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Materiais Cerâmicos

(MET: 2838)

Professor: Bojan Marinkovic


Plano de Aulas (2014.2)

22/08 – Introdução aos Materiais Cerâmicos

29/08 – Modelos atomísticos: a) de Bohr e b) Mecânico-Ondulatório (Eq. de


SCHRÖDINGER); Princípio de incerteza de Heisenberg; Números Quânticos

05/09 – Íons; Electronegatividade; Bandas Eletrônicas em Sólidos; Propriedades óticas


(coloração); Termodinâmica

12/09 – Aula de termodinâmica prática (Laboratório)

19/09 – Ligações químicas e suas implicações

26/09 – Cristalografia; Empacotamentos CFC e HC; Regras de Pauling; Estruturas


iônicas baseados em CFC

03/10 – Estruturas iônicas baseados em HC; Perovskita; Silicatos

10/10 – P1

17/10 – Vidros
Plano de Aulas (2014.2)

24/10 – Defeitos pontuais: Notação Kröger-Vink

31/10 – Defeitos Eletrônicos

07/11 – Diagramas de Brouwer

14/11 – Defeitos lineares e planares: Discordâncias; Superfícies e interfaces

21/11 – Feriado

28/11 – Propriedades mecânicas: Método probabilístico de projetar peças


cerâmicas (Estatística de Weibull), tenacidade à fratura e fluência

05/12 – P2
Referências bibliográficas:

- Ceramic Materials: Science and Engineering,


C. Barry Carter, M. Grant Norton, Springer, NY, 2007.

- Physical Ceramics: Principles for Ceramic Science and Engineering (Mit Series in
Materials Science and Engineering),
Yet-Ming Chiang, Dunbar P. Birnie, W. David Kingery, Willey, 1996.

- Fundamentals of Ceramics,
M.W. Barsoum, IOP Publishing, 2003.

- Properties of Materiais,
Mary Anne White, Oxford University Press, 1999.
Crosta terrestre – Material Cerâmico
Introdução aos Materiais Cerâmicos

De que material foram


esculpidas estas estátuas
Romanas*?

* The Bardo National Museum, Tunis, Tunísia


Introdução aos Materiais Cerâmicos
A ideia desta aula introdutória não é contar a história de materiais cerâmicos, mas
introduzir alguns dos conceitos que abordaremos ao longo deste curso.

Materiais cerâmicos são todos os materiais sólidos inorgânicos, não metálicos.

Figura mostra um exemplo de produto de tecnologia primitiva baseada em materiais cerâmicos (ferramenta
com fratura conchoidal) feita por Homo erectus ou por Homo sapiens na Idade da Pedra (Stone Age).

Materiais usados: a) rocha sedimentar (“flint” chamado também de “chert”) formada por
quartzo (SiO2) microcristalino; b) obsidiana (vidro vulcânico)
Propriedades desta ferramenta: rígida(1), mecanicamente resistente(2) e frágil(3). Não se
deforma permanentemente (plasticamente), forma bordas afiadas.
(1) Módulo de Young alto, (2) tensão de ruptura alto e (3) tenacidade à fratura baixo
Fratura conchoidal em obsidiana (~ 75%
de SiO2), uma consequência de
fragilidade de materiais cerâmicos
(a temperatura ambiente).
OBS.:

- Se os materiais cerâmicos não


fossem frágeis (de baixa tenacidade)
sua utilização em aplicações
estruturais seria maior devido a
outras propriedades que estes
materiais possuem e que são
desejáveis em aplicações estruturais,
tais como: rigidez, dureza, resistência
à fluência e à oxidação.
Resistência Mecânica
Comportamento mecânico (visão
clássica): Al2O3
de alta densidade
- São mais resistentes em compressão (uma
carga compressiva tende a fechar as trincas –
chamadas de falhas de Griffith).

Balaústres e pilastras de
cerâmica, usados para
suportar tensões
compressivas.

* Diferentes respostas mecânicas para as solicitações trativa e compressivas


Resistência Mecânica
Período Neolítico da Idade
da Pedra:
Surgimento de olaria
(argilas) e de
processamentos cerâmicos
mais elaborados

2,5 milhões de anos


Material: argila (base da indústria de cerâmica tradicional)
Abundância e energia de ligação Natureza (estrutura cristalina) lamelar;
clivagem

(Si2O5) n2n- AlO(OH)2

Explicação: Quando as lamelas de caulim (formadas


por uma camada octaédrica e outra tetraédrica) estão
separadas por um “filme” de moléculas de H2O as
plaquetas deslizam uma sobre outra, aumentando a
plasticidade da mistura.
Esta plasticidade é a base para o uso de argilas em
olaria (pottery) proporcionando moldagem de peças.

Quando a mistura argila-H2O é seca torna-se dura e Estrutura cristalina de caulim (ingrediente da porcelana,
frágil, mantendo o formato. junto com quartzo e feldspato)
Calcinada a 950oC fica mais densa e resistente. * Estruturas cristalinas complexas
Minerais Argilas: Classificação

I) 1:1 (TO) – grupo: caulim-serpentina (minerais: caulim, halloysita); carga das camadas= 0

Imagem de MET de nanotubos de halloysita

* nanocerâmica natural
Minerais Argilas

* Modificação química de material cerâmico (nanocompósitos)


Minerais Argilas

Nanocompósito:
polímero-argila
* Modificação química de material cerâmico (nanocompósitos)
Minerais Argilas

* Modificação química de material cerâmico (nanocompósitos)


Produto: olaria vitrificada ou não-vitrificada

Depende se argila foi fundida, ou não, durante o processo de calcinação (altas T de fusão, Tf, dos materiais
cerâmicos devido a altas energias de ligação!).

Exemplo da vitrificada: Porcelana (calcinada ~ 1300oC)

Microestrutura de uma azulejo Chinês do século XV:


grãos de quartzo inserida numa matriz vítrea
(amorfa) devido à fusão de caulim.

Cerâmicas possuem, geralmente altas Tf, sendo


umas mais refratárias que outras.

Quartzo possui uma estrutura 3D mantida pela


ligações iônicas-covalentes (primárias), por outro
lado argilas possuem ligações primárias dentro das
camadas, enquanto secundárias entre as camadas.

Olaria vitrificada não possui poros e portanto é mais


resistente quando comparado com a não-vitrificada.

* Altas Tf e o efeito da microestrutura sobre as propriedades mecânicas


Produto: azulejos ou louças esmaltados

Sem camada de esmaltes (vernizes) estes produtos (olaria não-vitrificada) são


porosos.

Há mais de 3000 anos AC os Egípcios começam passar esmaltes em cima destes


produtos para deixá-los mais lisos. Vernizes são altamente inertes quimicamente.

São colocados em cima da louça na forma de uma suspensão de areia de quartzo


moída + sais de Na e depois tratados termicamente no intuito de formar uma
camada vítrea.

Quando adicionado PbO as T de fusão da mistura esmaltada é reduzida e por isso


este aditivo era muito usado a partir de ~ 400 AC.
Pb pode ser lixiviado em contato com os alimento (aceto) e pode provocar
envenenamento mesmo em quantidades de ppm.

* Resistentes ao ataque químico


Produto: pigmento

Muitos materiais cerâmicos são


isentos de cores, transparentes
ou translúcidos (ex.: MgO,
Al2O3).
Porém, alguns são coloridos
(ex.: hematita).
Algumas cerãmicas
transparentes quando dopadas
viram pigmentos.
Ex.: Jasper (SiO2) de cor azul
quando dopado com Co.

* Transparência ótica e coloração sem ou com dopagem


Produto: involucro de Al2O3 translúcido

* Translucidez devido a microestrutura


Ex: Alumina porosa e não-porosa
Poli-cristal
Grão ou
cristal

Poros

50 µm 50 µm

A presença de poros causa espalhamento A eliminação dos poros através da adição de


de luz e o material se torna opaco. 0,1% de MgO gera um material translúcido.
Lâmpada
de vapor de sódio.
O gás em alta temperatura
(1000ºC) é guardado dentro
de um cilindro translúcido de
alumina.
Produto: Placas refratárias de Al2O3 usadas em fornos
de sinterização na indústria nuclear

* Capacidade calorifica intermediária, baixa condutividade térmica e elétrica, alta Tf.


Produto: proteção para fuselagem do ônibus espacial

• isolantes térmicos e
elétricos
Produto: bússola

Fe3O4 - magnetita

* ferroagnetismo
Máquina de Leonardo da Vinci
para testes de resistência
mecânica para tração de fios
metálicos.
Areia (material cerâmico) é
usado para encher a cesta e
fazer esforço de tração sobre o
fio metálico. ~ ano de 1500
Nos séculos XVIII e XIX começa produção em escala industrial da cerâmica
tradicional.
Rochas de calcário

Cimento Portland
Concreto e concreto armado
Cimento +
Areia,
cascalho =
Concreto
Cerâmica avançada – tecnologias verdes

Samsung
Cerâmica avançada
Cerâmica avançada – tecnologias verdes

Igreja em Roma feita em cimento branco funcionalizado por


fotocatalisador nanométrico TiO2

Cimento branco: baixos teores de Cr, Mn, Fe, Cu, V, Ni e Ti (estes elementos de transição conferem aspecto
acinezentado ao cimento Portland)
Função fotocatalítica: nano-TiO2
Cerâmica avançada – tecnologias verdes

Capela no pátio do Hotel Hyatt Rygence em Osaka


(estrutura feita em PVC com nano-TiO2)
Cerâmica avançada – tecnologias verdes

Estrutura em fibra de vidro com revestimento fotocatalítico (abatimento de gases poulente e de sujeira orgânica)

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