mesmo assim, o contato entre os estudantes estava restrito a
esses polos e aos horários predeterminados para esses encontros. Sem falar que muitos estudantes
não frequentavam os polos, preferindo receber a programação educativa no conforto do lar. Hoje,
as duas coisas são possíveis: estudar no conforto do lar e, ainda assim, relacionar-se com os colegas.

Considerando o que foi escrito acima, podemos fazer a diferenciação entre interação, colaboração
e cooperação:

• A interação ocorre quando um elemento qualquer do ambiente (um pessoa ou objeto)


modifica seu estado físico e/ou mental. Podemos dizer, por exemplo, que há interação entre
você e esse texto, pois ele está modificando os seus conhecimentos sobre a EaD, enquanto

30
Competência 02

você avança na leitura. Esse tipo de interação está na base da EaD apoiada em materiais
impressos, em radiodifusão, tele ensino, fitas de áudio e vídeo, CD e DVD-ROM.
• A colaboração acontece quando alguém lhe dá uma ajuda. Por exemplo, quando um
formador ou um colega responde a uma dúvida sua, oferece uma orientação, uma dica. Isso
pode acontecer por carta, telefone, no ambiente virtual ou em um polo presencial.
• A cooperação, por sua vez, acontece quando duas ou mais pessoas trabalham de forma
conjunta, articulada, coordenada para solucionar um problema. Há um compromisso entre
as partes, um vínculo que vai além de uma oferta esporádica de informações. Esse tipo de
vínculo, na EaD, era praticamente impossível antes dos ambientes virtuais de aprendizagem
que proporcionam a cooperação a distância com o apoio de inúmeros recursos como fóruns,
chats, wikis (ferramenta para escrita conjunta de textos), repositórios de arquivos online etc.

De toda forma, é preciso reconhecer que, mesmo nos dias de hoje, com tantos cursos apoiados por
plataformas virtuais (que oportunizam a criação de comunidades de aprendizagens), a interação e a
colaboração ainda estão muito mais presentes do que a cooperação. Isso acontece porque a
cooperação é um vínculo que demora muito mais tempo para ser construído, ele requer um alto
nível de confiança, intimidade e interesses comuns.

Quer dizer que a aprendizagem online não está extraindo todo o potencial pedagógico viabilizado
pelas novas tecnologias de informação e comunicação? Talvez não esteja.

Grande parte das aprendizagens que construímos em nossas trajetórias escolar, acadêmica e
profissional está apoiada essencialmente em interação e colaboração. Quantas vezes você se
lembra de ter participado de uma atividade de aprendizagem que foi além da colaboração e
envolveu cooperação de fato?

O objetivo desse tópico não é o de menosprezar a importância da interação e da colaboração na


aprendizagem, mas o de mostrar que as relações que o estudante na EaD estabelece com os
conteúdos, os formadores e os colegas podem acontecer em diferentes níveis de intensidade, e que

31
Competência 02

a evolução das tecnologias de informação e comunicação vem ampliando as possibilidades de


transformarmos essas relações em vínculos cada vez mais profundos.

Adicionalmente, queremos destacar o fato de que, embora as normas de convivência e trabalho


sejam essenciais ao bom funcionamento de uma comunidade de aprendizagens, elas não são
suficientes para que as aprendizagens propriamente ditas aconteçam. As normas criam a base para
um ambiente socialmente saudável, sobre essa base se dará o processo pedagógico. Vamos
continuar essa discussão nas videoaulas da semana?

Para saber mais sobre interação, colaboração e cooperação, consulte:


• Interação Mediada por Computador: Comunicação, Cibercultura, Cognição,
livro de Alex Primo, publicado pela saraiva (2007).
• Vamos Colaborar ou Cooperar? Artigo da Desk Manager disponível aqui:
http://softwareservicedesk.com.br/blog/vamos-colaborar-ou-cooperar/

32
Competência 03

3.Competência 03 | Participar de Atividades de Ambientação no Ambiente


Virtual de Aprendizagem e Experimentar seus Recursos e Ferramentas

Na EaD baseada em Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVA, é importante que uma parte do
tempo previsto para o curso seja dedicado ao processo de ambientação dos estudantes,
especialmente nos primeiros dias de atividade. Muitos estudantes são novatos na EaD, outros
podem ter tido experiências com um ambiente diferente e precisarão ganhar intimidade com a
nova plataforma.

A carga horária destinada à ambientação permitirá que os estudantes conheçam a estrutura do


AVA, ou seja, como ele está organizado, como se dá o processo de navegação em suas páginas,
quais as ferramentas e recursos disponíveis e como utilizá-los.

No Brasil, o AVA mais utilizado é o Moodle, o mesmo ambiente adotado para esse curso. Durante
essa semana, vamos compreender as características gerais dessa plataforma e como funcionam as
principais ferramentas que ela disponibiliza para o desenvolvimento do processo pedagógico.
Adicionalmente, discutiremos os desafios trazidos pela EaD para o processo de avaliação da
aprendizagem online, particularmente para o processo de escolha das ferramentas mais adequadas
para se avaliar tipos específicos de aprendizagens.

3.1 Alguns dados sobre o moodle

Moodle é uma sigla para Modular Object Oriented Distance Learning Environment. Em português:
Ambiente de Aprendizagem a Distância Orientado por
Objetos Modulares. Um pouco complicado de entender?
Bom, em poucas palavras, o Moodle é uma plataforma
que permite aos professores e tutores gerenciar
processos de ensino/aprendizagem a distância. Para
isso, o ambiente oferece recursos que facultam a

33
Competência 03

comunicação entre os diversos membros da comunidade de aprendizagem; a identificação da


frequência dos estudantes ao ambiente; a entrega de materiais de estudo em formato digital; a
criação, acompanhamento e gestão de atividades online.

O Moodle foi criado em 2002 pelo cientista da computação australiano Martin Dougiamas
como um AVA de código aberto, ou seja, qualquer programador pode contribuir para o
desenvolvimento de seu código, incluindo novas funcionalidades e aperfeiçoando as
existentes. Atualmente, o AVA já está na versão 3.2 e seu desenvolvimento constante é
realizado por uma comunidade de desenvolvedores e educadores de diversas
nacionalidades espalhados por várias regiões do globo. O ambiente já foi traduzido para
mais de 100 línguas e é utilizado em mais de 230 países. No Brasil, são mais de 4.300
plataformas instaladas registradas junto ao grupo oficial internacional do Moodle, sem
contar as plataformas não registradas, uma vez que o registro não é obrigatório.

Para saber mais sobre a plataforma Moodle, consulta a página da comunidade brasileira:
https://moodle.org/course/view.php?id=35

3.2 Ferramentas mais utilizadas

São várias as ferramentas oferecidas pelo Moodle para a


realização do processo pedagógico, cabendo ao professor fazer
uso desses recursos em função dos objetivos de
ensino/aprendizagem que orientam o curso. A essa altura, você,
estudante, já deve ter interagido com alguns desses
instrumentos, particularmente com o fórum e com a
ferramenta questionário.

34
Competência 03

Nos próximos tópicos, descreveremos os principais recursos disponíveis no ambiente para que sua
compreensão em relação a essas ferramentas possa ir além do simples uso e possa abarcar a lógica
subjacente a cada uma delas, ou seja, porque elas existem e para quais tipos de atividades são mais
indicadas.

Ferramenta Rótulo

Essa ferramenta permite ao professor escrever, editar e disponibilizar textos curtos de sua autoria
no AVA. Em geral, esses textos curtos são utilizados como lembretes ou preparação para alguma
atividade.

Ferramenta Link

Permite a criação de links para arquivos produzidos em diversos softwares (Microsoft Word,
Microsoft PowerPoint, Microsoft Excel, textos em formato PDF etc.). O link gerado por essa
ferramenta surge acompanhado de um ícone que é selecionado pela própria plataforma de acordo
com o formato de arquivo escolhido (DOC, PPT, PDF, XLS etc.), assim o estudante sabe, pelo ícone,
qual o tipo de arquivo que está no destino link. Uma vez que esse link é disponibilizado, o estudante
pode clicar sobre ele e escolher em que pasta de seu computador deseja salvar o arquivo a ser
baixado.

A ferramenta link também permite a criação de links para páginas externas ao ambiente cuja
temática seja considerada pelo professor como relevante para o estudo em questão. Percebe-se
que a função da ferramenta link é essencialmente a entrega de materiais.

Ferramenta Livro

Essa ferramenta organiza um determinado conteúdo em “páginas” virtuais com capítulos e itens,
semelhantes a livros. O principal uso dessa ferramenta é a criação e disponibilização de materiais de
estudo em formato textual. Em contraste com a ferramenta anteriormente descrita, a ferramenta
livro não disponibiliza um arquivo para download, mas para leitura no próprio ambiente,

35
Competência 03

representando uma forma mais integrada de oferta de material de estudo, na medida em que o
estudante não precisa deixar o ambiente para abrir um arquivo externo.

Ferramenta Chat

Um chat ou sala de bate-papo é uma ferramenta para comunicação síncrona, ou seja, em tempo
real. Seu uso requer que todos os participantes da sessão de chat estejam “logados” ou conectados
na plataforma no mesmo dia e horário para que possam interagir. Uma sessão de chat pode ser
criada pelo professor ou pelos estudantes e pode ser agendada na ferramenta calendário do
Moodle para que todos sejam informados sobre a sessão com antecedência e recebam lembretes.

Em geral, tais sessões são utilizadas para que os estudantes tirem dúvidas entre si ou com a ajuda
do professor. Eventualmente, o chat também costuma ser utilizado para a realização de entrevistas
com especialistas na área de formação do curso.

Ferramenta Fórum

Um fórum é um espaço criado pelo professor no ambiente virtual para a realização de atividades de
comunicação assíncrona (em tempo atrasado), ou seja, cada membro da comunidade de
aprendizagem pode deixar uma mensagem no fórum quando preferir, desde que respeite o prazo
para a finalização da atividade.

Em geral, a ferramenta fórum é utilizada para se criar e mediar discussões. Dadas as possibilidades
que são abertas por essa ferramenta para a troca de ideias e para a comparação entre pontos de
vista, o fórum é percebido como um recurso que enriquece o estudo de conteúdos que comportam
diferentes tipos de análises e interpretações.

Há basicamente dois formatos de discussões possibilitados pela ferramenta: a discussão simples, na


qual o professor abre uma única discussão com uma pergunta ou mensagem para análise, e a
discussão geral (fórum geral), na qual é possível criar vários tópicos diferentes para discussão,
inclusive por parte dos estudantes.

36
Competência 03

Podem ser criados diversos fóruns em um mesmo curso ou disciplina, com diferentes formatos de
discussões, diferentes objetivos e diferentes datas para encerramento das atividades. Pode-se,
inclusive, permitir que fóruns permaneçam ativos durante toda a duração de um curso ou disciplina.

Outra funcionalidade da ferramenta fórum é permitir que assinantes de uma discussão recebam por
e-mail cada nova postagem no fórum ou apenas um resumo das postagens realizadas a cada dia.

Ferramenta Tarefa

Permite que o professor solicite a realização de uma atividade e possa recebê-la via plataforma ou
de modo off line (como uma prova presencial). Utilizando essa ferramenta, o professor indica qual
atividade desse ser feita (por exemplo: uma redação ou um relatório), explica quais as
características da atividade (número de linhas ou páginas, critérios de avaliação etc.) e informa o
modo de envio da atividade que pode ser: Texto online (o estudante digita ou “cola” seu texto em
um formulário no ambiente e clica no botão enviar), Envio de arquivo único (o estudante faz upload
de sua tarefa para a plataforma em um arquivo no formato doc, pdf, ppt, excel etc.) ou off line.

Em geral, a opção off line é utilizada quando a atividade a ser realizada é uma prova presencial ou
uma apresentação de trabalho em formato de seminário.

Ferramenta Questionário

Permite a criação de questões em diversos formatos como múltipla escolha, associação, verdadeiro
ou falso, frases para completar etc. A ferramenta ainda permite que o professor estabeleça: a) uma
data limite para resolução da atividade; b) se o estudante terá apenas uma chance para respondê-la
ou poderá realizar várias tentativas de resposta; c) se será possível revisar as respostas antes de
concluir a atividade.

É possível, também, oferecer feedback imediato ao estudante, ou seja, caso suas respostas estejam
corretas ou incorretas, a ferramenta o informa assim que a atividade é concluída e explica o porquê

37
Competência 03

de as respostas estarem corretas ou incorretas com base no feedback escrito pelo próprio professor
para cada uma das possibilidades de respostas.

Ferramenta Diário

Como o nome sugere, essa ferramenta permite que cada estudante registre suas experiências
(dificuldades, aprendizagens bem-sucedidas, dúvidas etc.) em um diário dentro da plataforma que
pode ser visualizado apenas pelo professor e pelo próprio estudante.

Além de ser uma boa ferramenta para que os estudantes exercitem a reflexão sobre os próprios
processos de aprendizagem, o diário é um recurso que permite ao professor acompanhar melhor o
desenvolvimento individual de cada aluno por dar acesso a informações que nem sempre são
expostas através de outras ferramentas.

Ferramenta Glossário

É possível criar verbetes coletivamente no glossário para a explicação de termos pouco conhecidos,
mas importantes para ao estudo do conteúdo. Pode-se criar um único glossário ou vários, e os
verbetes podem ser consultados ao se acessar o glossário propriamente dito ou através de links que
façam a ligação entre palavras existentes nos textos disponibilizados no ambiente e seus
respectivos verbetes no(s) glossário(s).

Ferramenta Wiki

Permite a criação coletiva de textos a respeito dos tópicos em estudo. Em geral, a ferramenta é
utilizada para que os estudantes produzam artigos, resumos, relatórios etc., que podem conter
imagens, tabelas, gráficos, links para páginas e/ou documentos externos ao ambiente, links para
outras partes do próprio texto, e até recursos de áudio e vídeo podem ser incorporados ao texto
produzido coletivamente na ferramenta wiki. Por conta de todas essas características, discute-se se
a ferramenta wiki permite a criação de textos ou de hipertextos.

38
Competência 03

Para quem não conhece a ferramenta, o site da Wikipédia é um exemplo do tipo de documento que
pode ser criado a partir dela.

Ferramenta Lição

Com essa ferramenta, o professor disponibiliza um texto na plataforma seguido de uma questão
com várias alternativas de respostas. A depender das respostas escolhidas, o estudante prossegue
na lição (vai para outra página com novo texto e novas questões) ou retorna para uma página
anterior.

A lógica presente no documento criado com a ferramenta lição assemelha-se à lógica do conhecido
jogo trilha, no qual o jogador avança ou retrocede algumas casas pelo caminho dependendo dos
números que saem nos dados. Contudo, o avançar ou retroceder nas páginas da lição vai depender
das respostas dadas pelo estudante às questões propostas e não à sorte nos dados.

É possível estabelecer vários percursos dentro de uma mesma lição, e o desenho de cada percurso
dependerá das respostas que estão sendo dadas pelos estudantes às questões oferecidas.
Diferentes percursos permitem que um mesmo assunto seja explorado segundo diversos pontos de
vista, mas também é permitido, ao professor, estabelecer um único percurso possível.

Ferramenta Base de Dados

Utilizando essa ferramenta, o professor dá aos estudantes a oportunidade de criarem um


repositório ou uma coleção de dados sobre um determinado assunto. Nesse repositório, os
estudantes podem inserir diversos tipos de dados como imagens, URLs (endereços de páginas na
internet), gráficos e vários tipos de documentos devidamente catalogados ou registrados.

Assim como é possível adicionar dados à base, também é possível realizar pesquisas nessa base
para encontrar dados que já foram catalogados. Dessa forma, a ferramenta base de dados é um
verdadeiro sistema de buscas alimentado pelos dados oferecidos pelos próprios estudantes sobre
os assuntos em estudo.

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3.3 Ferramentas como recursos para avaliação da aprendizagem online

Já vimos que a oferta de cursos na EaD tem crescido bastante


nos últimos anos e que a possibilidade de estudar online atrai
inúmeros interessados, particularmente o público adulto para
o qual a modalidade costuma ser mais adequada. Poder
estudar em casa ou no trabalho, nos horários de sua
preferência, sem preocupações com deslocamentos e tendo a
possibilidade de conciliar a vida estudantil com outras
obrigações (como o cuidado com os filhos) são algumas das
vantagens percebidas na EaD.

Apesar das conveniências citadas, a EaD também traz seus desafios, e um deles é o processo de
avaliação da aprendizagem online. Algumas das questões que sempre surgem na literatura sobre
avaliação em educação a distância são:

• O estudante matriculado no curso é a mesma pessoa que realiza as atividades online?


• Como eu posso ter certeza que os estudantes não estão sendo desonesto de alguma
maneira ao responder às atividades?
• Como eu lido com o plágio quando o identifico?

Embora as questões acima sejam legítimas, interessa-nos nesse tópico abordar outro tipo de
questão: Como eu avalio se o meu estudante está, de fato, conseguindo aprender online?

Na disciplina de Design Instrucional você estudou que durante a etapa de planejamento instrucional
todo o curso é planejado, incluindo:

• Todos os objetivos de ensino/aprendizagem.


• Todos os materiais didáticos.
• Todos os procedimentos de ensino/aprendizagem.
• Todo o processo de avaliação da aprendizagem.

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Competência 03

Trocando em miúdos, planejamos o que vamos ensinar, como vamos ensinar e como vamos avaliar
se as aprendizagens estão acontecendo. É durante o planejamento que decidimos quais
ferramentas do ambiente virtual serão utilizadas como instrumentos de avaliação da aprendizagem
e como esse uso se dará.

Tanto na disciplina de Design Instrucional quanto em outras (como as disciplinas sobre Dispositivos
Móveis, Redes Sociais, Sistemas e Aplicativos etc.) você aprendeu a planejar o uso didático de várias
ferramentas digitais, quer dizer, aprendeu a promover aprendizagens com esses recursos. Nesse
tópico, vamos focar em como planejar a avaliação dessas aprendizagens utilizando as ferramentas
do Moodle.

Nos tópicos anteriores desse terceiro capítulo, tivemos uma visão geral sobre o AVA Moodle e
sobre as ferramentas que ele disponibiliza. Para lidarmos com nossa questão-problema (Como eu
avalio se o meu estudante está aprendendo online?), vale a pena conhecermos, agora, um pouco do
que tem sido discutido sobre o uso de ferramentas virtuais para avaliação da aprendizagem.

Ainda recorrendo à disciplina de Design Instrucional, vimos que um bom curso (presencial ou a
distância) deve ser planejado e desenvolvido tendo em mente os objetivos de
ensino/aprendizagem, ou seja, cada material de estudo, bem como cada atividade devem atender
aos objetivos do curso. Nenhum material ou procedimento existe apenas por existir, nem é
escolhido aleatoriamente. O mesmo pode ser dito das práticas avaliativas. Qualquer instrumento de
avaliação da aprendizagem tem, como razão de ser, a finalidade de identificar se o objetivo de
aprendizagem x foi (ou está sendo) atingido.

Tendo isso em mente, vamos dar uma olhada, agora, nos tipos de aprendizagens que geralmente
fazem parte desses objetivos, seja na EaD ou na educação presencial:

• Retenção de informação: Capacidade de relembrar conhecimentos prévios, aprender fatos


novos, procedimentos e métodos, memorizar conceitos e princípios básicos.
• Compreensão: Habilidade de entender e interpretar textos, gráficos, ilustrações, fazer
estimativas e prever consequências a partir de dados.

41
Competência 03

• Aplicação: Capacidade de aplicar informações aprendidas em situações novas. Habilidade de


resolver problemas, escolher soluções mais adequadas entre opções disponíveis, aplicar leis
e teorias em situações práticas.
• Análise: Habilidade de identificar as partes que compõem um determinado conhecimento,
compreendendo toda sua estrutura. Capacidade de perceber falhas em raciocínios e de
diferenciar o que são fatos e o que são interpretações sobre fatos.
• Criação: Capacidade de aplicar conhecimentos de forma criativa em novas áreas, de
escrever ou verbalizar bons argumentos e planejar bons projetos de investigação.
• Avaliação: Habilidade de julgar o valor de uma evidência ou dado considerando um
determinado contexto.

Se eu preciso que o meu estudante guarde na memória um conjunto de fatos ou de procedimentos,


esse objetivo de aprendizagem se encaixa na categoria retenção. Se, mais tarde, eu preciso que ele
aplique esses conhecimentos em novas situações, tenho um objetivo de aprendizagem que pode
ser categorizado como aplicação. Perceba que em um mesmo curso há diferentes categorias de
aprendizagens em ação. Tudo vai depender do conteúdo que será trabalhado e da forma como cada
professor prefere trabalhar com esse conteúdo.

Mas como avaliar se cada tipo de aprendizagem está sendo bem-sucedida na educação a distância?
Bom, cada categoria de aprendizagem pode ser avaliada de maneira mais fidedigna através de uma
ferramenta ou de outra, não existe a ferramenta “pau para toda obra”, ou seja, que possa avaliar
todos os tipos de aprendizagens. Assim, em face dos objetivos de aprendizagem estabelecidos e
das particularidades da área de conhecimento de um curso, serão selecionados os instrumentos de
avaliação mais adequados.

Se você observar bem a classificação de aprendizagens acima, verá que ela está organizada de
maneira que as primeiras aprendizagens descritas são mais simples e as últimas mais complexas, ou
seja, cada nível de aprendizagem é mais sofisticado que o anterior, assim, reter informação
(decorar) é a aprendizagem mais superficial, enquanto que a capacidade de avaliar (fazer juízo de
valor) é o tipo de aprendizagem mais elaborada.

42
Competência 03

Mas como saber em quais categorias de aprendizagem se encaixam os objetivos do meu curso?
Bom, a própria hierarquização dos diferentes tipos de aprendizagens ajuda-nos, até certo ponto, a
trabalhar com elas. É muito mais provável, por exemplo, que nas etapas iniciais de um curso nós
estejamos trabalhando com categorias de aprendizagem mais simples como a retenção e a
compreensão, enquanto que em etapas mais adiantadas estejamos trabalhando com aplicação,
análise, criação e avaliação.

De toda forma, nenhum professor é obrigado a trabalhar sempre com todas as categorias de
aprendizagens. Em cursos totalmente teóricos, por exemplo, é perfeitamente possível que um
professor queira trabalhar apenas com retenção e compreensão, mesmo em etapas adiantadas.
Como já foi dito, a grande meta do curso, a natureza dos conteúdos e até o estilo de trabalho do
professor determinarão quais os tipos de aprendizagens requeridas e, em consequência, quais as
ferramentas mais adequadas a serem empregadas no processo de avaliação. O grande desafio
consiste em alinhar o tipo de avaliação (escrita de uma redação, discussão em grupo, escolher
alternativas etc.) à categoria de aprendizagem que se deseja avaliar (retenção, compreensão
etc.).

A Atividade Semanal para o capítulo que acabamos de estudar consiste, exatamente, em


determinar quais as ferramentas do Moodle mais adequadas para serem utilizadas como
instrumentos de avaliação para certas aprendizagens. Os detalhes da atividade estão na plataforma.
Ah! Não se esqueça de assistir à videoaula dessa semana, pois ela vai lhe ensinar um procedimento
muito útil para a realização dessa atividade semanal. Dificilmente você será bem-sucedido na
atividade sem conhecer esse procedimento, então, não perca tempo e acesse a videoaula!

Para saber mais sobre avaliação da aprendizagem online, consulte:


• Avaliação de aprendizagem em educação online, resenha de Dilmeire Vosgerau,
disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
73302006000400017
• Avaliação da aprendizagem em educação online, livro de Marcos Silva publicado
pela Loyola (2006).

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Referências

BENNET, S.; MARSH, D; KILLEN, C. Handbook of Online Learning. Cornwall: Continuum, 2007.

CORTELAZZO, I. B. C. Prática Pedagógica, Aprendizagem e Avaliação em Educação a Distância. 3. ed.


Curitiba: Ibpex, 2013.

GUAREZI, R. C. M.; MATOS, M. M. Educação a Distância sem Segredos. Curitiba: Ibpex, 2009.

LOPES, L. F.; FARIA, A. A. O Que e o Quem da EaD. Curitiba: Ibpex, 2013.

PALLOF, R. M.; PRATT, K. Assessing the Online Learner: resources and strategies for faculty. San
Francisco: Wiley, 2009.

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Minicurrículo do Professor

Amanda Amorim Costa e Silva é pedagoga formada pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE,
mestra em Educação Matemática e Tecnológica pela mesma instituição. Profissionalmente, tem
atuado como designer instrucional em diversos projetos da UFPE, da Escola de Administração
Tributária da Secretaria Estadual de Receita da Paraíba e de instituições privadas.

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